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1) Prescrição da pretensão punitiva: Inicia-se desde a prática do fato indo até o trânsito em julgado
da sentença. Afastam todos os efeitos, principais e secundários, penais e extrapenais, da
condenação. A prescrição intercorrente e a prescrição retroativa, são modalidades de prescrição
da pretensão punitiva.
2) Prescrição da pretensão executória: Inicia-se com o trânsito em julgado da sentença, marcando
um prazo determinado para que o Estado execute a pena definitiva estabelecida na sentença.
Afasta apenas a pena, mantendo-se os demais efeitos da condenação.
Também chamada prescrição da ação, é a perda do direito de punir do Estado, em face do não exercício
do direito dentro do prazo legal.
Com a prática da infração penal, surge para o Estado o direito de punir. O Estado, então, deve mover seus
órgãos para propiciar, através da ação penal, a condenação, com a imputação de uma sanção ao réu.
Por razões de segurança jurídica, pois a situação não deve ficar indefinitivamente esperando uma solução
que tarda a se resolver, a lei estabelece que a pretensão punitiva deve ser exercitada dentro de certos
prazos, se não o for, haverá a prescrição.
Efeitos.
Pode ser decretada a qualquer momento, antes ou durante a ação penal, de ofício ou mediante
requerimento de qualquer das partes.
Reconhecida a prescrição durante a ação penal (a qualquer momento, antes do trânsito em julgado da
sentença condenatória), o juiz decreta a extinção da punibilidade e não julga o mérito da causa.
a) PPP propriamente dita: calculada com base na maior pena prevista no tipo legal (pena abstrata);
b) PPP intercorrente ou superveniente à sentença condenatória: calculada com base na pena
efetivamente fixada pelo Juiz na sentença condenatória e aplicável sempre após a condenação de
primeira instância;
c) PPP retroativa: calculada com base na pena efetivamente fixada pelo Juiz na sentença
condenatória e aplicável da sentença condenatória para trás.
d) PPP antecipada, projetada, em perspectiva ou virtual: reconhecida antecipadamente com base na
provável pena fixada na futura condenação.
Prazos Prescricionais.
A prescrição da pretensão punitiva deve ser verificada de acordo com o máximo da pena privativa de
liberdade prevista em abstrato para a infração penal, de acordo com as regras do art. 109 do CP.
Assim, praticado um crime, se ação penal não for iniciada dentro do prazo fixado, será reconhecida a
prescrição.
Ex.: crime de desacato, punido com pena de detenção, de 6 meses a 2 anos. Como a pena máxima é de
dois anos, a prescrição ocorre em 4 anos. Desta forma, se não tiver ocorrido o recebimento da denuncia
dentro desse prazo, deverá ser declarada a prescrição.
Agravantes e atenuantes.
A previsão de agravantes ou atenuantes eventualmente aplicáveis ao caso não influencia nos prazos
prescricionais, pois como visto anteriormente, suas incidências não permitem ultrapassar os limites
mínimos e máximos da pena abstratamente prevista.
Ex.: um furto simples praticado por acusado reincidente. A pena máxima abstratamente a ser considerada
é de 4 anos, pois a reincidência não permite elevar a pena além deste patamar.
Excepcionalmente, conforme dispõe o art. 115, sendo o réu menor de 21 anos na data do fato ou maior de
70 por ocasião da sentença, o prazo prescricional será reduzido de metade. São duas atenuantes genéricas
(art. 65, I) que alteram os prazos prescricionais.
Já as causas de aumento ou de diminuição, que alteram a pena em patamares fixos (1/2, 1/3, 1/6 etc),
podem fazer com que a pena máxima sofra alterações, e, assim, devem ser levadas em conta na busca do
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tempo da prescrição. Deve ser sempre considerada a pior das hipóteses para o réu, ou seja, a maior pena
possível. Leva-se em conta a maior causa de aumento e a menor causa de diminuição.
Exemplo de causa de aumento: o furto simples (art. 155, caput) possui pena máxima abstrata de 4 anos,
prescrevendo em 8 anos. Se o furto tiver sido praticado em repouso noturno, a pena poderá sofrer um
acréscimo de até 1/3 (art. 155, §1º), passando a ter limite máximo de 5 anos e 4 meses, cujo prazo
prescricional será de 12 anos.
Exemplo de causa de diminuição: a lesão corporal leve (art. 129, caput) possui pena máxima abstrata de 1
ano, prescrevendo em 4 anos. Se a lesão corporal leve tiver sido apenas tentado a pena máxima possível
de ser aplicada é de 8 meses. Neste caso, o prazo prescricional passa a ser de 2 anos, pois tal pena
possível é inferior a 1 ano. Observe-se que nas causas de diminuição, deve ser sempre levada em conta a
menor redução, como foi o caso da tentativa, que poderia ser diminuída de 1/3 a 2/3, pois sempre se deve
levar em consideração a pena máxima possível de ser aplicada.
O prazo prescricional conta-se na forma do art. 10 do CP. Assim, inclui-se o dia do começo, computando-
se os meses e os anos pelo calendário comum. O prazo é improrrogável, podendo terminar em fim de
semana ou feriado.
1) Como regra geral, na data da consumação do crime. Aqui ocorre uma modificação em relação à
teoria do tempo no crime, que é a teoria da atividade (art. 4º). Em relação ao prazo prescricional,
a aplicação dá-se com base na teoria do resultado (consumação do crime)
2) No caso de tentativa, na data em que cessou a atividade, quando o último ato de execução foi
praticado;
3) Nos crimes permanentes, na data em que cessar a permanência. Crime permanente é aquele que
se prolonga no tempo (p. ex.: seqüestro). A cada dia se renova o momento consumativo e, com
ele, o termo inicial do prazo.
4) Nos crimes de bigamia (art. 235) e nos de falsificação ou alteração de assento de registro civil
(arts. 241, 242 e 249, parágrafo único), na data em que o fato se tornou conhecido da autoridade
(delegado de polícia, promotor de justiça, juiz de direito). São crimes difíceis de ser descobertos,
de modo que, se a prescrição começasse a correr a partir da consumação, o Estado perderia o
sempre o direito de punir.
5) No caso de concurso de crimes (material, formal ou crime continuado), a prescrição deve ser
analisada isoladamente a partir da data da consumação de cada um deles (art. 119).
O art. 117 do CP traz as hipóteses em que os prazos prescricionais sofrem interrupção, circunstância em
que recomeça (do zero) a sua contagem. A cada nova interrupção o prazo recomeça a correr do zero.
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2) A pronúncia: a sentença de pronuncia é aquela que encerra a primeira fase no procedimento do
júri, quando o juiz admite a existência de crime e indícios de autoria de crime doloso contra a
vida, remete a causa para a avaliação dos jurados.
- Se o juiz, ao invés de remeter o julgamento para o júri popular, resolver impronunciar
ou absolver sumariamente o réu, não haverá interrupção do prazo prescricional.
- Neste caso, havendo recurso da acusação e o tribunal reformando a decisão de 1º grau,
mandar o réu a júri, haverá interrupção da prescrição a partir da publicação do acórdão.
- Deve-se atentar que, ainda que o júri popular venha a posteriormente desclassificar o
crime por ocasião do julgamento em plenário, a pronúncia continua sendo causa
interruptiva de prescrição, nos termos da súmula n. 191 do STJ.
3) A decisão confirmatória de pronúncia: sendo o réu pronunciado e havendo recurso contra a
decisão, caso o tribunal venha a confirmá-la, estará novamente interrompido o lapso
prescricional.
4) A sentença condenatória recorrível: a interrupção ocorre com a publicação da sentença, ou seja,
quando o escrivão a recebe da mão do juiz e a junta nos autos.
- Se houver recurso e o tribunal absolver o réu, continua a valer a interrupção em
decorrência da condenação de 1º grau. Assim, se vier recurso extraordinário, o prazo
prescricional iniciado com a condenação não sofrerá interrupção;
- Se o juízo de 1º grau absolve o réu e, havendo recurso, vier o tribunal a condená-lo, o
prazo prescricional sofrerá interrupção da publicação do acórdão que terá, para todos os
efeitos, caráter condenatório;
- Se o réu for condenado em 1º grau e, recorrendo, o tribunal confirmar a condenação,
não haverá nova interrupção do prazo, em face de ausência de previsão legal.
- A sentença que concede o perdão judicial tem natureza condenatória ou declaratória?
Dependendo da natureza jurídica adotada, sofrerá (condenatória) ou não (declaratória)
interrupção.
A interrupção da prescrição, em relação a qualquer dos autores, estende-se aos demais. Assim, por
exemplo, a denúncia recebida contra tício interrompe a prescrição contra todos os seus co-autores e
partícipes, ainda que desconhecidos à época. Se, futuramente, vierem a ser identificados e denunciados, a
prescrição já estará interrompida desde o primeiro recebimento.
Pode ocorrer a suspensão do prazo prescricional, circunstância em que, cessada a suspensão, o prazo
retoma a sua marcha de onde havia parado, pelo período restante.
2) Enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro: está prevista no art. 116, II, do CP;
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3) Sustação de processo que apura infração penal cometida por deputado ou senador, por crime
ocorrido após a diplomação: regra prevista no art. 53, §§3º e 5º da CF, onde se determina que,
recebida a denuncia pelo STF contra deputado federal ou senador, será dada ciência à Casa
respectiva. Em seguida, qualquer partido político nela representado pode solicitar a sustação do
andamento do processo. Assim, se pelo voto da maioria dos membros da casa for aprovada a
sustação, ficará também suspensa a prescrição, enquanto durar o mandado.
4) Durante o período de suspensão condicional do processo: nos termos do art. 89, §6º da Lei n.
9.099/95, nos crimes com pena mínima não superior a 1 ano, se o réu preencher determinados
requisitos, o processo poderá ficar suspenso por período de 2 a 4 anos, ficando o réu sujeito ao
cumprimento de determinadas condições.
5) Se o acusado, citado por edital, não comparece nem constitui advogado : essa regra encontra-se
no art. 366 do CP e estabelece que, em tal hipótese, ficarão suspensos o processo e a prescrição.
6) Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, deverá o mesmo ser citado por carta
rogatória, suspendendo-se o prazo de prescrição até o seu cumprimento: trata-se da nova redação
do art. 368 do CPP.
7) Nos crimes contra a ordem econômica, o acordo de leniência: consiste na colaboração efetiva do
autor do crime econômico com as investigações e o processo administrativo, resultando na
identificação dos demais co-autores da infração e na obtenção de informações e documentos que
comprovem a infração. Celebrado o acordo, fica suspenso o oferecimento da denúncia, bem
como a prescrição da pretensão punitiva, até que o ajuste seja integralmente cumprido, após o
que haverá extinção da punibilidade.
Tem-se entendido que a enumeração é taxativa, devendo-se ressaltar que a suspensão do processo em
razão da instauração de incidente de insanidade mental (art. 149 CPP) não suspende o prazo prescricional.
Crimes imprescritíveis.
São aqueles definidos na Lei n. 7.716/89 (crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor) e os
praticados por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático,
previstos na Lei n. 7.170/83 (Lei de Segurança Nacional). Ambos estão previstos no art. 5º, XLII e XLIV,
da CF respectivamente e, segundo a doutrina, não pode ser aumentado por lei ordinária.
No caso de ser o réu condenado por sentença transitada em julgado, surge para o Estado o direito de
executar a pena. Este direito deve ser exercido em determinado prazo, sob pena de ocorrência da
prescrição da pretensão executória, também chamada de prescrição da pena.
Efeitos. Neste caso, a prescrição incide apenas sobre a pena principal, permanecendo os demais efeitos
condenatórios. Assim, se no futuro o acusado cometer novo crime, será considerado reincidente.
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O prazo prescricional da pretensão executória rege-se pela pena fixada na sentença transitada em julgado,
de acordo com os patamares descritos no art. 109 do CP. Assim, se alguém for condenado a 3 anos de
reclusão, a pena prescreverá em 8 anos; se for condenado a 7 anos, a pena prescreverá em 12 anos.
Deve-se observar que, nos termos do art. 110, caput, in fine, se o juiz reconhecer que o réu é reincidente,
o prazo da prescrição da pretensão da pretensão executória será aumentado em 1/3.
O prazo prescricional será reduzido se o sentenciado contava com menos de 21 anos na data do fato ou
mais de 70, na data da sentença (art. 115).
1) Na data em que transita em julgado a sentença para a acusação : assim, se a sentença transita em
julgado para o Ministério Público em 10/06/1994 e a interpõe recurso pleiteando a absolvição,
recurso este que é improvido pelo tribunal, o prazo de prescrição da pena começa a ser contado
exatamente a partir de 10/06/1994. Não se deve confundir essa hipótese com a prescrição
intercorrente que se dá antes do trânsito em julgado para uma das partes (defesa). Na prescrição
da pretensão executória, há o trânsito em julgado para ambas as partes, sendo que tão-somente o
início do prazo é contado a partir do trânsito em julgado para a acusação.
2) Na data que revoga a suspensão condicional da pena (sursis) ou o livramento condicional: No
caso do livramento condicional, o tempo da prescrição será regulado pelo tempo restante da pena
a ser cumprida (art. 113 do CP). Nessas duas hipóteses não basta a concessão do sursis pelo juiz,
sendo necessário que o agente já esteja no gozo do benefício e sobrevenha decisão revogatória.
Assim, quando o sursis é concedido na sentença, mas o eu não é encontrado para iniciar o seu
cumprimento (na chamada audiência admonitória), o juiz torna-o sem efeito, determinando a
expedição do mandado de prisão. Nesse caso, não houve revogação porque o período de prova
não se havia iniciado, e o termo inicial será aquele do item anterior.
3) No dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo de interrupção deva computar-se
na pena: em face desse dispositivo, se o condenado foge da prisão, passa a correr o prazo
prescricional. Nesse caso, o prazo será também regulado pelo tempo restante da pena. Assim, se
o sujeito fora condenado a 8 anos de reclusão e já cumpriu 7 anos e 6 meses da pena imposta, a
prescrição da pretensão executória dar-se-á em 2 anos, pois faltam apenas 6 meses de pena a ser
cumprida.
As hipóteses descritas no art. 117, incisos V e VI fazem iniciar novo prazo prescricional.
Ocorrendo a interrupção do prazo, o período volta a ser contado pelo tempo que falta cumprir da pena.
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Nos termos do art. 116, parágrafo único, a prescrição não corre enquanto o condenado está preso por
outro motivo.
A interrupção da PPE em relação a um dos autores não produz efeitos quanto aos demais.
No caso de reincidência, a interrupção da prescrição ocorre na data em que o novo crime é praticado e
não na data em que transita em julgado a sentença condenatória pela prática desse novo crime.
É a prescrição que ocorre entre a data da publicação da sentença condenatória e o trânsito em julgado.
Seu prazo é calculado com base na pena concreta fixada na sentença e não com base no máximo
cominado abstratamente previsto para o crime.
Antes da sentença de 1º grau não se sabe exatamente qual será a pena fixada pelo juiz. Por isso, o prazo
prescricional regula-se pelo máximo previsto abstratamente. O juiz fixa determinada pena que, entretanto,
pode ser aumentada pelo tribunal em recurso da acusação. Ocorre que, se não houver recurso da
acusação, ou aquele proposto for improvido, é possível saber, antes mesmo do trânsito em julgado da
sentença, qual o patamar máximo da pena. Em razão disso, estabelece o art. 110, §1º do CP que “a
prescrição, depois da sentença condenatória transitada em julgado para a acusação, ou depois de
improvido seu recurso, regula-se pela aplicada”. Essa é a prescrição intercorrente.
Assim, aplicada a pena na sentença e não havendo recurso da acusação, a partir da data da publicação da
sentença começa a correr o prazo da prescrição intercorrente, com prazo calculado sobre essa pena
concretizada. Opera-se a prescrição da pretensão punitiva, ou prescrição intercorrente, ao escoar-se esse
prazo antes do trânsito em julgado para a defesa ou do julgamento de eventual recurso interposto pelo réu.
Exemplo.
O crime de porte de entorpecente tem pena em abstrata de detenção de 6 meses a 2 anos. Antes da
sentença, a prescrição pela pena abstrata é de 4 anos. Se o juiz, ao sentenciar aplicar a pena de menos de 1
anos (11 meses, por exemplo) e o Ministério Público não apela para aumentá-la, esta será a pena máxima
a ser considerada, pois não é possível um aumento da pena de ofício pelo tribunal e nem com base em
recurso exclusivo da defesa. Desta forma, como a pena fixada foi inferior a 1 ano, a prescrição ocorrerá
em 2 anos.
Assim, se entre a data da sentença de 1º grau transitada em julgado para a acusação e o trânsito em
julgado para a defesa, transcorrer o prazo de 2 anos, terá havido a prescrição intercorrente.
O juízo de 1º grau não pode conhecer dessa prescrição, uma vez que, com a prolação da sentença,
encerra-se a prestação jurisdicional.
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Forma de se reconhecer a prescrição intercorrente.
Embora ambas sejam reguladas pela pena aplicada, a Superveniente tem início com a publicação da
sentença condenatória; a PPE somente inicia com o trânsito em julgado da condenação para a acusação.
Além disso, a Superveniente só pode ocorrer antes do trânsito em julgado para a defesa e a Executória,
somente após este trânsito.
PRESCRIÇÃO RETROATIVA.
Trata-se de outra modalidade de prescrição da pretensão punitiva. É também calculada pela pena
concretamente fixada na sentença condenatória, desde que haja trânsito em julgado par a acusação ou
desde que improvido o seu recurso. Tudo o que foi dito com relação à prescrição intercorrente é válido
para a prescrição retroativa, com a diferença de que a prescrição intercorrente corre para a frente (entre a
publicação da sentença condenatória e o trânsito em julgado para a defesa) e a retroativa é contada da
publicação da sentença condenatória para trás.
Aplicada a pena e tendo-se transitado em julgado para a acusação, servirá ela (a pena concretamente
aplicada) de base para o cálculo da prescrição referente aos prazos anteriores à própria sentença. É o que
dispõe o art. 110, §2º onde se estabelece que “a prescrição, de que trata o parágrafo anterior, pode ter
por temo inicial data anterior à do recebimento da denúncia ou queixa”.
Exemplo:
Um crime de lesão corporal leve tem pena máxima abstrata em 1 anos, cujo prazo prescricional é de 4
anos. Assim, imagine uma denuncia proposta 3 anos após a prática do fato. Ela merece ser recebida, pois
ainda não transcorreu o prazo prescricional. Entretanto, caso a pena transitada em julgado para a acusação
seja inferior a 1 ano (11 meses, por exemplo), o prazo prescricional passará a ser de 2 anos. Assim, ter-se-
á verificada a prescrição retroativa porque entre a data do fato e o recebimento da denuncia já tinha
ultrapassado este prazo.
O Juiz de primeira instância normalmente não pode reconhece-la. Entretanto, em situações que a sentença
já tenha transitado em julgado para a acusação, o Juiz, ao decidir sobre o processamento do recurso da
defesa, verifica que, pela pena fixada, já se operou a prescrição entre a data do fato e o recebimento da
denuncia, tal reconhecimento seria possível. É que a extinção da punibilidade não estará sendo decretada
na própria sentença condenatória, mas em decisão ulterior, nada impedindo que, por economia
processual, o Juiz de primeira instância julgue extinta a punibilidade.
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Prescrição retroativa na legislação especial.
Abuso de autoridade: inexiste prescrição retroativa quando a sentença condenatória se firma em fato
definido na Lei n. 4.898/65. Isso porque a pena privativa de liberdade cominada é de detenção, de 10 dias
a 6 meses (art. 6º, §3º, b). Como o máximo da pena é inferior a um ano, a prescrição sempre ocorrerá em
2 anos. Se tiver ultrapassado este prazo, deve-se reconhecer a PPP propriamente dita.
Crimes falimentares: não há prescrição retroativa em relação aos delitos falimentares, pois o prazo
prescricional da pretensão punitiva é sempre de dois anos. Assim, qualquer que seja a quantidade de pena
imposta na sentença condenatória, se já tiver transcorrido o prazo de 2 anos ou mais entre sua publicação
e a data em que deveria estar encerrada a falência, o caso é de prescrição da pretensão punitiva e não
retroativa.
Crimes de imprensa: não há prescrição em relação aos delitos descritos na lei de imprensa (Lei n.
5.250/67), levando-se em conta que o prazo prescricional da pretensão punitiva é sempre de 2 anos (art.
41, caput). Assim, se decorreram 2 anos ou mais entre a data do fato e a do recebimento da denúncia, ou
entre esta e a da publicação da sentença condenatória, é dispensável o principio retroativo, cuidando-se
de hipótese de PPP propriamente dita.
É aquela reconhecida antecipadamente, em geral, ainda na fase extrajudicial, com base na provável pena
concreta, que será fixada pelo Juiz, no momento futuro da condenação.
Exemplo. O promotor de justiça, deparando-se com um IPL versando sobre furto simples tentado,
cometido a 5 anos, não pode requerer seu arquivamento com base na prescrição, uma vez que ela é
calculada com base na maior pena possível. A maior pena possível em caso de furto simples tentado é 2
anos e 8 meses, cujo prazo prescricional é de 8 anos. Como se passou apenas 5 anos, ainda não ocorreu a
prescrição com base na pena abstrata. O promotor, observa que o réu é primário e de bons antecedentes, e
não estão presentes circunstâncias agravantes, tudo levando a crer que a pena será fixada no mínimo legal
e não no máximo. Confirmando-se esta probabilidade, teria ocorrido a prescrição, pois a pena mínima do
furto simples é de um ano e, com a redução da tentativa, ficaria inferior a 1 ano. Ainda que a pena fosse
alta, não poderia aproximar-se de 2 anos, cujo prazo prescricional é de 4 anos. Assim, com base nessa
provável pena já teria ocorrido a prescrição.
Fundamenta-se no princípio da economia processual, uma vez que nada adianta movimentar inutilmente a
máquina jurisdicional com processos que já nascem fadados ao insucesso, nos quais, após condenar o réu,
reconhece-se que o Estado não tinha mais direito de puni-los devido a prescrição.
Para saber o prazo prescricional da pena de multa, deve-se observar se a hipótese se trata de PPP ou PPE.
a) Quando a multa for prevista abstratamente no tipo penal, cumulativa ou alternativamente com
pena privativa de liberdade, o seu prazo prescricional será o mesmo desta.
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b) Quando imposta na sentença condenatória, cumulativamente com pena privativa de liberdade, a
multa prescreverá no mesmo prazo desta;
c) Quando prevista abstratamente isoladamente no tipo penal, a multa prescreverá em 2 anos;
d) Quando imposta isoladamente na sentença condenatória, a multa prescreverá no prazo de 2 anos.
Todas essas regras referem-se a PPP. Quando se fala em “multa aplicada” quer-se fazer referencia à
prescrição retroativa ou intercorrente, reguladas pela pena aplicada.
A PPE da multa será sempre em 5 anos, pois sua natureza passa a ser de dívida de valor, modificando-se
os prazos prescricionais, causas interruptivas e suspensivas da prescrição, a competência e o
procedimento, que passam a ser da legislação tributária.
PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA
Extingue o direito de punir do Estado Atinge o direito do ofendido em propor a ação
privada
Atinge, em primeiro lugar, o direito de punir do Alcança primeiro o direito de ação e, por efeito, o
Estado e, por conseqüência, o direito de ação. Estado perde a pretensão punitiva.
Logo após praticar um rapto consensual, o agente se arrepende e restitui a vítima, de mais de 14 anos, à
sua família, sem com ela ter praticado qualquer ato libidinoso. O prazo prescricional se dá em 4 anos (CP,
art. 220 c/c art. 221, parte final). Ao completar 19 anos, finalmente a moça resolve desvendar aos pais a
identidade de seu apaixonado raptor. Dois meses após tomarem conhecimento da autoria os
representantes legais ingressam com queixa-crime. Não se operou a decadência (art. 103), mas a queixa
será rejeitada porque já ocorreu a prescrição. O autor tinha o direito de promover a ação, mas o Estado já
havia perdido o direito de punir.
A prescrição extingue o direito de punir do Estado enquanto a decadência atinge o direito do ofendido em
promover a ação penal privada.
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