A Biblioteca Escolar no contexto da Sociedade de Informação
Podemos designar biblioteca como uma colecção de documentos afins,
organizados para leitura, estudo e consulta, existindo bibliotecas que têm funções mais específicas do que outras. À medida que as bibliotecas foram crescendo de importância social e cultural, elas foram-se especializando. É o caso das bibliotecas nacionais, mais vocacionadas para a preservação de documentos, que reflectem a memória e a identidade de uma nação; o caso das bibliotecas especializadas, mais viradas para a investigação e o caso das bibliotecas escolares, mais direccionadas para a formação de leitores e o apoio aos curricula, ainda que todas elas sirvam o livro, a leitura, a cultura, contribuindo para a formação pessoal e profissional dos cidadãos. Tal não invalida a relação que pode existir entre elas. Debruçando-nos sobre o caso específico das bibliotecas escolares, podemos afirmar que a sua principal função é formativa, ao “desenvolver nos alunos hábitos de leitura e estudo, orientá-los na consulta de obras de referência, desenvolver competências no campo da informação e investigação” (Silva, 2002, p. 199), contribuindo para uma optimização do desempenho dos professores e o sucesso educativo dos alunos, de forma a criar uma capacidade de autonomia para aprender ao longo da vida, respondendo às exigências de uma sociedade de informação. Nesta sociedade cada vez mais complexa, em que a participação a todos os níveis requer uma informação actualizada, a escola, através da biblioteca escolar, deve ser capaz de sociabilizar os seus alunos, para que estes, no futuro, consigam interagir e participar na vida activa nos seus diversos contextos. A informação constitui, assim, um instrumento indispensável na definição do perfil de formação dos indivíduos, facto que decorre da importância crescente das tecnologias de informação e comunicação, obrigando à construção de novas relações da informação, nomeadamente, a sua criação, circulação, disponibilização, acessibilidade, tratamento, validação, difusão e comunicação. É pertinente afirmar que quase tudo se transformou em informação, tudo é causa ou consequência da informação, esta é o princípio e o fim de tudo o que acontece no planeta. As mudanças que ocorrem na sociedade levam a perspectivar a informação como um mero recurso, inscrita num contexto em que prolifera demasiada informação, pelo que se impõe, nas escolas, ensinar métodos de selecção, avaliação e aproveitamento útil da mesma para resolver situações problemáticas e fazer face às permanentes mudanças que se nos deparam. As tecnologias serão perspectivadas como um meio, um instrumento incorporado, através do qual se produz o conhecimento. A importância das bibliotecas acaba por se acentuar cada vez mais, na medida em que, na sociedade em que nos inserimos, a informação e o conhecimento constituem a alavanca do desenvolvimento económico, social, científico e tecnológico, cumprindo assim uma das suas funções, a função cultural. A função educativa é a outra função, na medida em que pode e deve facilitar aos alunos material bibliográfico para o seu estudo e solução dos seus problemas assim como também apoio informacional ao pessoal docente. As Bibliotecas Escolares/Centro de Recursos Educativos deverão tornar-se num espaço multimédia, onde os alunos tenham acesso a audiovisuais, suportes informáticos, revistas, etc. Terão que incluir sistemas de informação em suportes muito diversificados, ser um centro de recursos multimédia de acesso livre, destinado à consulta e produção de informação em suportes variados, para além de conter os tão desejados livros. Passará a ser um local privilegiado para o desenvolvimento de capacidades de actualização e manuseamento de informação. As bibliotecas estão em fase de grande reestruturação. Estão a sofrer mudanças muito significativas originadas pela introdução das TIC e sobretudo da Internet, pelos novos tipos de documentos e pela forma de se lhes aceder, exigindo novas abordagens e novas competências. A pesquisa e a apropriação das tecnologias de informação e da comunicação ocupam um lugar de relevo crescente. Assim, pretende-se que se aprenda a armazenar, aceder, modificar e interpretar informação e se avalie criticamente o conteúdo e a apresentação da informação proveniente de várias fontes. Em suma, “Aprender a aprender” e a realizar, progressivamente, actividades de investigação. (Tafoi e tal., 1991, p.16). O desenvolvimento tecnológico veio alterar o conceito fundamental da biblioteca no séc. XXI, mais concretamente ao estabelecer a relação directa das pessoas à informação, assistindo-se, já e em alguns casos, à integração nas bibliotecas tradicionais de bibliotecas digitais, ou melhor a uma simbiose entre elas, traduzido no que, actualmente é designado por” biblioteca híbrida”, trazendo esta uma mais valia no que respeita ao acesso imediato ao documento e a possíveis conexões com outros documentos similares ou correspondentes ao assunto seleccionado. Ambos os serviços, tradicionais e “modernos”, devem coexistir, um não invalida o outro, complementando- se mutuamente. Todas estas transformações exigem não só da biblioteca como também dos bibliotecários uma reflexão profunda. O bibliotecário escolar passa a ser o mediador de acesso à informação, intermediário eficaz entre a biblioteca, o conjunto da organização escolar e o meio em que se insere. Deverá estar em actualização constante e permanente. Novas estratégias se impõem, entre elas a Web 2.0, servindo não só para ler ou informar como também para troca de informação que se quer participativa e democrática gerida pelo saber das multidões. O espaço Web na biblioteca não é um lugar de substituição nem de negação, é antes um lugar de extensão, reinvenção e criação de outra relação com a sociedade. Surgem, então, novos serviços que uma biblioteca pode disponibilizar através das comunidades virtuais e os quais se passam a citar: a Web de leitura e escrita como os blogs, a wikipédia que aproveita a inteligência colectiva, as etiquetas do del.icio.us e do flycwr para sistemas de classificação, a tecnologia RSS usada para a subscrição de conteúdos, etc. Tentei, na elaboração do meu blog, utilizar estas ferramentas, familiarizando-me, progressivamente, na aplicação das mesmas. Assim, tanto a biblioteca como o bibliotecário, poderão responder às necessidades de informação dos seus utilizadores, fazendo-se da biblioteca um organismo vivo e actualizada à sua época.
Bibliotecas Digitais ou Plataformas Digitais Colaborativas? :: Por uma Compreensão do Funcionamento das Bibliotecas Digitais (Não) Autorizadas no Espaço Digital