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SALVADOR-BA
2007
SPDA - NBR-5419/2005 i
SALVADOR-BA
2007
BANCA EXAMINADORA
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SALVADOR-BA
2007
Dedicatória
À minha família,
aos meus amigos.
Agradecimentos
Agradeço primeiramente ao nosso “Grande Pai” que estais no céu, o qual me deu forças
nos momentos de fraqueza, paciência nas horas angustiantes, coragem para superar os medos e
determinação para alcançar este triunfo, pois sem a ajuda divina sabemos que seria impossível ou
talvez improvável transpor os obstáculos da vida.
Agradeço a minha mãe que me trouxe para este mundo de incertezas e com seu jeitinho de
mãe zelosa educou-me, me ensinou a ser uma pessoa melhor e sempre batalhou muito para que
um dia eu criasse asas e pudesse voar em busca dos meus objetivos de vida.
Ao meu falecido pai que sempre quis ter um filho graduado e um dia profetizou a minha
vitória.
A toda minha família que sempre me apoiou e me ajudou nas horas e nos momentos mais
difíceis.
Aos amigos e colegas que me incentivaram e compreenderam os momentos de ausência
nas horas em que deveríamos estar desfrutando das coisas boas da vida, mas eu estava me
dedicando aos estudos.
Agradeço a todos os meus colegas de trabalho que me ensinaram muito, tiraram minhas
duvidas, me apoiaram, contribuíram e continuam contribuindo cada dia para que eu me torne um
grande profissional.
Agradeço aos mestres que nos ensinarão muito mais do que as leis da física, cálculos
matemáticos ou como falar nosso idioma, mas nos ensinarão a ser grandes profissionais e
contribuirão para o nosso crescimento pessoal e profissional.
Ao meu orientador Prof. Julio Xavier pelo seu apoio, incentivo, compreensão e paciência
para realização desta obra.
A todos aqueles que de forma direta ou indireta contribuirão para o meu sucesso e
crescimento profissional, e a todos que cruzarão em nossos caminhos durante essa trajetória e de
alguma forma nos deixarão algo, pois “Aqueles que passam por nós não vão sóis, não nos deixam
sóis, deixam um pouco de si e levam um pouco de nós”.
Augusto Cury
Resumo
Esta pesquisa tem como um dos objetivos compreender o fenômeno das descargas
atmosféricas, assim como os métodos, as ferramentas e os empecilhos para se dimensionar um
sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA) baseado na norma NBR-5419/2005,
proporcionando assim maior segurança para o ser humano e para as estruturas a serem protegidas,
evitando danos e contribuindo para uma maior qualidade das instalações elétricas. Será abordada
também uma análise sobre a influência das mudanças climáticas e da poluição nas grandes áreas
metropolitanas sobre a implantação de um SPDA, sendo que esta influência se dar basicamente
através da mudança dos índices cerâunicos. Serão abordados como provavelmente se dar esta
mudança, quais suas causas, suas conseqüências e o que se pode fazer para evitar os prováveis
erros causados pela utilização de um índice cerâunico que não corresponde à realidade de uma
determinada região onde será implantado o SPDA.
Abstract
This researches has like one of the objectives understand the phenomenon of the
lightning, as well as the method, the tools and the problems to itself size up a lightning protection
system (LPS) based in the norm NBR-5419/2005, providing like this bigger security for the
human and for the structures that will be protected, avoiding damages and contributing for a
bigger quality of the electric systems. It will be approached also an analyzes about the influence
of the climatic changes and of the pollution in the big areas metropolitans about the implantation
of a LPS, being that this influence give basically through a change in the yearly number of
flashes to ground. They will be approached as probably give this change, which their causes,
their consequences and what can be done for avoid the probable errors caused by the utilization
of an yearly number of flashes to ground that does not correspond to the reality of a determined
region where will be implanted the LPS.
Lista de Figuras
Lista de Tabelas
Lista de Símbolos
Sumário
1. Introdução ................................................................................................................................ 1
1.1. Justificativa ...................................................................................................................... 2
1.2. Histórico .......................................................................................................................... 3
2. Fundamentação Teórica........................................................................................................... 6
2.1. Formação dos Raios ........................................................................................................ 6
2.2. Poder das pontas .............................................................................................................. 8
2.3. Efeito Corona................................................................................................................... 9
2.4. Tensão Induzida............................................................................................................. 10
3. Níveis de Proteção ................................................................................................................. 12
3.1. A Escolha do Nível de Proteção .................................................................................... 17
4. Métodos de Proteção ............................................................................................................. 20
4.1. Modelo Eletrogeométrico .............................................................................................. 20
4.1.1. Determinação do Volume de Proteção .................................................................. 22
4.2. Método de Franklin ....................................................................................................... 24
4.2.1. Determinação do Volume de Proteção .................................................................. 25
4.3. Método da Gaiola de Faraday........................................................................................ 26
4.4. A Escolha do Método .................................................................................................... 27
5. Subsistemas do SPDA ........................................................................................................... 29
5.1. Subsistema Captor ......................................................................................................... 30
5.1.1. Captores Naturais .................................................................................................. 31
5.2. Subsistema de Descidas ................................................................................................. 32
5.3. Subsistema de Aterramento ........................................................................................... 37
5.3.1. Resistividade do Solo ............................................................................................ 39
5.3.2. Tensões de Passo ................................................................................................... 41
6. As Influências Climáticas e a Incidência de Trovoadas ........................................................ 43
6.1. Mapas Isocerâunicos...................................................................................................... 43
6.2. Aquecimento Global e suas Influências ........................................................................ 45
6.2.1. Efeito Estufa .......................................................................................................... 46
6.3. A Poluição e a Influência nas Descargas Atmosféricas ................................................ 47
6.4. As Mudanças nos Índices Cerâunicos ........................................................................... 47
6.5. Conseqüências Para o Dimensionamento de um SPDA................................................ 48
6.6. Soluções e Alternativas Propostas ................................................................................. 49
7. Projeto Ilustrativo .................................................................................................................. 50
7.1. Premissas do Projeto ...................................................................................................... 50
7.1.1. Memorial de Cálculo ............................................................................................. 51
7.1.2. Parâmetros do projeto ............................................................................................ 52
7.2. Descrição dos Serviços Para Implantação do SPDA ..................................................... 54
7.3. Testes e Verificações ..................................................................................................... 58
7.4. Documentação Conforme Construído (“As Built”) ....................................................... 58
7.5. Normas da ABNT e Normas Internas............................................................................ 58
7.6. Considerações Finais ..................................................................................................... 59
8. Conclusão .............................................................................................................................. 60
9. Recomendações ..................................................................................................................... 62
ÁREA 1_FTE – 2007 ENGENHARIA ELÉTRICA
SPDA - NBR-5419/2005 xiv
Capítulo 1
1. Introdução
índices cerâunicos em caráter local ou global. Como a avaliação para identificar se uma
determinada estrutura requer ou não um SPDA depende deste índice, essas mudanças
influenciaram nos cálculos e conseqüentemente no resultado obtido, o que indicaria que a
estrutura não necessitaria de um SPDA quando na verdade existiria a necessidade.
Neste capítulo será abordada a justificativa para a pesquisa, além de um breve histórico
sobre os SPDA. No capítulo 2 será apresentada a fundamentação teórica com alguns conceitos
básicos sobre os raios. O capítulo 3 aborda os níveis de proteção do SPDA, suas definições,
aplicações e como deve ser feita a escolha do método mais adequado para determinada estrutura.
Já no capítulo 4 serão expostos os métodos de proteção e no capítulo 5 os subsistemas do SPDA.
O capítulo 6 apresenta a análise sobre as influências climáticas e da poluição das grandes áreas
metropolitanas sobre a implantação de um SPDA, enquanto que o capítulo 7 apresenta um
exemplo ilustrativo como estudo de caso de um projeto de um SPDA. No capítulo 8 a pesquisa é
concluída e no capítulo 9 apresenta algumas recomendações baseadas nos resultados obtidos.
1.1. Justificativa
1.2. Histórico
demonstrar o caráter elétrico dos raios, mostrando a possibilidade de captação das descargas
atmosféricas [3].
A fim de provar que os raios são descargas elétricas da natureza, o americano, cientista e
inventor Benjamin Franklin (Figura 1. 1) foi precursor de uma famosa experiência ao obter
faíscas entre um fio metálico de uma pipa que ele fez voar durante uma tempestade e objetos
metálicos aterrados, com base neste experimento Franklin inventou o pára-raios. Em seus escritos
Franklin relata que tinha conhecimento sobre os perigos e os métodos alternativos para se provar
o caráter elétrico dos raios, embora atualmente tenha sido questionado se o famoso cientista
realizou realmente a sua experiência como relata, pois desta forma seria fatal.
atmosféricas são indispensáveis para diversos tipos de estruturas. Exceto para algumas estruturas
que necessitam de uma análise mais elaborada para se verificar a real necessidade de implantação
de um SPDA, o que será visto nos próximos capítulos.
Capítulo 2
2. Fundamentação Teórica
Como visto no capítulo 1, os fenômenos das descargas atmosféricas sempre foram frutos
de muitas lendas, mistérios, pesquisas e investigações, porém ao longo de todos esses anos de
estudo muitos fatos e fenômenos relacionados às descargas atmosféricas ainda não são
plenamente conhecidos pelo homem. O homem já conseguiu desenvolver sistemas com alta
tecnologia capazes de localizar e até prever as descargas atmosféricas embora, necessitem
aprimorar ainda mais os seus conhecimentos com o intuito de conseguirem sistemas ainda mais
eficientes na proteção, localização e detecção de descargas atmosféricas.
Figura 2. 1 – Classificação ilustrativa dos diversos tipos de descargas atmosféricas existentes na natureza [6].
(a) nuvem-solo negativa, (b) nuvem-solo positiva, (c) solo-nuvem negativa, (d) solo-nuvem positiva,
(e) intranuvem, (f) descarga para o ar, (g) entre nuvens.
A nuvem típica que se forma durante uma tempestade, a qual é responsável pelas
descargas atmosféricas, trovões e raios, é uma nuvem composta por cristais de gelo, gotas d’água,
flocos de neve, gotas de água bastante resfriadas e granizo. Essas nuvens são conhecidas por
cúmulo-nimbo.
Existem algumas teorias para se explicar o fenômeno das descargas atmosféricas, entre
essas, as mais aceitas pelos especialistas afirmam que, durante uma tempestade, correntes
ascendentes de ar úmido formam gotas, as quais irão aumentar de tamanho, ao passo que uma
gota se choque com a outra, até que a ação da gravidade faça-as precipitarem. Considerando-se a
superfície da terra predominantemente negativa, estas gotas, por indução ficam carregadas
positivamente na parte inferior e negativamente na parte superior. As gotas grandes encontram-
se, em sua queda, com as gotas pequenas em ascensão, fornecendo lhes cargas positivas e
recebendo negativa; assim, a parte superior da nuvem torna-se positiva e a inferior negativa [5].
Este acúmulo de cargas negativas na parte inferior da nuvem gera um acúmulo de cargas
positivas no solo, logo se origina uma diferença de potencial entre a nuvem e o solo que pode
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chegar até 100 MV durante uma tempestade. À medida que esta diferença de potencial aumenta o
campo elétrico também aumenta, até que a rigidez dielétrica do ar seja rompida e a descarga
alcance o solo.
A rigidez dielétrica pode ser definida como a resistência de um determinado material à
condução dos elétrons, ou seja, os materiais apresentam uma característica que tende a dificultar
o deslocamento dos elétrons, esta característica é a constante dielétrica dos materiais. Na Tabela
2. 1 estão dispostas as principais constantes dielétricas dos materiais, sendo a constante do ar
adotada como referência, que possui o valor igual à unidade com um campo de ruptura de 30
kV/cm.
A ruptura do dielétrico (neste caso o ar) é precedida pela formação de um líder
descendente e um líder ascendente, os quais serão abordados na seção 4.1.
O poder das pontas pode ser descrito da seguinte maneira: as cargas tendem a se
posicionar do lado mais externo do condutor quando este é eletrizado; quando estas cargas
encontram uma área pequena e que tenham maior contato com o meio externo (as pontas) elas
tendem a se acumular no local, aumentando significativamente a densidade de cargas. Como
conseqüência, o campo elétrico próximo dessa região será bem maior do que nas outras regiões,
tornando as cargas mais instáveis nesta região devido ao aumento da força de repulsão entre as
cargas do condutor e as cargas do meio. Logo, a região estará tão densa que não suportará mais
cargas e as cargas que forem chegando irão empurrar as cargas que estão nas extremidades para
fora do condutor que fluirão livremente para o meio.
Os pára-raios são baseados no poder das pontas, sendo propostos por Benjamin Franklin
no século XVII como será abordado na seção 4.2. Seu funcionamento pode ser observado na
Figura 2. 2, onde o pára-raios realiza a sua função, que é captar as descargas e prover um
caminho, juntamente com os outros subsistemas do SPDA, do solo à nuvem ou da nuvem ao solo
sem que esta cause danos às estruturas.
Como no caso das descargas atmosféricas as correntes atingem valores muito elevados,
conseqüentemente as induções eletromagnéticas provocadas também serão grandes, chegando a
atingir centenas de metros a partir do ponto de impacto da descarga. Este fenômeno ocorre
sempre que uma descarga atmosférica atinge o solo ou uma edificação, protegida, ou não [3].
Capítulo 3
3. Níveis de Proteção
Neste capítulo será abordado o método normalizado pela NBR-5419/2005 para determinar
se uma estrutura necessita ou não de um SPDA e como determinar o nível de proteção para o
SPDA que atuará em uma determinada estrutura. Para chegar até este objetivo, serão necessários
alguns fatores e parâmetros como a área de exposição equivalente da estrutura (Ae), a densidade
de descargas atmosféricas para a terra (Ng) e a probabilidade anualmente de queda de raios sobre
uma estrutura (Nd). Além dos fatores de ponderação indicados nas Tabelas 3.2 a 3.6.
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Tabela 3. 4 - Fator C: Conteúdo da estrutura e efeitos indiretos das descargas atmosféricas [8].
Residências comuns, edifícios de escritórios, fábricas e oficinas que não contenham 0,3
objetos de valor ou particularmente suscetíveis a danos
Estruturas industriais e agrícolas contendo objetos particularmente suscetíveis a danos (1) 0,8
Subestações de energia elétrica, usinas de gás, centrais telefônicas, estações de rádio 1,0
Indústrias estratégicas, monumentos antigos e prédios históricos, museus, galerias de 1,3
arte e outras estruturas com objetos de valor especial
Escolas, hospitais, creches e outras instituições, locais de afluência de público 1,7
1) Instalação de alto valor ou materiais vulneráveis a incêndios e às suas conseqüências.
Localização Fator D
Estrutura localizada em uma grande área contendo estruturas ou árvores da mesma 0,4
altura ou mais altas (por exemplo: em grandes cidades ou em florestas)
Estrutura localizada em uma área contendo poucas estruturas ou árvores de altura similar 1,0
Estrutura completamente isolada, ou que ultrapassa, no mínimo, duas vezes a altura de 2,0
estruturas ou árvores próximas
Topografia Fator E
Planície 0,3
Elevações moderadas, colinas 1,0
Montanhas entre 300 m e 900 m 1,3
Montanhas acima de 900 m 1,7
Figura 3. 1 - Delimitação da área de exposição equivalente (Ae) - Estrutura vista de planta [8].
N g = 0,04 . Td
1,25 [por km2/ano] (3.2)
A freqüência média anual admissível de danos por descargas atmosféricas (Nc) em uma
determinada estrutura apresenta valores adotados internacionalmente para riscos maiores que 10-3
por ano, os quais são considerados inaceitáveis. Já para riscos menores do que 10-5 por ano são
considerados aceitáveis.
Então, de posse dos valores de Ae, Ng e dos valores de Nc como referência, determina-se a
freqüência média anual previsível (Nd) de descargas atmosféricas sobre uma estrutura, que é dada
pela Equação 3.3:
N d = N g . A e .10 -6
[raios/ano] (3.3)
Depois de determinado o valor de Nd, que é o número provável de raios que anualmente
podem atingir uma estrutura, o passo seguinte é a aplicação dos fatores de ponderação indicados
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nas Tabelas 3.2 a 3.6. Multiplica-se o valor de Nd pelos fatores pertinentes e compara-se o
resultado com a freqüência admissível de danos Nc, conforme o seguinte critério:
i) se Nd ≥ 10-3, a estrutura requer um SPDA;
ii) se 10-3 > Nd > 10-5, a conveniência de um SPDA deve ser decidida por acordo entre projetista e
usuário;
iii) se Nd ≤ 10-5, a estrutura dispensa um SPDA [8].
O método aqui apresentado destina-se a orientar uma avaliação que, em certos casos, pode
ser difícil. Se o resultado obtido for consideravelmente menor que 10-5 e não houver outros
fatores preponderantes, a estrutura dispensa proteção. Se o resultado obtido for maior que 10-5,
por exemplo, 10-4, devem existir razões bem fundamentadas para não instalar um SPDA [8].
Nível I - Destinado às estruturas nas quais uma falha do sistema de proteção pode causar
danos às estruturas vizinhas ou ao meio ambiente [1].
Nível II - Destinados às estruturas cujos danos em caso de falha serão elevados ou haverá
destruição de bens insubstituíveis e/ou de valor histórico, mas em qualquer caso, se restringirão a
estrutura ou seu conteúdo; incluem-se também aqueles casos de estruturas com grande
aglomeração de público, havendo, portanto, risco de pânico [1].
Nível III - Destinados às estruturas de uso comum, como residências, escritórios, fábricas
(excluindo aquelas com áreas classificadas) e outras [1].
Nível IV - Destinados às estruturas construídas de material não inflamável, com pouco
acesso de pessoas, e com conteúdo não inflamável [1].
Refinarias, postos de
Estruturas com risco combustível, fábricas de Risco de incêndio e explosão para a instalação e
I
para os arredores fogos, fábricas de seus arredores
munição
Estruturas com risco Indústrias químicas, Risco de incêndio e falhas de operação, com
para o meio usinas nucleares, conseqüências perigosas para o local e para o meio I
ambiente laboratórios bioquímicos ambiente
1) ETI (equipamentos de tecnologia da informação) podem ser instalados em todos os tipos de estruturas, inclusive estruturas comuns. É impraticável a
proteção total contra danos causados pelos raios dentro destas estruturas; não obstante, devem ser tomadas medidas (conforme a NBR 5410) de modo a
limitar os prejuízos a níveis aceitáveis
2) Estruturas de madeira: nível III; outras estruturas nível IV. Estruturas contendo produtos agrícolas potencialmente combustíveis (pós de grãos) sujeitos a
explosão são considerados com risco para arredores.
Como será visto nos próximos capítulos, existem casos em que não há necessidade de se
realizar uma análise nem fazer cálculos para chegar à conclusão de que a estrutura necessita do
nível mais alto de proteção devido ao seu risco eminente. Existem algumas localidades, em que a
legislação obriga o uso de SPDA para determinados tipos de estruturas, porém se nesses casos for
constatado através de cálculos ou análises técnicas que a estrutura não necessita de proteção,
deverá ser adotado o nível de menor eficiência (Nível IV) a esta estrutura.
Capítulo 4
4. Métodos de Proteção
Também conhecido como método da esfera rolante ou fictícia é bastante indicado para
estruturas com formas arquitetônicas complexas ou com grandes alturas, sendo baseados em
estudos realizados a partir da medição dos parâmetros dos raios, de registros fotográficos, em
técnicas de simulação, ensaios de laboratórios e modelagem matemática. Inicialmente, este
método surgiu com a necessidade de um modelo para se aplicar às linhas de transmissão, sendo
depois adaptado para atender as estruturas.
Nas descargas nuvem-solo negativa, que são as mais perigosas, o raio é precedido por um
canal ionizado descendente (líder), que se desloca no espaço em saltos sucessivos de algumas
dezenas de metros. À medida que avança, o líder induz na superfície da terra uma carga elétrica
crescente de sinal contrário. Com a aproximação do líder, o campo elétrico na terra torna-se
suficientemente intenso para dar origem a um líder ascendente (receptor), que parte em direção
ao primeiro. O encontro de ambos estabelece o caminho da corrente do raio (corrente de retorno),
que então se descarrega através do canal ionizado [8]. Esse encontro entre o líder descendente e o
líder ascendente ocorrerá quando a diferença de potencial entre a nuvem e a terra, ou entre a
nuvem e um objeto aterrado atingir um nível suficientemente alto para romper a rigidez dielétrica
do ar.
A esfera fictícia, pela qual também é conhecido o modelo Eletrogeométrico, representa
uma esfera de centro na extremidade do líder descendente e raio igual ao comprimento de todos
os saltos antes do ultimo, onde sua superfície representa o lugar geométrico dos pontos a serem
atingidos pela descarga atmosférica. A distância R (ver Figura 4. 1) pode ser definida como o
comprimento do último trecho a ser vencido pelo líder descendente, sendo que esse comprimento
será igual ao raio da semi-esfera fictícia que simulam os pontos a serem atingidos pela descarga.
(
R = 2 ⋅ I máx. + 30 1 − e − I máx. ) (4.1)
R – dado em metros;
Imáx. - o valor de crista máximo do primeiro raio negativo, em kA [8].
O procedimento para se determinar o volume a ser protegido por um captor com h < R
pode ser acompanhado através da Figura 4. 2, sendo h a altura do captor e R o raio da esfera
fictícia. Inicialmente, traça-se uma reta paralela ao plano do solo com altura R, em seguida traça-
se um arco de circunferência com o centro no topo do captor com raio igual a R, encontrando a
intersecção entre a reta e o arco de circunferência denominado de ponto P. Logo após, com o
centro em P e com o mesmo raio R traça-se um arco de circunferência passando pelo topo do
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SPDA - NBR-5419/2005 23
captor até o solo. Então, como existe uma simetria, basta girar a figura em 360º que se obterá o
volume de proteção delimitado pela área A para um captor com h < R. Para se determinar o
volume de proteção por um captor com altura maior que o raio de atração ver o Anexo C da
NBR-5419/2005.
Ao invés de uma haste vertical for utilizado um condutor horizontal suspenso, basta
replicar o arco de circunferência com centro em P para o lado oposto de maneira simétrica e
deslocar a figura na direção perpendicular ao plano de terra e paralelo ao condutor que se obterá o
volume de proteção em forma de uma tenda conforme a Figura 4. 3. Em ambos os casos a
estrutura a ser protegida deverá estar locada dentro do volume de proteção para não ser atingida
por uma descarga atmosférica.
CONDUTOR HORIZONTAL
SUSPENSO
I 20 25º 1) 1) 1) 2) 5
II 30 35º 25º 1) 1) 2) 10
III 45 45º 35º 25º 1) 2) 10
IV 60 55º 45º 35º 25º 2) 20
R = raio da esfera rolante
1) Aplicam-se somente os métodos Eletrogeométrico, malha ou gaiola de Faraday.
2) Aplica-se somente o método da gaiola de Faraday.
NOTAS
1 Para escolha do nível de proteção, a altura é em relação ao solo e, para verificação da área protegida, é em
relação ao plano horizontal a ser protegido
2 O módulo da malha deverá constituir um anel fechado, com o comprimento não superior ao dobro da sua
largura.
Rb = h ⋅ tgα (4.2)
Deve ser observado através da Figura 4. 4 que, quando for necessário avaliar se o teto de
uma edificação está sendo protegido pelo captor, a altura h deve ser considerada como a distância
entre a ponta da haste e o plano do teto. Caso seja considerada a distância entre a ponta da haste e
o solo, a haste poderá está protegendo apenas a base da estrutura e deixando desprotegida parte
da estrutura, como as extremidades do teto.
Este método consiste em dispor por todos os lados do volume a ser protegido uma malha
de condutores fixados na estrutura, sendo baseado na teoria de Faraday, na qual o campo no
interior de uma gaiola formada por condutores que conduzem uma corrente qualquer é nulo,
independente do valor da corrente. No entanto, para que o campo seja nulo é necessário que a
corrente se distribua uniformemente por toda a gaiola, além do que o campo é nulo exatamente
no centro da gaiola, nas proximidades dos condutores haverá um campo que poderá gerar tensões
induzidas em outros condutores que estiverem em paralelo com os condutores da malha.
A distância entre os condutores ou a abertura da malha está relacionada com o nível de
proteção desejado: quanto menor a distância entre os condutores da malha melhor será a proteção
obtida. Para obter os mesmos níveis de proteção do método Franklin, foi fixada pela norma
européia IEC-61024-I as distâncias mínimas com os respectivos níveis de proteção conforme a
Tabela 4. 4. Na Figura 4. 5 “A” representa a largura da malha, enquanto que “B” representa a
distancia entre os terminais aéreos.
A IEC-61024-I apenas fixou as medidas da largura da malha, no entanto é comum adotar
o comprimento como sendo igual a 1.5 a 2 vezes a largura. Com isso a NBR-5419/2005 fixou as
medidas do comprimento de acordo com a Tabela 4. 5.
Está é uma das decisões mais importantes ao se dimensionar um SPDA, devem ser
levados em consideração diversos fatores como nível de proteção requerido, altura da estrutura,
viabilidade técnica e econômica, entre outros. Devendo atender todos estes parâmetros, mas
primeiramente atender as exigências normativas.
Ao comparar o método Eletrogeométrico com o método Franklin os autores do livro
Proteção Contra Descargas Atmosféricas, Duílio Leite e Carlos Leite, comprovam através de
cálculos no capítulo 15 que o método Eletrogeométrico tem uma eficiência maior do que o
método Franklin, o que contribui ainda mais para o desaparecimento deste método.
No entanto, ao se fazer comparação entre o método da gaiola de Faraday e o método
Eletrogeométrico chega-se à conclusão de que na maioria dos casos o método Faraday apresenta
maiores vantagens quando empregado em uma mesma proteção que o método Eletrogeométrico.
Algumas dessas vantagens são melhor estética, menor geração de campos no interior das
estruturas, menor custo quando implementado em pequenas construções, porém para construções
maiores o método Eletrogeométrico apresenta-se mais econômico.
Recomenda-se a utilização, independente do método de proteção, de hastes verticais nas
junções e ao longo dos condutores da malha de proteção distanciadas por cerca de 5 a 8 m, o
comprimento mínimo das hastes verticais deve ser de 30 cm. Esta técnica deve ser empregada
para evitar a possibilidade dos condutores da malha serem danificados no ponto de impacto.
Deve-se ressaltar ainda que, partes metálicas existentes no teto como mastros, escadas,
beirais, antenas ou qualquer tipo de estrutura metálica deverão ser interligadas aos condutores do
SPDA mais próximos, desde que atendam as exigências da Tabela 5. 1 e da Tabela 5. 2. Caso não
atendam essas exigências, deverão estar sobre a proteção de quaisquer captores.
Capítulo 5
5. Subsistemas do SPDA
sistema ter que buscar soluções para não aumentar os custos de execução da instalação, o que
poderá interferir na eficiência do SPDA, além do aumento do tempo estimado para execução da
obra.
CUSTO
Cm
Co
TEMPO
Pode ser definido como a parte do SPDA externo destinado a interceptar as descargas
atmosféricas, ou seja, tem a função de receber os raios, reduzindo ao mínimo a probabilidade da
estrutura ser atingida. A depender do método de proteção adotado os captores poderão ser hastes
(Método Franklin ou Modelo Eletrogeométrico), condutores horizontais que percorrem todo o
perímetro da construção formando malhas ou anéis (Gaiola de Faraday), além de captores
naturais, tais como mastros, tubos e tanques metálicos, postes, entre outros elementos condutores
salientes nas coberturas.
Os elementos condutores expostos devem ser analisados para certificar se as suas
características são compatíveis com os critérios estabelecidos para elementos captores. Elementos
condutores expostos que não possam suportar o impacto direto do raio devem ser colocados
dentro da zona de proteção de captores específicos, integrados ao SPDA [8].
No dimensionamento deve ser considerado que o captor sofrerá grandes esforços no ponto
de impacto, devendo o captor ser construído com um material que apresente alto ponto de fusão e
alta resistência mecânica. Além de suportar os esforços eletromecânicos conseqüentes das
descargas atmosféricas e a corrosão oriunda dos agentes atmosféricos.
Captores naturais são todos os elementos pertencentes à estrutura que sejam condutores e
estejam expostos, os quais do ponto de vista físico possam ser atingidos por descargas
atmosféricas. Estes elementos devem ser considerados como parte do SPDA. Segundo a NBR-
5419/2005 um elemento condutor exposto para ser considerado como captor natural deverá
satisfazer as seguintes condições:
i) a espessura do elemento metálico não deve ser inferior a 0,5 mm ou conforme indicado na
Tabela 5. 1, quando for necessário prevenir contra perfurações ou pontos quentes no volume a
proteger;
ii) a espessura do elemento metálico pode ser inferior a 2,5 mm, quando não for importante
prevenir contra perfurações ou ignição de materiais combustíveis no volume a proteger;
iii) o elemento metálico não deve ser revestido de material isolante (não se considera isolante
uma camada de pintura de proteção, ou 0,5 mm de asfalto, ou 1 mm de PVC);
iv) a continuidade elétrica entre as diversas partes deve ser executada de modo que assegure
durabilidade;
v) os elementos não-metálicos acima ou sobre o elemento metálico podem ser excluídos do
volume a proteger (em telhas de fibrocimento, o impacto do raio ocorre habitualmente sobre os
elementos metálicos de fixação).
ÁREA 1_FTE – 2007 ENGENHARIA ELÉTRICA
SPDA - NBR-5419/2005 32
que suas seções sejam no mínimo iguais às especificadas para condutores de descidas conforme
Tabela 5. 1, também poderão ser utilizados como condutores de descida naturais.
Os condutores de descida devem ser dispostos de modo que a corrente percorra diversos
condutores em paralelo e o comprimento desses condutores seja o menor possível, a fim de
diminuir o risco de centelhamento perigoso. De acordo com a NBR-5419/2005 o espaçamento
entre as estruturas metálicas do volume a ser protegido e os condutores do subsistema de descida
deve ser superior a 2 m. Deverão ser previstas também as seguintes quantidades mínimas de
condutores de descida, conforme o tipo de subsistema captor:
i) um ou mais mastros separados - um condutor de descida para cada mastro (não condutor);
ii) um ou mais condutores horizontais separados - um condutor de descida na extremidade de
cada condutor horizontal;
ii) rede de condutores - um condutor de descida para cada estrutura de suporte (não condutora).
Tabela 5. 3 – Espaçamento médio dos condutores de descida não naturais conforme o nível de proteção [8].
A Tabela 5. 3 apresenta o espaçamento médio dos condutores de descida não naturais que
deverão ser distribuídos de forma uniforme ao longo do perímetro do volume a ser protegido,
sendo que seus espaçamentos não devem ser superiores aos espaçamentos médios indicados nesta
tabela conforme os níveis de proteção. Deverão ser instaladas duas descidas, caso o número
mínimo de condutores for menor que dois.
Devem ser evitada a instalação de condutores de descida não naturais, muito próximo de
portas, janelas ou outras aberturas, respeitando uma distância mínima de 0,5 m e fixados a cada 1
m de percurso.
Condutores horizontais devem interligar os condutores de descidas ao longo do volume a
proteger, formando anéis. O anel de aterramento, o mais importante, deve ser o primeiro e na
impossibilidade deste, um anel no máximo a 4 m acima do nível do solo e outros a cada 20 m de
altura.
Deve-se prover o trajeto mais curto e direto para a terra através de condutores de descida
retilíneos e verticais. Devem ser evitados os laços de acordo com a Figura 5. 2, porém em
situações que isto seja inevitável deve-se obedecer a certas restrições em relação a distancia de
separação (s) entre os condutores e o comprimento (l) entre esses dois pontos para se evitar que
centelhamentos perigosos venham ocorrer. A distância de separação (s) entre os condutores do
SPDA e as instalações metálicas, massas, e condutores do sistema elétricos de potência e de sinal,
deve ser aumentada com relação à distância de segurança d:
s≥d
kc
d = ki ⋅ ⋅ l (m)
km (5.1)
Onde:
S = distância de separação
l = comprimento do condutor
S = distância de separação
l = comprimento do condutor de descida
Figura 5. 3 - Proximidade do SPDA com as instalações – Valor do coeficiente Kc numa configuração
unidimensional [8].
S = distância de separação
l = comprimento do condutor de descida
Figura 5. 4 - Proximidade do SPDA com as instalações – Valor do coeficiente Kc numa configuração
bidimensional [8].
S = distância de separação
l = comprimento do condutor de descida
Figura 5. 5 - Proximidade do SPDA com as instalações – Valor do coeficiente Kc numa configuração
tridimensional [8].
Cada condutor de descida (com exceção das descidas naturais ou embutidas) deve ser
provido de uma conexão de medição, instalada próxima do ponto de ligação ao eletrodo de
aterramento. A conexão deve ser desmontável por meio de ferramenta, para efeito de medições
elétricas, mas deve permanecer normalmente fechada [8].
disposta com a largura na posição vertical, formando um anel em todo o perímetro da estrutura. A
camada de concreto que envolve estes eletrodos deve ter uma espessura mínima de 5 cm;
iii) as armaduras de aço das fundações devem ser interligadas com as armaduras de aço dos
pilares da estrutura, utilizados como condutores de descida naturais, de modo a assegurar
continuidade elétrica equivalente [8].
Basicamente existem dois tipos de arranjo para os subsistemas de aterramento, o arranjo
“A” e o arranjo “B”:
O arranjo “A” é composto de eletrodos radiais (verticais, horizontais ou inclinados), sendo
indicado para solos de baixa resistividade (até de 100 Ω. m) e para pequenas estruturas (com
perímetro até 25 m). Cada condutor de descida deve ser conectado, no mínimo, a um eletrodo
distinto. Devem ser instalados, no mínimo, dois eletrodos que não devem ter comprimento
inferior ao estabelecido na Figura 5. 6, assim determinado:
a) l 1 - para eletrodos horizontais radiais;
b) 0,5 l 1 - para eletrodos verticais (ou inclinados).
O arranjo “B” é composto de eletrodos em anel ou embutidos nas fundações da estrutura e
é obrigatório nas estruturas de perímetro superior a 25 m [8].
Assim como no subsistema de descida os condutores do subsistema de aterramento devem
apresentar baixa resistência, alta capacidade térmica para suportar o calor gerado pela passagem
da corrente, resistência mecânica para suportar os esforços eletromecânicos, além de
suportabilidade a corrosão causada pelos agentes agressivos do solo.
Os eletrodos de aterramento podem ser de cobre, aço galvanizado a quente ou aço
inoxidável, não sendo permitido o uso de alumínio. È possível, ainda, usar o aço revestido de
cobre (comercialmente denominado de “copperweld”) ou, em casos especiais, cobre revestido de
chumbo. O fator que determina o material a ser usado é a agressividade do solo; em geral, o
cobre apresenta uma boa suportabilidade a maioria dos solos mas, em alguns casos, o zinco e o
chumbo são os mais indicados [1].
Figura 5. 6 - Comprimento mínimo dos eletrodos de aterramento em função dos níveis e da resistividade do
solo [8].
A tensão de passo pode ser definida como a diferença de potencial (Vpasso), a qual um
individuo é submetido entre suas pernas afastadas por uma distância qualquer. Na Figura 5. 8 a
corrente I representa uma corrente conseqüente de uma descarga atmosférica, enquanto que IK é a
corrente que passa pelo corpo do individuo através das pernas, R0, R1 e R2 são resistências do
solo onde indicado, RF é a resistência de contato do pé, Rk é a resistência das pernas e Vpasso é o
potencial de passo. No circuito esquemático da mesma figura pode-se observar que quanto menor
for os valores de R0, R1 e R2, menor será a corrente IK e conseqüentemente menos perigoso para
os indivíduos ou animais sujeitos a tensão de passo. Ou seja, para se evitar o risco de tensões
perigosas de passo, basta dimensionar um subsistema de aterramento eficiente que reduza ao
máximo as resistências do solo.
Como tensão de passo admissível adota-se uma tensão que irá dissipar uma energia
inferior a 40 J (Joules), no corpo de uma pessoa que se encontra com os pés afastados por uma
distância de 1 metro.
Os eletrodos verticais são os tipos construtivos de um sistema de aterramento que
apresenta um maior risco quanto à tensão de passo. Por outro lado os sistemas de aterramento em
forma de malha são os que apresentam os menores riscos.
Os subsistemas de aterramento com arranjo “A” requerem cuidados quanto às tensões de
passo, caso o local apresente risco para pessoas ou animais. As tensões de passo podem ser
reduzidas aumentando-se a profundidade dos eletrodos horizontais, ou a profundidade do topo
dos eletrodos verticais.
Capítulo 6
Como visto no capítulo 2 a formação das descargas atmosféricas está diretamente ligada à
ocorrência de chuvas. Logo, quanto mais favoráveis forem as condições climáticas para a
ocorrência de chuvas, conseqüentemente, se terá uma maior incidência de trovoadas. Lembrando
que, o número de dias de trovoadas que ocorrem por ano em uma dada localidade é o seu índice
cerâunico, esse parâmetro vem sendo usado há muitos anos pelos meteorologistas para se
caracterizar a atividade relativa às descargas atmosféricas em uma localidade; unindo-se em um
mapa as localidades de mesmo índice cerâunico, tem-se o mapa isocerâunico [1]; como visto na
Figura 3. 2.
Para a técnica da proteção contra os raios, mais importante do que saber o número de dias
de trovoadas por ano é conhecer a densidade em raios por km2 por ano. Se este parâmetro for
conhecido, será fácil calcular a probabilidade de caírem raios, por ano, em uma dada área [1].
Para se elaborar um mapa com a densidade em raios por km2 por ano é necessária a coleta dos
As projeções para o século XXI expostas pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais) em seu relatório sobre Tendências das Variações Climáticas para o Brasil no Século
XX e Balanços Hídricos para Cenários Climáticos para o Século XXI apontam tópicos como:
Após analisar a questão da poluição nas grandes regiões metropolitanas e os dados dos
relatórios do INPE e do IPCC sobre as mudanças climáticas pode-se afirmar que esses fatores
influenciam na incidência das trovoadas e, conseqüentemente, ocorrerá um número maior de
descargas atmosféricas.
A poluição nas grandes áreas metropolitana teria como conseqüência um aumento no
índice cerâunico local, o que certamente difere dos índices encontrados nos mapas isocerâunicos
encontrados nas literaturas, pois estes mapas foram elaborados a mais de 10 anos. Por exemplo, o
mapa isocerâunico da região Sudeste que tem seu período de observação entre 1971 e 1995.
Já o aquecimento global e as mudanças climáticas influenciariam na mudança dos índices
cerâunicos de uma forma mais global. O que já pode ser constatado atualmente, pois em algumas
regiões a incidência de chuvas mais intensas, temporais e tempestades já é uma realidade, sendo
que o relatório do IPCC afirma que a ocorrência de fenômenos extremos, como as tempestades,
irá aumentar de maneira acentuada até o ano 2100.
Sabendo dessa mudança no índice cerâunico, seja a nível local ou global, se forem
utilizados os índices cerâunicos obtidos de mapas isocerâunicos elaborados há mais de 10 anos,
pode correr o risco de utilizar um índice cerâunico que não corresponde a realidade atual.
Conseqüentemente, ao avaliar se uma determinada estrutura requer um SPDA, os cálculos
poderão indicar que a estrutura não requer ou deixar a critério do projetista e do usuário da
estrutura a decisão de implantar ou não o SPDA.
No Anexo III encontra-se uma tabela com os dados de uma simulação feita pelo autor, na
qual se simula uma mudança no índice cerâunico de uma localidade, aplicando-se os cálculos
sobre uma estrutura fictícia. Para a estrutura fictícia foram adotadas como dimensões 30 m, 10 m
e 4 m de comprimento, largura e altura, respectivamente. Logo, a área de exposição equivalente
será Ae = 670,24 m2. Os fatores de ponderação adotados foram A = 1,0; B = 0,4; C = 0,8; D = 1,0
e E = 1,0; conforme Tabelas 3.2 a 3.6.
O método adotado na simulação foi realizar uma variação no índice cerâunico de 1 a 50 e
observar as conseqüências para o cálculo utilizado pelo método da NBR-5419/2005.
Inicialmente, ao se alterar o índice cerâunico de 1 para 2 observou a mudança no critério, ou seja,
com Td = 1 os cálculos indicam que a estrutura dispensa um SPDA, já com Td = 2 os cálculos
indicam que a conveniência de um SPDA deve ser decidida por acordo entre projetista e usuário,
conforme o método da NBR-5419/2005. Prosseguindo com a simulação até Td = 45 manteve-se o
mesmo critério indicado por Td = 2. Mas a partir de Td = 46 os cálculos passaram a indicar que a
estrutura requer um SPDA.
Logo, pode-se concluir que a mudança em apenas uma unidade do número médio de dias
de trovoada por ano, índice cerâunico, pode acarretar em uma não implantação de um SPDA para
proteger determinada estrutura quando utilizado apenas este cálculo da NBR-5419/2005 para
verificar se a estrutura requer ou não um SPDA.
Capítulo 7
7. Projeto Ilustrativo
Neste capítulo será apresentado como exemplo ilustrativo um projeto de um SPDA, onde
serão abordados os principais tópicos citados nos capítulos anteriores como escolha do nível e
método de proteção, subsistemas captor, de descida e aterramento, entre outros. Com a finalidade
de adquirir um maior entendimento e clareza sobre o tema, além de observar na prática o
conhecimento adquirido. Sendo que neste projeto não foi considerada nenhuma influência
climática.
Este projeto foi desenvolvido pela empresa WG Projetos LTDA, uma empresa com mais
de 10 anos de mercado e com uma vasta bagagem na área de projetos multidisciplinar. Sendo o
projeto destinado à instalação do Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas em suas
diversas áreas da unidade da FERBASA, localizada na estrada de Santiago s/n, central, Pojuca-
BA.
Como o nível de proteção de um SPDA pode ser definido pelo grau de eficiência
requerido e/ou pela probabilidade que esta estrutura tem de ser atingida por uma descarga
atmosférica, deve-se partir desse principio para definir o nível de proteção. Em princípio será
necessário estabelecer os fatores de ponderação indicados nas Tabelas 3.2 a 3.6, sabendo que a
estrutura a ser protegida é uma fabrica ou indústria, isso lhe atribui o valor de 1,0, como fator de
ponderação “A”. Sendo que, predominantemente, a estrutura é formada por aço revestido ou de
concreto armado com cobertura metálica, logo o fator de ponderação “B” será igual a 0,8. A
estrutura está localizada em uma área com elevações moderadas (ou colinas) contendo poucas
estruturas ou árvores de altura similar, abrigando objetos particularmente suscetíveis a danos.
Sendo assim, para os fatores de ponderação C, D e E serão adotados os seguintes valores: 0,8;
1,0; e 1,0, respectivamente.
N d = (12,1× 10 −3 ) × 1,0 × 0,8 × 0,8 × 1,0 × 1,0 = 7,73 × 10 −3 raios / ano (7.4)
Com este resultado conclui-se que a estrutura requer um SPDA, pois o valor de Nd
ponderado é maior do que o valor de referência (Nc = 10-3) de acordo com o método da NBR-
5419/2005.
O próximo passo é a escolha do nível de proteção adequado, que deve ser baseado nas
características e necessidades da estrutura a ser protegida. Como a estrutura em questão é uma
indústria e os efeitos indiretos causados por uma descarga atmosférica podem variar desde
pequenos danos a prejuízos inaceitáveis e a perda de produção, o nível de proteção adotado será o
nível III, conforme Tabela 3. 7. Este nível de proteção possui uma eficiência de 90%, sendo
destinado às estruturas de uso comum que apresentem um risco normal a serem atingidas por uma
descarga atmosférica, como por exemplo: residências, escritórios, fábricas ou indústrias
(excluindo aquelas com áreas classificadas).
O sistema proposto utiliza-se o método da gaiola de Faraday, por apresentar uma melhor
estética, menor geração de campos no interior das estruturas e menor custo. A malha de captação
será composta por cabos de cobre nu com bitola de #35 mm² e captores a cada 5,0 m com 60 cm
de altura. O subsistema de descida será formado de cabos de cobre nu com bitolas de #35 mm² ou
#16 mm², dependendo da altura da edificação (Ver Tabela 5. 2). A NBR-5419/2005 recomenda a
utilização de terminais aéreos com no mínimo 30 cm de altura, espaçados por 5 m a 8 m (ver
Figura 7. 1 e Figura 7. 2).
Como a gaiola de Faraday foi o método adotado, a largura máxima da malha deverá ser de 10 m e
o comprimento menor que 20 m, conforme a Tabela 4. 5. Já para as descidas o espaçamento
médio dos condutores de descida não naturais conforme o nível de proteção deverá ser de 20 m
(ver Tabela 5. 3).
Para o subsistema de aterramento deverá ser implantado o arranjo “B”, definido pela
NBR-5419/2005, que é composto de eletrodos em anel ou embutidos nas fundações da estrutura,
sendo de uso obrigatório nas estruturas de perímetro superior a 25 m. Foram adotados cabos de
cobre nu com bitola de #35 mm2 para a malha de aterramento, os quais deverão ser interligados as
hastes tipo copperweld através de solda exotérmica (ver Figura 7. 3).
Para fixação dos cabos em todas as malhas superiores serão utilizadas presilhas de latão,
já nas fixações a serem executadas nas coberturas deverá ser utilizada massa de calafetar tipo
sikaflex para recomposição da vedação da cobertura ou qualquer outro tipo de selante à base de
silicone ou poliuretano, conforme Figura 7. 2 e Figura 7. 4.
Para as descidas de cabos que farão a interligação entre a malha superior, anel inferior e
malha geral foram consideradas em projeto as seguintes condições:
Os anéis inferiores que serão interligados a malha geral de aterramento serão compostos
de cabos de cobre nu #35 mm², com conexões através de soldas exotérmicas e fincamento de
hastes de aterramento com poços de visita, conforme a Figura 7. 7. Todos os anéis inferiores
deverão ser conectados à malha de aterramento em pelo menos dois pontos distintos, utilizando
conexão exotérmica em seus pontos extremos.
Para maiores detalhes das conexões entre as hastes de aterramento, os condutores de
descida e os condutores da malha de aterramento através de solda exotérmica (ver Figura 7. 3).
Será necessário em todos os trechos da implantação de malha de aterramento, a abertura de valas
para lançamento dos cabos, conforme Figura 7. 8.
Para inspeção do subsistema de aterramento serão instaladas caixas de visita no solo com
tampa de ferro fundido, conforme detalhado na Figura 7. 7. Nestas caixas serão instalados
conectores que permitem a desconexão da malha de aterramento permitido possíveis medições.
Sempre que instalados em passeios de concreto ou asfalto, as caixas deverão ser instaladas
seguindo o alinhamento do piso, evitando sempre declividades, ou proximidade de caixas de
inspeção de esgoto, de redes elétricas ou telefônicas, bueiros e afins.
AT
ER
RA
ME
NT
O
Deverão ser instalados nas torres existentes e nas estruturas metálicas de equipamentos
extensões de cabos que serão interligados à malha de aterramento a ser implantada. A
interligação das torres com a malha de aterramento deverá ser feita utilizando conector de
pressão, cabo de #35mm² e solda exotérmica.
ÁREA 1_FTE – 2007 ENGENHARIA ELÉTRICA
SPDA - NBR-5419/2005 58
Deverão ser realizados testes durante a implantação do SPDA e após a sua conclusão,
objetivando comprovar a eficiência do sistema e detectar possíveis falhas do projeto ou da
implantação. Os testes e verificações deverão atender os seguintes tópicos:
Capítulo 8
8. Conclusão
A partir de uma análise significativa desta pesquisa sobre os sistemas de proteção contra
descargas atmosféricas, pode-se verificar com clareza a importância deste sistema na preservação
das estruturas protegidas, nas vidas e nos equipamentos abrigados por esta estrutura. Porém, foi
verificado também que não são todos os tipos de estruturas que necessitam de um SPDA, o que
deve ser analisado de forma individual para cada tipo de estrutura, objetivando a confirmação se
a estrutura necessita ou não de um SPDA, em caso afirmativo deverá ser definido através desta
análise o nível e o método de proteção a ser adotado.
Ao longo desses meses de pesquisa e estudos o autor procurou sempre aumentar o seu
nível de conhecimento sobre o SPDA, sua estrutura, dimensionamento e os princípios de
funcionamento. Objetivo o qual foi alcançado, porém ficou claro também que o assunto é muito
vasto e necessita-se de uma exploração maior para se alcançar o domínio deste tema.
Tendo sempre como base à norma NBR-5419/2005 foram abordados os subsistemas de
um SPDA (captor, descida e aterramento) detalhando os principais parâmetros e características
que devem possuir seus componentes. Pôde-se chegar a conclusão de que as estruturas metálicas
podem e devem ser utilizadas como parte dos subsistemas de descidas, desde que atendam as
exigências normativas, o que tornará o projeto de um SPDA mais econômico e apresentará uma
melhor aparência estética.
Entre os métodos de proteção foi feita uma comparação orientando como deve ser feita a
escolha do método, a qual deve satisfazer a necessidade do nível de proteção exigido para a
estrutura a ser protegida. Comparou-se o método Franklin com o Eletrogeométrico e conclui-se
que o método Eletrogeométrico apresenta uma maior eficiência, o que deve contribuir para o
desaparecimento do método Franklin. O método Eletrogeométrico é mais indicado do que o
método Faraday em construções maiores (exceto as estruturas que apresentam altura maior que
60 m) por ser mais econômico nessas condições, porém a utilização do método Faraday é mais
indicado de uma maneira geral por este apresentar uma melhor estética, menor geração de
campos no interior das estruturas e menor custo quando implementado em pequenas construções.
Capítulo 9
9. Recomendações
Apesar dos resultados obtidos através da simulação da mudança do índice cerâunico, dos
dados do relatório do INPE e do relatório do IPCC indicarem uma mudança climática e
conseqüentemente uma mudança no número médio de dias de trovoada por ano, deve-se
prevalecer o uso dos índices cerâunicos indicados pelas literaturas e pela norma. Pois, devido à
dificuldade de fontes de pesquisa e por este ser um fato novo, existem pontos que necessitam de
um maior aprofundamento e embasamento teórico. Ou seja, este fato requer muitas pesquisas e
debates para definir a real influência da mudança dos índices cerâunicos. Além do que, as
mudanças climáticas apontadas pelo relatório do IPCC estarem ocorrendo gradativamente e ainda
estarem longe do seu auge.
Outra recomendação seria o uso de uma rede detectores de descargas atmosféricas, como
a implantada pela CEMIG no estado de Minas Gerais, em áreas onde houvesse a necessidade de
verificar se o índice cerâunico local corresponde ao indicado na norma e nas literaturas.
Lembrando que esta solução tem um custo elevado, mas evita grandes prejuízos como relatado
anteriormente, por exemplo, quando aplicados nas linhas de transmissão. Logo, seria necessária
uma análise de viabilidade técnica e econômica para verificar se o uso de um sistema de detecção
de descargas atmosféricas se aplica ou não.
Referências Bibliográficas
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Conforme Norma NBR-5419/2005. Salvador: 2006. Monografia apresentada ao curso de
engenharia elétrica, ÁREA 1, 2005.
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[9] NATIONAL FIRE PROTECTION ASSOCIATION – NFPA. NFPA 780: Standard for the
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[10] TUMA, Eduardo Tannus. Proposta de um Novo Modelo para Análise dos
Comportamentos Transitório e Estacionário de Sistemas de Aterramento, Usando-se
o método FDTD. Belém-PA: 2005. Monografia apresentada ao curso de pós-graduação em
engenharia elétrica, Campus Universitário do Guamá, Belém-PA, 2005.
[13] NOBRE, Carlos A. Mudanças climáticas globais: possíveis impactos nos ecossistemas
do país. Amazonas: 2001. CPTEC / INPE.
[14] AMBIENTE BRASIL. Apresenta informações sobre Efeito Estufa. Disponível em:
<http://www.ambientebrasil.com.br> Acessado em: 08 dez. 2007.
[18] CHIARADIA, Júlio César Xavier. Notas de aula sobre SPDA. Salvador, 2007.
Anexos
Anexo III