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(*) UZIEL SANTANA

UFS: uma análise reflexiva, retrospectiva e perspectiva. (II)

“As universidades (...) obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino,


pesquisa e extensão”
Neste segundo ensaio da série sobre a UFS, conforme anunciamos na semana passada,
vamos discorrer, reflexivamente, sobre o Programa de Expansão das IFES (Instituições
Federais de Ensino Superior), promovido pelo MEC (Ministério da Educação), e a
participação da nossa universidade federal.
Esta nossa análise terá como pano de fundo a seguinte problemática investigativa: o
Programa de Expansão das Universidades Federais, promovido pelo MEC, é um
programa de Expansão da Universidade ou, simplesmente, um programa de Expansão
do Ensino Universitário? Mais ainda: o Programa de Expansão das IFES é um programa
de Expansão qualitativa ou de mera Expansão quantitativa, nos mesmos termos que
representou o MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização) e o Ensino Supletivo
no final da década de 60 e na década de 70, respectivamente? A comparação conjectural
– entre os dois processos de Expansão – é alarmante, mas, peremptoriamente, não
podemos deixar de fazê-la e, por assim ser, investigá-la. Pois bem. Vejamos, então.
Na semana passada, preliminarmente, demonstramos que, segundo o texto da atual
Constituição Federal – conforme a epígrafe que lançamos acima: o art. 207 – estabelece
que as universidades obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino,
pesquisa e extensão. Isso representa, política e juridicamente, duas coisas: primeiro que
a Constituição está a nos dizer que, não existe Universidade, sem que esta seja
constituída, expandida e desenvolvida sob o fundamento do tripé
“ensino/pesquisa/extensão”. Segundo que as políticas públicas na área da educação, a
serem implementadas pelos governos federais, estaduais e municipais, devem,
categoricamente, sob pena de inconstitucionalidade material, atender ao princípio da
indissociabilidade do ensino, da pesquisa e da extensão. De modo que, o Governo, e
seus órgãos executivos e de gestão, não pode, tão-somente, implementar políticas
públicas que atendam à apenas um dos pilares que sustenta a universidade. As políticas
público-educacionais devem sopesar, harmonicamente, cada um dos pilares
fundamentais da universidade, sob pena de essa não se sustentar mais ou de haver
crescimento e desenvolvimento de um segmento em detrimento de outro.
Em assim sendo, traduzida a Carta Magna nesses termos, o que podemos afirmar,
quanto ao Programa de Expansão das universidades, proposto e patrocinado pelo
Governo Federal, através do MEC, olhando, respectiva, prospectiva e perspectivamente,
para o que temos visto e ouvido no caso da nossa UFS? A análise e as ilações, a partir
da nossa IFES, não são das mais animadoras. Vejamos, os porquês.
O Programa de Expansão do MEC aqui na UFS, lato sensu, tem sido implementado
assim: interiorização da UFS, com a construção do “Campus” de Itabaiana, do
“Campus” de Laranjeiras e, agora, com o programa Universidade Aberta do Brasil
(UAB), através do Centro de Educação Superior a Distância da UFS.
Todas essas ações, programas e projetos visam à Expansão, não da Universidade, mas
apenas do Ensino Universitário. Essa é a primeira coisa que precisamos desmistificar,
sob pena de estarmos construindo, no imaginário da sociedade sergipana e da
comunidade acadêmica, uma falácia semântica. Isso porque, como demonstramos
acima, Expandir a Universidade, significa expandi-la nos três segmentos constitutivos
da mesma: ensino, pesquisa e extensão.
No caso, é expansão do Ensino universitário, tão-somente – e não da Universidade –,
porque, olhando para as bases constitutivas desse Programa do MEC – que prevê
recursos, apenas, até 2010 – o objetivo do mesmo é, essencialmente, expandir a
educação superior à uma grande camada da sociedade – jovens entre 18 e 24 anos – que
se encontra fora do contexto universitário. O programa não prevê recursos específicos
para Pesquisa e Extensão. Tanto é assim que, os novos “Campi” construídos (e na
próxima semana explicaremos o porquê dessas aspas, passim) em todo o Brasil – assim,
como aqui em Itabaiana e Laranjeiras – não têm programas específicos e voltados para a
Pesquisa e a Extensão – como o PIBIC, PIBIX e etc. O investimento é voltado,
exclusivamente, ao Ensino.
E isso é de todo ruim? Estão, in totum, certos os que clamam contra a Expansão? Ou, do
mesmo modo, estão, in totum, errados os que aprovam e promovem a Expansão?
Pensamos que não é de todo ruim o Programa do MEC. Porque é evidente que a
expansão do ensino universitário ao interior é uma ação acertada e premente. Mas, por
outro lado, não podemos nos iludir com a retórica retumbante e discursiva do Governo
Federal, porque, como provocamos na semana passada, os estudantes do interior, por
direito constitucional, devem ter a mesma educação de qualidade dos estudantes das
capitais. Interiorizar apenas o Ensino é não cumprir o ideal universitas do ensino
superior, proposto pela Magna Carta.
Ademais, conforme muitos têm escrito, temos que nos preocupar e nos posicionar,
realmente, contra o “movimento de expansão quantitativa” que se preocupa, apenas, em
colocar os dados estatísticos a serviço dos governantes. As pesquisas demonstram que,
além dos fatores conjunturais, o que leva muitas crianças, jovens e adultos a
abandonarem a carreira educacional é exatamente o baixo grau de qualidade e atrativos
das escolas e universidades.
Na década de 70, o Governo Federal, atrás de se legitimar através de dados estatísticos,
investiu pesado num projeto de expansão da educação de base: o MOBRAL e o Ensino
Supletivo. O discurso retumbante era: “temos que levar a educação aos que estão
marginalizados”. E isso, naquela ocasião, era sim importante. Mas o Governo esqueceu
de investir na estrutura das escolas e, assim, chegamos à realidade atual, onde as escolas
públicas de ensino fundamental e médio, na maior parte, estão em níveis degradantes de
educação.
Não podemos deixar que isso aconteça novamente. Não se pode usar programas de
governo como instrumentos e adereços dos palanques eleitorais. Uma expansão que é só
de ensino, não é expansão da Universidade. Expansão que é feita sem um planejamento
racional, equilibrado e atuarial não é política pública educacional, mas sim “política”
imediatista de perpetuação no Poder.
Semana que vem, vamos, dando continuidade a esta série, analisar o processo de
“Expansão” da UFS, olhando para os casos de Itabaiana, Laranjeiras e da Universidade
Aberta e então, tudo que acima afirmamos restará ainda mais claro e demonstrado.
(*) Advogado. Professor da UFS – (ussant@ufs.br).

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