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www.embalagemmarca.com.br
Ano VI • Nº 59 • Julho 2004 • R$ 9,00
Parecidos com os japoneses
ez anos atrás dizia- Plano Real como ponto de câmbio flutuante, e a conso-
10
palhares@embalagemmarca.com.br
Reportagem de capa:
Reportagem
10 anos de Plano Real redacao@embalagemmarca.com.br
26
As grandes transformações Flávio Palhares
ocorridas no panorama Rotulagem flavio@embalagemmarca.com.br
nacional da embalagem Encontro no México discute Guilherme Kamio
desde a instituição do plano tendências, novas guma@embalagemmarca.com.br
tecnologias e oportunidades Leandro Haberli Silva
que estabilizou a economia leandro@embalagemmarca.com.br
de negócios da área de Maria Luisa Neves
decoração de embalagens
Diretor de Arte
Carlos Gustavo Curado
36
arte@embalagemmarca.com.br
Fispal
Assistente de Arte
Lançamentos revelados na José Hiroshi Taniguti
vigésima edição da feira de
negócios revela confiança Administração
Marcos Palhares (Diretor de Marketing)
da cadeia de embalagens Eunice Fruet (Diretora Financeira)
Departamento Comercial
comercial@embalagemmarca.com.br
Karin Trojan
Wagner Ferreira
Circulação e Assinaturas
Marcella de Freitas Monteiro
assinaturas@embalagemmarca.com.br
Assinatura anual: R$ 90,00
Público-Alvo
EMBALAGEMMARCA é dirigida a profissionais que
ocupam cargos técnicos, de direção, gerência
e supervisão em empresas fornecedoras, con-
vertedoras e usuárias de embalagens para ali-
24
Pet food mentos, bebidas, cosméticos, medicamentos,
materiais de limpeza e home service, bem
Com a lata Bat-plus, como prestadores de serviços relacionados
Brasilata quer prospectar com a cadeia de embalagem.
negócios no mercado
Filiada ao
de rações secas
Seções
Esta revista foi impressa em Papel Couché
Image Arte 145g/m2 (capa) e papel
3 Editorial Image Mate 90g/m2 (miolo), fabricados pela
Ripasa S/A Celulose e Papel, em
A essência da edição do mês, nas palavras do editor harmonia com o meio ambiente.
62 Panorama
Movimentação na indústria de embalagens e seus lançamentos
FOTO DE CAPA: STUDIO AG
www.embalagemmarca.com.br
64 Painel Gráfico O conteúdo editorial de EMBALAGEMMARCA é
resguardado por direitos autorais. Não é permi-
Novidades do setor, da criação ao acabamento de embalagens
tida a reprodução de matérias editoriais publi-
cadas nesta revista sem autorização da Bloco
66 Almanaque de Comunicação Ltda. Opiniões expressas em
Fatos e curiosidades do mundo das marcas e das embalagens matérias assinadas não refletem necessaria-
mente a opinião da revista.
abordado no editorial. A equipe presa. O que já era muito bom fi-
está de parabéns. Vamos esperar cou ainda melhor. Vocês demons-
agora os próximos cinco, dez, tram que não há limites para quem
quinze anos que vêm pela frente. sabe o que faz e faz o que gosta.
Achamos, porém, que os cinco pri- Parabéns.
meiros são os mais difíceis. O res- Davi Domingues
to será “barbada”. Diretor, RR Papéis
Irene e Antonio Muniz Simas São Paulo, SP
Diretores, Dil Brands
Barueri, SP E fusivos cumprimentos pela
edição de quinto aniversário da
P arabéns a EMBALAGEMMARCA
por seu quinto aniversário e, prin-
revista EMBALAGEMMARCA. Para
chegarem ao nível de conteúdo e
cipalmente, pela qualidade editori- de apresentação atual, vocês con-
al e gráfica que alcançou. Como jugaram recursos intelectuais e
leitor da revista desde sua primeira materiais com rara harmonia, se-
edição, sou testemunha de que, guro fruto da experiência profis-
nestes cinco anos, a revista mudou sional, integridade executiva e so-
Quinto aniversário o rumo do jornalismo de embal- lidez conceitual. O resultado é a
agem no Brasil, levando publica- essencial recompensa, comparti-
P arabéns à equipe por estes cin-
co anos de existência da revista.
ções do segmento a evoluírem para
alcançar o mesmo padrão de quali-
lhada pelos que têm a oportunida-
de de ler e apreciar esteticamente a
Com certeza estaremos comemo- dade. A esta altura de minha longa primorosa produção.
rando 10, 15, 25 anos, pois o que é atividade no campo do design, é Nilo Halge
bom não só perdura, como cresce. uma satisfação ressaltar que a cada Consultor em embalagem
Fico imaginando o trabalho dana- edição a revista oferece a seu pú- São Paulo, SP
do que vocês têm para levar maté- blico informação qualificada, com
rias de qualidade e imparciais, com
requinte não só nas informações
elegância e isenção. Em suma, em
seus cinco anos de existência,
P arabéns pelo aniversário da
revista e pela sua iniciativa na di-
mas também no aspecto gráfico, ao EMBALAGEMMARCA deu importan- vulgação de conhecimentos para o
público – no qual me incluo, pois te contribuição aos profissionais e setor. Além do excelente acaba-
sou leitor assíduo de vossa (nossa) às empresas de embalagem no mento da revista – os detalhes da
EMBALAGEMMARCA. Hoje a revista Brasil. Mais uma vez, parabéns à capa ficaram excepcionais –, o
serve de referência em nosso meio, equipe. conteúdo está muito rico em infor-
e não é para menos: é a única que Lincoln Seragini mações e novidades.
conheço que se preocupa também Diretor da Seragini Farné Reginaldo Baggio
em inovar. Cito aqui a capa feita São Paulo, SP Diretor, Lavoro Projetos
em flexo, os especiais de papel e Representações
cartão e tantas outras inovações.
Enfim, poderia ficar aqui dez dias
P or acompanhar a revista desde
o seu primeiro exemplar, ainda no
São Paulo, SP
redacao@embalagemmarca.com.br
matéria “Para Exportar”, publicada
Maleta Popular em EMBALAGEMMARCA de maio de As mensagens recebidas por
2004. Aproveitamos para informar carta, e-mail ou fax poderão ter
A edição n° 57 de EMBALAGEM-
MARCA (maio/2004) incluiu uma
que foi a F/Nazca Saatchi & Saatchi
a responsável pela criação da marca
trechos não essenciais elimina-
dos, em função do es-paço
excelente reportagem ilustrada a e do rótulo e pelo desenvolvimento
respeito da maleta ProntoBox, blis- do formato da garrafa. Parabéns disponível, de modo a dar o
ter que dispensa equipamento e pela revista, que tanto valoriza o maior número possível de
mão-de-obra para o seu fechamen- trabalho de quem atua com comuni- oportunidades aos leitores. As
to. A revista toda comprovou, mais cação e marketing, como nós.
mensagens poderão também
uma vez, seu alto nível, enrique- Maria Clara Jorge
cendo o setor de embalagens com Diretora de Comunicação ser inseridas no site da revista
informações sobre novos lança- F/Nazca Saatchi & Saatchi (www.embalagemmarca.com.br).
mentos e contribuindo, assim, para São Paulo, SP
"
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RAMO DE ATIVIDADE DA EMPRESA:
NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS:
capa >>> especial
Dez anos
do Real
Aniversário da implantação do
plano de estabilização econômica
revela um período de modernização
e de significativas mudanças no
panorama nacional das embalagens
– ao que tudo indica, para melhor Pela equipe de EMBALAGEMMARCA*
á dez anos era implementado no Brasil o Plano mentos, áreas de serviços, design, processos de produção
N de 1% ao dia,
de dois dígitos
ao mês e anualmente
ram lidar com outras
preocupações. “Os con-
sumidores, de acordo
estratosférica, os cora- com vários levantamen-
ções das empresas eram tos, se tornaram mais ze-
seus departamentos fi- losos em comparar preços
nanceiros, que, por meio antes de comprar. Isso
de aplicações no over- ocorreu, num primeiro mo-
night e outros malabarismos mento, pelo fato de que, a partir
bancários, garantiam sua liqui- Bolachas/Biscoitos da queda drástica da inflação, a
dez. Em suma, a eficiência ope- população pôde ter uma noção
racional e a qualidade dos pro- Ano Base Volume Variação % Tx. Crescimento muito mais clara do real signifi-
(em 1000kg)
dutos e serviços podiam ficar – cado dos preços. Numa etapa
e, em geral, ficavam – relegadas 1994 369 959 12,0 - posterior, a preocupação com os
a um plano secundário. Os con- 1995 470 316 27,1 27,1 preços foi reforçada porque o
sumidores, por sua vez, tinham 1996 519 835 10,5 40,5 poder de compra caiu”, assinala
a preocupação de fazer seu ho- 1997 597 928 15,0 61,6 a LCA Consultores no intróito
lerite render ao máximo, corren- 1998 673 807 12,7 82,1 da publicação “Tendências do
do às lojas logo do recebimento 1999 675 458 0,2 82,6 Mercado Brasileiro 2004”, re-
do contracheque para realizar as 2000 638 019 -5,5 72,5 cém-lançada pelo instituto de
FONTE: ACNIELSEN
compras do mês e estocar o má- 2001 631 150 -1,1 70,6
pesquisas de mercado ACNiel-
ximo possível de itens na des- sen e à qual EMBALAGEMMARCA
2002 675 126 7,0 82,5
pensa, amenizando assim a san- obteve acesso (veja quadro na
2003 759 408 12,5 105,3
gria do dinheirinho pelo proces- pág. 50).
Além de ter sua produção mais que dobrada em dez anos,
so inflacionário, a ela exposta, como mostram os números da ACNielsen, o mercado de bis-
na prática, nas freqüentes re- coitos rendeu-se à tendência das apresentações cada vez Câmbio da conveniência
mais individualizadas, principalmente em flow-packs
marcações de preços, que acon- A análise mais criteriosa dos
teciam até durante um mesmo dia (!). preços, entretanto, não foi alteração solteira dos há-
O Plano Real, porém, teve efeitos imediatos e bitos de compra da população. “Além da noção do
consistentes. Por meio de pontos de excelência como verdadeiro valor dos produtos, o consumidor pôde
“o sutil e inteligente congelamento da estrutura de começar a comparar outros atributos, como quali-
rendimentos; a liberação total (inclusive do câmbio, dade”, comenta o professor do Programa de Admi-
mas controlado por juros altíssimos), que estabeleceu nistração do Varejo da Universidade de São Paulo
os preços de equilíbrio entre oferta e procura; a fan- (Provar-USP), João Paulo Lara Siqueira. Mais que
tástica eficiência das comunicações, com os brasilei- no cessar do dinheiro virando pó de
ros convertendo os preços em URVs e depois os re- uma hora para outra, essa virada tam-
convertendo na nova unidade monetária (o real) e a bém se escorou na maior presença
corajosa liquidação de todos os mecanismos de corre- dos produtos estrangeiros nas gôndo-
ção monetária que davam dinamismo próprio aos las, abertura que ocorria à época. A
preços”, listados pelo economista Delfim Netto num indústria e os demais elos das ca-
recente artigo publicado no diário Valor Econômico, deias produtivas, incluindo os
a taxa de crescimento anual dos preços, isto é, a infla- fornecedores de embalagens, se vi-
ção, veio abaixo em poucos meses. O povo, então, ram diante do desafio de atender
gozou de um ganho de renda real – para se ter idéia, não só um número maior de novos
de 20,6% nos primeiros seis meses do Plano, segun- consumidores, mas também com-
do dados do IBGE. Foi a época do boom de consumo pradores mais seletivos e exigen-
de vários produtos, sendo que o frango, para quem tes. Igualmente concorreu a esse
não lembra, foi eleito seu símbolo.
Esboçava-se, assim, um novo panorama na eco- COSMOPOLITISMO: Globalização fez
crescer a presença de embalagens
nomia brasileira, guiado por níveis “normais” de in-
modernas no país, como as
flação. Livres da paranóia dos preços em aclive con- bisnagas plásticas coextrudadas
FONTE: ACNIELSEN
tados, imbricados a outras ques- 2001 287 367 3,4 329,1
em que favoreceram as renova-
tões sócio-comportamentais que ções dos mais variados parques
2002 297 860 3,7 344,8
recrudesceram – a escassez pro- industriais nacionais. Além de
2003 299 651 0,6 347,4
gressiva do tempo, a maior par- proporcionar o lançamento de
Amaciantes de roupas experimentaram uma explosão de
ticipação da mulher no mercado vendas após o anúncio do Real, principalmente no triênio mercadorias – e, conseqüente-
de trabalho, a dificuldade de se 1995-1997. Isso fez aumentar a competitividade entre mar- mente, de embalagens – mais
cas e o escoamento de recipientes plásticos no segmento.
sincronizar agendas entre fami- modernas no mercado nacional,
liares, o crescimento do número de pessoas que mo- esse movimento garantiu competitividade na virada
ram sós (singles) e a explosão do chamado consumo do século, quando a desvalorização cambial fez au-
nômade, entre outras – fizeram explodir demandas mentar as exportações. Dessa forma, não é exagero
por formatos menores de embalagens, mais indivi- dizer que o crescimento do Brasil como exportador
dualizadas. de produtos também teve como anteparo a moderni-
O reflexo no varejo foi o crescimento do número zação das linhas nacionais de embalagem, que possi-
de visitas do consumidor ao supermercado. Com bilitaram atender às exigências dos importadores.
moeda estável, ele pôde abrir mão da compra do mês No entanto, nessa teia de relações fica claro que,
para fazer compras de acordo com sua necessidade em contrapartida, o acesso facilitado aos bens de ca-
imediata. Daí que, com o entendimento de que a es- pital e a interação com os mercados internacionais,
tabilidade seria duradoura, a prerrogativa do setor de aliados à diminuição do número de consumidores
distribuição de construir pontos-de-venda faraônicos marginalizados, incorreram numa explosão de con-
esfriou, dando lugar à de se construir mercados com- corrência. De 1994 a 1998, período do acentuado re-
pactos e lojas de vizinhança. Ao mesmo tempo, o va- festelo consumista do real, o número de itens nos hi-
rejo percebeu o potencial de apelar para nichos, in- permercados pulou de uma média de 15 000 para
vestindo em perecíveis, em rotisseria, em padaria e 50 000. Toda essa fermentação, claro, teve de ser su-
em produtos frescos porcionados e congelados, cate- portada por maior variedade, por embates e por
gorias que hoje tomam até 60% da área de vendas do maior disponibilidade de embalagens. Esse aumento
auto-serviço. Tal fenômeno abriu generoso espaço da variedade foi fruto da interação uso-consumo-
para um grande número de embalagens e de apetre- oferta de embalagens, afetando os processos e os re-
chos a ela ligados, como bandejas e recipientes plás- sultados de todos os setores envolvidos na cadeia.
ticos diversos, principalmente os termoformados, sa- Isso é mais claro quando se observa o que ocorreu
quinhos de papel, etiquetas de marcação e filmes po- em cada área, com destaque para as fornecedoras de
liolefínicos. Esse câmbio do conceito de conveniên- recipientes feitos dos diferentes materiais.
FONTE: ACNIELSEN
vida útil definidos, impôs e 2001 86 149 5,0 232,9 mo desenvolvimento dos fil-
vem impondo projetos mais 2002 mes, apontando para o que o jar-
96 992 12,6 274,8
elaborados de embalagens plás- 2003 gão da cadeia plástica chama de
105 012 8,3 305,8
ticas”. Indo adiante, Alge Depois do boom de 1995, condicionadores mantiveram bom seletividade: a maior preocupa-
igualmente condiciona a esses crescimento. Pela competição acirrada, marcas do segmento ção com permeabilidade e pro-
se apoiaram em embalagens diferenciadas e rótulos mais priedades de barreira, resistên-
fatores o lançamento e o desen- sofisticados, principalmente auto-adesivos
volvimento acelerados de ou- cia a baixas e altas temperaturas
tras modernas soluções plásticas nos últimos dez e maior vida de prateleira, seja através da própria
anos, entre elas as bisnagas multicamadas e as bol- produção dos filmes, notadamente os coextrudados,
sas do tipo bag-in-box. ou nas laminações. “Os filmes coextrudados para
Na praia das embalagens plásticas rígidas, um embalagens a vácuo ou com atmosfera modificada
fato que marcou de forma profunda os últimos dez eram utilizados de forma incipiente há dez anos”,
anos foi a consolidação das garrafas e frascos de lembra Nilo Alge.
PET. Cassinelli dá especial atenção à disseminação Um importante evento pré-real que contribuiu
desses recipientes na área de bebidas, na qual a para que as indústrias plásticas absorvessem o desen-
amortização progressiva dos custos de implantação volvimento acelerado de embalagens flexíveis pós-
de suas linhas revolucionou a distribuição e levou à 94 vale ser frisado: a introdução por aqui dos polie-
tão discutida “tubainização” do segmento de refrige- tilenos lineares, em 1992. “Esses materiais ‘turbina-
rantes, com empresas de pequeno e médio portes se ram’ o empacotamento automático de commodities
tornando competitivas e roubando mercado das gi- alimentícias como arroz, farinhas e outras”, lembra
gantes da área. Cassinelli. Ainda no espaço das poliolefinas, é
Inevitável abordar, na plaga das embalagens plás- impossível não reservar espaço para falar do estron-
ticas rígidas, o escoamento maior de frascos para doso crescimento do polipropileno (PP) nas aplica-
segmentos que cresceram na esteira da disponibilida- ções em embalagens.
de maior de renda, como o de produtos de limpeza
doméstica, que antes do Real tendiam a ser encara- Escalada do BOPP
dos como supérfluos. Prova disso é o crescimento Cláudio Marcondes, gerente de desenvolvimento da
acentuado das vendas de amaciantes para roupas. Ao Polibrasil, nota que, há dez anos, o consumo per ca-
lado de outros itens de natureza similar, eles injeta- pita anual do PP era de 2,7 quilos e, hoje, saltou para
ram produtividade nas linhas de embalagem aloca- 5,3 quilos. “Em paralelo, nossa produção pratica-
das nas plantas dos seus fabricantes, geralmente ad- mente também dobrou”, ele afirma, dando grandes
FONTE: ACNIELSEN
enormidade. Esses apelos se 2001 120 185 47,4 850,9
visivelmente. De máquinas qua-
fortificaram ainda mais no fim tro cores limitadas a formatos
2002 164 949 37,2 1 250,1
da década de 90, com a desvalo- retangulares, as gráficas espe-
2003 172 331 4,5 1 263,5
rização cambial, quando, em li- cializadas migraram, grosso
Inegável vedete entre os produtos de giro rápido nos
nhas gerais, os fabricantes na- últimos dez anos, a categoria de sucos prontos representou modo, para impressoras seis co-
cionais de máquinas e equipa- uma mina de ouro para os mais diversos materiais e res com saída para verniz de
sistemas de embalagens. Todos têm espaço hoje.
mentos foram contemplados proteção e de ressalto e possibi-
com a tendência de substituição de importações lidade de produção em formatos variados. Com isso,
(uma das empresas que ilustram bem esse cenário é os cartuchos incorporaram acabamentos metálicos,
a Bauch & Campos, que está completando dez anos cores em linha para reproduzir tons especiais e mel-
em 2004 – veja nota na página 32). hor qualidade de cromia, aplicações de hot-stamping
Em termos de formatos de flexíveis que se desta- e de alto e baixo relevo (inclusive mensagens em
caram no período do real é impossível não destacar braile), além de recorte de caixa, dentre outros as-
as flow-packs, que se disseminaram fortemente em pectos antes pouco aplicados a eles. “Nesse segmen-
diversas áreas pelo motor da individualização cres- to, mudou o patamar de equipamento mínimo para se
cente dos produtos, e dos stand-up pouches, sacos de destacar no segmento de embalagem brasileiro”, de-
quatro soldas e similares, que aumentaram sua parti- fine Camargo. Se nos tempos de inflação alta uma
cipação diante da maior demanda por embalagens máquina de 1 milhão de dólares resolvia o problema,
mais sofisticadas e com maior apelo de venda nas hoje a configuração básica para rodar embalagens
gôndolas. A disponibilidade de máquinas nacionais cartonadas começa em 2,5 milhões de dólares.
ajudou em muito nessas evoluções. De modo equânime à cadeia gráfica, a indústria
de celulose e papel também viveu um período de
Gráficas suportam salto ebulição após o Plano Real. De 1994 até o ano pas-
O salto qualitativo das embalagens flexíveis e dos sado, a Associação Brasileira de Celulose e Papel
rótulos plásticos também foi reflexo direto do incre- (Bracelpa) diz que foram investidos 12 bilhões de
mento do parque gráfico brasileiro, principalmente dólares no aumento da capacidade produtiva do
da chegada ao país de novas impressoras flexográfi- setor. Embora a produção brasileira de celulose
cas e do desenvolvimento das fabricantes nacionais tenha passado de 5,8 milhões de toneladas em 1994
dessas máquinas. Investimentos dos convertedores para 9,1 milhões no ano passado, a oferta de celulo-
permitiram não apenas agregar novos recursos grá- se de fibra longa, produzida a partir de coníferas e
ficos às embalagens flexíveis, mas também aumen- utilizada essencialmente na fabricação de papéis de
FONTE: ACNIELSEN
mentos em capacidade produti- 2001 como o plástico e o vidro. De
145 549 4,5 320,3
va e o crescimento do consumo 2002 acordo com Luis Fernando Ma-
166 014 14,1 379,4
de embalagens metálicas após o della, diretor de marketing para
2003 176 743 6,5 410,4
Plano Real não são suficientes produtos laminados da Alcan,
Mercado de pet food evoluiu bastante durante o último
para dimensionar os desafios decênio – tanto nos atributos dos produtos quanto nas
de 1994 a 2003 a média de
impostos ao setor no período. embalagens utilizadas. As flexíveis plásticas, por exemplo, crescimento das latas de alumí-
encontraram nesse mercado um grande filão. nio alcançou impressionantes
Talvez um dos grandes marcos
das indústrias de latas de aço e alumínio desde o ar- 19% ao ano. Além da forte presença nos mercados
refecimento inflacionário e o incremento de renda de cerveja e refrigerantes, nos quais as latinhas ob-
dos brasileiros tenha sido o esforço de aproximação tidas da bauxita acondicionam perto de 30% da pro-
com o universo do varejo, num movimento que in- dução brasileira, bebidas como sucos prontos e
corporou às operações de cada uma delas departa- energéticos, que explodiram com a estabilidade e a
mentos de criação e desenvolvimento de novos mer- inclusão de novos consumidores no varejo brasilei-
cados, entre outras áreas que antes pareciam confli- ro, contribuíram para ampliar a produção desse tipo
tantes com suas vocações essencialmente fabris. de embalagem no país – assim como influíram na
Com isso, o país não apenas se tornou um global diversificação e na maior participação das assépti-
supplier de chapas para as indústrias de lata de out- cas cartonadas, ou caixinhas longa vida.
ros países, como também vem ditando tendências de
formatos e sistemas de fechamento até para merca- Criatividade nas metalgráficas
dos internacionais. No campo do aço, talvez o pulo qualitativo do setor
Na parte dos processos produtivos, os fabricantes seja mais fortemente evidenciado pelos crescentes
de embalagens de aço e de alumínio perseguiram um desenvolvimentos de novos sistemas de fechamento
objetivo comum nesses últimos tempos, não obstante pelas metalgráficas nacionais. Soluções como as
a disputa direta que travam em importantes setores tampas de abertura fácil com selos de vedação, cria-
do varejo: reduzir o peso de suas embalagens, e as- dos no Brasil em 1989, e que se tornaram um padrão
sim abater custos e ganhar competitividade. A lata de de mercado para vários alimentos, como requeijões,
alumínio para bebidas, por exemplo, passou de 21g, conservas e atomatados, começam a ser reconheci-
quando foi lançada no Brasil em 1989, para os atuais dos e adotados lá fora. O surgimento de tampas dife-
13g. Já as latinhas de folha-de-flandres de três peças renciadas também tem sido essencial em produtos
(base, corpo e topo), que foram suplantadas pelas de químicos, especialmente tintas imobiliárias – ao que
alumínio já no início da década de 90, ressurgiram vale lembrar o grande número de prêmios que meta-
DIVULGAÇÃO
Segundo o executivo, a indústria vidreira “pratica- diretor comercial da
mente criou novas categorias de produtos”, como os Wheaton Brasil, maior
alcopops (ices e sodas alcoólicas), e diversificou am- fornecedora brasileira
plamente a oferta de alternativas para alimentos. daquele tipo de reci-
Ademais, nos forçados programas de racionalização pientes, e de Luiz Anto-
que se seguiram ao Real, recuperou mercados perdi- nio Azevedo, ex-diretor e
dos, sendo o de refrigerantes o exemplo mais claro. membro do conselho diretor. “A empre-
“A alternativa dos preços baixos, tentadora no início, sa teve de se erguer do chão puxando os
mostrou-se em várias oportunidades um erro de ava- próprios cabelos. Em cinco anos foi necessário mu-
liação estratégica de quem optou por embalagens al- dar tudo. Como certamente acontecia na indústria
ternativas ao vidro”, avalia Belmonte. brasileira em geral, pagamos o alto preço de ter dei-
No balanço das conseqüências da modernização xado um pouco de lado o processo de produção.” O
sob pressão, “o setor vem crescendo , tendo registra- certo é que, quando começaram a soprar os novos
do o maior índice em 2003 entre todos os materiais ventos, faltou preparo. Assim, quando as prateleiras
de embalagem e marcando 4% nos cinco primeiros das lojas começaram a ser invadidas por produtos
meses de 2004, de acordo com dados da FGV”. O es- com embalagens sofisticadas, de vidro que se asse-
forço para adaptar-se ao Real e às políticas que se se- melhava a cristal, com tampas de materiais de pon-
guiram a ele fez com que as vidrarias, hoje, “respon- ta e design criativo e diversificado, os fabricantes
dam a padrões de exigência muito mais severos”, locais se viram como “cachorro que caiu do cami-
sintetiza Belmonte. Esse nível de qualidade é mais nhão de mudança”.
visível na área de frascos do que na de garrafas para Havia empresas interessadas em comprar frascos
bebidas e em potes para alimentos. com variedade de cor, vidro de alto padrão, sistemas
Ocorre que embalagens de vidro para fármacos, de fechamento avançados e, principalmente, design
mas sobretudo para perfumes e cosméticos, conside- primoroso. “Iniciou-se então uma verdadeira guerra
radas especialidades na atividade de acondiciona- psicológica, que se desdobrou em batalhas de preço
mento, são naturalmente oferecidas em maior diver- e de tecnologia”, comenta Massara. Os primeiros
sidade e, por se destinarem ao uso em produtos de momentos foram “de desespero”, nas palavras do
maior valor agregado, com exigências de qualidade executivo. “Os frascos chegavam de vidrarias de fora
quase absolutas. A descrição é de Renato Massara, mais baratos, favorecidos pelo câmbio. Não partici-
Mesmas pressões
Obedecendo a uma lógica irrefutável – a do
mercado –, as tendências para a indústria de
rotulagem parecem repetir-se em cada país do
mundo capitalista, com pequenas variações
regionais, em geral ditadas pelas diferenças
no poder de compra dos consumidores. Na
América Latina não poderia ser diferente.
Muito se falou no evento, por exemplo,
sobre a crescente fragmentação do mercado
gerada pelas estratégias de segmentação ado-
tadas pelos end-users, e sobre os curtos pra-
FONTE: RAFLATAC
Essa possibilidade se reforça com a esta-
México 104 milhões 1,9 m2 200 milhões m2
bilização econômica da região, após um pe-
ríodo de turbulências no Brasil e na Argenti- Venezuela 24,5 milhões 1,8 m2 45 milhões m2
na, que parece estar devolvendo a confiança EUA 250 milhões 14,8 m2 3,7 bilhões m2
aos investidores estrangeiros. Restam, é ver-
dade, alguns nós a serem desatados, como a atualizados tecnologicamente, buscando
renegociação da dívida argentina e a crise po- maior produtividade sem comprometer a qua-
lítica na Venezuela. lidade. Por isso, fortalecem-se as tecnologias
que visam a reduzir os tempos de set-up, via-
No topo da lista bilizando o fornecimento de lotes de rótulos
Nesse contexto, o Brasil encontra-se numa si- cada vez menores com custos competitivos.
tuação apenas razoável, potencializada pela É nessa combinação de fatores que apos-
dimensão do seu mercado interno. Fica com o tam, por exemplo, os fornecedores de equipa-
México a situação mais confortável (ou mais mentos digitais para impressão, como a Indi-
ameaçadora, dependendo do ponto de vista) go, da HP, para alavancar suas vendas no
de apresentar, nos últimos anos, crescimento mercado de rótulos.
moderado – mas constante – e uma recupera- Na área de pré-impressão, os fluxos digi-
ção do poder de compra da classe média, e de tais tornaram-se a chave para a consistência
possuir vantagem tributária para fornecer na impressão e a simplificação de processos.
para os seus vizinhos do norte. Não há dúvi- Chapas gravadas digitalmente reduzem os ga-
das, porém, de que gráficas do México e do nhos de ponto, melhorando as áreas de degra-
Brasil encabeçam a lista de um possível pro- dês, e dão mais nitidez às imagens. Exemplos
cesso de consolidação. dessa realidade apresentados na feira paralela
Ainda que tranqüilidade e estabilidade à conferência são a Flex-Light CBU, chapa
econômica não sejam parte integrante da his- de fotopolímero da MacDermid, a gravadora
tória da região, o fato é que o crescimento (e de chapas Flexo Laser, especialmente conce-
principalmente o potencial de crescimento) bida para banda estreita, da Anderson &
do segmento de rótulos nesses países não é CTP EM ALTA – Vreeland, e os cilindros anilox da família Trio
Equipamento da
desprezível. Os números apresentados por di- Anderson & Vreeland e Proline, da Praxair.
ferentes palestrantes no encontro latino-ame- para gravação a laser de Para quem acompanha o mercado, e para
ricano são díspares, mas mostram que, se chapas, especialmente aqueles que estiveram na Drupa, as tendên-
para banda estreita
houver uma elevação na renda das popula- cias em impressoras não trouxeram surpresas.
ções locais, há muito espaço para crescer.
Para se ter uma idéia, o consumo per capita
de rótulos auto-adesivos não chega a 2 m2 em
nenhum país americano abaixo dos Estados
Unidos, onde cada habitante consome em mé-
dia mais de 10 m2.
Atualização é inevitável
Para aproveitar as oportunidades de cresci-
mento que se apresentam e responder às pres-
sões de mercado listadas acima, os converte-
dores não têm escolha. Precisam manter-se
Coqueluche
Outro mercado que atrai o interesse cada vez tas das soluções ainda têm impedido a sua
mais intenso na área de rotulagem é aquele li- adoção em mais larga escala. No caso das
gado à segurança de produtos, destinados a RFID, um problema adicional é a falta de har-
combater a falsificação, garantir a inviolabili- monização das freqüências. Os investimentos
dade e minimizar o os prejuízos com furtos feitos em toda a cadeia, porém, permitem pre-
nos pontos-de-venda. ver que, em breve, essas soluções devem es-
As soluções que a cadeia de rotulagem tar mais popularizadas.
apresenta vão de filmes tamper evident e ho- Na linha de redução de custos, a Amagic
logramas a microchips e antenas incorpora- Holograms apresentou no evento o cold foil
dos aos rótulos. como alternativa mais barata ao holograma.
A grande coqueluche do momento são as As vantagens, segundo a empresa, não se res-
RFID, etiquetas inteligentes que podem so- tringem ao custo, e envolvem aspectos opera-
mar aos aspectos de segurança a vantagem de cionais. O cold foil pode ser aplicado direta-
armazenar informações, exercendo funções mente na etiqueta ou na embalagem, com
importantes nos processos logísticos. uma impressora flexográfica normal dotada
Apesar do enorme crescimento da área de de secador UV e outros acessórios que são
rótulos de segurança, os altos custos de mui- padrão entre os convertedores.
Em 2005, no Brasil
A próxima edição do Latin American
Label Summit já está marcada.
ESPECIALIDADES – Para Acontece nos dias 17 e 18 de maio
resistir a temperaturas de 2005, em São Paulo, pouco mais
variadas e ambientes
de um mês antes da 2ª Label
agressivos, muitos
desenvolvimentos na Latinoamerica (veja na página 32).
área de substratos A realização, no Brasil, de tantos
eventos importantes dedicados exclu-
sivamente à área de rotulagem
mostra o dinamismo do setor no país.
quatro dias de funcionamento, 71 227 profis- público. Nas páginas a seguir, o leitor poderá
sionais. “A feira fomentou negócios da ordem acompanhar aquilo que mais nos chamou a
de 4,8 bilhões de reais para os 1 764 exposi- atenção durante o evento.
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CONGRAF
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No ponto com alumínio
Danzka Cranberyraz
Vodka é a aposta da
Absolut Spirits Com-
pany, controladora da
famosa chancela Ab-
solut, para o mercado
de vodcas com sabo-
res de frutas. Com sa-
bor proeminente de
framboesa e notas de
amora, a bebida che-
ga às gôndolas em
uma garrafa de alumí- Suco-chá
nio estilizada. Segun- O Zingerade é a nova
do a fabricante, uma
bebida pronta da ameri-
avaliação conduzida
cana Celestial Seaso-
por um instituto de
pesquisa independen- nings que une sabores
te constatou que a de chás de ervas e de
garrafa de alumínio frutas à limonada. Che-
da Danzka gela a be- ga aos ianques em
bida 50 minutos mais embalagens cartonadas
rapidamente e a man- de 1,89 litro (meio
tém gelada 50 minu- galão), com parte supe-
tos a mais que as rior do tipo gable top.
feitas de vidro.
Bebida de soja
com longa vida
Diversificando sua linha de
produtos, a Shefa, produtora
de leites da região de Campi-
nas (SP), lança a Bebida à
Base de Soja Sabor Original.
Desenvolvido com o objetivo
de atender as pessoas que têm
intolerância à lactose, o pro-
duto é acondicionado em
embalagem Tetra Brik de 1 li-
tro, da Tetra Pak, com visual
assinado pela Plano.
realizado em São Paulo nos dias 27 e Ainda com participação tímida no fatu-
28 de maio último. Entre os palestran- ramento da empresa, o Expert Servi-
tes, nomes importantes como Luigi ces deve crescer em importância nos
Rossi, da Comissão Européia, e Allan próximos anos. Como parte da estraté-
Bailey, do órgão regulador americano gia de fortalecimento dessa unidade de
FDA (Food and Drug Administration). negócios em nível global, a Ciba Espe-
O objetivo da Ciba com a unidade Ex- cialidades Químicas já havia adquirido,
pert Services é utilizar seu expertise, no início de 2004, a Pira International.
seus laboratórios e sua rede de conta- De origem britânica, a Pira Internatio-
tos com órgãos regulatórios e associa- nal é fornecedora de consultoria e
ções de indústria ao redor do mundo serviços estratégicos e técnicos para
para oferecer a transformadores, con- as indústrias de embalagem, papel, im-
vertedores e usuários de embalagens pressão e publicações. “A aquisição da
plásticas serviços de consultoria técni- Pira International oferece benefícios
ca e estratégica. Um exemplo de servi- imediatos para aumentar a oferta de
ço que a unidade Expert Services está serviços do Expert Services”, declarou,
preparada a prestar é a elaboração de à época da finalização do negócio, o
petições para a obtenção rápida e efi- chairman e CEO da Ciba Especialida-
ciente da aprovação de produtos para des Químicas, Armin Meyer.
exportação para a União Européia e www.cibasc.com/expertservices
para os Estados Unidos. (11) 5532-7395