De 15 a 21 de Dezembro de 2009
Só em Famalicão
VIM Joane-Vizela: 12 mortos nos últimos 5 anos
Doze mortos, nos últimos
cinco anos, em apenas cerca
de cinco quilómetros de Via
Intermunicipal (VIM) Joane-
Vizela. Os números são o so-
matório do balanço negro da
mortalidade daquela estrada,
feito pela corporação dos
Bombeiros de Riba de Ave e
dos Bombeiros de Famalicão,
que têm a tutela das opera-
ções de socorro no traçado
que compreende território fa-
malicense.
Só a corporação ribada-
vense, que detém a área mais
perigosa da via, ainda assim
apenas três quilómetros, re-
gista uma dezena de mortos
nos últimos cinco anos, esta-
belecendo uma média de três
deslocações semanais à via
para socorro a acidentados. A
corporação dos Bombeiros
de Famalicão, que detém a
área entre a entrada da VIM,
na rotunda de Joane, e a in-
tercepção que dá acesso à
freguesia de Mogege, regista
nos últimos cinco anos duas
mortes.
Este é o cenário negro,
traduzido em vítimas mortais,
de uma via que todos reco-
nhecem como estruturante,
mas cujas condições de se-
gurança à circulação auto-
móvel estão longe de ser as
desejáveis.
Não esquecendo que a
negligência dos condutores
também pode ter sido, ao
longo dos anos, um factor a
considerar no elevado nível
de sinistralidade registado
naquela via, o mau estado é
evidente, também no traçado
que se inscreve no concelho
de Vila Nova de Famalicão.
Nesta via com quase quin-
ze anos de existência, e que
foi apoiada por fundos comu-
nitários no âmbito de uma
candidatura formalizada pe-
los municípios de Famalicão
e Guimarães, falta tudo o que
são condições que garantam
a segurança à circulação au-
tomóvel. Para além de um
traçado sinuoso em algumas
partes, e de cruzamentos ar-
riscados de outras estradas, o
piso está bastante maltrata-
do, não são visíveis as linhas
de marcação que delimitam
as duas faixas de rodagem e
a própria berma, faltam railes
de protecção em locais mais
perigosos, e a iluminação é
coisa que também escasseia,
agravando mais ainda as con-
dições de visibilidade.
Em jeito de apontamento,
refira-se que nem os railes de
protecção que ficaram des-
truídos na sequência do des-
piste de um reboque, que cus-
tou a vida ao condutor, fo-ram
arranjados. Ou seja, nes-te
momento permanece aberto
um buraco na plataforma da
VIM, que dá para um precipí-
cio com cerca de uma de-ze-
na de metros. Esta situação
acaba por ser reveladora
daquilo que não se tem feito
numa via que, sendo estrutu-
rante, se tornou “famosa”
pelos piores motivos, preen-
chendo com alguma regulari-
dade as páginas dos jornais,
e também d’ “O Povo Famali-
cense”, devido aos acidentes
que graves que ali ocorrem,
muitas vezes precipitando a
perda de vidas humanas.
Desde que foi construída a
via, em meados da década de
90, mais nenhuma interven-
ção de vulto foi feita, a não ser
pequenas remodelações,
nomeadamente no cruza-
mento que separa as fregue-
sias de Oliveira Santa Maria e
Pedome, que rapidamente se
tornou num “ponto negro” da
VIM, mas que não deixou de o
ser mesmo depois da colo-
cação de separadores e se-
máforos. Refira-se, de resto,
que estes não estão em fun-
cionamento.
Creuzamento Oliveira/Pedome é um dos locais mais perigosos
PETIÇÃO ON-LINE
RECLAMA
INTERVENÇÃO
Ao chegar o final de 2009,
com cerca de 14 anos de e-
xistência, a malfadada estra-
da volta a ficar manchada de
sangue, depois da morte de
uma jovem mãe de 33 anos e
do seu filho de 17 meses no
passado dia 6 de Dezembro.
No rescaldo de mais um
acidente trágico está já em
marcha uma petição on-line
para reparação da VIM. “Face
à “ruína” da VIM - Via Intermu-
nicipal Joane–Vizela, que põe
em risco a segurança dos u-
tentes, exige-se o seu rápido
arranjo de forma a evitar mais
prejuízos e desastres”. São
estas as palavras que os sig-
natários da petição, já mais
de 300, dirigem a entidades
responsáveis pela via e out-
ras. A saber, a Associação de
Municípios do Vale do Ave,
Câmara Municipal de Vizela,
Santo Tirso, Guimarães, Vila
Nova de Famalicão, e Gover-
no Civil de Braga. Caso quei-
ra subscrever a petição pode
fazê-lo indo ao site http://-
www.peticaopublica.com, on-
de encontrará aquela que diz
respeito à VIM Joane-Vizela.
A petição foi lançada por
Daniel Rodrigues, autarca da
freguesia de Ronfe, onde
eram residentes as duas últi-
mas vítimas mortais regis-
tadas na VIM no passado dia
6 de Dezembro. No seu blo-
gue, http://www.danielro-
drigues.blogspot.com, o pres-
idente da Junta diz mesmo
que “a VIM é uma arma apon-
tada aos seus utentes”. No
seu entender a via “tem o piso
degradado; a sinalização a-
pagada ou escondida pela
vegetação; os rails danifica-
dos; falta de iluminação; falta
de separador central nas zo-
nas críticas; falta de cruza-
mento desnivelado com a es-
trada Pedome/Oliveira Santa
Maria; falta de semáforos efi-
cazes no cruzamento de Ser-
zedelo/Guardizela”, concluin-
do que “a falta de segurança é
gritante e o resultado é um
crescente número de vítimas
mortais”.
CONCURSO
ABERTO
Segundo o vereador do
Ambiente e Obras Munici-
pais, José Santos, o concurso
para a empreitada de requali-
ficação da VIM já se encontra
aberto. Interpelado pelo ve-
reador do PS, Orlando Olivei-
ra, acerca do mau estado da
estrada em questão, o re-
sponsável municipal adiantou
ainda que resta aos municí-
pios aguardar pelo culminar
do processo em curso.
O presidente da Câmara
Municipal, Armindo Costa,
sustentou entretanto que per-
manece um impasse com a
Estradas de Portugal relativa-
mente a quem deverá passar
a tutelar a via. No entender do
edil, e dos parceiros autarcas
da AMAVE, faria todo o senti-
do que aquela empresa públi-
ca assumisse a VIM Joane-
Vizela, na medida em que
esta, tal como inúmeras ou-
tras acessibilidades nacio-
nais, se enquadra no perfil de
“via estruturante”. Nessa
qualidade, referiu Armindo
17
Costa, e em face da dificul-
dade que a AMAVE tem tido
na gestão da via, na medida
em que é uma entidade que
não gera receitas próprias e
compostas por diversas au-
tarquias, deveria ser a Estra-
das de Portugal a assumir a
sua tutela. O edil famalicense
admitiu, todavia, que não tem
sido possível sensibilizar a
empresa pública para esta
questão.
AMAVE VAI
ANALISAR
SITUAÇÃO
Este semanário tentou
chegar à fala com o secretário
geral da AMA VE, no sentido
de esclarecer se há de facto
uma intervenção prevista, e
quando poderá estar concluí-
da, todavia, a resposta que
obtivemos não foi muito es-
clarecedora: “o assunto irá
ser apreciado na próxima re-
união do Conselho Directivo
da AMAVE”. Ficá-mos, assim,
sem saber se os utentes da
VIM podem esperar, e para
quando, pelas obras que po-
derão contribuir para a melho-
ria das condições de segu-
rança à circulação, e como in-
terpreta a associação a peti-
ção on-line em marcha.
COLABORAÇÃO
PRECIOSA
O jornal “O Povo Famali-
cense” aproveita para agra-
decer a colaboração inesti-
mável das corporações de
Bombeiros de Riba de Ave e
de Famalicão para esta re-
portagem. Sem a sua ajuda
teria sido muito difícil, senão
impossível, conseguirmos
concretizar, em vidas que se
perderam, os elevados níveis
de sinistralidade da VIM.
SANDRA RIBEIRO GONÇALVES