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Estratégia profissional e mimetismo empresarial:

ARTIGO ARTICLE
os planos de saúde odontológicos no Brasil

Professional strategy and institutional isomorphism:


the dental health insurance industry in Brazil

Cristine Vieira 1,2


Nilson do Rosário Costa 1

Abstract This article analyzes the organizational Resumo O artigo analisa o modelo organizacio-
model of the dental health industry. The main or- nal das empresas de planos de saúde odontológicos
ganizational leaders in this industry are the pro- das modalidades de cooperativas de profissionais e
fessional cooperatives and group dental insurance a odontologia de grupo para compreender a dinâ-
companies. The theoretical basis of the article is mica da oferta de serviços odontológicos no país.
the organizational theory developed by Di Maggio Adotou-se como referência a formulação institu-
and Powell. The dental health industry consists of cionalista de Di Maggio e Powell. O mercado de
a great number of small and very dynamic compa- planos de saúde odontológico é pulverizado, com o
nies, however an expressive part of clients and prof- predomínio de empresas de pequeno porte, e apre-
it are concentrated in a few large companies. The senta um grande dinamismo, que favorece as em-
results show that the industry has expanded the presas de pequeno, médio e alto porte. As modali-
number of clients after the creation of the Nation- dades analisadas concentram a maior proporção
al Health Insurance Agency. The regulation re- de beneficiários e receitas. A análise geral do de-
gime has forced institutional changes in the firms sempenho do setor revela impressionante dinamis-
with regard to the market entry, permanence or mo na captação de clientes, mesmo após a criação
exit patterns. There was no evidence that the reg- da ANS. O regime de regulação tem imposto um
ulatory rules have interfered with the develop- novo padrão institucional à entrada, permanên-
ment and financial conditions of the industry. The cia e saída das empresas no mercado, que não afeta
average profitability of the sector, especially among o desempenho setorial. Os dados analisados evi-
the group dental insurance companies, is extreme- denciam que o setor de planos de saúde odontoló-
ly high. gicos é altamente rentável, apresentando uma gran-
Key words Private health insurance, Dentistry de capacidade na geração de receitas que explica o
service, Professionalism, Regulatory regime, Ac- crescimento e a permanência destas modalidades
cess no mercado. Os padrões de rentabilidade média,
1
Escola Nacional de Saúde principalmente das empresas de odontologia de gru-
Pública, Fiocruz. Rua
po, são extremamente elevados, ficando muito aci-
Leopoldo Bulhões 1480,
Manguinhos. 21041-210 ma de qualquer atividade empresarial do Brasil.
Rio de Janeiro RJ. Palavras-chave Planos privados de saúde, Servi-
cristine.vieira@ensp.fiocruz.br
2
ços odontológicos, Profissionalismo, Regime regu-
Escola de Odontologia,
Universidade do Grande latório, Acesso
Rio.
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Vieira, C. & Costa, N. R.

Introdução sultórios particulares, tem levado a profissão dos


dentistas a criar mecanismos de permanência no
O objetivo deste artigo é descrever o modelo or- mercado5. A economia das profissões liberais é
ganizacional e analisar comparativamente as condicionada pelo monopólio de competência,
empresas de planos de saúde odontológicos das autonomia financeira e controle da clientela. A
modalidades de cooperativas de profissionais e a crise do modelo liberal vem promovendo altera-
odontologia de grupo. ções profundas no exercício profissional da odon-
O mercado de planos privados de assistência tologia. Novas estratégias têm sido criadas na
à saúde tem sido bastante discutido nos últimos organização da oferta de serviços, buscando-se
anos no Brasil. Apesar da criação de um sistema modelos associativos ou empresariais na tenta-
de saúde com acesso universal, tem ocorrido o tiva de permanência no mercado.
crescimento do número de indivíduos com pla-
nos privados de saúde. O acesso a esses planos A dinâmica profissional
tem sido desigual entre as regiões metropolita-
nas brasileiras. Segundo os dados da Pesquisa O mercado de planos de saúde odontológi-
Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de cos tem crescido não só por uma questão em-
1998, realizada pelo IBGE, os estados de São Pau- presarial, mas também é condicionado por uma
lo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do estratégia dos profissionais da classe odontoló-
Sul concentravam 65% de todos os beneficiários gica na tentativa de permanecerem inseridos no
do país1. A PNAD estimou para 1998 que 38,7 mercado, mantendo autonomia e acesso ao fi-
milhões de brasileiros eram beneficiários de pla- nanciamento direto dos clientes.
nos privados de assistência à saúde, sendo a dis- A oferta de cirurgiões-dentistas é ampliada
tribuição geográfica dessa população extrema- anualmente em ritmo superior ao do aumento
mente concentrada na zona urbana (95%)2. da população geral: o índice dentistas/10.000 ha-
Cinco anos depois, em 2003, a PNAD esti- bitantes passou de 3,28 em 1960 para 3,65 em
mou em 43,2 milhões o número de brasileiros 1970 e para 5,13 em 1980, já sendo de 5,51 em
cobertos por pelo menos um plano de saúde, o 19826. Em 2005, este índice saltou para 20,37. Nota-
que correspondia a 24,6% da população do país. se um crescimento significativo do número de ci-
Destes, 34,2 milhões de pessoas (79,2%) estavam rurgiões dentistas nas últimas duas décadas.
vinculados a planos de saúde privado, individual A Organização Mundial de Saúde recomenda
ou coletivo. Os restantes, 9 milhões de pessoas a relação de um dentista para cada 1.500 pessoas
(20,8%), estavam cobertos por planos de insti- como uma relação adequada7. No Brasil, a rela-
tuição de assistência ao servidor público (muni- ção encontra-se em torno de um cirurgião-den-
cipal, estadual ou militar). Outro dado relevante tista para cada 945 pessoas7, que é explicado pelo
é que o acesso ao mercado de planos de saúde aumento do número de cursos de odontologia
está condicionado à renda das famílias3. em todo o país.
O mercado de planos odontológicos tem cres- Em 1983, o número de cursos de odontolo-
cido em paralelo ao mercado de planos de saúde, gia no Brasil era de 66, graduando cerca de 5.200
embora os estudos sobre o setor odontológico novos cirurgiões-dentistas por ano. No campo
dêem pouca atenção à presença e desempenho da prestação de serviços, vigorava uma prática
destas empresas no mercado. Por exemplo, pu- eminentemente curativa, com forte predominân-
blicação recente sobre saúde bucal não faz uma cia do setor privado liberal e uma tímida inter-
menção sequer à crescente inserção dessas em- venção do setor público e de planos privados de
presas na oferta de serviços odontológicos4. assistência odontológica. Nessa época, 75% das
Algumas variáveis estruturais explicam a di- horas/dentista disponíveis estavam alocadas a
nâmica e o crescimento do mercado de planos de atividades liberais6.
saúde odontológico no Brasil. Dentre elas, des- O Brasil passou de noventa cursos de odon-
tacam-se: a mudança no perfil profissional e da tologia ofer-tados em 1996 para 165 cursos em
profissão odontológica, o sofrível acesso da po- 2003. Neste perío-do, enquanto a população bra-
pulação aos serviços de saúde bucal, o baixo gas- sileira cresceu a uma proporção aproximada de
to das famílias com despesas por desembolso 1,8% ao ano, o crescimen-to do número de ci-
direto para a assistência odontológica e o signifi- rurgiões-dentistas foi de 2,5% ao ano8.
cativo peso dos gastos com planos privados de Em 2005, existiam 173 faculdades de odonto-
assistência à saúde. logia no país (27 federais, 18 estaduais, 7 munici-
A baixa sustentabilidade econômica do mo- pais e 121 privadas) e um total de 203.713 dentis-
delo liberal da profissão, representado por con- tas - onze mil formados a cada ano, embora as
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barreiras de acesso aos serviços profissionais lores proporcionais16. Este fato pode estar asso-
permaneçam as mesmas9. ciado à crise do modelo liberal da profissão odon-
tológica, já que essa redução relativa indica que,
As restrições nestes cinco anos, o desembolso direto para a
compra de serviços odontológicos diminuiu15,16.
O acesso aos serviços odontológicos no Bra-
sil é limitado e desigual. Barros & Bertoldi10 reve- Os gastos familiares com planos de saúde
laram nível baixo de utilização de serviços odon-
tológicos no Brasil ao investigar os dados da Pes- Favaret & Oliveira17 apresentaram a tese da
quisa Nacional por Amostras de Domicílios universalização excludente como um possível efei-
(PNAD/IBGE, 1998). A proporção de 77% da to colateral da ampliação do acesso aos serviços
população de até seis anos de idade jamais havia públicos de saúde a partir da formação do Siste-
consultado um dentista. Na faixa etária entre 20 ma Único de Saúde (SUS), que passou a excluir
e 49 anos de idade, a proporção de pessoas que progressivamente a classe média. A classe média
nunca consultaram dentista foi dezesseis vezes buscou nos planos privados de assistência à saú-
maior no grupo constituído pelos 20% mais po- de a solução de problemas de saúde. Esse fato foi
bres da população quando comparados com os potencializado pela oferta cada vez maior de pla-
20% mais ricos. Entre a população idosa, a pro- nos de saúde para funcionários públicos e em-
porção de pessoas que nunca consultaram o den- pregados do setor privado.
tista foi de 6,3% para o país, atingindo 50,7% na Apesar da maior parte das despesas com saú-
região Nordeste11. de ser destinada à compra de medicamentos, o
Dados da PNAD (2003) mostram que uma pagamento de mensalidades de planos de saúde
parcela expressiva dos brasileiros (15,9%) decla- também tem peso relevante nas despesas famili-
rou nunca ter feito uma consulta ao dentista – ares. O gasto com medicamentos e planos/segu-
equivalente a 27,9 milhões de pessoas. Esta pro- ro saúde representou respectivamente 40,6% e
porção era de 81,8% nos menores de 5 anos e 28,2% das despesas com assistência à saúde das
22,1% no grupo etário de 5 a 19 anos. Entre as famílias brasileiras no ano de 200315.
pessoas com mais de 64 anos, 6,3% nunca con- Em resumo, o aumento do número de profis-
sultaram um dentista3. sionais dentistas, a maior concorrência por paci-
Apesar desses indicadores, os dados do Mi- entes e a queda no desembolso direto, produzindo
nistério da Saúde revelam que a saúde bucal no escassez de pacientes no consultório particular, ge-
Brasil vem recebendo uma parcela relativamente ram respostas estratégicas dos profissionais no
pequena em relação ao total de recursos repas- formato de empresas cooperativas ou na criação
sados aos municípios. Em 2003, 1,63% do inves- das sociedades civis de natureza empresarial.
timento em saúde se destinavam aos procedi- Estas respostas organizacionais aos processos
mentos odontológicos. Estes valores não tiveram estruturais justificam o estudo das empresas de
grandes alterações para o ano de 2005 (1,47%)12. odontologia de grupo e das cooperativas odonto-
Os dados das despesas próprias de municípios e lógicas. A hipótese central desse estudo é que estas
estados na são identificáveis13. modalidades empresariais representam duas es-
tratégias organizacionais distintas para o setor. O
Os gastos familiares residuais formato organizacional afetará o desempenho des-
sas empresas e sua posição futura no mercado.
De acordo com dados da Pesquisa de Orça- Cabe chamar atenção que existem outras modali-
mento Familiar (POF), o gasto das famílias bra- dades para inserção dos serviços odontológicos no
sileiras com saúde representa o quarto maior mercado de seguro, que serão assinalados a seguir.
grupo de dispêndios correntes, ficando atrás ape-
nas das despesas com habitação, alimentação e A dinâmica profissional e o mimetismo
transporte14. Para 2003, a média percentual de organização na formação
despesas totais das famílias brasileiras em assis- de empresas odontológicas
tência à saúde foi de 5,53%, sendo de 0,54% a
proporção das despesas com consultas e trata- As empresas odontológicas nas modalidades
mento dentário e 1,51% com despesas com pla- de cooperativa e de odontologia de grupo são de
nos de saúde15. Ao comparar os gastos percentu- grande relevância no mercado de planos de saúde
ais médios com consulta e tratamento dentário porque concentram a oferta do mercado de segu-
realizado pela POF de 1996 (1,19%) e 2003 ro em odontologia: estas modalidades somadas
(0,54%), observa-se um declínio relativo nos va- detêm 89,04% do número de beneficiários18.
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Vieira, C. & Costa, N. R.

Observa-se uma alta concorrência no merca- rativas são formalmente definidas como socie-
do de serviços profissionais de dentistas em algu- dades que se constituem para prestar serviços a
mas regiões do país. Os profissionais procuram a seus associados, com vistas ao interesse comum
solução no credenciamento a operadoras de pla- e sem o objetivo de lucro”.
nos odontológicos, como uma estratégia indivi- Entre as cooperativas odontológicas, desta-
dual pela relação de trabalho assalariada (no caso cam-se as Uniodontos, que respondem pela qua-
de operadoras com estrutura empresarial) ou se totalidade das cooperativas que oferecem pla-
corporativa por meio da vinculação a uma coo- nos privados de assistência à saúde odontológica
perativa. O dentista pode ser remunerado via pro- no Brasil. O sistema Uniodonto é formado por
cedimento, via salário fixo por um período de uma rede de empresas individuais que abrange
trabalho ou via pacotes de procedimentos. todo o país.
Existem algumas opções para o profissional As Uniodontos surgiram no Brasil, em 1972,
que decide ofertar seus serviços por meio de uma em Santos (SP). Em março de 1993, o Sistema
operadora de planos odontológicos. Ele pode Uniodonto passou a se chamar Uniodonto do
optar entre a odontologia de grupo, cooperativa Brasil - Confederação Nacional das Cooperati-
odontológica, autogestão, administradora de vas Odontológicas. Atualmente, a Uniodonto do
serviços, operadora de plano médico que tam- Brasil conta com cerca de 170 Uniodontos singu-
bém oferte o produto odontológico, bem como lares, que se organizam em nove Federações, sen-
uma seguradora. Além de poder fazer a opção de do estas as Federações do Rio Grande do Sul,
se tornar parte da rede própria de uma operado- Paranaense, Paulista, da Região Norte, da Re-
ra. Cabe ressaltar que existem critérios rígidos gião Nordeste, do Rio de Janeiro e Espírito San-
para o credenciamento ou a cooperação de um to, de Santa Catarina, de Minas Gerais e de Goiás
cirurgião-dentista a um plano de saúde19. e Tocantins. O Sistema Uniodonto possui atual-
De acordo com dados de pesquisa do Conse- mente cerca de vinte mil cirurgiões-dentistas cre-
lho Federal de Odontologia (2003), o total de pro- denciados em todo o Brasil22.
fissionais dentistas inscritos no conselho era de Cada Uniodonto singular é uma cooperativa
203.713. Esta pesquisa mostrou que 47,6% traba- independente. Existe um sistema de repasse entre
lhavam com convênios e credenciamentos. Deste as cooperativas singulares que permite que um
universo, 14,7% participavam de algum tipo de beneficiário possa ser atendido fora da cidade na
cooperativa odontológica. Deste subconjunto, qual adquiriu o plano odontológico. Cada coo-
65,6% estavam credenciados à Uniodonto9. perativa possui uma tabela própria para a re-
Observa-se, em resumo, que quase a metade muneração de seus cooperados e o sistema Uni-
dos profissionais dentistas está credenciada a al- odonto como um todo conta com uma tabela
gum tipo de plano de saúde odontológico, res- única de repasse para remunerar esses casos19.
saltando-se que dentre as cooperativas odonto- Diferentemente das cooperativas odontoló-
lógicas, a Uniodonto é a que apresenta maior gicas, as empresas de odontologia de grupo po-
número de profissionais credenciados. dem fazer parte de grupo que opera plano médi-
Silva20 afirma que as cooperativas odontoló- co-hospitalar ou pertencerem a um grupo em-
gicas se diferenciam das empresas de odontolo- presarial específico para o setor odontológico,
gia de grupo e das seguradoras especializadas em embora façam aliança comercial com operado-
saúde na medida em que não se constituem como ras de planos médico-hospitalares para expan-
empresas que são movidas apenas pela lucrativi- direm posição no mercado.
dade e sim como entidades cuja propriedade é A odontologia de grupo opera predominan-
do conjunto dos trabalhadores cooperados. Des- temente em pré-pagamento, ou seja, as empre-
sa forma, a relação capital/trabalho dentro de sas recebem mensalidades regularmente, em va-
uma cooperativa tende a ser oposta àquela que lores fixos pré-estabelecidos, independente do
ocorre em uma empresa capitalista. Na empresa valor dos tratamentos que o beneficiário venha a
capitalista, o poder é exercido pelos detentores realizar. Quanto à comercialização, as operado-
do capital (cada ação, um voto), que também se ras trabalham tanto com corretores próprios,
apropriam do excedente gerado; nas cooperati- quanto com corretores terceirizados19.
vas, ao contrário, o processo decisório é exercido Essas duas modalidades se consolidaram ao
pelos próprios trabalhadores (cada trabalhador, longo da década de 1990. A consolidação destas
um voto), responsáveis pela apropriação do ex- organizações é explicada pelos seguintes proces-
cedente gerado. sos: a busca de rendas adicionais pela profissão
Duarte21 destaca, reforçando esta tese, que, odontológica associada ao baixo poder aquisiti-
no segmento de saúde suplementar, “as coope- vo da população em custear tais serviços; com-
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petição dentro do setor produtivo, principalmen- modelo influencia fortemente a criação das coo-
te entre as empresas mais modernas; aumento perativas odontológicas no mercado de planos
dos custos dos serviços odontológicos, sobretu- de saúde.
do os de maior densidade tecnológica; e a insa- O isomorfismo coercivo é fortemente basea-
tisfação da população com a oferta do SUS1. do na pressão formal e informal exercida em uma
Nesse contexto, baixas restrições institucio- organização pela regulação de governo. Estas
nais limitaram o desenvolvimento das vertentes pressões podem ser percebidas por força ou
do cooperativismo ou do empresarialismo, pre- como convites à cooperação com a regulação dos
dominando uma lógica de livre entrada no mer- governos. Em algumas circunstâncias, a mudan-
cado para as soluções organizacionais. ça organizacional é uma resposta direta de um
Para analisar o formato organizacional e de- mandato governamental. O regime de regula-
sempenho diferencial destas duas modalidades de ção, gerado pela criação da ANS em 2000, tem
planos de saúde odontológicos, este artigo assu- imposto um novo padrão institucional para a
me como referência teórica os modelos organiza- entrada, permanência e saída das empresas no
cionais propostos por Di Maggio e Powell23. mercado de planos de saúde no Brasil.
Segundo Di Maggio e Powell23, as pressões O novo regime de regulação afeta a econo-
institucionais propiciam adaptações organizaci- mia de escala e escopo das empresas operadoras
onais por meio de três mecanismos denomina- pelo efeito seletivo das fortes barreiras instituci-
dos processo mimético, isomorfismo normati- onais à permanência, entrada e saída, bem como
vo e isomorfismo coercitivo. restringe a sobrevivência das empresas débeis
O modelo mimético proposto pelos autores quando aumenta as demandas sobre a qualida-
é referido às situações de incerteza que levam os de da firma e limita a diferenciação de produto e
agentes a adotar mecanismos organizacionais aumenta os custos de transação pelo crescimen-
disponíveis no ambiente social. Nesse modelo, to de despesas operacionais para manter a posi-
as organizações são modeladas em outras solu- ção no mercado. O regime de regulação pode
ções já experimentadas com sucesso. Na experi- provocar importantes restrições ao padrão or-
ência brasileira, quando houve a percepção so- ganizacional observado nas empresas de orien-
bre as mudanças estruturais do mercado de ser- tação empresarial e as cooperativas odontológi-
viços odontológicos, uma das saídas adotadas cas, especialmente em relação à governança cor-
foi a solução empresarial já provada no merca- porativa por força da pressão sobre a transpa-
do de planos de saúde. rência informacional.
Powell & DiMaggio23 afirmam que as organi- O esquema abaixo ilustra a aplicação do
zações tendem a se moldarem a empresas similares modelo de Powell & DiMaggio23 às empresas de
em seu ramo com o objetivo de tornarem-se mais planos de saúde odontológicos.
legítimas e suscetíveis. A ubiqüidade de alguns ti-
pos de arranjos estruturais pode ser mais precisa-
mente creditada a universalidade do processo mi- Metodologia
mético do que qualquer evidência concreta do que
a eficiência aprimorada dos modelos adotados23. Este trabalho desenvolve um estudo transversal
Esse é o caso da difusão no Brasil do modelo de e descritivo do arranjo organizacional e a análise
empresas de odontologia de grupo que tiveram quantitativa dos desempenhos operacionais e fi-
como antecessoras e inspiradoras as empresas nanceiros das operadoras de planos de saúde
de medicinas de grupo. odontológicos (cooperativa odontológica e odon-
O isomorfismo normativo tem origem na tologia de grupo). Para a análise exploratória,
profissionalização. Os autores descrevem a pro- foram utilizados os dados do cadastro nacional
fissionalização como o esforço coletivo de mem- de operadoras disponibilizado pela Agência Na-
bros de uma ocupação em definir as condições e cional de Saúde Suplementar.
métodos de seus trabalhos, para controlar “a A Agência Nacional de Saúde Suplementar
produção dos produtores” e para estabelecer uma (ANS) foi criada a partir da Lei no 9.961 de 28 de
base cognitiva e legitimação para sua autonomia janeiro de 2000, vinculada ao Ministério da Saú-
ocupacional. de, como um órgão de regulação, normatização,
Recentemente, o maior crescimento na pro- controle e fiscalização, em todo o território nacio-
fissão odontológica é de organizações profissio- nal, das atividades que garantam a assistência
nais, formando redes e criando um pool de indi- suplementar à saúde. Dessa forma, as ações rela-
víduos que ocupam posições similares, podendo tivas à estratégia de regulação do mercado brasi-
moldar o comportamento organizacional. Este leiro de saúde suplementar passaram a ser reali-
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Vieira, C. & Costa, N. R.

Quadro 1. Mecanismo institucional e formato organizacional.

Tipologia Mecanismos Formato organizacional


Processos miméticos Empresas criadas sob ambiente de baixa Odontologia de grupo
regulação que imitam condutas da
concorrência ou de outros setores
Pressões normativas Empresas criadas sob pressão das profissões Cooperativas odontológicas
Isomorfismo coercitivo Predomínio de governança corporativa Modelo de empresa pós-
resultante da ação pública (regulação) regulação

zadas pela ANS, de modo a garantir a consecu- para a autorização de aumento das mensalida-
ção dos objetivos básicos definidos pela nova le- des dos planos individuais24.
gislação de regulamentação do setor: Determinadas características, como a moda-
. Assegurar aos consumidores de planos pri- lidade da contratação, a data da assinatura, a
vados de assistência à saúde cobertura assisten- cobertura assistencial e a abrangência geográfi-
cial integral e regular as condições de acesso; ca, submetem os contratos de forma diferencia-
. Definir e controlar as condições de ingresso, da à legislação.
operação e saída das empresas e entidades que O cadastro de operadoras disponibilizado pela
operam no setor; ANS constitui um banco de dados de informa-
. Definir e implantar mecanismos de garanti- ções da saúde suplementar, que discrimina as
as assistenciais e financeiras, das operadoras e demonstrações contábeis das operadoras em
do sistema, que assegurem a continuidade da pequeno (até 4.999 beneficiários), médio (de 5.000
prestação de serviços à saúde contratados pelos à 19.999 beneficiários) e grande porte (acima de
consumidores; 20.000 beneficiários). A partir deste cadastro, têm-
. Dar transparência e garantir tanto a inte- se os dados econômicos financeiros das opera-
gração do setor de saúde suplementar ao SUS doras de planos de saúde.
como que o sistema seja ressarcido quanto aos O estudo transversal é o estudo no qual uma
gastos gerados pelos consumidores de planos ou mais variáveis são coletadas em um mesmo
privados de assistência à saúde; período, como, por exemplo, o censo populacio-
. Estabelecer uma política de regulação de pre- nal conduzido a cada dez anos25.
ços, definindo mecanismos de controle capazes O estudo transversal considerou todas as
de coibir possíveis abusos de preço; e operadoras das categorias Cooperativa Odon-
. Definir o sistema de regulamentação, nor- tológica e Odontologia de Grupo inseridas no
matização e fiscalização do setor saúde suple- banco de dados da ANS.
mentar, buscando o funcionamento equilibrado As variáveis dependentes extraídas do cadas-
do sistema e do próprio modelo de regulação e tro contábil da ANS foram: a receita total 2002,
de fiscalização24. receita total 2004, despesas 2004, despesas de co-
De acordo com o Artigo 3º da Lei no 9.961/00, mercialização 2004, despesas administrativas
a finalidade institucional da ANS é promover a 2004, receita financeira líquida 2004, patrimônio
defesa do interesse público na assistência suplemen- líquido 2004 e resultado líquido 2004. Para in-
tar à saúde, regulando as operadoras setoriais, in- vestigar a eficiência financeira das operadoras,
clusive quanto às suas relações com prestadores e foram utilizados indicadores econômicos finan-
consumidores, contribuindo para o desenvolvi- ceiros, tais como rentabilidade e índice de despe-
mento das ações de saúde no país. Desta maneira, a sa assistencial. A utilização destes indicadores
ANS foi instituída para unificar todas as funções proporcionou a análise do padrão econômico
de regulação do setor de saúde suplementar, tan- financeiro das empresas, bem como a compara-
to em seu aspecto assistencial quanto em sua di- ção dos desempenhos operacionais das duas mo-
mensão econômico financeira24. dalidades de operadoras estudadas.
Um exemplo importante das mudanças in- Rodrigues26 define rentabilidade como o gan-
troduzidas pela lei foi a instituição da obrigatori- ho que a empresa obtém do seu esforço produti-
edade de informações. Isso permite à ANS pro- vo, essencial para que ela possa remunerar os
mover diversas análises e, em especial, acompa- fatores de produção e continuar seu ciclo de ope-
nhar a evolução dos custos, condição essencial rações. Colocando nestes termos, podemos di-
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zer que o sucesso ou o insucesso da empresa está to de mercado (Tabela 1). A oferta de planos
associado a sua rentabilidade. odontológicos nas modalidades Seguradora Es-
A rentabilidade representa o quanto a em- pecializada, Autogestão e Cooperativa Médica teve
presa obteve de lucro para cada R$1,00 de capital nesse processo um crescimento muito expressi-
próprio investido e é calculada a partir da razão vo, embora permaneça com uma participação
entre o resultado líquido e o patrimônio líquido residual no mercado. Já a modalidade Filantro-
médio. pia apresentou um decréscimo no número de
Esse indicador representa a taxa de rentabili- beneficiários no período. É possível considerar,
dade do capital investido pelos sócios da opera- como já mencionado, que a ineficiência de oferta
dora e a interpretação do indicador é do tipo do serviço público e a eficiência do setor de pla-
quanto maior, melhor27. nos de saúde, propiciada pela competição, pos-
sam estar explicando este processo28.
Método de cálculo: I rentab. = resultado líquido X 100
O mercado de planos de saúde odontológico
tem apresentado, portanto, um grande dinamis-
patrimônio líquido
mo na geração de receitas nos anos recentes no
Brasil. As cooperativas odontológicas tiveram um
O índice de despesa assistencial refere-se ao crescimento de receita de 150% e a odontologia
quanto a operadora incorreu em despesas assis- de grupo, de 168,5% entre os anos de 2002 e 2004.
tenciais expressas na forma de eventos indesejá- Esse dinamismo é resultado de estratégias em-
veis em relação ao faturamento da operadora. presarias dos profissionais dentistas e das mu-
Este faturamento é relativo ao total de receita danças nas condições de financiamento da aten-
ganha em função da contratação dos serviços de ção odontológica.
assistência à saúde por parte dos beneficiários. É A análise transversal sobre os dois modelos
o principal índice de custo da operadora27. organizacionais mostrou que o mercado de pla-
Em termos financeiros, quanto menor esse nos de saúde odontológico é pulverizado com o
indicador, melhor é a situação financeira da ope- predomínio de pequenas empresas (Tabela 2).
radora. A região Sudeste concentra o maior número
de empresas cooperativas (58%) e de odontolo-
Método de cálculo: I = despesa assistencial X 100 gia de grupo (59,2%), onde o estado de São Pau-
receita lo é o mais expressivo (62,5% e 77,8%, respecti-
vamente).
Foram também utilizadas, como variáveis O perfil de distribuição do total de beneficiá-
dependentes, o porte, considerando o número rios, receita, despesas e patrimônio líquido não
de beneficiários, e a localização geográfica. A hi- apresentou diferença estatisticamente significan-
pótese central do estudo é que estas variáveis te entre as duas categorias empresariais estuda-
apresentam comportamentos idênticos, indepen- das globalmente.
dente do modelo organizacional da modalidade Existe uma forte correlação entre o número
de plano odontológico ser do tipo empresarial de beneficiários e receita de 2004, tanto para as
ou cooperativo. A tipologia proposta por DiMa- cooperativas (R= 0,62; p< 0,01), quanto para a
ggio e Powell23 será tomada, portanto, como a odontologia de grupo (R=0,373; p< 0,01). Este
variável independente. padrão é também observado na despesa de 2004
Os dados obtidos a partir do banco foram (respectivamente: R=0,618; p< 0,01 / R=0,373;
tabulados em planilhas Excel e explicados esta- p<0,01), que mostra associação estatisticamente
tisticamente por meio de descrição e testes analí- significante com o número de beneficiários.
ticos com o auxílio de programas estatísticos. Pela Tabela 3, observa-se que a variação mar-
ginal para a receita nas cooperativas é de R$ 190,00
a cada aumento de 1% no número de beneficiá-
Resultados rios e, para a odontologia de grupo, este valor é
de R$ 111,00. Em relação às despesas totais, a
Após vigência do regime de regulação instituído variação marginal nas cooperativas é de R$ 195,00
pela Lei no 9.656/98 e pela criação da ANS, o nú- a cada aumento de 1% no número de beneficiá-
mero de beneficiários por operadora de serviços rios e, na odontologia de grupo, é de R$ 80,00.
exclusivamente odontológicos teve um aumento Nota-se que a variação marginal das despe-
considerável tanto para a odontologia de grupo sas é maior do que o das receitas nas cooperati-
(252%) quanto para as cooperativas odontoló- vas em 2004. À medida que aumenta o número
gicas (205%), retratando um rápido crescimen- de beneficiários, e cresce a receita arrecadada pela
1586
Vieira, C. & Costa, N. R.

Tabela 1. Beneficiários por modalidade da operadora e vigência do plano.

Modalidade Antigos (anteriores Novos (posteriores Porcentagem


à Lei no 9.656/98) à Lei no 9.656/98) de crescimento
Odontologia de grupo 1.065.257 28,4% 2.687.430 71,6% 252%
Cooperativa odontológica 486.948 32,8% 998.717 67,2% 205%
Medicina de grupo 105.555 28,8% 260.911 71,2% 247%
Seguradora especializada em saúde 4.173 1,7% 239.252 98,3% 573%
Autogestão 4.508 21,0% 16.973 79,0% 377%
Cooperativa médica 1.577 18,2% 7.070 81,8% 448%
Filantropia 3.100 69,5% 1.360 30,5% 44%
Total 1.671.118 28,4% 4.211.713 71,6% 252%

Fonte: Cadastro de operadoras e beneficiários da ANS18 .

Tabela 2. Relação entre número de beneficiários e operadoras de planos odontológicos.


Porte Cooperativas odontológicas Odontologia de grupo Total
Pequeno 87 66,9% 183 71,2% 270 69,8%
Médio 35 26,9% 47 18,3% 82 21,2%
Grande 8 6,2% 27 10,5% 35 9%
Total 130 100% 257 100% 387 100%

Tabela 3. Variação marginal das receitas e despesas


das modalidades.
delada pelo mecanismo de empresa, tende a ter
Odontologia Cooperativas
de grupo odontológicas
despesas com assistenciais menores. Já a coope-
rativa, por estar associada à força de coalizão pro-
Receitas R$ 111,00 R$ 190,00 fissional, aparentemente a redistribuição das re-
Despesas R$ 80,00 R$ 195,00 ceitas entre os associados é elevada ou os custos
Diferença R$ 31,00 -R$ 5,00 da assistência prestada são elevados em função
da maior qualidade ou baixo controle dos custos.
Quando analisadas pelo controle do por-
te, as empresas estudadas apresentaram diferen-
ça no padrão de rentabilidade em relação ao por-
te. As cooperativas demonstram um aumento
operadora, a despesa se eleva em uma propor- da rentabilidade inversamente proporcional ao
ção maior do que a receita. aumento do número de beneficiários.
Esse comportamento pode ser explicado pela As empresas de modalidade Odontologia de
evidência que as duas modalidades apresentam grupo não apresentam este padrão. As empresas
padrões muito diferenciados de desempenho eco- de médio porte são as mais rentáveis. As de pe-
nômico financeiro. As cooperativas odontológi- queno porte são também exuberantes na renta-
cas possuem despesas assistenciais elevadas. Cer- bilidade; entretanto, nas maiores empresas é ob-
ca de 70% das despesas totais das cooperativas servada menor heterogeneidade na rentabilida-
são relacionadas às despesas assistenciais. Este de. Elas são também muito eficientes (Tabela 4).
padrão por porte é significativamente homogê- As empresas de pequeno porte, para a mo-
neo, não importando o porte da cooperativa. A dalidade Odontologia de grupo, apesar de pos-
odontologia de grupo apresenta despesas assis- suírem elevada rentabilidade, apresentam uma
tenciais inferiores às cooperativas. Cerca de 50% maior proporção de empresas com rentabilida-
em média das despesas totais são destinadas aos de negativa (23,5%), enquanto que nenhuma
gastos assistenciais. A organização empresarial operadora de grande porte mostrou rentabili-
(odontologia de grupo), por ter uma gestão mo- dade negativa (Tabela 5).
1587

Ciência & Saúde Coletiva, 13(5):1579-1588, 2008


Tabela 4. Rentabilidade segundo os padrões organizacionais.

Odontologia de grupo Cooperativa odontológica


Porte
Mediana Média Coeficiente de variação Mediana Média Coeficiente de variação
Pequeno 37,2% 145,8% 310% 26,3% 104,6% 260%
Médio 76,4% 152,0% 200% 15,2% 34,0% 230%
Grande 51,7% 67,3% 90% 29,0% 30,2% 70%

Tabela 5. Distribuição proporcional de rentabilidade negativa e positiva segundo os padrões


organizacionais.

Odontologia de grupo Cooperativa odontológica


Porte
Negativa Positiva N/P Negativa Positiva N/P
Pequeno 28 91 23,5% 21 50 30%
Médio 4 33 11% 7 26 21%
Grande - 25 - - 6 -

Conclusões ou possa estar refletindo a qualidade dos servi-


ços oferecidos pela modalidade. Ou, ainda, as
A análise geral do desempenho do setor de pla- elevadas despesas assistenciais sejam resultantes
nos odontológicos revela impressionante dina- da falta de controle sobre os custos operacio-
mismo na captação de clientes, mesmo após a nais. Os dados não permitem identificar com cla-
criação da ANS. Esse dinamismo é resultado de reza a natureza dessa destinação de recursos. As
estratégias empresarias e da ação coletiva dos empresas de odontologia de grupo apresentam,
profissionais dentistas, motivadas por mudan- por outro lado, maior eficiência e uma perspecti-
ças nas condições de financiamento da atenção va de sustentabilidade empresarial porque suas
odontológica. receitas variam positivamente marginalmente
Estes dados evidenciam que o setor de planos acima das despesas em relação direta com o ta-
de saúde odontológicos é altamente rentável, manho da empresa. O contrário é observado nas
apresentando uma grande capacidade na gera- cooperativas odontológicas.
ção de receitas que pode favorecer o crescimento O modelo de análise de Di Maggio e Powell23,
e a permanência destas empresas no mercado. baseado nos mecanismos mimético e normativo
Os padrões de rentabilidade média, principal- profissional, foi satisfatório para explicar o de-
mente das empresas de odontologia de grupo, sempenho diferenciado dos diferentes arranjos
são extremamente elevados, ficando muito aci- organizacionais identificados no mercado de pla-
ma de qualquer atividade deste segmento em- nos de saúde odontológicos. Resta saber o quan-
presarial do país. to pressões coercitivas originadas pelo regime de
A rentabilidade das cooperativas de pequeno regulação afetarão esses arranjos. Principalmen-
porte é também muito significativa. As coopera- te no que tange ao risco de baixa sustentabilida-
tivas de médio e grande porte apresentam um de identificado na relação despesa/receita nas
padrão médio de rentabilidade ligeiramente in- empresas de maior porte no modelo de coopera-
ferior, porém ainda assim invejável dentro dos tiva.. Este risco é explicado, no estudo com dados
padrões empresariais brasileiros. transversais, pelo elevado padrão de remunera-
Porém, as empresas de modalidade coopera- ção destas empresas com atividades assistenci-
tiva de médio e grande porte oferecem uma solu- ais. Isto pode reforçar a possibilidade de que esta
ção organizacional muito vantajosa para a es- modalidade deverá se adaptar aos novos padrões
tratégia corporativa da profissão odontológica, de governança corporativa definidos pela ANS.
pois apresentam um padrão de despesa com as- Nessa hipótese, teríamos uma clara mudança no
sistência muito superior ao observado na odon- padrão organizacional das cooperativas por for-
tologia de grupo. É possível que grande parte des- ça de mecanismos coercitivos. Novos dados de-
sas despesas assistenciais seja destinada à remu- vem ser analisados para verificar se essas evidên-
neração do profissional vinculado à cooperativa cias permanecem válidas para a explicação do
1588
Vieira, C. & Costa, N. R.

comportamento econômico financeiro dessas Colaboradores


modalidades organizacionais do mercado de pla-
nos de saúde odontológicos. C Vieira trabalhou na coleta dos dados, revisão
bibliográfica, elaboração e redação final do tex-
to. NR Costa participou da revisão bibliográfica,
elaboração e redação final do texto.

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