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Mais um dia.

Mais um dia chuvoso, cinzento e muito calado se abatia sobre Olympia, a cidade que
era a minha casa há mais de 3 anos. Longe de Forks, de todas as verdes paisagens que
coloriram a minha infância, e do meu querido avô. Já não o via há tanto tempo.
Sentia a falta de Forks. E sabia que a minha família também. De todos os sítios onde
sabia que tinham vivido, tinha a certeza de que Forks era o que os havia marcado mais.
A estúpida e pacata cidade, que há alguns anos atrás fora o palco daquela que, pelo
menos para mim, era uma das mais belas histórias de amor de todos os tempos. Uma
história que parecia saída de um velho romance, mas que sabia ter sido bem real. A
história do vampiro que se apaixonou por uma frágil humana. A história dos meus pais.
Havia ouvido essa história vezes sem conta em criança. Pedindo aos meus pais que
recomeçassem do inicio, a cada vez que a terminavam de contar. Nunca me cansava de
a ouvir.
Hoje, já mais velha, com os meus dezassete anos, de alguma estranha maneira, contidos
em apenas seis, ainda gosto de ouvir essa história tal como em criança, mas desejando
agora que, as personagens dessa história fossem outras.
Queria viver um amor tão bonito e puro como o dos meus pais, ao lado da pessoa que
sempre soube amar, mas que amo agora de maneira diferente.
Continuei perdida nos meus pensamentos durante um longo momento. Até que um
familiar ruído que se aproximava rapidamente da grande casa, me fez reagir.
O som de uma moto a aproximar-se. Era Jacob.
Jacob, o motivo de todas as minhas alegrias e tristezas, de todos os momentos de paz e
de preocupação.
O meu Jacob.
O ruído cessou ao chegar à entrada de casa, sendo rapidamente ouvido no seu lugar o
som vibrante da campainha.
-Eu abro – Exclamei, saindo imediatamente do quarto e correndo pela escada abaixo,
até alcançar o puxador da porta, que neste momento era a única coisa que me separava
de Jake.
Ouvi o riso contido do meu pai, mas ignorei-o. Neste momento apenas me consegui
concentrar na pessoa que me aguardava do lado de fora da casa.
Abri rapidamente a porta.
Lancei-me nos braços de Jacob, não lhe dando sequer tempo para dizer „olá‟.
Estava com demasiadas saudades dele.
Jake passou os seus braços em meu redor também, e por momentos acreditei que sentira
tanto a minha falta como eu a sua.
-Olá, Nessie. – Murmurou com os seus lábios encostados ao meu pescoço. A sua
respiração quente e o seu aroma doce provocavam sempre sensações únicas em mim.
-Olá, Jake. – Respondi -- Senti muito a tua falta. – Acrescentei com sinceridade.
Ele sorriu.
-Sua tontinha, eu estive apenas três dias em La Push. – Disse deslizando a sua mão pelo
meu rosto.
-A mim, mais que pareceram três décadas. – Resmunguei. Estendi a minha mão,
acariciando a sua, que ainda estava pousada no meu rosto – Para a próxima eu também
quero ir.
Ele suspirou, mas respondeu logo em seguida.
- Não tenciono ir lá novamente muito em breve. Mas, está bem, levar-te-ei comigo. –
Olhou rapidamente em direcção ao cimo das escadas – Se os teus pais concordarem,
claro. – Apressou-se a acrescentar.
Olhei para trás de mim e vi que os meus pais estavam mesmo atrás de mim.
O Jacob estava a tentar agradar ao Sr. Edward Cullen.
Olhei de novo para os meus pais.
-Bom dia, Jacob – Saudou o meu pai. E de repente, olhou através da porta, encarando a
moto que nos esperava junto à entrada. – Vão sair? – Perguntou com um ar inocente.
Inocente até de mais, para o meu gosto. Tinha a certeza de que Edward andava a tramar
alguma coisa.
-Vamos. Ou pelo menos era essa a ideia, Edward. Espero que não haja qualquer
problema. – Explicou Jacob, de forma educada.
O meu pai ficou um ar pensativo no rosto durante algum tempo. Isso pareceu deixar
Jacob nervoso. Até que vi a minha mãe, pisar discretamente o pé de Edward e falar por
ele logo em seguida.
-É claro que não há qualquer problema. Espero que se divirtam. – Declarou Bella.
Piscando-me o olho no final.
-Obrigado, Bella. Eu não trago a Nessie de volta muito tarde – prometeu Jacob.
-Até logo. – Disse, agarrando o meu casaco e, dando a mão a Jake, sai pela porta.
Antes de a fechar atrás de mim, vi a mãe a arrastar o pai de volta escada acima.
Enquanto ele segredava qualquer coisa sobre o Jake, que eu já não consegui perceber.
Subi agilmente para a moto, agarrando fortemente a cintura de Jacob.
A nossa viagem, sem destino predefinido, foi mais curta do que pensara que iria ser.
Talvez até a distância não fosse assim tão curta, talvez só parecesse curta devido à
velocidade louca a que Jake conduzia. Nisso ele parecia-se com o meu pai.
Jacob parou a mota cerca de meia hora depois de termos partido de Olympia.
Não havia mais nada naquele lugar a não ser uma vasta e densa floresta que se estendia
diante de nós, e em direcção à qual Jake começou a caminhar lentamente.
Seguimos então os dois, embrenhando-nos na floresta.
Quando estava-mos suficientemente longe dos trilhos, e já não havia qualquer
possibilidade de sermos vistos por um humano, começamos a correr.
Jacob não se transformou, ao contrário daquilo que esperava.
Manteve-se apenas ao meu lado na sua forma humana.
-Porque é que tu tinhas que ser parecida com o teu pai no que diz respeito a correr?
Gargalhei perante a sua comparação. O meu pai continuava a ser muito mais rápido do
que eu, mas consegui bater Emmett numa corrida, o que já não era mau de todo.
Após algum tempo, ele parou. Parei também, lentamente, à sua frente.
Ele sentou-se sobre um tronco caído de uma velha árvore.
-Cansado? – Perguntei, erguendo uma sobrancelha.
-Nem por sombras, sua palerma. Apenas quero falar contigo. Porque não te sentas ao
meu lado? – Perguntou, estendendo-me a mão para que me sentasse ao seu lado.
Agarrei-lhe na mão e fiz o que me pediu. Mesmo depois de me sentar ao seu lado,
continuou a segurara-me a mão entre as suas.
Olhou-me nos olhos, e então falou.
-Renesmee – Renesmee? Ele nunca me chamava Renesmee! O que se seguiria devia ser
realmente serio – Há algo que te quero contar há muito tempo.
-Passa-se alguma coisa, Jake? Há algo errado? – Interroguei, subitamente preocupada.
-Não! Calma, Nessie. Não é nada muito mau. Ou pelo menos assim o espero.
-Conta-me de uma vez por todas, Jacob.
-Ok. O Edward vai tentar matar-me depois disto, mas…
-E porque haveria o meu pai de o fazer? – interrompi.
Ele ignorou a minha interrupção.
-Nessie, eu… eu… --gaguejou.
-Tu o quê? – Perguntei impaciente. Iria ele dizer aquilo que eu esperava que ele
dissesse?
-Eu a…
Quando ele finalmente ganhou coragem e iniciou novamente a frase, algo súbito e
inesperado o interrompeu.
Um grito. Alto e sonoro, com uma dor aguda bem presente no som que emitiu.
Jacob sobressaltou-se, assim como eu. Ambos nos levantamos e corremos na direcção
de onde o som havia sido emitido.
Tudo estava silencioso agora. Já não havia nada para nos indicar a fonte de tão
perturbador ruído. Paramos no meio da floresta, à escuta. Nada.
Contudo, retomamos a corrida. Até que, um forte aroma me assaltou os sentidos de
repente, queimando-me por dentro a cada vez que inspirava.
Sangue humano. Podia sentir que estava exposto, através da intensidade com que o seu
cheiro chegava até mim.
Jacob também o pareceu notar. Mas não com a mesma intensidade que eu.
Corri na direcção do forte odor. Jacob seguiu-me, e agarrou-me o braço antes que
pudesse avançar muito.
-Nessie, não faças isso. Fica aqui. Seja quem for que ali está, está ferido, precisa de
ajuda. Não podes perder o controlo. Não o podes atacar. Não o faças, por favor. Por
mim. – As suas palavras confundiram-me. Ele achava que eu estava a correr em
direcção aquele humano para o atacar? Pensaria ele que o me auto-controlo era assim
tão frágil?
-Jacob, achas mesmo que eu perderia o controlo tão facilmente? Nem nos meus anos
mais jovens tive dificuldade em não atacar os humanos e agora achas que o vou atacar?
Como é que pudeste pensar isso?
Não esperei pela resposta. Havia alguém em sofrimento algures, não iria ficar a discutir
o quanto a sua reacção me tinha desiludido. Pensava que ele confiava um pouco mais
em mim!
Retomei a corrida.
-Desculpa. Eu não queria… -- Desculpou-se Jake, enquanto mantinha a sua corrida
ritmada ao meu lado.
-Esquece isso, e mexe-te! – Ordenei.
Aproximávamo-nos cada vez mais, isso era perceptível à medida que o cheiro se
intensificava.
E então, subitamente descobrimos o que procurávamos.
Não aparentava ter mais de catorze anos, contorcia-se no solo húmido em agonia,
enquanto o sangue escorria do seu pescoço e do seu braço.
Mesmo assim aquela pobre rapariga era linda.
Senti pena dela, e logo em seguida uma enorme vontade de a ajudar. Eu não podia
deixa-la simplesmente ali. Tinha de fazer alguma coisa, mas o quê? Ajoelhei-me ao lado
da rapariga que ainda se contorcia em silêncio no chão.
“Pensa Renesmee, pensa!” Ordenei a mim mesma.
-Temos que leva-la daqui. Ajuda-me Jacob, temos que a levar ao Carlisle o mais
depressa possível! -- Gritei em pânico.
Preparava-me para pegar nela e começar a correr até casa, mas Jake parou-me.
-Não, Nessie. Eu levou-a. Além de ser mais forte que tu, o cheiro do seu sangue não me
incomoda tanto. -- Assenti apenas uma vez com a cabeça, mecanicamente.
E dei então dois passos atrás para que Jake lhe pudesse pegar ao colo.
-Cuidado com o braço dela. Parece estar partido. – Avisei.
Ambos corremos em direcção a casa o mais depressa possível. Jake tentava
cuidadosamente não estremecer demasiado e assim evitar infligir ainda mais dor
naquela pobre rapariga.
Ela encolhia-se contra o peito de Jacob, gemendo de vez em quando.
Chegamos a casa em relativamente pouco tempo.
Senti-me aliviada ao avistar a grande casa branca, e ouvir os que se encontravam no seu
interior.
Carlisle já estava em casa.
Correi rapidamente até à porta, empurrando-a com força ao abri-la.
-Ajudem-me, por favor, ajudem-me! – Gritei.
Carlisle, Edward e Alice saíram de imediato pela porta.
Todos olharam estupefactos para a rapariga nos braços de Jacob.
-Nessie, quem é ela? O que aconteceu? – Perguntou o meu pai, surpreendido.
-Eu não sei! – Chorei -- Nós ouvimo-la gritar, e depois encontrámo-la no meio da
floresta a contorcer-se no chão! Não estava lá mais ninguém!
-Calma, querida. Vai ficar tudo bem. – Tentou acalmar-me.
-Jacob, temos que a levar para dentro. Agora. – Ordenou Carlisle – Passa-ma.
Jake acenou com a cabeça, sem dizer uma palavra, e passou cuidadosamente a rapariga
para os braços de Carlisle.
Ela gemeu mais uma vez.
Carlisle correu escada acima, dirigindo-se a um dos quartos de hóspedes, seguido por
Edward, Alice, Bella e eu.
Pousou a rapariga em cima da cama e chamou Alice.
-Alice, traz-me a minha mala – Pediu com uma voz tensa – e algumas toalhas. Temos
que estancar o sangue.
Alice saiu disparada pela porta. Ouvi-a remexer durante um momento nos armários de
uma das casas de banho do segundo andar, antes de voltar meio segundo depois,
segurando a mala de Carlisle na mão esquerda e um monte de toalhas brancas na direita.
Entregou a mala a Carlisle, que puxou uma cadeira e se sentou ao lado da cama
segurando o braço da jovem.
Pegou numa toalha e ao aproximar-se do pescoço da rapariga para a colocar sobre o
sangue, que ainda de lá escorria, inspirou ruidosamente, paralisando no lugar antes de
conseguir dizer alguma coisa.
-Carlisle, o que se passa? – Inquiriu o meu pai.
-Ela... Ela – Gaguejou Carlisle, perplexo. – Ela foi mordida.
-Por um vampiro? – Perguntou Edward sem querer acreditar no que ouvira.
Carlisle afirmou com a cabeça uma vez.
-Então… isso significa que ela se vai transformar em uma…? – Continuou o meu pai,
sem pronunciar a palavra que todos temiam que se seguisse.
E antes que algum pudesse formular uma resposta, houve uma súbita troca de olhares
entre o meu pai e a minha tia Alice.
-Alice… -- Iniciou.
-Sim, Edward. Vai mesmo acontecer. Essa rapariga vai ser uma de nós muito em breve -
- Declarou.
- Quando tu dizes uma de nós, tu…
-Ela não vai ser apenas uma dos da nossa espécie. Ela vai fazer parte da nossa família.
Um novo membro da família Cullen.
-Como? Como é que isso vai acontecer? – Interrogou subitamente Esme.
-Eu ainda não sei bem. Mas vejo-a connosco, como vampira. Como parte da família.
E a visão é bastante nítida. Aparentemente isso vai mesmo acontecer, e não tardará
muito.
Tentava processar o que acabara de ouvir. Mas os meus pensamentos pareciam quase
como bloqueados.
Aquela rapariga seria parte da família? Da minha família?
Quando a olhei novamente vi que o seu braço já se encontrava envolto em uma ligadura,
e o golpe no seu pescoço, que sabia agora ter sido feito por um vampiro, estava também
tapado. Ao lado da cama estavam as toalhas brancas, agora tingidas de vermelho vivo.
O vermelho do sangue.
Ouvi-a gemer novamente. Quebrando o silêncio que se abatera sobre o quarto, assim
como sobre as seis figuras imóveis que nele se encontravam, enquanto o veneno se
espalhava lentamente no seu sangue, queimando cada uma das células do seu corpo,
silenciando o seu coração.
-É melhor descer-mos. – Sugeriu o meu pai – Não há muito mais que possamos fazer
por ela. A não ser esperar.
Todos concordaram e lentamente se dirigiram para a porta.
Carlisle foi o ultimo a sair, olhando mais uma ultima vez para a rapariga antes de fechar
a porta do quarto atrás de si.
Quando cheguei à sala, vi Jasper entrar pela porta das traseiras. Provavelmente tinha
achado melhor sair de casa enquanto se podia cheirar o sangue humano totalmente
exposto, apenas para prevenir. Afinal, apesar de o meu tio estar cada vez mais
controlado e ser cada vez mais fácil aguentar a presença humana, não havia necessidade
de se colocar no caminho da tentação.
Alice dirigiu-se até ele imediatamente.
-O que é que fazemos agora? – Interrogou Esme. Mais para consigo mesma do que para
com os outros.
-Não sei. A Alice vê a criança tornar-se para de nossa família dentro de algum tempo.
Mas nem ela sabe como. Nenhum de nós o sabe. – Respondeu Carlisle num tom sério.
-Então, o quê? Não me digam que ela vai simplesmente acordar e pedir-nos para ficar
connosco! – Disse azedamente Rose. Lançando um olhar estranho a Alice. – Que
bonito! A miúda acorda na casa dos vampiros, transformada num deles sem mais nem
menos, e vivem todos felizes para sempre! É isso?
-Acalma-te Rosalie! -- Exigiu Edward – O que é que sugeres que façamos? Que a mate-
mos? – Vi Carlisle, Esme e Bella estremecerem perante a última palavra do meu pai. –
É essa a tua solução?
- Era uma maneira de acabar com o problema de vez! – Rosnou.
- Nós não a vamos matar, Rosalie. – Declarou Carlisle.
-É claro que não! – Concordou Esme. – A pobre criança não tem culpa do que lhe
aconteceu.
- Vocês é que sabem. Mas depois não digam que não vos avisei. – Replicou a minha tia.
Questionei-me acerca do que estaria a motivar todo aquele ódio contra a rapariga. Mas
que raio é que se estava a passar com a minha tia? Ela não costumava agir assim.
-Deixa de ser tão egoísta, Rosalie! – Repreendeu o meu pai. Ele devia saber o porquê
daquela atitude. – Ela não tem culpa do que te aconteceu! Pelo menos uma vez na tua
existência pensa nos outros antes de pensares em ti mesma. – Nunca os tinha visto
discutir daquela maneira.
-Tu não me dás ordens, Edward! – Disse num tom ameaçador. E antes de alguém ter
sequer tempo de agir, ela saiu a correr disparada pela porta das traseiras, que dava
acesso à floresta, como se fosse a qualquer momento desatar a chorar. Emmett seguiu-a,
lançando-se também na floresta.
-Edward, é por isso que… -- Começou Esme.
-Sim, Esme. A Rosalie apenas não quer a rapariga cá em casa porque, de alguma
maneira, lembra-a de tudo o que lhe aconteceu no passado. Alguém a quem a vida, lhe
foi roubada. Isso fá-la sofrer. Mas ela não pode pensar só em si mesma!
-Pobrezinha. Agora compreendo. Mas tens razão, não seria justo matar a rapariga, por
causa de coisas do passado de que ela não tem culpa nenhuma.
Agora entendia a reacção da minha tia. Conhecia bem a sua história. Ela havia-ma
contado à algum tempo atrás. Quando num momento de curiosidade lhe resolvi
perguntar acerca da sua origem, da maneira como se havia tornado parte da família
Cullen.
Quando eu decidi ir-me deitar, Rosalie e Emmett ainda não tinham voltado. O meu pai
não conseguia ouvi-los, o que indicava que estavam longe. Esme estava preocupada
com Rose.
-Será que ela está bem? – Interrogou Esme.
-Tem calma, Esme. Eu posso vê-los a voltar muito em breve. – Sossegou-a Alice.
- A Rosalie apenas precisa de tempo para colocar as ideias no lugar. Este episódio
deixou-a bastante em baixo, apesar de ela o tentar esconder por detrás de toda aquela
frieza. – Acrescentou o meu pai – Além disso o Emmett está com ela. Ele consegue
sempre acalma-la.
Subi para o quarto.
Vesti rapidamente o pijama e escovei os dentes.
Dirigi-me depois até à minha cama e deixei-me cair de costas sobre ela, enquanto as
imagens da minha tia e da rapariga que se encontrava inconsciente no quarto ao lado do
meu se misturavam na minha cabeça.
Quem seria ela? O que lhe teria acontecido? O que estava ela a fazer naquele lugar
quando foi mordida? E sobretudo, quem a teria mordido e porquê?
Este foi o último pensamento de que me lembro de ter tido.
Acordei com o sol que brilhava através da janela, iluminando o quarto e reflectindo
levemente na minha pele.
Já teria a tia Rose voltado? Estaria bem?
Meio segundo depois de estes pensamentos me passarem pela cabeça ouvi duas leves
batidas na minha porta.
-Entre – Autorizei.
Para minha surpresa quem entrou pela porta foi nada mais, nada menos que Rose.
-Sim, querida Nessie. Já voltei. E estou bem. Não quero que te preocupes mais comigo.
-- Disse respondendo às minhas perguntas não ditas.
Edward…
Como é óbvio o meu pai tinha-me ouvido a pensar em Rose, e provavelmente tinha-lhe
dito. Ao contrário do que é habitual, eu não fiquei chateada por ele andar a partilhar os
pensamentos alheios sem permissão, fiquei apenas feliz por o ter feito.
-- Oh, tia! – Abracei-a. -- Tu estavas tão triste ontem. Tive medo que te fosses embora.
Ela também me abraçou.
-É claro que não me ia embora. Nunca. – Prometeu -- Não tens que te preocupar,
querida. A culpa do que aconteceu ontem foi toda minha. Eu não devia ter reagido
assim. O que aconteceu no passado é algo com que vou ter que lidar, para sempre. Quer,
goste ou não – Nunca tinha visto Rosalie dizer coisas como estas. Ela normalmente não
gostava de mostrar as suas fraquezas, pelo que simplesmente as tentava esconder,
usando uma mascara fria. Que quase sempre escondia o que ela sentia na realidade. Mas
agora, ela deixava essa máscara cair, para mostrar o que sentia. Isso era quase
impossível de se ver. -- O teu pai teve muita razão naquilo que me disse.
E então ouvi uma voz mais do que familiar responder àquele comentário.
- Normalmente tenho. – Disse o meu pai ao lado da porta. Junto a ele estava a minha
mãe, segurando-lhe na mão.
Os dois dias seguintes passaram realmente depressa.
Com a tensão a tornar-se cada vez mais evidente à medida que o momento que todos
esperavam se aproximava.
Havia-me sido previamente pedido que não estivesse em casa no dia em que a rapariga
ira acordar, por uma questão de segurança. Pelo que hoje iria mais uma vez passar o dia
com Jake.
Isso deixou-me realmente mais tranquila.
Passava pouco das nove da manhã quando Jacob tocou à campainha, era a primeira vez
que ele vinha cá a casa desde que trouxéramos a rapariga. Ele achava que devíamos
andar todos preocupados e não queria incomodar.
Mas não sei porquê, achava que ele tinha um outro motivo, que me escondia.
Cada vez que telefonava e era o meu pai a atender desistia automaticamente de querer
falar comigo.
Estaria ele a evitar o mais possível falar com Edward? Mas porquê?
Bem, hoje iria descobrir.
Desci as escadas e não vi ninguém a vaguear pela casa como era costume. Mas sabia
que os meus pais estavam em casa, assim como Alice e Carlisle. Os outros tinham ido
caçar.
Sai pela porta e corri até à moto onde Jake me esperava.
-Bom dia! – Exclamei, subindo para a moto e abraçando-o.
-Bom dia, Nessie.
-Então o que vamos fazer hoje? – Perguntei inocentemente. Eu sabia o que iríamos
fazer. Ou melhor, o que eu ia fazer. Eu ia obriga-lo a contar-me tudo aquilo que me ia
contar à três dias atrás, antes de encontrarmos a rapariga, na floresta.
-Não sei. E que tal se fossemos dar um passeio até à floresta?
-Outra vez? – Senti que ele estava hesitante. Toquei-lhe no rosto e mostrei-lhe uma
imagem de nós os dois a corrermos, eu a ser muito mais rápida do que ele – Ok. Tu é
que mandas. Mas não te queixes quando eu te fizer comer o meu pó.
-Vai sonhando.
Desta vez Jacob não foi para muito longe.
Quando parou a moto, comecei imediatamente a correr.
-Hey! Assim não vale! – Ouvi-o reclamar, mas continuei a correr.
Decidi esconder-me atrás de uma árvore. Podia ouvir Jacob a aproximar-se, e sentir o
seu cheiro cada vez mais perto. Mas subitamente pareceu ter parado.
Sai de detrás da árvore e espreitei, mas não o vi. Rodei sobre mim mesma olhando a
toda a volta.
-Buh! – Gritou Jake. Mesmo atrás de mim.
-Ah – Gritei também, de modo involuntário e quase cai para trás.
Jacob agarrou-me antes que eu pudesse cair.
Fiquei nos seus braços, a olha-lo nos olhos enquanto ele falava.
-Desculpa, Nessie. Não queria que caísses. – E então, contrariada endireitei-me.
Apoiando de novo os pés no chão.
-Então ainda bem que me apanhaste antes de isso acontecer. – Repliquei.
-Sim, ainda bem. Aí é que o Edward iria mesmo querer acabar comigo…
Isso lembrou-me…
-Afinal porque é que tens andado a fugir do meu pai? – Perguntei. Estava apenas a
brincar, mas ele pareceu levar a pergunta a sério, e ficou nervoso.
-Eu, bem… Eu apenas… -- Gaguejou.
-Jacob, o que é que se passa? Eu sei que há algo que me queres dizer. Diz-mo. Agora.
-Tudo bem, Nessie. Eu também não iria conseguir esconder isto por muito tempo –
confessou.
-Esconder?
-Deixa-me continuar, Nessie. Antes que perca a coragem. – Inspirou profundamente
uma vez e recomeçou – Renesmee, eu amo-te. – Congelei ao ouvi-lo pronunciar aquelas
palavras. – Sempre te amei. Amo-te mais que tudo neste mundo. E mesmo que não
sintas o mesmo por mim, mesmo que me vejas apenas como um bom amigo, queria que
soubesses que te amo, muito. – Naquele momento estava sem palavras, Não conseguia
pensar, não conseguia mexer-me, nem sequer falar. Ele ama-me? O Jacob ama-me?
- E-e-eu – Gaguejei. Tentava dizer-lhe “Eu também te amo, Jake!”, mas a única coisa
que consegui foi dar a impressão errada.
-Oh, eu entendo, Nessie. Não tens que me dar justificações. E podemos sempre
continuar a ser amigos, se não me amas da mesma maneira. -- Disse tristemente.
Pareceu-me ver uma lágrima escorrer pelo seu rosto, mas ele fê-la desaparecer tão
depressa que nem tive a certeza do que vi.
O quê? Não! Eu também o amava! E muito. Tinha que lho dizer.
-Jacob, não! Não! Não é nada disso! Eu também te amo. É claro que eu te amo! – Ao
acabar de pronunciar estas palavra era eu quem chorava. As lágrimas escorriam pelo
meu rosto de forma irracional. Eu ainda não acreditava que Jacob tinha dito que me
amava. As palavras que sempre esperei que dissesse. Eu estava tão feliz.
- Tu também me amas? – Perguntou erguendo o rosto novamente. O tom da sua voz
transmitia incredulidade.
-Amo, Jake. Amo-te muito. – Então, vi um sorriso formar-se no seu rosto. Ele parecia
tão feliz como eu.
Deu um passo em frente, para me agarrar na mão. Puxou-me contra o seu corpo e ergue-
o as nossas mãos, entrelaçadas, uma na outra, enquanto nos olhavamos um ao outro nos
olhos com os rostos separados apenas por alguns centímetros.
Um momento quase perfeito. Faltava-lhe algo para ser perfeito. Jacob parecia receoso
em avançar, por isso fui eu quem aproximou o rosto ainda mais do dele.
O meu avanço repentino surpreende-o, Jake recuou uns poucos centímetros.
O que queria isto dizer? Ele não queria que isto acontecesse tanto quanto eu queria? Ele
estava a hesitar? Teria dúvidas acerca de nós?
Estava prestes a afastar-me dele quando, ao aperceber-se da minha intenção, me puxou
ainda mais para junto dele deixando os nossos corpos se tocarem. Levou uma das mãos
até ao meu cabelo de forma carinhosa, deixando a outra em volta da minha cintura.
E subitamente, os nossos lábios uniram-se. O momento magico, com que sempre
sonhara. Beijamo-nos apaixonadamente, com desejo. Levei as minhas mãos até ao seu
cabelo também.
-Renesmee, eu amo-te – Repetiu quando os nossos lábios se separaram.
-Eu também te amo, Jacob. – Jurei.
E em seguida os nossos lábios voltaram a unir-se.
O tempo deixou de ter valor para nos a partir daquele momento, já nada mais importava
para além de nós.
Quando finalmente olhei para o relógio já passava das cinco da tarde, pelo que decidi
que seria melhor ligar para a minha mãe.
Tirei o telefone do bolso direito das calças de marquei o tão familiar número.
Bella atendeu ao primeiro toque.
-Sim, querida? – Atendeu.
-Olá, mãe. Estou a ligar para saber quando é que posso voltar para casa.
-Bem, podes voltar quando quiseres, Nessie. As coisas não correram como
esperávamos. Acho que não haverá qualquer problema se voltares agora. – Isso era bom
e mau ao mesmo tempo. É claro que ficava contente por estar tudo controlado lá em
casa, mas havia uma parte de mim, a mais egoísta, que desejava que as coisas ainda não
estivessem controladas o suficiente, que eu tivesse que ficar mais algumas horas com o
Jake.
Suspirei, e a minha mãe parece perceber porquê.
-Mas – acrescentou -- ainda é cedo. Porque não aproveitas e ficas mais um pouco com o
Jake?
-A serio? Posso? – Perguntei radiante.
-Sim, desde que voltes antes de anoitecer. Sabes o quanto o teu pai odeia que andes por
aí depois de escurecer. – Sim, sabia. Digamos que o Sr. Cullen, literalmente, se passava,
quando a sua única e adorada filha resolvia ficar fora de casa até depois de escurecer.
Pois, como se algo me pudesse magoar! Eu sou meia vampira, por favor. Mas não o
culpo pela sua protecção exagerada, quase obsessiva, sabia que ele só me queria
proteger porque me amava, assim como eu o amava. Eu tinha os melhores pais
vampiros do mundo!
-Obrigado, mãe! Até logo! – E desliguei o telemóvel.
Sorri, e Jake sorriu também.
-Então, podes ficar? -- Perguntou ansioso.
-Sim, posso. Mas com uma condição. Tenho que voltar antes de anoitecer.
Tal como num conto de fadas, tinha um limite de tempo. Mas neste caso não o deixaria
acabar com a magia. Nunca.
-A boa noticia, é que ainda temos algum tempo até ao anoitecer – sorriu de forma
sugestiva, puxando-me de novo para ele. Os nossos lábios encontraram-se de novo.
O sol pareceu estar contra nós naquele dia, avançando demasiado depressa.
Quando dei por isso, a luz do dia estava prestes a dar lugar ao escuro da noite.
-Tens que ir – Adivinhou Jacob, tristemente.
- Tenho – Suspirei. – Acho que é hora de ir conhecer a minha “irmã”. – Disse. Mas
depressa me arrependi, ao perceber o quanto esse pensamento me assustou. Minha
“irmã”. Iria ela gostar de mim? Iria eu gostar dela? Iríamos ser realmente como irmãs?
-Vamos? – Concluiu Jacob, interrompendo os pensamentos indesejáveis que me
assombravam a cabeça, pelo que lhe fiquei grata.
Vamos – concordei – Mas primeiro… -- e ao dizer isto saltei-lhe para o colo uma última
vez, juntando os nossos lábios de novo.
-Assim vou ficar mal habituado – brincou – depois não te queixes se nunca mais te
quiser largar.
-Oh, isso ia ser realmente péssimo. – Disse sarcasticamente.
Arrastamo-nos até à moto de má vontade.
Durante toda a viagem segurei o Jacob firmemente contra o meu peito. E mesmo
quando ele parou em frente à grande casa branca, recusava-me a larga-lo.
-Vá lá, Nessie – repreendeu-me – eu não vou fugir para outro país assim que me
largares! Sabes que não consigo ficar muito tempo longe de ti. -- Com muito custo
soltei-o e desci da mota. Mas antes de me dirigir para a casa voltei-me para lhe dar um
último beijo, de despedida.
- Promete que voltas em breve. – Exigi.
-Voltarei muito em breve – Prometeu – Amo-te. -- Eu gostava tanto de o ouvir dizer que
me amava quanto gostava de lho dizer.
-Eu também te amo. -- Atirou-me um beijo e então arrancou a alta velocidade.
Chegou a hora. Caminhei até à porta, hesitei um pouco para respirar e depois entrei.
Alice, Edward e Bella estavam na entrada à minha espera. Alice e Bella sorriam,
enquanto Edward me encarava com uma expressão irritada. Provavelmente tinha
acabado de ouvir os meus pensamentos e os de Jake. Mas subitamente suspirou uma vez
e sorriu também para mim. Fiquei aliviada. Ele não estava tão zangado quando pensara.
-Nessie, querida. Como já sabes temos alguém a apresentar-te.
Vi então surgir atrás deles a familiar mas ao mesmo tempo desconhecida rapariga.
- Olá, Renesmee. É um prazer conhecer a filha do Edward e da Bella. Eu sou a
Catherine Everard. Mas prefiro que me chamem Cathy - Cumprimentou estendendo-me
a mão.
Hesitei por um segundo, em estado de choque mas depressa voltei a mim.
-Como já sabes, sou a Renesmee Cullen. Mas prefiro que me chamem Nessie. –
Apertei-lhe a mão e ambas nos rimos. Assim como todos os outros.
As horas foram passando. Estava a ser tão fácil gostar da Catherine. Começava a crer
que nos iríamos dar realmente bem. E ela nem parecia uma recém-nascida! Tão
controlada. O meu pai explicou que haviam descoberto naquela tarde que Cathy tinha
um dom, quando ela fez o Emmett ladrar…
O seu dom era controlar acções, tal como tio Jasper controlava as emoções.
Isso fez a minha boca abrir de surpresa quando soube. Ela era então a vampira mais
poderosa que eu já conhecera. Mesmo assim, quando olhava para ela, não a via como
alguém a temer. Apenas uma pobre rapariga com pouca sorte arrastada para a meia vida
em que se encontrava. Cathy contou-me também a sua história, que já havia contado ao
resto da minha família. Contou-me que não tinha pais, vivia com uns amigos dos seus
pais biológicos, em Seattle, desde que tinha dois anos. Agora esses amigos haviam tido
um filho biológico pela primeira vez, e num acto precipitado, ela achou que era hora de
os deixar viver a vida deles em paz ao lado do seu bebé e fugiu de casa. Apanhou então
um comboio até Olympia. Aqui, andou perdida durante uns dias. Até que aconteceu o
que já todos sabemos. Ela entrou na floresta.
- Andei um longo caminho a pé, o céu começara a escurecer entretanto, estava apenas a
cerca de dois quilómetros da cidade, quando, em uma questão do meio segundo senti
algo afiado a perfurar-me a pele, não consegui gritar, senti-me enfraquecer aos poucos.
Estava prestes a perder a consciência, até que subitamente, ouvi um som agudo, parecia
um rosnado, proveniente de algo muito próximo de mim. O meu corpo caiu
violentamente no chão, e pouco tempo depois a única coisa que conseguia sentir era
uma a dor aguda, situando-se inicialmente no meu pescoço e logo depois por todo o
lado. Tentei novamente gritar. Não ouvia a minha própria voz, no meio daquela dor tão
intensa. Então acordei aqui.
Assim, sem mais nem menos. A sua vida fora roubada de forma estranha e inexplicável.
Desce-mos as escadas. Percebi que Alice, Jasper, Bella e Edward falavam sobre Cathy.
-Não faz sentido! – Afirmou Jasper. – Como e porquê que, alguém haveria de a morder,
de se alimentar e depois ir embora, deixando-a ainda viva e a transformar-se?
-Há uma hipótese! – Constatou o meu pai -- Imagina que esse alguém ouvi a Nessie e o
Jacob! E não queria ser visto…Mas quem teria uma motivação tão grande, para fazer tal
coisa…?
-Eu sei de alguém… -- Iniciou Alice, a medo, num tom baixo – Os… os… Volturi.
Ouvi todos inspirarem fundo.
-Carlisle! – Ouvi o meu pai chamar com uma voz tensa.
Claro! Agora tudo fazia sentido! Os Volturi estavam de volta, procuravam a vingança
que não tiveram no passado…
FIM

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