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SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO I

I - INTRODUÇÃO

I.1 OBJECTIVOS

Pretende-se com este curso estudar os métodos mais importantes de condicionamento de sinal e
respectiva implementação em sistemas destinados a transmitir informação entre locais mais ou
menos remotos.

A informação a transmitir poderá ser por exemplo a voz humana entre dois utentes da rede de
telecomunicações nacional, sinais de televisão do centro de produção até aos telespectadores, sinais
de controle de uma estação de transformação de energia eléctrica comandada á distância a partir de
uma central de controlo.

Voltando aos exemplos acima citados, note-se que o sinal eléctrico à saída de um microfone ou à
saída de uma câmara de televisão não são eficientemente transmitidas pela maioria dos meios
físicos normalmente utilizados para transmitir ondas electromagnéticas. Nos sistemas de
comunicação actuais, esses sinais são devidamente processados antes do seu envio até ao
destinatário. Consegue-se assim enviar informação com boa qualidade e a um preço
economicamente viável.

A figura seguinte apresenta o esquema de blocos de um sistema de comunicações. Em muitos


sistemas alguns dos blocos não estão presentes. O canal de transmissão poderá ser por exemplo a
atmosfera terrestre, atmosfera terrestre + satélite de comunicações, cabo coaxial, cabo óptico. Cada
um destes canais tem zonas de transmissão favoráveis, isto é, gamas de frequências onde o sinal
electromagnético é transmitido com pouca atenuação e distorção. Consequentemente, o sinal a
transmitir deverá ser "colocado" nessas zonas favoráveis, o que se consegue através da modulação
de um sinal sinusoidal puro por meio do sinal a transmitir.
EMISSOR

Sinal a
Transmitir Codificador Modulador
Canal de
(PCM, Cod. (AM, FM, transmissão
(Fonte) linha,...) ASK, FSK,...)
(Atmosfera,
cabo coaxial,
cabo óptico)

Sinal
recebido
Desmodulador Descodificador
(Destinatário)

RECEPTOR

Dos vários métodos de modulação se dará conta ao longo do curso. O método mais simples, a
modulação de amplitude (AM), consiste em variar a amplitude de um sinal sinusoidal
proporcionalmente à grandeza do sinal a transmitir. Esta operação, além de colocar o sinal a
transmitir na gama de frequências favorável permite ainda o uso de antenas com dimensões
aceitáveis.

Outros blocos indicados na figura anterior destinam-se a simplificar os sistemas de comunicação. É


o caso do codificador de linha que produz sinais com características destinadas a facilitar o circuito
de sincronismo no receptor e / ou permitir a transmissão em canais com má resposta às baixas
frequências. Além desta vantagem, o código de linha permite o controlo da qualidade de
transmissão sem interrupção do serviço a ser prestado.

Finalmente é de salientar que embora seja dada uma ênfase às aplicações em sistemas de
comunicação, as técnicas a serem estudadas têm uma aplicação bastante mais lata. Assim por
exemplo, o sinal gravado no disco compacto áudio com leitura por laser e destinado à reprodução
de música de alta-fidelidade e o sinal arquivado nas memórias de muitos sistemas de computadores,
utilizam códigos especiais que permitem a detecção e correcção de erros. Estes códigos são
idênticos a códigos utilizados para os mesmos fins em sistemas de comunicação tradicionais. Note-
se ainda que os sinais de controlo no interior de um sistema de comando automático sofrem
tratamento em muitos casos semelhantes aos estudados neste curso.

2
I.2 EVOLUÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES

TRANSPORTE
1770 1800 1850 1900 1950 1980 2000

Carro a Barco a Locomotiva Automovel Avião Jacto Satelite Homen


Vapor Vapor a vapor Orbital na Lua

Cabo
Coaxial
Amplificador Transistor Fibras
de radio TV Opticas
TELECOMUNICAÇÕES

Telegrafo Telefone, Telegrafo AM FM PCM Laser Satelite de


Microfone sem fios Comunicações
Radar
Sinais de
Radio Computador

3
I.3 UTILIZAÇÃO DO ESPECTRO ELECTROMAGNÉTICO

3Hz 30Hz 300Hz 3KHz 30KHz 300KHz 3MHz 30MHz 300MHz 3GHz 30GHz 300GHz 3THz 30THz 300THz
Extremaly Voice Very Low Medium High Very Ulta Super Extremely
Low Freq. Freq. Low Freq. Freq. Freq. Freq. High Freq. High Freq. High Freq. High Freq.

(ELF) (VF) (VLF) (LF) (MF) (HF) (VHF) (UHF) (SHF) (EHF)

Banda 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Banda 12

Frequencias Audio Frequencia de radar

Frequencias Video Microondas Infravermelhos

L S C X K mm Fibras
Opticas

Radio Difu- Radio Difu-


são AM são FM

TV - VHF TV - UHF

Varias Bandas Para Radio Amadores

Very Long Long Medium Short Very Short Ultra Short Super Short Extremaly
Wave Waves Waves Waves Waves Waves Waves Short
Waves
(VLW) (LW) (MW) (SW) (VSW) (USW) (SSW) (ESW)
100Mm 10Mm 1Mm 100Km 10Km 1Km 100m 10m 1m 10cm 1cm 1mm 100 μm 10 μ m 1 μm

4
II - SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO DIGITAL

II.1 INTRODUÇÃO

Vantagens da transmissão digital

(i) Simplicidade relativa do projecto de circuitos digitais e facilidade da sua implementação


em circuitos integrados.

(ii) Existência de técnicas de processamento digital do sinal bem desenvolvidas.

(iii) Utilização sempre crescente de computadores no processamento dos mais variados tipos
de dados. Os sinais de saída de um computador são digitais.

(iv) Possibilidade de codificar os sinais digitais de modo a minimizar os efeitos do ruído e


interferência.

Os sinais de natureza analógica deverão ser primeiro amostrados e quantificados antes de se poder
efectuar a sua transmissão digital.

Exemplo de sistema digital.

Um possível esquema de blocos de um sistema de comunicação digital é o seguinte

Erro

1 0 0 1 1 0 1 2 3 4 5 6 1 0 1 1 1 0

Filtro Modulador Desmodulador Filtro Detector

Canal de transmissão
(Distorção, interferência, ruído)

Os sinais possíveis nos vários pontos do sistema ilustram-se na figura seguinte

5
1 0 0 1 1 0
1

1 0 1 1 1 0
6

erro

Alguns factos de salientar das formas de onda anteriores:

(i) De (2) e (5) nota-se que os filtros provocam o alargamento dos impulsos que irão
sobrepor-se aos intervalos adjacentes: Este fenómeno é designado por interferência entre símbolos
que por sua vez vai originar erros

(ii) De (4) vê-se que o canal introduz ruído. Este também vai originar erros

(iii) De (4) e (5) verifica-se que a filtragem limita o ruído mas aumenta a distorção do sinal,
com o consequente aumento de interferência entre símbolos.

Em relação aos problemas acima detectados esta disciplina tem por objectivo estudar

(i) O formato do sinal mais apropriado no emissor. Qual das técnicas AM, FSK, PSK, etc.
deverá ser utilizada para transmitir símbolos digitais a altas frequências.

(ii) Dado o tipo de modulação como projectar o receptor? Como se consegue minimizar a
interferência entre símbolos e o ruído.

6
II.2 TRANSMISSÃO DE SINAIS ANALÓGICOS POR MODULAÇÃO DE IMPULSOS

Teorema da amostragem

Dado o sinal s(t) com espectro S(f)

podem-se retirar amostras do sinal a um ritmo 1/T

τ s(t)
s(t) sA(t) -2T
-T 0
sA(t)

Esta é a chamada amostragem natural

Em certas condições s(t) pode ser recuperado a partir de sA(t) através de simples filtragem. Vejamos
quais as condições para se conseguir esta recuperação.

Matematicamente sA(t)=s(t).a(t). O espectro A(f) de a(t) é mostrado na figura seguinte

7
onde

a (t )e − jω n t dt , ωn = n
1 T
cn = ∫
2

T −T T
2

⎛ τ⎞
sin ⎜ nπ ⎟
τ
= . ⎝
T⎠
T τ

T

Como
S A ( f ) = S ( f )* A ( f )
obtém-se a seguinte representação do espectro do sinal amostrado

- Para não haver distorção -> 1/T > 2B


- Frequência de Nyquist, fN = 2B
- Frequência de amostragem fa > fN

Amostragem Prática

A forma de onda produzida por um amostrador prático, do tipo 'sample and hold', tem a forma

+∞
⎡ +∞ ⎤
sA (t ) = ∑
k =− ∞
s( kT ) p(t − kT ) = p(t ) * ∑
⎢⎣ k = − ∞s ( kT )δ (t − kT )⎥⎦

p(t) -> impulso rectangular de duração τ

8
s(t)

sA(t)

t
Este método é também chamado amostragem de topo plano ("flat top sampling").

Na frequência
⎡ 1 +∞ ⎛ 1 ⎤
SA ( f ) = P( f )⎢ ∑ S⎝ f − n ⎞⎠ ⎥
⎣ T n= −∞ T ⎦

P(f) é uma função sinc() pelo que na amostragem de topo plano as altas frequências de S(f) são
atenuadas. Resolve-se este problema:
(a) utilizando um equalizador Heq= 1/P(f)
(b) ou fazendo τ << T -> alarga P(f)

Modulação de impulsos

Com base no teorema da amostragem pode-se converter um sinal analógico numa sucessão de
impulsos de altura proporcional ao sinal no momento da amostragem. Um sistema que transmite
estes impulsos é designado por sistema PAM ('Pulse Amplitude Modulation').

Sistema PAM

Sinal Filtro Filtro Sinal


analógico Passa-Baixo Passa-Baixo analógico

Trém de Canal de
Impulsos transmissão

Este sistema é extremamente simples. Contudo é um sistema analógico sendo vulnerável ao ruído.

Alternativas menos vulneráveis ao ruído:

9
PCM ('Pulse Code Modulation') (ver mais adiante).

PDM ('Pulse Duration Modulation')

PPM ('Pulse Position Modulation')

Geração de sinais PDM e PPM a partir de sinais PAM

PAM

Rampa

PAM
+
Rampa

PDM

PPM
Compromisso imunidade ao ruído - largura de banda:

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Da figura anterior verifica-se que os sinais PDM e PPM transportam a informação na posição dos
extremos dos impulsos. Por isso são relativamente imunes ao ruído aditivo. No entanto necessitam
de maior largura de banda que o sinal PAM, devido à menor largura dos impulsos utilizados.

A comparação entre os sistemas PAM, PDM e PPM ilustra a interacção, típica dos sistemas de
comunicação, entre largura de banda e imunidade ao ruído.

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II. 3 - TRANSMISSÃO CODIFICADA

II.3.1- Quantificação

A modulação PAM é muito sensível ao ruído. Para tornar o sinal mais imune ao ruído o sinal PAM
é convertido num sinal PCM ('Pulse Code Modulation'). A primeira etapa nesta conversão é a
transformação PAM -> PAM quantificado. A operação de quantificação consiste na redução do
PAM a um número limitado de níveis

s(t) sq(t)

Δ
NÍVEIS DE
QUANTIFICAÇÃO xj

Aj
-x j-1

t
T 2T 3T 4T 5T 6T

Ruído de quantificação

Considerando um sinal analógico com variação de a a b Volts tem-se:

b−a
Δ=
M
onde M representa o número total de níveis de quantificação

Os níveis serão dados por:

x j = a + jΔ
x + xj
Aj = j−1 , j = 1, 2,... M
2

A variância do ruído de quantificação N q obtém-se por integração:

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{( ) }= ∫ (s − s ) p (s )ds
b
2 2
Nq = E S − SQ Q S
(2.3.1)
a

onde p S ( s) é a função densidade de probabilidade de s(t )

Em função dos níveis de quantificação tem-se:

xj

∫ (s − A ) p (s)ds
M
Nq = ∑
2
j S (2.3.2)
j =1 x j −1

Se o sinal s(t) tiver uma função densidade de probabilidade (FDP) uniforme em [−a,a ]

1 (s − A )
3 ⎤xj
M xj
(s − A )
M
1 ⎥
Nq = ∑ ds = ∑
2 j
∫ j
2a ⎥
j =1 x j −1 j =1 2a 3
⎥⎦
x j −1

Atendendo a que
Δ
(
x j − Aj = − x j −1 − Aj = ) 2
obtém-se
M
1 Δ3 M Δ 3 Δ 2
Nq = ∑ = = (2.3.3)
j=1 2a 12 2 a 12 12
visto que MΔ = 2 a

Companssores

Para sinais com grande gama dinâmica e predomínio das pequenas amplitudes os quantificadores
uniformes são inconvenientes visto que:

- Se Δ for dimensionado para grandes amplitudes -> perde-se informação nas pequenas amplitudes.

-Se Δ for dimensionado para pequenas amplitudes, o número de níveis M deverá ser muito elevado.

Solução - Utilizar quantificação não uniforme

Para este efeito o sinal analógico s(t ) é primeiro comprimido segundo a transformação não linear
s' = f (s )

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2/M 1. saida, s'
..

...
... ... entrada, s
-a a

-1

Em seguida s' é quantificado uniformemente e transmitido. A curva anterior actua como


compressor visto comprimir as amplitudes elevadas. No receptor deverá utilizar-se um expansor
complementar com função de transferência f −1 . O conjunto compressor + expansor é designado
por companssor.

Duas características de compressão geralmente utilizadas para fornecer uma qualidade uniforme
numa grande gama dinâmica da voz humana são as chamadas leis de compressão µ e A:

(i) lei - µ

s' =
(
ln 1 + μ s a) , 0≤s≤a (2.3.4)
ln (1 + μ )

(ii) lei - A


⎪ ( )
A sa
( )
⎪ 1 + ln( A ) , 0 ≤ a ≤ A
s 1

s' = ⎨ (2.3.5)


( ( ))
⎪ 1 + ln A a 1
s
( )
, A≤ sa ≤1
⎩ 1 + ln (A )

A figura seguinte ilustra estas características para vários valores de µ e A. Como se pode verificar,
o valor do parâmetro de compressão A (ou µ) determina o grau de compressão a que se submete o
sinal analógico.

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lei - μ lei - A
(s') 1 (s') 1
μ=1000 A=1000
0.8 μ=10 0.8 A=10
μ=100 A=87.6
0.6 0.6
μ=0 A=1
0.4 0.4

0.2 0.2

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1


(s/a) (s/a)

Estas duas leis de compressão foram adoptadas como padrões pelo organismo internacional de
unificação das telecomunicações a nível mundial isto é o CCITT (Comité Consultatif Internacional
de Télégrafie et Téléphonie). A lei-µ é utilizada nos Estados Unidos da América e a lei-A na
Europa, resto do mundo e ligações internacionais. (Note-se que actualmente o CCITT designa-se
por ITU-T)

Relação sinal ruído (quantificação não linear)

Com a compressão, o ruído de quantificação dependerá do nível que se considera. Para calcular
este ruído de quantificação, note-se que a um espaçamento uniforme 2/M na saída s' corresponde
um espaçamento

1 s'

2/M
sj
s
1
Δj

não uniforme Δ j na entrada s, dado por:

15
2
Δj = M (2.3.6)
ds'
ds j

A contribuição do intervalo Δ j para o ruído de quantificação total é dado por :

Δ j3
(N ) s j + Δ j /2
(s − s ) ( )∫ s j + Δ j /2
( s − s ) ds = p ( s ) 12
2 2
q =∫ j p S ( s)ds ≅ p S s j j S j
j s j −Δ j /2 s j −Δ j /2

(2.3.7)

Substituindo (2.3.6) em (2.3.7) obtém-se:

( )
(N ) 1 pS s j
q = Δj
j 3M 2 ⎡ ⎤
2 (2.3.8)
⎢⎣ ds ' ds j⎥

O ruído de quantificação devido a todos os níveis será então

M M
p ( s)
( )
2 2 2
Nq = 2 ∑ Nq ≅ ∑ (dsS' ds) Δj
j =1
j 3M 2 j =1 j

Para M suficientemente elevado pode-se escrever

2 1 p S ( s)
N ≅ ∫ ds (2.3.9)
q 2 0 (ds' ds) 2
3M

Esta equação permite determinar o valor quadrático médio do ruído de quantificação uma vez
conhecida a FDP do sinal, ps(s), e a lei de compressão s' = f(s).

A relação sinal ruído, SNR, será dada por

σs 2
SNR =
Nq

1
onde σ s 2 = ∫−1 s 2 pS (s )ds , valor quadrático médio do sinal.

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Para se obter um valor quase constante de SNR para uma variação igual a 40 dB na potência do
sinal de entrada, µ deverá ser superior a l00. Nos sistemas americanos utilizam-se vulgarmente os
valores µ = 100 e 255. Para a lei-A, um valor de A = 87.6 dá resultados semelhantes e foi por isso
adoptado pelo CCITT.

II.3.2 Modulação de Impulsos Codificada (PCM 'Pulse Code Modulation')

O impulso PAM-quantificado, obtido por amostragem e quantificação de um sinal analógico é


geralmente codificado num grupo de impulsos binários de amplitude fixa. Obtém-se assim um
sistema PCM (Pulse Code Modulation). Apresentam-se em seguida duas alternativas para codificar
as amostras quantificadas.

Digito Código binário Código de Gray


(Sinal quantificado)
b1 b2 b3 b4 g1 g2 g3 g4

0 0 0 0 0 0 0 0 0
1 0 0 0 1 0 0 0 1
2 0 0 1 0 0 0 1 1
3 (a) 0 0 1 1 0 0 1 0
4 (b) 0 1 0 0 0 1 1 0
5 0 1 0 1 0 1 1 1
6 0 1 1 0 0 1 0 1
7 (a) 0 1 1 1 0 1 0 0
8 (b) 1 0 0 0 1 1 0 0

Note-se que no código binário, há uma variação de demasiados bits entre os níveis de quantificação
consecutivos (a) e (b). Este inconveniente é resolvido com o código de Gray.

Os códigos anteriores são transmitidos através de impulsos, de que se representa na figura seguinte
dois exemplos de transmissão com impulsos eléctricos.

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5 2 6
1 0 1 0 1 0 1 1 0
6
5
UNIPOLAR-RZ

(PAM - quantificado)
BIPOLAR-RZ

PCM - binário

O número de impulsos PCM a transmitir por cada impulso PAM-quantificado é dado pela relação:

M=n
m
(2.3.11)

em que
m , número de impulsos PCM necessários para codificar cada impulso PAM-quantificado.
n , número de amplitudes possíveis para cada impulso PCM.
M , número de amplitudes do PAM-quantificado.

Aumentando n diminui m , o número de impulsos PCM por impulso PAM, pelo que a largura de
banda PCM diminui. O PCM apresenta portanto grande versatilidade no que respeita à adaptação
às características de largura de banda do canal de transmissão.

II. 4 - Modulação delta

Em PCM quando o número de níveis de quantificação aumenta a largura de banda de transmissão


aumenta correspondentemente. Outros métodos de conversão analógico-digital podem ser
utilizados para:
- reduzir a largura de banda necessária
ou
- melhorar a performance
ou
- reduzir o custo

Um tal método frequentemente utilizado para a voz humana e sinais vídeo é a modulação delta..
Apresentam-se a seguir exemplos de um modulador delta e respectivo desmodulador.

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sδ ( t ) = ∑ δ ( t − kT )
k

s(t) + Amplificador
FPB - Diferencial saq(t)

Limitador

~
^s(t)=s(t)
Integrador

(a) Modulador delta

saq(t) ~
s(t) ~
s(t)
Integrador FP B

(b) Desmodulador delta

s(t)
^
s(t)

Região de
Sobrecarga
saq(t)
T
t

(c) formas de onda

O modulador delta acima representado compara s(t ) com uma aproximação em degraus sˆ (t ) e a
diferença s(t ) − sˆ(t ) é quantificada em dois níveis ± Δ dependendo do sinal da diferença. A saída
do quantificador é amostrada para produzir:

+∞
s aq (t ) = ∑ Δsgn[s(kT ) − sˆ(kT )]δ (t − kT )
k = −∞

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A aproximação sˆ (t ) é gerada fazendo passar saq (t ) por um integrador. O desmodulador respectivo
é portanto constituído por um simples integrador seguido de um filtro passa baixo.

Para reduzir a complexidade dos moduladores delta práticos introduzem-se as seguintes


simplificações:

-No receptor não é necessário utilizar um integrador. O filtro passa baixo efectua uma
integração aproximada.
-A série de impulsos de Dirac sδ (t ) pode ser substituída por uma série de impulsos
rectangulares com duração << T.
-O integrador do emissor não necessita de ser um integrador ideal - um simples filtro passa
baixo RC é suficiente.

Ruídos em modulação delta

A figura seguinte representa uma amostra do sinal s(t ) bem como da respectiva aproximação sˆ (t ).
Como se pode verificar, quando o sinal é constante, o ruído, designado por ruído de quantificação,
é semelhante ao ruído em PCM. Este ruído reduz-se aumentando a velocidade de amostragem, que
é geralmente muito mais elevada que a frequência de Nyquist utilizada em PCM. Em muitos casos
a velocidade de bits pode mesmo ser superior ao PCM. Sendo a velocidade de amostragem bastante
superior à frequência de Nyquist, o ruído de quantificação é eliminado ou minorado com um filtro
no receptor.

A modulação delta pode ainda ser afectada pelo chamado ruído de sobrecarga. Este surge quando
os níveis de quantificação + Δ são demasiadamente pequenos para seguir um sinal com declive
elevado. Então sˆ (t ) não consegue acompanhar s(t ) . Este tipo de ruído pode ser minimizado
filtrando o sinal s(t ) para evitar variações rápidas no tempo, ou aumentando Δ e/ou a frequência
da amostragem. A filtragem do sinal ou aumento de Δ resulta numa perda de resolução de s(t ) , e
aumentando a frequência da amostragem resulta em maiores larguras de banda.

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s(t)

^
s(t)

Região de
Sobrecarga

Ruido de
Quantificação

Uma melhor solução para evitar ruído de sobrecarga é detectar a condição de sobrecarga e
aumentar Δ quando se detectar a sobrecarga. Sistemas que utilizam Δ dependente do sinal são
chamados sistemas de modulação delta adaptativos.

Para sistemas não adaptativos a relação sinal-ruído, SNR, tem a seguinte forma

Predominio de ruido
de sobrecarga
SNR

Predominio de ruido
de quantificação

tamanho do degrau, Δ
Δ óptimo

Note-se finalmente que a modulação delta é um caso particular do DPCM ('Differential Pulse Code
Modulation'). Neste último caso utilizam-se vários níveis para quantificar a diferença entre s(t ) e
ŝ (t ) em vez dos dois únicos níveis utilizados na modulação delta.

21
II.5 MULTIPLEX NO TEMPO (TDM, 'Time Division Multiplex')

II.5.1 - Introdução

Quando a capacidade de um canal de comunicação for superior ao requerido para transmissão de


um único sinal, o canal pode ser utilizado para a transmissão de outros sinais. Este processo de
transmissão simultânea de vários sinais num único canal é conhecida por multiplexagem.

Neste curso iremos considerar dois tipos de multiplexagem:


-no tempo (TDM, 'Time Division Multiplex')
-na frequência (FDM, 'Frequency Division Multiplex')

Todos os tipos de modulação de impulsos podem ser transmitidos por multiplexagem no tempo.
Apresenta-se na figura seguinte um esquema de multiplexagem no tempo para sinais PAM. O
domínio do tempo é dividido em faixas, atribuindo-se periodicamente uma faixa a cada sinal. Esta
distribuição das faixas pelos diversos sinais é feita por meio de um comutador rotativo. Este extrai
uma amostra de cada sinal de entrada durante uma rotação. A frequência de rotação do comutador
deverá ser então igual à frequência de amostragem de cada sinal.

No receptor as amostras dos diversos sinais são separadas e distribuídas por outro comutador
rotativo chamado distribuidor. Os comutadores rotativos são geralmente circuitos electrónicos que
deverão estar cuidadosamente sincronizados. A sincronização é provavelmente o aspecto mais
delicado do TDM, pelo que dedicaremos mais adiante algum tempo ao seu estudo.

COMUTADORES
ROTATIVOS

s1 (t) FPB FPB s 1 (t)

s2 (t) FPB FPB s 2 (t)

CANAL

s3 (t) FPB FPB s 3 (t)

s4 (t) FPB FPB s 4 (t)

SINCRONIZADOS

22
Figura A. Sistema TDM - PAM

s (t)
1

t
T

s (t)
2

s (t)
3

s (t)
4

s (t)
1

s (t)
4

TRAMA

Figura B. Formas de onda no sistema TDM - PAM representado na figura anterior

23
A sequência de amostras entrelaçadas pode ser transmitida directamente como se indicou na figura
anterior. Alternativamente as amostras podem ser quantificadas e transmitidas utilizando um
sistema PCM.

Os sistemas de multiplexagem PCM mais importantes são os sistemas PCM telefónicos, de que se
apresenta na secção seguinte o sistema PCM de 30 canais recomendado pela ITU (anteriormente o
CCITT, Comité Consultatif International de Telégraphie et Téléphonie) e adoptado pela maioria
dos fabricantes europeus.

Antes de apresentarmos este sistema, é interessante notar que houve um atraso superior a 20 anos
entre a invenção dos sistemas PCM e a sua utilização prática. Este facto deve-se à inexistência de
um comutador electrónico apropriado. As válvulas a vácuo, os dispositivos utilizados antes da
invenção do transístor, eram muito volumosas, dissipavam muita energia e funcionavam mal como
comutadores. Em consequência, os comutadores a válvulas ocupavam muito espaço, tendiam a
sobre aquecer e eram pouco fiáveis. O conceito de PCM aguardava apenas a invenção do transístor,
que ocupa pouco volume, consome pouca potência, é muito fiável e é um comutador quase ideal.

Aproximadamente na mesma altura da invenção do transístor, a utilização dos serviços telefónicos


nos países mais industrializados começou a aumentar. Uma solução para satisfazer esta procura
seria utilizar a modulação de amplitudes associada à multiplexagem na frequência (ver mais adiante
neste curso) para enviar mais sinais telefónicos pelo mesmo canal de transmissão. Contudo, esta
solução não era viável visto que os cabos de transmissão tinham sido em grande parte
dimensionados para a gama de 0 a 4 KHz, o que admite apenas um canal de voz se utilizarmos a
modulação de amplitude.

Ironicamente, o PCM - que necessita de uma largura de banda várias vezes superior à requerida
pelos sinais multiplexados na frequência - foi a solução. Isto porque o PCM com repetidores
regenerativos pouco espaçados pode trabalhar satisfatoriamente em linhas ruidosas e com fraca
resposta às altas frequências. Os repetidores espaçados de 1.83 Km, limpam completamente o sinal
e geram novos impulsos antes que os impulsos sejam demasiadamente distorcidos e corrompidos.
Esta é a história do sistema T1 da Bell System, o pioneiro dos sistemas PCM. Neste sistema um par
de fios previamente utilizado para um único sinal áudio com largura de banda igual a 4 KHz,
passou a 24 canais telefónicos PCM multiplexados em TDM e com uma largura de banda total
igual a 1.544 MHz.

24
Mais tarde os países europeus desenvolveram sistemas TDM-PCM que foram aprovados pelo
CCITT. Vamos descrever em seguida o sistema TDM-PCM para 30 canais de voz e que constitui o
primeiro andar da hierarquia TDM do sistema europeu.

25
II.5.2 . Sistema TDM-PCM (CCITT)

No sistema de 30 canais recomendado pelo CCITT, cada canal de voz é amostrado 8000 vezes por
segundo, quantificado em 4096 níveis positivos mais 4096 níveis negativos e comprimido segundo
a lei-A.

A figura seguinte ilustra a aproximação parcialmente-linear da lei A, em que os 2 x 4096 níveis de


entrada são transformados à saída em apenas 128 níveis positivos + 128 níveis negativos. São então
transmitidos 8 bits correspondentes à codificação de cada amostra: 1 bit indicando

512 4096
ENTRADA
(ESCALA I) ENTRADA
(ESCALA II)

256 2048

128 1024
64 512
NÚMERO
0 16 32 48 64 80 96 112 128 TRANSMITIDO

o sinal da amostra e 7 bits (27 = l28) indicam o valor absoluto da amostra.

A multiplexagem de 30 canais telefónicos mais 2 canais para sincronismo e supervisão é feito da


seguinte maneira:

TDM-PAM TDM-PCM TDM-PAM

0 0
1 . . 1
. COMUTADOR CODIFICADOR .... DESCODIFI- DISTRIBUIDOR .
. CADOR .
. .
31 31

A figura (A) seguinte apresenta a sequência temporal dos bits correspondentes aos diversos canais.
As faixas 1 a 15 e 17 a 31 (com 8 bits cada) são utilizadas para transmitir as sequências de bits
resultantes da codificação do sinal PAM obtido por multiplexagem dos 30 canais de voz.

26
TRAMA n TRAMA n+1

0 1 15 16 17 31 0 1 15 16 17 31

Em Tramas
0 0 1 1 0 1 1 1
Alternadas
Alarme de
Trama

Figura A. Detalhe do canal 0 - canal de trama

MULTI-TRAMA

TRAMAS 0 1 2 . . . . n . . . . 15

Sinalização
0 0 0 0 dos canais
AM
CANAL CANAL
n n+16
ALINHAMENTO
DE MULTI-TRAMA

AM - Alarme de Multitrama

Figura B. Detalhe do canal de sinalização (canal 16).

O canal 0 é utilizado para definir claramente o início de cada trama. Para o efeito envia-se neste
canal uma sequência fixa 0011011 em tramas alternadas. Nas outras tramas o bit 2 do canal zero
toma o valor 1 e o bit AT transporta o alarme de trama. Quando há perda de trama faz-se AT = 1
no sinal de retorno para o emissor, visto a avaria poder ter origem no emissor.

A sinalização associada a cada canal é enviada na faixa 16 de cada trama. Todos os canais terão
recebido a respectiva sinalização ao fim de um ciclo de 16 tramas. Este ciclo designa-se por multi-
trama . No canal 16 da trama 0 de cada multi-trama é enviada uma sequência 0000 que define o
início dessa multi-trama. O bit AM contém informação sobre a perda de multi-trama. No canal 16
das tramas 1 a 15 é enviada informação de sinalização dos canais 1 a 15 em simultâneo com a
informação da sinalização dos canais 17 a 31, como se indica na figura anterior.

27
Para se determinar o ritmo correspondente ao sinal TDM-PCM acima note-se que cada canal de
voz é definido pelos seguires parâmetros:
- largura de banda -> 3.4 KHz
- 8000 amostras / segundo
- 8 bits / amostra
- 64 Kbits / segundo
Então a duração da trama é:

1
seg = 125μseg
8000

e o ritmo de transmissão do sistema TDM- PCM -> 64 x 32 = 2.048 Kbits / seg.

Pode-se obter graus de multiplexagem cada vez mais elevados, efectuando a multiplexagem da
vários sistemas TDM-PCM de 30 canais. A figura seguinte apresenta a hierarquia de
multiplexagem recomendada pelo CCITT (actualmente ITU)

1.
.
. TDM
4 139.264 Mbit/seg

1.
.
. TDM
4 34.368 Mbit/seg

1.
.
. TDM
4 8.448 Mbit/seg

1
.
. TDM-PCM
. (30 Canais)
30 2.048 Mbit/seg

II.5.3 - Entrelaçamento de bits. Aposição de bits.

Na secção anterior foi dado um exemplo de multiplexagem efectuada numa base de palavra-a-
palavra (conhecido por entrelaçamento de palavras ou de 'bytes') isto é, transmite-se um conjunto
de bits (uma palavra) referidos a um canal, seguido de outro grupo de bits retirados de outro canal e
assim por diante. Em outros sistemas, o multiplexagem é efectuado bit-a-bit (conhecido por
entrelaçamento de dígitos ou bits), ou seja, envia-se um dígito de um canal, seguido de um dígito
do canal seguinte, etc.

28
A título de exemplo, descreve-se em seguida um multiplexer que utiliza entrelaçamento de bits.
Aproveita-se para descrever também a técnica da aposição de bits destinada a resolver o problema
do sincronismo na multiplexagem de canais digitais independentes, cujas velocidades de
transmissão podem variar ligeiramente em relação ao relógio do multiplexer. A figura seguinte
representa um multiplexer com as características que acabamos de mencionar, isto é,
entrelaçamento de bits com aposição de bits. Supõe-se que ambos os canais de entrada operam à
mesma frequência nominal e que o relógio do multiplexer funciona a uma frequência ligeiramente
superior às frequências médias dos canais de entrada.

Medida do conteúdo
do 'buffer'
Canal 1
1 0 1 1 1 0 1

'B uffer'

Relógio de entrada
(frequência R 1 )
Sinal de aposição
(corta o relógio)

1 1 0 1 0 1 0 1 1 1 0 0 1 0
Relógio do x x
Multiplexer
multiplexer (R10 ) 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2

aposição de bits
Número do canal
de entrada
Canal 2
1 0 0 1 1 0 0

'B uffer'

(R 2 )

Sinal de aposição
Medida do conteúdo
do 'buffer'

Na figura ilustra-se a situação em que o relógio do canal 2 (frequência R2) se atrasa em relação ao
relógio do multiplexer (frequência R0), isto é, R0>R2. Em consequência, o conteúdo do 'buffer' do
canal 2 desce abaixo de um determinado nível limiar e um sinal de aposição é aplicado à porta do
relógio do multiplexer desligando a sua saída para o 'buffer'. Esta acção coloca um espaço livre na
correspondente posição de trama. Esta posição poderá ser ocupada com 1 ou 0 (depende do
convencionado). Quando o conteúdo do 'buffer' sobe acima do limiar, o processo de multiplexagem
do canal 2 retoma o funcionamento normal.

No desmultiplexer os bits de aposição terão de ser eliminados. Vários métodos são possíveis para
este efeito. Apresenta-se em seguida o método utilizado pelo multiplexer M12. Este sistema

29
combina 4 canais de 1.544 Mbits/seg para produzir uma saída com 6.312Mbit/seg. A figura
seguinte apresenta a estrutura de uma trama do sistema M12. Entrelaçam-se os bits dos 4 canais até
se totalizarem 48 bits, 12 de cada canal. Entre os blocos de 48 bits são transmitido bits de controle.
Há três tipos de bits de controle que se designam por M, C e F. Estes bits são utilizados para
sincronizar as tramas e identificar os canais de entrada com aposição. Apenas é permitido um bit
aposto por cada canal de entrada em cada trama.

Os índices das séries M e F indicam o valor do bit efectivamente transmitido. A estrutura 01010101
(contida na série F), é utilizada para obter o sincronismo de trama. Depois de se fixar nesta
estrutura o desmultiplexer procura pela estrutura 0111 (contida na série M), que subdivide a trama
em quatro sub-tramas cada uma delas correspondendo a uma linha da figura seguinte. Os bits CA
referem-se ao canal A, CB ao canal B, etc.

M0 [48] CA [48] F0 [48] CA [48] CA [48] F1 [48]


M1 [48] CB [48] F0 [48] CB [48] CB [48] F1 [48]
M1 [48] CC [48] F0 [48] CC [48] CC [48] F1 [48]
M1 [48] CD [48] F0 [48] CD [48] CD [48] F1 [48]

Quando houver aposição num dado canal, os bits de controle C respectivos são igualados a 1 e o bit
aposto aparece como o primeiro bit de informação dos 12 para esse canal de entrada que estão
colocados a seguir a F1 na mesma sub-trama. Se não for necessário utilizar aposição, os respectivos
C's serão igualados a 0. Apresenta-se a seguir um exemplo das duas primeiras sub-tramas de uma
trama, em que na primeira trama há aposição de bit e na segunda não há aposição.

sub-trama 'A' 0[48]1[48] 0[48]1[48]1[48]1[1...48]

bit aposto

Indicação de aposição

sub-trama 'B' 1[48]0[48]0[48]0[48]0[48]1[1...48]

todos bits de
informação
Ausência de aposição

30
Existe uma probabilidade de ocorrerem erros na detecção dos bits C pertencentes a uma dada sub-
trama. Isto poderá ocasionar a interpretação de um bit aposto como um bit de informação. No
desmultiplexador a decisão sobre aposição ou não aposição é por maioria, isto é, se a sequência de
C 's numa sub-trama tiver mais 1's que 0's decide-se por aposição; no caso de maioria de 0's decide-
se por não aposição.

Se supusermos C bits de controle de aposição, e decisão por maioria, a probabilidade de erro na


decisão quanto à presença de aposição, que designaremos por Pa , é dada pela soma das
probabilidades de se cometerem mais que (C + 1) / 2 erros na detecção de C bits:

∑ (Ci )p (1− p )
C
c −i
Pa = i

C+1
i=
2

onde p é a possibilidade de erro na detecção de um bit. Para p << 1, o primeiro termo da série é
dominante, isto é,

⎛ ⎞
⎜ C ⎟ C+1 C! C+1
Pa = ⎜ p 2
= p 2

⎜ C + 1⎟ ⎛ C − 1⎞ ⎛ C + 1⎞
! !
⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠

Num multiplexer do tipo que estamos a analisar é necessário verificar se a aposição de um bit por
cada canal de entrada em cada trama, é suficiente para acomodar a variação das frequências dos
bits de entrada. Para isso consideremos que há m sinais a multiplexar, cada um a transmitir à
frequência de R1 bits/seg. Cada trama é composta por I bits de informação e X bits de controle. Se
a variação fraccionai máxima de R1 for δ , a frequência do relógio do multiplexer que consegue
acomodar o aumento da frequência dos relógios de todas as entradas é dada por

I+X
R0 = mR1 (1 + δ )
I

Designemos por A o número de aposições permitidas por cada canal em cada trama. Como o
relógio de entrada pode ter uma variação fraccional + δ , a sua frequência pode ter uma variação
máxima igual a Δ R1 = 2δ R1 bits/seg. Se a frequência de transmissão de tramas for Q tramas/seg
teremos que A deverá ser pelo menos:

2δ R1bit / seg R
A= = 2 δ 1 bit / trama
Qtramas / seg Q

31
R1 I
Por outro lado atendendo a que = teremos:
Q m

I
A = 2δ
m

Tirando o valor de δ desta equação e substituindo na equação anterior de R0 obtém-se

⎛ m ⎞ I+X
Ro = mR1 ⎝ 1+ A
2I ⎠ I

No caso do multiplexer M12 estudado anteriormente, m = 4 , R1 = 1.544Mbit / seg , I = 48 × 24 ,


X = 24 e deverá ser 0 ≤ A ≤ 1, donde resulta:


× 1⎞
49 4 49
4 × 1.544 × ≤ R0 ≤ 4 × 1.544 1 +
48 ⎝ 2 × 48 × 24 ⎠ 48

6.305Mbit / seg ≤ R0 ≤ 6.316Mbit / seg

O sistema M12 possui um relógio de 6.312 Mbit/seg pelo que esta condição é satisfeita.

II.5.4 Perda de trama e aquisição

Nos sistemas TDM anteriormente descritos é essencial localizar com precisão o início de cada
trama. Se isto não acontecer, haverá confusão na distribuição dos bits pelos diversos canais o que
ocasiona uma degradação da qualidade de serviço.

Estudar-se-á em seguida a quantificação dos problemas relacionados com a perda de trama e o


tempo necessário para adquirir a trama quando se verifica uma perda de trama. Supondo uma trama
com L bits, dos quais n bits representam a sequência de trama, a probabilidade de pelo menos um
erro na detecção dos bits de trama é:

Pt = 1 − (1 − p) ≈ np , p << 1
n
(2.5.1)

onde p é a probabilidade de erro na detecção de um bit.

Supondo que a perda de trama só é detectada depois de k tramas sucessivas com erro na sequência
de trama, a probabilidade de uma declaração falsa de perda de trama é:

32
P f = (Pt ) ≈ (np)
k k
(2.5.2)

e o intervalo de tempo médio entre declarações falsas de perda de trama será dado por:

1
Tf ≈ (2.5.3)
Pf Q

onde Q é a velocidade de transmissão de tramas.

Outro aspecto a quantificar é a não detecção de perdas reais de trama. Isto deve-se ao facto de uma
sequência de n bits poder simular a sequência de trama com uma probabilidade 2 −n . Então a
probabilidade de detectar uma perda efectiva de trama numa trama é 1 − 2− n . Como se exigem k
tramas sucessivas com erro na sequência de trama, a probabilidade de detecção de perdas reais de
trama é:

Pd = (1 − 2 )
−n k −n
= 1 − k 2 +... (2.5.4)

Como se pretende Pd ≈ 1, deverá ser:

−n
k2 << 1 (2.5.5)

Se esta condição se verificar, o tempo médio necessário para detectar uma perda de trama é
aproximadamente igual a k tramas.

Da análise anterior conclui-se que:

(i) np << 1 para minimizar P f . Deve-se então escolher n o menor possível.

(ii) k deverá ter um valor elevado para minimizar P f .

(iii) k deverá ter um valor pequeno para reduzir o tempo necessário para detectar uma
perda efectiva de trama.

−n
(iv) k 2 << 1 para evitar que uma sequência de bits simule a sequência de trama
malogrando assim a detecção da perda de trama. Portanto n deverá ser elevado.

Conclusão: Os valores de n e k representam uma solução de compromisso.

33
Tempo de aquisição

Determinemos o tempo necessário para adquirir a trama uma vez detectada a sua perda. Quando
esta é detectada, o sistema inicia uma procura ao longo da trama, n bits de cada vez, até se detectar
a sequência de trama.

Para minimizar os problemas ocasionados ao tomar-se uma sequência de dados como sequência de
trama, obriga-se a detecção desta sequência em m tramas sucessivas antes da declaração da
aquisição da trama. O pior caso no que respeita ao tempo de aquisição de trama está representado
na figura seguinte

SEQUENCIA
DE TRAMA

n bits DADOS

0 1 0 1 0 0 0 1 0 1 ...... 1 1 0 0 1 0 1 0 1

L bits
Procura iniciada
aqui

Uma vez iniciada a procura, esta prossegue até se detectar a sequência correcta (0101). Durante a
procura haverá falsas detecções da sequência de trama devido à probabilidade 2 −n de n bits dos
dados imitarem a sequência correcta. A probabilidade de detecções falsas em duas tramas
sucessivas é (2 −n ) , pelo que se n > 2 é evidente que a paragem falsa da procura durará em geral
2

apenas uma trama. Então se houver h paragens de procura, o tempo de aquisição médio será:

Ta = (m + 1 + h) tramas (2.5.6)

Para determinar h note-se que no pior caso se devem examinar L + h sequências de n bits, das
quais h foram detectadas falsamente como sequências de trama. Então h / (L + h ) é a
probabilidade de detecção falsa que como se viu anteriormente também é dada por 2 −n . Logo:

−n h L
2 = →h= n (2.5.7)
L +h 2 −1

34
Finalmente, o tempo médio total (pior caso) para detectar uma perda de trama e readquirir a trama
será:

T = ⎝ K + m + 1 + n ⎞⎠ tramas
L
(2.5.8)
2 −1

Exemplo: Um sistema PCM-TDM é caracterizado pelos seguintes parâmetros:

L = 1000 bits
k=3
m=2
n = 8 bits
p= l0-5

Cálculo do tempo de aquisição


1000
T = 3 + 2 +1 + 8 ≈ 10tramas
2 −1

Como 10 tramas -> 1000 x 10 = 104 bits, supondo um ritmo de 2 Mbits/seg

10 4
T= = 5.0 mseg
2 × 106

Cálculo do tempo médio entre declarações falsas de perda de trama

Pt ≈ np = 8 × 10−5

P f ≈ (np ) = (8 × 10 ) = 5.12 × 10
k −5 3 −13

Para 2 Mbits/seg e com Q = 2000 Tramas/seg


1 1
Tf = = 3 = 10 seg ≈ 32anos
9
−13
P f T 5.12 × 10 × 2 × 10

Valor muito bom. No entanto se for p = 10-3


T f ≈ 17min o que poderá ser inaceitável.

35
II.6 LARGURA DE BANDA E INTERFERÊNCIA ENTRE SIMBOLOS.

Até aqui considerou-se que os impulsos elementares dos sistemas digitais têm a forma rectangular.
No entanto, num sistema de transmissão prático os impulsos tendem a alargar-se conforme vão
progredindo ao longo do meio de transmissão, indo assim sobrepor-se aos impulsos vizinhos como
se ilustra na figura seguinte. Como na recepção a detecção da sequência de bits se faz geralmente
por amostragem no sinal recebido em intervalos de tempo regularmente espaçados, comparando em
seguida o valor da amostra com o nível limiar, o alargamento dos impulsos para as faixas vizinhas
pode provocar erros de detecção. Este fenómeno de sobreposição de impulsos de faixas adjacentes
e as dificuldades de detecção daí resultantes é designado por interferência entre símbolos (IES).

T T

1 0 1 1

Instantes de amostragem

Interferência entre
simbolos

Vista isoladamente dos outros fenómenos presentes num sistema de comunicações, a IES poderia
seria eliminada simplesmente por um aumento da largura de banda do sistema. Contudo, esta
solução além de representar um esbanjamento da largura de banda disponível, pode introduzir
demasiado ruído adicional o que provoca um aumento da taxa de erros.

Vamos portanto estudar detalhadamente este assunto, procurando moldar a forma dos impulsos de
modo a eliminar a IES, mas mantendo a largura de banda de transmissão o menor possível. Uma
forma de onda com IES nula é a que possui um aspecto com forma de filtro passa-baixo ideal.
Como se vê na figura seguinte, no domínio dos tempos temos uma função sinc que permite a
transmissão a uma velocidade de 2 B impulsos por segundo utilizando um canal com largura de
banda B, com interferência entre símbolos nula. Este é de facto o valor máximo do ritmo de
transmissão com IES = 0 e é designada por ritmo de Nyquist.

36
h(t)
H(f)
sinc(2Bt)

1 1 3
2B B 2B
f t
0 B

IES nula

Forma de onda com IES nula

A forma de onda anterior apresenta algumas dificuldades práticas:

(i) Ela implica uma característica de filtro passa baixo ideal entre a amostragem no emissor e
o ponto de decisão no receptor. Isto não é fisicamente realizável e é muito difícil de aproximar com
circuitos práticos.

(ii) A sincronização deverá ser extremamente precisa, isto é, deve-se fazer a amostragem
exactamente nos instantes 0, 1/(2B), 1/B, etc. Se a amostragem se afastar destes instantes ideais, a
condição de IES nula desaparece. De facto, para certas sequências de bits, as caudas de impulsos
adjacentes podem-se adicionar como série divergente provocando erros de detecção.

Devido a estas dificuldades, na prática utilizam-se outras formas de onda. Para deduzir algumas
dessas formas de onda h(t ) , iremos utilizar o primeiro dos três critérios desenvolvidos por Nyquist.
O primeiro critério de Nyquist, obriga o impulso h(t ) a ter IES nula, isto é,
⎧1, t=0
h(t ) = ⎨
⎩0, t = ± nT , n int eiro

onde T = 1 / r , sendo r o ritmo de transmissão dos impulsos h(t ) .

A relação anterior pode ser ainda expressa na seguinte forma


h(t )× ∑ δ (t − nT ) = δ (t )
n = −∞

37
Tomando agora a transformada de Fourier a ambos os lados da equação anterior, obtém-se


H ( f )∗ r ∑ δ ( f − nr ) = 1
n = −∞

ou ainda

∑ H ( f − nr ) = 1 / r
n = −∞

Desta relação vê-se que a soma das réplicas de H ( f ) centrada em nT, deverão resultar numa
constante. Esta condição nunca se verificará se a largura de banda de H ( f ) for inferior a r/2.
Conclui-se assim que para garantir IES =0, a largura de banda mínima de H ( f ) é r/2.

Considerando agora que largura de banda de H ( f ) se encontra na região (r / 2, r ) , a equação


anterior equivale à seguinte relação

H ( f ) + H ( f − r ) = 1 / r, 0< f <r

Tomando como origem das frequências a frequência r/2, o novo eixo das frequências será definido
por f ' = f − r / 2 e a relação anterior apresentará a forma

⎛ r⎞ ⎛ r⎞ r
H ⎜ f ' + ⎟ + H ⎜ f ' − ⎟ = 1 / r, 0< f ' <
⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠ 2

Supondo agora que H ( f ) não introduz distorção de fase pode-se escrever

H ( f ) = H ( f ) e − j 2πft0

em que o termo e − j 2πft0 representa um atraso de t0 no domínio dos tempos. Nestas condições, no que
respeita ao estudo da IES, podemos fazer t 0 = 0 (se garantirmos uma IES nula para t 0 = 0 então ela
também será nula para outro atraso arbitrário t 0 ≠ 0 ). Nesta condições

⎛r ⎞ ⎛r ⎞ r
H ⎜ + f ' ⎟ + H ⎜ − f ' ⎟ = 1 / r, 0< f ' <
⎝2 ⎠ ⎝2 ⎠ 2

onde se teve em conta que H ( f ) é par, isto é H (− f ) = H ( f ) , dado que h(t ) é uma função real.

38
A relação anterior significa que H ( f ) deverá ter simetria ímpar em torno do ponto (r/2, 1/2r). Uma
família de curvas que verifica esta condição é a família coseno-elevado ('raised cosine'),
representada matematicamente pela seguinte expressão:

⎧T , f ≤r 2−β
⎪⎪ π ⎛ ⎞ r
H ( f ) = ⎨T cos2
r r
⎜ f − + β⎟ , − β < f ≤ + β (2.6.1)
⎪ 4β ⎝ 2 ⎠ 2 2
⎪⎩0 , f >r 2+β

onde r = 1/T é o ritmo de transmissão de impulsos e β é um parâmetro que pode tomar os seguintes
valores na gama 0<β <r/2. A correspondente forma de onda no domínio dos tempos é:

cos 2πβt ⎛ sin πrt ⎞


h( t ) = 2 ⎜ ⎟
1 − ( 4 βt ) ⎝ πrt ⎠
(2.6.2)

A figura seguinte apresenta formas de onda coseno-elevado para β = 0, r/4 e r/2

Formas de onda da família coseno-elevado

Das formas de onda anteriores conclui-se que :

(i) A largura de banda ocupada pelo espectro do impulso é B = r/2 + β . O valor mínimo de B
é r/2 (correspondendo à característica de filtro passa baixo ideal) e o valor máximo é r.

(ii) Dada uma velocidade de transmissão r, o aumento de β implica uma maior largura de
banda. Contudo, maiores valores de β originam impulsos com decaimento mais rápido e portanto
pequenos erros de sincronização não provocam IES elevada.

39
(iii) O impulso correspondente a β = r/2 tem duas propriedades interessantes: a largura do
impulso a meia amplitudes é igual a T e há cruzamentos na linha de zero para t = + (3/2) T, +
(5/2)T, ... além dos cruzamentos em t = + T, + 2T, … existentes para outros valores de β . Estas
propriedades facilitam a geração do sinal de relógio a partir do sinal recebido.

Conclusão: Para uma velocidade de transmissão de r impulsos/seg é necessária uma largura de


banda de pelo menos r/2, para que a IES seja nula. Contudo, deve-se procurar utilizar toda a largura
de banda disponível até r, tirando assim partido do decaimento mais rápido de h(t).

40
II.7 CÓDIGOS DE LINHA

II.7.1 Introdução

Como se verá adiante, muitos sinais digitais possuem um elevado conteúdo de baixas frequências.
Estes sinais seriam então fortemente distorcidos se fossem directamente enviados para canais de
transmissão com má resposta às baixas frequências, como por exemplo a rede telefónica actual.

O espectro do sinal transmitido num sistema digital depende da forma do impulso elementar e das
propriedades estatísticas das sequências de impulsos enviados para o canal de transmissão. Como
se viu na secção anterior, a forma do impulso elementar num sistema digital é determinada por
considerações de IES. Embora fosse possível controlar a forma do espectro do sinal transmitido
através da modificação da forma do impulso transmitido, tais modificações poderiam aumentar
consideravelmente o nível de IES. Um método mais simples de modelar o espectro do sinal
transmitido, tornando-o assim compatível com a resposta em frequência do canal de transmissão,
consiste em alterar as propriedades estatísticas da sequência de impulsos transmitida. Obtém-se
assim um novo sinal que se designa por código de linha.

Além da propriedade acima apontada, um código de linha deverá se possível possuir as seguintes
propriedades:

1. Densidade espectral de potência (DEP) favorável.


Esta é a propriedade acima mencionada, isto é, o espectro do sinal deverá adaptar-se à resposta em
frequência do canal de transmissão.

2. Conteúdo de relógio adequado.


O código de linha deverá ser tal que seja possível extrair dele a informação de relógio necessária
para o funcionamento adequado do receptor.

3. Possibilidade de detecção e correcção de erros.


A estrutura do código deverá ser tal que possibilite detectar e de preferência corrigir eventuais erros
de decisão no receptor.

4. Eficiência.
O excesso de largura de banda e potência transmitida requeridas pelo código de linha deverá ser o
menor possível.

41
5. Transparência.
O sistema deverá transmitir correctamente qualquer sinal digital independentemente da forma das
sequências de 1's e 0's. Por exemplo, uma longa sequência de 0's pode provocar erros no circuito de
extracção do relógio. Se codificarmos estes dígitos de informação de modo a que o sinal codificado
seja recebido fielmente qualquer que seja a sequência de informação, o código diz-se transparente.

II.7.2 - Densidade Espectral de Potência de um sinal digital

Com o fim de deduzir a Densidade Espectral de Potência (DEP) de alguns códigos de linha,
consideremos em primeiro lugar um sinal genérico constituído por uma sequência de impulsos com
forma análoga mas com amplitude aleatória. A figura (a) seguinte apresenta uma amostra possível
x(t) de tal sinal. Note-se que a sequência de impulsos x(t) pode ser obtida por convolução do
impulso representado na figura (b) com a sequência de impulsos delta de Dirac da figura (c).

aK-1

(K+1)T y(t)
(a)
KT
t
(K-1)T

aK aK+1
1 p(t)
(b) t

aK-1
x(t)
(c) t

aK aK+1

Analiticamente pode-se escrever

y(t ) = p(t )∗x (t )


em que y(t) é o sinal digital, cuja DEP se pretende determinar, p(t) é a forma do impulso elementar
e x(t) é uma sequência de impulsos delta de Dirac com amplitude aleatória:

+∞
x (t ) = ∑a K δ (t − KT )
K= − ∞

42
A DEP de y(t) será então dada por

Sy ( f ) = P( f ) Sx ( f )
2

em que P(f) é a transformada de Fourier de p(t), Sy(f) e Sx(f) são as DEP's de y(t) e x(t)
respectivamente. No apêndice II.1 mostra-se que

1 +∞
Sx ( f ) = ∑ Rn e
− jnωT

T n= − ∞

onde
Rn = E {ak ak + n }

E{.} representa a média de conjunto. A DEP do sinal y(t) será finalmente:

P( f )
2
+∞
Sy ( f ) =
T
∑Re
n = −∞
n
− jnωT

Utilizando esta expressão geral, vamos em seguida deduzir as DEP's de alguns códigos de linha.

II.7.3 - Sinalização 'on-off'

Neste caso cada ak assume um valor que poderá ser 0 ou 1, independentemente dos valores
assumidos pelos outros ak's. No caso em que os valores assumidos por cada ak são equiprováveis
tem-se:

{ } 2 2 1
2
1 1
R0 = E ak 2 = (1) Pr ( ak = 1) + ( 0 ) Pr ( ak = 0 ) = 1× + 0 × =
2 2

Nesta equação Pr (•) representa a probabilidade do acontecimento dentro do parêntesis.

Como as realizações possíveis do acontecimento {ak, ak+n} são {0,0}, {0,1}, {1,0} e {1,1} e cada
uma destas realizações tem a mesma probabilidade igual a 1/4, tem-se:

43
1 1
Rn = E {ak ak + n } = ∑∑ ijPr {ak = i, ak + n = j}
j =0 i =0

1 1 1 1 1
= 0 × + 0 × + 0 × + 1× + =
4 4 4 4 4

Substituindo estes valores de R0 e Rn na expressão de Sx(f), deduzida na secção II.7.2 obtém-se:

+∞
Sx(f )= ∑e
1 1 − jnωT
+
2T 4T n = −∞
(n ≠ 0 )
+∞

∑e
1 1 − jnωT
= +
4T 4T n = −∞

Tendo em conta a seguinte relação

⎡ +∞ ⎤ +∞
F - 1 ⎢ ∑ e − jnωT ⎥ = ∑ δ ( t − nT )
⎢⎣n =−∞ ⎥⎦ n =−∞

+∞
⎡ ⎤ 1 +∞ ⎛ n⎞
F ⎢ ∑ δ ( t − nT ) ⎥ = ∑ δ⎜ f − ⎟
⎢⎣n=−∞ ⎥⎦ T n=−∞ ⎝ T⎠

conclui-se que

+∞ +∞
⎛ n⎞
∑ ∑ δ ⎜⎝ f − T ⎟⎠
1
e − jnωT =
n = −∞
T n = −∞

Substituindo esta igualdade na expressão de Sx(f) obtém-se

+∞
⎛ n⎞
Sx ( f ) = ∑ δ ⎜⎝ f − T ⎟⎠
1 1
+
4T 4T 2 n = −∞

Finalmente, a DEP do código de linha (secção II.7.2) será dada por

S y ( f ) = P( f ) S x ( f )
2

P( f ) ⎡ 1 +∞
n ⎞⎤
2

=
4T ⎢⎣ T
⎢1 + ∑ δ ⎜⎝ f − T ⎟⎠⎥⎥⎦
n = −∞

44
Como se viu no capítulo anterior há dois tipos de sinal 'on-off': com retorno a zero, que se designa
por RZ (retorno a zero) e não-retorno a zero (NRZ). No primeiro caso a tensão positiva
correspondente ao bit 1 volta a zero antes de se esgotar o intervalo de tempo destinado à
transmissão de 1 bit de informação. No sinal NRZ, o valor da tensão correspondente ao bit 1
mantém o seu valor até se esgotar o intervalo de um bit. Em ambos os casos o bit 0 é representado
por um sinal com amplitude nula (ver figura seguinte).

1 0 1 1 0 0 0 1 1 0 1

NRZ

RZ

AMI

BIFASICO
(MANCHESTER)

No caso de um sinal RZ tem-se

⎛ t ⎞
p(t ) = rect⎜
⎝ T 2⎠

Em que p(t ) = rect(• ) designa impulso rectangular cuja largura é definida pelo denominador da
fracção entre parêntesis (T/2 no caso anterior).

Obtém-se então

T ⎛ fT ⎞ ⎡ 1 +∞
⎛ n ⎞⎤
Sy ( f ) = sinc 2 ⎜ ⎟ ⎢ 1 + ∑ δ ⎜⎝ f − T ⎟⎠ ⎥
16 ⎝ 2 ⎠⎣ T n =−∞ ⎦

45
Este espectro está representado na figura seguinte. Note-se que há uma componente discreta do
espectro à frequência do relógio f0 =1/T.

DEP de um Sy(f)
sinal RZ

f
-2/T -1/T 0 1/T 2/T 3/T 4/T

A figura seguinte mostra que de facto o sinal RZ (forma de onda (a) da figura), se pode decompor
na soma de um sinal RZ bipolar (forma de onda (b) da figura) com um sinal de relógio (forma de
onda (c) da figura).

(a) Sequência aleatória

(b) Sequência ternária

(c) Sequência contínua

No caso de sinais NRZ, a componente discreta à frequência do relógio desaparece, como se vê na


figura seguinte

46
Sy(f)

DEP de um
sinal NRZ

f
-2/T -1/T 1/T 2/T

Os códigos NRZ são os mais fáceis de implementar e são geralmente utilizados para interpretar
dados digitais em equipamentos de processamento de dados e outros dispositivos. Os códigos NRZ
possuem ainda a vantagem de uma utilização eficiente da largura de banda quando comparados
com outros códigos que apresentaremos em seguida. As limitações dos sinais NRZ são a presença
de componentes DC e ausência de capacidade de sincronismo (extracção de relógio). Este último
aspecto é facilmente compreendido se notarmos que para uma larga sequência de 1's ou 0's o sinal é
constante não fornecendo portanto as transições necessárias para o sincronismo do relógio do
receptor. Estas desvantagens tornam os códigos NRZ pouco atractivos para efeitos de transmissão
de informação.
O código RZ apresenta uma vantagem em relação ao código NRZ visto que possui uma
componente discreta do espectro à frequência do relógio f0 =1/T. Contudo, tendo em conta outros
aspectos, o código RZ não apresenta vantagens significativas em relação ao código NRZ. Assim

(a) A sua DEP possui componentes significativas em DC.

(b) Não é transparente. Uma longa sequência de 0's pode originar erros na extracção do
relógio. Contudo uma sequência de 1's não introduz erros.

(c) A largura de banda deste código (lobo principal na DEP) é o dobro quando comparada
com a largura de banda do código NRZ.

47
Devido à sua simplicidade, o sinal RZ é utilizado em equipamento de transmissão e gravação
pouco sofisticados. Contudo não é a técnica utilizada na maior parte das aplicações.

II.7.4 - Código AMI (Alternate Mark Inversion)

Este código, por vezes designado também por código bipolar, utiliza três amplitudes: zero e níveis
positivo e negativo de igual grandeza (para simplificar a explicação designaremos os três níveis por
+1, 0 e -1). O '0' binário à entrada do codificador é representado por ak=0, e o '1' binário
representado por +1 ou -1. Dois 1's sucessivos são codificados com polaridades opostas (ver figura
anterior).

Para este código tem-se

R0 = E {a K2 }= (1) Pr (aK = 1) + (−1) Pr (aK = −1) + (0 ) Pr (a K = o )


2 2 2

1 1
Pode-se mostrar facilmente que Pr (aK = 1) = Pr (aK = −1) = e Pr (aK = o) = , obtendo-se
4 2
portanto:

1
R0 =
2

Os termos R1 e R2 da expressão da DEP podem se calculados se utilizarmos as probabilidades


conjuntas na tabela seguinte.

48
Tabela de probabilidades conjuntas

INFORMAÇÃO CÓDIGO AMI Probabilidades


de cada palavra
dk dk+1 dk+2 ak ak+1 ak+2
0 0 0 0 0 0 1/8
0 0 1 0 0 1 1/8
0 1 0 0 1 0 1/8
0 1 1 0 1 -1 1/8
1 0 0 1 0 0 1/8
1 0 1 1 0 -1 1/8
1 1 0 1 -1 0 1/8
1 1 1 1 -1 1 1/8

(admitiu-se que o último 1 na sequência imediatamente antes da transmissão considerada tinha sido codif
1).

As probabilidade conjuntas de (ak,ak+1) e (ak, ak+2) representam-se nas tabelas seguintes

aK aK
-1 0 1 -1 0 1
aK+1 aK+2

-1 0 0 1/4 -1 0 1/8 1/8

0 0 1/4 1/4 0 0 1/4 1/4

1 0 1/4 0 1 0 1/8 1/8

É fácil então concluir que

R1 = E{a K a K +1 }

∑ ∑ ijP (a = i, a K +1 = j ) = −
1
= r K
j i
4

e
R 2 = E{a K a K +2 }

∑ ∑ ijP (a = i, a K + 2 = j ) = − + = 0
1 1
= r K
j i
8 8

49
Pode-se mostrar por um processo idêntico que

Rn = 0 ,n > 2

A DEP do código AMI será então dada por

P( f ) ⎡ 1 1 jωT P( f )
2 2

Sy ( f ) = − (e + e − jωT )⎤ = [1 − cos 2πfT ]


T ⎣2 4 ⎦ 2T

É de notar que Sy(f)=0 para f=0, independente da forma de P(f). Então a DEP tem um nulo em DC
o que é desejável para acoplamento AC. Para o caso de impulsos rectangulares com largura T/2
tem-se:

⎛ fT ⎞
Sy(f )= ⎟[1 − cos 2πfT ]
T
sinc 2 ⎜
8 ⎝ 2 ⎠

Este espectro está representado na figura seguinte

S y(f)

Código AMI

Código bifásico

f
1/T 2/T

Comparando o sinal AMI com o sinal RZ, verificam-se melhorias consideráveis do primeiro destes
sinais nos seguintes aspectos:
• Diminuição considerável da energia às baixas frequências
• Diminuição também da energia na gama de frequências [1/T, 2/T]. Aqui o sinal RZ
tem energia bastante superior.
• Como consequência dos dois aspectos anteriores, a DEP do sinal AMI é bastante
mais compacto que a DEP do sinal RZ, o que beneficia a sua eficiência espectral.

No entanto, o sinal AMI apresenta uma potencial desvantagem, visto que a respectiva DEP perde a
componente à frequência do relógio. Contudo, esta deficiência tem aqui uma solução simples: se

50
rectificarmos o sinal AMI obtém-se o sinal RZ. Como se viu anteriormente, este último possui uma
componente discreta à frequência do relógio, podendo-se obter então o relógio por simples
filtragem do sinal AMI rectificado.

II.7.5 Código bifásico (ou de Manchester)

Como a DEP Sy(f) é o produto de |P(f)|2 com Sx(f), pode-se controlar a DEP controlando P(f) ou
Sx(f). No caso AMI, consegue-se um nulo para DC obrigando Sx(f)=0 para f=0. Consegue-se obter
o mesmo resultado fazendo com que P(f)=0 para f=0. Para se impor esta propriedade basta fazer
com que a área sob p(t) seja nula. A forma p(t) da figura seguinte possui esta propriedade

p(t)

T/2
t
-T/2

Neste código ak=+1 para o '1' de informação e ak=-1 para o '0' de informação. É fácil então concluir
que

{ }
R0 = E a K 2 = 1

Rn = E{a K a K +n } = 0

Pelo que

P( f )
2
Sy(f )=
T

Para o impulso p(t) da figura anterior

⎛t +T 4⎞ ⎛t −T 4⎞
p(t ) = rect ⎜⎜ ⎟⎟ − rect ⎜⎜ ⎟⎟
⎝ T 2 ⎠ ⎝ T 2 ⎠

51
e portanto

⎛ T⎞ ⎛ T⎞
P( f ) =
T T
sinc⎜ f ⎟e jω T 4
− sinc⎜ f ⎟e − jω T 4
2 ⎝ 2⎠ 2 ⎝ 2⎠

ou ainda
⎛ T ⎞ ⎛ ωT ⎞
P( f ) = jTsinc⎜ f ⎟ sen⎜ ⎟
⎝ 2⎠ ⎝ 4 ⎠
obtendo-se finalmente

⎛ T ⎛ π fT ⎞
Sy ( f ) = Tsinc 2 ⎝ f ⎞⎠ sen 2 ⎝
2 2 ⎠

Comparando esta DEP com a do sinal AMI (ver figura acima, gráfico para sinais AMI e bifásico)
verifica-se que o sinal bifásico ocupa uma maior largura de banda. O sinal bifásico tem contudo
uma vantagem visto que uma longa sequência de 0's não irá originar problemas no circuito de
extracção de relógio do receptor.

52
II.8 SINAIS COM IES CONTROLADA (sinais de resposta-parcial)

II.8.1 Sinal duobinário

Como se viu na secção II.6, um canal ideal com largura de banda igual a B pode transmitir
informação digital à frequência de 1 / T = 2 B impulsos/segundo com IES nula. Contudo, isto é
conseguido com um canal caracterizado por uma resposta impulsiva tipo filtro passa-baixo que é
fisicamente irrealizável. Para se manter a condição de IES nula e resolver o problema da
implementação é necessário transmitir a uma frequência inferior a 2B impulsos/segundo.

Nesta secção iremos manter a condição de 2B impulsos/segundo mas deixar de impor IES nula.
Obtém-se assim uma classe de impulso fisicamente realizáveis designados por sinais de resposta
parcial.

Comecemos por notar que o sinal à saída do filtro receptor pode ser expresso na seguinte forma:

+∞
⎛ K ⎞
y (t ) = ∑ x k h⎜ t − ⎟ (2.8.1)
K = −∞ ⎝ 2B ⎠

Onde os {x k } podem tomar os valores + 1 correspondentes aos 1's e 0's da sequência binária à
entrada do emissor. h(t) representa a resposta impulsiva do canal de transmissão e 2B representa a
frequência de transmissão em impulsos/segundo. No caso ideal mas fisicamente irrealizável

sen2πBt
h( t ) =
2πBt

e tem-se:

⎛ n ⎞ ⎧1 , n = 0
h( nT ) = h⎜ ⎟ = ⎨ (2.8.2)
⎝ 2 B ⎠ ⎩0 , n ≠ 0

A sequência {x k } é assim recuperada no receptor por uma simples amostragem de y(t) nos
instantes t = nT = n(1 / 2 B ) , n inteiro.

Vamos agora permitir IES ≠ 0 entre dois impulsos consecutivos. Um caso especial é o impulso
duobinário especificado no domínio dos tempos por:

53
⎛ n ⎞ ⎧1 n = 0,1
h( nT ) = h⎜ ⎟ = ⎨
⎝ 2 B ⎠ ⎩0 n ≠ 0,1 (2.8.3)

a que corresponde o seguinte espectro

⎧ 1

H( f ) = ⎨ 2 B
(
1 + e − jπ f B
) = B1 e − jπ f 2 B cos 2πBf , f ≤B
(2.8.4)
⎪0 , f >B

A figura seguinte representa H(f) bem como a correspondente forma de onda no domínio dos
tempos h(t)

4cos( πt T)
( )
h(t) =
π 1 - 4t 2 T 2

4/π
H(f)
1
1/B
1
T=
0.5 2B

f t
-B 0 B -3T -2T -T 0 T 2T 3T 4T

É de notar que em contraste com o sinal sin c( ⋅) , o espectro do sinal duobinário não possui
descontinuidades acentuadas e pode portanto ser mais facilmente aproximado por um filtro
fisicamente realizável. Consegue-se então transmitir à velocidade de Nyquist (2B
impulsos/segundo) num sistema prático desde que se utilize sinalização duobinária. No entanto,
como se verá adiante, este aproveitamento da largura de banda do canal de transmissão implica
uma maior complexidade do receptor devido ao facto de agora a IES ser ≠ 0.

Para se mostrar que a técnica duobinária introduz IES controlada, note-se que o sinal recebido no
receptor é dado por:

y ( t ) = ∑ xk h ( t − kT )
k

Se este sinal for amostrado nos instantes ta =kT então é óbvio que:

54
yk = y ( kT ) = xk + xk −1 (2.8.5)

A figura seguinte ilustra as formas de onda para xk=xk-1=1.

1 1 SIMBOLOS LÓGICOS
4/π A TRANSMITIR

1.0

t/T
0 T 2T 3T

Instantes de Amostragem

Como se pode verificar da figura, no instante de amostragem t=T, há IES apenas entre dois
símbolos adjacentes. Os outros símbolos não contribuem com IES no instante t=T.

Como cada amostra yk contém em si informações de dois símbolos consecutivos, é óbvio que para
se determinar o valor de um dado símbolo, se deverá subtrair de yk o valor do símbolo anterior. A
regra de decisão no receptor é então expressa por:

xˆ k = yk − xˆ k −1 (2.8.6)

onde xˆ k −1 representa a estimativa do símbolo anterior, xˆ k a estimativa do símbolo a ser detectado


e yk é valor da amostra do sinal recebido no instante kT.

Esta técnica de decisão, em que se utiliza a estimativa do símbolo anterior para estimar o valor do
símbolo a ser detectado, designa-se por decisão com realimentação. Note-se que na hipótese de os
xk 's poderem tomar valores + 1, yk pode tomar valores -2, 0 ou +2.

Apresenta-se em seguida um exemplo, (a) de codificação com detecção sem erros e outro exemplo,
(b) de detecção com erros.

55
No emissor

x -1 -1 1 1 -1 1 -1 -1 1
K

y -2 0 2 0 0 0 -2 0
K

(a)
No receptor

y -2 0 2 0 0 0 -2 0
K

x -1 -1 1 1 -1 1 -1 -1 1
K

No emissor

xK -1 1 1 -1 -1 1 -1 1

yK 0 2 0 -2 0 0 0

(b) nivel
No receptor errado

yK 0 0 0 -2 0 0 0

xK valor impossivel
-1 1 -1 1 -3 erro detectado

erro de propagação
decisão de erro

Do exemplo (b) tiram-se as seguinte conclusões:

(i) Um erro numa decisão provoca um erro na decisão seguinte, fenómeno que pode continuar
em decisões seguintes sucessivas. Para eliminar esta propagação de erros utiliza-se uma pré-
codificação apropriada (ver mais adiante).

56
(ii) A sinalização duobinária permite detectar erros através da ocorrência de estimativas
impossíveis (xk=-3 no exemplo anterior).

Por último notemos que num canal com largura de banda B se consegue aumentar indefinidamente
o ritmo de transmissão de informação desde que se aumentem os níveis de sinal por cada impulso.
Assim, por exemplo, num sistema com impulsos co-seno elevado a 100% (IES=0), consegue-se
transmitir 2B bits/segundo desde cada impulso tenha 4 níveis possíveis ( 2 m1 = n m1 / 2 → n = 4 ). No
caso de dois níveis por cada impulso apenas se conseguia transmitir B bits/segundo. Então uma
duplicação da velocidade de transmissão de informação exige uma duplicação do número de níveis
(para IES=0). No caso duobinário conseguiu-se a duplicação da velocidade de transmissão apenas
com três níveis recebidos, o que é uma vantagem visto a complexidade do receptor aumentar com o
número de níveis.

II.8.2 Sinal duobinário modificado

O sinal duobinário caracterizado pela equação (2.8.4) possui um elevado conteúdo de baixas
frequências. Como já referido anteriormente, esta particularidade é inconveniente em sistemas de
transmissão onde as componentes DC são filtradas por transformadores e condensadores de
acoplamento. Nestas situações utiliza-se o chamado sinal duobinário modificado que é definido no
domínio dos tempos por

,n = 0
⎛ n ⎞ ⎧
1
h = ⎨−1 ,n = 2
⎝ 2B ⎠
⎩0 ,n ≠ 0 ou 2

Pode-se mostrar que o espectro deste sinal é dado por:

⎧ e − j π f B jπ f
H( f ) = ⎨ 2B (
e B
− e − jπ f B
) = Bj sen πBf , f ≤B
(2.8.7)
⎩0 , f >B

A figura seguinte representa o impulso h(t) e o módulo da respectiva transformada de Fourier H(f).
Note-se que de facto a resposta em frequência é nula para f=0 como se pretendia.

57
H(f)

1/B sen πf
1/B B 1

-2T -T 0 T 2T 3T
f t
-B B

-1

O impulso h(t) transporta a informação xk no instante em que assume o valor unitário. O sinal
enviado para a linha é constituído por uma sequência de impulsos com valores unitários em kT, k
variando de - ∞ a + ∞ . O valor -1 (para xk=1) de cada impulso vai interferir com o valor do impulso,
colocado a +2T de distância. Então nos instantes de amostragem (que coincidem agora com o pico
positivo do impulso elementar) o sinal recebido yk é dado por:

yk = x k − x k − 2 (2.8.8)

Há ainda uma questão a analisar. É que o termo sen(π f / B) que aparece em H(f), equação (2.8.7),
não se consegue implementar facilmente num circuito prático. Este obstáculo é ultrapassado se
notarmos que H(f), equação (2.8.7), pode ser posto na forma:

H( f ) =
1
2B
(
1 − e − j 2π f B
) = 21B (1 − e − jπ f B )(1 + e − jπ f B ) , f ≤B

Multiplicando agora o terceiro factor da última equação por e jπ f 2B


e o conjunto por e − jπ f 2B

obtém-se:

e jπ f 2 B + e − jπ f 2 B − jπ f
H( f ) =
1
B
(
1 − e − jπ f B ) 2
e 2B

(2.8.9)
πf − j π f 2 B
(
= 1 − e − j ωT
B
1
)
cos
2B
e , f ≤B

Comparando a equação (2.8.9) com a equação (2.8.4) vê-se que o termo que multiplica 1 − e − jωT é
precisamente o sinal duobinário. Atendendo por outro lado a que o factor e − jωT representa um
atraso de T no domínio dos tempos, conclui-se que o sinal duobinário modificado pode ser obtido
pelo circuito prático representado na figura seguinte.

58
xk δ (t − kT )
Filtro y(t)
duobinário

Atraso, T

1 πf − jπ f 2B
cos e
B 2B

Atendendo-se a que:

yk = x k − x k − 2 → x k = yk + xk −2

pode-se ver facilmente que agora a regra geral de descodificação é a seguinte

xˆk = 1 se yk = 1
xˆk = 0 se yk = −1
xˆk = xˆk − 2 se yk = 0 (2.8.10)

Esta regra é válida para o caso em que xk toma os valores 0 ou 1.

II.8.3 Pré codificação

Como se viu anteriormente, a pré codificação destina-se a eliminar a propagação de erros. A figura
seguinte representa um sistema duobinário modificado com pré codificação.

59
Somador
Mod - 2 yk =ak -ak-2
aK Duobinário
xK
modificado

Atraso
2T

Desta figura conclui-se que:

ak = x k ⊕ ak − 2 (2.8.11)

obtendo então à saída

yk = ak − ak −2 = (x k ⊕ ak − 2 ) − ak − 2 (2.8.12)

Supondo que xk = 0 ou 1 e como ak = 0 ou 1, então yk = 0 , +1, ou -1. Pode-se ainda ver que no
receptor se obtém uma estimativa de xk através da regra:

xˆk = yk (2.8.13)

Como a decisão depende apenas da amostra actual yk , não pode haver propagação de erro.

II.8.4 Detecção de erros

A introdução de correlação entre bits no emissor permite a detecção de certos erros no receptor.
Para melhor compreensão deste conceito considere-se o seguinte exemplo de um sistema
duobinário modificado com pré codificação.

Deste exemplo conclui-se a seguinte regra para a detecção de erros: divida-se a sequência de
amostras yk em duas sequências: uma de amostras de ordem impar e outro de amostras de ordem
par. Em cada uma destas sequências, amostras sucessivas com valores extremos (+1 ou -1 neste
caso) devem sempre alternar em valor. No exemplo anterior a sequência de ordem impar é -1100-
101 e a sequência par 1-11000, onde de facto -1 e 1 alternam.

60
EMISSOR
xk 1 1 1 1 0 1 0 0 1 0 0 01
ak 1 0 0 1 1 0 1 1 1 1 0 1 0 11
yk -1 1 1 -1 0 1 0 0 -1 0 0 0 1

RECEPTOR
xˆk = yk 1 1 1 1 0 1 0 0 1 0 0 01

61
APÊNDICE 2.1

DEP de uma sequência de impulsos delta de Dirac

Considere-se uma sequência de impulsos delta de Dirac com duração infinita e em que a amplitude
dos impulsos possuem valores aleatórios. Analiticamente a sequência de impu-los que
designaremos por x (t ) pode ser escrita na seguinte forma

+∞
x (t ) = ∑ a δ (t − kT )
k
k =− ∞

Para se determinar a DEP deste sinal, Sx(f), considere-se em primeiro lugar cada impulso delta de
Dirac aproximado por um impulso rectangular de altura hk e largura ε de modo a que a sua área
seja igual a ak , isto é:

hk ε = ak

A série de impulsos rectangulares está representada na figura seguinte

h k-1
~
x(t)

kT (k+1)T
t
(k-1)T

hk hk+1

A função de auto correlação desta aproximação x˜ (t ) que designaremos por ℜ ˜x (τ ), é dada por

1 T0 2
T0 →∞ T ∫− T0 2
ℜ ˜x (τ ) = lim x˜ (t )x˜ (t + τ )dt
0

Vamos considerar vários casos para calcular este integral

62
(i) τ < ε . Neste caso cada um dos impulsos de x˜ (t ) contribui com hk2 (ε − τ ) para o integral
de ℜ ˜x (τ ). Isto pode-se deduzir facilmente da figura seguinte onde se representa a contribuição do
impulso com amplitude hk .

~ ~
x(t).x(t+ τ)
hK
x(t+ τ )
~ ∼x(t)
área=h 2( ε−τ)
K
t
τ
ε−τ

A função de auto correlação será então dada por

∑ hk 2 (ε − τ )
1
ℜ ~x (τ ) = lim
T0 →∞ T0 k
1 ⎛ε − τ ⎞
= lim
T0 →∞ T0
∑ a k 2 ⎜⎝ ε2 ⎠

k
R0 ⎛ τ⎞
⎜1 − ⎟ ,τ <ε
εT ⎝ ε⎠
em que
T
R0 = lim
T0 → ∞ T0
∑a
k
k
2

(ii) ε < τ < T − ε . Neste caso ℜ ˜x (τ ) = 0 visto não haver sobreposição de qualquer impulso
de x˜ (t ) com impulsos de x˜ (t + τ ).

(iii) T − ε < τ < T + ε . Agora os impulsos hk de x˜ (t ) vão-se sobrepor com os impulsos hk +1


de x˜ (t + τ ). Um raciocínio semelhante ao utilizado na alínea (i) permitiria concluir que agora

R1 ⎛ τ −T ⎞
ℜ ˜x (τ ) = 1− ,T − ε ≤ τ ≤ T + ε
εT ⎝ ε ⎠

com

T
R1 = lim
T0 →∞ T0
∑ ak a k +1

Dos resultados anteriores conclui-se que para τ ≤ T + ε , R ~x (τ ) é constituída por impulsos


triangulares centrados em 0 e T como se indica na figura seguinte .

63
R 0/ε T R ~x(τ ) área=R 0 /T
área=R 1 /T
R 1/ε T

R 2/ε T

τ
-2T -(T+ε ) -T -(T-ε ) -ε 0
ε (T- ε) T (T+ε ) 2T

Para τ > (T + ε ), obtinham-se outros triângulos centrados em nT e com amplitude Rn ε T em que

T
Rn = lim
T0 →∞
∑ aK a K + n
T0 K

Fazendo agora ε → 0, o sinal x˜ (t ) tende para o trem de impulsos delta de Dirac x (t ). Então ℜ ˜x (τ )
tende para ℜ x (τ ).

Ao fazer ε → 0, o trem de impulsos triangulares que constitui ℜ ˜x (τ ) tende para um trem de


R R1
impulsos delta de Dirac com áreas o , ,... etc., pelo que se obtém
T T

1 +∞
ℜ x (τ ) = ∑ Rnδ (τ − nT )
T n= − ∞

Como o número de impulsos num intervalo de tempo To é dado por To/T , conclui-se que , Rn é a
média de conjunto, isto é,

Rn = E {ak ak + n }

A DEP de x(t) é obtida achando a transformada de Fourier de ℜ x (τ ):

1 +∞
Sx ( f ) = F[Rx ( τ )] = ∑
T n =− ∞
Rn e
− jnω T

64
III - MODULAÇÃO DE PORTADORAS SINUSOIDAIS EM SISTEMAS
DIGITAIS

III.1 - INTRODUÇÃO

No capítulo anterior foram estudados vários métodos de transmissão de informação através da


modulação de impulsos. Obtém-se assim sequências de impulsos genericamente designados por
sinais de banda base. Estes sinais não podem ser enviados directamente para a maioria dos canais
de transmissão, visto estes apresentarem características favoráveis apenas em certas gamas de
frequências. É então necessário elevar as frequências dos sinais de banda base de modo a fazer
coincidir a respectiva frequência com a gama de frequências favoráveis do canal de transmissão.
Isto consegue-se fazendo variar a amplitude, fase ou frequência de uma onda sinusoidal de alta
frequência (designada por portadora), em correspondência com as características do sinal de banda
base. Este método de transmissão de informação é designado por modulação C-W. ('continuous
wave').

Entre outros factores que determinaram a utilização em larga escala da modulação C-W
salientamos:

(i) radiação mais eficiente da energia electromagnética. Para que uma antena radie energia
com boa eficiência é necessário que as suas dimensões físicas sejam da ordem do comprimento de
onda a radiar. Assim quanto mais elevada for a frequência mais compacta será a respectiva antena.

(ii) Aumento da largura de banda disponível, visto esta ser uma certa percentagem da
frequência da portadora. Quanto maior a frequência da portadora maior será em valor absoluto a
largura de banda disponível.

(iii) utilização mais eficiente de um dado canal de transmissão por multiplex na frequência
(FDM, 'Frequency Division Multiplexing')
III.2 - ASK ('Amplitude Shift Keying')

Como se referiu anteriormente, dada uma portadora sinusoidal

(
A p cos ω p t + θ )
a informação pode ser transmitida por variação da amplitude Ap, frequência ωp ou fase θ. Na
modulação de amplitude, designada por ASK no caso particular de o sinal banda base ser digital, a
portadora modulada xp(t) tem a seguinte forma:

x p (t ) = A p x( t ) cos ω p t (3.2.1)
↑ ↑ ↑
portadora sinal portadora
modulada modulante

onde x(t) =1 ou 0, em intervalos de T segundos, no caso de um sinal modulante binário.

A figura seguinte apresenta um exemplo de xp(t) para uma dada sequência de 1's e 0's.

1 0 1 1 0

x(t)

x p(t)

A transformada de Fourier de xp(t) é dada por

[
X p ( f ) = AX ( f )∗ F cos ω p t ]
1
[( ) ( 
= AX ( f )∗  δ f − f p + δ f + f p 
 2 
)] (3.2.2)

=
A
2
{ ( )
X f − fp + X f + fp ( )}

Esta equação tem a seguinte interpretação gráfica.

2
Xp(f)
X(f) X(f+fp) X(f-fp)

f f
-B B -fp fp

Sinal modulante -> largura de banda B. Portadora modulada -> largura de banda 2B

Exemplo: No caso particular em que x(t) é uma sequência de 1's e 0's alternados xp(t) e Xp(f) têm a
seguinte forma (o espectro é representado apenas para as frequências positivas):

x p(t)

1 0 1 0 1 0

t
T 2T 3T 4T 5T

X p(f) 1
(f p+ T )
~
~

f
1 1
(f p- 2T ) f p (f p+ 2T )

No caso mais real, o sinal modulante x(t) é uma forma de onda constituída por uma sequência
aleatória de impulso rectangulares com duração T e amplitude unitária ou nula, dependente da
estatística dos zero's e um's de informação a transmitir. Pode-se então escrever

x( t ) = d ( t − T ')

onde T' representa um atraso aleatório com fdp uniforme no intervalo [0, T] e


d (t) = ∑ a k g[t − ( k − 1) T ], a k = 0 ou 1
k =−∞

3
No caso de sinais NRZ, tem-se

1 se 0 ≤ t ≤ T
g( t ) = 
0 nos outros pontos

Se considerarmos que a fase da portadora é aleatória, pode-se mostrar que a DEP do sinal ASK,
xp(t), é dada por

A p2
S xp ( f ) =
4
[S ( f − f ) + S ( f + f )]
x p x p

Se x(t) for um sinal RZ, com os a k ' s estatisticamente independentes e assumindo os valores 0 ou 1
com igual probabilidade, do resultado obtido no Capítulo 2 para o espectro de x(t), obtém-se

A p2 T  ( f − f p )T   1 + ∞  n 
S xp ( f ) = sinc 2   1 + ∑ δ  ( f − f p ) − 
4 16  2   T n = −∞  T 
A p2 T  ( f + f p )T   1 + ∞  n 
+ sinc 2   1 + ∑ δ  ( f + f p ) − 
4 16  2   T n = −∞  T 

Na figura seguinte representa-se esta DEP, considerando apenas as frequências positivas

Sxp(f)
DEP de um sinal ASK
(sinal modulante RZ)

fp+2/T

f
~
~

fp-1/T fp fp+1/T

4
No caso em que x(t) é um sinal NRZ, a DEP do sinal ASK toma a forma indicada na figura seguinte

Sxp(f)
DEP de um sinal ASK
(sinal modulante NRZ)

fp+1/T

f
~
~

fp -1/T fp+2/T
fp

5
III.3 FSK ('Frequency -Shift Keying')

Neste tipo de modulação, a informação é enviada na frequência. Fazendo-se corresponder aos 1's e
o's frequências diferentes tem-se:

x (t ) = 1 → x p (t ) = A cos ω1 t
(3.3.1)
x (t ) = 0 → x p (t ) = A cos ω 2 t

fazendo f 1 = f p − ∆f e f 2 = f p + ∆ f onde ∆ f é o desvio de frequência, virá

x p (t ) = A cos(ω p ± ∆ω )t + para os 0's - para os 1's (3.3.2)

O espectro de xp(t) é difícil de obter no caso em que x(t) é uma sequência aleatória de 1's e 0's.
Para efeitos de definição da largura de banda de xp(t), iremos considerar o seguinte caso particular:
• x(t) é constituída por uma alternância de 1's e 0's
• f1=m/T e f2=n/T, m e n inteiros

Nestas condições xp(t) pode ser considerado a soma de dois sinais ASK com frequências diferentes
e atrasados de T, um em relação ao outro. Então o espectro Xp(f) será constituído pela soma de
dois espectros ASK centrados nas frequências f1 e f2 como se mostra na figura seguinte. Nesta
1
figura, as componentes localizadas em (f p + ∆ f )± foram multiplicadas por -1, correspondente a
2T
uma rotação de fase igual a π. Esta rotação deve-se ao facto de que se x(t) for uma sequência de 1's
e 0's centrada em t=0, a expressão de xp(t) quando se transmitem 0's é dada por:

x p (t ) = x(t − T ) cos(ω p + ∆ω )t

A um atraso nos tempos de T corresponde na frequência uma rotação de fase igual a ωT. Esta
1
rotação é (2n + 1)π para as linhas espectrais localizadas em (f p + ∆ f )± .
2T

6
xp(t)

0 1 0 1

sinal
FSK t

1
X p (f) 2T (fp+∆f)
(fp-∆f)

espectro do
sinal FSK
1
~
~

~
~
~
~
(∆ f >> T ) f
fp

2∆f

2∆f+2B

Da figura anterior conclui-se que a largura de banda da portadora modulada é dada por:

BT = 2 ∆ f + 2B (3.3.3)

onde B é a largura de banda do sinal modulante.

Antes de terminar esta secção iremos dar uma forma mais usual à equação (3.3.3). Para isso
definamos primeiro o índice de modulação, β

∆f
β= (3.3.4)
B

A equação (3.3.3) tomará então a forma:

BT = 2B (1+ β ) (3.3.5)

7
III.4 - PSK ('Phase Shift Keying')

Neste caso a portadora é dada por:

x p ( t ) = cosω p t ← 1' s
x p ( t ) = − cos ω p t ← 0' s

Apresenta-se na figura seguinte uma forma de onda PSK.

1 0 1 1 0

PSK

O sinal PSK pode ser considerado como resultante da multiplicação do sinal NRZ bipolar, p(t ) ,
pela portadora cosωpt como se indica na figura seguinte.

1 0 1 1 0
+1

p(t)
-1

Portadora

PSK

Então a expressão alternativa do sinal PSK será:

x p ( t ) = p(t ) cosω p t

8
A DEP do sinal PSK terá portanto a forma de banda lateral dupla, característica de um sinal ASK.
No entanto a portadora não está agora presente, com se pode ver na figura seguinte (apenas para as
frequências positivas.

DEP de um
sinal PSK

fp+1/T

fp -1/T fp fp+2/T
f
Desta figura conclui-se que a largura de banda do sinal PSK é dada por

BT = 2 B

onde B é a largura de banda do sinal modulante p(t ) .

III.5 - Detecção de sinais binários.

Como se verá adiante, em presença de ruído aditivo os sistemas PSK apresentam desempenho
óptimo. No entanto os sistemas ASK e FSK também são muito utilizados na prática. Apesar do seu
pior desempenho em presença de ruído, estes últimos sistemas apresentam a vantagem de uma
detecção mais simples como se verá em seguida.

III.5.1- Detectores síncronos

Na prática utilizam-se essencialmente dois tipos de desmoduladores (detectores): detectores


coerentes ou síncronos, e detectores de envolvente. No detector síncrono multiplica-se o sinal de
entrada por uma portadora gerada localmente. Para sinais ASK e PSK o detector representa-se na
figura seguinte.

9
F. P. banda F. P. baixo

f f
fp

xp(t)=x(t)cosωpt ALcosωpt Saída binária


ALx(t)/2

No caso de sinais FSK, o desmodulador coerente terá a seguinte forma:

F. P. banda
y1(t)
F. P. baixo
f
f1
+ 1
T
cosω1t
x p(t) -
F. P. banda

F. P. baixo
y2(t)
f
f2

cosω2t
A
Nesta última figura, quando um bit 1 está presente, então x p (t ) = A cos ω1t , obtendo-se y1 (t ) =e
2
y2 (t ) = 0 . Por outro lado quando se transmite um 0, x p (t ) = A cos ω 2 t e portanto y1 (t ) = 0 e
A
y2 (t ) = . Nos instantes de amostragem à saída obtém-se então os valores lógicos correctos.
2

O inconveniente dos sistemas síncronos é que exigem uma boa sincronização em frequência e em
fase do oscilador local com o sinal de entrada. Para mostrar isto consideremos que a portadora local
tem uma frequência ωp + ∆ ω, isto é, um erro de frequência igual a ∆ ω. No caso de um sinal ASK
tem-se:
AL x(t ) cos ω p t cos(ω p + ∆ω )t =
AL
2
[ ]
cos(2ω p + ∆ω )t + cos ∆ω t x(t ) ← Saída do multiplicador

AL x(t )
cos ∆ω t ← Saída do FP baixo
2

Sinal x(t) transladado na frequência de ∆ ω

Por outro lado se a portadora local tiver um erro de fase θ, isto é se ela for definida por cos(ω t + θ )
teremos à saída do filtro passa baixo (F. P. baixo) do receptor PSK ou ASK:

10
A L x( t ) θ = 0 → sinal desejado
cosθ →  π
2 θ = → saída nula
 2

π
Quando θ > e o sinal transmitido for um sinal PSK, x(t) inverte a sua polaridade pelo que os 1's
2
se transformam em 0's e os 0's em 1's. Daqui se conclui que o sincronismo de fase é muito
importante.

É de notar que o sincronismo é muito mais difícil de obter em sistemas modulados quando
comparados com sistemas de banda base. Nestes últimos a sincronização era por exemplo dentro de
um intervalo de um bit; enquanto que nos sistemas modulados a sincronização deverá ser efectuada
1
à escala de << T , sendo portanto muito mais difícil de concretizar.
fp

Utilizam-se vários métodos para obter a informação necessária para a sincronização:


(i) Uso de um padrão tempo

(ii) Uso de um sinal de sincronismo separado

(iii) Extracção de informação de portadora / relógio directamente do sinal modulado. Este


método é designado por auto-sincronização.

No primeiro método o emissor e receptor são controlados por uma fonte de temporização precisa.
Este método é muito utilizado em grandes redes de dados, mas é raramente utilizado em ligações
ponto-a-ponto.

Em ligações ponto-a-ponto utiliza-se frequentemente sinais de sincronismo separados na forma de


portadoras piloto. Estas são enviadas em conjunto com o sinal modulante utilizando um dos
métodos seguintes:

(a) por multiplex na frequência, fazendo-se coincidir a portadora piloto com um nulo do
espectro de potência do sinal modulante

(b) por multiplex no tempo, onde o sinal modulado é interrompido por um intervalo de tempo
pequeno durante o qual se transmite o sinal de sincronismo.

11
Nos métodos (a) e (b) anteriores, o sinal de sincronismo é isolado no receptor e utilizado para
sincronizar o oscilador local e controlar as operações de amostragem no receptor.

Nos métodos de auto-sincronismo a portadora local de referência e a informação de temporização é


extraída a partir das ondas moduladas. A figura seguinte representa o diagrama de blocos de um
circuito que obtém uma portadora local coerente a partir de um sinal PSK. Pela análise dos sinais à
saída de cada um dos blocos constituintes, facilmente se conclui que à saída se obtém uma onda
sinusoidal com a mesma frequência da portadora.

Circuito F. P. Banda Divisor de


Quadrador Frequência

A2 A2
cos ω p t cos 2ω p t cos ω p t
± A cosω p t
2
2 2

Então, um receptor PSK completo será o indicado na figura seguinte, onde se inclui o circuito
extractor da portadora:

F. P. banda F. P. baixo
Sinal PSK

fp f f

Saída binária
Extractor da Banda base
portadora

O circuito extractor da portadora analisado acima tem contudo um problema: a fase da portadora
extraída tem uma ambiguidade de fase igual a π. De facto, a portadora extraída é sempre
A2
cos ω p t para as duas situações seguintes
2

± A cos ω p t (3.5.1)
ou

± A cos(ω p t + π ) (3.5.2)

No caso do sinal (3.5.1), a portadora extraída está em fase com a portadora utilizada no emissor. Já
na situação (3.5.2), a portadora extraída está desfasada de π relativamente à portadora do emissor.
Como se viu anteriormente, a uma desfasagem de π entre as duas portadoras corresponde uma
inversão do sinal à saída do desmodulador PSK, pelo que teremos erros em todos os bits recebidos.

12
Este problema pode ser resolvido se utilizarmos um código diferencial antes de efectuar a
modulação PSK como se indica na figura seguinte.

Informação Informação recuperada


(Valores lógicos (Valores lógicos
1 e 0) Codificador Modulador Canal de Desmodulador 1 e 0)
diferencial Descodificador
PSK transmissão PSK
diferencial

Extracção
de
portadora

O codificador diferencial tem a seguinte regra. Quando surge um '0' lógico à entrada do
codificador, a amplitude do sinal de saída muda, comutando para o nível superior se estiver
anteriormente no nível inferior e vice-versa. No caso de aparecer um o '1' lógico à entrada do
codificador, a saída deste permanece no mesmo nível, isto é, não há nenhuma modificação no sinal
de saída. A tabela seguinte mostra um exemplo da sequência de níveis à saída do codificador, para
uma dada sequência de valores lógicos à sua entrada.

Mensagem (valores lógicos) à entrada do codificador 0 1 1 0


Saída do codificador diferencial 1 0 0 0 1
Fase à saída do modulador PSK 0 π π π 0

Suponhamos agora que há um erro de fase na portadora do receptor. Como se ilustra na tabela
seguinte, nesta situação o sinal à saída do desmodulador PSK (no receptor) aparece invertido em
relação ao sinal à entrada do modulador PSK (no emissor), mas o sinal lógico à saída do
descodificador diferencial (no receptor) coincide com o sinal à entrada do codificador diferencial
(no emissor). Assim, considerado o sistema total, não há problemas na transmissão da informação,
apesar da incerteza da portadora.

Mensagem (valores lógicos) à entrada do codificador 0 1 1 0


Saída do codificador diferencial 1 0 0 0 1
Fase à saída do modulador PSK 0 π π π 0
Saída do desmodulador PSK (erro de π na portadora) 0 1 1 1 0
Mensagem (valores lógicos) à saída do descodificador 0 1 1 0

Note-se que o codificador diferencial pode também ter a seguinte regra. Quando surge um '1' lógico
à entrada do codificador, a amplitude do sinal de saída muda, comutando para o nível superior se
estiver anteriormente no nível inferior e vice-versa. No caso de aparecer um o '0' lógico à entrada

13
do codificador, a saída deste permanece no mesmo nível, isto é, não há nenhuma modificação no
sinal de saída.

Em relação ao sinal de relógio necessário para os circuitos em banda base do receptor, se a


frequência da portadora for um múltiplo da velocidade de transmissão de bits, então a informação
de temporização a nível de banda base (relógio) pode ser obtida a partir da portadora local por um
operação de divisão da frequência. Alternativamente, pode-se utilizar um esquema de auto-
sincronismo em que o sinal de relógio é extraído do sinal banda base.

III.5.2 - Detectores de envolvente

Para se evitar problemas de sincronismo relacionadas com a detecção síncrona pode-se utilizar um
detector de envolvente. Uma implementação simples de um detector de envolvente para sinais
ASK, está representada na figura seguinte.

Entrada Saida

Como um sinal FSK pode ser considerado como a soma de dois sinais ASK entrelaçados, um
possível detector não coerente para sinais FSK é o seguinte:

F. P. banda Detector de
Envolvente
fp+∆f
1
+ T
Dispositivo
de limiar
xp (t) -

F. P. banda Detector de
fp−∆f Envolvente

14
III.6 - TRANSMISSÃO COM MULTISIMBOLOS

Como se viu no capítulo anterior, utilizando o sinal de Nyquist ideal consegue-se transmitir a um
ritmo de r bit/seg. com um canal de largura de banda r/2 Hz, caso se utilizem sinais binários. Isto
corresponde a transmitir 2 bits/seg./Hz. Contudo, se combinarmos n dígitos binários e os fizermos
corresponder a um de M=2n símbolos, consegue-se transmitir a 2n bits/seg./Hz. Estes últimos
sistemas são designados por sistemas de mulitsímbolo ou sistemas M-ários de que estudaremos em
seguida alguns exemplos de esquemas de multifase, multiamplitude e multifase/multiamplitude.

III.6.1 -Sistemas de multifase

Num sistema PSK quaternário (QPSK) combinam-se dois impulsos binários sucessivos e os quatro
pares binários resultantes são utilizados para disparar uma onda sinusoidal de alta frequência com 4
fases possíveis. A portadora modulada terá então a seguinte forma:

si (t ) = cos(ω p t + θ i ),
T T
i = 1,2,3, 4 − ≤t ≤ (3.6.1)
2 2

Dois conjuntos de valores possíveis para θi são:

π
θ i = 0, ± , π (3.6.2.a)
2
ou
π 3π
θi = ± ,± (3.6.2.b)
4 4

Note-se que o sinal QPSK (3.6.1) pode ser expresso alternativamente na forma:

si ( t ) = ai cos ω p t + bi sen ω p t i = 1,2,3,4 0 ≤ t ≤ 2T (3.6.3)

onde os pares (ai, bi) assumem os seguintes valores:

−π π
θi → 0 π
2 2 (3.6.4)
(ai ,bi ) → (1,0) (0,1) ( −1, 0) (0,−1)

ou

15
π 3π − 3π −π
θi →
4 4 4 4 (3.6.5)
( 2ai , 2bi ) → (1,−1) ( − 1,−1) ( − 11, ) (11, )

É muitas vezes útil representar os sinais (3.6.3) num diagrama bi-dimensional onde o eixo
horizontal representa a amplitude da componente em fase (termo em cosωpt) e o eixo vertical
representa a amplitude da componente em quadratura (termo em senωpt). Os dois conjuntos de
quatro sinais correspondentes às distribuições de fases (3.6.4) e (3.6.5) terão então as seguintes
representações (constelações de sinais)

Em Fase

Em Quadratura

Equação (3.6.4) Equação (3.6.5)

A figura seguinte apresenta uma possível implementação de um modulador QPSK

cosωpt

Entrada ai
Binária Armazena QPSK
2 bits bi
r bits / seg r/2 simbolos/seg
r/2 /seg

senωpt
(a) Modulador QPSK

16
1/r
2/r
1 0 0 1
Modulador
QPSK t
t

10 01
-cosωpt senωpt
(b) Exemplo correspondente à equação (3.6.4) com a seguinte correspondência

pares binários → 00 01 10 11
−π π
θi → 0 π
2 2

A figura seguinte apresenta um exemplo de um desmodulador QPSK

ALcos(ωpt+45º) Amostragem
em K(2T)
2T
dt
0 s 01(t)
Entrada
QPSK

2T
dt
0 s 02(t)

ALcos(ωpt-45º)

Para se compreender o funcionamento deste desmodulador considere-se o seguinte conjunto de


sinais correspondentes à equação (3.6.4):

s1 (t ) = A cosω p t 

s2 ( t ) = A sen ω p t 
 para 0 ≤ t ≤ 2T
s3 (t ) = − A cosω p t 
s4 ( t ) = − A sen ω p t 

Supondo por exemplo que se transmitiu s1(t), os sinais à saída do receptor serão:

17
A cos ω pt × AL cos (ω p t + 45º ) dt
2T
s01 ( 2T ) = ∫
0

AAL π
= 2T cos = K 0
2 4
e
A cos ω pt × AL cos (ω p t − 45º ) dt
2T
s02 ( 2T ) = ∫
0

AAL π
= 2T cos = K 0
2 4

Do mesmo modo se poderia demonstrar os seguintes resultados :

Entrada
Saida s1(t) s2(t) s3(t) s4(t)

K0 -K0 -K0 K0
s01(2T)

K0 K0 -K0 -K0
s02(2T)

Como existe uma correspondência biunívoca entre cada sinal transmitido e o par de valores à saída
do desmodulador, o sinal transmitido pode ser detectado sem ambiguidades.

III.6.2 - Sinal QAM ('Quadrature Amplitude Modulation')

Geram-se sinais QAM se ai e bi na equação (3.6.3) assumem uma série de valores. Geram-se assim
M símbolos (QAM M-ário) definidos pela expressão

si ( t ) = ai cos ω p t + bi sen ω p t , i = 1,2,..., M 0 ≤ t ≤ nT

onde M = 2 n .

Pode-se interpretar o sinal resultante como possuindo modulação de amplitude de multinível


aplicada independentemente a cada uma das duas portadoras em quadratura (cos ωpt e sen ωpt). A
figura seguinte apresenta a constelação correspondente a um sinal QAM com 4 níveis de
amplitudes por cada portadora (l6 símbolos)

18
O desmodulador seguinte pode ser utilizado para recuperar a informação digital contida num sinal
QAM.

F. P. Baixo Detector de
Nivel
Entrada
QAM cos ωpt
Comparador
π/2

F. P. Baixo Detector de
Nivel

Para se determinar a largura de banda, BT, necessária à transmissão de um sinal QAM note-se que a
largura de banda de cada um dos sinais (sequências de ai e bi) que modulam as portadoras em
quadratura é dada por:

BT
B= (3.6.6)
2
Esta relação provém do facto de que as portadoras em quadratura são moduladas em ASK ou PSK
onde se tem BT = 2 B .

Por outro lado, concluiu-se no capitulo 2 que quando se utiliza um filtro coseno - elevado, a largura
de banda base necessária para uma velocidade de transmissão de r símbolos por segundo é dada
por:

r r
B= +β 0≤β ≤
2 2
r (3.6.7)
= (1 + R )
2

19
onde R = β / r / 2 (0 ≤ R ≤ 1) é o factor de 'roll-off', do coseno-elevado. De (3.6.6) e (3.6.7)
obtém-se que a velocidade de transmissão permitida num canal de largura de banda BT Hertz é:

2B B
r= = T simbolos / seg (3.6.8)
1+R 1+ R

Se utilizarmos um sinal com M = 2n estados possíveis (caso do QAM), a velocidade de transmissão


(em bits/seg) é dada por:

nBT
rb = bits / seg (3.6.9)
1+ R

Exemplo:

Para se ilustrar as considerações feitas anteriormente considere-se a transmissão de sinais digitais


através das linhas telefónicas. Estas aceitam sinais na gama 300Hz a 3400Hz e portanto deverão ser
utilizados modems (moduladores desmoduladores) para transmitir sinais digitais através dessas
linhas. De acordo com as velocidades de transmissão requeridas assim se utiliza um ou outro tipo
de modulação. Assim:

(i) Para velocidades de 600 a 1200 bits/seg utiliza-se FSK, com o respectivo espectro
moldado de modo a se adaptar às características da linha telefónica.

(ii) Para velocidades superiores a 1200 bits/seg. é necessário utilizar sinalização multinível. O
sinal QPSK, com coseno-elevado a 100% e utilizando a gama 600 a 3000 Hz, é suficiente para a
velocidade de 2400 bit/seg como mostram os seguintes cálculos.

nBT 2( 3000 − 600)


rb = = = 2400bit / seg
1+ R 1+1

(iii) Para BT -> 600 a 3000 Hz, PSK-8fases, coseno elevado a 50 %

3 × 2400
rb = = 4800bit / seg
1 + 0.5

(iv) BT -> 300 a 3000 Hz, 16-QAM, coseno-elevado a 10% -> rb = 9800 bits / seg . Para este
tipo de modulação as normas da ITU recomendam 9600 bis/seg, o que está de acordo com os
cálculos.

20
III.7 - MODULAÇÃO EFICIENTE NO ESPECTRO

III.7.1 - OQPSK (Offset QPSK)

Alguns emissores PSK possuem um filtro passa banda para controlar a gama de frequências
transmitidas. Contudo, essa filtragem pode produzir variações consideráveis na envolvente do sinal
PSK como se verá mais adiante. Os amplificadores de potência utilizados em microondas
funcionam geralmente na região não-linear o que contribui para alisar estas variações de
envolvente, dando assim origem a componentes da frequência fora da banda que se pretende
limitar, o que torna inútil o filtro passa banda.

Para combater este problema desenvolveu-se uma forma especial de QPSK, designada por OQPSK
(Offset Quadrature Phase Shift Keying). A figura seguinte apresenta o diagrama de blocos de um
emissor OQPSQ. A expressão matemática deste sinal coincide com (3.6.3)

si ( t ) = ai cos ω p t + bi sen ω p t i = 1,2,3,4 0 ≤ t ≤ 2T

Contudo, o sinal que modula a portadora em quadratura (bi) é atrasado de um período de bit, pelo
que ocorrem rotações de fase todos os T segundos em vez de 2T segundos como sucedia em QPSK.
Devido a este facto, as rotações de fase em OQPSK não excedem +π/2 radianos, sendo portanto
menos que os valores +π radianos do QPSK.

A redução do valor da rotação de fase máxima para metade, resulta em muito menores variações da
envolvente à saída do filtro passa-banda eventualmente utilizado para filtrar o sinal OQPSK.

(r/2 bits/seg)

cos(ωpt+π/4)

ai ~
Entrada Conversor
de Dados OQPSK
Binária
bi - π/2
(r bits/seg)
sen(ωpt+π/4)
Atraso T
(r=1/T)

21
As rotações de fase possíveis para um sistema QPSK e sistema OQPSK estão ilustradas na figura
seguinte.

SINAL cos(ωpt+π/4)
QPSK

1 2

1 2

sen(ωpt+π/4)

SINAL
OQPSK cos(ωpt+π/4)

1 2

1 2

sen(ωpt+π/4)

III.7.2 - Modulação de Frequência. Conceitos Fundamentais

Antes de iniciarmos o estudo de sistemas baseados na modulação contínua da frequência,


definiremos previamente alguns conceitos básicos. Consideremos para isso a portadora

cos θ p (t ) = cos(ω p t + θ 0 ) (3.7.1)

22
Neste caso diz-se que esta sinusóide tem uma frequência f p , valor este obtido por derivação de
θ p (t ) , isto é,

1 dθ p (t )
fp = (3.7.2)
2π dt

No caso geral em que se faz variar θ p (t ) de acordo com o sinal modulante x(t), a portadora
modulada terá forma:

x p ( t ) = A p cosθ p ( t ) (3.7.3)

em que θ p (t ) deixa de ter a forma simples expressa na equação(3.7.1). Não se poderá então falar
na frequência da onda como um parâmetro fixo, mas pode-se definir a frequência instantânea fi de
um modo semelhante à equação (3.7.2), isto é:

ωi 1 dθ p (t )
fi = = (3.7.4)
2π 2 π dt

Embora haja diversas formas possíveis de fazer variar θ p (t ) em conformidade com x(t), apenas
duas se revelaram com importância prática. Numa destas formas, modulação de fase (PM, Phase
Modulation), θ p (t ) varia linearmente com x(t):

θ p (t ) = ω p t + θ 0 + K1 x (t ) (3.7.5)

Na outra forma a frequência instantânea varia linearmente com x(t), obtendo-se então um sinal
FM:

ω i = ω p + K2 x (t ) (3.7.6)

Utilizando (3.7.4) conclui-se que

θ p (t ) = ∫ ωi dt (3.7.7)
No caso particular em que a frequência instantânea é dada por (3.7.6), obtém-se:

θ p (t ) = ω p t + θ0 + K2 ∫ x(t )dt

É muitas vezes útil representar a portadora modulada na forma fasorial. De (3.7.3) tem-se que:

23
x p (t ) = cos θ p (t ) = Re e [ jθ p (t )
] (3.7.8)

Como nesta representação a portadora modulada é uma função exponencial do sinal modulante
x(t), os dois tipos de modulação acima definidos são também designados por modulação
exponencial. Atendendo a que por outro lado θ p (t ) é a posição angular do fasor respectivo também
se designa este tipo de modulação por modulação angular.

III.7.3 - Sinais CPFSK (Countinuos Phase FSK) e MSK (Minimum Shift Keying)

A figura seguinte representa dois modos de efectuar modulação de frequência com um sinal
modulante digital. A figura (a) representa a modulacão FSK anteriormente estudada: o sinal digital
modulante x(t) controla um comutador C que selecciona a frequência modulada ligando um de N
osciladores. Portanto, o sinal modulado xp(t) é descontínuo em cada

x(t) C x p(t), x(t) Modulador de x p(t),


FSK Frequência CPFSK

~
~ ~ ... ~
fp
f1 f2 fN

(a) (b)

instante de comutação de C, a não ser que ajuste a amplitude, fase e frequência de cada oscilador
com bastante cuidado. Para se evitarem estas descontinuidades x(t) poderá modular a frequência de
um único oscilador como se indica na figura (b). Obtém-se assim o sinal CPFSK (Continuous -
Phase FSK). Tal como acontecia com o FSK, também a análise do sinal CPFSK se revela dificil.
Devido a este facto iremos estudar apenas um caso particular do sinal CPFSK. Começaremos por
uma formulação geral do sinal CPFSK. Assim se x(t) da figura (b) anterior tiver o seu inicio em
t=0, tem-se:

∞  Ts 
 t − 2 − KTs 
x( t ) = ∑ a k rect  
k =0  Ts
 
Nesta expressão a k = ±1,±3,...±( M − 1) , com M par e Ts = nT M = 2 n . ( )

24
A frequência instantânea à saída do modulador de frequência CPFSK será proporcional ao sinal
x( t ) :

ωi ( t ) = ω p + ∆ωx( t )

O sinal CPFSK será então obtido substituindo a expressão de ωi ( t ) na Equação (3.7.7) e utilizando
finalmente (3.7.3):

x p (t ) = A p cos ω p t + θ0 + ∆ω ∫ x(t ')dt ' , t ≥ 0


t
0

Substiuindo x(t) no integral obtém-se:

∞  Ts 
t t t '− 2 − kTs 
∫0 x( t ') dt ' = ∑ a k ∫0 rect  Ts
 dt '
K =0  
= a0t o < t < Ts
= a 0 Ts + a1 (t − Ts ) Ts < t < 2T
 K −1 
=  ∑ a j  Ts + a k (t − kTs ), kTs < t < ( k + 1) Ts
 j =0 

O sinal modulado será então dado por:

∞  t − Ts − kT 

k =0
[
x p (t ) = A p ∑ cos ω p t + θ0 + φk + ∆ωa k ( t − kTs ) ] 
× rect 

2
Ts
s
 , t ≥ 0
 

onde
k −1
φk = ∆ωTs ∑ a j ,k ≠ 0
j =0
= 0 ,k = 0

A formulação anterior mostra que o sinal CPFSK exibe um salto na frequência igual a
∆f (a k − a k −1 ) , onde ∆f = ∆ω / 2π , no inicio de cada intervalo kTs < t < ( k + 1) Ts , tal como
sucedia no FSK. Contudo, dentro deste intervalo há uma rotação de fase gradual que no fim do
intervalo perfaz φ K . Assim, a rotação de fase num dado instante depende dos dígitos anteriores.
Esta rotação de fase é devida ao processo de modulação de frequência utilizado que impõe
continuidade de fase para todo o t. Infelizmente, a contribuição de todos os ak's para o valor de φ K

25
complica bastante a análise espectral do sinal CPFSK. Devido a este facto, analisaremos em
seguida apenas um caso particular importante do CPFSK: o caso binário designado por MSK
(Minimum Shift Keying)

Na modulação MSK faz-se

r
∆f = ,aK = ± 1
4

r
O espaçamento entre frequências é agora 2 ∆f = , isto é, metade do ritmo de transmissão de bits,
2
o que resulta num espectro bastante compacto. Por outro lado, a continuidade da fase evita o
aparecimento de impulsos delta de Dirac no espectro.

r
A expressão matemática do sinal MSK obtém-se fazendo ∆f = e Ts = T :
4

∞  t − T − kT 
 r 
x p (t ) = A p ∑ cos ω p t + θ 0 + φ k + π a k (t − kT ) × rect  2 , t≥0
k =0  2  T 
 

As rotações de fase acumuladas, no inicio de cada intervalo kT < t < ( k + 1) T são dadas por:

k −1
π
φk =
2
∑aj
j =0
Da expressão de x p ( t ) , vê-se que a rotação de fase total no intervalo de tempo kT < t < ( k + 1) T é
r π π
π a k , podendo portanto tomar os valores + ou − .
2 2 2

O comportamento de φ K em função de k é visualizado pela forma da gelosia de fase da figura


π 3π
seguinte. Como se pode verificar, φ K = 0,± π ,±2π ,..., para valores pares de k e φ K = ± ± ,...,
2 2
para k impar.

26
3π/2

π/2

1 2 3 4 5 k
−π/2

−π

-3π/2

Consideremos por exemplo a seguinte sequência de informação 100010111. A trajectória de fase


resultante mostra-se na figura seguinte quando se faz corresponder ak = +1 para a entrada 1 e ak=-1
para o bit de entrada 0.

φk Mensagem
1 0 0 0 1 0 1 1 1
π/2

k
1 2 3 4 5 6 7 8 9
−π/2

−π

Para se determinar a forma de onda do sinal MSK vamos dar a xp(t) a forma

[ ( )
x p ( t ) = A p d I ( t ) cos ω p t + θ0 − d Q ( t ) sen ω p t + θ0 ( )]
Atendendo às expressões de xp(t) para o sinal CPFSK e entrando em conta com os parâmetros
particulares para o sinal MSK, obtém-se para este as seguintes expressões:

27
∞  t − T − kT 
d I (t) = cos(
∑ k k k  T2 
φ + a c ) rect
k =0  

∞  t − T − kT 
dQ (t) = ∑ sen(φk + a c
k k ) rect 

2
T


k =0  
onde
πr
ck = ( t − kT )
2

A figura seguinte ilustra as formas de onda dI(t) e dQ(t) para o exemplo anterior em que a
mensagem original é 100010111.

φk
1 0 0 0 1 0 1 1 1 Mensagem
π/2

k
1 2 3 4 5 6 7 8 9
−π/2

−π

dI(t)

t/T
1 2 3 4 5 6 7 8 9

dQ(t)

t/T
1 2 3 4 5 6 7 8 9

Como se viu anteriormente, o sinal MSK pode ser visto como uma onda FM com desvio de
frequência pico-a-pico igual a 1/2T. Das formas de ondas dI(t) e dQ(t) da figura anterior e
considerando que a portadora modulada é dada por

[ ( ) (
x p ( t ) = A p d I ( t ) cos ω p t + θ0 − d Q ( t ) sen ω p t + θ0 , )]

28
conclui-se que o MSK pode também ser visto como um sinal OQPSK em que se utilizam impulsos
com forma sinusoidal para modular as portadoras em quadratura. Para se perceber a característica
'Offset' do sinal, note-as que dos resultados anteriores se pode escrever:

d I ( t ) = a1 ( t ) cos 2πf p t

d Q ( t ) = a 2 ( t ) sen 2πf p t

onde a1(t) e a2(t) tomam valores binários cujo sinal muda todos os T segundos, com os instantes de
comutação de a2(t)desfasados de T/2 em relação aos instantes de comutação de a1(t).

29
III . 7. 4 - Filtragem de Sinais PSK, QPSK, OQPSK e MSK

Como se salientou anteriormente, quando um sinal com envolvente constante, tal como os sinais
BPSK, QPSK OQPSK e MSK, é processado por um filtro passa banda, o resultado é uma portadora
modulada com envolvente variável. A envolvente variável é um inconveniente quando se utilizam
amplificadores a trabalhar na região não - linear como acontece na região das microondas. O mérito
dos vários tipos de modulação com amplitude constante, pode portanto ser aferido pela
profundidade da variação da envolvente, quando a portadora modulada é filtrada por um filtro
passa-banda. De facto, quanto menos profunda for essa variação menor será a expansão do espectro
quando o sinal for posteriormente tratado por um amplificador a trabalhar na região não-linear.

Para compreendermos o fenómeno da variação da envolvente note-se que a filtragem da portadora


modulada pode ser vista como efectuando-se ao nível dos dados não modulados. A figura seguinte
ilustra o processo para o caso PSK. Como se pode ver, cada vez que os dados de entrada mudam de
sinal, a amplitude da portadora varia lentamente tendendo para o valor final correspondente. Há um
ponto em que a amplitude se anula, tomando na vizinhança deste ponto valores muito pequenos.

30
Sinal
1 PSK Sinal
Fonte Filtro passa-
de Dados -banda estreito PSK
Filtrado

Apcos(2πfpt)
(a) Modulador PSK com filtro passa-banda à saída

1 Filtro Passa-Banda S
Fonte Filtro
de Dados Passa-Baixo de Banda-Larga P
Fil

Apcos(2πfpt)
(b) Modulador PSK com dados filtrados; equivalente a (a)

(c) Saída do filtro passa-baixo em (b)

(d) PSK filtrado em (a) ou (b)

O sinal OQPSK mantém uma amplitude mais constante que o sinal QPSK quando processado por
um filtro passa banda. Pode-se compreender este facto intuitivamente se considerarmos ambos os
sinais como uma soma de duas portadoras em quadratura, cada uma com modulação PSK. Como se
viu anteriormente, quando um sinal PSK é filtrado a saída do filtro pode atingir valores nulos
quando a entrada sofre uma rotação de fase igual a 180º. Como estas rotações de fase podem
ocorrer simultaneamente nas duas componentes em quadratura de um sinal QPSK, quando filtrado
a envolvente deste sinal passa por zero cada vez que há uma rotação de fase igual a 180º
(correspondente a rotações de fase simultâneas de 180º duas componentes em quadratura). Por
outro lado, num sistema OQPSK estas rotações de fase de 180º em cada componente em quadratura
nunca podem ocorrer simultaneamente, pelo que apenas uma desta componentes atinge a amplitude
nula, mantendo-se a outra componente com uma amplitude unitária. Então a amplitude resultante

31
para o sinal OQPSK é unitária, o que contrasta com o valor de 2 da amplitude não filtrada. Estes
valores são ilustrados na figura seguinte. A relação entre a amplitude mínima do sinal filtrado e
amplitude constante do sinal não-filtrado será então dada por

AMPLITUDE MÍNIMA DA PORTADORA FILTRADA 1


= = 0.7
AMPLITUDE DA PORTADORA NÃO − FILTRADA 2

SINAL
OQPSK cos(ωpt+π/4) Amplitude do sinal OQPSK
(com filtragem, quando
1 uma das portadoras passa por zero)

Amplitude do sinal OQPSK


2 (sem filtragem)

sen(ωpt+π/4)

O sinal MSK apresenta menos flutuações da envolvente ao ser filtrado que os sinais QPSK ou
OQPSK. Este facto explica-se pela variação mais suave do sinal banda-base que modula as
portadoras em quadratura, no caso do sinal MSK. A passagem destas portadoras por filtros passa-
banda não provocará por isso grandes distorções na sua amplitude e o sinal resultante da sua soma
será uma boa réplica do sinal MSK de entrada.

32

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