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O pronatalismo e o familismo são características marcantes da história desde quando a humanidade passou a dominar a agricultura e investiu na domesticação dos animais. Segundo Ron Patterson: “Há 10.000 anos os seres humanos e seus animais representavam menos de um décimo de um por cento da biomassa dos vertebrados da terra. Agora, eles são 97 por cento” (07/05/2014, p.2).
O crescimento da população e da economia foi incentivado pelas religiões, pelas as famílias e pelas instituições govenamentais. Este comportamento tinha bastante justificativa quando as taxas de mortalidade eram muito altas. O pronatalismo era defendido como parte da luta pela sobrevivência da espécie humana.
Contudo, o pronatalismo perdeu o sentido como defesa da sobrevivência de uma espécie e passou a ser um fator que contribui para a expansão indiscriminada e a dominação humana sobre o Planeta, uma arma que é utilizada pelos setores fundamentalistas das igrejas, pelo fundamentalismo de mercado que só pensa na acumulação de capital fixo e humano para a geração de lucro, pelos setores convervadores que defendem o papel tradicional da mulher na família, etc.
Titolo originale
Decrescimento ou pronatalismo ecocida e antropocêntrico?
O pronatalismo e o familismo são características marcantes da história desde quando a humanidade passou a dominar a agricultura e investiu na domesticação dos animais. Segundo Ron Patterson: “Há 10.000 anos os seres humanos e seus animais representavam menos de um décimo de um por cento da biomassa dos vertebrados da terra. Agora, eles são 97 por cento” (07/05/2014, p.2).
O crescimento da população e da economia foi incentivado pelas religiões, pelas as famílias e pelas instituições govenamentais. Este comportamento tinha bastante justificativa quando as taxas de mortalidade eram muito altas. O pronatalismo era defendido como parte da luta pela sobrevivência da espécie humana.
Contudo, o pronatalismo perdeu o sentido como defesa da sobrevivência de uma espécie e passou a ser um fator que contribui para a expansão indiscriminada e a dominação humana sobre o Planeta, uma arma que é utilizada pelos setores fundamentalistas das igrejas, pelo fundamentalismo de mercado que só pensa na acumulação de capital fixo e humano para a geração de lucro, pelos setores convervadores que defendem o papel tradicional da mulher na família, etc.
O pronatalismo e o familismo são características marcantes da história desde quando a humanidade passou a dominar a agricultura e investiu na domesticação dos animais. Segundo Ron Patterson: “Há 10.000 anos os seres humanos e seus animais representavam menos de um décimo de um por cento da biomassa dos vertebrados da terra. Agora, eles são 97 por cento” (07/05/2014, p.2).
O crescimento da população e da economia foi incentivado pelas religiões, pelas as famílias e pelas instituições govenamentais. Este comportamento tinha bastante justificativa quando as taxas de mortalidade eram muito altas. O pronatalismo era defendido como parte da luta pela sobrevivência da espécie humana.
Contudo, o pronatalismo perdeu o sentido como defesa da sobrevivência de uma espécie e passou a ser um fator que contribui para a expansão indiscriminada e a dominação humana sobre o Planeta, uma arma que é utilizada pelos setores fundamentalistas das igrejas, pelo fundamentalismo de mercado que só pensa na acumulação de capital fixo e humano para a geração de lucro, pelos setores convervadores que defendem o papel tradicional da mulher na família, etc.
Decrescimento ou pronatalismo ecocida e antropocntrico?
Um crescimento infinito incompatvel com um mundo finito. Quem acredita nisso ou louco ou economista. Serge Latouche
O pronatalismo e o familismo so caractersticas marcantes da histria desde quando a humanidade passou a dominar a agricultura e investiu na domesticao dos animais. Segundo Ron Patterson: H 10.000 anos os seres humanos e seus animais representavam menos de um dcimo de um por cento da biomassa dos vertebrados da terra. Agora, eles so 97 por cento (07/05/2014, p.2). O crescimento da populao e da economia foi incentivado pelas religies, pelas as famlias e pelas instituies govenamentais. Este comportamento tinha bastante justificativa quando as taxas de mortalidade eram muito altas. O pronatalismo era defendido como parte da luta pela sobrevivncia da espcie humana. Contudo, o pronatalismo perdeu o sentido como defesa da sobrevivncia de uma espcie e passou a ser um fator que contribui para a expanso indiscriminada e a dominao humana sobre o Planeta, uma arma que utilizada pelos setores fundamentalistas das igrejas, pelo fundamentalismo de mercado que s pensa na acumulao de capital fixo e humano para a gerao de lucro, pelos setores convervadores que defendem o papel tradicional da mulher na famlia, etc. 2
Diversos indicadores mostram que a humanidade ocupa espao demais na Terra e est destruindo os ecossistemas. Segundo a Global Footprint Network, a Pegada Ecolgica global supera a biocapacidade em 50%, ou seja, as atividades antrpicas esto consumindo um planeta e meio, pois os humanos esto vivendo acima de suas posses, recorrendo ao cheque especial.
Segundo a WWF, no relatrio Planeta Vivo 2014, o estado atual da biodiversidade do planeta est pior do que nunca. O ndice do Planeta Vivo (LPI, sigla em Ingls), que mede as tendncias de milhares de populaes de vertebrados, diminuiu 52% entre 1970 e 2010. Em outras palavras, a quantidade de mamferos, aves, rpteis, anfbios e peixes em todo o planeta , em mdia, a metade do que era 40 anos atrs. Outra metodologia que indica que as atividades antrpicas esto ultrapassando os limites da Terra conhecida como Fronteiras Planetrias (ROCKSTRM et. al, 2009). A humanidade j ultrapassou 3 e est avanando sobre as outras dimenses centrais para a manuteno de condies de vida decentes para as sociedades humanas e o meio ambiente, que so: mudanas climticas; perda de biodiversidade; uso global de gua doce; acidificao dos oceanos; mudana no uso da terra; depleo da camada de oznio estratosfrico; ciclo do nitrognio e fsforo; concentrao de aerossis atmosfricos e poluio qumica. O processo contnuo de emisses de Gases de Efeito Estufa (GEE) fizeram com que a concentrao de CO 2 (e gases equivalentes) na atmosfera ultrapassasse 400 partes por milho (ppm), bem acima das 280 ppm da era pr-industrial. O limiar de segurana de 350 ppm. Com isto, o nvel do mar se eleva e cresce o processo de acidificao dos oceanos, reduzindo a vida e a biodiversidade marinha. Verlyn Klinkenborg (09/10/2014) falando sobre o Verdadeiro Altrusmo, pergunta se os humanos podem mudar para salvar outras espcies: Senti uma pontada de dor e raiva quando eu li o relatrio da World Wildlife Fund detalhando o desaparecimento de tanta vida terrena. E eu comecei a me perguntar: por meio de quais motivos ou emoes humanas - as foras que moldam o nosso comportamento - vamos encontrar o que verdadeiramente nos une s outras espcies neste planeta? Existe algo dentro de ns que pode permitir-nos comportar de forma altrusta para com as demais formas de vida na terra? Por tudo, devido a razes sociais e ambientais, crescem as correntes de pensamento que defendem a ideia do decrescimento (Franco, 05/11/2013). Mas falar em decrescimento da economia um antema para o capitalismo e sugerir o decrescimento demogrfico um antema para as igrejas e para os defensores do nacionalismo e do desenvolvimentismo estatal ou de mercado. Os defensores do decrescimento constantemente so chamados de neomalthusianos, isto , pessoas que defendem a diminuio do volume populacional por meio da reduo das taxas de fecundidade da populao humana. Existem vrios tipos de correntes neomalthusianas, podendo ser sintetizadas em duas principais: o neomalthusianismo voluntrio (que respeita os direitos sexuais e reprodutivos) e o neomalthusianismo coercitivo (que defende polticas firmes de controle da natalidade, cujo exemplo mais draconiano a poltica de filho nico na China). 3
Est segunda acepo da palavra neomalthusianismo tem um cunho muito pejorativo. O pior que ela est associada a prticas eugnicas (racistas) ocorridas no passado. Assim, chamar algum de neomalthusianismo o mesmo que falar um palavro. Neste sentido mais autoritrio (e at eugnico), ser chamado de neomalthusiano uma ofensa. Por conta disto, a maioria dos demgrafos, especialmente aqueles dos pases do Terceiro Mundo, reagem de maneira negativa e at medrosa diante da palavra maldita: neomalthusianismo. Da mesma forma, superpopulao uma palavra proibida, mesmo depois que o crescimento exponencial est se mostrando invivel. Ser pronatalista em pases com fecundidade acima do nvel de reposio, com estrutura etria jovem e com alta densidade demogrfica prestar um deservio s possibilidades de avano social e ambiental.
Contudo, se a critica ao neomalthusianismo autoritrio e eugnico tem fundamento, diversas posturas antineomalthusianas do presente pode ser um apenas um mote para esconder uma inteno pronatalista de setores do conservadorismo moral, do familismo, do fundamentalismo de mercado, do nascionalismo, do fundamentalismo religioso, do patriotismo, etc. O pronatalismo que s pensa no crescimento da populao humana e no percebe que o mundo est vivendo um holocausto biolgico, na prtica, um pronatalismo ecocida e antropocntrico. Por exemplo, em plena dcada de 1960, quando o crescimento populacional global atingiu suas taxas mais elevadas (2,1% ao ano) o Papa Paulo VI, publicou a encclica Humanae Vitae (em portugus "Da vida humana"), em 25 de Julho de 1968, que definiu, entre outras proibies que a contracepo, por meios artificiais, proibida pelo Magistrio da Igreja Catlica. Ou seja, a Igreja proibe que uma mulher 4
catlica (ou casal) use a plula anticoncepcional ou um preservativo para adiar o nascimento do primeiro filho (no caso, principalmente, dos adolescentes) ou espaar o tempo entre um filho e outro. Pior, mesmo depois do surgimento da AIDS, a Igreja Catlica continuou pregando contra a camisinha, mesmo com forma de manter sexo seguro. Quem pensa ao contrrio da Santa S chamado de neomalthusiano. Em outubro de 2014, o Papa Francisco reuniu o Snodo sobre a famlia, no Vaticano. Embora o Ponficado de Francisco se mostre mais aberto para as questes sexuais e reprodutivas, nada mudou substancialmente at agora. Na ocasio, o arcebispo nigeriano, Dom Ignatius Kaigama, criticou as organizaes internacionais, pases e grupos que esto, segundo ele, promovendo o controle da natalidade e incentivando os pases africanos a "desviar de nossas prticas culturais, tradies e at mesmo de nossas crenas religiosas". Ele criticou as agncias que dizem a Nigria tem uma populao muito grande. Falando do seu ponto de vista contra os direitos sexuais e reprodutivos ele perguntou: Quem disse que a nossa populao muito grande?. Pois bem, a populaco da Nigria era de 37,8 milhes de habitantes em 1950 e chegou a 180 milhes em 2014. Para 2050, a ONU, na projeo mdia estima uma populao de 440 milhes, podendo chegar a 913,8 milhes em 2100. A rea territorial da Nigria de 923,7 mil km 2 , bem menor do que a rea do estado do Par, no Brasil que tem rea de 1.247,9 mil km 2 , para uma populao em torno de 8 milhes de habitantes. A densidade demogrfica da Nigria era de 41 habitantes por quilmetro quadrado (hab/ km 2 ) em 1950, passou para 151 hab/ km 2 em 2014, devendo chegar a 477 em 2050 e a 989 hab/ km 2
em 2100. No Brasil a densidade demogrfica de 24 hab/ km 2 e no mundo de 54 hab/ km 2 . Portanto, at 2025 a Nigria vai passar o Brasil em tamanho populacional e vai passar os Estados Unidos at 2050, tornando-se a terceira maior populao do mundo, mesmo tendo uma rea relativamente pequena. Evidentemente, este alto crescimento populacional vai dificultar a reduo da pobreza e o avano da qualidade de vida humana e ambiental da Nigria. Mas os pesquisadores que alertam sobre a falta de direitos reprodutivos do pas so chamadas de neomalthusianos pelos nigerianos nacionalistas e fundamentalistas religiosos (catlicos e muulmanos). No s os catlicos citados, mas tambm o grupo terrorista Boko Haram, que usa o estupro como arma de guerra, a favor do pronatalismo. Os fundamentalistas de diversas religies apoiam o crescimento populacional indefinido. Como disse Andrew McKillop: Large and growing populations are good for one thing war. Todavia, o alto crescimento demogrfico aumenta a razo de dependncia, dificulta a luta contra a pobreza e pela mobilidade social ascendente, alm de prejudicar a defesa do meio ambiente e existncia saudvel das demais espcies vivas do Planeta. Portanto, no de se estranhar quando algum chama os tericos decrescentistas de neomalthusianos. Trata-se, na maior parte das vezes, de uma postura que deve estar vindo de algum setor fundamentalista ou de pessoas a favor do pronatalismo ecocida e antropocntrico. Mas as atividades humanas j ocupam espao demais no Planeta e a humanidade precisa respeitar os direitos da natureza e garantir a solidariedade entre as espcies, para a convivncia pacfica da biodiversidade da Terra. 5
Referncias:
ROCKSTRM Johan et al. A safe operating space for humanity, Nature, n 461, 24, September 2009 Global Footprint Network, 2014 http://www.footprintnetwork.org/en/index.php/GFN/ Serge Latouche. Decrescimento: Um crescimento infinito incompatvel com um mundo finito. Ecodebate, RJ, 24/11/2011 http://www.ecodebate.com.br/2011/11/24/decrescimento-um-crescimento-infinito-e-incompativel- com-um-mundo-finito-por-serge-latouche/ FRANCO, Alan A Boccato. Para compreender o Decrescimento, Outras Palavras, 05/11/2013 http://outraspalavras.net/capa/para-compreender-o-decrescimento-sem-preconceitos/ ALVES, JED. Anti-neomalthusianismo ou pr-natalismo disfarado? Ecodebate, RJ, 27/11/2013 http://www.ecodebate.com.br/2013/11/27/anti-neomalthusianismo-ou-pro-natalismo-disfarcado- artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/ Christopher Lamb. Arcebispo nigeriano sai em defesa dos gays e critica os esforos ocidentais para limitar o crescimento da populao. The Tablet, 08/10/2014 http://www.ihu.unisinos.br/noticias/536108-arcebispo-nigeriano-sai-em-defesa-dos-gays-e-critica-os- esforcos-ocidentais-para-limitar-o-crescimento-da-populacao Verlyn Klinkenborg. True Altruism: Can Humans Change To Save Other Species? Yale, 09 Oct 2014 http://e360.yale.edu/feature/true_altruism_can_humans_change_to_save_other_species/2813/ WWF. Planeta Vivo, relatrio 2014, Switzerland, 30/09/2014 http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais/relatorio_planeta_vivo/ http://wwf.panda.org/about_our_earth/all_publications/living_planet_report/ PATTERSON, Ron. Of Fossil Fuels and Human Destiny, May 7, 2014 http://peakoilbarrel.com/natural-resources-human-destiny/
Jos Eustquio Diniz Alves Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em Populao, Territrio e Estatsticas Pblicas da Escola Nacional de Cincias Estatsticas - ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em carter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br