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Rodrigo Luz 1

Direito Internacional Econômico

O Direito Internacional Econômico (DIE) é o ramo do Direito Internacional que trata das
relações econômicas internacionais.
Para conceituar o DIE, cabe ver inicialmente o conceito de Economia: ciência social que estuda
“...a ação econômica do homem, envolvendo essencialmente o processo de produção, geração e
apropriação da renda, o dispêndio e a acumulação.” (Rossetti, em “Introdução à Economia”)
Como o Direito é ciência que fixa as normas que regulam os direitos e deveres para as pessoas,
o Direito Internacional Econômico pode ser entendido como o ramo do Direito que define normas
para o funcionamento da economia mundial. Ele é Internacional porque dá origem a normas
internacionais. É Econômico, pois suas normas versam sobre questões econômicas.
No tempo do Liberalismo, iniciado com a Revolução Francesa a partir de várias teorias liberais
(Adam Smith, David Ricardo, Montesquieu, Rousseau, ...), cabia à “mão invisível do mercado” (Adam
Smith) a condução de suas relações com o resto do mundo. Os governos não interferiam na vida
econômica. Cabia-lhes apenas a manutenção da lei e da ordem.
Portanto, naquele tempo não havia o que falar em termos de normas econômicas
internacionais, visto que os governos, quando muito, criavam normas econômicas de âmbito interno.
Com a I Guerra Mundial, em 1914, e o crash da Bolsa de Nova York, em 1929, os Estados
assumem políticas protecionistas tendo em vista as crises mundiais que se instalam. Aumentam as
barreiras tarifárias e não-tarifárias, como estudamos em Comércio Internacional.
Em 1944, próximo ao fim da II Guerra Mundial (39-45), os países reunidos em Bretton Woods
decidem criar normas internacionais para que o liberalismo voltasse a ser praticado. Decidem a criação
de organismos internacionais que terão a função de fiscalizar e colaborar na volta do liberalismo.
Surgem o FMI e o BIRD em 1945. O Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio (GATT) é
assinado em 1947.
A partir desse momento, as normas econômicas passam a ter um caráter internacional. Antes
disso, não havia um direito internacional, mas apenas normas nacionais dispondo sobre o
funcionamento da economia do país.
O Direito Internacional Econômico é estudado a partir desse momento: 1945 em diante.
As normas econômicas internacionais passaram a ser celebradas a partir do interesse
econômico dos Estados e das grandes organizações internacionais, cujo crescimento quantitativo se dá
principalmente após a II Guerra (Antes disso, já havia algumas organizações, mas nenhuma delas com
o caráter econômico: Liga das Nações, Corte Permanente de Justiça Internacional, ...).
Estudar, portanto, o Direito Internacional Econômico é estudar as organizações econômicas e as
normas internacionais de caráter econômico.
As normas econômicas internacionais se referem a normas sobre investimento estrangeiro,
moeda, exploração dos recursos naturais, produção e distribuição de bens e de serviços,
movimentação dos fatores de produção, transferências financeiras e assuntos relacionados. Neste
sentido, ensina Dominique Carreau: o Direito Internacional Econômico é o ramo do Direito
Internacional “que regulamenta, de um lado, a instalação sobre o território dos Estados de diversos
fatores de produção (pessoas e capitais) que provenham do estrangeiro e, de outro lado, as
transações internacionais de bens, serviços e capitais.”
O autor subdivide o Direito Internacional Econômico nos seguintes ramos:
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a) direito dos investimentos; [estudamos o Acordo sobre Investimentos – TRIMS em
Comércio Internacional (CI); estudaremos aqui o BIRD que é a organização
responsável por estimular o investimento em países em desenvolvimento]
b) direito das relações econômicas; [as normas comerciais foram estudadas nos artigos
do GATT e demais acordos da OMC; as normas monetárias e cambiais internacionais
são estudadas dentro do FMI]
c) direito das instituições econômicas; [estudaremos o FMI e o BIRD. A OMC é estudada
em CI]
d) direito das integrações econômicas regionais; [estudamos os blocos regionais em CI]
e) direito da situação do estrangeiro. [isto é matéria de Direito Internacional Privado] ”

Breve Histórico

Em 1929, houve o CRASH da Bolsa de Nova York, secando a fonte de recursos que iam dos EUA
para a Europa. O crash (ou crack) foi resultado da superprodução norte-americana com o subconsumo
europeu.
Com o início da Primeira Guerra Mundial, os principais concorrentes norte-americanos na
produção industrial (Alemanha, Inglaterra e França) estavam na frente de batalha. Isto abriu a
possibilidade para que os EUA se tornassem o grande fornecedor de alimentos, armas e capital para os
países europeus. Era o início do caminho que levou os EUA a se tornarem a maior potência do século
XX.
Os EUA se desenvolveram e a tecnologia, aliada à falta de concorrentes, elevava a
produtividade norte-americana. Era a fase da euforia. A produtividade dos EUA crescia.
Com o passar do tempo, os países europeus começavam a se reerguer, recuperando-se dos
efeitos da guerra. Pouco a pouco, as importações européias de produtos norte-americanos foram
diminuindo e, mais do que isso, os europeus começavam a brigar com os EUA pelos mercados antes
monopolizados por estes. A superprodução americana entrou em colapso por causa do subconsumo
europeu. Não havia compradores para tamanha produção. A Bolsa de Nova York quebrou.
Os países europeus precisavam de recursos cambiais que deixaram de ser fornecidos pelos EUA
por causa do crash. Então, aqueles países passaram a buscar por seus próprios esforços atividades
que gerassem essas divisas, pois elas não vinham mais na qualidade de capitais autônomos.
Recorreram então às medidas protecionistas.
Como forma de se estimularem as exportações e desestimularem as importações, os países
europeus recorreram à política de desvalorizações da moeda. Era a “política de empobrecimento do
vizinho”. Desvalorizavam a moeda com a intenção de aumentar as exportações para os países vizinhos
e para os que compravam destes. A tática era crescer derrubando o concorrente. Havíamos “voltado”
ao período mercantilista, onde o protecionismo era a base da economia. Esta guerra comercial
perdurou por toda a década de 30 e foi um dos fatores que contribuíram para a eclosão da II Guerra
Mundial (1939-1945).
A década de 1930 é considerada até hoje o pior período da história do liberalismo.
Em fins de 1941, quando os EUA entraram na guerra, começaram a planejar com a Inglaterra o
que fazer no pós-guerra em termos econômicos. Tinham por intenção voltar ao liberalismo,
derrubando as barreiras protecionistas da década de 1930.
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Em 1944, foi realizada a “Conferência de Bretton Woods”, que levou este nome em
homenagem à cidade norte-americana que sediou o encontro. Na nova ordem econômica idealizada
haveria três instituições: a Organização Internacional do Comércio (OIC), o Fundo Monetário
Internacional (FMI) e o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD).
A OIC seria responsável pela fiscalização do comércio. Seria a guardiã dos acordos que
visavam à liberalização do comércio. Teria o poder de examinar as políticas comerciais dos países,
condenando eventuais medidas protecionistas.
O FMI seria o responsável por fiscalizar as taxas de câmbio dos países, evitando que eles
adotassem as desvalorizações competitivas como aconteceu na década de 1930.
Cada país deveria definir, ao se tornar associado ao Sistema, a paridade de sua moeda em
relação ao dólar. E o dólar era definido em termos de ouro: uma onça de ouro (aproximadamente 28
gramas) era o equivalente a US$ 35,00.
Depois de definida a paridade, permitia-se uma variação máxima de 2% (de 1% acima até
1% abaixo da paridade). Os limites eram chamados “pontos de sustentação” ou “pontos de
intervenção”, pois, caso houvesse a ultrapassagem destes valores, o Governo precisava intervir,
comprando ou vendendo sua própria moeda para fazer voltar a taxa de câmbio para dentro dos limites
tolerados.
Uma segunda função do FMI era a de emprestar recursos aos países que tivessem déficits
temporários no Balanço de Pagamentos. Isto é justificável pois, se o FMI não “permitia” aos países as
desvalorizações que poderiam consertar o Balanço de Pagamentos, ele deveria dar uma saída a esses
países. “Não desvalorize a sua moeda. Eu te empresto e depois você me paga” era a lógica do FMI.
O BIRD teria a função de financiar a reconstrução da Europa destruída pela guerra.
Em 27 de dezembro de 1945, foram criados o FMI e o BIRD. A OIC, no entanto, teve a sua
criação barrada pelos EUA e só muito tempo depois (em 1994) surgiu a organização, mas com o nome
de OMC – Organização Mundial do Comércio. Os estatutos da OIC estavam consignados na Carta de
Havana de 1948. Para entrar em vigor, era necessário que os países a ratificassem. Mas o governo dos
EUA, sofrendo pressões internas, não enviou para o Congresso a Carta para apreciação. Portanto, a
OIC não saiu do papel.

Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD)

Foi criado para promover a reconstrução e o desenvolvimento dos países destruídos pela II
Guerra Mundial. Também é conhecido por Banco Mundial.
Na prática, o Plano Marshall (ou Programa de Reconstrução Européia) foi o determinante para a
reconstrução. O BIRD acabou sendo deslocado para a ajuda aos países em desenvolvimento, como,
por exemplo, para o equacionamento da Crise da Dívida Externa que atingiu cerca de 30 países na
década de 1980, inclusive o Brasil.
Somente países-membros do FMI podem se associar ao BIRD.
Os projetos financiados pelo BIRD têm por objetivo o desenvolvimento econômico, mas onde
não há interesse do capital privado. Os empréstimos do BIRD são direcionados para projetos públicos
determinados. E, portanto, o destinatário dos recursos são os Governos.
Como banco destinado a gerar desenvolvimento, seus empréstimos são de médio e longo
prazos.
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Cada País-membro faz uma subscrição de capital; mas a fonte principal dos empréstimos são
recursos captados no mercado privado.
O BIRD possui quatro subsidiárias, com funções bem específicas, criadas para complementar
suas atividades:
– Corporação Financeira Internacional (CFI): O BIRD financia projetos públicos; a CFI, privados.
– Associação Internacional de Desenvolvimento (AID): Financia projetos públicos e privados aos
países mais atrasados, notadamente os africanos. As condições dos empréstimos são muito
facilitadas.
– Agência Multilateral de Garantia de Investimentos (AMGI): Sua função é ser garantidor dos
investimentos estrangeiros contra perdas causadas por riscos não-comerciais, como confisco,
desapropriação, moratória, ...
– Centro Internacional para Arbitragem de Disputas sobre Investimentos (CIADI): É um foro
para se resolverem controvérsias relativas a investimentos.

Os 5 órgãos (BIRD, CFI, AID, AMGI e CIADI) representam o chamado Sistema Banco Mundial.

Fundo Monetário Internacional (FMI)

Objetivos
De acordo com o artigo 1o do Regulamento do FMI, seus objetivos são:
1. Promover a cooperação monetária internacional através de uma instituição permanente, que
passa a prover os mecanismos de consulta e colaboração nos problemas monetários
internacionais;
2. Facilitar a expansão e o crescimento equilibrado do comércio internacional, contribuindo para
a promoção e a manutenção de altos níveis de emprego e renda real e também para o
desenvolvimento de fontes produtivas de todos os países-membros, principais objetivos da
política econômica;
3. Promover a estabilidade cambial, manter em boa ordem os acordos cambiais entre os países-
membros e evitar depreciações cambiais com o intuito de concorrência;
4. Ajudar no estabelecimento de um sistema multilateral de pagamentos, em relação às
transações correntes entre os países-membros, e na eliminação de restrições cambiais que
prejudicam o crescimento do comércio internacional;
5. Promover confiança aos países-membros, disponibilizando-lhes os recursos
temporariamente, mediante garantias adequadas, propiciando-lhes assim a oportunidade de
corrigir desequilíbrios em seus balanços de pagamentos sem que precisem adotar medidas que
pudessem comprometer a prosperidade nacional ou internacional;
6. Desta forma, reduzir a duração e diminuir a intensidade do desequilíbrio nos balanços de
pagamentos dos países-membros.

O 3o e o 5o objetivos consagrados no Regulamento do FMI se complementam.

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O 3o objetivo dava ao FMI o poder de fiscalizar as taxas de câmbio dentro dos “pontos de
sustentação”, evitando que as taxas se desvalorizassem com intuito de concorrência (Desde
1971/1973, com o fim do Sistema Bretton Woods, não existe mais este tipo de controle).
Mas o interesse de um País talvez fosse o de desvalorizar, não de forma competitiva, mas para
consertar um déficit no seu Balanço de Pagamentos. Era uma questão de sobrevivência para o País.
Neste caso, então, o FMI, ao evitar a desvalorização, que poderia “comprometer a prosperidade
nacional ou internacional”, disponibilizava recursos temporariamente ao País. (Este é o 5o objetivo)
Portanto, pode-se concluir que o FMI não emprestava nem empresta recursos quando o déficit
é permanente. Neste caso, o país, em vez de pegar empréstimo, deve promover mudanças
estruturais, pois está permanentemente gastando mais do que recebe. Pode até desvalorizar sua
moeda, como medida excepcional.
Note que o FMI não age apenas na função de apagar crises, mas também na função de
preveni-las. Este é o 2o objetivo consagrado no artigo 1o antes transcrito “...contribuindo para a
promoção e a manutenção de altos níveis de emprego e renda real...”.

Controles Cambiais

O 4o objetivo incorpora a proibição do uso de controles (restrições) cambiais, tais como, as


taxas múltiplas de câmbio.
Esta proibição é descrita no artigo VIII do Convênio Constitutivo do FMI:
“Nenhum País-membro participará nem permitirá que nenhum de seus organismos
fiscais participe de regimes monetários discriminatórios nem práticas de taxas
de câmbio múltiplas...”

Saques no FMI
Como se observa nos objetivos 1o, 5o e 6o do artigo 1o do Acordo Constitutivo do FMI, transcrito
no início deste tópico, o equilíbrio no Balanço de Pagamentos é sempre o objetivo final.
O 1o objetivo significa que o FMI provê um mecanismo de consulta, aconselhando a adoção de
políticas para resolver desequilíbrios no Balanço de Pagamentos.
O 5o objetivo prevê que o FMI disponibilize recursos temporariamente para países que
estiverem enfrentando desequilíbrios no Balanço de Pagamentos.
Estes recursos usados nos empréstimos têm por origem as quotas integralizadas pelos países-
membros ao se associarem. Estas quotas são calculadas levando em conta algumas variáveis, tais
como, o volume de reservas do País e o saldo no Balanço de Pagamentos.
Esta quota deve ser então integralizada 25% em ativos de reserva (Direitos Especiais de Saque
e/ou moedas fortes) e 75% na moeda do próprio País (Antes do Acordo da Jamaica, em 1976, os 25%
deviam ser integralizados em ouro e/ou moedas fortes). Desta forma, o FMI tem uma certa quantidade
das moedas de todos os países-membros para emprestar para os outros países-membros, quando for
necessário.
A partir da integralização, o País passa a ter o direito de sacar recursos no Fundo, entregando
moeda nacional e se comprometendo a reconverter a moeda nacional em DES para devolver num
prazo fixado (de 3 a 5 anos). Pode também obter empréstimos com limites calculados sobre um
percentual de sua cota dependendo da modalidade do empréstimo.
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Podem ser sacadas moedas fortes num total de até 125% da quota integralizada.
Apesar de, em regra, o FMI somente emprestar recursos em caso de desequilíbrio temporário,
existe uma modalidade de empréstimo que serve para corrigir desequilíbrios permanentes
(estruturais). É o caso do Stand By Credit. Nesta modalidade de empréstimo, o FMI libera um volume
de recursos que será utilizado pelo País enquanto reformas estruturais estão sendo implementadas. É
fácil entender que as reformas econômicas não se fazem da noite para o dia. Então, apesar de estar
no caminho certo de fazer a reforma tributária, por exemplo, o País leva um bom tempo para que a
intenção seja atingida. Estes recursos do FMI ficam pré-aprovados (ficam de stand by) por um prazo
de um a dois anos. Mas só serão liberados em prestações após o cumprimento das metas trimestrais.
As missões do FMI visitam o País de três em três meses para constatar o cumprimento dessas metas e
dar o aval para as liberações parciais.

Votação
No FMI e no BIRD, o sistema de votação é idêntico.
Cada país tem direito a 250 votos, mais um voto adicional para cada parte de sua quota
equivalente a 100 mil Direitos Especiais de Saque.

Globalização e Conjuntura Normativa Internacional.

O fenômeno da globalização atinge diversas esferas, das quais destacam-se: a cultural (as
culturas passam a se inter-relacionar, influenciando-se umas às outras), a tecnológica (a tecnologia
passa a ser acessível a todo o mundo, principalmente pelos meios de comunicação), a econômica (que
gera a globalização comercial, a produtiva e a financeira) e a normativa (as normas internacionais
passam a prevalecer sobre as normas internas).
Globalização Econômica:
O Direito Internacional Econômico e a Globalização andam juntos. Na globalização, o que é
produzido localmente passa a ter alcance global, e assim o funcionamento global da economia acaba
por influenciar o funcionamento local. A globalização é responsável pelo surgimento da “aldeia global”,
ou seja, as diversas partes do mundo se tornam próximas, encurtando distâncias. O DIE estuda as
relações econômicas internacionais, que ganharam relevância com a globalização.
Com a globalização, os Estados perdem uma parcela da soberania em favor das grandes
empresas transnacionais. Às empresas interessa a padronização das normas econômicas para que
possam agir de forma semelhante nos diversos países. O mundo passa então a ser “controlado” pelas
empresas, que podem subjugar os Estados, fazendo com que aceitem seus desejos, sob pena de não
se instalarem em seus territórios.
Interessa ainda às empresas e aos Estados que sejam criadas organizações e normas
internacionais para criar os padrões de funcionamento da economia mundial e dar segurança às
relações econômicas.
Globalização Normativa:
Segundo Nilton José de Souza Ferreira, em Globalização e o Direito Internacional:
“A globalização, se tida como um fenômeno tridimensional constituído: pela intensificação de
fluxos variados (financeiros, econômicos, religiosos e comunicacionais), pela perda do controle do

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Estado sobre esses fluxos e sobre outros atores da cena internacional e pela redução de distâncias
temporais e espaciais, cria expectativas de inovações jurídico-políticas.
Com efeito, esse fenômeno conduz ao questionamento do princípio da soberania,
organizador das relações entre Estados e, em decorrência disso, da manutenção da ordem pública
internacional.
De uma maneira genérica, pode-se, enfim, usar o vocábulo Globalização para designar a
crescente e rápida transnacionalização das relações econômicas, comerciais, financeiras,
culturais, tecnológicas e sociais que vêm acontecendo, especialmente nas duas últimas
décadas.”

Luiz Netto Lobo, em Direito do Estado Federado ante a Globalização Econômica:


“A globalização econômica procura transformar o globo terrestre em um imenso e
único mercado, sem contemplação de fronteiras e diferenças nacionais e locais. Tende a uma
padronização e uniformização de condutas, procedimentos e relevâncias relativamente aos objetivos
de maximização econômica e de lucros, a partir dos interesses das nações centrais e empresas
transnacionais que, efetivamente, controlam o poder econômico mundial, sem precedentes na
história. Todo o aparato legal que se constituiu em torno do Estado social, densificando os princípios
e regras constitucionais, tem sido desafiado pela globalização econômica. O desafio apresenta-se
sob dois aspectos principais: o primeiro vem em forma de pressão para remoção ou aviltamento
dos direitos sociais e de redução substancial do sistema legal de intervenção e controle da ordem
econômica, sob pena de retaliações difusas ou diretas, inclusive de recusa de investimentos ou
saída de capitais; o segundo, pela desconsideração do direito nacional ou sua utilização, naquilo que
convém. Ambos levam ao notável enfraquecimento do direito nacional, que se torna
impotente para fazer face a eles.”

Segundo Pedro Braga Filho, em Globalização e a Teoria Geral dos Contratos:


“Conforme alerta Flávia Piovesan, o processo de globalização econômica pode ser mais bem
entendido a partir das ‘regras ditadas no chamado Consenso de Washington, que é fruto de um
seminário realizado em 1990, reunindo o Departamento de Estado dos Estados Unidos, os
Ministérios das Finanças dos demais países do Grupo dos Sete e os Presidentes dos 20 maiores
bancos internacionais (FMI e Banco Mundial,inclusive).’
O referido Consenso de Washington, que estruturou inicialmente o processo de globalização
econômica, consiste em recomendações para:
a) implementação de disciplina fiscal;
b) priorização dos gastos públicos;
c) reforma tributária;
d) liberalização financeira;
e) fortalecimento do regime cambial;
f) liberalização comercial;
g) estímulo ao investimento estrangeiro direto;
h) política de privatização; e
i) novo regime de propriedade intelectual.”

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Segundo Manoel Jorge e Silva Neto, em Globalização e Direito Econômico:
“Vive-se atualmente a quarta onda globalizadora na história da civilização. A primeira delas
surgiu com a política expansionista do Império Romano na Antigüidade, iniciado por volta de 753
a.C., quando os Latinos do Monte Palatino se uniram aos Sabinos do Monte Quirinal. A expressão
externa romana começou com as chamadas Guerras Púnicas contra a cidade de Cartago, a mais
rica e poderosa de todo o Mediterrâneo. Após submeter Cartago, os romanos dominaram a
Espanha, Portugal, o norte da África, a Macedônia, a Síria, e, por fim, com a conquista da Gália por
Júlio César, Roma se transformou no maior império da História Antiga, o que perdurou até o fim do
Império Romano do Ocidente, no século IV d.C.
A segunda onda globalizadora deve ser reconhecida na expansão marítima e colonial, a
partir do século XV.
Diversas circunstâncias contribuíram para a política expansionista européia, dentre as quais
podem ser indicadas a necessidade de novos mercados – em face da crise feudal que desorganizou
o sistema produtivo europeu -, a escassez de metais preciosos no Velho Continente, a busca de
especiarias e as novas invenções (que não tinham outro propósito senão aprimorar as técnicas de
navegação rudimentares que não permitiam se navegasse em alto-mar). Nessa época foram
descobertos o astrolábio, a bússola e a pólvora.
Portugal foi o país a dar o primeiro passo na direção do expansionismo marítimo e comercial,
sendo posteriormente seguido pela Espanha – que se converteu na sua maior rival na conquista de
novos mercados descoberta de outras terras.
A rivalização entre Portugal e Espanha atingiu nível tão preocupante, que resolveram as
potências da época simplesmente dividir o mundo entre eles por via da celebração do Tratado de
Tordesilhas. Esqueceram apenas de avisar à Holanda, à França e à Inglaterra...
O período subseqüente, a terceira onda, se inicia com a Revolução Técnica (ou “Revolução
Industrial”, como muitos preferem), na medida em que o progresso científico ocorrido a partir da
descoberta da máquina a vapor passou a privilegiar enormemente a instalação de indústrias onde
houvesse carvão, no caso a Inglaterra.
Para se ter uma idéia da extrema importância das descobertas do século XVIII, basta fazer
referência ao fato de que as relações de trabalho foram substancialmente alteradas em virtude da
drástica diminuição dos postos de trabalho, tal como, por coincidência, acontece hoje em dia.
A quarta onda globalizadora, característica da sociedade pós-moderna, pode ser identificada
na Queda do Muro de Berlim, em 1989, fato político determinante da democratização dos países
antes pertencentes à denominada “Cortina de Ferro”, da mudança dos respectivos modelos
econômicos de socialistas para capitalistas e do recrudescimento dos processos de independência
nacional, como ocorreu com as províncias da antiga União Soviética.
Como se vê, se algo pode ser reputado inovador no tocante à globalização, certamente não é
o fenômeno em si, mas os processos expansionistas, que, já agora, se escudam em distintos
métodos de interferência nas economias nacionais, capitaneados pela revolução tecnológica,
precisamente a dos meios de comunicação.”

Segundo Elian Alabi Lucci, Eustáquio de Sene e João Carlos Moreira:


“A globalização transforma a economia, a política e a cultura de um país, marcando
as sociedades nacionais com uma nova realidade que pode ser constatada por meio:
- da presença de inúmeras empresas multinacionais e seus executivos;
- das transformações ocorridas no setor comercial;
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- da variedade de produtos importados encontrados à venda;
- da utilização de modernas tecnologias;
- da divulgação de informações por meio da Internet, de revistas estrangeiras e de jornais
escritos e falados que circulam entre os diferentes países.”

Por Lauro Monteclaro: Francis Fukuyama, autor de “O fim da história”, demonstra que a
obsessão neoliberal pelo Estado mínimo vem se transformando numa grave ameaça à segurança de
todos os países do mundo, inclusive para os desenvolvidos. Aponta como conseqüência da
globalização o enfraquecimento do Estado nacional, especialmente pela abolição seletiva das
fronteiras nacionais, com prioridade absoluta para o capital. Para ele a solução seria que: ‘Os países
precisam ser capazes de construir instituições estatais não apenas dentro de suas próprias
fronteiras, mas também em outros países mais desorganizados e perigosos. No passado, eles
teriam feito isso simplesmente invadindo o país e anexando-o administrativamente ao seu império’.
Mas o problema é que: ‘Hoje, insistimos que estamos promovendo a democracia, o autogoverno e
os direitos humanos e que qualquer esforço para governar outras pessoas é meramente transicional
e não implica ambições imperiais’. Portanto, ‘... a arte de construção de Estados será um
componente essencial de poder nacional, tão importante quanto à capacidade de utilizar as forças
militares tradicionais para a manutenção da ordem mundial’. (FUKUYAMA, 2004:137).
Texto retirado do site do Centro de Comunicação da Universidade Federal de Minas Gerais
(http://www.ufmg.br/online/arquivos/001509.shtml): “Para o sociólogo Boaventura Sousa
Santos, há que se enfrentar a onda avassaladora da globalização desigual, propondo um esforço no
sentido de construir a globalização solidária, tal como está contida na proposta do Fórum Social
Mundial. ‘Sem justiça cognitiva, não há justiça social. Precisamos criar um conhecimento
transdisciplinar em sistemas abertos, com responsabilidade social, onde esteja prevista a
participação de todos os interessados.’ ”
Fernando Alberto Torres Madeira: Para o sociólogo alemão Ulrich Beck, com o termo
globalização são identificados processos que têm por conseqüência a subjugação e a ligação
transversal dos estados nacionais e sua soberania através de atores transnacionais, suas
oportunidades de mercado, orientações, identidades e redes. Para ele, esse processo, da forma
como atualmente vem acontecendo, não deveria sequer ser chamado de globalização, já que atinge
o globo de forma diferenciada e exclui a sua maior parte. Essa forma de globalização significa a
predominância da economia de mercado e do livre mercado, uma situação em que o máximo
possível é mercantilizado e privatizado, com o agravante do desmonte social. Concretamente, isso
leva ao domínio mundial do sistema financeiro, à redução do espaço de ação para os governos – os
países são obrigados a aderir ao neoliberalismo – ao aprofundamento da divisão internacional do
trabalho e da concorrência e, não por último, à crise de endividamento dos estados nacionais.
Luciano do Monte Ribas: Manuel Castells está entre os que entendem a globalização a
partir de um ponto de vista positivo, muito embora reconheça as mazelas sociais dela decorrentes.
Para ele, o surgimento de uma série de novas tecnologias genericamente tratadas como da
informação marcam uma sociedade "nova", que ele designa como informacional. Na definição de
Castells: ‘O fator histórico mais decisivo para a aceleração, encaminhamento e formação do
paradigma da tecnologia da informação e para a indução de suas conseqüentes formas sociais foi/é
o processo de reestruturação capitalista, empreendido desde os anos 80, de modo que o novo
sistema econômico e tecnológico pode ser adequadamente caracterizado como capitalismo
informacional.’ (CASTELLS, 1999, p. 55).
Apresentação da ‘Editorial Caminho’ para o livro A Globalização da Pobreza e a Nova Ordem
Mundial de Michel Chossudovsky: “O autor apresenta uma crítica fundamentada e demolidora dos
rumos econômicos e financeiros do mundo atual. Mostra como as estruturas da economia global
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mudaram fundamentalmente desde o início dos anos 80 e como as principais instituições financeiras
internacionais, o FMI e o Banco Mundial, pressionaram o Terceiro Mundo e os países da Europa de
Leste para facilitar essa mudança. Passa em revista as causas e as conseqüências da fome em
África, a dramática crise dos mercados financeiros, a liquidação dos programas sociais do Estado e
a devastação resultante da reorganização empresarial e da liberalização do comércio.”

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