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MAESTRO INVISÍVEL

Junho 2007

HORIZONTES

Marcelo Gleiser,
47 anos, é professor do Dartmouth College, nos Estados Unidos, e
autor de cinco livros sobre ciência e conhecimento.

NOSSO COLUNISTA DEIXA OS MISTÉRIOS DA ASTROFÍSICA DE


LADO E AVENTURA-SE NO TEMA DESTA EDIÇÃO DE GALILEU:
OS MECANISMOS QUE REGEM O CÉREBRO HUMANO

Quem é você? O que faz de você um ser único dentro mais de seis
bilhões de humanos? Por que você é diferente dos seus irmãos e
primos? Por que, a um nível mais básico, somos diferentes dos
macacos? De todas as perguntas fascinantes que fazemos sobre o
Universo e sobre a vida, talvez nenhuma seja tão misteriosa e
importante quanto a questão do funcionamento do cérebro. É
graças a ele que amamos, sonhamos, sofremos, corremos,
nadamos, nos lembramos do passado ou apreciamos uma boa
refeição. É graças a ele que você é você.

No século passado, cientistas determinaram que o cérebro é


formado de pequenas entidades capazes de se comunicar entre si
por meio de impulsos elétricos. Essas unidades fundamentais, os
neurônios, são os “átomos” do cérebro, em torno de 100 bilhões
deles. Eles se comunicam por meio de dendritos (receptores) e
axônios (transmissores), tentáculos que estabelecem centenas de
trilhões de conexões entre os vários neurônios. Cada c´[erebro
carrega, em menos de dois quilos de matéria, aproximadamente o
mesmo número de dendritos que o de grãos de areia na praia de
Copacabana!

O poder de processamento de informação oferecido por tal número


de conexões entre neurônios é incalculável. Em linguagem
imprecisa, mas sugestiva, o cérebro é como um hipercomputador,
no qual cada neurônio é uma CPU. Só que, diferentemente dos
computadores modernos, nos quais a corrente elétrica flui
linearmente entre uma ou duas CPUs ou é distribuída entre
centenas ou milhares delas em computadores paralelos, no cérebro
os trilhões de ligações entre as CPUs são infinitamente mais
versáteis. O resultado é uma entidade eletrobiológica (“máquina”
não parece um termo adequado) capaz de captar, por meio dos
cinco sentidos, uma quantidade gigantesca de informação e, após
processá-la, de recriar, integrando essa informação toda, o que
chamamos de percepção da realidade. Ou seja, o que chamamos
de “realidade” é uma recriação do cérebro, o mais perfeito dos
simuladores virtuais.

Comparando a nossa percepção da realidade, considerada como


uma simulação virtual realizada por meio de neurônios, como os
computadores mais modernos vemos o quanto ainda temos que
aprender sobre o funcionamento do cérebro. Um dos sonhos dos
cientistas da computação é a criação de uma máquina capaz de
pensar uma inteligência artificial. Durante os anos de 1960 e 1970,
grandes pronunciamentos foram feitos, anunciando a proximidade
dos computadores inteligentes. E dos carros voadores... Até agora
nenhum dos dois foi inventado. No caso dos computadores
inteligentes, quanto mais aprendemos sobre o cérebro mais
impressiona a sua complexidade. E, infelizmente, mais remota a
possibilidade de construirmos uma máquina inteligente, ao menos
no futuro próximo.

Nos últimos dez anos, tecnologias de visualização não-invasivas,


como a imagem por Ressonância Magnética (MRI) e a Tomografia
por Pósitrons (PET), vêm permitindo o estudo do funcionamento do
cérebro em tempo real, ou perto disso. Essas pesquisas revelaram
a enorme capacidade que os neurônios têm de funcionar em grupo,
alguns com milhares deles, como estrelas piscando na noite, e de
diferentes grupos comunicarem-se em regiões diferentes do
cérebro, como se fossem instrumentos numa orquestra regida por
um maestro invisível. Ouvir uma música ou pensar nela aciona
grupos semelhantes de neurônios. É dessas intricadas relações que
o seu cérebro conjura a sua pessoa, a sua mente, você: tão
diferente dos outros bilhões de pessoas no mundo, mas, em
essência, também tão igual.

Marcelo Gleiser, de 47 anos, é professor do Dartmouth College, nos


Estados Unidos, e autor de cinco livros sobre ciência e
conhecimento. (25.06.2007).

Fonte:
Revista Galileu – edição 191 – junho 2007 – página 33.

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