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ÍNDICE
Introdução ................................................................................................... 3
A diáspora ................................................................................................. 13
O sustento do Império................................................................................ 13
Conclusão ..................................................................................................... 19
Bibliografia .................................................................................................... 20
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INTRODUÇÃO
O presente trabalho insere-se nas Actividades propostas no âmbito da UC de
História de Portugal, do 1º Ano do Curso de Educação Básica, na modalidade de
Ensino à Distância.
Trata-se de um trabalho de grupo subordinado ao “A Expansão e o Império”.
O grupo inicialmente era formado por quatro elementos mas a desistência de um
destes, a Telma Oliveira, obrigou à reestruturação do nosso plano de trabalho.
O grupo comunicou recorrendo ao Skype, de forma síncrona, mediante prévia
combinação das datas mas não dispensou encontros presenciais entre os seus
elementos, na Figueira da Foz e em Leiria, para elaborar um plano de trabalho e
escolher a metodologia a seguir, quer para o trabalho escrito, quer para a
apresentação do mesmo.
O primeiro passo foi a consulta de diversas fontes bibliográficas por todos os
elementos. Seguidamente procedeu-se à selecção e comparação da bibliografia
consultada e já familiarizados com o tema, delineou-se um “fio condutor” que, grosso
modo, se orientou pelos tópicos de análise sugeridos pela tutora.
Apesar da abordagem de cada elemento ter incidido sobre dois ou três dos tópicos,
nos encontros promovidos pelo grupo fez-se a síntese do trabalho desenvolvido por
cada membro e construiu-se uma visão globalizante do trabalho.
A compilação e harmonização do trabalho foi atribuída a um dos elementos para
compor o trabalho final. Seguidamente o documento foi submetido online aos
restantes elementos, para poderem proceder a rectificações.
Finalmente, com base no trabalho escrito, foi elaborada a apresentação multimedia
e definida a ordem de intervenção.
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OS RUMOS DA EXPANSÃO
ganância mais que o espírito de cruzada que move os portugueses sendo tal empresa
sugerida por um vedor da fazenda, o burguês João Afonso. Esta proposta concita
rapidamente apoio. Como os muitos nobres que pretendiam destacar-se ao serviço da
coroa e de outros pretendentes à nobilitação.
Na armada português partem cerca de duzentos navios, levando guerreiros e
outros nobres, como o condestável e o Infante D. Henrique, procurando adquirir
notoriedade pelo mérito das armas.
A aventura corre bem para os portugueses, que pilham a cidade e se maravilham
com a sua riqueza.
“Conquistada a velha cidade, o rei fez tantos cavaleiros nesse dia que, cansado do braço,
deixou de o fazer…”
In Raízes de Expansão Portuguesa, Borges Coelho, Prelo Edições – 1979.
Entre os novos cavaleiros figura João Gonçalves Zarco, neto de João Afonso. A
burguesia ascende assim aos altos postos do exército.
A cidade de Ceuta é conservada e entregue a D. Pedro de Meneses, nomeado
governador que conta com uma guarnição de 2500 homens para a defender. Esta
forte presença militar revelar-se-ia necessária; o cronista Zurara relata que a oposição
muçulmana não cessaria de causar mossas nos dois anos seguintes.
2 Era uma lenda da época falar-se da existência de um reino cristão, o reino do preste
João, na costa oriental africana que poderia ajudar na luta contra os mouros.
evangelização3. A esta lista seria justo juntar uma outra razão, o factor humano, existir
um homem à altura de promover este empreendimento, o Infante D. Henrique.
Ao Infante é dado o Arquipélago da Madeira por seu irmão D. Duarte. Em 1433 é
favorecido pelo seu sobrinho, o rei Afonso V, que lhe concede o exclusivo da
navegação a Sul do Bojador, reconhecendo o seu papel e investimento feito no
descobrimento da costa ocidental africana.
1444 – Denis Eanes, Álvaro Gil, Mafaldo (Gonçalo Velho) – Terra dos Negros
Alfarrobeira, em que seu tio perde a vida. Afonso V recebe um forte apoio da nobreza
senhorial que retoma a expansão marroquina.
AFONSO V, O AFRICANO
A política de Afonso V de conquistas provoca o aumento da despesa pública.
Em 1458 uma esquadra portuguesa formada por 93 navios ocupa Alcácer-Ceguer.
Nesta expedição tomaram parte D. Afonso V e D. Henrique, que viria a falecer dois
anos depois.
D. Afonso V tem outros sonhos expansionistas que pretende alcançar pela via
matrimonial. Congemina casar com a filha do falecido Henrique IV de Castela, D.
Joana, para reclamar a sua legitimidade ao trono vizinho. Celebrado o casamento não
perde tempo a enviar emissários para tratar com os Reis Católicos4 os seus intentos
que vão ser liminarmente rejeitados por estes. A desfeita não abala o monarca
português que demanda terras leonesas buscando apoio para as suas pretensões. A
resposta dos Reis Católicos é rápida e cruel, ordenando o ataque feroz às terras
fronteiriças portuguesas.
Este clima de tensão com Espanha será atenuado pelo contrato de casamento do
seu filho com a filha dos Reis Católicos, Isabel. Do contrato de casamento fazem parte
algumas cláusulas que contemplam a renúncia das pretensões de Afonso V ao trono
espanhol e é estabelecida a partilha do Atlântico, tomando como referência o paralelo
das Canárias (para norte as terras seriam pertença de Castela e para sul a jurisdição
seria portuguesa)
O reinado de Afonso V e a sua orientação para as conquistas confere-lhe
vulnerabilidade porque se torna dependente dos apoios dos grandes senhores.
“Desde a chegada de Colombo da sua primeira viagem e descobrimento das Antilhas até à
celebração do tratado definitivo de partilha, os monarcas espanhóis e os portugueses
buscaram com ardor enganar-se mutuamente, apoiados os primeiros no secreto favor do Papa
espanhol Alexandre VI, e os segundos nos seus conhecimentos, muito maiores, sobre a
estrutura geral do Globo.
Pode hoje assegurar-se que a obra-prima culminante da política diplomática de D. João II
sobre os Descobrimentos e a soberania portuguesa nas terras descobertas ou a descobrir foi o
Tratado de Tordesilhas, negociado com os Reis Católicos, em 1494. (…)
Que dispõe o convénio?
Que se trace uma linha direita de pólo a pólo, a 370 léguas das ilhas de Cabo Verde, para a
parte do Poente, por graus ou outra maneira, e tudo o que foi ou for achado, ao oriente desta
linha pertence a Portugal; e, ao ocidente, a Castela. Os procuradores das duas partes
comprometeram-se, além disso, a que os respectivos soberanos não enviariam a fazer
descobrimentos, comércio ou conquistas, fora daqueles termos estipulados no Tratado.
E se por acaso os navios castelhanos ou portugueses viessem a descobrir terras nas zonas
respectivamente alheias, elas ficariam para os soberanos a quem de direito, nos termos do
convénio, pertenciam.
(…)
Ao celebrar-se o Tratado – informa o cronista Rui de Pina – tanto os Reis de Espanha como
os de Portugal se deram por plenamente satisfeitos. Porquê? Os primeiros, seguramente de
que ficavam senhores da rota para a Índia: o segundo, porque estava certo de muito em breve
poder completar o seu descobrimento. Mas o desenrolar das negociações leva a crer que D.
João II desejava também partilhar terras novas a Ocidente.
Só quando mais tarde, em 1498, Vasco da Gama voltou da Índia, os Reis Católicos tiveram
a consciência do logro em que haviam caído”
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Jaime Cortesão, A política de sigilo nos descobrimentos, Col. Henriquina, Lisboa, 1960.
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Ilustração 2 - Divisão do mundo pelo Tratado de Tordesilhas
Ainda passariam dez anos desde a viagem de Bartolomeu Dias até Vasco da Gama
chegar finalmente à Índia o que ocorre já no tempo de D. Manuel. Em 1498, Vasco da
Gama desembarca em Calecute e fica maravilhado com a riqueza do Samorim. O
navegador trouxera consigo presentes para aliciar os naturais mas sendo estes
modestos foram pouco apreciados.
Logo no início do estabelecimento das relações com os governantes indianos
perpassa este sentimento: não seria fácil, nem barato, convencê-los a estabelecer
relações comerciais com Portugal, habituados que estavam ao comércio com
particulares islâmicos ou de outra proveniência que eram mais generosos.
No entanto, ultrapassados os obstáculos iniciais e a falta de diplomacia de Vasco
da Gama, os portugueses instalam-se e asseguram uma nova rota comercial, a rota
do Cabo.
A descoberta do Brasil em 1500, por Pedro Álvares Cabral, veio encerrar o período
das descobertas. É o tempo de consolidar o império.
O IMPÉRIO PORTUGUÊS
O Império Português no Oriente foi orientado para intuitos comerciais.
Estabeleceram-se feitorias, fortalezas, pequenos entrepostos comerciais, controlavam-
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A manutenção da rota do cabo foi tarefa árdua, era necessária uma presença militar
forte, as mercadorias não desejadas tinham de ser compradas usando metais
preciosos. Sendo a população portuguesa tão escassa foi difícil manter o número de
efectivos militares necessários que acrescia os funcionários régios e a variedade de
mercadorias, marinheiros e de outros ofícios que eram necessários para o
funcionamento da actividade ultramarina.
A DIÁSPORA
A diáspora portuguesa no dos descobrimentos aumenta extraordinariamente.
Iniciada timidamente na colonização dos arquipélagos da Madeira e dos Açores, toma
nova expressão com as possessões africanas, desde a costa marroquina até às ilhas
de Cabo Verde e São Tomé, para além dos locais estratégicos do comércio. Os
portugueses iniciam assim uma diáspora extraordinária, forçada ou voluntária, numa
tendência que não se desvaneceu até ao presente.
No Oriente os portugueses entendem-se das terras da Índia até à China
(estabeleceram-se em Macau, por exemplo), tendo também chegado ao Japão.
As formas de colonizar foram diversificadas mas no século XV predominou a
instituição de capitanias – donatarias (caso das lutas atlânticas e de algumas praças
em Marrocos).
“O Estado português viu no estabelecimento de capitanias-donatarias um meio de
povoar e tornar produtivas as terras descobertas, sem despesas do tesouro público, e
ao mesmo tempo uma forma de empregar a nobreza.”
“Certas capitanias - donatarias eram vitalícias, outras de juro e herdade; umas eram
doação de domínio e jurisdição, outras apenas de carrego e capitania e outras ainda
de carácter misto. Eram fundadas por meio de uma carta régia de doação ou de um
foral”
Algumas capitanias – donatarias eram dadas aos descobridores das terras, como
no caso de João Gonçalves Zarco.
O SUSTENTO DO IMPÉRIO
O comércio com o Oriente exigia recursos financeiros que a Coroa portuguesa tinha
dificuldades em obter. Em Calecute as relações comerciais foram difíceis de entabular
e aí abundavam as especiarias. Restava aos portugueses virarem-se para outras
cidades malabares onde instalaram feitorias, como Cochim, Cananor e Coulão. Dado
que não possuíam a importância de Calecute era importante reanimar o comércio
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nessas cidades e para tal manter as rotas fluviais, marítimas e terrestres abertas e
seguras. As esquadras portuguesas vigiavam atentamente as embarcações que
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acorriam aquelas paragens e saqueavam muitas delas. O poderio do Samorim era
continuamente combatido e os mouros perseguido para eliminar a concorrência.
As feitorias serviam para escoar os produtos ocidentais com que se pretendia gerar
receitas que eram absorvidas na aquisição dos produtos desejados pelos mercados
europeus. A instalação de feitorias gera hostilidade nos mouros que as sentiam como
uma ameaça às suas actividades comerciais e foi preciso construir fortalezas para as
defender.
Em que se baseava o comércio na Índia?
O cronista e poeta Garcia de Resende podia escrever, por alturas de 1534, a este
respeito:
“Querem ouro, prata, cobre,
Vermelhão, querem coral;
Azougue também lá val;
Quem tem vinho não vem pobre,
Se é de Almada ou Seixal.”
A manutenção das praças comerciais orientais requeria muitos esforços porque
para comprar as especiarias desejadas e outros produtos era preciso arranjar as
formas de pagamento exigidas.
Vasco da Gama esforçou-se por firmar tratados comerciais para tentar fixar o preço
da pimenta e permitir um afluxo regular de navios portugueses com mercadorias para
comprar.
As embarcações oriundas de Portugal eram abastecidas de todo o tipo de produtos
ocidentais e de outros obtidos na costa africana, como o marfim de Moçambique.
Recorria-se também ao corso de tal forma que Afonso de Albuquerque, em 1512, por
essa altura governador da Índia, comunica ao rei D. Manuel I: “(…) as presas feitas
sobre os mouros constituíam o melhor fundo de maneio das feitorias e que do seu
produto é que se pagavam as despesas das armadas e os soldos e até os
“casamentos5”.”
Os saques em terra e as actividades de corso não duraram muito tempo pelo
afastamento do mouros.
O recurso ao corso pelos navios portugueses era justificado pela doutrina do mare
clausum, que considerava que aos portugueses e aos espanhóis pertencia o controle
e a exploração dos mares por direito divino e pela primazia nas descobertas. A nossa
armada fiscalizava as rotas comerciais em busca de navios não-autorizados pelo
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A MERCANTILIZAÇÃO DO ESTADO
A mercantilização é um elemento dinamizador da economia de mercado, promove a
circulação de capitais e a acumulação de riqueza. Outras actividades como a
agricultura e as manufacturas mantêm-se pouco produtivas e sem evolução de
técnicas.
O estado monta um sistema de economia de mercado apoiado num numeroso
corpo de funcionários (burocratas) que trata das contas públicas, da metrópole e do
Ultramar.
Nos mercados mundiais Portugal serve de intermediário nas trocas entre o Oriente
e a Europa.
O império português abrange numerosas colónias e as diversas possessões
portuguesas contribuem para a economia portuguesa.
Dos arquipélagos atlânticos vêm cereais, açúcar, produtos de tinturaria e vinho,
sendo que houve períodos de monocultura de um destes produtos. Também se
desenvolve a pecuária. Para além de satisfazer necessidades próprias os excedentes
são trazidos para a metrópole e exportados para mercados europeus.
De Arguim, onde se instalou uma feitoria, o ouro e os escravos eram comprados em
troca de objectos de cobre, cavalos e trigo.
Inicialmente os escravos africanos eram capturados mas quando começam a
refugiar-se no interior passam a ser adquiridos até a chefes tribais que tinham como
escravos os membros de tribos derrotadas ou a outros que viram uma oportunidade de
negócio.
Os arquipélagos de Cabo Verde e São Tomé forneceram coiro, algodão, sal e
foram o centro distribuidor de escravos da Guiné. Nos finais do século XV aparecem
os engenhos de açúcar.
Da costa ocidental africana afluem a malagueta e o marfim em grande quantidade
mas também couros, incenso, arroz, algodão, etc.
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A Mina, na sua feitoria de São Jorge da Mina, vai oferecer grandes suprimentos de
ouro, que serão transportados para a metrópole e aí cunhados em moeda – os
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cruzados.
A Costa oriental africana também tinha ouro que os portugueses porfiaram para
obter construindo mercados e vias comerciais que nos levassem aos centros
produtores.
Esta actividade mercantil intensa de Portugal à escala mundial permitiu alguns
períodos de opulência na Corte portuguesa mas paradoxalmente o país pouco se
desenvolve. Não houve um esforço para revitalizar as actividades produtivas em
território nacional e a gesta dos descobrimentos, das conquistas e da colonização
provoca a sangria populacional. Sá de Miranda escreve a propósito estes versos:
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BIBLIOGRAFIA
GODINHO, Vitorino Magalhães (1971)
Os Descobrimentos e a Economia Mundial – Vol. III
Editorial Presença
CORTESÃO, Jaime
A política de sigilo nos descobrimentos
Col. Henriquina, Lisboa, 1960.
Estudos Henriquinos
Academia Portuguesa de História, Lisboa, 1989
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