• 1543: morte de Copérnico e publicação (ardentemente
esperada) da sua obra “De Revolutionibus”
o Livro apenas entendido por alguns –
estratégia de Copérnico que possibilitou a fraca oposição/agitação que a obra suscitou de princípio
• Sucesso da obra foi conseguido por infiltração (toda a
gente precisava de algo) e no século XVI é referência para todos os que se interessavam por problemas astronómicos
o a sua tese não foi obrigatoriamente
aceite, pois a maior parte dos astrónomos estavam convictos de que a terra estava imóvel; aproveitaram o seu sistema matemático mas não referiram a sua tese.
• Livro foi largamente lido – apesar da então estranha
hipótese cosmológica, e não, como o auto refere, pelo facto de apresentar esta hipótese. Alguns astrónomos “fingiam” que a Terra se movia, embora não se prendessem a essa opinião. De qualquer modo, foi uma obra que mudou a concepção de então de astronomia, levantando problemas a todos os que se debruçavam sobre este aspecto.
• Uma primeira reacção mais favorável à sua obra é de
Blundeville, apesar de este ainda rejeitar a principal teoria de Copérnico;
• Discípulos importantes: George Joachim (A Narratio
Prima), Thomas Digges e Michael Maestlin. (V. Pg. 219, l. 9);
• Papel importante de Erasmus Reinhold:
Tabelas Pruténicas
Calculadas pelo método matemático de
Copérnico, indispensáveis para astrónomos e astrólogos, apesar de não serem completamente exactas. No entanto, “Uma vez que se sabia que as tabelas derivavam da teoria astronómica do De Revolutionibus, Copérnico ganhou inevitavelmente prestígio” (pg. 220) • Teoria de Copérnico começa a criar tumultos quando sai do círculo dos astrónomos (se de lá não tivesse saído, provavelmente teria sido aceite muito mais facilmente); era considerada ímpia e causadora de mal-estar, como nos demonstra um poema publicado em 1578, bem como Donne.
Porque as pessoas aprendiam astrologia por via
popular/poesia, e neste meio existiam várias condenações. Até Bodin condenou a sua obra. Afinal, “O movimento da Terra (...) viola o primeiro mandamento do senso comum”... (pg. 223)
A sua teoria levantou imensos problemas para a moral
cristã, problemas esses que Kuhn nos mostra na pg. 225; várias pessoas levantam passagens bíblicas anticopernicanas:
Melanchton
Calvino
Copernicanos passam a ser considerados
ateus e infiéis, e em 1610 o copernicanismo é considerado heresia. Estas acusações provam que eram uma ameaça à ordem natural estabelecida há séculos. (v. Pg. 227). • Até 1633 Igreja Católica não tinha proibido o ensino da teoria heliocêntrica, mas esta posição muda. Isto chocou muitos católicos, que se deram conta de relutância da Igreja em aceitar o que era cada dia mais óbvio.
Igreja dá mais peso às Sagradas Escrituras do que
à evidência. Segundo Kuhn, podemos estar perante uma defesa contra a pressão protestante.
IDEIA FUNDAMENTAL: Copernicanismo temido não é o de
Copérnico mas o de Giordano Bruno uma vez que este lhe dá outro significado.
• Anos Negros a partir de 1616:
Condenação de opiniões copernicanas;
Caso de Galileu; (1633)
Expulsão de católicos importantes.
• Conclusão: persistência da Igreja fez um mal irreparável à
ciência católica e ao seu próprio prestígio Estudiosos importantes no desenvolvimento do Copernicanismo
Tycho Brahe:
• 1546-1601; a maior autoridade astronómica da 2ª metade
do séc. XVI.
• Foi um dos grandes opositor do copernicanismo,
conseguindo adiar por algum tempo a conversão de mais pessoas à nova teoria
• Os seus contributos para o copernicanismo:
• Observações regulares dos céus e dos planetas;
• Dados de confiança, extensos e actualizados;
• Autor do sistema Ticónico, que substitui o de
Ptolomeu;
• Preenche o vazio que Copérnico deixou entre a esfera
que rodeava Saturno e a esfera das estrelas;
• O seu sistema (matematicamente equivalente ao
de Copérnico) funciona como um compromisso, Além disso, transforma-se no sistema copernicano mantendo apenas o sol fixo.
• Atrai seguidores porque oferece maneira de não
serem apanhados nas desvantagens (cosmológicas, físicas e sobretudo teológicas) do sistema copernicano.
• Segundo Kuhn, parece ser um resultado directo do De
Revolutionibus.
• Trabalho revolucionário que cortava com alguns
aspectos aristotélicos/ptolomaicos; isto aproximou as pessoas do campo do copernicanismo;
• Descoberta da mutabilidade dos céus, teoria
suportada por várias provas;
• Diz-nos Kuhn que, ao contrário do
sistema ticónico, estas provas aparecem e existem por si próprias, não sendo portanto um resultado do De Revolutionibus, uma vez que podiam ter sido formuladas tanto por ptolomaicos como por copernicanos.
• Quer isto dizer que estas provas, postas em evidência
por Brahe e seus seguidores, poderiam sido vistas desde a Antiguidade... Johannes Kepler:
• Copernicano; foi colega de pesquisa de Brahe.
• “O Mistério Cosmográfico” (1596)
Defesa de Copérnico;
Desenvolve os seus argumentos de uma
forma extensa e pormenorizada;
Defende a teoria de que “o número de
planetas e a dimensão das suas órbitas podem ser compreendidos (...) na relação entre as esferas planetárias e cinco sólidos (...) ‘cósmicos’ (v. Pg. 250)
• Muito crítico em relação ao sistema matemático de
Copérnico; conhecia profundamente as incoerências da sua principal obra;
Vai melhorá-lo e explica os desvios
Norte/Sul dos planetas em relação à eclíptica. Por exemplo, ao contrário de Copérnico, defendia que todas as excentricidades planetárias deviam ser medidas a partir do sol. Planos das órbitas dos planetas intersectam o do Sol.
Resolve o problema dos Planetas – eles circulam em
órbitas elípticas e com velocidades variáveis. Trabalho de praticamente 10 anos. É a 1ª vez que predição e observação coincidem. “O Movimento de Marte”, Praga, 1609.
• Leis de Kepler:
1. Lei da Velocidade - relacionada com a força
motriz que move os planetas; relação inversa entre velocidade e distância
2. Lei das Áreas – 1ª lei de Kepler, também
conhecida por Lei das Órbitas
3. Lei da Astronomia – relação entre a velocidade
dos planetas em órbitas diferentes. Foi a lei que mais fascinou Kepler.
NOTA: finais do séc. XVII
Galileu Galilei: o telescópio e as descobertas em favor do copernicanismo
• 1609 – 1ª observação do céu desde sempre feita
por um telescópio
Confirmação da visão mística de Bruno (v.
pg. 253, ls.18-20)
• Destrói convicção de Brahe de que as estrelas
precisavam de ser muito grandes, uma vez que, após observadas pelo telescópio, mantinham os tamanhos anteriores.
• Observação da lua e consequente cálculo tanto da
profundidade dos seus declives como da altura dos seus relevos.
• Observação do Sol mostra manchas e imperfeições.
Conclusões incompatíveis com a ideia que se tinha da
perfeição da região celeste
•Telescópio obriga, após descoberta das 4 luas de
Júpiter, à gradual aceitação da existência de outros satélites naturais, regidos por outros planetas. •Vai provar que Vénus se move numa órbita centrada no sol . Diz-nos Kuhn que esta é a única prova de Galileu directamente relacionada com os dogmas de Copérnico.
• Papel do telescópio: fornecer dados compreensíveis
sobre o copernicanismo para os leigos na matéria. “O telescópio tornou-se um brinquedo popular” (v. pg. 257). Aliás, segundo o autor...
É essa a maior importância do trabalho astronómico de Galileu: popularizou a
astronomia, e a astronomia que popularizou era copernicana.
Oposição muito forte e muito variada às observações de
Galileu. Afinal, “se Deus quisesse que o homem usasse uma tal invenção para adquirir conhecimento, teria doado ao homem vista telescópica”... (pg. 259). Por outro lado, diz-nos Kuhn, o telescópio mostrava muito mas não provava nenhuma das controvérsias de Galileu.
Galileu morre em 1642, depois de ter sido obrigado a
retractar-se em 1633. CONCLUSÕES GERAIS DO TEXTO:
A teoria de Copérnico, quando sai dos círculos
astronómicos, começa a causar um profundo mau estar. A sociedade cristã da altura não estava minimamente preparada para todos os dilemas físicos, cosmológicos e teológicos que aquela trazia inevitavelmente. Assim, uma arma usada para lutar contra este mal-estar, tão bem descrito por Donne, foi usar o sistema matemático de Copérnico (pois rapidamente se verificou ser correcto e útil) sem defender a teoria do movimento da Terra. Círculo protestante condena Copérnico e a sua teoria, e neste âmbito Calvino e Melanchton têm um papel importantíssimo na recolha de passagens bíblicas anticopernicanas. Igreja católica também muda a sua posição de séculos e em 1610 o copernicanismo passa a ser uma heresia, perseguida pela Inquisição. Porquê? Porque a sua aceitação iria transformar o modo como o Homem se relacionava com Deus. Há três grandes estudiosos desta área que, copernicanos ou não, ajudaram à implantação do Copernicanismo: Tycho Brahe, autor do sistema ticónico e cujo trabalho ajudou os astrónomos a familiarizarem-se com os problemas matemáticos da astronomia de Copérnico; Johannes Kepler, famoso pelas sua leis e por ter descoberto a solução para o problema dos planetas, e Galileu Galilei, que popularizou o telescópio e a astronomia copernicana. Aliás, através do telescópio, as provas confirmadoras do copernicanismo espalharam-se a uma velocidade enorme. Um ponto importantíssimo de que Kuhn nos fala é o de que após Copérnico morrer, tanto copernicanos como não- copernicanos ajudaram à implantação da sua teoria, fornecendo provas que a confirmavam. Não devemos pensar que a oposição ao copernicanismo foi imediatamente abolida; no entanto é do trabalho de Kepler e Galileu que data a tomada de consciência de que de facto a Terra não era única nem estável. Com o passar do tempo, copernicanismo foi-se tornando a regra e no séc. XVII qualquer astrónomo importante seria um seguidor daquela corrente. O copernicanismo que foi herdado pelos sécs. XIX e XX não é o original de Copérnico mas sim aquele que tem um pouco de todos estes estudiosos; é no entanto preciso notar que os primeiros copernicanos conseguiram prever com bastante exactidão aquilo que tempo mais tarde o telescópio viria a mostrar...