Sei sulla pagina 1di 4

MANIFESTO

Os professores estão a atravessar o momento mais negro da sua vida


profissional desde o 25 de Abril. Com um pacote legislativo concebido em
sucessivas fases, começando pelo novo Estatuto da Carreira Docente e
culminando com o novo modelo de gestão escolar, passando pelo Decreto
Regulamentar da avaliação de desempenho, a actual equipa do Ministério da
Educação desferiu um golpe profundo na imagem social dos professores, na sua
identidade enquanto grupo profissional e nas condições materiais e simbólicas
necessárias para que os mesmos se empenhem na qualidade do ensino. A um
sentimento de enorme frustração soma-se hoje a insegurança quanto ao futuro
profissional, uma insegurança decorrente de todos os mecanismos de
fragilização da carreira e de instabilidade de emprego que o governo actual tem
vindo a introduzir.
Torna-se agora cada vez mais evidente que os professores deste país foram as
cobaias de um ataque aos direitos laborais, segundo uma receita de efeitos
garantidos: uma campanha inicial de difamação orquestrada com a
cumplicidade de uma comunicação social subserviente, que visou justificar, no
plano retórico e propagandístico, a redução sistemática de direitos no plano
jurídico. Hoje é também óbvio que este programa teve como objectivo essencial
a quebra do estatuto salarial dos professores, que passaram a trabalhar mais
pelo mesmo dinheiro, que viram a progressão na carreira arbitrariamente
interrompida, e que foram, desse modo, uma das principais fontes drenadas
pelo governo para satisfazer a sua obsessão de combate ao défice.

MOVIMENTO DE PROFESSORES Página 1 de 4 25 de Abril SEMPRE !!! Mngito


Hostilizados por uma opinião pública intoxicada e impreparada para
reconhecer aos docentes a relevância da sua profissão, desprovidos dos meios
legais e materiais que lhes permitiriam dignificar o seu trabalho, é com
fatalismo, entremeado por uma revolta surda, que os professores deste país
encaram hoje o futuro mais próximo. Muitos consideram o Estatuto da
Carreira Docente como um facto consumado, procurando adaptar-se-lhe o
melhor possível. No entanto, as piores consequências desse Estatuto só agora
começarão a revelar-se, e há sinais de que a ofensiva do governo contra os
professores e contra a escola pública não chegou ainda ao fim:

• Este ano vai ter início o processo de avaliação do desempenho, pautado


pela burocratização extrema, por critérios arbitrários e insuficientemente
justificados que poderão abrir a porta para acentuar o clima de divisão e
a quebra de solidariedade entre os professores, para «ajustes de contas»
adiados, para a perseguição aos profissionais que se desviem da ideologia
pedagógica dominante, para a subordinação dos resultados dos alunos à
demagogia ministerial do sucesso escolar compulsivo.

• O governo prepara-se para aprovar, sem discussão pública que mereça


esse nome, um novo modelo de gestão escolar que se traduz pela redução
ainda maior da democracia nos estabelecimentos de ensino, já antecipada
ao nível do Estatuto da Carreira Docente, pela diminuição drástica da
influência dos professores, atirados para uma posição subalterna nos
órgãos directivos, pela sua subordinação a instâncias externas, muitas
vezes movidas por interesses opostos ao rigor e à exigência do processo
educativo.

• Finalmente, o governo tem também a intenção de suprimir as nomeações


definitivas para a grande maioria dos funcionários públicos, iniciativa que

MOVIMENTO DE PROFESSORES Página 2 de 4 25 de Abril SEMPRE !!! Mngito


terá particular incidência numa classe docente cuja garantia de emprego
já está, em muitos casos, consideravelmente ameaçada.

Tudo isto deveria impor, desde já, a mobilização dos professores e o


abandono de uma postura de resignação. Não há processos legislativos
irreversíveis. Por outro lado, não podemos esperar por uma simples mudança
de ciclo eleitoral ou de legislatura para que o ataque à nossa condição
profissional seja invertido. Ninguém, a não sermos nós, poderá lutar pelos
nossos direitos.
Por tudo isto, e para contrariar a atitude cabisbaixa que impera entre a
classe docente, consideramos importante lançar um conjunto de iniciativas,
algumas delas faseadas, outras que poderão ser desenvolvidas em paralelo.
Assim, propomos:

- Apoiar o movimento, que começa a surgir na blogosfera dedicada à nossa


profissão, no sentido de se alargar o prazo de discussão do novo modelo de
gestão escolar, e organizar nas escolas espaços de debate desse projecto-
lei, tendo o cuidado de o situar no quadro mais geral dos
constrangimentos legislativos a que hoje se encontra sujeita a nossa
actividade profissional;

- Promover, nas diferentes escolas e nos agrupamentos de escolas, a


discussão sobre as condições de aplicação do Decreto que regulamenta a
avaliação de desempenho dos professores, tendo em conta a necessidade
de se fixar critérios mínimos de rigor e de justiça nessa avaliação, e
considerando que, se a avaliação dos alunos tem sido objecto de muita
elucubração teórica, as escolas se preparam para avaliar os docentes sem
ponderarem devidamente as dificuldades científicas e deontológicas que
semelhante processo suscita;

MOVIMENTO DE PROFESSORES Página 3 de 4 25 de Abril SEMPRE !!! Mngito


- Encetar um processo de contestação do Estatuto da Carreira Docente nos
tribunais portugueses e nas instâncias judiciais europeias, considerando
que esse diploma atinge direitos que não são simplesmente corporativos,
mas que constituem a base mínima da dignificação de qualquer actividade
profissional.

- Pressionar os sindicatos para que estes retomem os canais de comunicação


com os professores e efectuem um trabalho de proximidade junto destes, o
qual passa pela deslocação regular dos seus representantes às escolas a fim
de auscultar directamente os professores e de discutir com eles as
iniciativas a desenvolver;

- Contactar jornalistas e opinion-makers que, em diferentes órgãos de


comunicação, tenham mostrado compreensão pelas razões do
descontentamento dos professores e apreensão perante o rumo do sistema
de ensino em Portugal, no intuito de os incentivar a prosseguirem com a
linha crítica das suas intervenções e de lhes fornecer informação sobre o
que se passa nas escolas;

- Propor políticas educativas que se possam constituir em defesa de uma


escola pública de qualidade, que não seja encarada como simples depósito
de crianças e de adolescentes e como fábrica de «sucesso escolar»
estatístico, políticas capazes de fornecer alternativas para as orientações
globais do Ministério da Educação e para as reformas mais gravosas que o
mesmo introduziu na nossa profissão.

POR UMA PROFISSÃO QUE JÁ FOI DIGNA; LUTA !!!

MOVIMENTO DE PROFESSORES Página 4 de 4 25 de Abril SEMPRE !!! Mngito

Potrebbero piacerti anche