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No princípio havia apenas Caim. Caim, que seu irmão por amor sacrificou. Caim
que foi banido. Caim que foi amaldiçoado eternamente com a imortalidade. Caim que foi
amaldiçoado com o desejo do sangue. Foi de Caim que viemos, De nossos senhores o
senhor. Durante uma era ele viveu na terra de Nod, Em meio à solidão e ao sofrimento.
Durante uma era permaneceu sozinho. Mas o passar da memória afogou sua mágoa, E
assim, retornou ele ao mundo dos mortais. Retornou ao mundo que seu irmão e os filhos de
seu irmão haviam criado. Embora tenha se tornado regente de uma nação poderosa, Caim
ainda estava solitário, Pois ninguém era como ele. E sua tristeza cresceu novamente. Então,
ele cometeu outro grande pecado, gerando seus filhos de sangue. E deles veio outra criança,
os netos de Caim. E então Caim disse: "Que este crime chegue ao fim. Não gerareis mais."
E a palavra de Caim fez-se lei. E todos o obedeceram. A cidade durou muitas eras,
Tornando-se o centro de um Império poderoso. Mas então veio o Dilúvio, uma grande
inundação que lavou o mundo. A cidade foi destruída, E com ela o seu povo. Mais uma
vez, Caim caiu em grande tristeza e mergulhou na solidão, Tornando-se um cão vadio em
meio aos escombros, E entregando sua descendência à própria sorte. Eles vieram até o pai e
lhe imploraram que voltasse, Para que os ajudasse na reconstrução da cidade. Mas ele não
os acompanhara, Dizendo que o Dilúvio fora enviado como punição, Por ter ele retornado
ao mundo da vida, E por ter subvertido a verdadeira lei. Então retornaram sós para junto do
que restava dos mortais, E anunciaram-se como os novos regentes. Cada qual gerou o seu
filho, A fim de invocar a glória de Caim. Mas não tinham eles sua sabedoria ou
consciência, E uma grande guerra irrompeu entre os Anciões e seus Filhos. E os filhos
mataram os pais. E àquelas Crianças era proibido criar outras de sua espécie. Esse poder, os
anciões guardaram para si. Quando uma Criança da Noite era criada, logo era caçada e
morta, Juntamente com seu senhor. Embora essa cidade fosse tão grande quanto a de Caim,
ela acabou por envelhecer. E como todas as coisas vivas, lentamente começaram a morrer.
A princípio os deuses não viram a verdade, E quando deram por si já era tarde. A cidade
havia sido destruída e seus poderes extintos, E foram forçados a fugir, acompanhado de
seus filhos. Mas haviam enfraquecido, e por isso muitos foram mortos na fuga. Como sua
autoridade havia sido extinta, todos estavam livres para gerar, E logo havia muitos novos
Cainitas, Que reinaram sobre a face da Terra. Mas isso não podia durar. Com o tempo, a
Família estava por demais numerosas, E, então, mais uma vez houve a guerra. Os anciões já
estavam bem protegidos em seus esconderijos, Por terem aprendido a ter cautela. Mas seus
filhos haviam criado suas próprias cidades e crianças, E foram eles que morreram na
violenta maré da guerra. A guerra foi tão absoluta, que daquela geração não restou
ninguém, Para contar sua história. Ondas de carne mortal foram enviadas através dos
continentes, Para esmagar e queimar as cidades da família. Os mortais pensaram estar
lutando suas próprias guerras, Mas era por nós que derramavam seu sangue. Depois que
essa guerra acabou, todos os cainitas esconderam-se uns dos outros, E dos humanos que os
cercavam. E escondidos ainda permanecemos, pois a guerra continua, mas agora, entre os
filhos de Enos, e nós.