2 extra
EDITORIAL
Cinemas de rua: um marco cultural que está sumindo
Gibran Teske
Cine Art Palácio Copacabana
no Rio de Janeiro, Cine São José
em Florianópolis, Cine Ricamar no
Rio de Janeiro, Cine Copacabana
no Rio de Janeiro, Cine Ritz em
Florianópolis e Cine Vitória em
Tubarão. Esses foram alguns
cinemas de rua que frequentei sem
saber que em 2000 se tornaria
indiretamente uma grande influên-
cia na minha vida, levando-me a
descobrir que o mundo da sétima
arte era a minha verdadeira
vocação. Posso um dia dizer para
os meus filhos e netos: “eu tive a
honra de assistir Uma Escola
Atrapalhada (último filme do
Zacarias) e Os Trapalhões e a
Árvore da Juventude (último dos
Trapalhões) em um cinema de rua”.
Infelizmente nos dias de hoje
esses cinemas que eu citei no
começo desse artigo não existem
mais. Tornaram-se academias de
ginástica (Cine Copacabana) ou
templos de igrejas evangélicas
(Cine Vitória, Cine Ritz, Cine São
José), o que me leva a perguntar
para mim mesmo: por que estou
escrevendo sobre isso? Nostalgia
repentina.
Dói o coração quando eu
passo na frente do Cine Ritz em
Florianópolis e ainda está aquele
letreiro “Renascer Ritz”. Ou saber
que assim que a gananciosa Igreja
Universal se mudou para o
megatemplo, abandonando o
imóvel que há 16 anos ocupou o
lugar onde funcionava o Cine São
José, deixando nas mãos das
imobiliárias
Por isso nesse humilde artigo,
defendo a restauração, moderniza-
ção e reativação dos cinemas de
rua, pois muitos deles são
considerados patrimônio histórico
da cidade devido a sua
arquitetura. Sem contar que é
muito mais fácil para o povo, que
não têm grana para ir ao um
shopping Center, pagar R$12 em
um Cinemark e poder assistir a um
filme.
extra
Fale com a gente!
ESPAÇO DO LEITOR
O Extra precisa da sua opinião
agcom@unisul.br
(48)3621-3303
Reitor: Ailton Nazareno Soares | Vice-Reitor: Sebastião Salésio Herdt | Pró-Reitor
Acadêmico: Mauri Heerdt | Chefe de Gabinete: Willian Máximo | Secretário-Geral da
Reitoria: Albertina Felisbino | Pró-Reitor de Administração: Fabian de Castro
EDITORIAL
Saúde é direito QUASE de todos
QUASE
Fabiana Pangrácio
A vida do brasileiro de classe baixa já não é
fácil. Complica mais ainda quando o assunto é
saúde. Depender da boa vontade de funcionários
públicos, muitas vezes mal pagos, é praticamente
uma tortura quando o sofrimento é grande.
Acordar de madrugada, enfrentar filas de
espera, ser atendido em ambientes não
adequados, e mais uma infinidade de problemas,
fazem a população parecer mais “reclamona” do
que já é rotulada.
É fato que o Sistema de Saúde no Brasil é um
setor precário. As prefeituras não se empenham
o bastante, tentando equilibrar o investimento
em cada área para não ouvir reclamações no final
do mandato.
Mas se pararmos para pensar, só se pode
usufruir de outros setores, como cultura, esporte,
educação, meio ambiente, se a saúde estiver bem.
Segurança insegura
Denise de Medeiros
Quando algo de ruim acontece você pensa em
pedir ajuda para quem? Familiares, um vizinho talvez
e, em último caso, à polícia? É, os homens da lei que
deveriam proteger a população, estão cada vez mais
brutos e causam cada vez mais medo.
Essa é a realidade dos bairros mais simples de
Tubarão e de tantas outras cidades. Em lugares
onde o tráfico é prática comum, sempre acaba
sobrando para os honestos. Pessoas que por falta
de condições financeiras se veem obrigadas a
morar nessas áreas de risco.
Há dois meses um homem foi brutalmente
espancado até quase a morte – o que viria a
acontecer dias depois no hospital – por policiais
militares. Ele não tinha passagem pela polícia e
não estava envolvido com o tráfico. Seu único
delito, seu único erro foi morar no Beco do
Quilinho, conhecida “boca de fumo” do município.
O acontecimento revoltou a população, em
Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social – Jornalismo – da Unisul, Campus Tubarão
Textos e fotos: alunos do 6º Semestre/Prof. Cláudio Toldo | Edição: alunos do 7º Semestre/Prof. Ildo Silva | Opinião: alunos do 7º
Semestre/Profª. Darlete Cardoso | Diagramação, Planejamento Gráfico e Montagem da Capa: Alexandre Frazão, Chênia Cenci, Jábson
Müller, Samira Pereira e Vivian Sipriano, 7ª fase/Jornalismo | Fotos da Capa: Alexandre Frazão, Stephanie Piava, Amanda Tesman,
Emanuel Machado e Jábson Müller | Contracapa: Danielle Zabotti/Profª. Valéria Braga
Coordenadora do Curso de Comunicação Social: Profª. Darlete Cardoso
Coordenador do Jornal-laboratório: Prof. Cláudio Toldo | Impressão: Gráfica Soller
Então, não entendo por que não priorizam de uma
vez por todas esse setor esquecido por muitos
chefes de governos. Talvez eu entenda sim.
O plano de saúde com atendimento cinco
estrelas, pagos em dia pelas pessoas favorecidas
economicamente, não tem motivo para
reclamações. Pelo contrário, são só elogios. É
claro! Os médicos, enfermeiros e assistentes são
muito bem pagos. E cá entre nós, quem trabalha
no que gosta e ainda por cima tem um valor
polpudo na conta no começo do mês, vive feliz
da vida.
Não estou afirmando que todos tenham as
mesmas regalias. Claro que quem investe tem que
ter um atendimento bom. Mas e quem não tem
como pagar, fica como? Todos pagam impostos,
é direito do cidadão e principalmente dever do
governo mostrar serviço.
especial moradores já cansados de conviver com
tanta violência.
Revistas em mulheres feitas por homens,
jovens agredidos por andarem nas ruas depois
das 22 horas são práticas comuns. Abaixo-
assinados, caminhadas de protesto, pedidos de
justiça, tudo isso foi feito por familiares e amigos,
sem nenhum resultado aparente.
Esses moradores viram de perto o abuso de
poder da polícia chegar ao extremo. Quem vive em
locais nobres ficou sabendo do caso através da
imprensa. Provavelmente pensaram “devia estar
envolvido com o tráfico”.
Engano, um homem comum, honesto e
trabalhador como tantos outros. Um homem que
sentiu na pele o preconceito daqueles que deviam
protegê-lo. Policiais que são pagos pelo governo
e que praticam uma segurança tão insegura. Uma
segurança de aparência e preconceito.
Curso de Comunicação
Social
Novembro de 2009
Os estragos
da chuva
Samira Pereira
As fortes chuvas dos últimos
tempos vêm causando muitos
prejuízos aos cidadãos. E estas
perdas não se resumem apenas às
roupas que não secam ou goteiras
que cismam em molhar casa, mas
também às estradas e rodovias
que não suportam a força das
águas. A pavimentação, com ou
sem a camada asfáltica, não é forte
o bastante para suportar a imensa
quantidade de chuva que cai
periodicamente. A capacidade das
drenagens é posta à prova e
infelizmente, na maioria das vezes,
não cumpre devidamente seu
papel, jorrando água para as
estradas, complicando ainda mais
a situação.
O tempo não dá trégua, e nem
mesmo os meteorologistas têm
mais certeza do que vai acontecer
nos dias subsequentes. Mas não
é por isso que as autoridades
competentes devem deixar tudo “a
Deus dará” e esperar o sol voltar a
raiar. A população pede auxílio e
conta os prejuízos causados pela
falta de infra-estrutura.
Se nem São Pedro é poupado
dos pedidos e mostras de
indignação por parte dos
moradores, imagine o secretário de
obras ou prefeito municipal. A
chuva continua caindo, os
buracos persistem em crescer e os
habitantes seguem exigindo
melhorias na estrutura de suas
localidades. Que tal tomar alguma
providência?
Não são poucas as localidades
que sofrem este drama, nem raros
os acidentes causados pela falta
de cuidado e descaso. Sendo
assim, engana-se quem pensa que
somente o nível do rio cresce com
tanta água vinda do céu. Os
estragos e prejuízos materiais
continuam a subir, e subir, e subir.
 extra
Novembro de 2009
Cemitério de Orleans: falta de
iniciativa revolta população
Stephanie Piava
editado por Samira Pereira
Os moradores da cidade de
Orleans tiveram a tranquilidade
interrompida por um forte barulho
por volta das 19 horas do dia 9 de
setembro. Ao checarem o que havia
ocorrido perceberam que parte do
cemitério desmoronou destruindo
capelas e túmulos.
O fato revoltou os orleaneses que
há tempos pediam medidas urgentes.
O muro que estava sendo construído
pela empresa Fred Serviços Funerá-
rios, contratada pela prefeitura, não
apresentava estrutura nem
fiscalização necessária.
Logo após o episódio, a adminis-
tração do cemitério iniciou a limpeza
da Rua João Aparício Volpato e o
recolhimento de restos mortais que
ficaram expostos. Dois guinchos da
prefeitura também foram enviados ao
local para auxiliar nos trabalhos.
Autoridades municipais promete-
ram medidas urgentes para
solucionar definitivamente o
problema, mas até então nada foi
decidido. Para piorar a situação, com
as fortes chuvas desta época do ano,
ainda há risco de novos desmoro-
namentos.
O administrador do cemitério,
Fredemar Antunes, defende a
construção de uma galeria de
gavetas mortuárias em vez de um
muro de contenção. No dia 22 de
setembro ele entregou um projeto da
obra ao executivo. "A obra de
construção de uma galeria de
gavetas que eu proponho tem
capacidade para inúmeros
Atividades desenvolvidas geram recursos para a comunidade
DIREITO PÚBLICO
DIREITO
sepultamentos, segurança e
embelezamento do local. Certamente
é a melhor solução", assegura
Antunes
O prefeito Jacinto Redivo, porém,
já anunciou que os engenheiros da
prefeitura vão elaborar outro projeto
para a construção de um muro de
concreto ao redor do cemitério. "A
meu ver e dos nossos engenheiros, o
muro é a melhor opção no momento",
salienta Redivo. O projeto também
inclui a modificação da fachada do
cemitério e a construção de um
calçadão ao lado do muro.
O presidente da casa legislativa
de Orleans, Osvaldo Cruzetta, diz que
os vereadores já sugeriram obras no
cemitério há mais de um ano e que
não podem resolver o problema
porque apenas fiscalizam e sugerem
ações administrativas. Segundo ele,
os legisladores estão cumprindo seu
papel e cobram agilidade nessa
questão. "Alguma medida tem que ser
tomada e nós cobramos isso do
executivo. Desta forma não tem como
continuar", enfatiza.
Cogita-se também que o
cemitério seja transferido para um
local mais reservado e apropriado
para acomodar um número maior de
capelas e túmulos.
Apesar dos projetos e sugestões
das autoridades municipais, o maior
questionamento é se realmente houve
fiscalização e por que chegou a esse
ponto. Admir Ronsoni, responsável
por esse setor, afirma que os fiscais
cumpriram devidamente o seu
trabalho e que inúmeras intimações
foram enviadas ao administrador do
cemitério, que não atendeu a
Vanessa Valentim Buss
Parte do cemitério desmoronou no dia 9 de setembro e o problema ainda não foi solucionado
nenhuma delas. Ronsoni ainda acusa
Antunes de agir como se fosse dono
do espaço físico e que o mesmo já
proibiu os fiscais de entrar no local.
"Eu jamais fiz isso, o cemitério é
público, é do povo. Entra lá quem
quiser!", rebate Antunes.
Uma das alternativas levantadas,
em caso de uma situação
insustentável entre o município e a
empresa que administra o cemitério,
é a rescisão do contrato. O prefeito e
o presidente da Câmara alegam que
se for preciso, essa será a atitude
tomada, porém Ronsoni alerta que
com essa ação a prefeitura terá que
arcar com todas as despesas.
Bairro Santa Ana em ação
Vanessa Valentim Buss
editado por Guilherme Simon
O bairro Santa Ana, em
Forquilhinha, está se mobilizando
com várias atividades a fim de
arrecadar fundos para a
comunidade. O presidente da
Associação de moradores do bairro,
João Paulo Mariot, disse que apesar
de já estar no fim de seu mandato,
ele, juntamente com a diretoria,
ainda tem muitos planos para
beneficiar os moradores. Com um
ano e meio de atuação na
localidade, já realizaram dois
torneios de canastra, um torneio de
futebol, um jantar dançante, uma
festa em comemoração a duas
vitórias consecutivas do bairro no
Interbairros, e uma festa em
Assuntos que dizem respeito ao
cemitério de Orleans já são discutidos
há algum tempo. Em 2006 a
população que mora nos arredores
do cemitério iniciou um abaixo
assinado pedindo obras de
revitalização e reestruturação do local.
Centenas de assinaturas foram
recolhidas e cópias do documento
foram entregues ao executivo, ao
legislativo e aos meios de
comunicação da cidade. O fato
gerou pouca mobilização e em menos
de um mês o abaixo assinado foi
esquecido. "Nós tentamos evitar que
o pior acontecesse. Não fomos
ouvidos e hoje estamos nessa
comemoração ao dia das crianças,
no dia 17 de outubro.
A festa das crianças adotou o
nome de Santa Ana Fest, e os
realizadores pretendem continuar
nos próximos anos. A rua do centro
comunitário foi fechada para a
segurança das crianças. Brinquedos
como cama-elástica, pula-pula
inflável e piscina de bolinhas foram
disponibilizados para a comunidade.
Um palhaço animou o dia. A festa
começou às 10h e foi até as 17h.
Ao meio-dia, foi servido cachorro-
quente e suco, tudo por conta da
associação. Foram distribuídos
também brinquedos, pipoca e
algodão-doce.
Jéssica Panazzolo, 8 anos, disse
que gostou muito da festa, e que
adoraria vir outros anos também. A
3
Foto: Stephanie Piava
situação", protesta Otília Volpato,
cidadã orleanense e uma das
integrantes do movimento.
Moradores também reclamam da
hostilidade do administrador do local,
outros protestam por causa dos
entulhos que são despejados na rua
ao lado do cemitério pela empresa
que presta serviços e há muito tempo
são feitas reivindicações quanto à
necessidade de obras estruturais.
Apesar das inúmeras reclama-
ções, a empresa tem contrato para
continuar seus trabalhos até 2010.
Quanto às obras, o prefeito Jacinto
Redivo, em julho deste ano, já havia
revelado a existência de um amplo
moradora do bairro, Josane Buss,
de 45 anos, disse que esse é um
evento muito bom para as
crianças, pois ao invés de ficarem
na frente da TV, ou pensando e
fazendo besteiras por aí, estavam
brincando e se divertindo, como
toda criança deveria fazer.
Algumas mães do Clube de
Mães da Santa Ana estavam
presentes para o sorteio de brindes
de uma rifa.
A comunidade já tem novo
projeto em vista: fazer um
parquinho atrás do centro
comunitário, com vários tipos de
brinquedos. O próximo evento que
irão fazer é a Festa do Vizinho, que
se pretende tornar um costume do
local, além de integrar os mora-
dores.

4 OBRAS
Pontos positivos e negativos na
infraestrutura da região Sul
Amanda Tesman
Christian Sousa de Bona
Laís Mari Rabelo
editado por Alexandre Frazão
Ultimamente os motoristas de
Criciúma precisam de muita
paciência e atenção ao trafegar
pela cidade. Isso porque a cidade
está passando por obras de
saneamento básico e, por conta dos
trabalhos, muitas ruas foram
interditadas e outras tiveram
sentidos trocados.
A maior reclamação da
população é referente à lentidão na
finalização de cada lote de
trabalho, o que deixa o trânsito
lento, além de diminuir o movimento
em lojas onde a rua está sendo
“quebrada”.
Segundo o engenheiro
responsável pela fiscalização de
obras da Casan, Luiz Alexandre da
Rocha, a primeira etapa da obra,
que visa reformar o esgoto da região
central do município, deve ser
concluída no início de 2010. Logo
após, a segunda etapa deverá ser
iniciada, desta vez trabalhando o
saneamento no bairro Próspera.
"É um trabalho em conjunto.
Nós arrumamos o esgoto e a
prefeitura fica responsável por
consertar a pavimentação. Em
algumas ruas já fizemos o
fechamento das valas e a prefeitura
já revitalizou o asfalto. Mas não é
possível fazer isso em todas as vias,
damos prioridade às principais,
onde o tráfego é mais intenso",
explica Rocha.
As obras estão sendo feitas com
objetivo ambiental. De acordo com
o engenheiro, todos os esgotos da
região central da cidade chegavam
ao Rio Criciúma, e isso era um forte
foco de disseminação de doenças.
As obras da Casan estão
causando grande transtorno no
trânsito, principalmente nos horários
de maior movimento. É difícil
realizar uma obra sem causar algum
transtorno.
É por esse motivo que o técnico
em informática Ricardo Comin
procura não se irritar com as obras.
"Creio que servem para a melhoria
da cidade, então é valida",
comenta. O administrador Cristiano
Zanetta lembra que os transtornos
gerados hoje não são nada perto
dos benefícios que a obra irá trazer
no futuro.
O deputado estadual e ex-
prefeito de Criciúma, Décio Góes,
diz que essas obras são necessárias
e já vem sendo reivindicadas há
muito tempo. Porém, a prefeitura
está deixando a desejar em alguns
extra
Novembro de 2009
Fotos: Amanda Tesman
aspectos.
"A prefeitura teria que cumprir o
seu papel, mas não está fazendo.
Pelo contrário, está autorizando a
abertura de novos lotes de obra,
antes mesmo de terminar o anterior,
o que está causando esses atrasos",
enfatiza.
Parte da Avenida Centenário
está cheia de buracos, ocasionando
prejuízos como pneus furados e
problemas no balanceamento dos
carros.
E uma medida tomada nos
últimos dias pode retardar ainda
mais a finalização dos trabalhos. As
obras na Rua Cel. Pedro Benedet
devem ser paralisadas em
novembro, e com previsão para
recomeçar apenas em janeiro do
ano que vem. A decisão foi tomada
a pedido da CDL, já que na época
de final de ano o fluxo de pessoas e
carros é intenso na busca pelos
presentes de Natal, e as obras estão
atrapalhando o trânsito.
Para o presidente da CDL, Júlio
César Wesller, a paralisação é
necessária. "Estamos atendendo ao
pedido dos lojistas, que
contabilizaram muitas perdas em
função das obras", ressalta. Segundo
ele, o momento é propício para as
lojas recuperarem as perdas dos
últimos meses.
O pedido de interrupção lista as
vias Barão do Rio Branco, Lauro
Müller, Santo Antônio, Marechal
Deodoro, Marco Rovaris e Getúlio
Vargas, que terão as obras
retomadas apenas em janeiro de
2010, quando o movimento
diminui.
Muitos lojistas tiveram queda nas
vendas durante o tempo em que a
obra atrapalhou. A comerciante
Luciani Cavaller teve a entrada de
seu estabelecimento obstruída por
um cavalete durante os dias que a
obra foi feita na rua em frente à loja.
Os problemas não pararam por aí,
além das vendas não acontecerem,
ainda foi preciso muita paciência
por parte dos lojistas e funcionários
para conseguirem manter a loja Lojistas
limpa. "Era preciso passar pano pedem
paralisação
umas quatros vezes por dia no chão
da obra,
e nos móveis. Era muita poeira e devido ao
quem conseguia entrar ainda estava movimento
com o calçado sujo", lembra. do Natal.
Apesar de as obras terem sido Algumas
interrompidas, alguns empecilhos das ruas de
permanecem “incomodando” a Criciúma
população. Muitas calçadas estão estão
por fazer, com buracos ou sem praticamente
intrafegáfeis
meio-fio. Além da falta de
sinalização, que causa dificuldades
a alguns motoristas, para trafegar
e até mesmo para estacionar o
carro.
 extra
Novembro de 2009
Ruas de Sombrio recebem saneamento
Jábson Muller
editado por Alexandre Frazão
No momento eles não são as
figuras mais estimadas pela
população. Isso porque, por onde
passam, vão deixando estragos para
trás. Mas tudo o que querem é fazer
bem seu trabalho e terminá-lo o mais
rápido possível. Para alguns, a
jornada é longa. Anderson Damião
Preve vem de Nova Veneza trabalhar
na construção da rede de esgoto de
Sombrio. Ele e outros 11colegas
daquela cidade, sede da empreiteira
FCA (terceirizada pela construtora
Setep para implantar o sistema de
esgoto), pegam o transporte da
empresa às 5h40min, para estar às
7 horas esburacando as ruas por
onde a tubulação vai passar. A
jornada termina às 17 horas, quando
o grupo percorre mais de 60 km de
volta para casa. Para outros, o
retorno é mais rápido. Adair Silvano
Santos mora em Sombrio e antes de
virar empregado da FCA, há 11
meses, trabalhava na roça. Não se
arrepende da troca: "é melhor do
que plantar fumo", diz. A obra abriu
Estrutura preocupa moradores de Braço do Norte
Alexandre Frazão
Editado por Jábson Muller
Há tempos que a população
de Braço do Norte sofre com a
situação das ruas da cidade. As
chuvas no final do mês de
setembro apontam para uma
realidade bastante complicada na
malha viária do município. No
Ruas de Braço do Norte estão
cerca de 20 vagas para
trabalhadores locais, informa o
engenheiro civil Márcio Antônio
Colares, que mora em Balneário
Gaivota. Ele explica que os serviços
seguem em três frentes de trabalho,
duas na instalação da rede e uma
nos chamados elevatórios, pontos
em que é feito o bombeamento dos
dejetos para a estação de
tratamento.
Colares conta que cortar
calçamentos e calçadas é tarefa difícil
para funcionários. E fica pior com
os percalços que surgem. "Às vezes
alguém briga conosco por causa das
ruas fechadas. No começo era pior
ainda, os motoristas não respeitavam
nada, passavam por cima das
placas", explica. Ele acredita que a
obra estará concluída até o final do
ano. Será uma das poucas cidades
do estado oferecendo saneamento
básico a sua população. Com a
colaboração do tempo, são
recuperados aproximadamente 300
metros de rede por dia, com a
colocação de asfalto utilizando mão-
de-obra e máquinas da Secretaria
de Obras.
interior, ônibus escolares tiveram
que ser baldeados e no perímetro
urbano uma rua abriu uma cratera
e um caminhão da prefeitura foi
engolido.
O mês de setembro foi
particularmente assustador para
moradores da Rua 22 de Outubro,
no bairro São Francisco de Assis. A
chuva que veio forte no dia anterior
precisando de reparos; estrutura não aguentou a força d’água
OBRAS
Obras do ssistema
istema de tratamento de esgoto oferece vagas de trabalho para a população d a região
cavou um enorme buraco por drenagem. A estrutura não
debaixo da pista e o caminhão agüentou a força da água e cedeu.
conduzido pelo funcionário público De acordo com o secretário de
Valmor Antunes Santana, 51 anos,
Planejamento André Leandro
caiu, deixando o motorista e Richter, a empresa que realizou o
caroneiro com ferimentos leves.serviço tem até o final do ano para
Conforme a Secretaria de Obras,
entregar a obra refeita. "A
a pavimentação da rua, terminada
empreiteira pediu 90 dias de prazo
em fevereiro deste ano, não foi bem
para refazer o serviço. Os
feita, apresentando problemas de
engenheiros da prefeitura avaliaram
Foto: Alexandre Frazão o caso em conjunto com os
moradores, e foi acordado com os
responsáveis pela obra o prazo de
entrega para dezembro deste ano",
completa.
Naquela mesma semana a
comunidade do bairro Nossa
Senhora de Fátima começou a
sofrer com vários buracos, valos e
esgoto a céu aberto na Rua
Bernardo Heidemann, que também
vão levar algum tempo para serem
solucionados. Para o comerciante
Edinei Blasius, o caso é sério e
requer urgência. "Há crianças no
bairro que brincam perto do esgoto.
E sabemos que as doenças
contraídas por esse meio são graves.
Precisamos de uma solução
urgente", enfatiza.
Já a dona de casa Olivia
Meurer Orben reclama que o esgoto
corre em frente a sua casa, e que a
situação está cada dia mais difícil.
"Faz quase um mês que sofremos
com esgoto de banheiro passando
em nossa porta. O mau cheiro é
insuportável e quando buscamos
solução na Secretaria de Obras,
dizem que temos que esperar",
5
Foto: Jábson Muller
da
desabafa.
O prefeito Evanísio Uliano
(PP) informa que a falta de
máquinas atrapalha a agilidade
dos serviços de recuperação
quando vêm as chuvas. Mas um
projeto foi encaminhado à
Câmara de Vereadores para
financiamentos de equipamentos.
Com essa aquisição ele acredita
resolver parte dos problemas.
"Queremos atender a todos,
porém está difícil com as
condições atuais. Com a
aquisição de máquinas,
poderemos contornar em parte
esta situação, pois nossa malha
viária é extensa e aos poucos
vamos atender todo mundo",
argumenta.
O secretário de Obras Edésio
Oenning acredita que se o tempo
colaborar até o fim do ano, a
situação vai estabilizar. "Nossa
equipe é batalhadora e estamos
resolvendo na medida do possível.
O objetivo é até dezembro atender
todos os bairros e interior. Mas,
para isso o tempo tem que
colaborar", salienta.
O secretário também informa
que o problema da Rua 22 de
Outubro está sendo resolvido em
parceria, pois a responsabilidade
da obra é da empreiteira.
Segundo ele, o caso do bairro
Nossa Senhora de Fátima é mais
complicado, pois estudos terão
que ser realizados para resolver
a situação.
 6 GERAL
Esperança a poucos metros
Renam Meinen e Anderson Machado
editado por Laís Mari Rabelo
As mãos cansadas do
aposentado Antonio da Rosa, de 65
anos, tentam arrumar a velha cerca
de sarrafos da casa dele. O último
vendaval que passou atingiu
também a favela do aeroporto em
Araranguá. Tanto o cercado, quanto
algumas telhas do barraco onde
Rosa vive, foram prejudicados. Mas
a esperança do morador ressurge 50
metros à frente daquele lote, onde
são construídas as novas casas do
conjunto habitacional Flor do
Campo.
"A promessa é que em breve eu
irei morar, pela primeira vez, em uma
casa de verdade e de material",
conta Antonio, ao apontar com uma
das mãos para o residencial. O sonho
do homem também é o de seus seis
filhos que estão na lista de espera
para entrar nas casas. Todos
nasceram e foram criados dentro da
favela, assim como os netos e
bisnetos.
Ali perto, outro barraco também
chama a atenção. Na frente do
local, não existe cercado, apenas
gramado. No barraco, mora o
auxiliar de serviços gerais Fabio
Antonio Rosa, de 31 anos. Ele sofreu
um problema nos pulmões e precisou
utilizar o benefício do INSS, há cinco
meses. Mensalmente, Fabio recebe
um salário mínimo, que sustenta os
quatro filhos e a mulher dele.
"Nós já estamos cansados de ser
enganados pelos políticos, que só
aparecem por aqui em tempos de
eleição. Depois disso, somem. Essas
casas aí, por enquanto, são só para
Gravatal: a energia das águas
Emanuel Machado
Mariane Mendes
editado por Laís Mari Rabelo
Gravatal é uma cidade
privilegiada por estar rodeada de
paisagens naturais. Seu maior
atrativo turístico são as águas
hidrominerais. O município está
localizado no sul de Santa Catarina,
a 150 km ao sul de Florianópolis.
A renda da maioria da população,
que hoje conta com 11 mil
habitantes, provém do turismo.
O prefeito Rudinei Carlos do
Amaral Fernandes conta que o
povoamento da cidade se deve ao
deslocamento de moradores da
colônia de Santo Antônio dos Anjos,
de Laguna. Porém, Gravatal só se
tornou município em 1961.
Antigamente as terras férteis
garantiam a economia da região,
mas, com o passar do tempo, foi
bonito. Uma mulher da prefeitura
passou por aqui, falou que em
setembro nós iríamos morar em uma
das casas novas. Até agora, nada",
ressalta.
"Todos irão passar o Natal
morando nas novas casas", diz o
arquiteto da Prefeitura de Araranguá,
Paulo da Silva, que também é
responsável pelo Setor de
Planejamento do município. O novo
conjunto habitacional tem 112 casas.
As térreas têm em média 41,25
metros quadrados e as de dois pisos
possuem em média 44 metros
quadrados. Uma creche para 120
crianças também já está pronta e irá
atender os filhos dos moradores do
residencial.
"O atraso se deu em função de
alguns serviços que precisaram ser
refeitos. Eles estavam previstos
inicialmente, mas com um custo
muito abaixo do que é realmente o
preço do mercado", confessa Silva.
Segundo o arquiteto, um item em
especial é o culpado pela demora:
a instalação da parte elétrica. Devido
a um erro ao consultar as planilhas
de custo, a Administração Municipal
pensou que o valor da implantação
da rede elétrica era muito menor do
que o estipulado pela companhia
vencedora da licitação da obra.
As famílias que ocuparão o
conjunto habitacional, de acordo
com a secretária do Bem-Estar Social
e Habitação de Araranguá, Claudete
Mazzuco, foram cadastradas dois
anos antes do início das obras do
projeto. A espera pela entrega das
casas tem incomodado os futuros
moradores.
Adelício Corrêa tem 61 anos e
substituída pelo turismo.
A água termal do município de
Gravatal é considerada a segunda
melhor do mundo. Só perde para o
complexo de Aux-les Therm, na
França. A água jorra a uma
temperatura média de 37ºC, é
captada e aproveitada in-natura
por hotéis e condomínios instalados
no complexo termal. O químico
industrial José Antônio Zappeline diz
que as águas hidrominerais de
Termas do Gravatal são de ótima
qualidade.
É feito constante acompanha-
mento com análises para controle
de potabilidade, equilíbrio dos
elementos da água e verificação de
infiltrações de lençóis. "Quem
controla é o Departamento de
Produção Mineral. Ele exige que a
caixa de captação seja mantida em
local fechado. A mesma exigência
é feita pela Vigilância Sanitária",
extra
Novembro de 2009
Foto: Anderson Machado
Conjunto habitacional tem 112 casas; as térreas com 41,25 m², e as de dois pisos com 44 m²
sete filhos. Três ainda moram com Germi dos Santos Pereira, de 46 oferta da nova habitação, no
ele. A mulher morreu há cinco anos, anos, é outro morador do bairro residencial. A promessa para ele,
vítima de câncer de mama. O Mato Alto que vive em condições contudo, era de que essa moradia
aposentado mora no bairro Mato precárias. A casa na qual mora está seria entregue no mês de agosto,
Alto, em um lote que invade uma prestes a desabar. Basta que por ali mas não aconteceu.
futura rua, já parcialmente calçada soprem os mesmos ventos que "A gente vai ficar aqui por
com lajotas. atingiram, no mês de setembro, a enquanto. Estou feliz que vão sair
"Estou com medo. Outro dia um área central da cidade - ou a metade essas casas. Mas acho que está
carro se perdeu, bateu no meu daqueles. Para segurar a residência, demorando demais. Teve gente que,
cercado e invadiu meu lote. Eu calçou com pedras as paredes do inclusive, vendeu a casa que tinha,
tenho três crianças dormindo aqui. imóvel. Em algumas áreas da casa, na esperança de já ir pro conjunto
Podia ter acontecido algo bem pior", ele e a esposa, Margarida Bosa, (habitacional) na data que
explica. O pensionista afirma ser simplesmente não entram mais. prometeram. Hoje tem um casal
comum que motoristas embriagados De acordo com Pereira, que está morando dentro de um Fusca velho.
passarem pelo local em alta aposentado por invalidez, a reforma Não é que queremos incomodar, mas
velocidade. na casa não foi realizada devido à precisamos logo disso".
Foto: Guia do Litoral
afirma Zappeline.
O operador de bombas, Manoel
Maia, 42 anos, relata que os
hóspedes visitam a estância por
causa dos benefícios da água. A
maioria das vezes, os médicos são
quem receitam os banhos.
"Existem vários tipos de água
mineral. A nossa água é radioativa.
Ela é diurética, dissolve cálculos
renais e biliares, além de favorecer
a digestão. Atua como calmante,
elimina o ácido úrico, tem ação
analgésica nas infecções renais, é
estimulante glandular e da
sexualidade, além de outros
benefícios", explica Maia.
A fonte está localizada no hotel
Termas. O mesmo abastece os
hotéis Cabanas e Internacional, o
condomínio Apart Hotel e os
residenciais Acquaville e Millenium,
o parque aquático Acquativo e o
Camping. Água termal é considerada a segunda melhor do mundo
 extra
Novembro de 2009 SAÚDE 7

Sociedade conformada com o

atendimento nas unidades de saúde Foto: Bianca Goulart
Bianca Goulart
Karoline Nazário
editado por Emanuel Machado

Antes de o sol nascer, a frente

do posto de saúde já abriga
algumas pessoas em busca de
atendimento. Com problemas de
saúde e dúvidas, procuram o serviço
público por não ter condições de
pagar pela consulta. A viúva
pensionista Alexandrina Rabelo utiliza
o posto de saúde do bairro
Coloninha. Ela relata que, apesar
da demora, o atendimento é
satisfatório.
O sistema de atendimento
praticado nos 16 postos de saúde
do município de Araranguá é o
mesmo. As filas se formam até às
7h, horário em que as unidades de
saúde abrem. A consulta é feita por
ordem de chegada e as próprias
pessoas se organizam conforme vão
chegando. Os postos distribuem 14
fichas pela manhã, sendo que duas
delas são reservadas para casos de
emergência, como febre alta e dor
Sistema de atendimento praticado nos 16 postos de saúde de Araranguá é o mesmo, e gera filas nas primeiras horas da manhã
aguda. Já o período da tarde é
reservado aos idosos e gestantes resolver os problemas existentes nas reuniões em comunidades para tentar demora da espera pelo atendimento. bairro Urussanguinha, há nove
que, na maioria das vezes, tem as comunidades. solucionar o problema, mas é o Segundo a coordenadora do anos, quando não tinha o PSF, a
consultas agendadas. Porém, "Acredito que o atendimento costume ir de madrugada". PSF, o clínico geral tem como objetivo unidade de saúde possuía apenas
aposentados como Amilton Manoel esteja correto. Nós viemos pela "Aqui está muito bom. Não é tentar resolver o problema do atendimento ambulatorial e os
da Silva, que chegou às 5h20, ainda manhã e somos atendidos por um como em Porto Alegre que, apesar paciente na unidade atendida e evitar especialistas atendiam apenas uma
insistem em pegar fila. bom médico. Quanto à fila, da fila ser maior, o médico não vem", encaminhar aos especialistas sem vez por semana em cada unidade.
A coordenadora do Programa de enfrentamos em qualquer lugar. Seja fala a dona de casa Ester Passos realmente haver necessidade. Todos Algumas pessoas ainda não se
Saúde da Família (PSF), Ataíse no banco, no mercado, enfrentar fila Fernandes, que morava no Rio os especialistas da rede pública estão acostumaram ou até desconhecem
Redivo, diz que as unidades atendem é normal", diz a dona de casa Grande do Sul. "Quem já enfrentou concentrados no Hospital Bom o programa, por isso acham
em média 25 pessoas por dia, Elizabete Alves. filas nos postos das cidades grandes Pastor. estranho ou reclamam pelo fato de
contando com as consultas agen- De acordo com a costureira não tem do que reclamar aqui. Lá a Os especialistas atendem as não haver especialistas nos
dadas. A meta desse programa é Esmeraldina Demétrio, o sistema de gente encontra pessoas dormindo, pessoas do município todo, diferente postinhos.
tratar e prevenir doenças. A equipe agendamento de consultas já foi fazendo lanche na fila", relata a do clínico-geral dos postinhos que "O posto de saúde é prevenção.
dos postos conta com seis agendes utilizado na parte da manhã, mas aposentada Fátima Silva de Souza. atendem apenas as pessoas daquele Então, tem que ir ao posto de saúde
de saúde, tendo profissionais como não foi eficaz. Havia pessoas que O descontentamento das pessoas bairro em que a unidade está para tentar evitar uma doença e não
auxiliar de enfermagem, enfermeiro, marcavam e não compareciam. é a falta de especialistas, pois as localizada. Por isso se dá a demora precisar ir ao hospital", explica
médico e auxiliar de serviços gerais. O método atual faz com que as unidades possuem apenas um clínico maior pelo atendimento especiali- Andreza, relembrando que a equipe
De acordo com a secretária de pessoas cheguem mais cedo do que geral. "Eu preciso de um otorrinola- zado, porque abrange um maior do Programa de Saúde oferece mais
saúde, Evelyn Elias, as equipes não deveriam para pegar a fila. Ataíse ringologista, mas só consegui para número de pessoas. do que consultas médicas, mas
têm o objetivo de focar a quantidade diz que essa é uma questão cultural daqui a cinco meses", diz Elizabete. Segundo Andreza Maciel Nunes, também curativos, vacinas e
de consultas por dia, mas sim difícil de mudar. "A gente já fez Devido a isso, eles reclamam pela enfermeira do posto de saúde do preventivos.

Brasil tem maior número de idosos

Emanuelle Querino
Lorraine Corrêa
editado por Vivian Sipriano
A terceira idade é uma época
da vida em que os problemas de
saúde e emocionais são mais
evidentes. Muitos idosos passam
a depender do aposento e da
família. Porém, nem sempre o
dinheiro e a assistência familiar
são suficientes para mantê-los.
Aproximadamente 70% dos asilos
que existem hoje no Brasil foram
abertos a partir dos anos 80. A
multiplicação dos asilos é
consequência da inserção da
mulher no mercado de trabalho.
Isso fez com que as mulheres
deixassem seus pais e avós
sozinhos em casa para trabalhar.
Segundo o IBGE, até 2025 o
Brasil será o sexto país do mundo
com o maior número de idosos.
Em Imbituba, esse aumento já é
uma realidade. Mas a demanda
é maior do que a oferta.
Na cidade de Imbituba existe
apenas um asilo, a Casa de
Repouso Nossa Senhora da
Conceição. Lá, vivem em média
31 idosos, que, apesar de ter a
companhia uns dos outros, se
sentem sozinhos.
Dona Adalgiza tem 84 anos e
diz que já está "encomendando
aquele barco". E justifica: quer dar
o seu lugar a outros velhinhos.
De acordo com o cardiologista
Rosenvaldo Junior, é freqüente a
depressão em idosos, desenvol-
vendo-se geralmente pela fraqueza
da estrutura familiar. "É muito
comum vermos os idosos se
queixando de problemas
familiares", explica. As doenças
mais comuns são as infecções
respiratórias e as gripes. Além
disso, casos de demência são
freqüentes por falta do ambiente
familiar.
Ele revela que a assistência
familiar é maior nas famílias de
alta renda, classe social que
atende em seu consultório. Mas
vê casos de abandono no Hospital
São Camilo, que é público, onde
também trabalha. "Já aconteceu
de dar alta para um paciente e a
família não vir buscar. Às vezes
tem que ligar, ou às vezes não
querem levar embora", conta o
médico.
Um asilo pode ser comparado
a um orfanato, onde as crianças
crescem esperando que alguém
venha buscá-las. Na entrada da
Casa de Repouso Nossa Senhora
da Conceição, uma frase sintetiza
o quadro: "Dar amparo a quem
já amparou".