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Este documento descreve um projeto chamado "Desenvolvendo a Dança no Magistério", que teve como objetivo levar a cultura da dança para uma escola pública através de várias ações artístico-pedagógicas. O projeto foi uma parceria entre uma universidade e uma escola e incluiu exibições de vídeos, oficinas de dança, apresentações e um curso sobre dança para professores. O projeto buscou ampliar o acesso à arte e à cultura na comunidade escolar e produziu resultados positivos.
Este documento descreve um projeto chamado "Desenvolvendo a Dança no Magistério", que teve como objetivo levar a cultura da dança para uma escola pública através de várias ações artístico-pedagógicas. O projeto foi uma parceria entre uma universidade e uma escola e incluiu exibições de vídeos, oficinas de dança, apresentações e um curso sobre dança para professores. O projeto buscou ampliar o acesso à arte e à cultura na comunidade escolar e produziu resultados positivos.
Este documento descreve um projeto chamado "Desenvolvendo a Dança no Magistério", que teve como objetivo levar a cultura da dança para uma escola pública através de várias ações artístico-pedagógicas. O projeto foi uma parceria entre uma universidade e uma escola e incluiu exibições de vídeos, oficinas de dança, apresentações e um curso sobre dança para professores. O projeto buscou ampliar o acesso à arte e à cultura na comunidade escolar e produziu resultados positivos.
O PROJETO DESENVOLVENDO A DANA NO MAGISTRIO: UMA PROPOSTA DE
ATUAO NA ESCOLA Kathya Maria Ayres de GODOY 1
Claudia Isabel da Silva TARSITANO, Denise Pereira RAQUEL 2
Resumo: Vivemos em uma sociedade que contribui para a formao de pessoas fragmentadas, as quais se especializam em determinadas atividades, em um tipo de raciocnio, hipertrofiam algumas funes cerebrais e partes do corpo em detrimento de outras. Pessoas condicionadas pelo bombardeio dirio de informaes provenientes dos meios de comunicao e da cultura de massa que impem modelos prontos e influenciam diretamente na capacidade de percepo e atuao na sociedade. Pensando na possibilidade de acesso cultura para as pessoas, elaboramos o Projeto Desenvolvendo a Dana no Magistrio, uma parceria entre o Instituto de Artes da Unesp e a Escola Estadual Alexandre de Gusmo. Ele se constituiu por um conjunto de aes que visaram ampliar o ingresso da arte nas comunidades mais carentes por meio da introduo da linguagem da dana no ambiente escolar. Essas aes artstico-pedaggicas foram oferecidas a essa escola durante o ano letivo de 2003 por meio da exibio de um vdeo-documentrio do grupo Stomp; de uma oficina de dana e percusso corporal de nome Batuque no Corpo; de uma exposio de fotos sobre as danas da cultura popular tradicional brasileira, da apresentao do espetculo do grupo de teatro didtico da Unesp Atrs do Grito, e do curso de mesmo nome do projeto, Desenvolvendo a Dana no Magistrio. As quatro primeiras aes foram abertas totalidade dos alunos e comunidade circunvizinha; e o curso, foi dirigido apenas aos alunos do magistrio dessa escola. Acreditamos que o objetivo inicial do projeto, de levar a cultura da dana para a escola, foi atingido. Porm, o interessante foi que obtivemos resultados complementares. A parceria estabelecida entre a universidade e a escola aconteceu de fato. A comunidade circunvizinha tambm participou do projeto, at sugerindo propostas de atuao para o prximo ano. Um projeto dessa natureza pode contribuir para o desenvolvimento profissional de nossos alunos despertando o interesse por aes educativas e sociais, fundamentais para a construo de uma sociedade transformadora. Palavras-chave: dana; projetos; dana na escola; expresso corporal. APRESENTAO A capacidade de se expressar por meio do corpo intrnseca ao ser humano, uma caracterstica que se aprimora continuamente, desde as civilizaes mais antigas. Nessa medida o movimento se constitui em um dos principais meios de interao entre o homem e o mundo a sua volta, desde as aes mais simples at o conjunto de aes simblicas e complexas que compem a arte da dana.
1 Professora doutora Disciplinas: Expresso Corporal I e II, Tcnicas de Teatro e de Dana I e II (Departamento de Artes Cnicas, Educao e Fundamentos da Comunicao Instituto de Artes UNESP Campus de So Paulo). Coordenadora do Projeto Desenvolvendo a Dana no Magistrio. 2 Alunas do 4 ano do Curso de Licenciatura em Educao Artstica com habilitao em Artes Cnicas (Instituto de Artes UNESP Campus de So Paulo).
396 Vivemos em uma sociedade que contribui para a formao de pessoas fragmentadas, as quais se especializam em determinadas atividades, em um tipo de raciocnio, hipertrofiam algumas funes cerebrais e partes do corpo em detrimento de outras. Pessoas condicionadas pelo bombardeio dirio de informaes provenientes dos meios de comunicao e da cultura de massa que impem modelos prontos e influenciam diretamente na capacidade de percepo e atuao na sociedade. Neste sentido, a prtica da dana seria uma forma de resgatar e ampliar a percepo das pessoas, com a ampliao da conscincia corporal, buscando favorecer a integrao do corpo, mente e emoes por meio do contato com essa manifestao artstica. Por isso, a importncia fundamental de que o ensino da linguagem da dana realmente ocorra nas escolas pblicas. O que nos parece a melhor alternativa para democratizar uma linguagem to elitizada dentro da realidade socioeconmica brasileira. O PROJETO DESENVOLVENDO A DANA NO MAGISTRIO Pensando na possibilidade de acesso cultura para as pessoas, elaboramos um projeto de ao que procurasse estabelecer redes de comunicao entre a escola que um local de aquisio de conhecimentos e a comunidade. Assim nasceu o Projeto Desenvolvendo a Dana no Magistrio, uma parceria entre o Instituto de Artes da Unesp e a Escola Estadual Alexandre de Gusmo. Ele se constituiu por um conjunto de aes que visaram ampliar o ingresso da arte nas comunidades mais carentes com a introduo da linguagem da dana no ambiente escolar. O primeiro critrio na escolha da escola na qual se desenvolveu o projeto foi a localizao da instituio e o fato de ser uma escola pblica que oferece o curso de magistrio. Prxima a favela Helipolis, a escola atende a uma parcela significativa dos moradores desta comunidade. Alm disso, em levantamento feito nas escolas pblicas da regio (ainda em 2002), foi constatada a inexistncia de atividades que enfocassem a dana como manifestao artstica. No perodo de maro a novembro de 2003, o projeto promoveu por meio de um conjunto de aes artstico-pedaggicas, o contato efetivo dos alunos desta escola com a linguagem da dana. Essas aes foram oferecidas escola durante o ano letivo mediante exibio de um vdeo-documentrio do grupo Stomp; de uma oficina de dana e percusso corporal de nome Batuque no Corpo; de uma exposio de fotos sobre as danas da cultura popular tradicional brasileira; da apresentao do espetculo do grupo de teatro didtico da Unesp Atrs
397 do Grito, e do curso de mesmo nome do projeto, Desenvolvendo a Dana no Magistrio. As quatro primeiras aes foram abertas totalidade dos alunos e comunidade circunvizinha; e o curso, foi dirigido apenas aos alunos do magistrio dessa escola. Com o intuito de ampliar o repertrio cultural e potencialidades criativas e expressivas dos participantes, o projeto esforou-se no s por favorecer a prtica da dana, mas tambm por promover debates nos mbitos da arte, esttica, cultura, filosofia, realidades histricas e sociais dos participantes pela apreciao esttica das manifestaes artsticas presentes na sociedade. Portanto, procuramos o envolvimento da comunidade nas atividades propostas pelo projeto. As aes desenvolvidas pelo projeto, em contato com o conjunto de circunstncias encontradas na escola, propiciaram o recolhimento de informaes que, mediante um olhar atento, permitiu identificar alguns fatores que impedem o desenvolvimento de atividades artsticas, mais especificamente a dana na escola, como tambm apontar caminhos para o repensar as prticas artsticas no ambiente escolar como uma possibilidade de ampliao do repertrio cultural dessas pessoas. OBJETIVOS O objetivo primeiro do projeto: levar a cultura da dana para a escola, decorreu da convico de que o movimento constitui um dos principais meios de interao entre o homem e o mundo a sua volta, desde as aes mais simples at o conjunto de aes simblicas e complexas que compem esta linguagem artstica. Tendo em vista esse objetivo maior, foi preciso criar condies para que a linguagem da dana pudesse, no ambiente escolar, ser vivenciada como fator de desenvolvimento e de ampliao da conscincia corporal, por experincias diversas de expresso e comunicao do corpo. Dessa forma, procuramos oferecer um conjunto de aes artstico-pedaggicas que desenvolvessem nos estudantes uma percepo do carter coletivo da dana, da importncia desta linguagem na integrao entre as pessoas, e que estabelecessem o dilogo para troca de experincias, possibilitando um contato maior com o aspecto cultural e esttico da dana. E tambm aes que promovessem a relao entre a dana, o movimento em si e a educao. No decorrer do projeto procuramos colher informaes com a aplicao de um questionrio aplicado tanto no incio como no final do curso oferecido aos alunos do magistrio. Essas informaes possibilitaram uma primeira identificao de alguns aspectos que norteiam o
398 universo cultural dos alunos que freqentam o curso magistrio dessa escola, e que sero futuros educadores. Essa anlise no se limitou a apontar os problemas enfrentados pelos profissionais dispostos a trabalhar a linguagem da dana na escola, mas em apontar caminhos capazes de minimizar as chances de fracasso de um projeto de dana idealizado para uma escola da rede pblica de ensino. AES DESENVOLVIDAS NO PROJETO DESENVOLVENDO A DANA NO MAGISTRIO A primeira atividade que promovemos foi a exibio do filme Stomp, em duas sesses, que receberam um pblico de 40 pessoas. Esse vdeo-documentrio apresentou uma colagem de performances do grupo norte-americano que d nome ao filme o qual trabalha com tcnicas diversificadas de percusso, montando coreografias a partir de situaes do cotidiano. Como eles utilizam bases de ritmos contagiantes (funk, samba, ritmos latinos), e a movimentao muito dinmica, percebeu-se uma grande identificao das pessoas presentes, em sua maioria adolescentes da comunidade e do ensino mdio da escola. Alm disso, ao produzir sons de objetos de uso cotidiano, que a proposta do grupo Stomp, o pblico sentiu-se estimulado a experimentar e criar. Portanto, ao final de cada sesso, aps as discusses, divulgamos o prximo evento, que seria a oficina de dana e percusso corporal Batuque no Corpo, a grande oportunidade de colocar em prtica um pouco do que foi visto.
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No entanto, a oficina foi prejudicada, por um problema de comunicao na escola: ocorreu no dia 16 de outubro, logo aps o ponto facultativo do dia dos professores. Por isso, recebemos apenas oito participantes. Mesmo assim, o objetivo de estimular a criatividade aliando a dana e a percepo rtmica, foi alcanado. Como terceira ao, realizamos a abertura da exposio Danas Populares Brasileiras, na qual organizamos um mural no ptio da escola, com fotos e informaes sobre as principais danas populares. Essas fotos permaneceram expostas durante um ms, com visitao aberta aos alunos, funcionrios, corpo docente e comunidade. A apresentao do grupo de teatro didtico da Unesp Atrs do Grito foi um momento importante no cotidiano escolar, pois a escola parou para assistir o Festeatro para saudar a povaria... Esse espetculo de folguedos e danas regionais fez muito sucesso entre o corpo escolar e a comunidade, que, em seus comentrios, disseram nunca ter visto uma manifestao artstica dessa natureza.
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Outra ao artstico-pedaggica desenvolvida pelo projeto foi o oferecimento do curso Desenvolvendo a Dana no Magistrio (anexo 1). O curso aconteceu durante o ano letivo, com a participao de 14 alunos da escola pertencentes ao ensino mdio. Abordamos elementos tcnicos voltados aquisio de repertrio motriz, ampliao da conscincia corporal, apreciao esttica, desenvolvimento da criatividade e expresso corporal. Nesse sentido, procuramos estabelecer uma interface entre a linguagem da dana e a educao, uma vez que os participantes sero futuros educadores no ensino fundamental.
401 Aconteceu uma festa de encerramento do projeto na escola, na qual os alunos do curso apresentaram uma coreografia e receberam certificados de participao. Este grande evento aconteceu no dia 13 de novembro de 2003 e recebeu um pblico de mais ou menos 200 pessoas. Todos os segmentos da escola estavam representados. Havia alunos do ensino mdio regular e do magistrio, professores, funcionrios, direo e parentes e amigos. O evento foi muito aplaudido e elogiado e, segundo depoimentos de professores e alunos, apresentou algo inovador dentre as diversas apresentaes que j ocorreram na instituio.
Por conseguinte, os depoimentos que registramos, nos quais procuramos identificar o impacto da implantao do projeto na escola, elaboramos dois questionrios (anexo 2), que aplicamos aos alunos do curso Desenvolvendo a Dana no Magistrio, com o objetivo de traarmos um perfil dos participantes e vislumbrarmos nossa atuao. A anlise (anexo 3) mostra que essas pessoas, futuros educadores, do sexo feminino, possuem uma viso em relao arte e a linguagem da dana voltada ao senso comum, e que foi se alterando no processo, mas que necessita ainda de muitas informaes para uma mudana mais expressiva. Houve transformao no discurso. Mas, sem dvida, para uma apreciao contextualizada e um possvel desdobramento dos conceitos abordados para uma atuao na
402 escola, necessrio um leque maior de informaes, reflexo e discusso que contemple os diferentes significados atribudos a essas manifestaes socioculturais. RESULTADOS Acreditamos que o objetivo inicial do projeto, de levar a cultura da dana para a escola, foi atingido. Mais ainda, o interessante foi que obtivemos resultados complementares. A parceria estabelecida entre a universidade e a escola aconteceu de fato. A escola se mobilizou e comprou o projeto incorporando nossas aes ao seu cotidiano. claro que enfrentamos problemas operacionais, como, por exemplo, no dia da oficina, seguinte ao ponto facultativo dos professores, ou momentos em que necessitamos do aparelho de som e o mesmo estava trancado em um armrio que no tnhamos chave, e tantas outras pequenas coisas do dia-a-dia. A comunidade circunvizinha tambm desempenhou um papel interessante, pois, nas primeiras aes compareceu timidamente, e aos poucos foi se envolvendo, a ponto de, na apresentao do grupo Atrs do Grito, participar interagindo com os atores em uma grande ciranda. E ainda sugeriu vrias propostas de atuao para o prximo ano. As alunas bolsistas envolvidas disseram que: a contribuio deste projeto para a nossa formao como arte-educadoras, foi de grande importncia para o nosso crescimento. Este amadurecimento profissional ocorreu por conta das dificuldades que tivemos de enfrentar, ao concretizarmos um projeto ideal, ao nos depararmos com a dura realidade de uma escola pblica, com todos os seus problemas e limitaes. Mesmo assim, conseguimos comprovar que possvel desenvolver de maneira satisfatria, experincias muitas vezes consideradas utpicas em relao ao contexto de uma escola pblica. Esse depoimento mostra que a implantao de um projeto dessa natureza atua no desenvolvimento profissional de nossos alunos, despertando o interesse por aes educativas e sociais, fundamentais para a construo de uma sociedade transformadora.
403 BIBLIOGRAFIA ALMEIDA, Laurinda Ramalho de & PLACCO, Vera Maria Nigro de Souza (Orgs.). As relaes interpessoais na formao de professores. So Paulo. Edies Loyola, 2002. ALMEIDA, Noely Welfort de. Educar pela arte ou para a arte? So Paulo. PUC-SP. Dissertao de mestrado, 1992. BAIOCCHI, Josephina Desounet & FERREIRA, Nelson Braga Octaviano. Montagem de projetos de ao pedaggica. Braslia. Editora de Braslia AS, 1972. BARBOSA, Ana Mae (Org.). Inquietaes e mudanas no ensino da arte. So Paulo. Cortez Editora, 2002. BRASIL. Secretaria da Educao Fundamental. Parmetros curriculares nacionais: Arte. Braslia: MEC/SEF, 2000. BRUNO, Eliane Bambini Gorgueira. Tornar-se professora coordenadora pedaggica na escola pblica: anlise de um processo de formao contnua. So Paulo. PUC-SP. Dissertao de mestrado, 1998. DE CAMILLIS, Maria de Lourdes. Criao e docncia em arte. So Paulo. PUC-SP. Tese de Doutorado, 1997. FERRAZ, Maria Helosa Corra de Toledo e FUSARI, Maria F. de Rezende e. Metodologia do ensino de arte. So Paulo. Cortez Editora, 1993. FUX, Maria. Dana experincia de vida. So Paulo, Ed. Summus, 1983. GODOY, Kathya Maria Ayres. Dana no 3
Grau: o desenvolvimento da auto-expresso criativa.
So Paulo. PUC-SP. Dissertao de Mestrado, 1995. HERNANDEZ, Fernando. Cultura visual, mudana educativa e projeto de trabalho. Porto Alegre. Artes Mdicas, 2000. LABAN, Rudolf. Domnio do movimento. So Paulo. Summus, 1978. _____. Dana educativa moderna. So Paulo. Ed. cone, 1990. MARQUES, Isabel A. Ensino de dana hoje, textos e contextos. So Paulo. Cortez, 1999. MARTINS, Mirian Celeste Ferreira Dias. Revelaes pedaggicas: ensaios, projetos e situaes didticas. So Paulo. Espao Pedaggico, 2000. MARTINS, Mirian Celeste Ferreira Dias, PICOSQUE, Gisa e GUERRA, Maria Terezinha Telles. Didtica do ensino de arte: a lngua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. So Paulo. FTD, 1998. SCHN, Donald A. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e aprendizagem. Porto Alegre. Artes Mdicas Sul, 2000.
404 ANEXOS Anexo 1 A proposta do curso Desenvolvendo a Dana no Magistrio O curso Desenvolvendo a Dana no Magistrio tem como proposta propiciar ao aluno do magistrio um maior conhecimento da arte por intermdio do corpo e do movimento, e por meio do danar. A linguagem da dana proporciona a integrao entre as pessoas, o desenvolvimento da motricidade, da criatividade e da expresso corporal. E ainda, pode ser vista como uma forma de apreciao esttica presente em nosso meio sociocultural. O aspecto ldico, presente nesta forma de expresso, possibilita a ampliao do repertrio motriz das pessoas. Nesse contexto, a linguagem da dana contribui para a formao dos futuros professores que atuaro no ensino fundamental. Para tanto, utilizamos os conhecimentos de Rudolf Laban (estudioso do movimento humano) como suporte terico prtico para as atividades propostas. As experincias prticas somadas aos conceitos abordados sobre o corpo e o movimento expressivo devem fornecer conhecimentos suficientes para que as futuras intervenes desses alunos no ensino fundamental considerem a linguagem da dana como um dos elementos constitutivo do sujeito em seu desenvolvimento, podendo auxiliar no processo de aprendizagem das crianas. OBJETIVOS GERAIS Propiciar aos alunos a conscientizao do corpo e o desenvolvimento da auto-expresso criativa segundo estudos de Rudolf Laban e tcnicas especficas de expresso corporal. Possibilitar uma anlise crtica em relao s formas de movimento e seu significado dentro de um contexto educativo sociocultural. OBJETIVOS ESPECFICOS Ampliar as formas de movimento de cada aluno; entendimento da fala corporal; movimentao e gestualidade como expresses do corpo. Oferecer subsdios prticos e tericos para que o aluno possa usar a linguagem da dana com as crianas no ensino fundamental. Aproximar estes educadores da atividade artstica, no intuito de obter, ao trmino do curso, uma apresentao elaborada pelo grupo a partir das experincias vividas.
405 PBLICO-ALVO Alunos de terceiro e quarto ano do ensino mdio magistrio. DURAO Maro a novembro de 2003. CONTEDOS O curso teve como sustentao a teoria de Rudolf Laban, na qual so desenvolvidos os conceitos bsicos para a aquisio do movimento expressivo. So eles: 1. Conscientizao corporal: Conceito de movimento elementos de anlise do movimento; Quais as partes do corpo que se movimentam nfase nas articulaes e como se projetam no espao; Qual o gasto de energia ou fora durante o movimento nfase no controle respiratrio; Principais movimentos executados pelo corpo humano (flexionar estender, levantar descer, inclinar curvar, rotar, movimento circular, torcer e deslocar); Percepo auditiva: musicalidade e ritmo. 2. Introduo ao Mtodo Laban Fatores do Movimento: Espao - Direes (frente e atrs, lados, diagonais, acima e abaixo); - Nveis (alto, mdio e baixo); - Dimenses (pequeno, mdio e grande). Dinmica - Intensidades diferentes (leve, mdio e forte); - Peso contrao e descontrao do tnus; - Equilbrio qualidades e centro de gravidade. Fluncia - Controlada retrao; - Livre expanso. Tempo - Velocidades devagar, mdio e rpido; - Pausa controle do movimento, ateno e desateno; - Percepo do tempo interno.
406 3. A dana como elemento sociocultural e pedaggico: Danas Folclricas (Cultura Popular Tradicional Brasileira) - Localizao geogrfica das manifestaes; - Identificao dos brincantes; - Evoluo histrica e funo social; - Experimentao de alguns passos e seqncias de dana. Breve panorama histrico da dana no ocidente Conceitos pedaggicos - Importncia da motricidade no desenvolvimento infantil. 4. Apreciao esttica da dana a partir dos fatores do movimento, conceituados por Laban. ESTRATGIA No intuito de proporcionar um melhor entendimento dos contedos propostos para o curso, optamos por desenvolver aulas tericas e prticas. Por meio das experincias com jogos de integrao, exerccios individuais para aprimoramento da conscincia corporal, dinmicas que associem o movimento msica ou ao ritmo interno de cada um, as alunas tiveram oportunidade de contato direto com a dana. Ao mesmo tempo, tiveram acesso a instrumentais para anlise dos exerccios (como, por exemplo, vdeos), produtos estticos da dana; discusses, leitura de pequenos textos, jogos de palavras, para estimular a curiosidade e a capacidade de descobrir ou redescobrir conceitos. Portanto, esta abordagem terico-prtica desenvolveu diversas formas de experienciar a dana e seus fundamentos bsicos, segundo as idias de Laban. Juntamente com a valorizao do processo de cada aluna, sempre considerando as dificuldades, os questionamentos e as particularidades do grupo. AVALIAO Os critrios estabelecidos para a avaliao do desenvolvimento das alunas no decorrer do curso foram:
Assiduidade;
Participao e desempenho durante os exerccios;
Participao nas discusses e leitura dos textos propostos;
Elaborao do trabalho final.
407 Estes critrios foram especificados pelos seguintes conceitos: regular, bom e muito bom. Alm disso, houve a aplicao de um questionrio inicial, no intuito de fazer um levantamento das experincias anteriores das alunas na rea de dana, alguns conceitos referentes s reas de arte e educao, e saber quais as expectativas em relao ao curso. E um questionrio final, para apurar as modificaes em relao aos conceitos abordados no primeiro e proporcionar uma avaliao dos resultados do curso, pelas alunas. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS BRASIL, Ministrio da Educao e do Desporto. Parmetros curriculares nacionais: Arte. Braslia. MEC/SEF, 2000. BOAL, Augusto. Jogos para atores e no atores. Rio de Janeiro, Civilizao Brasileira, 2000. DAVIS, Cludia & OLIVEIRA, Zilma. Psicologia na Educao. So Paulo, Cortez, 1994. Col. Magistrio 2 Grau. Srie Formao do Professor. LABAN, Rudolf. Domnio do movimento. So Paulo, Summus, 1978. _____. Dana educativa moderna. So Paulo, cone, 1990. MARQUES, Isabel A. Ensino de Dana Hoje, textos e contextos. So Paulo, Ed. Cortez, 1999. MARQUES, Isabel Azevedo. Danando na Escola. So Paulo, Editora Cortez, 2003. MARTINS, Mirian Celeste. PICOSQUE, Gisa & GUERRA, M. Terezinha Telles. Didtica do ensino de arte A lngua do mundo Poetizar, fruir e conhecer arte. So Paulo, FTD, Coleo Contedo & Metodologia, 1998. MIRANDA, Regina. O Movimento Expressivo. Rio de Janeiro, Funart, 1980. OSSANA, Paulina. Educao pela Dana. So Paulo, Editora Summus, 1988. VIANNA, Klauss & CARVALHO, Marco Antonio. A dana. So Paulo, Siciliano, 1990. WELLS, Rene. O corpo se expressa e dana. Rio de Janeiro, Livraria Francisco Alves Editora, 1977.
408 Anexo 2 Projeto Desenvolvendo a Dana no Magistrio Questionrio 01 - 14 pessoas pesquisadas
1) Perfil dos entrevistados: Faixa etria das alunas 29% 14% 57% 16 at 20 anos 21 at 30 anos mais de 30 anos
2) Experincia em dana: Declaram possuir experincia anterior em dana 43% 57% Sim No
2.1) Das que tiveram experincia em dana, tratou-se: Vivncia em dana das alunas N alunas Danas de Salo 5 Jogos Esportivos (classificaram como dana) 5 Assistiu Espetculo (Ao vivo e TV) 4 Ballet 3 Ax 3 Danas folclricas 3 Jazz 2 Teatro (classificaram como dana) 2 Dana do Ventre 1 Funk 1
409 3) Resposta das alunas a questo o que dana? Tentativas de conceituao das alunas N alunas Movimentos e expresses corporais 6 Produto da cultura 2 Danas de salo 2 Veculo para expresso pessoal 2 Atividade que beneficia corpo e mente 2 Movimento sensual 1 Atividade que fortalece o corpo 1 Atividade que proporciona agilidade e elasticidade 1 Processo com vrias etapas 1 Atividade que envolve todo o corpo 1 Arte 1 Sade 1 Atividade relaxante 1 Atividade associada ao prazer 1 Atividade associada ao ritmo e a msica 1 Atividade fsica 1 Atividade que expressa sentimentos 1 No conseguiu formular um conceito 1
4) Interrogadas sobre a contribuio da dana no desenvolvimento da criana, apontaram: Respostas das alunas N alunas Integrao 3 Desinibio 5 Flexibilidade 2 Coordenao motora 2 Leveza nos movimentos 1 Expresso corporal 2 Auxilia no crescimento/ desenvolvimento corporal 1 Auxilia no processo de aprendizagem 1 Torna a criana mais ativa 1 Instrumento motivador 1 Auxilia no processo do conhecimento (formulao de conceitos) 1 Autoconhecimento 3 Criatividade 1 Auto-estima 2 Relaxamento 2 Diverso 1 Auxiliar no ensino da msica 1 Amplia a percepo de limites e espaos 1 Promove o desenvolvimento cultural 1
410 5) O que entendem por arte: As pesquisadas entendem por arte 20% 13% 13% 6% 6% 6% 6% 6% 6% 6% 6% 6% No conseguiram esboar um conceito Algo contido na cultura Criatividade Expresso individual da alma do artista Coisas boas Busca da beleza Tudo Obras e trabalhos que devem ser admirados Expresso Artesanato Faz parte de tudo Habilidade
6) O que entendem por cultura: Entendem por cultura 18% 13% 13% 13% 13% 6% 6% 6% 6% 6% No conseguiram esboar um conceito Histria Ligada a arte Todos possuem Conhecimento Costumes Origem de tudo Ferramenta de aprimoramento Tudo o que uma sociedade vivencia Valores
411 7) Nmero de alunas com proposta para o aprimoramento do Curso: 5 2 1 1 1 1 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 1 N de alunas com proposta para o aprimoramento do curso No possuem sugestes Maior direcionamento para a criana Deseja aprender danas de salo Que sejam dados todos os tipos de dana Toda turma assistir a um espetculo Fazer uma apresentao d
412 Projeto Desenvolvendo a Dana no Magistrio Questionrio 02 - 14 pessoas pesquisadas 1. Declararam as alunas ao trmino do curso 69% 23% 8% Modificadas as concepes sobre dana No modificadas as concepes sobre dana No responderam
1.1. Entre as alunas que declararam modificadas as concepes sobre dana, foram destacados os aspectos: * A dana pode ser composta por movimentos espontneos e livres; * Pode-se compor uma coreografia atravs da combinao de movimentos simples; * A nica condio para danar ter corpo; * A dana no se restringe a marcao de passos ou coreografias; * Antes de ser uma atividade fsica a dana uma linguagem artstica; * Movimentos cotidianos podem compor uma coreografia, e * uma atividade que promove a integrao.
Obs: explcita, nas respostas das alunas, a declarao de que suas concepes sobre dana no foram modificadas o entendimento da palavra concepo como sinnimo de gostar. 2. Ao trmino do curso, 100% das alunas consideram a dana favorvel ao desenvolvimento da criana.
413 3. 0 5 10 15 N de alunas que declararam modificado o entendimento sobre arte sim no no respondeu 11
4. Entre as alunas que declaram modificado o entendimento sobre arte 1 aluna 10 alunas Limitaram-se ao mbito da dana Abrangeu outras linguagens artsticas 5. 100% das alunas consideraram o curso importante em seus processos de formao profissional.
414 Anexo 3 Anlise dos questionrios n01(inicial) e n 02(final)
De maneira geral, no decorrer do curso, na tentativa de conceituar dana, se destacam entre os alunos duas tendncias: a de qualquer movimento ou atividade que exija envolvimento corporal dana (no questionrio n 01, questo 2, 36% dos alunos apontam a participao em jogos esportivos como exemplo de experincia em dana); ou, a de que apenas estilos ou ritmos compostos por coreografia ou passos bem marcados constituem-se em dana. Ainda no questionrio n 01, questo 3, apenas um dos alunos vincula a linguagem da dana ao mbito da arte; e, outros dois entendem a dana como produto da cultura. As respostas dos alunos evidenciam a dificuldade em elaborar e defender um discurso prprio, que resulte de uma anlise crtica pessoal. No questionrio n 02, questo 1, 69% dos alunos declaram terem sido modificadas suas concepes sobre dana. Entretanto suas respostas esto diretamente relacionadas a coreografia desenvolvida para apresentao no encerramento do curso, e com as discusses levantadas durante a exibio do vdeo do Stomp, uma das atividades programadas do projeto. Assim, temos dvidas se as respostas resultam de uma reflexo, ou se constituem apenas em repetio, isenta de esforo intelectual, dos contedos oferecidos. Alm disso, alguns alunos responderam as questes por fragmentos extrados de literatura existente, talvez seus prprios materiais didticos, em um procedimento que se assemelha a uma colagem desajeitada. Tanto no questionrio n 01, quanto no 02, quando interrogados sobre os benefcios da dana para o desenvolvimento da criana, os alunos, na quase totalidade, citam apenas um exemplo. O que no mnimo intrigante, j que nas discusses durante as aulas o discurso verbal foi bem mais interessante. Ou seja, houve um descompasso entre as falas e os textos por eles produzidos. Ainda sobre os benefcios da dana para o desenvolvimento da criana, notamos no questionrio n 01, questo 4, para os depoimentos colhidos ao trmino do curso, o abandono do foco da dana como atividade til ao desenvolvimento fsico, para o aspecto da expressividade pessoal. Sobre os tipos de dana adequados para o trabalho com crianas na escola, os depoimentos apontaram para a influncia das discusses que surgiram durante a elaborao do trabalho final (coreografia) elaborado pelo grupo. Os alunos defenderam a utilizao de temas
415 e movimentos cotidianos, a interao entre a dana e o teatro e a expresso corporal livre e espontnea. Como esclarecimento, necessrio dizer que a coreografia tinha por cenrio a escola. E a base dos movimentos era encontrada no cotidiano deste ambiente. Sobre a expresso corporal livre e espontnea, embora em vrios momentos do curso os alunos tenham tido a oportunidade de se expressar desta maneira, durante a execuo da coreografia, o movimento foi criado pelos alunos e era direcionado previamente. As questes 3 e 4 do questionrio n 02, respectivamente, referentes arte e cultura, mais uma vez demonstram a dificuldade dos alunos para elaborarem os prprios conceitos. Na tentativa de definir o que arte, os alunos se apiam nos contedos oferecidos pelo curso Desenvolvendo a Dana no Magistrio, expressando idias relacionadas ao universo da dana. Os alunos fogem da questo afirmando, por exemplo, que arte uma coisa ampla, ou que tudo, ou ainda que est em tudo. Em depoimentos, um dos alunos manifestou uma idia no mnimo curiosa, em suas palavras, o bal clssico uma arte bem bonita de se ver. Trazendo a discusso para a idia do belo na arte. Nesse sentido os alunos manifestaram descontentamento com o nvel da cultura. Entretanto, a afirmao no encontrou nenhum argumento que a sustentasse, configurando talvez uma simples fala do senso comum. Ao trmino do curso, os alunos em sua maioria, afirmaram que consideraram o curso importante para sua formao profissional, o que indica que houve um incio de conscientizao sobre a importncia da introduo da linguagem da dana na escola.