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Miragens Digitais (a propósito da conferência de William Dutton «Networked

Citizens and e-Democracy»)

Francisco Rui Cádima *

Como não perder a arte dos pequenos passos perante os espantos da

globalização? Ou como entender que prevaleça o nepotismo da opinião

quantificada, rateada, retirada, no fundo, a quem não foi dada, muito

provavelmente, a possibilidade de construir a sua própria opinião? E como

não imaginar que a Net pode não exorcizar esta crua realidade, reforçando os

conceitos de interacção e interactividade como controlo social, isto é, como

uma forma de coercividade em que os indivíduos, aceitando de forma não

reflexiva as opiniões integrantes do «two step flow» da era digital, adaptam

assim o seu comportamento às atitudes predominantes sobre o que é

aceitável ou não?

Estas algumas das questões prévias que se poderiam colocar quando

o tema em debate se refere à chamada democracia electrónica. Daí que a

disseminação do acesso ao digital possa não significar o alargamento do

conceito de participação e a sua consecução efectiva, mas apenas uma nova

forma de aceder a velhos modos de discriminação e de dominação.


Assim, antes de abordar mais em concreto os tópicos desenvolvidos

por William Dutton, procurarei enunciar de forma sintética algumas

preocupações centradas em torno das miragens do digital.

I. Telerealidades: o que se perde, o que se esquece

Telerealidade, memória, esquecimento são alguns dos parâmetros

centrais do dispositivo comunicacional clássico e «pós-clássico». Tal como,

aliás, a sua instrumentalidade, o seu regime logotécnico e a sua

performatividade, o seu «fazer» ao dizer.

No campo dos media clássicos, as duas últimas dédadas do século

foram marcadas pela fragmentação dos grandes sistemas comunicacionais, o

que determinou, de facto, o fim da inscrição dos consensos como forma de

agenciamento específico, designadamente da máquina televisiva

monopolista, produtora de identidades, ela própria palimpsesto neutralizador,

dispositivo abstracto de enunciação. Mais do que uma interacção entre usos

e gratificações, suceder-lhe-ia uma lógica de indiferença que deriva da virtual

multiplicidade das escolhas centradas nos novos gadgets comunicacionais de

final de século.

No âmbito das discursividades, quer se trate da recomposição ou da

fragmentação do real, no écran televisivo redimensiona-se o tempo e o

* Professor da Universidade Nova de Lisboa. Director do Obercom - Observatório da Comunicação.


espaço, sendo improvável a possibilidades de contemplarmos uma imagem. É

afinal o fluxo de imagens que nos «contempla». É este excesso que neutraliza

também as condições de possibilidade do exercício arqueológico da memória.

O esquecimento é imposto por esse excesso, por esse fluxo desordenado que

torna impossível restituir a continuidade perdida da experiência ou tão

somente de uma história narrada. Trata-se em síntese de um fenómeno de

indiferença resultante da errância de que a um outro nível a contaminação do

discurso por formatos e géneros constitui o paradigma central. Donde, o

paradoxo da crise dos consensos, que, no limite, alterna entre uma lógica de

indiferença e uma lógica normativa. No fundo, o que poderia ser um

extraordinário meio de democracia directa pode converter-se de facto em

instrumento de opressão simbólica.

Uma outra normatividade prende-se com a lógica da telerealidade que

reconfigura a natureza dos media, concedendo-lhes a dimensão hiperreal de

que fala Paul Virilio. A televisão molda o acontecimento ao seu dispositivo,

adequa-o ao seu regime tecnodiscursivo, cuja finalidade, ao contrário da

experiência do «directo», é deixar aparecer o que de seguida se esquece.

Deparamo-nos assim de novo com o diferendo: deter a história, possuir a

prova, mas não conseguir superar o facto de o homem se constituir por uma

faculdade activa do esquecimento, como dizia Nietzsche, por uma espécie de

recalcamento da memória biológica, entregando-se aos sistemas da

crueldade, aos inventários domesticadores, emergindo estes como traços

inelutáveis da contemporaneidade. Um campo de espectros, em processo de


reconversão digital: a política é fundada sobre o esquecimento, o que permite

todas as reescritas da história e a emergência de novos ciclos de

reapropriações. Como tenho referido, o esquecimento gera então o monstro e

nessa denegação do acontecimento, novos holocaustos aguardam a sua

hipertelia.

II. Da arte dos pequenos passos

Não muito antes da Internet, ao princípio, era o verbo. A grande cesura

situava-se então no plano dos signos e dos códigos convencionais. Para

Platão, como se sabe, a escrita não era mais do que um simulacro do real. A

escrita surgia assim como fim da techne. Os hard media a tanto obrigavam.

Essa delegação do saber na escrita era assim uma perca do sujeito, e evoluia

para uma mnemotécnica que desabituava do «esforço interior», e criava um

saber não reflexivo como nas sociedades de cultura oral. O arbítrio do

déspota tinha agora que enfrentar não a sobrecodificação mas o fluxo

desterritorializado de escrita e doravante a dominação far-se-ia cada vez

mais no espaço e já não no tempo. Assistiu-se então ao predomínio da

técnica autoritária sobre a techne, sobre a técnica democrática, também à

legitimação do discurso segundo a performatividade dos seus enunciados. E

à revisão da história num mundo de narrativas, de tecno-imaginários, sendo a

transparência da comunicação uma espécie de novo cárcere.


As fábricas de sonhos - dos imaginários à política e aos media -,

tornam-se num admirável mundo, numa realidade modelizada e hiperreal que

se configura sobretudo como dispositivo comunicacional totalizante. Esse

ruído, essa sobreinformação, é, no fundo, uma crise de solidariedade entre o

sentido e a experiência.

Da techne perdida chegou-se ao messianismo científico-tecnológico

que por sua vez arrasta consigo os novos mensageiros de práticas

minimalistas, singulares, locais, centradas sobre o homem e os seus

contextos. No domínio essencial da comunicação do que se trata é então de

libertar as sujectividades e a experiência do «local», centrada agora nos

novos poderes dos fluxos à escala do homem, não como terminal, mas como

nómada.

III. Da ordem interactiva simulacral

Eis-nos então chegados à ordem interactiva, mirífica salvação dos

deserdados do ciberespaço. Importa aqui pensar se a interactividade se fica

apenas no seu registo técnico, saber se ela não será mais do que a metáfora

da sociedade da abundância tecnológica tornando-se a miragem da

sociedade das proezas tecno-sociais, como referia Manuel Castells.


Entramos assim na era do transpolítico, das sombras do tempo que

caminham mais rápido que os seus próprios passos. Numa modernidade que

se recompõe por adições complexas: o movimento mais a incerteza. Ou por

oposições definitivas: o mundo da vida mais o sistema da eficácia. De onde

resultam as crises do paradigma do progresso, as passagens da finalidade à

hipertelia; dos equilíbrios orgânicos aos seus clones; dos (des)equilíbrios pelo

terror; da legitimação pela representação ou pelo êxtase do real.

Nesta violenta mutação joga-se uma ruptura dramática no dispositivo

comunicacional e nesse aspecto o controlo do virtual é decisivo para que a

nova telépolis não fique exposta aos olhares da insondável totalização e às

suas maquinações.

Os novos media preparam, no fundo, uma outra convergência - a dos

neurónios com os chips, procurando exorcizar de certa maneira as fobias bio-

tecnológicas. Na era do mundo de possíveis que a tecnologia disponibiliza, o

inumano pode ser a modelização, a clonagem. Mas o facto é que onde está o

perigo está aquilo que liberta.

De qualquer forma, a crise do paradigma do progresso, as

excrescências de uma modernidade continuadamente em crise - das

limpezas étnicas às mortes «limpas» -, enfim, as obscenidades e o êxtase

verificados pelas hipertelias do que está para além da ordem natural das

coisas, são parâmetros a levar em conta no novo dispositivo comunicacional e

societal. Através deles verifica-se de algum modo a colonização do mundo da

vida, do lebenswelt, pelo sistema da eficácia e por um regime simbólico que é


de algum modo apocalíptico, embora numa dimensão não antropológica - a

elisão do corpo (da experiência) pelo sujeito estatístico, ou pelos seus

algoritmos. A própria legitimação do político emerge a partir do «outro», pela

representação e pelo desempenho mediático. Estamos, portanto, perante

diferentes crises antropológicas - de legitimação dos saberes, da

representação, e do social.

Mas perante os perigos da interactividade técnica, ou perante os mitos

da «cibernação» e das naturais miragens do digital, há uma realidade que

permanece como espécie de vírus: a empatia pelos fluxos, pelas logotécnicas

televisivas, pela gratuitidade da desagregação brutal do tempo nas reduzidas

dimensões de um qualquer pequeno écrã, ou de uma qualquer entidade

terminal, denotando ainda essa irreconciliável tensão entre tecnociência e

singularidades.

IV. Da exclusão na acessibilidade

Finalmente, o «défice social», ou seja, uma certa secundarização da

questão da «alteridade», dos «outros» no processo de radicação das

infotecnologias, não só em relação à oposição «local» versus «global», mas

também no que concerne a formas mais violentas de exclusão, isto é, em

relação aos sectores mais vulneráveis da sociedade.


Uma SI e um transpolítico indiferente às margens que eventualmente

pode criar, no sentido em que essa miragem, essas proezas da técnica, esse

mirífico «ciberespaço», mais do que um espaço virtual de poder

absolutamente aberto, ou mais do que uma «tirania da telepresença» (numa

leitura essencialmente crítica), pode configurar um novo cárcere, uma nova

exclusão, a mais dramática das exclusões da era pós-industrial.

Prefigura-se, nessa medida, um quadro de desenvolvimento

infocomunicacional que deverá ter como objectivo estratégico o investimento

nas diferentes periferias, conduzindo a uma progressiva superação das

margens, fazendo emergir os «localismos» - e o homem - à dignidade da

sociedade global, combatendo todas as formas de «info-exclusão» e ainda o

mito da interactividade técnica como modelo societal e de cidadania.

Sociedade de Informação, portanto. Convirá talvez ver, finalmente,

como tem vindo a ganhar corpo a caracterização da Sociedade de

Informação. Em meados da década de 90, de acordo com deliberações

tomadas no G7, a transição para a SI deveria contemplar, nomeadamente: a

interacção global das redes de banda larga; a formação e educação

transculturais; o apoio a bibliotecas, museus e galerias de arte electrónicas; a

gestão do ambiente, dos recursos naturais, da saúde; a interligação entre

administrações públicas; a execução de um inventário global multimedia

sobre projectos e estudos para a promoção e desenvolvimento da Sociedade

Global de Informação.
Da mesma maneira, pode ler-se nas propostas do Fórum Europeu para

a Sociedade da Informação: permitir que a SI se transforme numa sociedade

educativa ao longo de toda a vida; combater a exclusão na SI; modernizar a

prestação electrónica dos serviços públicos; envolver os cidadãos na

revitalização da democracia; desenvolver acções de consciencialização do

grande público sobre a SI; estimular o crescimento dos mercados para novos

serviços interactivos e para o multimedia; aproximar empresas e escolas para

colaborar na produção de novas campanhas exigíveis pela SI; e, last but not

the least, fomentar a emergência de uma segunda Renascença com base na

SI, com relevo para o estímulo da criatividade, da descoberta científica, do

desenvolvimento cultural e da coesão comunitária. Desenhar um futuro de

criação de emprego e de desenvolvimento sustentável.

Seguindo este discurso apologético, alguns anos depois da sua

enunciação, vê-se agora o seu vazio de conteúdo. Tratar-se-ia, porventura, de

um novo paradigma comunicacional e experiencial, caracterizado por um

modelo que pode democratizar efectivamente os meios e as mensagens,

dando a cada cidadão a capacidade de ultrapassar a sua condição limitada de

consumidor ou de espectador e passar a ser um destinador, um sujeito

operativo, reflexivo, participativo.

Com todos os desafios que daí decorrem, o primeiro deles não será o

menos saliente e provavelmente o mais problemático: a nova era

comunicacional vai certamente não só radicalizar as distâncias entre os

inforicos e os infopobres, como vai também fazer novos analfabetos, os novos


iliteratos da era digital. O novo campo de mediação repõe de uma nova forma

a questão da dominação e do político, e evidencia novas microfísicas de

poder disseminadas parcialmente pelo corpo social mas geridas sobretudo

pelo poder das redes e dos fluxos.

São questões que devem ser ponderadas, justamente, em função de

um modelo participado e aberto no plano da experiência, e designadamente

da experiência do «outro» e das periferias, como alternativa ao modelo da

«massificação» na era clássica do campo dos media, mas também, como

advertência às eventuais hipertelias que a sociedade da informação deixa

antever em tudo o que se refere a um outro vector da «massificação» -

precisamente o que tem a ver com o consumo reduzindo as subjectividades à

lógica «comercial» da globalização.

Há que ver que se a economia da sociedade da informação é global, os

indivíduos continuam a ser «locais», o que significa que existe de facto um

abismo entre a globalidade da riqueza e do poder e a experiência local. A Net

é um espaço virtual de poder que terá uma participação activa na evolução

das sociedades representativas para as sociedades solidárias e participativas.

Nessa medida, a Internet é a rede vital, estratégica, mas a questão aqui está

em saber como se domina o novo alfabeto quando o velho código

convencional de escrita continua inacessível à maioria dos portugueses

atingidos por essa realidade dramática chamada analfabetismo e iliteracia.


V. Uma possível síntese: do poder dos fluxos aos fluxos de poder

Centrando-nos finalmente mais em particular na comunicação de

William Dutton e na reflexão feita em torno das questões aqui levantadas de

forma aleatória e a partir de diferentes enfoques, deve reconhecer-se que

tendencial e progressivamente a democracia electrónica pode constituir um

factor de reforço dos fluxos de poder face ao poder dos fluxos. Isto é, de

reforço da autonomia do cidadão no quadro de uma experiência democrática

mais participada.

Uma das questões centrais nesta evolução é a acessibilidade, que em

determinados aspectos, e em particular no campo das redes, pode ser vista

no quadro da manutenção de um «serviço universal», que a prazo poderá ser

ainda de complementaridades entre redes, a que os cidadãos têm direito -

assim estejam criadas as condições para a facilidade no acesso à informação,

aos conteúdos culturais, aos arquivos, enfim, às redes.

Na esfera politico-partidária, os guias electrónicos dirigidos ao eleitor

podem trazer uma maior transparência à actividade política, uma presença

constante dos protagonistas e ainda mais informação. Neste âmbito, e apesar

dos riscos, a Net pode ser um forte potenciador de uma experiência política

mais participada, mais partilhada. Da mesma forma, a Net pode potenciar a

interacção social e a partilha de solidariedades. Deram-se alguns exemplos: a

campanha Stop the Overlay em Los Angeles e a campanha Por Timor, no

final de 1999, em Portugal.


De um ponto de vista teórico, os media interactivos sucedem aos media

clássicos repondo algo que estava perdido: justamente, a bidireccionalidade,

isto é, o fim do «escutar sem ser escutado». E essa é uma revolução

civilizacional que só encontra correspondência na introdução do alfabeto na

História (o mesmo é dizer, na introdução do Estado, do mercado, etc.). O que

significa que a nova era digital será mais fortemente comunitária e menos

primitiva… Isto, claro, desde que esteja garantido o essencial, ou seja, o

controlo do virtual por parte do cidadão. Essa é, afinal, a questão das questões.

Mas tal como nos outros casos referidos, também aqui onde está o perigo está

aquilo que salva. Isto é, onde estão as bases de dados pessoais, onde está a

colisão com a privacidade, estará, queremos crer, também o seu controlo.

Como projecto mais geral fica a ideia da necessidade de recentrar a questão

da interactividade na cidadania e no acesso, já que centrada está ela

demasiado na economia. Daí, de facto, que a disseminação do acesso ao

digital possa não significar o alargamento do conceito de participação e a sua

consecução efectiva, mas apenas uma nova forma de aceder a velhos modos

de discriminação. Como diz Bragança de Miranda, as teses da globalização

são uma pálida imagem do que está em falta: a possibilidade de um universal

humano que se realiza politicamente. Ou como Esther Dyson referiu, aliás, o

impacto da Net, através das possibilidades infinitas da comunicação electrónica

bidireccional transformará radicalmente as nossas vidas: absorverá o poder

dos governos centrais, dos meios de comunicação e das grandes empresas.

Pelo contrário, uma visão menos céptica deste desenvolvimento permite


acreditar na continuação da afirmação da opinião pública no campo social na

modernidade, agora já não em termos de espaço público, mas em termos de

ciberespaço. O que pode também significar uma progressiva autonomização do

cidadão e uma consolidação de novos processos democráticos, mais

participados, mais partilhados, mais solidários.

Na Net - e nas redes e nos sistemas de informação -, deverá também

permanecer uma nova memória, cada vez menos feita de esquecimentos. Há

embora a notar que se o grande arquivo digital pode ser a carta que precede

o território, a verdade é que a informação facilmente passará de uma

presença virtual a uma não-presença, emergindo assim uma nova censura,

não já a da raridade dos textos, mas antes a da obsolescência da informação.

A interposição de uma logotécnica biunívoca e multimodal neste novo

sistema potencia, por assim dizer, as suas virtualidades de forma

exponencial. A aparente limitação, ou mesmo subordinação, do mundo de

possíveis da poiética cinematográfica - ou das videoplastias - à lógica

algorítmica, é reconvertida na sua própria disponibilidade em tempo real. O

«esquecimento» torna-se memória e, virtualmente, todos acederemos, de

forma descontinuada aos interstícios dos saberes. Que será, no fundo, o

repositório global da informação, do saber, da arte e da ficção, isto é, o

património fundamental do conhecimento.

Por outro lado, a lógica hipertextual, as contínuas recorrências e

navegações, podem configurar porventura a contextualização e a organização

de uma realidade, mas dificilmente deixarão submeter à ordem da técnica a


lógica do utilizador. Poder-se-ia inclusivamente prever que a iconicidade dos

novos sistemas multimedia reenviam para ideografismos que repõem o

excesso de objecto que a sobrecodificação veio reprimir. As novas

navegações interactivas serão, assim, nesta visão porventura idílica, uma

nova libertação face à lógica unívoca do sistema mass-mediático

predominante neste século XX. Doravante não fará, por isso, muito sentido,

pensar as linguagens clássicas, mass-mediáticas, enquanto sistema

estratégico de narratividades específicas. Essa impossibilidade remete, aliás,

para a identificação dos próprios limites desses mesmos processos narrativos

clássicos. O novo complexo multimedia interactivo configura-se numa nova

discursividade, na qual, ao contrário dos sistemas clássicos, cada um de nós

terá a sua própria expressividade. Pensar as novas linguagens e técnicas do

multimedia, hoje, requer de facto uma reflexão sobre as práticas, estratégias e

tecnologias do novo campo comunicacional, já não apenas enquanto sistema

repartido entre grandes famílias mediáticas, concentrando meios,

uniformizando fluxos, instituindo novas legitimidades, mas enquanto abismo

desse modelo. Como referia Virilio, o ciberespaço pode ser não uma evolução

da democracia mas antes uma tirania vigilante clássica, mas não duvidemos é

que há, como se viu, novas experiências participativas pela construção de

uma democracia electrónica, certos, sempre, de que onde está aquilo que

liberta está também o perigo que espreita.


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