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Este documento discute o papel dos mediadores na sociedade e como eles facilitam a passagem entre diferentes domínios sociais e culturais. Os mediadores têm a habilidade de transitar entre mundos diferentes e desempenhar vários papéis, o que lhes dá a capacidade de interpretar e estabelecer pontes entre culturas distintas. Eles negociam a realidade e criam novas formas de entendimento, atuando como agentes importantes de mudança social.
Descrizione originale:
Resumo do texto "mediação e metamorfose" de Gilberto Velho.
Titolo originale
GILBERTO VELHO - Mediação e metamorfose (resumo)
Este documento discute o papel dos mediadores na sociedade e como eles facilitam a passagem entre diferentes domínios sociais e culturais. Os mediadores têm a habilidade de transitar entre mundos diferentes e desempenhar vários papéis, o que lhes dá a capacidade de interpretar e estabelecer pontes entre culturas distintas. Eles negociam a realidade e criam novas formas de entendimento, atuando como agentes importantes de mudança social.
Este documento discute o papel dos mediadores na sociedade e como eles facilitam a passagem entre diferentes domínios sociais e culturais. Os mediadores têm a habilidade de transitar entre mundos diferentes e desempenhar vários papéis, o que lhes dá a capacidade de interpretar e estabelecer pontes entre culturas distintas. Eles negociam a realidade e criam novas formas de entendimento, atuando como agentes importantes de mudança social.
Potencial de metamorfose indivduos movem-se entre provncias de significado, que no so apenas contextos sociais diferentes, mas distintos planos e representaes da realidade. As fronteiras entre essas provncias de significado so latentes; a permanncia de latncia implica no potencial de metamorfose. Essa experincia no igualmente distribuda entre os agentes sociais. H indivduos com pouca, outros com muita mobilidade entre domnios sociais, propiciando a efetivao de metamorfoses, mudanas radicais de papis. A passagem por diferentes mundos d a alguns indivduos a possibilidade de desempenhar o papel de mediador.
Tanto na possesso como no xamanismo, por exemplo, existe mediao e metamorfose. Em termos de mediao, nem sempre os domveis que Estas s ambiguo total nitidez. ediamediador. o conjuntop de foras sociais em jogo, isto ndone a ideia de leis preenios dos natural/sobrenatural, pblico/privado se encontram separados com nitidez. o caso do Brasil, ambguo e fluido. Estas so variveis que acompanham fenmenos como o do clientelismo em diferentes esferas. Os santos como mediadores no catolicismo popular, por exemplo, seriam expresso desses ethos e lgica social. Nas relaes entre o mundo oficial legal com grupos desviantes/criminosos, h tambm mediao de certos indivduos como negociantes e mensageiros.
Em termos de relaes entre categorias sociais distintas, chamou-se a ateno para os mediadores em situao de negociaes entre esferas distintas de poder, como no caso da dominao colonial. Em outras situaes a atuao do mediador est relacionada coexistncia de muitos nveis de cultura, onde ele atua como intrprete dos diferentes nveis culturais, e como mediador. Tambm atua como broker, empreendendo tarefas, supervisionando atividades de contato e caracterizando-se pela capacidade de falar muitas lnguas.
O vereador, em outra perspectiva, desempenha, na maior parte do tempo, esse papel chave de mediao, que vai muito alm de uma simples troca de papel. Ele personagem central de uma ampla rede de relaes, com eixos diversos. Esses eixos seriam o da relao entre o vereador e a populao, com outros vereadores da mesma legislatura e com o poder pblico (executivo municipal). Por exemplo, o vereador chega a cmara e h pessoas, que ele pode no conhecer, o aguardando. O cliente relata o motivo de sua visita: falta dgua, falta de vaga na escola, etc. O pedido do cliente invoca um problema prtico, mas sobretudo expressa um drama (da vida dele e do que aquela reivindicao representa). Nesse momento, o vereador estabelece uma relao de cumplicidade com o cliente, demonstrando entendimento e compreenso. Depois que a pessoa termina de expor seus problemas, ele deixa a posio de ouvinte passivo e passa a ser agente ativo diante da questo relatada. Procura, ento, conciliar os pontos de vista do indivduo que o procurou e do poder pblico. Durante o encontro, no s a questo, como a prpria realidade vivida so redefinidos, pelo poltico/mediador. Seus comentrios alentam o interlocutor, sugerindo-lhe novas maneiras de ver a questo, mais otimistas ou pessimistas, mas fundamentalmente, de outro ngulo, incorporando novos dados e pontos de vista. A implementao das tarefas prometidas vai levar o vereador a desempenhar outros papis, pois, por exemplo, a interao dele com seus pares diferente daquela que ele tem com o eleitor essa relao obedece a uma etiqueta prpria.
A sua atividade poltica, assim, estar sempre se caracterizando por um permanente trnsito entre contextos e domnios distintos com o poltico transitando por entre seus eleitores/clientes e o mundo oficial do legislativo, executivo e judicirio. O sucesso maior ou menor do poltico vai depender, em grande parte, de sua habilidade como broker. Sua atividade profissional permite observar o exerccio cotidiano da mediao e do potencial de metamorfose. Ao lidar, comunicar-se e interagir diariamente com universos sociais regidos por lgicas e vises do mundo diferentes, o poltico busca interpreta-los e estabelecer pontes. No se trata apenas de traduzir linguagens. Quando o vereador deixa a posio de ouvinte e passa a falar e propor solues, ele transforma os termos do discurso daquele que lhe procura. O poltico bem-sucedido , portanto, um negociador da realidade, interpretando-a, remontando-a, funcionando como tradutor-intrprete de cdigos diferentes.
A relao entre mediao e bricolagem estreita. Assim, o mediador no s negocia, como cria novas realidades, a partir de seu trnsito por diferentes domnios. O potencial de metamorfose do poltico, sua habilidade para transitar em mundos e provncias de significado com alteraes drsticas de papis e da prpria apresentao do self, constituem a base de uma identidade dinmica e complexa do mediador.
Cabe enfatizar que os mediadores, em princpio, so importantes agentes de mudana da organizao social. Em sociedades onde individualismo e holismo aparecem em combinaes hbridas, o mediador expressa dramaticamente as tenses e conflitos entre essas vises de mundo.
A sociedade individualista e capitalista coloca o indivduo como foco. Assim, surge uma relao entre a cultura subjetiva e a cultura objetiva. A "viagem", nesse aspecto, aparece como uma maneira de pertencer e participar de vrios nveis de realidade. Essa viagem pode se dar internamente a uma sociedade especfica, havendo um trnsito no geogrfico, mas entre mundos sociais, subculturas, ou entre diferentes papis sociais desempenhados pelo mesmo indivduo. H coexistncia de diferenciadas ordens sociais dentro de uma mesma e nica sociedade. As descontinuidades criadas entre grupos, coletividades, possuem espao entre uma e outra - o qual abre margem para a existncia da mediao.
A mediao, muitas vezes, no se d de maneira intencional e planejada, na medida em que o trnsito entre diferentes realidades parte da prpria atividade empenhada pelo indivduo - havendo, nessa situao, uma mediao entre classes sociais. Exemplo claro do eludido a posio das empregadas domsticas na sociedade brasileira que, frequentemente, so figuras inseridas em camadas populares, mas trabalham em residncias de espectros sociais elitizados. Assim, no apenas h o movimento entre uma lgica social e outra, como tambm existe o desempenho de mediao entre diferentes estilos de vida e experincias: ainda que fronteiras claras sejam demarcadas em cada "habitus", disposio, gosto, forma de interao, estas personagens trazem informaes e experincias, mantendo um canal de comunicao interclasses entre distintos nveis de cultura.
Esse quadro fica ntido em uma sociedade no s diferenciada, como tambm desigual, onde os choques de realidade se expem de maneira mais profunda. No entanto, na situao explicitada, observa-se uma via de mo nica, j os patres no tm esse contato direto com a estrutura social da trabalhadora. Outro exemplo acerca da mediao cultural entre classes social, a feita atravs da capoeira, entre os professores/mestres e outras classes sociais e nveis de cultura (normalmente superiores). No entanto, nesse caso h um desdobramento diverso do anterior, pois quando esses capoeiristas transitam e viajam, eles difundem prticas e valores de uma cultura afro-brasileira, que acaba sendo valorizada e toma carter positivo frente a grupos que possivelmente so oriundos de um estrato mais elitizado.