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1º Período
Nome _______________________________________________________
Ano _________ Número _________________ Turma _______________
Classificação_________ Professor _______ Encarregado de Educação __________
TEXTO
Uma velhinha vivia com sua filha, uma grande desmazelada. Instava a mãe com
a filha que fiasse, mas ela só falava em comer papas. Apareceu um rapaz a namorar a
rapariga, e a mãe receosa de que ele se arrependesse falava-lhe constantemente nas
maçarocas de fiado que a filha todos os dias fazia. Casou-se a rapariga e foi viver para a
casa do marido. Ia a noiva na mesma cavalgadura com a madrinha. Ao passar por uma
eira, disse a noiva:
- Que bom prato este para encher de papas.
O noivo vinha um pouco atrás e perguntou à madrinha o que a noiva tinha dito.
A madrinha respondeu:
- Está a gabar a eira para aqui se enxugar maçarocas de fiado.
E o noivo dizia consigo:”Que grande mulher apanhei! Fui muito feliz”.
Chegaram a casa, e no dia seguinte de manhã foi o noivo para o Alentejo. De lá
mandou à mulher muitas cargas de linho para ela fiar. Quando a mulher viu aquilo ficou
parva. Ela que nem sabia fiar! No dia seguinte pegou na roca, que a mãe lhe dera, e quis
ver se tentava fiar. Passou por uma barranha de mel e meteu dentro a parte da roca onde
se arma o linho. Foi para o quintal e pôs-se a lamber a roca.
Ora o quintal dava para o jardim do Paço, por onde passeava a princesa sempre
triste. Viu a mulher a lamber a roca em vez de fiar, pôs-se a rir às gargalhadas. Ficou o
rei muito contente por ver a filha alegre. Averiguou da filha o que a fizera rir e a filha
indicou-lhe a vizinha, que, estranha a tudo, continuava na faina de lamber a roca. Supôs
o rei que a mulher tivera em vista fazer rir a princesa e por isso mandou-a chamar.
- Pede o que quiseres, disse-lhe o rei, logo que a viu na sua presença.
- Peço a Vossa Majestade que mande a minha casa as mulheres que sejam
bastantes para fiar o linho que meu marido me mandou.
O rei riu-se do pedido e mandou as mulheres que fiaram num dia o linho todo.
Nessa noite chegou o marido, que ficou pasmado de ver todo o linho fiado.
Antes do deitar e sem que o marido visse, colocou a mulher debaixo do colchão da
cama, no lugar em que ela dormia, muitas cascas de amêijoas e de amêndoas. Deitaram-
se lá. De noite, pôs-se a mulher a dar voltas, e as cascas a estalar.
- O que oiço? – Perguntou o marido.
- São os meus ossos, filho; estou com o corpo escangalhado de tanto fiar.
O marido calou-se, e no outro dia partiu a roca, dizendo que não queria que a sua
mulher morresse com tanto trabalho.
Carlos de Oliveira e José Gomes Ferreira (org.), Contos Tradicionais Portugueses
I
1. Classifica as personagens do conto quanto ao relevo.
2. Caracteriza directa e indirectamente a personagem principal
4. Uma das especificidades do conto tradicional é ser muito breve e para isso
contribuem o sumário e a elipse.
4.1. Exemplifica essas duas técnicas narrativas com uma passagem do texto em
análise.
c) “Nessa noite chegou o marido, que ficou pasmado de ver todo o linho fiado.”
III
1. Conta agora tu uma história tradicional de que tenhas gostado particularmente.
Ou
Conta uma lenda de que gostes ou de que te recordes.
Bom trabalho!
Prof. Maria Filomena Ruivo Ferreira
Santos