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Autor: Bàbálórìsà Alessandro de Ayrá


PRIMEIRAS CASAS DE CANDOMBLÉ NO CEARÁ

É sabido que o Ceará é um dos poucos Estados nordestinos que não teve uma
tradição negra muito presente nos séculos passados. Devido aos grandes períodos
de seca que castigavam, e ainda castigam, o Estado, aqui não se cultivava uma
lavoura de expressão, como em Pernambuco; então, para o Ceará não vinham
escravos em grande quantidade, pois não havia a necessidade de sua mão-de-obra.
Sem escravos, sem tradição negra. Assim, o Estado do Ceará não cultivou uma
tradição negra, nem a sua religiosidade, nem a sua cultura.
Até 1970, não se em notícias de Casas ou Terreiros de Candomblé neste Estado.
Apenas a Umbanda era difundida e exercida em Templos que criaram nome e tornaram
os seus Sacerdotes renomados, como os pais-de-santo João-Cobra e José Alberto (tendo
este último participado de um longa-metragem sobre a Umbanda feito por um estúdio
de cinema americano), e a Mãe-de-santo Tia Júlia, todos, entretanto, já falecidos.
Há partir de meados da década de 70, começaram a surgir as primeiras pessoas
ligadas ao Candomblé no Ceará. Nomes como o da baiana Iraciana de Santana, também
conhecida como Iracy de Lògúnede, foram surgindo e ganhando notoriedade na Cidade
de Fortaleza, não apenas como alguém que jogava búzios, mas como iniciadora dos
primeiros Ìyáwo cearense que se tem notícia feitos nestas terras.
Nesta época, cearenses que haviam feito Santo noutras Capitais e retornavam a
Fortaleza, abriram suas Roças como os Bàbálórìsà Déo de Òsun e Xavier de Omolu,
iniciados na Goméia, que abriram o Ile Ibá Possun Aziri, e a Ìyálórìsà Ilza de Òsun,
iniciada por Dona Amália de Òsùmàrè em Salvador, que abriu, em 1976, o Ile Òsun
Oyeye Ni Mo. A partir daí, desta década, foram feitos no Ceará dezenas de Ìyáwo,
criando-se uma tradição religiosa afro-descendente. Na década de 80, mais e mais
pessoas foram feitas, e surgiram nomes como o de Nilton de Lògúnede, descendente da
Casa Branca que, vindo de Brasília-DF fixou residência em Fortaleza por alguns anos e
fez alguns Ìyáwó. Também nesta década surgiu o Ile Àse Oba Otitó, do Bàbálórìsá
Olegário de Sàngó, iniciado, assim como Ìyá Ilza, por Dona Amália de Òsùmàrè,
posteriormente transferido para Manaus-AM.
Tendo feito santo em 13 de abril de 1971, no Ile Angazú do conhecido Bàbálórìsà
Agiu Efan, em Duque de Caxias-RJ, pelas mãos do Bàbálórìsà Valdemiro de Sàngó,
conhecido como Pai Baiano, a Ìyálórìsà Obássi, ou Francy de Oba, retornou a Fortaleza
em 1981, fixando aqui residência. Em 1990 ela inaugurou, juntamente com o Bábà
Valdemiro de Sàngó, o Ile Àse Oloyobà, iniciando em fortaleza a tradição dos
Candomblés baianos do Olorokê e do Gantois, axés dos quais descende esta Casa. Ìyá
Obássi reinou absoluta, como referencial do Candomblé cearense de tradição baiana, até
1996, quando foi assassinada brutalmente durante a Festa das Ìyábás.
Na década de 90 surgiram no Ceará o Ile Àse Omo Tifé, da Ìyálórìsà Valéria de
Lògúnede, filha-de-santo da finada Iraciana de Santana, hoje filha de Pai Léo de
Lògúnede de São Paulo; o Ile Lògún Boyé Lola, do Bàbálórìsà Guaracy de Lògúnede,
filho-de-santo de Mãe Ilza d’Òsun, hoje pertencendo ao Àse Ògún Torodé do Rio de
Janeiro-RJ; O Ile Alaketu Omi Ìyá Ògún, do Bàbálórìsà Silvio de Iyemonjà, filho-de-
santo do Bàbálòrìsà Xavier de Omolu, e que hoje pertence ao Àse de Tonhão de Ògún-
SP, descendente do Àse Alaketu de Muritiba-BA; o Ile Àse Oya Liri, da Ìyálórìsà Leda
de Oya, filha-de-santo de Pai Déo de Òsun, posteriormente tendo tomado suas
obrigações com pai Valdemiro de Sàngó; o Ile Àse Igbo Miuwà, do Bàbálórìsà Cacá de
Osóòsi, filho-de-santo do primeiro barco de Ìyá Obássi e Pai Valdemiro; e o Ile Àse
Adjebowaba, da Ìyálórìsà Lúcia de Yansán, filha-de-santo de Mãe Ilza d’Òsun.
Em 2003, foi inaugurado o Ile Àse Òsáníyn Yansán, do Bàbálórìsà Roberto
Osanìynidé, filho-de-santo do Bàbálórìsà Ògún Jobi, descendente do Àse Opó Afonjà-
RJ.
Como se vê, em apenas 30 anos de existência, o Candomblé cearense cresce a
passos largos, com casas descendentes da Goméia, do Gantois e Olorokê, de
Muritiba, do Opó Afonjà e de outras matrizes, levando, desta forma, a tradição
ritual de nossos antepassados ao conhecimento de uma sociedade alheia, a
princípio, à questão negra e afro-descendente, fazendo verdadeiramente, o papel
de arautos da fé no Òrìsà neste Estado onde primeiro se aboliu a escravidão e onde
foram os navios negreiros proibidos de desembarcarem escravos em nossos portos,
fazendo o Ceará ser chamado de “Terra da Luz”.

Apresentação Ayrássi:

Escrever sobre Ile Àse e Egbè Òrìsà - Casas e Comunidades de Candomblé, é o


que me propus, como colaborador do Jornal. Creio que para sabermos ao certo
QUEM NÓ SOMOS, precisamos, indubitavelmente, saber DE ONDE VIMOS. "Quem
não tem descendência não tem raiz", é assim que muitos egbonmi dizem e eles
estão certos. Saber das nossas origens, dos nossos ancestrais, de suas lutas, de
seus feitos, é fundamental para que possamos dar continuidade ao que nos foi
legado. As Casas, os Terreiros de Candomblé, nasceram, de acordo com cada
nação, basicamente, de uma casa matriz... Matrizes como o Ile Ìyá Nasó Oká (Casa
Branca do Engenho Velho), Ile Àse Osúmàré (Casa de Oxumarê),Ile Maroialaje
(Alaketu), Zogodô Bogum Malê Ki-Rundo (Bogum) e Àse Yangbi Oloroké ti Èfón
(Olorokê) são casas-mãe de centenas de terreiros de candomblé da tradição Jeje-
Nagô... Ancestres de nossa descendência... Sacrário de nossas tradições. Assim,
buscando um elo de ligação entre o passado e o presente, com o objetivo de
termos, no futuro, a concretização de nossos ideais enquanto omo-Òrìsà e
enquanto partícipes de uma tradição, elevando, a cada dia, a religião que
professamos a superiores patamares de respeitabilidade e ética, entro como
colaborador deste Jornal cuja seriedade e respeito ao leitor internauta, faz do saber
a linha de frente, dispensando maiores apresentações.

Que os Òrìsà nos bendigam, sempre! Ire o, Àse!!!

Bàbálórìsà Alessandro de Ayrá (Ayrássi) foi iniciado em 1994 pela saudosa Ìyálòrìsá
Obássi, em Fortaleza-CE, filha de santo de Valdemiro de Sàngó. Com a trágica
morte da Ìyálórìsà, ocorrida em dezembro de 1996, Bàbá Alessandro tomou as suas
obrigações com Pai Valdemiro (Àse Oloroké e Gantois). Bàbá Alessandro está,
desde 2002, aos cuidados do Bàbálòrìsà Alexandre de Lògúnede (descendente do
Àse Òsùmàrè).

Bàbá Alessandro de Ayrá

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