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Introduo
Ao analisar a crise econmica mundial, o prmio Nobel de economia, Paul
Krugman alertava para o risco de contgio da crise financeira e que a mesma viesse a se
tornar uma crise de f em todo o sistema. Por que uma crise que comeou com
emprstimos a um grupo limitado de compradores de casa acabou paralisando o sistema
financeiro? Porque, em ltima instncia, mais que uma crise de subprime; realmente,
mais que uma crise de moradia. uma crise de f
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Mas de que f se trata? Obviamente, na f de que os investimentos vo render o
que prometem, mas Krugman se refere a uma crise mais profunda: a f de que o sistema
fonte de prosperidade e salvao para seus fiis. Um abalo dessa magnitude poderia
mostrar, eventualmente, que o deus antes imaginado como slido, na verdade tem ps
de barro e que sua vulnerabilidade deriva justamente no da ganncia deste ou daquele
investidor mais ambicioso, mas dos fundamentos sobre os quais todo o sistema se
ergueu. Essa situao demonstra que, ao invs de um sistema altamente racionalizado e
eficiente, o capitalismo globalizado um sistema baseado em crenas fundamentado nas
expectativas precrias de seus agentes.
Max Weber, ao descrever o processo de secularizao do capitalismo moderno,
exaltava justamente sua capacidade de fugir da imprevisibilidade e irracionalidade
caractersticas dos modos de produo anteriores, que compeliam os homens a
buscarem estabilidade na religio frente ao caos do mundo. Contudo, ao contrrio da
interpretao weberiana de substituio de crenas religiosas irracionais pelo clculo
racionalmente planejado; podemos entender a secularizao como uma mudana de
direo. Ou seja, de uma f que, frente s impossibilidades histricas de satisfao plena
dos desejos humanos, projetava tais satisfaes no mais alm, para uma promessa de
vida plena no futuro, atravs do progresso histrico ilimitado. Assim, o que antes era
impossvel nesta vida se torna uma meta realizvel graas ao progresso tcnico
cumulativo virtualmente infinito. Dessa perspectiva, o capitalismo no expulsou a