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1. O documento discute o conceito de acumulação de capital em Marx e Harvey, comparando suas formulações teóricas.
2. Marx via a acumulação como derivada da exploração do trabalhador, não como poupança do capitalista.
3. Harvey desenvolveu o conceito de "acumulação por espoliação", onde Estados e organismos internacionais promovem a acumulação capitalista.
1. O documento discute o conceito de acumulação de capital em Marx e Harvey, comparando suas formulações teóricas.
2. Marx via a acumulação como derivada da exploração do trabalhador, não como poupança do capitalista.
3. Harvey desenvolveu o conceito de "acumulação por espoliação", onde Estados e organismos internacionais promovem a acumulação capitalista.
1. O documento discute o conceito de acumulação de capital em Marx e Harvey, comparando suas formulações teóricas.
2. Marx via a acumulação como derivada da exploração do trabalhador, não como poupança do capitalista.
3. Harvey desenvolveu o conceito de "acumulação por espoliação", onde Estados e organismos internacionais promovem a acumulação capitalista.
O papel da acumulao de capital: uma reviso de Marx e Harvey
Antonio V. B. Mota Filho
Resumo: Desde as formulaes de Karl Marx o estudo da acumulao de capital tem tipo papel de destaque na crtica economia poltica burguesa. Ainda que Marx houvesse conseguido formular um mtodo e uma teoria que lhe permitiram compreender a complexidade da economia capitalista e suas contradies, seguramente no conseguiria prever como as foras do capital e o Estado burgus se articulariam de modo a potencializar a acumulao capitalista, reproduzindo-a e aprofundando-a tanto histrica quanto espacialmente. Importantes formulaes tericas sobre esses pontos foram feitas por David Harvey, particularmente a chamada acumulao por espoliao, engendrado pelos Estados burgueses e organismos internacionais dentro dos marcos do regime de acumulao flexvel. Esse breve trabalho realiza uma reviso da seo VII dO Capital de Marx em que ele expe sua formulao sobre a acumulao capitalista e do livro O Novo Imperialismo onde Harvey desenvolve sua formulao a acumulao por espoliao. Assim buscamos facilitar a compreenso da relao entre ambas categorias. 1. Introduo O tema da acumulao de capital tem sido um dos principais objetos de estudo da economia poltica burguesa. Em seus primrdios, os fisiocratas j chamavam a ateno para a relao existente entre a acumulao de capital o desenvolvimento econmico (COUTINHO, 1991, pg. 48). Igualmente Adam Smith desenvolveria a questo da acumulao de capital a ponto de Coutinho (1991) definir A Riqueza das Naes como: ...uma teoria do desenvolvimento econmico e da acumulao de capital, na qual a questo da troca surge claramente como mediadora circulao do trabalho excedente (pg. 116). Ricardo e Malthus tambm se dedicariam anlise desse tema. Autores mais contemporneos, basicamente os tericos ou da economia do crescimento ou da economia do desenvolvimento, tambm se debruariam sobre esse ponto mas j com um arcabouo mais refinado e por diversas vezes voltados formulao de polticas econmicas. Sem embargo, o que os une a todos a parcialidade de sua anlise. Trata-se na maioria das vezes da anlise de categorias hipostasiadas tais como poupana ou investimento. Pondo como centro de suas esperanas o crescimento econmico ou o desenvolvimento econmico, o que para alguns envolveria aspectos mais amplos que o estritamente econmico, estudam tais categorias como ferramentas que devidamente manipuladas (para alguns pelo Estado, para outros via mercado) levariam a superao dos mais diversos problemas. Por aterem-se a um lado da questo, a saber, como conseguir mais expanso do capital, desprezam tal expanso tambm acirra as mais diversas contradies do modo de produo de capitalista. Trata-se via de regra de uma interpretao a-histrica que serve mais de justificativa ideolgica para a hegemonia burguesa do que para a compreenso da sociedade. Tal fato fica claro se tomarmos o seguinte trecho dA Riqueza das Naes, ainda que longo, como exemplo: (...) o esbanjador desvia o capital da destinao correta. Por no limitar sua despesa sua renda, ele interfere em seu capital. Como aquele que desvia para objetivos profanos as rendas de uma fundao pia, ele paga os salrios dos ociosos com os fundos que a frugalidade de seus antepassados tinha, por assim dizer, consagrado manuteno de pessoas produtivas. (...) Se a prodigalidade de alguns no for compensada pela frugalidade de outros, a conduta de todo perdulrio, por alimentar os ociosos com o po pertencente aos trabalhadores produtivos, tende no s a reduzi-lo misria, como a empobrecer o pas. (SMITH, 1996, 340) Pode-se perceber uma clara continuidade entre Smith e o famoso de Arthur Lewis sobre o desenvolvimento em situaes de oferta ilimitada de mo de obra em que o autor afirma que: Do ponto de vista da formao de capital, o melhor que pode ocorrer com o dinheiro adicional que ele v para as mos daqueles que iro reinvesti-lo produtivamente. (...) No h realmente seno uma classe que certamente voltar a investir seus lucros de modo produtivo: a dos industriais. (LEWIS, 2010, pg. 441) Diante dessas exposies somos tentados a crer que haveria algo como uma qualidade natural burguesia que os faria pessoas austeras com o consumo e voltados acumulao de capital. Tal o quadro que, por exemplo, Max Weber parece querer pintar com o protestante asctico de seu famoso ensaio A tica protestante e o esprito do capitalismo. O homem que, por exemplo, a razo de um marco por jeira na ceifa de trigo estivesse acostumado at ali a ceifar duas jeiras e meia por dia ganhando assim 2,50 marcos por dia, depois que a remunerao por jeira foi aumentada em 25 Pfennige ele passou a ceifar no as trs jeiras como seria de esperar a fim de aproveitar a oportunidade de um ganho maior; em vez de ganhar 3,75 marcos - o que seria perfeitamente possvel - o que ele fez foi passar aceifar menos, s duas jeiras por dia, j que assim ganhava diariamente os mesmos 2,50 marcos de antes e, como l diz a Bblia, "com isso se contentava". Ganhar mais o atraia menos que o fato de trabalhar menos; ele no se perguntava: quanta posso ganhar por dia se render o mximo no trabalho! e sim: quanta devo trabalhar para ganhar a mesma quantia - 2,50 marcos - que recebi at agora e que cobre as minhas necessidades tradicionais? (WEBER, 2011, pg. 53) Obviamente que tal homem tradicional no se trata do burgus, portador do desencanto do mundo e da racionalidade econmica. Sabe quem que desempenha um papel superior na sociedade pela sua frugalidade (Smith) e que a nica classe que reinvestir parte de seus lucros produtivamente (Lewis). Poderamos seguramente citar diversos outros autores burgueses que apresentam a acumulao de capital como algo natural, prprio da classe dominante (ou melhor, a burguesia seria exatamente essa classe dominante por possuir essa capacidade inata de acumular). Obviamente tais explicaes no podem satisfazer aquele que compreende as contradies do modo de produo capitalista e que busca ir da complexa realidade social s suas determinaes mais centrais e dessas de volta aos fatos (MARX, 1993, pg. 100). Tal tarefa, cremos, foi a que se props Marx. Ao analisar a economia poltica clssica, Marx deparou-se com algo semelhante tal interpretao naturalizante da sociedade. No entanto, ao escavar a histria at a forma valor e a forma mercadoria encontrou os determinantes centrais da dinmica da economia capitalista: Se a produo tem a forma capitalista, tambm a ter a reproduo (MARX, 2009, pg. 661). Dado que o modo de produo capitalista teria sido precedido de outros modos de produo, ele no teria existido sempre e portanto no tem porque existir eternamente. Assim suas formas tambm so histricas: valor; mercadoria; classe trabalhadora; burguesia; Estado burgus e a prpria acumulao de capital, todos so formas histricas especficas do capitalismo e podem ser superados. 2. A acumulao de capital em Marx Ao analisar a acumulao, Marx retoma o argumento desenvolvido anteriormente das diferenas que surgem na circulao quando o dinheiro se torna capital. No processo de gerao de mais-valia, o burgus que se apropriar desse excedente pode utiliz-lo basicamente de duas formas: I) consumi-lo integralmente e reiniciar um novo ciclo de produo com o mesmo capital antecipado do ciclo anterior ou II) adicionar parte do excedente ao capital antecipado. primeira forma, Marx denomina reproduo simples e, segunda, reproduo ampliada ou acumulao de capital. A cada novo ciclo de produo, o capital adicionado de parte do excedente. Longe de definir isso como uma poupana ou como uma abstinncia do capitalista que abriria mo de parte de seu consumo para investi-lo, Marx nota que tal imagem do asceta um mito. A acumulao de capital derivada da explorao do trabalhador. Por isso que os autores burgueses tais como Smith, Weber e Lewis no tocariam nesse ponto incmodo. Chegar ao limite da anlise da acumulao revelaria o comprometimento poltico de sua produo. Mas ainda que tenha revelado a forma pela qual a economia capitalista segue se expandido e desmontado a ideia mtica do capitalista parcimonioso com seu gasto, restava a Marx explicar como teria se dado historicamente o processo que permitiu a primeira reproduo ampliada. Ora, se ela se faz mediante a incorporao de um excedente produzido previamente, de onde teria vindo esse primeiro excedente? Trata-se do que Marx denominou acumulao primitiva: ...uma acumulao que no decorre do modo de produo capitalista de produo, mas seu ponto de partida (MARX, 2009, pg. 827). Nesse ponto deixamos o campo mais econmico da acumulao e entramos no ponto poltico em que a violncia e o poder tem o protagonismo. sabido o grande papel desempenhado na verdadeira histria pela conquista, pela escravizao, pela rapina e pelo assassinato, em sua pela violncia. Na suave economia poltica, o idlio reina desde os primrdios. (...) Na realidade, os mtodos da acumulao primitiva nada tm de idlicos. (MARX, 828) Marx j havia dado algumas pistas sobre os pontos que abordaria na acumulao primitiva. Ainda no captulo sobre a transformao do dinheiro em capital, Marx afirmava: Para transformar dinheiro em capital, tem o possuidor do dinheiro de encontrar o trabalhador livre no mercado de mercadorias, livre nos dois sentidos, o de dispor, como pessoa livre, de sua fora de trabalho como sua mercadoria, e o de estar livre, inteiramente despojado de todas as coisas necessrias materializao de sal fora de trabalho, no tendo, alm desta, outra mercadoria para vender. (MARX, 2008, pg. 199) O central ento nessa acumulao primitiva a total separao dos trabalhadores de qualquer possibilidade de sustento de sua vida que no via a alienao de sua fora de trabalho, ou seja, da total privao dos meios de produo. A natureza no produz, de um lado, possuidores de dinheiro ou mercadorias e, do outro, meros possuidores das prprias foras de trabalho. Esta relao no tem sua origem na natureza, nem mesmo uma relao social que fosse comum a todos os perodos histricos. Ela , evidentemente, o resultado de um desenvolvimento histrico anterior, o produto de muitas revoluo econmicas, do desaparecimento de toda uma srie de antigas formaes da produo social. (MARX, 2008, pg. 199) A acumulao primitiva portanto pare o capitalismo ao parir simultaneamente burguesia e proletariado. E esse parto se faz em meio as guerras e as pestes de fim do feudalismo, as enclousures britnicas, a colonizao e as grandes navegaes. Tudo isso apoiado e comandado pelo Estado que tambm montava um grande aparato jurdico e institucional para impor a todos esses novos despossudos o sentido de laboriosidade (POLANYI, 2012). importante notar que junto com o sistema colonial, Marx aponta o protecionismo, o sistema da dvida e o sistema tributrio como principais propulsores da acumulao primitiva. J nesse perodo o sistema tributrio e da dvida estariam emaranhados formando um importante mecanismo de drenagem de recursos fiscais para pagamento de juros a uma nova de classe de capitalistas ociosos gerando uma bancocracia. A atual situao vivida pela Argentina com o litgio sobre a parcela no renegociada de sua dvida com os chamados fundos abutres revelam o poder que a bancocracia adquiriu nas mais diversas decises do Estado burgus trazendo tona o fato de que a soberania nacional um privilgio de poucos pases. Como comentamos anteriormente, ainda que tal formulao inicial de Marx permitisse integrar diversas aspectos do modo de produo capitalista, tais como o papel do Estado burgus, o poder da finana e da acumulao capitalista no funcionamento da economia, tal anlise no consegue sozinha relacionar as formas cada mais sofisticadas, por exemplo, de relao entre o Estado burgus e o capital portador de juros. Dessa forma, na prxima seo realizaremos uma breve da contribuio de David Harvey apontando algumas de suas formulaes sobre a acumulao de capital e o imperialismo 3. A acumulao por espoliao de David Harvey Com a queda do muro de Berlim e o fim da histria o regime de acumulao com dominncia financeira se difunde rapidamente. Pacotes econmicos inspirados na teoria do choque monetarista so aplicados em diversos pases, a despeito de diferenas econmicas e sociais. Assim, arrocho fiscal, polticas monetrias restritivas, abertura financeira, privatizaes e paulatina retirada de direitos sociais passaram a ser os pontos centrais das polticas econmicas dos pases perifricos. importante ressaltar que a adoo de tais polticas por diversas no se deu por uma livre e racional escolha desses pases. Pressionados por crises macroeconmicas e sociais, tais pases viram-se na encruzilhada de aceitar esse conjunto de medidas como contrapartida da liberao de recursos internacionais (Reserva Federal, FMI ou Banco Mundial). Assim, a dcada representou forte avano do neoliberalismo nas periferias do capitalismo. Mas com ele tambm sucederam-se fortes crises econmicas que j no guardavam relao direta com as crises clssicas de superproduo. A partir da crise da Down Jones em 1987 e em seguida com a crise do Sistema Monetrio Europeu houve uma sequncia de fortes crises intimamente relacionadas com o funcionamento do novo regime de acumulao. (PLIHON, 1996) Nesse contexto David Harvey (HARVEY, 2012) busca relacionar o desenvolvimento do regime de acumulao neoliberal com o recrudescimento do imperialismo do perodo atentando para os novos atores desse imperialismos, a saber, organismos multinacionais e os governos dos pases centrais. Em sua anlise, Harvey busca como referncia terica basicamente duas autoras que se debruaram sobre a questo do imperialismo: Rosa Luxemburgo e Hannah Arendt. Ao analisar os esquemas de reproduo de Marx, Rosa verifica um problema no resolvido por Marx: falta demonstrar a existncia de uma demanda crescente para absorver a produo crescente resultante da acumulao de capital. (MIGLIOLI, 1979, pg. 97). Dado que os trabalhadores recebem o equivalente no ao seu trabalho, mas sua fora-de-trabalho essa crescente demanda no poderia vir deles. A soluo proposta por Rosa a contnua exportao para mercados externos ao capitalismo, que seriam basicamente pases em que predominasse uma economia natural e gastos de governo. Estaria a a sua explicao para o imperialismo. Ao contrrio do que cria Rosa, o subconsumo por parte dos trabalhadores no embota o processo de acumulao. A burguesia com seu gasto poderia realizar essa parte crescente da produo. Na realidade, essa seria a concepo de Kalecki, que, dado o escopo desse trabalho no poderemos aprofundar. David Harvey atualiza a teoria de Rosa substituindo a perspectiva subconsumista original pela teoria da sobreacumulao tomada de Arendt (2012) 1 . Um dos problemas centrais da acumulao de capital seria a falta de oportunidades de investimentos lucrativos (HARVEY, 2012, pg. 116). Dessa forma a busca de espaos para investimentos alhures poderia ser uma contratendncia sobreacumulao.
1 A expanso imperialista havia sido deflagrada por um tipo curioso de crise econmica: a superproduo de capital e o surgimento do dinheiro suprfluo, causado por um excesso de poupana, que j no podia ser produtivamente investido dentro das fronteiras nacionais. (ARENDT, 2012, pg. 201) Arendt tambm atenta para o fato de que a acumulao primitiva de capital, descrita por Marx, no estaria limitada temporalmente ao perodo do parto do modo de produo capitalista, mas que afirma que: ...o pecado original do roubo, que sculos antes tornara possvel o original acmulo de capital (Marx) e gerara todas as acumulaes posteriores, teria eventualmente de ser repetido, a fim de evitar que o motor da acumulao parasse de sbito (ARENDT, 2012, pg. 220) Dessa forma, o panorama que as influncias de ambas autoras pinta de um imperialismo renovado e mais refinado em sua violncia 2 . Essa ser a base de Harvey para desenvolver sua categoria da acumulao por espoliao, que seria um processo que libera ... um conjunto de ativos (incluindo fora de trabalho) a custo muito baixo (e, em alguns casos, zero) (HARVEY, 2012, pg. 124). A expresso mxima da acumulao por espoliao seriam os processos de privatizao. Ambos processos existem lado a lado na atual fase do modo de produo capitalista, mas coexistem impulsionando as contradies do capitalismo para o paroxismo. Enquanto a acumulao primitiva abriria caminho para a reproduo ampliada, o que seria um caminho que ainda implicaria em algum tipo de criao de atividades econmicas, a acumulao por espoliao seria um elemento da irracionalidade do capitalismo ao destruir um conjunto de setores j criados e estruturados (HARVEY, 2012, 135). Ainda que ambas sejam articuladas pelo Estado burgus em fina sintonia com organismos internacionais e o grande capital dos pases centrais, elas possuem esse antagonismo. Para os capitais dos pases centrais, a acumulao por espoliao aparece como uma oportunidade de expandir ainda mais suas receitas a um baixo custo. Enquanto para os pases perifricos o que fica a fragilidade sistmica de um insero subordinada na economia internacional, a perda de patrimnio pblico e de direitos. 4. Concluso Buscamos expor ao longo desse breve trabalho alguns pontos da teoria marxiana da acumulao de capital, ressaltando sua atualidade e seu fundamento terico- metodolgico. Mas tambm compreendemos que suas formulaes no nos permitem captar integralmente todos os atuais desdobramentos do modo de produo capitalista.
2 Cremos ser importante ressaltar que a ideia de uma acumulao primitiva permanente fora igualmente desenvolvido e aplicado realidade brasileira pelo professor Chico de Oliveira (OLIVEIRA, 2013) ao analisar a relao entre agricultura e indstria durante o perodo de industrializao brasileira. Tal relao no poderia ser interpretada como dualismo em que haveria o lado moderno (indstria) e o arcaico (agricultura) como propugnavam os cepalinos. A agricultura desempenharia um papel central na manuteno do modelo de industrializao brasileiro e sua acumulao. dessa forma buscamos relacionar a teoria da acumulao desenvolvida por Marx com a categoria da acumulao por espoliao desenvolvida por David Harvey. Com isso, ainda que de uma perspectiva terica, buscamos evidenciar que as contradies do capitalismo se avolumam com o tempo e que o regime de acumulao com dominncia financeira as leva ao paroxismo. No podemos perder de vista que tal discusso central na definio de uma poltica econmica que tenha por objetivo a ruptura radical com a dependncia. Particularmente num contexto de eleies gerais seguramente as candidaturas mais esquerda devem apropriar-se desse tema e apontar toda contradio do Estado brasileiro que, de forma contnua, desde a dcada de 1990 tem optado por trocar a perspectiva do desenvolvimento soberano pelo papel subalterno de plataforma internacional de valorizao financeira (PAULANI, 2010, pg. 110). 5. Bibliografia AGARWALA, A. N.; SINGH, S. P. A economia do subdesenvolvimento. Rio de Janeiro: Contraponto/Centro Internacional Celso Furtado, 2010 ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo. So Paulo: Companhia de Bolso, 2012 CHESNAIS, Franois (org.). A mundializao financeira. Lisboa: Instituto Piaget, 1996 COUTINHO, Maurcio C. Lies de economia poltica clssica. Tese (Livre Docncia). Universidade de Campinas, 1991 HARVEY, David. O novo imperialismo. So Paulo: Loyola, 2012 LEWIS, Arthur. O desenvolvimento econmico com oferta ilimitada de mo de obra. in AGARWALA, A. N.; SINGH, S. P. A economia do subdesenvolvimento. Pg. 413 a 462. Rio de Janeiro: Contraponto/Centro Internacional Celso Furtado, 2010 MARX, Karl. O Capital: livro I. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 2008. v. 1 ______. O Capital: livro I. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 2009. v. 2 ______. Grundrisse. Londres: Penguin, 1993 MIGLIOLI, Jorge. Acumulao de capital e demanda efetiva. Tese (Livre Docncia em Economia). Universidade de Campinas, 1979 OLIVEIRA, Francisco. Crtica razo dualista: o ornitorrinco. So Paulo: Boitempo, 2013 OLIVEIRA, Francisco; RIZEK, Cibele; BRAGA, Ruy. A hegemonia s avessas.l So Paulo: Boitempo, 2010 PAULANI, Leda. Capitalismo financeiro, Estado de emergncia econmico e hegemonia s avessas no Brasil. in OLIVEIRA, Francisco; RIZEK, Cibele; BRAGA, Ruy. A hegemonia s avessas. Pg. 109 a 136. So Paulo: Boitempo, 2010 PLIHON, Dominique. Desequilbrios mundiais e instabilidade financeira: a responsabilidade das polticas liberais. in CHESNAIS, Franois (org.). A mundializao financeira. Pg. 127 a 188. Lisboa: Instituto Piaget, 1996 POLANYI, Karl. A grande transformao. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012 SMITH, Adam. A riqueza das naes. So Paulo: Abril Cultural, 1996 WEBER, Max. A tica protestante e o esprito do capitalismo. So Paulo: Companhia das Letras, 2011