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VI- NOÇÕES GERAIS DE MACROECONOMIA

12. SISTEMAS, FLUXOS E AGREGADOS MACROECONÔMICOS


12.1 Definição e objetivo da macroeconomia
Estuda os aspectos amplos e globais reunidos em agregados econômicos,
seus comportamentos e relações entre si nas seguintes estruturas:
•mercado de bens e serviços (produto, renda nacional e consumo);
•mercado de trabalho (emprego, taxa salarial);
•mercado monetário e de títulos (moeda, preços e quantd. de títulos);
•mercado cambial (comércio internacional, taxas de câmbio).
a) Tem como principal objetivo analisar de maneira agregada como são
determinadas as seguintes variáveis econômicas:
•nível geral de preços; nível de produto; taxa de salários; nível de
emprego; taxa de juros; quantd. de moeda; preço e quantd dos títulos;
taxa de câmbio e quantidade de divisas.
12.2 Sistemas real e de intermediação financeira da economia
a) Setor real - área da economia onde se realizam as operações de geração
de bens (produtos tangíveis) e de serviços não-financeiros (produtos
intangíveis, comunicações, transporte, comércio).
b) Setor de intermediação financeira - Área da economia onde se
realizam operações de custódia, intermediação, compensação e
liquidação de ativos considerados não-reais, como a moeda, os títulos de
crédito, ações e outros papéis negociáveis em mercados específicos.
12.3 Fluxo monetário e de bens e serviços
Figura 20
Fluxos gerais da economia

Mercado de fatores

Famílias Empresas

Mercado de produtos
Fluxo monetário Fluxo de bens e serviços

a) Principais agregados do setor real (economia sem governo)


• Produto Nacional (PN) - é o resultado da atividade produtiva global.
Avaliação do desempenho da economia como um todo e significa o
valor total das transações feitas com bens finais durante um ano (valor
adicionado). Este dado interessa a todos os agentes econômicos.

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Tabela 4– Cálculo do valor adicionado
Atividades Vendas Custos intermediários matérias-primas p/origem Valor
produtivas Primária Secundária Terciária adicionado bruto

Primárias 150 15 (semente) 25 (implemento) 50 (transporte) 60


Secundárias 320 50 (frutas) 70 (máquinas) 90 (manutenção) 110
Terciárias 480 35 (animais) 140 (veículos) 175 (ass. técnica) 130

Total 950 100 235 315 300

Tabela 5 –Determinação do produto


Atividades Vendas Valor dos fornecimentos Valor dos
produtivas intermediários bens/serviços finais

Primárias 150 100 50


Secundárias 320 235 85
Terciárias 480 315 165

Total 950 650 300

• Renda Nacional (RN) – é o total de pagamentos feitos aos fatores de


produção que foram utilizados para a obtenção do produto.
Tabela 6– Cálculo da renda (a custo dos fatores)
Atividades Valor Custo dos fatores
produtivas adicionado Salários Aluguéis Juros Lucros Depreciações

Primárias 60 40 5 1 12 2
Secundárias 110 55 17 2 23 13
Terciárias 130 70 13 17 25 5

Total 300 165 35 20 60 20

PN= RN= Valor adicionado (equivalentes)

b) Formação de capital
• Poupança - parcela da renda nacional que não é consumida no período.
As famílias não gastam toda sua renda em bens de consumo (poupam)

RN= Consumo + Poupança

• Investimento – é o gasto com bens que foram produzidos, mas não


foram consumidos no período e que aumentam a capacidade produtiva
da economia para os períodos seguintes. É formado pela soma dos
novos investimentos em bens de capital (máquinas e imóveis) e pela
variação de estoques de produtos.
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PN= Consumo + Investimento

Poupança= Investimento
(Sem governo e sem comércio internacional)

c) Outras medidas de produto


•Produto Nacional Bruto – representa o total de todos os bens
produzidos, inclusive máquinas e equipamentos que irão repor àquela
parcela de equipamentos, que foi desgastada no período imediatamente
anterior ao processo de produção (depreciação);
•Produto Nacional Líquido – representa a diferença entre o valor de
todos os bens produzidos e a parcela de depreciação;

PNB= PNL + Depreciação

d) Dispêndio Nacional – são as duas formas de destino de todos os bens e


serviços produzidos por um país: consumo e acumulação. A acumulação
esta ligado ao processo de formação de capital.

Tabela 7 – Destinação da renda agregada


Atividades produtivas Bens/serviços produzidos Consumo Acumulação

Primárias 50 40 10
Secundárias 85 60 25
Terciárias 165 150 15

Total 300 250 50

Figura 21
Do produto ao dispêndio nacional (sem governo)

Depreciações
Acumulação
Poupança

Produto Produto Renda Dispêndio


Nacional Nacional Nacional Consumo Nacional
Bruto
= Líquido
= (Consumo)

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12.4 A economia com Governo
a) Fontes das receitas do Governo
• Tributos Diretos – tributos sobre os ativos e as rendas das famílias e
das empresas;
• Tributos Indiretos – tributos sobre as transações intermediárias e
finais, isto é durante o processo de produção;
• Outras Receitas Correntes – tudo aquilo que não é tributo
(dividendos, emolumentos, tarifas, empréstimos compulsórios e
contribuições sociais, etc).

b) Novas definições de produto


• Produto a Custo de Fatores – valores apresentados sem incorporar os
impostos indiretos cobrados pelo governo nos diversos estágios da
produção;
• Produto a custo de Mercado - valores apresentados com incorporação
dos impostos indiretos cobrados pelo governo nos diversos estágios da
produção menos os subsídios.

PN a preços de mercado= PN a custo dos fatores + Impostos indiretos

Tabela 8
Produto a custo dos fatores e a preços de mercado
Composição do Atividades
valor adicionado Primárias Secundárias Terciárias Total

1. Produto a custo dos fatores 58 97 125 280


• Salários 40 55 70 165
• Aluguéis 5 17 13 35
• Juros 1 2 17 20
• Lucros 12 23 25 60

2. Produto a preço de mercado 70 135 145 350


• Produto a custo dos 58 97 125 280
fatores
• Depreciações 2 13 5 20
• Tributos indiretos 10 25 15 50
líquidos
- Tributos indiretos 14 27 17 58
- Subsídios 4 2 2 8

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c) Renda Pessoal Disponível – é a renda nacional a custo dos fatores
menos os tributos diretos sobre ela e mais as transferências do governo.

Tabela 9 – Determinação da renda pessoal disponível


Especificação Valores

Custo dos fatores (renda nacional) 280


Tributos diretos sobre a renda (-) 40
Transferências (ativos e inativos) (+) (+) 15

Renda pessoal disponível 255

d) Destinação da Renda Agregada- do total dos bens e serviços


produzidos, parte é consumido e parte é acumulado pelas unidades
familiares, empresas e governo.

Tabela 10 – Destinação da renda agregada


Aividades Bens/Serviços Consumo Acumulação
produtivas produzidos
Famílias Governo Total Fam./Empresas Governo Total

Primárias 70 39 6 45 9 1 10
Secundárias 135 58 17 75 18 12 30
Terciárias 145 148 22 170 3 17 20

Total 350 245 45 290 30 30 60

Figura 22
Do produto ao Dispêndio Nacional (com governo)

Depreciações
Tributos Acumulação
indiretos
líquidos Tributos
diretos
líquidos

Produto Produto
Produto Nacional Nacional Renda Pessoal Dispêndio
Renda
Nacional Bruto= Líquido Líquido Disponível Nacional
= = Nacional = (Consumo)
(a preços de (a custo dos
mercado) fatores)

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12.5 A economia com transações externas
a) Em termos contábeis, as transações com o exterior envolve 4 categorias
de fluxo:
• Exportações de Mercadorias e Serviços - venda de mercadorias para
exterior, receitas cambiais c/serviços prestados a estrangeiros
decorrentes de viagens, transportes, seguros e outras e dispêndios das
rep. diplomáticas instaladas no país;
• Importações de Mercadorias e Serviços – compras de mercadorias
estrangeiras, despesas cambiais c/serviços adquiridos de estrangeiros e
dispêndios das rep. diplomáticas da nação no exterior;
• resultado líquido dos pagamentos/recebimentos pelo emprego dos
fatores de produção – remunerações do tipo salários, juros
arrendamentos e aluguéis, patentes, lucros e outros remetidos ou
recebidos do exterior, como contrapartida pela utilização interna de
recursos pertencentes a estrangeiros.
• saldo do balanço de pagamentos das transações correntes –
resultado dos fluxos anteriores Sendo positivo= desacumulação e no
caso de negativo= acumulação.

Tabela 11
Saldo do balanço de transações correntes
Fluxos agregados Valores

a) exportações de mercadorias e serviços 15


b) importações de mercadorias e serviços 20
c)recebimentos por rendas de fatores 5
d)remessas de rendas de fatores 10

Saldo do balanço de transações correntes -10


(a) –(b) + (c) – (d)

b) Outros Conceitos de Produto e Renda


• Produto Interno e renda Interna - representa o que é gerado dentro
do território econômico de um país e corresponde ao produto/renda
nacional mais a renda enviada para pagamento dos fatores de produção
do pessoal não-residente e menos a renda recebida do exterior para
pagamento de fatores de produção dos residentes no país;

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12.6 Resumo dos conceitos convencionais
Conceito Adição/subtração Conceito
PIB (-) renda líquida enviada para o exterior PNB
PNB (-) depreciação do capital fixo PNL
PNL (-) tributos indiretos (+) subsídios RN
RN (-) tributos diretos (+) transferências RPD

Figura 23
Do Produto Interno Bruto à Renda Pessoal Disponível

Rendas líquidas
enviadas p/exterior (5) Depreciação
capital fixo (20)
Tributos indiretos menos
subsídios (50)
Tributos diretos menos
transferências (25)
Produto
Produto Produto Nacional Renda
Interno Bruto Nacional Renda Pessoal
Líquido Nacional
Bruto (a preços de Disponível
mercado)

PIB PNB PNL RN RPD


(350) (345) (325) (275) (250)

12.7 Impactos sobre a oferta e procura agregada e renda pessoal disponível

a) Oferta agregada
Fluxos agregados Valor

a) custo interno dos fatores produtivos 280


b) depreciações 20
c) tributos indiretos (+) 58
d) subsídios (-) 8

e) PIB a preços de mercado (a)+(b)+(c)-(d) 350

f) importações de mercadorias e serviços 20

Oferta agregada 370

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b) Procura agregada
Fluxos agregados Valor
a) consumo 290
• unidades familiares 245
• governo 45
d) formação bruta de capital 65
• unidades familiares (30+5)= 35
• governo 30
f) exportações de mercadorias e serviços 15
Procura agregada 370

c) Renda Pessoal disponível


Fluxos agregados Valor
a) custo totalizado dos fatores 280
b) tributos diretos (-) 40
c) transferências (+) 15
d) Renda interna disponível (a)-(b)+(c) 255
e) remessas de renda para o exterior 10
f) recebimento de renda do exterior 5
Renda Pessoal Disponível (a)-(b)+(c)-(d)+(e) 250

12.8 Relações intersetoriais

a) Principais componentes
• insumos – produtos de outras etapas;
• valor adicionado – produto da etapa atual;
• valor bruto da produção – insumo + valor adicionado

b) Matriz das relações intersetoriais


•as linhas indicam o destino do que é produzido
Exemplo da linha 1: do total das saídas do setor primário (163), 100 foi
absorvido por todos os setores sob a forma de insumos em transações
intermediárias e 63 foi para o mercado final sob as formas indicados na
tabela a seguir;
•as colunas indicam a origem dos insumos empregados
Exemplo da coluna 1: a produção primária absorveu 93, sendo 90
proveniente do mercado interno e 3 de importações. O restante para
completar o valor de produção corresponde ao valor adicionado

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Tabela 12
Matriz de relações intersetoriais
Origem Destino dos produtos
dos insumos Transações intermediárias Procura final Valor da
Produção Indústria Prod. de Sub Consumo Acumu- Expor- Sub produção
primária serviços total lação tações total

1. Setores 90 210 350 650 290 65 15 370 1.020


Primário 15 50 35 100 45 12 6 63 163
Secundário 25 70 140 235 75 42 5 122 357
Terciário 50 90 175 315 170 11 4 185 500

2. Setor externo 3 12 5 20
Importações 3 12 5 20

3. Valor adicionado 70 135 145 350


Custo dos fatores 58 97 125 280
Depreciações 2 13 5 20
Trib. indiretos líquidos 10 25 15 50

Valor da produção 163 357 500 1020

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13 - SETOR PÚBLICO E A ECONOMIA

13.1 Caracterização
a) entidade componente do Estado Nacional;
b) garante os interesses privados (segurança e defesa, direitos de
propriedade, organização das atividades segundo seus objetivos) através
da base jurídico-institucional visando o desenvolvimento global;
c) realiza atividades de cunho econômico e social, cujos objetivos são de:
justiça, segurança, afirmação nacional, desenvolvimento econômico,
bem-estar social;
d) espaço de manifestação de conflitos de interesses sociais;
e) organizador e controlador de interesses contraditórios;
f) poder estabelecido em três níveis no Brasil (federal, estadual,
municipal) e conservador em termos de estrutura sócio-política e
econômica;

13.2 Principais causas determinantes da expansão do setor público


a) crises econômicas mundiais leva o setor a combater o desemprego,
aumentar gastos na área social e com obras;
b) existência de guerras;
c) avanço da legislação social em razão de maior presença de novos grupos
sociais (seguro social, auxílio-desemprego, etc);
d) expansão das despesas com saúde, educação, lazer e outras em função
do aumento da população e aumento da renda per capita;
e) modernização dos meios de transporte (estradas, portos, aeroportos);
f) urbanização acelerada e mudanças tecnológicas (motor a combustão)
fez aumentar os gastos com estradas e outras infra-estrutura;
g) expansão da industrialização (implantação de atividades básicas nos
países subdesenvolvidos - siderurgias, bancos de desenvolvimento etc);

13.3 Funções públicas


a) Alocativa (específicas) – ligada ao fornecimento de bens e serviços não
oferecidos adequadamente pelo sistema de mercado. Gera empregos
diretos, realiza investimentos e demanda materiais de consumo. Pouca
variação entre países. Ex: justiça, defesa nacional, segurança, serviços de
meteorologia e de despoluição;

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b) distributivas – ligada à redistribuição de rendas através dos serviços de
saúde, educação, saneamento, previdência e seguro social. Gera
empregos diretos, realiza investimentos e demanda materiais de
consumo. Grande variação entre países e depende da orientação política
do governo e combatividade dos sindicatos e entidades da sociedade
organizada;
c) Estabilizadora (banco central) – relacionada ao monitoramento dos
níveis de preço e emprego. Emite dinheiro, controla a quantidade de
dinheiro em circulação, inclusive a capacidade dos bancos de criarem
moeda escritural, tabela preços, realiza política fiscal;
d) Crescimento econômico – voltada para o aumento na geração de renda
emprego através de:
- política econômica – conjunto de medidas para induzir o
comportamento dos agentes privados através de impostos, normas e
regulamentações, racionamento e outros meios redireciona
investimentos, privilegia setores – políticas fiscal, rendas, monetária,
cambial, comercial, agrícola, industrial.
- agente econômico – empreendimentos econômicos (produção de
insumos para o setor privado, atua em áreas menos rentáveis ou de mais
longo prazo e para redução de custos privados – pesquisa e tecnologia).
Diferente do setor privado já que seu objetivo principal não é o lucro.

13.4 Setor público na economia

a) realiza arrecadação

•tributação deve seguir 2 princípios:


- Princípio da neutralidade – permite a não alteração dos preços
relativos de mercado, corrigir ineficiências observadas no setor
privada;
- Princípio da equidade – tributação de maneira justa entre as pessoas.
•principais efeitos:
- reduz dinheiro em circulação (renda disponível) através da cobrança
de impostos ;
- aumenta os custos dos produtos (cobrança de impostos) provocando
expansão dos seus preços;
- permite realização de atividades sociais e transferências de renda
(abono familiar, salário-família, seguro contra desemprego, subsídios).

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b) realiza gastos (contratando serviços ou pagando funcionalismo)
•principais efeitos:
- aumenta número de empregos permitindo que maior número de
pessoas passem a ter renda e, conseqüentemente, aumento da demanda
por bens;
- cria economias externas para o capital privado o que aumenta os
investimentos privados e por sua vez aumento da demanda de matéria-
prima.

c) realiza atividades produtivas (Estado-produtor)


•principais efeitos:
- aumenta número de empregos;
- produz insumos básicos (energia, petróleo, água;
- produz bens e serviços vitais para o progresso social (defesa, justiça,
saúde, educação, etc);
- aumento do estoque de capital do país (estradas, portos, prédios).

13.5 Empresas estatais e privatização

a) Aparecimento das empresas estatais


• No mundo depois da 2ª guerra aumentou a intervenção do Estado na
economia através da criação de empresas públicas ou mistas;
• No Brasil a partir de 1950 em áreas consideradas estratégicas como
petróleo (Petrobrás), siderurgia (CSN), energia (Eletrobrás),
Telecomunicações (Embratel), aviação (Embraer);

b) Privatização (desestatização)
• A partir de 1979 governo inglês resolve liquidar participações de
governo em companhias mistas (governo conservador de Thatcher);
• Governos francês e alemão fazem o mesmo em 1986 e 1990,
respectivamente;
• Na América latina isto ocorre no Chile no período de 1974-81, Costa
Rica e Honduras -1985, Argentina, Colômbia e México – 1989,
Panamá, Uruguai e Venezuela – 1990, Brasil e Nicarágua – 1991,
Peru – 1992 e Equador, Guatemala e Paraguai – 1994.
• Privatizações brasileiras – Usiminas (1991), Aços Piratini,
Siderúrgica do Nordeste, Petroquímica do Sul e Siderúrgica de
Tubarão (1992), CSN, Cosipa e Açominas (1993), Embraer (1994).
Telebrás e RFFSA (1998)

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14 - MOEDA, CRÉDITO E SISTEMA MONETÁRIO

14.1 Intermediação, mercados financeiros e criação da moeda

Na atividade de intermediação financeira é utilizado como objeto de


transação os ativos financeiros – são ativos não-reais que não satisfazem a
nenhuma necessidade de forma direta mas usados como meios para
aquisição de bens e serviços que atenderão às necessidade a que se
destinam. Têm graus de liquidez superior à maior parte dos ativos reais e
podem proporcionar rendimentos a seus detentores (moeda corrente, títulos
de créditos, ações, letras de câmbio, etc)

14.2 Categorias de mercado financeiros


Em função dos tipos de operações e dos fins que se destinam o setor de
intermediação financeira apresenta os seguintes mercados:
a) Mercado monetário – opera com papel-moeda e moeda escritural;
b) Mercado de crédito – opera c/empréstimos de uma maneira geral;
c) Mercado de capitais – opera com ações e outros papéis;
d) Mercado cambial – opera com moedas estrangeiras.

14.3 Moeda
a) Evolução histórica
•época inicial (trocas de produtos com produtos);
•com aumento da produção, aparecimento das comunidades,
crescimento das trocas comerciais e divisão social do trabalho, surge as
necessidades de se realizar trocas mais importantes através de bens que
tinham aceitação geral (sal, gado, bambu, metais, etc);
•destaque para os metais preciosos visto que tinham:
- aceitação geral (valor em si); durável; raro; divisível e fácil transporte;
- limitações: necessidade de pesagem (balança sensível) e especialistas.
•desenvolvimento da cunhagem (moeda c/figura p/mostrar seu valor) e
recunhagem o que acarretou o surgimento da inflação;
•processo de cunhagem feito por cunhadores particulares (ourives) que
tinham cofres seguros p/guardar o ouro p/cunhagem e surgimento dos
recibos negociáveis (papel-moeda). Moeda c/equivalência em metal.
Aparece então mais recibos do que quantidade de metal sob depósito;
•processo de cunhagem passa para o governo (emissão de papel-moeda)
e a moeda-papel passa por períodos de lastros parciais em padrão-ouro
(fracionalmente lastreada) até o abandono deste tipo de padrão;

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•atualmente o papel-moeda tem garantia apenas legal e fiduciária (em
confiança). Não existe qualquer lastro em ouro, sendo estágio mais
avançado.
b) Estágios da moeda (resumo)
• estágio do escambo – período de poucas trocas, atividade produtiva
não está voltada para o mercado. Trocas de produto com produto;
• estágio moeda-mercadoria– caracterizado pelo uso de uma
mercadoria-padrão p/trocas (sal, gado, metais, etc). Limitações:
perecíveis, pouco raras, reprodutíveis, indivisíveis, dificuldades de
pesar e avaliar por exemplo o metal;
• estágio da moeda simbólica – uso do metal p/fazer moedas cunhadas,
as quais eram garantidas pelo soberano, facilita as trocas;
• estágio da moeda-escritural – fase do depósito em instituições
especializadas (recibos de depósitos, notas bancárias, cheques);
• estágio da moeda eletrônica – fase onde a moeda refere-se à vários
tipos de registros eletrônicos representando uma diversidade de ativos.

c) Características da boa moeda


•fácil transporte e manuseio;
•divisibilidade;
•raridade;
•durabilidade;
•aceitação generalizada.

d) Funções da moeda
• meio ou instrumento de troca – possibilidade de tudo adquirir;
• reserva de valor – existência de um valor intrínseco;
• unidade de conta – permite somar várias mercadorias;
• padrão para pagamentos diferidos – medida p/pagamentos futuros.

14.4 Tipos de agregados financeiros

a) Ativos monetários
É a própria moeda. Não proporciona rendimentos a seus detentores, pois
não estão aplicados, são ativos prontos, disponíveis. São os meios de
pagamentos dos agentes econômicos, é a liquidez por excelência (M1).
b) Ativos não-monetários
Proporciona rendimentos aos seus detentores. São os títulos de renda
fixa ou variável de emissão do governo ou do sistema financeiro.

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Quando os mesmos são de alta liquidez, ou praticamente quase-líquidos
são chamados de quase-monetários.

Tabela 13 – Composição dos ativos financeiros – Brasil/94


Ativos financeiros Valor dos ativos % em relação
R$ milhões % ao PIB

1. Papel-moeda emitido (A) 10.046 - -


2. Caixa em moeda corrente sist. financeiro (B) 1.424 - -

3. Monetários, Líquidos 23.081 13,1 3,3


• Papel-moeda em poder do público (A-B) 8.622 4,9 1,2
• Depósito à vista do público sist. bancário 14.459 8,2 2,1

4. Não-monetários, Quase-líquidos 152.364 86,9 21,7


• Fundos do mercado monetário1 12.791 7,3 1,8
• Títulos públicos em poder do público 36.974 21,1 5,3
• Depósitos em caderneta de poupança 44.945 25,6 6,4
• Títulos emitidos pelo sistema financeiro2 57.654 32,9 8,2

Total 175.445 100,0 25,0


1
São os fundos de aplicação financeira a curto prazo e depósitos especiais remunerados;
2
São os certificados de depósitos a prazo, letras de câmbio e letras hipotecárias.

c) Tipos de agregados (observar na Tabela acima)


M0 - moeda em poder do público – meio circulante (papel-moeda e moedas
metálicas);
M1 – M0 + depósitos a vista nos bancos comerciais;
M2 – M1 + Fundos mercado monetário + Títulos públicos em poder do público;
M3 – M2 + Depósitos de poupança;
M4 – M3 + Títulos privados (emitidos pelo sistema financeiro).
d) Características
• M0 (moeda manual, corrente) e M1 são ativos líquidos e valores em
forma de dinheiro e que são usados como meios de pagamento;
• Os depósitos à vista do público no sistema bancário são chamados
de moeda-escritural ou moeda-bancária;
• M2, M3 e M4 são os agregados não-monetário, quase-moedas e
rendem juros;
•Os ativos financeiros não-monetários não são meios de pagamento,
embora possam se constituir em reservas que para efeito de liquidar
transações podem se transformar em disponibilidades monetárias. Têm
menor grau de liquidez que os monetários.
e) Moeda escritural (cheque não é moeda, o depósito é que a moeda)

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•a moeda escritural ganha a preferência do público por: ser de fácil
transporte e manejo, mais seguro por ser nominal, dispensa troco, serve
como recibo (contabilização e comprovação) e é utilizada para se obter
novos créditos.
14.5 Sistema monetário
a) Intermediários financeiros - são os agentes superavitários
• bancários: captam e operam c/depósitos à vista (criam moeda)
– banco comerciais e caixas econômicas;
• não-bancários: operam com ativos não-monetários (quase-moeda).
– bancos de desenvolvimento (BNDES) – financiamento de empresas
em setores básicos, apoio à regiões carentes e pontos de
estrangulamentos da economia e invest. públicos de interesse social;
– bancos de investimento – financiamento de capital das empresas
c/recursos da venda de certificados de depósitos a prazo fixo e
quotas-participação em fundos de investimento;
– sociedades de crédito, financiamento e investimento (financeiras) –
financiamento da compra de bens de consumo duráveis c/recursos
da venda de letras de câmbio e empréstimos;
– sociedades de crédito imobiliário e associações de poupança e
empréstimo – financiamento de habitações, projetos de interesse
social, (saúde, saneamento, educação, cultura, urbanização
c/recursos da caderneta de poupança e venda de letras hipotecárias);
– soc. de arrendamento mercantil (leasing) – financiamento de locação
de bens móveis e imóveis c/recursos de debêntures e empréstimos;
– soc. corretoras e distribuidoras de títulos e valores imobiliários –
operam com venda de títulos e valores mobiliários (ações)
• bancárias mistas: realizam dep. e outras oper. de captação recursos
- bancos múltiplos
b) Funções
• bancos – intermediação financeira: transfere recursos de agentes
superavitários para agentes deficitários;
transmutação de ativos: transforma certos ativos em outros;
câmara de compensação: intermédia trocas de moeda ou a
liquidez da economia.
•Banco Central
- banco dos bancos: recebe dep. compulsórios dos bancos comerciais;
fornece empréstimos de liquidez e redesconto (tx. de redesconto) e
coordena funcionamento câmaras de compensação;
- superintendente sist. financeiro nacional: baixa normas, fiscaliza,
controla, autoriza e decreta intervenção e liquidação de bancos;

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- executor política monetária: regula a expansão dos meios de
pagamento e controla a liquidez da economia como um todo;
- banco emissor – detém o monopólio de emissão de moeda;
- banco de governo – financia o tesouro nacional, administra a dívida
pública interna e externa e as reservas internacionais do país.
14.6 Oferta e demanda de moeda
a) Oferta de moeda
• Medição da oferta
- a oferta monetária ocorre pela expansão dos agregados M1 (em
sentido restrito), M2, M3 e M4 (em sentido amplo);
- a oferta monetária é medida pela soma dos estoques de cada
agregado no final de períodos definidos.
• Aumento da oferta
- através das emissões de moeda feitas pelo Banco Central;
- através dos depósitos à vista realizados junto aos bancos.
• Multiplicação da moeda (expansão da moeda-escritural)
- moeda-escritural – representa o direito que o depositante possui
sobre uma quantia que foi depositada à vista nos bancos comerciais.
Não é dinheiro emitido e só existe do ponto de vista contábil;
- destino dos depósitos – quando os depósitos à vista são realizados,
uma parte é destinada ao encaixe voluntário do próprio banco, outra
parte refere-se ao recolhimento compulsório determinado pelo
Banco Central e uma terceira retorna aos agentes econômicos sob a
forma de empréstimos.
- efeito-multiplicador – corresponde a possibilidade de criação de
moeda-escritural e decorre da capacidade dos bancos comerciais
emprestarem parte do dinheiro depositado. E, este efeito ocorre em
função do seguinte processo:
1. a oferta monetária (M) é dado por: moeda em poder do público
mais depósitos a vista nos bancos comerciais
M= PMPP + DVSB
2. um aumento desta oferta poderá acontecer através da compra
feita pelo Banco Central de títulos da dívida pública que estão em
poder do público, então:
∆ M= ∆ PMPP + ∆ DVSB

- 55
3. portanto em decorrência do aumento do DVSB, crescerão
também os encaixes voluntários dos bancos (EV), recolhimentos
compulsórios (RC) e empréstimos (E)
∆ DVSB = ∆ EV + ∆ RC + ∆ E
4. Estes novos empréstimos acabarão por gerar novos depósitos que
por sua vez proporcionarão novos empréstimos, e, assim,
sucessivamente.
5. em resumo, esta propagação multiplicativa produzirá sucessivas
adições ao estoque da moeda escritural (aumento dos meios de
pagamento)

6. a magnitude do efeito multiplicador (K) é inversamente


proporcional à taxa global (R) relativa aos encaixes voluntários,
recolhimentos compulsórios e retenções feitas pelos agentes.
Deste modo:

K= 1
R
Então supondo-se R= 0,25, o valor e K= 4
7. Exemplo do efeito-multiplicador com depósito inicial de 10.000
e taxa global de encaixe igual à 0,25

Tabela 14 – Efeito-multiplicador da moeda escritural


Etapas Depósitos à vista Retenções Empréstimos
do processo (∆ DVSB) (∆ EV + ∆ RC) (∆ E)

Injeção inicial 10.000 2.500 7.500


Primeira etapa 7.500 1.875 5.625
Segunda etapa 5.625 1.407 4.218
Terceira etapa 4.218 1.055 3.163
Quarta etapa 3.163 791 2.372
Quinta etapa 2.372 593 1.779

Efeito-multiplicador (A) 32.878 8.221 24.657


Efeito-multiplicador (B) 7.122 1.779 5.343
Efeito-multiplicador (C) 40.000 10.000 30.000
A – efeito multiplicador nas 5 primeiras etapas; B - efeito multiplicador nas demais etapas até
próximo de zero e C – efeito multiplicador no final do processo.

• Base monetária - é a soma da quantidade de papel-moeda emitido


mais as reservas bancárias (voluntárias e compulsórias) que os bancos
mantém no Banco Central.

- 56
• Instrumentos de controle da oferta monetária
- fixação da taxa de recolhimentos compulsórios – exigência do BC;
- operações redesconto de títulos – empréstimos através de
redesconto de títulos;
- operações de mercado aberto – operações de compra e vende de
títulos;
- controle seletivo de crédito – seleção de setores, regiões, categorias
de agentes econômicos preferenciais para operações financeiras.
b) Demanda por moeda
As empresas/famílias necessitam moeda (liquidez) que são retidas em:
i) mãos; ii) cofres das empresas; iii) dep. à vista nos bancos comerciais.

• Razões da procura por moeda:


- transação – necessidade de realizar pagamentos e compras diversas
para satisfação de necessidades de consumo e acumulação;
- precaução – necessidade de atender as incertezas do futuro,
previsíveis ou não e se garantir com valores líquidos até os
próximos ingressos;
- especulação – necessidade de realizar ganhos especulativos através
de compras de ativos reais e financeiros, aproveitamento das
oportunidades nos setores real e financeiro;
- outros:
. expectativas quanto variação futura dos preços;
. usos e costumes quanto aos prazos de liquidação de operações;
. grau de desenvolvimento do sistema financeiro;
. nível e repartição da renda

• Magnitude das retenções


As quantidades de moeda por tipos de retenção variam,
principalmente, em função de:
- transação e precaução - função direta da renda agregada (a nível
das pessoas e a nível nacional) e inversa dos custos de
oportunidades;
- especulação – função inversa das taxas de juro.

• Moeda e nível de preços


- excesso de moeda ⇒ aumento dos preços;
- escassez de moeda ⇒ redução dos preços.

- 57
15. NOÇÕES SOBRE INFLAÇÃO
15.1 Definições
Fenômeno monetário constituído por um aumento contínuo e generalizado
dos preços de todos os bens e serviços produzidos na economia em
determinado período de tempo.
15.2 Efeitos do processo inflacionário
a) Distribuição da renda – redução do poder aquisitivo dos segmentos
que têm rendimentos fixos e menores (assalariados, rendas de aluguel);
b) Balanço de pagamentos – aumento do preço do produto nacional e
estímulo às importações e desestímulo às exportações provocando
diminuição do saldo do balanço comercial (combate através das
desvalorizações cambiais e isto provoca aumento dos preços dos
insumos básicos importados);
c) Mercado de capitais – redução das aplicações nos mercados de capitais
e expansão da aplicação em terras, imóveis (busca de proteção);
d) Nível de investimentos – redução das iniciativas empresarias em
função das incertezas qto. ao futuro e de maior segurança na aplicação
de títulos reajustados de acordo c/inflação (desestímulo à produção).
15.3 Causas da inflação (tipos)
a) Inflação de demanda - excesso de demanda agregada em relação à
produção disponível de bens e serviços – dinheiro demais à procura de
poucos bens.
• meios de combate – políticas que reduzam demanda agregada de bens:
- políticas de redução dos gastos do governo (maior comprador);
- políticas de restrição da quantidade de moeda e de crédito;
- políticas de aumento da carga tributária.
b) Inflação de custos – aumento dos insumos (custos de produção) ou
lucros excessivos gerando aumento dos preços do produtos. Exemplos:
aumentos de energia e expansões salariais acima dos aumentos de
produtividade da mão-de-obra (sindicatos com alto poder de barganha);
elevação de lucros acima dos aumentos de custo de produção (empresas
c/elevado poder de monopólio ou oligopólio).
• meios de combate – políticas de controle geral dos preços:
- políticas salariais mais rígidas;
- políticas fiscais sobre os lucros auferidos pelos oligopólios;
- políticas de controle de preços dos produtos.
c) Inflação inercial – consiste na prática generalizada da indexação
gerando uma autopropagação da inflação. Correção dos custos de fatores
e dos preços dos produtos por índices de inflação passada.
- 58
15.4 Medição da inflação
Inflação é medida através de diferentes números-índices de preços

a) Número-índice – estatística que visa medir a variação relativa e preços


de um agregado de bens e serviços em uma seqüência de períodos de
tempo. Atendem a diferentes objetivos e têm diferentes níveis de
abrangência setorial ou espacial.

b) Cálculo de número índice – através dos preços coletados em intervalos


de tempo regulares, ponderados por suas relativas importâncias de
acordo com o tipo de agregado e comparados com os preços anteriores

Tabela 15 – Cálculo simplificado da taxa de inflação)


Produtos Peso (%) Var. preço (%) Cálculo

A 30 20 0,3 x 0,2= 0,06


B 10 30 0,1 x 0,3= 0,03
C 20 50 0,2 x 0,5= 0,10
D 40 40 0,4 x 0,4= 0,16
Total= 0,35

c) Tipos de números-índices
•INPC – índice nacional de preços ao consumidor (restrito) - IBGE
abrange 10 regiões metropolitanas e Brasília e famílias com rendimento
de trabalho assalariado entre 1 a 8 pisos salariais. Aplicação geral,
periodicidade mensal (consumo varejista);
•IPCA – índice nacional de preços ao consumidor (amplo) - IBGE
Mesma abrangência geográfica e periodicidade que INPC mas
envolvendo famílias com renda entre 1 a 40 pisos salariais s/distinguir
fonte de renda. Aplicação financeira (consumo varejista);
•IPC-FIPE – índice e preços ao consumidor da FIPE (USP)
Abrangência voltada para cidade de São Paulo e famílias com renda
familiar entre 1 a 20 SM. Periodicidade semanal/mensal;
•IGP – índice geral de preços (FGV)
É composto da soma de três outros índices: IPA – índice de preços por
atacado; IPC-BR – índice de preços ao consumidor-Brasil; INCC-
índice nacional da construção civil;
•IGP-M – índice geral de preços de mercado (FGV)
Metodologia de cálculo semelhante ao IGP. Aplicação financeira;
• Índice da DIEESE – refere-se à cesta básica.

- 59
16. MERCADO DE TRABALHO, EMPREGO E DESEMPREGO

16.1 Conceitos

a) Mercado de trabalho - locus de confrontação entre trabalhadores e


empresários visando a compra e venda de serviços de mão-de-obra e
realização de negociações coletivas voltadas para nível de salários e de
emprego, condições de trabalho e outras relações entre capital e trabalho.
São de dois tipos
• mercado formal de trabalho– envolve relações contratuais de trabalho;
• mercado informal de trabalho– envolve regras s/participação do Gov.

b) Emprego da força de trabalho - é a realização de uma ocupação pela


força de trabalho corresponde às faixas etárias aptas ao exercício de
atividades produtivas visando a produção de bens e serviços. Trata-se de
um dos principais objetivos da política macroeconômica.

c) Desemprego da força de trabalho - é a inexistência de ocupação para a


força de trabalho situada nas faixas etárias que estão aptas ao exercício
de atividades produtivas. As principais categorias de desemprego são:
• desemprego voluntário – indivíduos que vivem de rendimentos
provenientes de fatores de produção de sua propriedade, estudantes
que acumulam capital humano e membros das unidades familiares que
realizam afazeres do lar;
• desemprego involuntário – representa os indivíduos que procuram
oportunidades ocupacionais, aceita os padrões vigentes de
remuneração e continuam desempregados;
• desemprego cíclico – resulta dos movimentos sazonais da produção
ou de flutuações da procura agregada.Geralmente é temporário (ex:
áreas rurais nas entressafras);
• desemprego estrutural – decorrente da existência de fatores
macroeconômicos de estagnação. Ex: o latifúndio improdutivo
concentração gera um tipo de desemprego permanente na área rural.

d) Subemprego - é um tipo de ocupação secundária da força de trabalho


(temporária ou não, a depender da situação da economia) praticada pelos
indivíduos quando existe desemprego.

- 60
16.2 Indicadores do mercado de trabalho

a) Taxa de participação da força de trabalho – indica o nível de


engajamento da população nas atividades produtivas, isto é, o tamanho
relativo da força de trabalho.

tp= PEA PEA= Pop. Economicamente Ativa


PIA PIA= Pop. em Idade Ativa

b) Taxa de desemprego - representa a proporção de pessoas situadas nas


faixas etárias aptas para o exercício de atividades produtivas, desejam o
trabalho, mas não conseguem trabalhar, porque não encontram postos de
trabalho. Indica a falta de capacidade do sistema econômico em prover
de ocupação produtiva para todos aqueles que a desejam.

D D= Número de desempregados
td= PEA= Pop. Economicamente Ativa
PEA

c) Índice de emprego – indica a proporção da PEA que está efetivamente


empregada na economia.
E E= Número de empregados
te= PEA= Pop. Economicamente Ativa
PEA

d) Índice de subemprego – indica a proporção da PEA que está


efetivamente subempregada na economia

Se= Número de subempregados


tse= Se PEA= Pop. Economicamente Ativa
PEA

e) Outros

• taxa de rotatividade da mão-de-obra – indica os movimentos de


demissões e rescisões de contratos;

• índices de salários reais e salários nominais – indica condição


salarial dos trabalhadores;

• índice de produtividade – indica a relação entre a produção e o total


de trabalhadores envolvidos naquela produção.

- 61
IX - COMÉRCIO INTERNACIONAL E GLOBALIZAÇÃO

17. NOÇÕES SOBRE COMÉRCIO INTERNACIONAL


17.1 Fatores determinantes de crescimento do comércio entre países
a) Graus crescentes de especializações em função do tamanho dos países,
diversidade dos recursos naturais e ocorrências localizadas ampliam as
trocas reais e financeiras entre nações;
b) Intensidade diferentes de uso e a imobilidade ou quase-imobilidade dos
fatores de produção (terra, mão-de-obra e capital) entre países levam a
existência de várias economias com diversos níveis de produção e de
produtividade;
c) Vantagens decorrentes do intercâmbio (especialização, ganhos de escala,
aumento da eficiência, qualificação tecnológica e diversidade de
produtos).

17.2 Taxas de câmbio


É o preço da divisa, mede o valor externo da moeda nacional;
Sofre influências da quantd. da oferta (exportadores) e da demanda de
moeda estrangeira (importadores);
Supera contradição do internacionalismo do comércio com o nacionalismo
das moedas.
a) Comportamento dos exportadores e importadores
Tabela 16 –Taxas, preços e comportamento do comércio
Taxa de câmbio Preço produto de exportação Comportamento
Em dólares Em real
2,00 4,00 8,00 Desejam exportar mais
1,00 4,00 4,00 Desejam exportar menos

Taxa de câmbio Preço produto de importação Comportamento


Em dólares Em real
2,00 2,00 4,00 Desejam importar menos
1,00 2,00 2,00 Desejam importar mais

b) Quando usada como medida de política econômica:


afeta rentabilidade dos investimentos;
afeta distribuição de renda entre setores, grupos ou países.
c) Determinação da taxa de câmbio (primeiro referencial)
Para estabelecer equivalência entre os preços nacionais e internacionais.
- 62
Tabela 17 – Determinação da taxa de câmbio
Produto Preço Valor da taxa (R$)
Nacional (R$) Internacional (US$) 19,00 15,00 11,00
A 10,00 0,50 9,50 7,50 5,50
B 10,00 0,60 11,40 9,00 6,60
C 10,00 0,66 12,54 9,90 7,26
D 10,00 0,75 14,25 11,25 8,25
E 10,00 0,80 15,20 12,00 8,80
F 10,00 0,85 16,15 12,75 9,35
•equilíbrio: US$ 1.00= R$ 15,00;
•com inflação de 40%, o equilíbrio passa a ser de US$ 1.00= R$ 19,00;
•com aumento de produtividade de 20%, o equilíbrio passa a ser de US$
1.00= R$ 11,00;

d) Tipos de taxas de câmbio: comercial, paralela, flutuante, turismo, etc.


e) Arbitragem: transações de compra e venda de moeda que ocorrem entre
Estados, regiões de um país (leva o equilíbrio da taxa de câmbio).
e) Especulação: ato de reter a moeda visando aumento da taxa de câmbio
(leva aumento da taxa de câmbio).

17.3 Balança de pagamentos


Registro contábil de todas as transações de um país com outros países do
mundo (exportações, importações, fretes pagos a navios estrangeiros,
empréstimos que recebe/envia, capital das empresas que entram/saem, etc).
a) Forma de registro ou lançamentos
•todas as compras de moeda estrangeira são registradas no lado esquerdo
e representa saída de divisas (débito);
•todas as vendas de moeda estrangeira são registradas no lado direito e
representa entrada de divisas (crédito).
b) Divisão da balança de pagamentos
•balança de transações correntes
- balança comercial – registra valores das exportações e importações;
- balança de serviços – registra valores dos serviços;
- balança de transferências unilaterais – registra os valores transferidos
dos residentes para pessoas que moram no exterior e os recebimentos
dos residentes feitos pelos que moram no exterior;
•balança de capitais – registra capital das firmas estrangeiras que entram
no país, empréstimos de empresas, FMI, etc.
- 63
c) Valor das balanças (saldo)
•saldo da balança de pagamentos deve estar sempre em equilíbrio ou
seja seu saldo é sempre igual a zero;
•saldo das balanças de transações correntes, comercial, serviços ou de
capitais podem ser deficitárias ou superavitárias (ver Tabela);
•para que saldo da balança de pagamentos seja = 0, trabalha-se c/balança
de capitais. A balança de capitais ajusta a balança de pagamentos.
Tabela 18 – Balança de pagamentos
Débito Crédito
1. Balança de transações correntes
1.1. Balança comercial
Importações 17.000 Exportações 14.000
Saldo (déficit) 3.000
1.2. Balança de serviços
Transportes e juros 5.000 Transportes 3.000
Saldo (déficit) 2.000
1.3. Balança de transferências unilaterais
Envio de valores 1.000 Recebimento de valores 2.000
Saldo (superávit) 1.000
Saldo balança transações correntes 4.000
2. balança de capitais
Ingresso de capitais 1.000
Empréstimos do exterior 1.000
Diminuição de reservas 1.000
Empréstimo FMI 1.000
Saldo (superávit) 4.000

Principal conclusão: saldo negativo da balança de transações correntes de um


país significa transferência de renda (poupança) dos outros países para este país.

17.4 Teoria do comércio internacional


a) Mercantilismo – intensificação das trocas visando benefícios
unilaterais. Muita exportação e pouca importação, ênfase nas
exportações para ter balança comercial positiva, através:
• acumulação de metal no país (ouro e prata) significava riqueza;
• colonialismo através do monopólio comercial com as colônias;
• industrialismo protecionista com taxas de importação;
• controle das operações cambiais p/evitar perdas de reservas;
• nacionalismo.

- 64
b) Teoria das vantagens comparativas (clássica)
Intensificação das trocas visando benefícios recíprocos
•A. Smith
Se um país possui vocações naturais ou adquiridas qto à habilidades e
recursos abundantes p/produção de um determinado produto, a custos
mais baixos que outros, ele deve se especializar nesta produção, tro-
cando-o pelos produtos cujas suas vantagens absolutas são inferiores.
- elementos básicos da teoria:
. tempo de trabalho como medida de valor;
. trocas permite consumir com menor custo;
. divisão internacional do trabalho (especialização) aumenta a
produtividade e reduz custo.
- conclusões da teoria:
. 2 nações têm relações comerciais qdo apresentam custos diferentes;
. cada nação exportará o produto cujo custo relativo for menor;
. o comércio internacional é vantajoso para ambas as nações.
Tabela 19 – Exemplo de trocas vantajosas entre dois países
Produtos EUA (produção) Brasil (produção)
Automóvel 8 6
Café 2 3
Obs. a troca de automóvel p/café permite que ambos os países consumam os
dois produtos pelo menor custo e que a especialização leve cada país à
reduzir ainda mais o custo do produto que fabrica.
c) David Ricardo e J. Stuart Mill (desenvolveram mais esta teoria)
Pode haver vantagem nas trocas internacionais mesmo quando se
importa produtos que tenham custos internos inferiores. Depende apenas
que em termos comparativos, as vantagens sejam relativamente
diferentes (ou seja custos comparativos diferentes).
•primeiro exemplo
Exp. Produtos Países/Produção
I BR EUA
Automóvel (mil/mês) 6 8
Café (mil sacas/mês) 3 2 Total
Os 2 países produzindo os 2 produtos, 6 meses um, 6 meses outro
II Automóvel 36 48 84
Café 18 12 30
Brasil produzindo só café e EUA só automóveis Ganho
III Automóvel 0 96 96 12
Café 36 0 36 6
Custos
IV Do automóvel em relação ao café 1/2 1/4
Do café em relação ao automóvel 2 4
- 65
•segundo exemplo
Produção
Produtos EUA Brasil

Milho 6 4
Soja 3 1

Tabela 16
Custos comparativos dos produtos
Produtos EUA (produção) Brasil (produção)

Custo do milho/soja 1/2 sc. soja 1/4 soja


Custo do soja/milho 2 sc. milho 4 sc. milho

•conclusões da teoria:
- custos de produção p/milho é menor no Brasil e p/soja é menor nos
EUA;
- vale a pena EUA trocar sua soja por milho brasileiro e o Brasil trocar seu milho
por soja americana – ambos os países ganham, pois produzem aqueles produtos
que têm custos relativos menores.

•críticas à teoria
- não considera que o tempo altera os padrões de produção;
- os mercados não são de concorrência perfeita;
- economias de escala e economia externas reduzem custos.

d) Comércio internacional no século XX


•tendência à formação de blocos comerciais;
•países subdesenvolvidos com pauta de diversificação pouco
diversificada e exportadores de produtos primários;
•orientação geral dos países subdesenvolvidos em adotar políticas de
substituição de importações.

- 66
17.5 Globalização
a) Conceito
Fenômeno conhecido como processo de internacionalização do
comércio, das finanças, da produção. Embora seja fenômeno antigo o
termo foi usado pela 1ª vez na crise de 1929, comumente utilizado a
partir dos anos 80.
b) Síntese histórica
•Período romano
Intercâmbio entre as regiões: norte da África, Europa e Oriente
próximo impondo aos povos dominados a Pax Romana;

•Período mercantilista
Intercâmbio entre a Europa e as colônias consistindo uma europeização
do mundo sob a forma de domínio caracterizado de Pax Européia
(maior parte do tempo Pax Britânica).

• Século XX (Pax americana)


- até 1ª metade comércio mundial retrai devido: crise de 29 e 2 guerras;
- processo impulsionado após 2ª guerra mundial c/bipolarização,
(EUAxURSS), expansão das corporações transacionais, intensificação
do intercâmbio comercial e crescimento da renda mundial;
- aceleração do processo nas 2 últimas décadas.

c) Globalização no final do século XX


•Características
- estágio de globalização mais abrangente, veloz e complexo impondo
novo ordenamento das relações no mundo e no interior de cada país;

- redução do poder dos estados nacionais na definição de suas políticas.


Antes, em função da bipolarização, relações internacionais operavam-
se através dos estados nacionais tendo como componente principal a
ideologia. Hoje, as questões econômicas têm primazia e as
corporações transacionais detêm grande importância política;

- com aumento dos países subdesenvolvidos no comércio internacional,


países ricos utilizam c/mais intensidade restrições não tarifárias para
proteger suas indústrias, quotas de importação e normas (técnicas,
fitossanitárias, de qualidade, meio ambiente, condições de trabalho),
restrições voluntárias e leis comerciais (talvez estas normas tenha
reduzido ritmo de crescimento deste comércio pós/1973.

- 67
•Fatores impulsionadores

- existência de maior poder da Organização Mundial do Comércio


(anteriormente GATT) promovendo liberalização comercial;

- incorporação ao mercado capitalista de produto e capital do mundo


socialista (1/3 da humanidade);

- expansão das corporações multinacionais e transnacionais no


comércio mundial e suas transferências para países emergentes com
baixo custo da mão-de-obra, crescimento do mercado interno e
recursos naturais.

- aumento da participação países emergentes (Brasil) neste comércio


visando aumentar o bem estar e o crescimento econômico, estes países
crescem e se especializam (25% das exportações mundiais de
manufaturas são realizadas pelos países emergente graças à estratégia
de promoção às exportações iniciada à partir dos anos 60);

- desregulamentação das transações financeiras internacionais


(liberalização à entrada e saída de recursos financeiros);

- crescimento das tecnologias de informação e comunicação e


modernização e expansão dos meios de transporte (facilitando
acessos, reduzindo custos);

- surgimento dos fundos mútuos de investimento e de pensão e


diversificação das aplicações financeiras mundiais;

- mudança do regime cambial provocando flutuação da taxa de câmbio


entre as moedas do mundo. A partir da década de 70, a taxa de câmbio
nominal fixa (padrão dólar/ouro) é alterada para a taxa de câmbio
flutuante. O valor da moeda fica em função da oferta e procura e da
intervenção do Banco Central;

- Consenso de Washington – reunião de trabalho do FMI, BIRD e do


Tesouro Americano (início dos anos 90) recomendando aos países
subdsenvolvidos que adotassem políticas de abertura de seus
mercados e estabelecesse Estado Mínimo (privatização das atividades
produtivas, desregulamentação, abertura dos mercados) visando
solucionar: inflação alta; déficit em transações correntes;crescimento
econômico insuficiente; e, distorções na distribuição de renda.
- 68
•Principais conseqüências
- crescimento da riqueza financeira do mundo, passando de US$ 7
trilhões para US$ 35 trilhões entre 1983 e 1995;
- transferência dos empréstimos internacionais dos bancos oficiais para
os bancos privados. Hoje a maior parte do dinheiro encontra-se nas
mãos dos bancos privados, corporações transnacionais, fundos de
investimentos e de pensões e especuladores;
- aparecimento do capital volátil especulativo (hot money) diferente do
capital de investimentos;
- substituição de produtos, capital e tecnologia nacionais pela idéia de
“fábrica global”. Cada vez mais se intensifica fusões, incorporações,
associações, compras de empresas em escala mundial e terceirização
da produção. Peças e componentes de um produto são fabricados em
diversos países ou empresas se unem para lançarem produto mundial
(carro por exemplo);
- aumento da competitividade e redução dos custos dos produtos através
de aperfeiçoamento tecnológico, reengenharia empresarial, qualidade
total, automação; terceirização, produção de escala, deslocamentos de
empresas para outros países, eficiência administrativa e gerencial,
agressividade comercial, entre outros;
- multipolarização econômica com a formação dos blocos econômicos
regionais (Ver Tabela 21);
- aprofundamentos das diferenças socioeconômicas entre os países ricos
e pobres agravando a exclusão social de camadas de população ou de
países inteiros que não conseguem acompanhar os padrões de
competitividade;
- crises econômicas em função da existência de déficit externos das
contas correntes nos seguintes países:
. México em 1994;
- Tigres asiáticos em 1997 (inicialmente Tailândia, Malásia, Filipinas,
Indonésia e depois Taiwan, Coréia, Hong Kong);
. Brasil em 1997 e Rússia em 1998.

- aumento da concentração da riqueza nas mãos de uma elite reduzida;


do desemprego, da pobreza e da miséria.

- 69
Tabela 21 – Multipolarização econômica
Blocos econômicos Objetivos Países

NAFTA– Tratado de Livre Comércio da América do Zona de livre comércio Canadá, USA e México
Norte (1989)

MCCA – Mercado Comum Centro Americano (1961) União alfandegária Costa Rica El Salvador, Guatemala, Honduras,
Nicarágua e Panamá

CARICOM – Comunidade do Caribe (1968) União aduaneira 5 países da região do Caribe


Coord. de políticas públicas

PA – Pacto, Comunidade ou Grupo Andino (1969) Mercado comum Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela
Coord. de políticas industriais

MERCOSUL –Mercado Comum do Sul (1987) Mercado comum Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai
Atuação p/ o desenvolvimento

EU – União Européia (1957) Zona de livre comércio Alemanha, Áustria, Finlândia, Suécia, Bélgica,
Harmonização políticas públicas Dinamarca, Espanha, França, Grécia, Holanda,
União monetária Irlanda, Itália, Luxemburgo, Portugal e Reino
Unido

EFTA – Associação Européia de Livre Comércio Área de Livre Comércio Aústria, Finlândia, Islândia, Liechtenstein,
Noruega, Suécia e Suiça

CEI – Comunidade de Estados Independentes (1991) Acordos multilaterias e econômicos Rússia, Bielorússia, Ucrânia, Moldávia,
Geórgia, Armênia, Azerbaijão, Cazaquistão,
Uzbequistão, Tajiquistão, Turcomênia, e
Quirquízia

- 70
Blocos econômicos Objetivos Países

CEAO – Comunidade Econômica da África Ocidental Coord. de políticas públicas 7 países


Acordo multilateral de defesa e não
agressão
Const. fundo de desenvolvimento

CDAO – Comunidade para o Desenvolvimento da África do Sul, Angola, Botsuana, Congo,


África Austral (1997) Lesoto, Malavi, Maurício, Moçambique,
Namíbia, Seychelles, Suazilândia, Zâmbia e
Zimbábue

Fórum econômico da Ásia e do Pacífico (1989) Liberalização do comércio Japão, Coréia do Sul, China, Tailândia,
Cingapura, Malásia, Indonésia, Taiwan,
Filipinas, Austrália, Nova Zelândia, USA,
Canadá e outros países

ASEAN – Associação das Nações do Sudeste Asiático Área de Livre Comércio Brunei Darussalam, Cingapura, Filipinas,
(1997) Indonésia, Malásia, Tailândia e Vietnã

APEC – Associação de Cooperação Econômica da Área expandida de livre comércio Proposta de Reunir NAFTA, ASEAN e outros
Ásia e do Pacífico (1989) países do Pacífico

ALCA – Área de Livre Comércio das Américas (1994) União aduaneira Proposta americana de reunir todos os blocos
da América

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VIII - DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

18. CRESCIMENTO/DESENVOLVIMENTO/SUBDESENVOLVIMENTO

18.1 Antecedentes

a) Idade média – expressão econômica das


sociedades eram comparativa-mente equivalentes (estagnadas/lento
crescimento);
- 2 classes sociais bem diferenciadas em termos de riqueza.
b) Pós-idade média - início e crescimento do capitalismo;
- acumulação e crescimento do capital e população;
- mudanças tecnológicas e estruturas das sociedades;
- umas sociedades com maior crescimento que outras.
c) Pós 2ª guerra mundial – aceleração do crescimento econômico;
aumento das desigualdades sociais e regionais.

18.2 Definições
a) Crescimento
Aumento do PIB e produto per capita ao longo do tempo decorrente de:
•acumulação do capital – aumento do indústrias, obras, máquinas, etc;
•crescimento da população – aumento da força de trabalho/demanda;
•progresso tecnológico – neutro ou poupador de capital/trabalho.
b) Desenvolvimento
Aumento da produção seguido de modificações nas estruturas produtivas em
termos de melhor alocação dos recursos pelos setores, visando:
aumento do bem estar econômico (expansão do produto per capita);
redução dos níveis de pobreza, desemprego e desigualdade;
melhoria das condições de saúde, nutrição, educação, moradia,
transporte, entre outros.
• alguns indicadores – mortalidade infantil, esperança de vida ao nascer,
nível de alfabetização e de instrução, cond. Sanitárias, distribuição de
renda, nível de cultura e outros.
•índice de desenvolvimento humano
conceito apresentado pela ONU que se relaciona com:
a) nível de renda que assegure um padrão de vida digno;
b) nível educacional compatível com o processo de desenvolvimento;
c) padrão de vida/saúde que garanta uma vida longa e saudável;
d) acesso às diversas formas de lazer, cujos benefícios se reverterão

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para os níveis de saúde e educação.
• Desenvolvimentismo – ideologia que considera o desenvolvimento
apenas por dois dos seus indicadores.
a) índice de industrialização (urbanização);
b) crescimento (aumento da renda per capita).

c) Subdesenvolvimento
Situação inferior do sistema socioeconômico de um país em relação aos
padrões das nações desenvolvidas (detentoras de altos índices).
•indicadores – os mesmos de desenvolvimento, apenas constata-se uma
situação contrária;
•outras características – exportação apenas de produtos primários,
importador de quase todos os produtos industrializados, importador de
tecnologia, baixa tecnologia, má distribuição de renda, pouca poupança
interna, pequeno mercado interno, situação de subconsumo acentuado.

d) Outros conceitos
•modernização – reforma administrativa, novos métodos tec/adm.;
•crescimento – aumento do PIB maior que o aumento da população;
•progresso tecnológico – uso de novas tecnologias;
•industrialização – apenas um indicador.
Todos são condição necessária, mas não são suficientes para o
desenvolvimento. Podem ocorrer mas não significa desenvolvimento.

É possível um país crescer sem se desenvolver?

18.3 Estilos de desenvolvimento

a) Autônomo
•independência = indicador de autonomia;
•pouca ou praticamente nenhuma dependência externa de poupança,
capital, recursos humanos e tecnologia;
•no início, utiliza-se de algumas atividades básicas.

b) Dependente
•forte dependência econômica e política com outra nação;
•poucos parceiros internacionais;
•geralmente exportador de produtos primários;
•carente de divisas gerando uma incapacidade de importar;
•exportações pouco diversificada.
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18.4 Obstáculos ao desenvolvimento
a) Regionalização/desigualdades – dificuldade de integrar toda população à
economia nacional;
b) Excessiva concentração de recursos produtivos (poupança, terra);
c) Baixo nível educacional, falta de qualificação dos recursos humanos;
d) Isolamento (social, cultural, político, religioso);
e) Dificuldade de aplicação dos recursos em setores prioritários;
f) Desperdícios de recursos representados por exportação de capitais,
consumo supérfluo, gastos militares excessivos, especulação financeira.
18.5 Distribuição setorial do desenvolvimento
O desenvolvimento é sempre considerado no plano nacional, entretanto, na
prática, é muito difícil ser harmônico, equânime devido:
a) Existência de diferentes capacidades de gerar emprego e renda no país;
b) Existência de diferentes capacidades de distribuir o produto no país;
c) Existência de diferentes papéis exercidos por cada setor no processo.
18.6 Contribuições dos setores econômicos no processo de desenvolvimento
a) Agricultura
Fundamental no primeiro estágio através do aumento da produtividade.
•libera mão de obra para indústria;
•acumula capital para investimento;
•obtém divisas garantindo capacidade de importar maq. e equipamentos;
•cria mercado interno para a indústria nascente;
•fornece alimentos e matérias-primas a preços constantes ou declinantes.
b) Indústria
Substitui importações e supera modelo primário-exportador.
•agrega valor à produção agrícola;
•aumenta o número de empregos (com efeito multiplicador);
•fornece insumos que aumentam a produtividade agrícola;
•adquire parte da produção agrícola;
•absorve excedente da mão-de-obra no campo.
c) Comércio e serviços
Adiciona valor aos produtos oriundos dos setores primário e secundário
através de:
•articulação da agricultura-indústria-serviços-consumidor;
•financiamento da agricultura-indústria-serviços-consumidor;
•desenvolvimento administrativo e tecnológico;
•aumento do número de empregos (com efeito multiplicador).
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19. DESENVOLVIMENTO REGIONAL

19.1 Questão nacional X Questão regional


(Economia nacional X Economia Regional)
a) Estudo do Desenvolvimento Regional difere do Desenvolvimento
Nacional porque objetiva estudar a distribuição espacial do
Desenvolvimento Econômico;
b) Na economia regional não existe barreiras em relação à migração e
circulação de bens, serviços e capital;
c) A ausência de barreiras entre regiões permite que certas regiões tenham
mais atração em termos de aplicação de recursos produtivos, domínios
de mercados;
d) As regiões têm dotações diferenciadas de recursos naturais, tamanho de
mercados consumidores, qualificação de mão-de-obra, etc

19.2 Espaço (Região) geográfico X Espaço (Região) econômico


a) Espaço geográfico – refere-se à localização das atividades ou dos
recursos naturais no meio geográfico (latitude e longitude);
b) Espaço econômico – conceito abstrato de espaço constituído por um
conjunto de relações não-relacionadas à localização geográfica (espaço
econômico da BRAHMA)
c) Tipos de espaço econômico
•polarizado ou de campo de forças – refere-se ao espaço hierarquizado e
articulado de um sistema de cidades (regiões metropolitanas);
•homogêneo – refere-se ao espaço resultante do uso de uma ou mais
variáveis cujos parâmetros estejam próximos (região de pecuária);
•geoeconômico – corresponde aos espaços anteriores relacionados com a
área geográfica.

19.3 Desequilíbrios regionais – origem da discussão


Constatação dos desequilíbrios
Os desequilíbrios regionais são bem maiores e mais importantes que os
desequilíbrios entre países.
Princípio da teoria neo-clássica
Em função da concorrência perfeita e da perfeita mobilidade dos fatores
de produção, os desequilíbrios espaciais são impossíveis de acontecer, e
caso ocorram, tendem a desaparecer pela sua própria dinâmica.
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19.4 Desequilíbrios regionais - agravamento ou desaparecimento?

a) Questão principal
Os desníveis regionais tendem a desaparecer ou a se agravar?

b) Existência de 3 correntes de discussão:


• primeira - desníveis tendem a diminuir e desaparecer;
• segunda - desníveis vão se agravar e perpetuar;
• terceira - desníveis vão se agravar e depois desaparecer.

c) Tendências atuais
• primeira – não está acontecendo e os exemplos são raros;
• segunda – é o que está acontecendo;
• terceira – afirmação utilizada para justificar atual situação.

d) Argumentos utilizados para defesa da terceira corrente


• primeiros estágios algumas regiões desenvolvem mais que outras;
• depois haverá igualdade entre regiões;
• então, se isto for verdade, não há o que se preocupar;
• falta a dimensão do tempo – quando é que isto vai acontecer?
• não se sabe de fato quando as desigualdades começarão a declinar.

19.5 Agravamento dos desequilíbrios regionais (primeiro momento)


Nos primeiros estágios, ocorre um desenvolvimento mais importante de
algumas regiões em detrimento de outras (fase ascendente da curva).

a) Fatores determinantes do agravamento neste 1º momento


• mobilidade da mão-de-obra - remuneração é fator de atração e a
migração é seletiva – região estagnada além de perder mão-de-obra,
perde a mais qualificada (de maior iniciativa, cap. empreendedora, etc);
• mobilidade de capital – maior retorno, menor risco e existência de
equipamentos de apoio, entre outros, são fatores de atração - regiões
menos desenvolvidas não dispõem destas condições.
• governo - no início governo está mais preocupado em promover o
desenvolvimento nacional, não se preocupando c/a região em razão de:
- governo quer fazer investimentos onde haja maior retorno e rápido;
- regiões mais desenvolvidas têm maior poder político;
- regiões mais desenvolvidas têm melhor representação política;
- problemas das regiões mais desenvolvidas são mais visíveis;

19.6 Diminuição dos desequilíbrios regionais (segundo momento)


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Posteriormente, deverá ocorrer um desenvolvimento regional mais
equilibrado nos diferentes espaços (fase descendente da curva)

a) Fatores determinantes da diminuição dos desequilíbrios


São os mesmos fatores anteriores

• mobilidade da mão-de-obra – a intensidade da migração será menor,


em função de: (i) redução de motivação; (ii)surgimento de
oportunidades de emprego nas regiões menos desenvolvidas; e, (iii)
diferenças de salários menores entre regiões;
• mobilidade de capital – movimentação de capital menos intensa,
regiões subdesenvolvidas apresentam melhor condições de aplicação
dos seus próprios capitais novos, regiões conseguem atrair
investimentos exteriores;
• governo – nesta 2ª fase o governo pode se dá ao luxo de reduzir a
eficiência para promover a igualdade das regiões.

19.7 A questão dos desequilíbrios no Brasil

a) Constatação
•existe sérias desigualdades regionais no processo de desenvolvimento
brasileiro
•aumento das desigualdades foi paralelo à política de substituição de
importações;
•situação mais grave era entre as regiões Sul-Sudeste/Nordeste.

b) Ações propostas (a partir da decada de 50)


•criação da SUDENE, BNB e outros órgãos;
•implementação de políticas de incentivos fiscais (Art. 34/18);
•instalação de pólos industriais;
• implementação de Programas (Proterra, PIN, Polonordeste, etc)

c) Resultados
Ligeira tendência de desconcentração econômica do Sul-Sudeste para
outras regiões. Entretanto os desequilíbrios regionais no Brasil ainda
continuam sendo um grave problema nacional

d) Conclusões
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•apesar da preocupação com a questão regional, o Governo Federal
continuou implementando políticas conflitantes com o desenvolvimento
regional, já que as mesmas não são neutras no tempo e no espaço:
- Política cambial;
- Política de contenção de crédito;
- Política de estímulo à exportação
- Política de controle à importação
- Política neo-liberal leva o investidor a optar por regiões mais
desenvolvidas.

•por mais que o Governo Federal priorize a política de diminuição das


desigualdades não pode sacrificar a eficiência do desenvolvimento
nacional.

19.8 Fatores determinantes do crescimento das regiões

a) Questão fundamental
•Porque as regiões se desenvolvem de modo diferenciado?

b) Razões (todas baseadas na hipótese do desenv. industrial/migração)

•efeitos acumulativos
Relacionados com fatos históricos que favoreceram o aparecimento de
atividades industriais, estes se acumularam permitindo o crescimento;

•vantagens e desvantagens locacionais


- relacionadas com as vantagens das indústrias em termos de maiores
receitas ou menores custos por estarem em determinadas localidades;
- vantagens ou desvantagens que a região detém em determinado
momento (cap. de absorver mais investimentos em função de sua
localização, existência de matéria-prima, próxima ao mercado, etc)

•fatores nacionais iniciadores e mudança


São os fatores manipulados à nível nacional mas que têm efeitos na
região, a exemplo de:
- melhoria no sistema de transporte, implantação de energia, criação de
portos e outros provocam vantagens em uma região (reduções de
custos)e desvantagens em outras.

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20 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

20.1 Antecedentes (Evolução das discussões sobre a vida no planeta)

a) Antes 1970:–apenas movimentos de profissionais liberais, professores e


intelectuais isolados em entidades, academias, raros grupos
ecológicos e ONGs;
- pouca/nenhuma atenção dos gov./entidades internacionais.
b) Década 70 –encontro de Fournex, Suiça – 1ª discussão sistematizada
sobre o assunto (1971);
- Conferência de Estocolmo (1972);
- Declaração de Cocoyo (México, 1974);
- criação do Partido Verde na Alemanha e sua expansão para França e
outros países, sobretudo, nórdicos (Noruega, Dinamarca e Suécia);
- sociedades destes países passam a ter maiores
preocupações com o meio ambiente.
c) Pós 1970 –realização de vários seminários sobre estilos alternativos
de desenvolvimento promovido pelo Programa das Nações
Unias para o Meio Ambiente – PNUMA (1979/80). Estes
seminários resultaram no Relatório Brundtland-1987,
denominado Nosso Futuro Comum elaborado por uma
comissão internacional da ONU, sob a coordenação da 1ª
ministra da Noruega cujo sobrenome identifica o relatório;
- este relatório conduziu a realização da ECO-92 (Rio) e
compromisso dos 179 países em implementar ações
através da agenda 21;
- agências internacionais de desenvolvimento incorporam o
desenvolvimento sustentável e exigem dos países o mesmo
nas propostas apresentadas;
- países passam a elaborar e desenvolver programas/projetos
baseados no desenvolvimento sustentável.

20.2 Condicionantes estruturais do desenvolvimento sustentável

a) Globalização da economia;
b) Desconcentração das atividades econômicas;
c) Desconcentração do Estado;
d) Democratização dos instrumentos de ação do Estado;
e) Redução do papel do Estado (privatização dos serv. públicos)

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20.3 Definição da sustentabilidade (adjetivo)

Processo de desenvolvimento que apresenta condições de durabilidade ao


longo do tempo e, para tanto, deve ser economicamente eficiente, social-
mente justo, ambientalmente responsável, politicamente fundamentado na
participação da sociedade e culturalmente difundido e apropriado.

20.4 características básicas do desenvolvimento sustentável

a) Continuidade e permanência das ações;


b) Preocupação com os estoques de recursos naturais;
c) Solidariedade entre as gerações atuais e futuras, em diferentes espaços.

20.5 Dimensões da sustentabilidade

a) Dimensão geo-ambiental;
b) Dimensão econômico-social;
c) Dimensão histórico-cultural;
d) Dimensão científico-tecnológico;
e) Dimensão político-institucional

20.6 Objetivos do desenvolvimento sustentável

a) Competitividade e viabilidade econômica;


b) Conservação dos ecossistemas e dos recurs naturais;
c) Organização da sociedade e democratização das instituições;
d) Redução da pobreza e desigualdade entre as unidades espaciais;

20.7 Objetivos da estratégia espacial

a) Revalorização da base territorial;


b) Revitalização de escalas menores de planejamento e ação;
c) Ampliação das possibilidades de participação dos atores sociais;
d) Assegurar resultados sociais e econômicos mais eqüitativos;
e) Identificar com maior precisão as potencialidades e condicionantes
socioeconômicos e viabilizar uma distribuição mais equilibrada dos
recursos no espaço

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20.8 Pré-condições do planejamento do desenvolvimento sustentável
a) Sub-espacialização;
b) Participação efetiva dos atores sociais e institucionais;
c) Abrangência das ações (saneamento, habitação, emprego, alimentação,
saúde, índio, mulheres e outros);
d) Desenvolvimento local através processo de associativismo e
participação comunitária;
e) Conselhos multi-institucionais de desenvolvimento;
f) Micro e pequenos empreendedores;
g) Outros atores sociais e institucionais relevantes.

20.9 Novos conceitos e valores econômicos


a) Imposto ambiental (quem polui deve pagar);
b) Selo verde para indicar produtos sem poluição;
c) Ecodesenvolvimento (desenvolvimento com preservação do meio
ambiente);
d) Recomposição ambiental (replantio de áreas desmatadas).

20.10 Algumas diferenças entre a abordagem clássica do desenvolvimento e


a nova abordagem baseada na sustentabilidade
a) Abordagem tradicional era segmentada (rural, urbana, social, etc);
b) Abordagem tradicional era autoritária, normativa e sem reconhecer os
atores sociais;
c) Nova abordagem é mais abrangente, envolve mais conteúdos,
reconhece a complexidade da realidade, portanto, corre menos riscos;
d)Nova abordagem tem compreensão mais profundo do processo de desenvolvimento
social;
e) Nova abordagem tem como produto final a eqüidade social para o total
da sociedade.

20.11 Principais dificuldades


a) Tensão ente lucratividade e preservação ambiental;
b) Legislação atrasada;
c) Força política dos grandes grupos empresariais;
d) Fragilidade das estruturas estatais;
e) Pouco consciência social do problema:
•luta sindical e política ainda a nível da distribuição (renda, emprego);
•globalização selvagem (destruição dos frágeis);
•pouca importância política dos grupos preservacionistas (jovens e
militantes da esquerda).

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