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Reagentes Utilizados
Os reagentes utilizados no processo de coagulação são agrupados em três
categorias:
• Coagulantes: compostos, geralmente de ferro ou alumínio. Capazes de
produzir hidróxidos gelatinosos insolúveis e englobar as impurezas.
• Alcalinizantes: capazes de conferir a alcalinidade necessária à coagulação
(calviva - óxido de cálcio; hidróxido de cálcio; hidróxido de sódio – soda
caustica; carbonato de sódio – barrilha).
• Coadjuvantes: capazes de formar partículas mais densas e tornar os flocos
mais lastrados (argila, sílica ativa, polieletrólitos, etc.)
Propriedades dos Coagulantes
• Reagem com álcalis produzindo hidróxidos gelatinosos que envolvem e
adsorvem impurezas (remoção de turbidez).
• Produzem íons trivalentes de cargas elétricas positivas, que atraem e
neutralizam as cargas elétricas dos colóides que, em geral são negativas
(remoção de cor).
Alumínio - estudos vêm demonstrando que a hidrolise dos sais de alumínio e ferro
é bem mais complexo do que é apresentada nas equações citadas na literatura.
Estas, porém, são de utilidade na obtenção aproximada dos produtos das reações
e das relações quantitativas.
Coagulantes de Ferro
Sulfato ferroso (FeSO4.7H2O) é um sólido cristalino de cor branca
esverdeada, que é obtido como subproduto de outros processos químicos,
principalmente a decapagem do aço.
Disponível na forma liquida (da decapagem), é encontrado também na
forma granular.
O ferro ferroso,quando adicionado à água precipita a forma oxidada de
hidróxido de ferro (ferro III), assim a adição de cal ou cloro é geralmente
necessária para uma coagulação efetiva.
1
Fe2 SO4 ⋅ 7 H 2 O + 2Ca (OH )2 + O2 → 2 Fe(OH )3 ↓ +2CaSO4 + 13H 2 O
2
Reação de pH alcalino (9 a 11) / clarificação de águas turvas com abastecimento
com cal
Alcalinizantes
Dentre os alcalinizantes, o mais utilizado pelo seu baixo custo é a Cal (cal
virgem ou viva, cal hidratada ou extinta, cal dolomítica, são outras denominações
do óxido de cálcio). Podem também ser utilizado o hidróxido de cálcio [CaOH)2] e
de misturas deste com o óxido de magnésio (MgO) e o hidróxido de magnésio
[Mg(OH)2].
Cal Virgem - Ca O da ordem 80% (rejeitar com menos de 70%)
Cal Hidratada - Ca O da ordem 90% (rejeitar <60%)
Carbonato de Sódio (barrilha) Na2CO3 - 99,4% de Na2 CO3 e 58 % de Na2O
Auxiliares de Coagulação
Dificuldades com a coagulação, freqüentemente, ocorrem devido aos
precipitados de baixa decantação, ou flocos frágeis que são facilmente
fragmentados sob forças hidráulicas, nos decantadores e filtros de areia.
Os auxiliares de coagulação beneficiam a floculação, aumentando a
decantação e o enrijecimento dos flocos.
Os materiais mais utilizados são os polieletrólitos, a sílica ativada, agentes
adsorventes de peso e oxidantes.
Polímeros Sintéticos
São substâncias químicas orgânicas de cadeia longa e alto peso molecular,
disponíveis numa variedade de nomes comerciais.
Polieletrólitos são classificados de acordo com a carga elétrica na cadeira
do polímero, os carregados positivamente são chamados de catiônicos e os que
não possuem carga elétrica são os não-iônicos.
Os antônicos e os não-iônicos são geralmente utilizados com coagulantes
metálicos para promoverem a ligação entre os colóides, a fim de desenvolver
flocos maiores e mais resistentes. A dosagem requerida de um auxiliar de
coagulação é da ordem de 0,1 a 1,0 mg/L.
Na coagulação de algumas águas, os polímeros podem promover
floculação satisfatória, com significativa redução das dosagens de sulfato de
alumínio. As vantagens potenciais são a reduções da quantidade de lodo e a
maior amenidade à desidratação.
Polímeros Catiônicos tem sido usados com sucesso, em alguns casos, como
coagulantes primários. Embora o custo unitário destes polímeros seja cerca de 15
vezes maior que o de sulfato, as dosagens requeridas são reduzidas, podendo
igualar o custo final para os dois casos.
Adicionalmente, ao contrario do lodo gelatinoso e volumoso oriundo do
sulfato de alumínio, o lodo formado pelo uso de polímeros é relativamente mais
denso e fácil de ser desidratado, facilitando o manuseio e disposição.
Algumas vezes, polímeros catiônicos e não-iônicos podem ser usados
conjuntamente para formar um fluxo adequado, o primeiro sendo coagulante
primário e segundo auxiliar de coagulação. Apesar de diversos avanços neste
campo, existem varias águas que não podem ser tratadas apenas com
polieletrólitos. Testes devem ser realizados para obtenção da eficiência um
polieletrólito no tratamento de uma determinada água.
Sílica Ativada
É o silicato de sódio tratado com ácido sulfúrico, sulfato de alumínio, dióxido
de carbono ou cloro.
Como auxiliar de coagulação ela apresenta as seguintes vantagens:
aumenta a tava de reação química, reduz a dosagem de coagulante, aumenta a
faixa de pH ótimo e produz um floco com melhores propriedades de decantação e
resistência.
Desvantagem em relação aos polieletrólitos é a necessidade de um controle
preciso de preparo e dosagem.
Dosagem de 7 a 11% da dosagem do coagulante primário expresso em
mg/L de SiO2.
Quando utilizada junto com o sulfato de alumínio ou sulfato ferroso, a sílica, por
sua elevada carga negativa, promove a formação de flocos maiores, mais densos
e resistentes, o que aumenta a eficiência de coagulação.
A sílica, mesmo um pequenas quantidades causa prejuízos as caldeiras à vapor.
Argilas Bentoniticas
Usadas no tratamento de águas contendo alto teor de cor, baixa turbidez e
baixo conteúdo mineral. Nestas condições, os flocos de Fe ou Al são
demasiadamente leves para decantar rapidamente. A adição da argila resulta num
aumento de peso do floco melhorando a decantabilidade. A dosagem deve ser
feita na forma de testes mas as dosagens são da ordem de 10 a 15 mg/L.
Carvão Ativado
Aplicam na forma de pó, tem grande poder de adsorção. É bastante
empregada no tratamento da água com gosto e odor provocador por material
orgânico.
Ácido Sulfúrico
É usado como auxiliar na coagulação de águas de cor e pH bastante elevados.
Gradiente de Velocidade
O dimensionamento das câmaras de mistura rápida e de floculação
convencionais, era feito em função exclusiva da velocidade da água e do tempo
de detenção. Atualmente leva-se em conta também o gradiente de velocidade.
O gradiente de velocidade é a diferença dV entre as velocidades V1 e V2
separados de dy, de duas partículas P1 e P2, respectivamente.
A diferença de velocidade entre duas partículas na água pode decorrer da
introdução, nesta, de energia cinética, por um dispositivo mecânico. Assim, o
vapor do gradiente de velocidade é dado por:
P
G= (1)
µ
Onde: P = potência introduzida no líquido por unidade de volume
µ = viscosidade absoluta do líquido
2π ⋅ N ⋅ t
P= (2)
60V
Onde: N = velocidade do rotor em RPM
t = torque
V = volume do reator
2π ⋅ N ⋅ t
G=
60 ⋅ V ⋅ µ
Camada de Mistura Rápida
Qualquer dispositivo capaz de provocar intensa agitação (turbulência) na
água pode ser utilizado para mistura rápida, como bomba, ressaltos hidráulicos,
vertedores, etc.
A prática recomenda um tempo de dispersão (agitação) igual a um
segundo, tolerando-se no máximo 5 seg.
Para a mistura rápida recomenda-se G de 700 S-1 a 2000 S-1, geralmente
utiliza-se 1500 S-1.
Nas câmaras mecânicas, a água é intensamente agitada por meio de
hélices, turbinas, motores ou palhetas giratórias.
As câmaras são geralmente de seção horizontal quadrada.
Câmaras Mecanizadas
Dispositivos como hélices, rotores, pás ou palhetas, que giram com
velocidades de 1 a 8 RPM.
As de eixo vertical o motor fica acima do nível d’água, nas de eixo
horizontal, o motor fica em um poço seco na lateral.
Câmaras não-mecânicas
Como as de mistura rápida, existem as câmaras com movimento horizontal
e com movimento vertical da água. Para fornecer a formação do floco, a
velocidade varia de 0,10 a 0,40 m/seg.
Câmaras mistas
As mecanizadas permitem a variação da velocidade da água, uma perda de
carga nula, porém há formação de espaços mortos, o que não ocorre nas com
chicanas.
Hoje então utiliza-se câmaras mistas com 4 ou 5 compartimentos em série.
Flutuação ou Flotação
Tratamento Preliminar
A flutuação está sendo usada, principalmente como uma fase no tratamento
do esgoto contendo grandes quantidades de resíduo industrial que adicionam uma
pesada carga de sólidos finalmente divididos em suspensão e de graxa ao esgoto.
A flotação tem sido utilizada (e indicada) para o tratamento de esgoto
contendo material que produz escuma. Tal como o resíduo do processamento de
pêssegos, devido à escuma ser removida e manuseada mais facilmente na
unidade de flutuação do que em um clarificador convencional.
Principio de Flotação
A flutuação, conforme é aplicada ao tratamento municipal de esgoto, é
restrita ao uso do ar como “agente de flutuação”. As bolhas de ar são introduzidas
ou formadas no esgoto e tendem a aderir às partículas sólidas. Quando são
obtidas as condições de repouso, os sólidos sobrem e são postos a flutuar pela
ação de sustentação das bolhas de ar.
A inserção do ar pode ser feito por:
• Aeração
• Ar pressurizado seguido de descompressão do liquido para a
atmosfera
• aplicação do vácuo após a saturação com ar
A aeração sozinha não é particularmente efetiva na flotação de sólidos, no
entanto ela ajuda na remoção subseqüente da graxa.
Os dois últimos processos são os melhores métodos para a introdução do
ar, por fazerem as bolhas se formarem (ou se originarem) em contato direto com
as partículas, em vez de em um lugar afastado. Esta ação tem lugar, devido a
nucleação ou formação da bolha tender a decorrer na descontinuidade da
partícula sólida. As bolhas assim formadas aderem à partícula e a suspendem
para a superfície do liquido.
P
S = Sa − Sa
Pa
Onde: S = Ar liberado para ATM por unidade de volume a 100% saturação cm³/L
Sa = saturação do ar à pressão atmosférica
P = Pressão absoluta (submetida)
Pa = Pressão Atmosférica
fP
S = Sa − 1
Pa
A SaR fP
= − 1
S SaQ Pa
Onde: R = reciclo pressurizado
Q = fluxo de esgoto
As = óleo ou sólido suspenso na água
Vantagens:
• a graxa, os sólidos leves, os detritos sólidos e sólidos pesados são todos
removidos na unidade
• altas vazões de transbordamento e períodos curtos de retenção significam
tanques de menor tamanho(menor espaço e economia na construção)
• redução do odor devido à curtos períodos de retencao e a pressão das
unidades
• a escuma e a lama obtida são mais espessas.
Desvantagens:
• o equipamento adicional resulta num custo operacional mais alto
• geralmente as unidades de flutuação não tratam tão bem quanto uma
unidade de decantação
• as unidades topo pressão têm a necessidade de alta potência, o que
aumentam o custo operacional
• a manutenção é mais rigorosa e assim mais cara
Decantação
Sedimentação Discreta
Ocorre em baixa concentração de sólidos em suspensão. As partículas
decantam como entidades individuais, sem a interação com partículas vizinhas.
Este é o tipo que ocorre nas caixas de areia.
Sedimentação Floculante
Diz respeito à suspensão diluída que coalescem ou floculam durante a
operação de sedimentação. Por coalescência, as partículas aumentam de massa
e decantam a taxas mais elevadas. Ocorre nos decantadores primários das ETE’s
e na decantação de lodo químico.
Sedimentação Zonal
Diz respeito à suspensões de concentração intermediaria 2 a 10mg/L, na
qual as forças interparticulares são suficientes para retardar a sedimentação de
partículas vizinhas as partículas se unem e tendem a sedimentar como um único
bloco. Uma interface sólido-líquido bem nítida aparece no topo da massa
decantável e começa a descer como tempo (ocorre no decantador secundário de
sistemas de lodo ativado).
Compressão
Refere-se a decantação na qual a concentração das partículas é alta e que
a sedimentação ocorre apenas por compressão da estrutura. Alguns autores
associam este tipo de sedimentação à zona. Ela ocorre nas camadas mais baixas
(profundas) do decantador secundário de lodo (espessamento).
A carga hidráulica (ou fundo especifico) é dada por Q/Af (m/n). Esta
corresponde à velocidade de sedimentação V3 de uma partícula com um tempo de
sedimentação igual ao tempo de detenção.
H H H Q
vs = = = =
t v H ⋅ Af Af
Q
Q
Sedimentação Floculante
Partículas de soluções relativamente diluídas não decantam discretamente,
mas elas coalescem ou floculam durante a sua sedimentação. Quando isso ocorre
a massa da partícula aumenta fazendo com que decantem mais rápido.
A extensão deste efeito de coalescência dependem da oportunidade de
contato entre as partículas, que é função da vazão, da profundidade do tanque, do
gradiente de velocidade do sistema, da concentração de partículas e de sua faixa
de tamanho. Os efeitos destas variáveis podem ser medidas a partir de ensaios
laboratoriais.
Para se determinar as características de sedimentação, deve ser utilizada
uma colina de 150nm de diâmetro e 3 m de altura com tomadas para amostragem
a cada 0,6m. as amostras devem ser coletadas nas portas em intervalos de tempo
regulares.
Valores típicos para este tipo de sedimentação:
• 2 – 3,5 m de profundidade
• T de 0,5 a 1,5h
• V de 18 a 80 m/h
• Rendimento de separação de sólidos solúveis de 40 a 60 %
• 30 a 50% de redução de DBO
Sedimentação
Em sistemas contendo alta concentração de sólidos suspensos, a
decantação retardada ou zonal e a decantação por compressão ocorrem
usualmente.
A sedimentação ocorre quando uma suspensão concentrada inicialmente
uniforme é posta em um cilindro graduado.
discreta
floculenta
zonal
compressão
h
zona de sedimentação
zona mista
zona de compressão
A Teoria de Kynch
Ela é aplicada para que se possa obter o par velocidade/concentração à
partir de uma única curva de decantação H(t).
Segundo Kynch, a velocidade de sedimentação das partículas de uma
camada que decanta, é função unicamente da concentração daquela câmara.
Para obtenção destes parâmetros, traça-se uma tangente à curva de
vi
decantação no ponto onde deseja-se calcular o par . Pela inclinação da
Ci
tangente é obtida a velocidade vi e a concentração é obtida pela equação:
H0
Ci = C0
Hi
Modelos de Decantação
Existe na literatura diversos modelos que permitem descrever a evolução
da velocidade de decantação em função da concentração das partículas. Os mais
conhecidos e utilizados são o da potência e o exponencial.
Vs = Ho/t
Q0, X0 Qe, Xe
Qµ, Xµ
Q0 X 0 = Qe X e + Qµ X µ
Como: Q0 = Qe + Qµ
Q0 (X µ X 0 )
Logo: Qe =
Xµ Xe
Vamos agora calcular a área mínima para o espessamento das lamas ate a
concentração desejada (xµ).
Define-se a capacidade do clarificador para arrastar os sólidos para a fonte.
Inferior, como uma concentração Yi, por gravidade em funcionamento
descontinuo, como:
GB = X i V i
Onde: GB = Fluxo sólidos nas lamas
Yi = Concentração de sólidos nas lamas
V = Velocidade de sedimentação para concentração xi
Tipos de Decantador
Os decantadores estáticos, sem raspador, possuem as seguintes
características:
• Cilindro – Cônicos: adequados para pequenas instalações tem um fundo
cônico com grande inclinação para evacuação lodo por gravidade.
• Fluxo Horizontal: requer uma elevada superfície. É pouco utilizado.
• Fluxo Laminal: se melhorada o rendimento com a introdução das lâminas,
que favorecem a sedimentação dos sólidos e o fluxo ascencional dos líquidos,
aumentando a altura eficaz sem aumentar a altura do equipamento.