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Introdução

Tendo vindo a reflectir sobre a fraca importância que se atribui às bibliotecas


escolares em documentos internos das escolas, interessou-me, sobretudo, comparar a
centralidade que a bibliotecas escolares têm no documento da auto-avaliação das BEs
(ver, por exemplo os subdomínios D.1.1. Integração da BE na Escola/Agrupamento e D.
1.2. Valorização da BE pelos órgãos de gestão e de decisão pedagógica) com as
referências que a ela são feitas no relatórios de avaliação das escolas.
Decidi analisar três relatórios de cada ano (excepto o ano de 2006, uma vez que
apenas um relatório foi disponibilizado), diversificar o tipo de escola e o contexto
geográfico.
Foram analisados os seguintes relatórios:
1. Escola Básica Integrada da Charneca da Caparica – Junho de 2006
2. EB1/JI de Monte Abraão – Queluz – 19 e 20 de Março de 2007
3. Agrupamento de Escolas do Pico de Regalados – Vila Verde – 26 e 28 de Novembro
de 2007
4. Escola Secundária Poeta António Aleixo – Portimão – 12 e 13 de Abril de 2007
5. Escola Secundária c/3.º Ciclo do Ensino Básico Padre Alberto Neto – Queluz – 7 e 8
de Janeiro de 2008
6. Agrupamento de Escolas Dra. Maria Alice Gouveia – Coimbra – 5 a 7 de Novembro
de 2008
7. Agrupamento Vertical Afonso Betote – Vila do Conde – 16 a 18 de Abril de 2008
8. Agrupamento de Escolas de Mafra – 4 a 6 de Março de 2009
9. Agrupamento de Escolas D. Fernando II – Sintra – 4 a 6 de Março de 2009
10. Escola Secundária com 3.º Ciclo do Ensino Básico de Sacavém – 15 e 16 de Abril
de 2009

Análise e Comentário Crítico


Ao ler o relatório da Escola Básica Integrada da Charneca da Caparica, um
aspecto interessante salta à vista: o Centro de Recursos Educativos (designação que as
bibliotecas tiveram durante algum tempo) tem uma importância fundamental na escola.
Passo a citar alguns excertos muito significativos:
“Deve ser relevada a acção do CRE na promoção da articulação entre as diferentes
componentes do currículo e na criação de elementos de transversalidade entre saberes e
competências, quer no âmbito da Língua Portuguesa, quer no campo das ciências
experimentais, por exemplo” (p. 6).

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“Em termos de apoios, o CRE demonstra-se um pólo de dinamização e inovação, ao
contar com uma área de promoção da leitura, outra da facilitação do estudo e outra
ainda de apoios personalizados” (p. 6).

“ […] e o correlato Plano de Actividades do Centro de Recursos Educativos, concebido


como um eixo central na disponibilização e coordenação de um conjunto de serviços e
de recursos de aprendizagem, organizados de acordo com os objectivos e finalidades da
organização curricular, destinados a estimular o prazer de ler e de escrever e a
desenvolver a autonomia dos alunos e outros utilizadores na consulta e produção de
informação, em diferentes suportes. O seu papel na construção e consolidação de um
ideário e cultura de escola assente na transversalidade e articulação das aprendizagens, e
a sua abertura às ideias e aos recursos culturais exteriores, locais ou outros, são
recheados de evidências” (p. 8).

O Centro de Recursos Educativos constitui o espaço por excelência da acessibilidade


dos recursos educativos existentes, dos livros, aos jogos, aos vídeos e CDrom
adquiridos ou construídos pelos alunos, ou à Internet, aberto a todos, funcionando como
biblioteca, ludoteca ou estudoteca, ou como centro para apoios a necessidades
específicas, para estudo acompanhado, ou para a realização de projectos de pesquisa ou
de trabalhos de aula. Funcionando como um eixo fundamental da actividade educativa
para todos os níveis de ensino, articulando actividades específicas, ligadas ao
desenvolvimento das competências de leitura e de expressão oral e escrita, com outras
áreas artísticas e culturais, a sua acessibilidade decorre de uma criteriosa e criativa
gestão do espaço e do tempo de utilização, bem como de recursos humanos que apoiam
esta área de serviços aberta a toda a comunidade educativa” (p. 9).

É curioso constatar que em nenhum outro relatório de anos posteriores há


referências parecidas às bibliotecas. Dos três relatórios analisados do ano de 2007,
aquele que mais referências faz à BE é o da EB1/JI de Monte Abraão: diz-se que existe
uma professora na Biblioteca Escolar/Centro de Recursos (p. 3); que houve uma
melhoria em diversos espaços escolares, de entre os quais se nomeia a Biblioteca (p. 6);
que se dá apoio ao estudo a alunos com dificuldades curriculares num espaço a isso
destinado no Centro de Recursos (p. 8) e que “a frequência da BE/CRE pelas crianças e
alunos constitui uma rotina já instituída. Assim, cada turma tem definido o seu horário
de requisição de livros na Biblioteca. Neste espaço, decorado com a participação dos
alunos, realizam-se actividades de pesquisa, leitura, reconto, dramatizações, entre
outras, decorrentes da adesão ao Plano Nacional de Leitura” (p. 8). Na página 10 refere-
se que se procura fazer horários para que cada turma possa utilizar diferentes espaços da
escola como a Biblioteca, que faz parte da Rede de Bibliotecas Escolares. Nesta escola,
é nítido que a Biblioteca se encontra a prestar um serviço importante nas aprendizagens
dos alunos.
Na Escola Secundária Poeta António Aleixo, porém, não acontece a mesma
coisa. Aliás, esta escola tem uma “Biblioteca Escolar/Centro de Recursos” e um “Centro

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de Aprendizagem” (p. 3), facto que é surpreendente uma vez que parece haver uma
duplicação das funções da Biblioteca, por excelência um “centro de aprendizagem”. O
que se faz no “Centro de Aprendizagem” é referido na página 4, 5 e 7, havendo apenas
uma referência à biblioteca nestes termos: “O Clube de Teatro, O Programa Regional da
Educação Ambiental pela Arte e as actividades desenvolvidas com a comunidade, no
âmbito da Rede Nacional de Bibliotecas (Concursos de Poesia e de Fotografia, Feira do
Livro, sessões de sensibilização para a Música, exposições, entre outras), são também
contributos para tornar a escola um verdadeiro espaço cultural e formativo” (p. 8). Não
fica nada claro que papel desempenha a biblioteca naquela escola.
No Agrupamento de Escolas do Pico de Regalados, a biblioteca faz parte da
Rede de Bibliotecas Escolares mas apenas se diz que: “existem Bibliotecas escolares em
3 EB1 do Agrupamento, estando a dinamização de duas a cargo de uma funcionária da
Câmara Municipal de Vila Verde” (p. 10). Nada nos é revelado sobre o tipo de
dinamização que é feito.
No que diz respeito à Escola Secundária c/3.º Ciclo do Ensino Básico Padre
Alberto Neto, faz-se referência à biblioteca/centro de recursos aquando da inventariação
do que existe na escola (p. 3) e, mais à frente, sublinha-se que a biblioteca foi
“apetrechada pela Rede Nacional de Bibliotecas Escolares” (p. 8) e que “oferece
possibilidades acrescidas de apoio académico, sendo procurada pelos alunos para
ouvirem música, realizarem trabalhos, fazerem pesquisa na Internet, lerem ou
visionarem filmes” (pp. 8-9). No entanto, acrescenta-se que existem muitas limitações
no que diz respeito ao acesso, por parte dos alunos, às ferramentas informáticas fora das
aulas de TIC, “limitando-se à utilização de alguns computadores disponíveis na
biblioteca” (p. 9). Do ano de 2008, este é o relatório em que mais referências são feitas à
Biblioteca.
No relatório do Agrupamento de Escolas Dra. Maria Alice Gouveia existe uma
ambiguidade notável. Diz-se que a biblioteca faz parte da Rede de Bibliotecas Escolares
e que “as dinâmicas da Biblioteca” constituem oportunidades que potenciam a educação
e a formação integral do aluno (p. 8). A propósito da Gestão dos Recursos Humanos, é
dito: “O plano de formação do pessoal docente e não docente contempla um conjunto de
acções que privilegiam a utilização das tecnologias de informação e comunicação, a
avaliação do desempenho, a organização e animação da Biblioteca Escolar […]” (p. 9).
E é tudo. Não se chega a saber quais são “as dinâmicas da Biblioteca”.

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O relatório do Agrupamento Vertical Afonso Betote ainda é mais vago. O ponto
“3.3. Gestão dos Recursos materiais e financeiros” começa da seguinte forma: “A
biblioteca/centro de recursos da escola sede e das escolas associadas com ligação à
Rede de Bibliotecas Escolares responde às múltiplas e distintas necessidades dos alunos
e professores, sendo considerada pelos alunos como o espaço de eleição” (p. 10).
Responde de que forma? Os alunos consideram-no um espaço de eleição para fazer o
quê exactamente? Nada se adianta sobre o assunto, mas curiosamente “a dinâmica das
Bibliotecas Escolares do agrupamento” é considerada um Ponte Forte na avaliação (p.
12). Também é só através da frase transcrita que ficamos a saber que se trata de mais do
que uma biblioteca.
Os relatórios de 2009 continuam a ser parcos no que concerne às bibliotecas
escolares. O do Agrupamento de Escolas de Mafra refere (num parêntesis) que há
actividades organizadas pela BE/CRE (sem dizer quais e que importância têm) (p. 8);
que “a assistente operacional que exerce funções na BE/CRE tem formação em arquivo
e documentação” (p. 9); que a biblioteca se encontra integrada na Rede de Bibliotecas
Escolares (p. 9); que “os recursos, espaços e equipamentos estão bem organizados e
acessíveis na BE/CRE” (p. 10); e que “A BE/CRE tem desenvolvido algumas
actividades de consolidação da identidade do Agrupamento, entre as quais um projecto
de escrita criativa que envolve todos os níveis de educação e ensino” (p. 11). Fica por
saber como é que o projecto de escrita criativa desenvolveu a consolidação da
identidade do Agrupamento e que consequências importantes tem o facto de a assistente
operacional ter a formação que tem. Elencam-se uma série de coisas avulsas, relativas à
biblioteca, sem serem retiradas as devidas conclusões.
O relatório do Agrupamento de Escolas D. Fernando II é ainda mais lacónico:
“A atenção dada à dimensão artística é visível através das diversas iniciativas planeadas
no âmbito da actividade motora e desportiva, através das AEC, do desporto escolar e da
dinamização das Bibliotecas Escolares de cada unidade educativa” (p. 9). A biblioteca é
referida apenas mais uma vez a propósito da colocação de “monitores de recreio e
biblioteca nas EB1 com JI” (p. 12).
O relatório da Escola Secundária com 3.º Ciclo do Ensino Básico de Sacavém
realça um pouco mais a Biblioteca/Centro de Recursos. Para além de se encontrar bem
equipado, este espaço é “acessível à comunidade local e aos alunos do ensino nocturno”
(p. 4); dinamiza “concursos de desenho, texto (poesia e prosa) e fotografia, uma feira do
livro e exposições temáticas” (p. 8); “é um espaço de promoção das aprendizagens” (p.

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9). Como um dos Pontos Fortes, o relatório destaca: “A Biblioteca Escolar/Centro de
Recursos Educativos como um espaço de promoção das aprendizagens, bem equipado e
acessível aos alunos do ensino nocturno e à comunidade educativa” (p. 12).

Uma pergunta se impõe: porque é que nunca mais a BE voltou a ter a


centralidade que era tão vincada no primeiro relatório analisado?

Conclusão

A análise feita, juntamente com a passagem recente da inspecção na escola onde


trabalho, evidenciam que há um certo desconhecimento sobre a centralidade que a
biblioteca escolar deve desempenhar nas aprendizagens dos alunos.

Cabe-nos a nós, professores bibliotecários, colher o máximo de evidências que


provem a natureza insubstituível do trabalho que se desenvolve nas bibliotecas
escolares, a diversos níveis, tal como temos vindo a constatar. A importância da
biblioteca escolar deve ser de tal forma clara que haverá necessidade, provavelmente
num futuro próximo, de abrir um item, nos relatórios de avaliação, em exclusivo para a
biblioteca escolar.

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