Faça uma análise crítica ao Modelo da Auto-Avaliação das
Bibliotecas Escolares
Eu acho que presentemente, às bibliotecas escolares, é
reconhecido um papel determinante na dinâmica das escolas, nomeadamente o seu contributo para a criação de hábitos de leitura e a promoção das literacias e a sua importância, é cada vez maior na aplicação das metodologias educativas mais activas e centradas no aluno. Deve haver, por isso, uma gestão competente, baseada em estratégias e em acções concretas que implicam não saber fazer, mas também saber o que fazer e com fazer para atingir um determinado fim. A Biblioteca tem que ser um local de pesquisa, comunicação, partilha e interacção; um local onde se trabalha em comunidade e pesquisa em diversos suportes; onde se conhecem propostas validadas pelos professores e pelos professores bibliotecários. Mas esse conhecimento não pode ser acessível apenas dentro das suas quatro paredes. Ao contrário, a nova biblioteca transformada agora em centro de recursos deve ser acessível a partir de qualquer lado, mesmo de casa. Para proceder a uma avaliação adequada, a BE/CRE deve munir-se de instrumentos de avaliação adequados que ajudem a proceder a uma avaliação da quantidade, mas sobretudo da
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qualidade dos serviços que presta. A criação de um Modelo para avaliação das bibliotecas escolares permitiu dotar as escolas/ bibliotecas de um quadro de referência e de um instrumento que lhes permitiu a melhoria contínua da qualidade, a busca de uma perspectiva de inovação. Pretendeu-se induzir a transformação das bibliotecas escolares em organizações capazes de aprender e de crescer através da recolha sistemática de evidências de uma auto-avaliação sistemática. Considero importante o modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares que se baseia no Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares Inglesas, com adaptações, nomeadamente àquelas que reportam às especificidades das bibliotecas escolares e do sistema de ensino Português e sobre a realidade da escola portuguesa, pelo que pode ser considerado um modelo fiável, permitindo alguma homogeneidade de orientações e critérios a nível nacional. Não pode, no entanto, ser considerado um modelo fechado, já que cada escola deve adaptá-lo à sua realidade concreta. Parece-me que a sua finalidade primordial não é verdadeiramente a avaliação, mas sim a realização, adaptação e correcção de procedimentos, de modo a que a função da BE/CRE atinja o máximo possível dos objectivos para que esta foi criada.Apreciei a indicação de exemplos de acções para melhoria. Também me pareceram pertinentes os quatro domínios e respectivos subdomínios de observação: A – Apoio ao Desenvolvimento Curricular; B – Leitura e Literacias; C –
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Projectos, Parcerias e Actividades Livres e de Abertura à Comunidade; D – Gestão da Biblioteca Escolar.
Cada domínio é apresentado num quadro que inclui um conjunto
de indicadores temáticos que se concretizam em diversos factores críticos de sucesso. Desta forma, e embora seja proposto que a auto-avaliação vá sendo feita ao longo de quatro anos o modelo adopta uma aproximação à realidade por etapas que, tendo em conta o contexto interno e externo da biblioteca escolar, devem levar o professor bibliotecário e a sua equipa a seleccionar o domínio a ser objecto de aplicação dos instrumentos. O ciclo completa-se assim ao fim de quatro anos e deve fornecer uma visão global da biblioteca escolar. Cada etapa compreende assim um ciclo, tendo em atenção sucessivamente cada um dos domínios. Acho que na planificação das actividades anuais da biblioteca escolar e na sua prática concreta, os diversos itens de avaliação sejam considerados linhas orientadoras a ser tomadas em conta.
O Modelo de Avaliação está directamente ligado ao
processo de planeamento da biblioteca escolar que deve corresponder em timing, objectivos, propriedades e estratégias definidas pela escola/ agrupamento. As decisões a tomar devem, assim, basear-se nas evidências e informação recolhidas, mas devem sempre ter em conta o ambiente interno (condições estruturais) e externo da biblioteca: oportunidades e ameaças, prioridades da escola, adequação aos objectivos e estratégias de
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ensino/ aprendizagem. Concordo com o que é dito no Modelo de Auto-Avaliação quando diz que a avaliação não constitui um fim, devendo ser entendida como um processo que deverá conduzir à reflexão e deverá originar mudanças concretas na prática. Hoje, a avaliação centra-se, essencialmente, no impacto qualitativo da biblioteca, isto é, na aferição das modificações positivas que o seu funcionamento tem nas atitudes, valores e conhecimento dos utilizadores. O responsável pela biblioteca, o professor bibliotecário, deve deixar de assumir apenas um papel reactivo, ou seja uma posição em que procura apenas responder de forma adequada às solicitações que lhe chegam, para passar a ter um papel proactivo isto é deve tomar a iniciativa, ir à procura de soluções, antecipar necessidades. Deve-se envolver na procura de uma melhoria permanente, procurar desafios e novas oportunidades dentro e fora da escola, deve ser observador e investigativo, procurar parceiros e alianças, criar um bom ambiente de confiança e respeito mútuo, ter boas capacidades de comunicação, trabalhar bem em equipa, ter capacidade para planear, gerir e avaliar de acordo com a missão e objectivos da escola, saber exercer influência junto de professores e alguns deles são tão teimosos, anti-mudança nas suas práticas escolares e do órgão directivo, apresentar uma atitude flexível e positiva num tempo em mudança contínua e por fim ter disponibilidade para a aprendizagem ao longo da vida.