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Voto nº 11.062 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.107116-9


Art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33 e 44, da Lei nº 11.343/06.

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois
não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força
maior que obstam à realização do ato processual.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel.
José Dantas).
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 11.063 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.121890-9


Arts. 41, 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal.
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 28, 33 e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
–– Pedido de desclassificação do fato criminoso não cabe na esfera angusta do
“habeas corpus”, onde não têm entrada questões de alta indagação, ou que
impliquem aprofundado exame da prova dos autos.
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).
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Voto nº 11.064 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.089842-6
Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 70, do Cód. Penal;
art. 563 do Cód. Proc. Penal;
art. 93, nº IX, da Const. Fed.

— A Constituição Federal, em seu art. 93, nº IX, estigmatiza de nula a decisão não
fundamentada, e com bem de razão, pois que os motivos lhe são verdadeiramente
a alma e a substância. Nenhum julgamento se satisfaz com argumentação tíbia e
evasiva. O despacho que recebe a denúncia, contudo, não no considera a
Doutrina ato decisório, senão mero juízo de admissibilidade da acusação,
estranho ao império do mencionado preceito constitucional.
— Nisto de nulidades, tem-se de atender ao ponto do prejuízo, que lhe serve de
pedra de toque: nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar
prejuízo para a acusação ou para a defesa (art. 563 do Cód. Proc. Penal).
— Isto de permanecer calado no inquérito, conquanto direito seu, faz contra a
presunção de inocência do réu. A razão é que, se deveras inocente e limpo de
crime, tê-lo-ia já proclamado, como aqueles que são acusados sem causa, pois a
todos ensinou a Natureza a defender-se com a última força. Ordinariamente
falando, é o silêncio do réu pedra-de-toque de sua culpa.
— Nos casos de roubo, a palavra da vítima tem extraordinário valor e peso, pois
manteve contacto direto com seu autor, cuja punição unicamente lhe interessa,
não a de pessoa inocente.
— O regime prisional fechado é, em linha de princípio, o que verdadeiramente
convém ao autor de roubo, sobretudo se manifesta sua propensão à vida de
crimes.

Voto nº 11.065 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.110662-0
Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 226, II, do Cód. Proc. Penal.

— É questão fria nos pretórios da Justiça que as regras do art. 226 do Cód. Proc.
Penal, de caráter suasório ou de recomendação, podem ser postergadas, se
impossíveis de executar ou se o dispensar o caso concreto. Não acarreta,
portanto, a nulidade do processo o reconhecimento do réu pela vítima, sem as
formalidades legais, se esta lhe não pôs em dúvida a identidade física. O fim a
que deve atender o ato do reconhecimento — não importando as circunstâncias
de sua realização — é se o sujeito passivo, ao indicar o autor do roubo, fê-lo, ou
não, com certeza e espontaneidade.
— Palavras de quem foi protagonista do fato delituoso, as da vítima são, pelo
comum, dignas de crédito; servem, pois, a lastrear condenação, máxime se em
harmonia com outros elementos do processo.
— O regime prisional fechado é o que, de regra, mais convém ao autor de roubo,
sobretudo quando sua biografia revela práticas reiteradas de ilícitos penais
graves.
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Voto nº 11.066 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.119135-0

Arts. 29, 69, 121, § 2º, nº V, 157, § 2º, ns. I, II e III, 14, nº II, do Cód. Penal;
arts. 310, 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90;
arts. 5º, nº LVII, e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do
Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a
materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do crime, é
insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo;
apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente
se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato
imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Inimigo potencial da ordem jurídica e da sociedade, o autor de homicídio
qualificado não merece recobrar a liberdade primeiro que dê estritas contas à
Justiça, ao termo do devido processo legal.
— Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória o acusado
de (homicídio qualificado), crime do número dos “hediondos” (art. 2º, nº II, da
Lei nº 8.072/90).
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Voto nº 11.067 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.132063-0


Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 33 e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do
Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a
materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel.
José Dantas).
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 11.068 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.108954-8


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 393, nº I, e 594, do Cód. Proc. Penal.

–– Se o acusado respondeu preso ao processo pela prática de


roubo duplamente qualificado, será verdadeira abusão lógica
deferir-lhe o benefício da liberdade provisória após sua
condenação, pois entre os efeitos da sentença condenatória
recorrível inclui-se precisamente o de “ser o réu conservado na
prisão” (art. 393, nº I, do Cód. Proc. Penal).
–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade,
quando ainda contava ser absolvido, com mais forte razão
carecerá o acusado de requisito subjetivo depois de condenado,
quando a presunção de inocência terá cedido à de sua
culpabilidade.
–– Segundo entendimento pacífico do STF, a disposição do art.
594 do Cód. Proc. Penal não se aplica a réu preso em razão
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de flagrante ou preventiva (cf. Damásio E. de Jesus, Código
de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 474).
— A exigência de prisão provisória para apelar não ofende a
garantia constitucional da presunção de inocência (Súmula nº 9
do STJ).

Voto nº 11.069 —Recurso em Sentido Estrito Nº


990.08.108032-0
Arts. 121, § 2º, nº IV, 155, § 4º, nº IV, e 29, do Cód. Penal;
arts. 79 e 408, do Cód. Proc. Penal;
art. 93, nº IX, Const. Fed.

–– A linguagem do Magistrado, ao proferir sentença de pronúncia, não deve ser


tão profunda e prolixa, que pareça ferir o mérito da causa, nem tão sutil e etérea,
que não dê a conhecer as razões que o induziram a mandar o réu a júri.
— O julgador que, de modo sucinto e com sobriedade, discorre das qualificadoras
do homicídio articuladas na denúncia contra o réu, para afastá-las ou acolher,
não infringe a lei nem conculca direito de terceiro, antes atende a critério de
legalidade estrita, a saber: art. 408 do Cód. Proc. Penal e art. 93, nº IX,
Constituição da República.
— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que
a prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do réu (art. 408 do
Cód. Proc. Penal).
— A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo
Júri o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– As qualificadoras articuladas na denúncia apenas podem ser excluídas quando
manifesta sua inocorrência; do contrário, são os Jurados os que sobre elas se
devem pronunciar, porque matéria de sua competência.
–– A conexão importa unidade de processo e julgamento (art. 79 do Cód. Proc.
Penal).

Voto nº 11.070 —Recurso em Sentido Estrito Nº


990.08.089860-4
Arts. 121, § 2º, nº I, 129, § 1º, e 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 408 do Cód. Proc. Penal.

— A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo


Júri o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– Não é ao Juiz da pronúncia, mas ao Tribunal Popular, juiz natural da causa,
que compete desclassificar tentativa de homicídio para lesões corporais, se não
afastada de plano a hipótese de haver o réu obrado com intenção homicida ao
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ferir a vítima em região nobre do corpo.
–– Salvo se manifesta sua inocorrência, não é de bom exemplo afastar, desde logo,
na fase da pronúncia, as qualificadoras do homicídio; ao Tribunal do Júri, como
a seu Juiz natural, é que, em princípio, cabe apreciá-lo (art. 121, § 2º, nº I, e art.
14, nº II, do Cód. Penal).

Voto nº 11.071 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.108547-0


Art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do


condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem
superior invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana:
todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau
menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 11.072 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.122849-1


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Contra o parecer de notáveis juristas, que sustentam não ser o “habeas corpus”
meio apropriado a impugnar decisão de que caiba recurso ordinário, mostra-se de
bom exemplo conhecer da impetração, porque, em tese, passa pelo remédio
jurídico-processual mais célere e eficaz para conjurar abusos e ilegalidades
contra o direito à liberdade de locomoção do indivíduo (art. 5º, nº LXVIII, da
Const. Fed.).
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime aberto, pois se trata de matéria em que,
por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
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entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.

a
Voto nº 11.073 — PELAçÃO RIMINAL Nº c
990.08.092274-2

Art. 202 do Cód. Proc. Penal;


arts. 12 e 16, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 28, 33, “caput”, e 40, nº III, da Lei nº 11.343/06.

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo


a idéia de tráfico (art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06 – Lei de Drogas).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos
policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de
policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU
7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal
Anotado, 22a. ed., p. 187).
— A desclassificação do crime do art. 33 da Lei de Drogas para o tipo do art. 28
não se mostra atendível, se o réu trazia consigo considerável quantidade de
substância entorpecente, que a Polícia apreendeu, pois tal circunstância revela
que se destinava ao comércio ilícito, e não ao uso próprio.
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
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Voto nº 11.074 — gravo em a execução Nº


990.08.103766-1
Art. 213 do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL, e 52, nº X, da Const. Fed.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
9
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).

Voto nº 11.075 — gravo em a execução Nº


990.08.077767-0
Art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 197 da Lei de Execução Penal.

— Considera-se prejudicado o agravo se, durante o seu processamento, o Juízo de


Direito da Vara das Execuções Criminais tiver já deferido ao sentenciado aquilo
mesmo que fazia objeto do recurso, visto que obtida a situação jurídica reclamada
(art. 197 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 11.076 — gravo em a execução Nº


990.08.091040-0
Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 5º, nº XL, e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
10
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).

Voto nº 11.077 — agravo em execução Nº 990.08.022991-5


Art. 121, § 2º, ns. I, III e IV, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 5º, nº XL, e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de
Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da
pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e
refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a
mudança para regime prisional mais brando.
11
Voto nº 11.078 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº
990.08.106156-2
Arts. 155, ns. I e IV, e 14, nº II, do Cód. Penal.

— Está acima de crítica a decisão que condena por tentativa de furto o sujeito que,
réu confesso, é detido na posse do produto do crime (art. 155, ns. I e IV, e art.
14, nº II, do Cód. Penal).
— É argumento lógico irrefragável que a posse de coisa alheia sem justificativa
satisfatória induz à certeza de sua origem ilícita.
— Que melhor prova da culpabilidade do agente, do que haver admitido, sem
rebuços, a autoria do fato criminoso?!
— Se conforme com os mais elementos de convicção dos autos, pode a confissão
lastrear sentença condenatória, pois “continua sendo considerada como a prova
por excelência” (Vicente de Azevedo, Curso de Direito Judiciário Penal, 1958,
vol. II, pp. 61-62).

Voto nº 11.079 — gravo em a execução Nº


990.08.110411-3
Art. 121, § 2º, ns I e IV, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 5º, nº XL, e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
12
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.

Voto nº 11.080 — gravo em a execução Nº


990.08.098819-0
Art. 112 da Lei de Execução Penal.

—“O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a


concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº
12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 11.081 — gravo em a execução Nº


990.08.028597-1
Arts. 4º a 23, 394 a 405, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LV, e 133, da Const. Fed.

—“Indispensável à administração da justiça”, conforme proclama a Constituição


Federal (art. 133), tem o advogado o direito de estar presente às audiências de
interesse de seu cliente, sempre que o exigirem as circunstâncias e dispuser a lei.
— Atenta sua natureza de procedimento administrativo, o inquérito policial não
obriga à presença do advogado. Apenas com a instauração da “persecutio
criminis in judicio”, e pois deduzida a acusação formal, é que o exercício da
defesa e o princípio do contraditório adquirem primazia e relevo.
— De regra, “não se aplicam ao inquérito policial os princípios processuais, nem
mesmo o do contraditório. A Constituição Federal vigente refere-se ao processo
judicial ao assegurar aos acusados (que só existem neste) o contraditório e a
ampla defesa (art. 5º, nº LV)” (Julio Fabbrini Mirabete, Código de Processo
Penal Interpretado, 9a. ed., p. 86).
—“Vício do inquérito policial não se projeta na ação penal, uma vez que se trata de
peça meramente informativa (STF, RHC 56.092, DJU 16.6.78, p. 4.394)”
(Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 438).

Voto nº 11.082 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.110009-6
Arts. 33, § 2º, alínea “b”, 59, 65, nº III, alínea “d”, 67, 155 e 14, nº II, do Cód.
Penal.

— A confissão, os juristas sempre a reputaram a rainha das provas (“regina


probationum”); se produzida em Juízo, é absoluto seu valor, visto se presume
livre dos vícios de inteligência e vontade, e pode justificar edito condenatório.
—“Se o réu é confesso, não há perder tempo em levar adiante o exame da prova.
Parte confessa é parte condenada” (Rui, Obras Completas, vol. XXIV, t. II, p.
270).
13
— Considera-se maior de toda a crítica a sentença que, amparada em prova oral
idônea, condena por tentativa de furto sujeito que, após entrar em casa alheia, é
surpreendido pelo morador, que o detém com o auxílio de vizinho. O estado de
flagrância impunha a solução condenatória, ante a certeza da materialidade,
autoria do crime e dolo do agente (arts. 155 e 14, nº II, do Cód. Penal).
—“Trata-se a confissão espontânea de circunstância atenuante que diz com a
personalidade do agente, tanto quanto a reincidência, não havendo ilegalidade
qualquer em sua compensação em sede de individualização da pena, na exata
razão de que, pelas suas naturezas, são causas preponderantes à luz do art. 67
do Cód. Penal” (STJ; REsp. nº 565.407-0-DF, 6a. Turma; rel. Hamilton
Carvalhido; j. 16.12.2003; JSTJ 186/105; apud Mohamed Amaro, Código
Penal na Expressão dos Tribunais, 2007, p. 370).
— Não há proibição legal de o Juiz conceder regime semi-aberto a condenado não-
reincidente a pena inferior a 8 anos (art. 33, § 2º, alínea “b”, do Cód. Penal); a
concessão de tal benefício unicamente é defesa ao réu condenado a pena que
exceda a 8 anos (não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja
superior a 4 anos.

Voto nº 11.083 — gravo em a execução Nº


990.08.097175-1
Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 5º da Const. Fed.

—“A progressão de regime de cumprimento de pena (fechado para o semi-aberto)


passou a ser direito do condenado, bastando que se satisfaça a dois pressupostos:
o primeiro, de caráter objetivo, que depende do cumprimento de pelo menos 1/6
da pena; o segundo, de caráter subjetivo, relativo ao seu bom comportamento
carcerário, que deve ser atestado pelo diretor do estabelecimento
prisional” (STJ; HC nº 38.602; 5ª. Turma; rel. Min. Arnaldo
Esteves de Lima).
— Salvo se lhe pende processo de expulsão do País, é possível deferir a condenado
estrangeiro o benefício da progressão no regime prisional, desde que atenda aos
requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal. Conclusão diversa implicava
tratamento discriminatório entre o condenado alienígena e o nacional, balda
gravíssima que a Constituição da República solenemente repele (art. 5º).
–– Sob o regime semi-aberto, o sentenciado estrangeiro estará sujeito, por força, a
restrições de vária ordem: não terá direito a “saída temporária” nem realizará
“trabalhos extramuros”, por não frustrar o cumprimento de eventual decreto de
expulsão.

Voto nº 11.084 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.068412-4
Art. 180, “caput”, do Cód. Penal.

— Se arrimada a outros elementos de convicção, constitui a fotografia prova idônea


para justificar edito condenatório porque, em princípio, reproduz os caracteres
14
fundamentais extrínsecos do indivíduo, sendo-lhe não raro a cópia fiel.
— Acompanhado de outros elementos de convicção, o reconhecimento do réu pela
vítima, ainda que por fotografia, constitui prova suficiente para a condenação,
segundo jurisprudência do STJ (cf. Rev. Tribs., vol. 817, p. 505).
— Responde por receptação o agente que recebe, em proveito próprio ou alheio,
veículo que sabia tratar-se de produto de crime (art. 180, “caput”, do Cód.
Penal).
— No crime de receptação (art. 180, “caput”, do Cód. Penal), impossível que é
desvendar os segredos da alma humana, somente as circunstâncias do fato
revelarão se o agente obrou, ou não, com dolo; delas apenas é que se poderá
inferir se lhe era do conhecimento a origem ilícita das coisas adquiridas em
proveito próprio.
— É preceito mais que soberano em Direito Penal que uma condenação, pelos
gravíssimos reflexos que deita à vida do acusado, unicamente poderá apoiar-se
em prova plena e incontroversa. Mais do que simples referência à materialidade
da infração penal, importa que a prova reunida na instrução faça esplender a
culpabilidade do réu. Em isto faltando, será imperiosa a absolvição, por amor
daquele princípio comum de interpretação da dúvida, recebido por todas as
civilizações que se regem segundo a Lei e o Direito: “In dubio pro reo”.

Voto nº 11.088 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.032041-6
Arts. 83, parág. único, e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal.

— Não há que reparar em sentença que condena réu com base em indícios, se fortes
e concordes, pois “o valor probante dos indícios e presunções, no sistema do
livre convencimento que o Código adota, é em tudo igual ao das provas diretas”
(José Frederico Marques, Elementos de Direito Processual Penal, 2a. ed.. vol.
II, p. 378).
— Postergar a autodefesa é risco tão grande, que somente correm aqueles que, bem
cientes de sua culpa, nada ou pouco se lhes dá que a própria liberdade se deite a
perder. O homem inocente e que se acha em seu acordo e razão, esse não espera
pela undécima hora: apenas o acusem injustamente, logo se defende com todo o
vigor de sua palavra. Donde o haverem os romanos cunhado a sentenciúncula:
“qui tacet, consentire videtur” (o que, vertido em vulgar, soa: quem cala,
consente).
— Nos casos de roubo, a palavra da vítima tem extraordinário valor e peso, pois
manteve contacto direto com seu autor, cuja punição unicamente lhe interessa,
não a de pessoa inocente.
— O aumento de 3/8 pela incidência de duas qualificadoras do roubo não se mostra
desarrazoado, pois tem por si copiosa jurisprudência dos Tribunais: se duas as
qualificadoras, “o aumento deverá ficar entre o mínimo e o máximo estipulado,
ou seja, em 2/5” (Rev. Tribs., vol. 734, p. 673; rel. Denser de Sá).
— O regime prisional fechado é, em linha de princípio, o que verdadeiramente
convém ao autor de roubo, sobretudo se manifesta sua propensão à vida de
crimes.
15

Voto nº 11.089 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.091820-6
Art. 158 do Cód. Penal.

— Reputa-se de bom quilate — e, pois, merece preservada dos tiros da crítica — a


sentença que, forte nas declarações da vítima e no testemunho de pessoas
idôneas, decreta a condenação de autor de crime de extorsão (art. 158 do Cód.
Penal).
—“A gravidade da ameaça deve ser apurada em cada caso, atendendo às condições
do fato e às personalidades do agente e da vítima” (JTACrimSP, vol. 68, p. 273;
apud Celso Delmanto, Código Penal Comentado, 5a. ed., p. 331).
— O regime fechado, no início, é o que unicamente se aproposita ao autor de
extorsão qualificada (crime da última graveza e abjeção), que argúi em quem o
pratica entranhada rebeldia à disciplina social (art. 158 do Cód. Penal).

Voto nº 11.090 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.141051-6


Art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do


condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem
superior invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana:
todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau
menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 11.091 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.109786-9


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312, 321, 323, e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII, e 93, nº IX, da Const. Fed.
16
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do
crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— HABEAS CORPUS – Pedido de liberdade
provisória – Roubo praticado mediante concurso de agentes – Necessidade da
custódia cautelar – Ordem denegada.
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
–– Não há averbar de falta de fundamentação a decisão que encerra base jurídica e
fática bastante a garantir-lhe a validade. Tratando-se de roubo, crime de extrema
gravidade, a necessidade e a conveniência da decretação da custódia cautelar
como que se presumem.

Voto nº 11.092 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.041086-0
Arts. 2º e 29, do Cód. Penal;
art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 10 da Lei nº 9.437/97;
art. 12 da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento);
art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06;
arts. 5º, caput, e 144, da Const. Federal.

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo


a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
–– A posse clandestina de arma de fogo no interior de residência tipifica a infração
do art. 12 da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente
de perigo concreto.
— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos
policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de
policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU
7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal
Anotado, 22a. ed., p. 187).
17
— Com respeito aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A
simples condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC
nº 51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de
Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 185).
— Segundo a comum opinião dos doutores, o benefício da redução da pena (art.
33, § 4º, da Lei nº 11.343/06) não se defere senão ao traficante esporádico ou
eventual, jamais ao que se associa para a prática do tráfico ilícito de drogas,
porque é em especial contra esse que se levanta o braço implacável da lei.
— Fator de esclarecida e humana individualização da pena, será bem reduzi-la ao
réu condenado por infração do art. 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), que
satisfaça aos requisitos de seu § 4º.
— Temperar com a eqüidade o rigor da lei foi sempre timbre dos que distribuem
justiça, como advertiu o insigne Carlos Maximiliano: “Hoje a maioria absoluta
dos juristas quer libertar da letra da lei o julgador, pelo menos quando da
aplicação rigorosa dos textos resulte injusta dureza, ou até mesmo simples
antagonismo com os ditames da eqüidade. Assim, vai perdendo apologistas na
prática a frase de Ulpiano — durum jus, sed ita lex scripta est — duro Direito,
porém assim foi redigida a lei — e prevalecendo, em seu lugar, o summum jus,
summa injuria — do excesso de direito resulta a suprema injustiça”
(Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 170).

Voto nº 11.093 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.103243-0


Art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.

Voto nº 11.094 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.086022-4


Arts. 171, 14, nº II, 29 e 71, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312, e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
18
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou
com o elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
–– Isto de defender-se em liberdade é direito somente do réu primário e de bons
antecedentes, quando comprovada a ausência de hipótese que autorize a
decretação da prisão preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
— Todo acusado de crime, legalmente preso, deve aguardar no cárcere que a Justiça
lhe tome estritas contas, se não reúne méritos para obter liberdade provisória
(art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 11.095 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.051180-7


Arts. 117, 155, § 4º, ns. I e IV, 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 197 da Lei de Execução Penal.

— Isto de prescrição da pretensão executória da pena, segundo consagrada


orientação de nossos Tribunais, não se decreta na via judicial do “habeas
corpus”, cujo âmbito estreito não permite exame de questões que só podem ser
bem aferidas no Juízo das Execuções Criminais, como a incidência de eventual
causa interruptiva da prescrição (art. 117 do Cód. Penal), etc.
— De ordinário, não é o “habeas corpus” substitutivo do recurso próprio, máxime
quando a matéria de seu objeto reclame percuciente análise de circunstâncias que
lhe excedam os limites e a natureza jurídica.
—“Ocorrendo causa extintiva da punibilidade após o trânsito em julgado da
decisão, a competência para declará-la é do juiz da execução” (Julio Fabbrini
Mirabete, Execução Penal, 5a. ed., p. 188).

Voto nº 11.096 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.085609-0
Arts. 29, e 155, §§ 1º e 4º, ns. II e IV, do Cód. Penal.

— A confissão, os juristas sempre a reputaram a rainha das provas (“regina


probationum”); se produzida em Juízo, é absoluto seu valor, visto se presume
livre dos vícios de inteligência e vontade, e pode justificar edito condenatório.
—“Se o réu é confesso, não há perder tempo em levar adiante o exame da prova.
Parte confessa é parte condenada” (Rui, Obras Completas, vol. XXIV, t. II, p.
19
270).
— Em pontos de concurso de pessoas, triunfa hoje, assim na literatura jurídica
penal como na esfera dos Tribunais, a teoria do domínio do fato: responde pelo
crime não só o executor físico, que produz o resultado, mas também o partícipe,
que acede sua conduta à ação principal (Damásio E. de Jesus, Teoria do
Domínio do Fato no Concurso de Pessoas, 1999, p. 13).
— A causa de aumento do art. 155, § 1º, do Cód. Penal (repouso noturno) somente
se aplica ao furto simples (“caput”), que não ao qualificado.

Voto nº 11.097 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.132427-0


Arts. 310, 393, nº I, e 594, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90;
arts. 33 e 35, da Lei nº 11.343/06.

— É regra de direito positivo que o réu não pode


apelar sem recolher-se à prisão (art. 594 do Cód. Proc. Penal), por força do que
estatui o art. 393, nº I, do mencionado diploma legal, convém a saber: entre os
efeitos da sentença condenatória inscreve-se o de “ser o réu preso ou conservado
na prisão”.
— Se o réu carece dos requisitos subjetivos, não
há dispensar-lhe o benefício do apelo em liberdade sem grave afronta ao Direito
e à boa razão, sendo legítima a sentença que o denega.
— Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória quem é
acusado de tráfico de entorpecentes, crime do número dos “hediondos” (art.
2º, nº II, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 11.098 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.098974-0


Arts. 311, “caput”, e 69, do Cód. Penal;
arts. 393, nº I, e 594, do Cód. Proc. Penal;
art. 16, parág. único, nº IV, da Lei nº 10.826/03.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
–– É regra de direito positivo que o réu não pode apelar sem recolher-se à prisão
(art. 594 do Cód. Proc. Penal), por força do que estatui o art. 393, nº I, do
mencionado diploma legal, convém a saber: entre os efeitos da sentença
condenatória inscreve-se o de “ser o réu preso ou conservado na prisão”.
–– Se o réu carece dos requisitos subjetivos, não há dispensar-lhe o benefício do
apelo em liberdade, sem grave afronta ao Direito e à boa razão, sendo legítima a
sentença que o denega.
20
Voto nº 11.099 — HABEAS cORPUS Nº
990.08.092195-9
Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o


Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 11.100 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.091501-0


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o


Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 11.101 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.059654-3


Art. 157, § 3º, 2a. parte, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 16, nº IV, da Lei nº 11.343/06;
arts. 5º, nº XL, e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
21
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).

Voto nº 11.102 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.061676-5
Art. 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal.

— Desde que acorde com os mais elementos de prova dos autos, a


confissão policial constitui prova idônea de autoria delituosa e
justifica edição de decreto condenatório.
— As provas do processo em que o réu indicou, sem hesitar, o
receptador das coisas que furtara, apreendidas afinal pela
Polícia, pertencem ao número das que Beccaria denominou
perfeitas: “demonstram de maneira positiva, que é impossível
ser o acusado inocente” (Dos Delitos e das Penas, § VII; trad.
Torrieri Guimarães).

Voto nº 11.103 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.08.040170-5


Arts. 155, § 4º, nº IV, 14, nº II, 29, 107, nº IV, 109, nº V,
110, § 2º, e 115, do Cód. Penal.

— É argumento lógico irrefragável que a posse de coisa alheia sem justificativa


satisfatória induz à certeza de sua origem ilícita.
––“O Código Penal, descrevendo a qualificadora, fala em crime cometido
mediante duas ou mais pessoas (...). Não diz subtração cometida. Entre nós,
comete crime quem, de qualquer modo, concorre para a sua realização (art.
29, caput). De maneira que o partícipe ou co-autor também comete crime”
(Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 576).
— Acolhida preliminar de extinção de punibilidade do apelante pela prescrição
da pretensão punitiva estatal, todas as mais questões perdem alcance e já não
podem ser objeto de exame nem deliberação.

Voto nº 11.104 — gravo em a execução Nº


990.08.106723-4
Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 5º, nº XL, e 52, nº X, da Const. Fed.
22
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de
Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da
pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e
refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a
mudança para regime prisional mais brando.

Voto nº 11.105 — gravo em a execução Nº


990.08.133930-7
Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 5º, nº XL, e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
23
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev.
Tribs., vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei n º
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.

Voto nº 11.106 — gravo ema execução Nº


993.08.037939-4
Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os
requisitos da lei não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para
24
o caminho do bem, de que se desviara, a fim de que possa reintegrar-se,
efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!

Voto nº 11.107 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.138352-7


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do


condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem
superior invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana:
todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau
menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 11.108 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.133196-9


Arts. 157, §§ 1º e 2º, ns. I e V, 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal.

–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio
sentença condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José
Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).

Voto nº 11.109 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.120515-7


Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal.
25
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
— “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 11.112 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.092593-8
Arts. 121, § 2º, nº IV, e 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 5º, nº XXXVIII, alínea c, da Const. Fed.

— Embora direito seu permanecer calado no interrogatório, a razão natural obriga


o homem a defender-se. Destarte, aquele que, acusado de crime grave, prefere
ficar mudo e inerte como um vulcão extinto, nisto mesmo dá a conhecer sua
culpa: o inocente não se defende com o silêncio, mas com a força da palavra.
–– Em face da soberania constitucional de suas decisões, os veredictos do Júri não
se anulam, exceto se em contradição manifesta com a prova dos autos, ou em
caso de corrupção ou prevaricação dos jurados. Contrária à prova dos autos é
somente aquela decisão que neles não depara fundamento algum.
— Configura-se a qualificadora da surpresa (art. 121, § 2º, nº IV, do Cód. Penal),
se o agente, ao encontrar a vítima, desfere-lhe de inopino tiros de revólver em
região nobre, impossibilitada toda a defesa.
— O regime fechado, no início, para o autor de homicídio qualificado (art.121, §
2º, nº IV, do Cód. Penal) crime da classe dos hediondos, decorre da vontade
expressa da lei (art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 11.113 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.150581-9


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do


condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem superior
invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana: todo o infrator
sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de iludir
o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que há mais
tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio intermediário, além
de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de exigir do infrator a
reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso
deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
26

Voto nº 11.114 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.132973-5


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 393, nº I, e 594, do Cód. Proc. Penal.
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional,
próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas
corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a
“causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível
injustiça da sentença condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p.
242; rel. Nélson Hungria).
–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade,
quando ainda contava ser absolvido, com mais forte razão
carecerá o acusado de requisito subjetivo depois de condenado,
quando a presunção de inocência terá cedido à de sua
culpabilidade.
–– Segundo entendimento pacífico do STF, a disposição do art.
594 do Cód. Proc. Penal não se aplica a réu preso em razão
de flagrante ou preventiva (cf. Damásio E. de Jesus, Código de
Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 474).
— A exigência de prisão provisória para apelar não ofende a
garantia constitucional da presunção de inocência (Súmula nº 9
do STJ).

Voto nº 11.115 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.120121-6


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 393, nº I, e 594, do Cód. Proc. Penal.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
—“Para fazer jus ao benefício de apelar em liberdade é indispensável que o
condenado, além de ser primário, seja também possuidor de bons antecedentes.
A ordem de recolhimento, amparada no art. 594 da lei adjetiva penal, é mera
providência cautelar, quando os antecedentes, gravidade do crime ou outra
circunstância façam presumir que venha o réu a furtar-se a sua execução, caso a
sentença condenatória seja confirmada pelo órgão superior da Justiça” (HC n º
6.441; rel. Min. Cid Fláquer Scartezzini; DJU 30.3.98, p. 9).

Voto nº 11.116 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.099490-5
Art. 59 do Cód. Penal;
arts. 28, ns. I e II, 33, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas).

–– Na dúvida se o acusado é traficante ou usuário de droga, deve prevalecer a


hipótese mais favorável do art. 28 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), em
obséquio ao princípio “in dubio pro reo”, que preside soberanamente as decisões
da Justiça Criminal.
— Para autorizar decreto condenatório basta a confissão judicial do réu. Deveras, é
axioma de Direito que “a confissão da parte releva de outra prova” (cf.
27
Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985, t. II, p. 530).
— “A melhor interpretação da lei é a que se preocupa com a solução justa, não
podendo o seu aplicador esquecer que o rigorismo na exegese dos textos legais
pode levar a injustiças” (STJ; Rev. Tribs., vol. 656, p. 188).
— Não cabe censura a decisão do Magistrado que, forte no poder discricionário
que lhe confere a lei, aplica a usuário de drogas a pena de prestação de
serviços à comunidade, em vez de advertência (art. 28, ns. I e II, da Lei de
Drogas). Tal medida não tem somente caráter retributivo, próprio de toda a
pena, mas atende ao fim precípuo de recuperar o viciado, com espertar-lhe
na consciência o sentido pleno da vida e fortalecer-lhe a vontade para que
evite os malefícios das drogas.
— Ao mesmo tempo que o afasta da ociosidade, mãe de todos os vícios, a
prestação de serviços à comunidade enseja ao usuário ou dependente de
drogas as condições de que necessita para reintegrar-se no convício social,
pois trabalho é o melhor fator de promoção humana (art. 28, nº II, da Lei de
Drogas).

Voto nº 11.117 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.109952-7
Arts. 155, § 4º, nº I, e 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 12 da Lei nº 1060/50.

— Está acima de crítica a decisão que condena por tentativa de furto o sujeito que,
réu confesso, é detido na posse do produto do crime (arts. 155, § 4º, nº I, e 14, nº
II, do Cód. Penal).
— Que melhor prova da culpabilidade do agente, do que haver admitido, sem
rebuços, a autoria do fato criminoso?!
— Se conforme com os mais elementos de convicção dos autos, pode a confissão
lastrear sentença condenatória, pois “continua sendo considerada como a prova
por excelência” (Vicente de Azevedo, Curso de Direito Judiciário Penal, 1958,
vol. II, pp. 61-62).
— Na aplicação do privilégio do art. 155, § 2º, do Cód. Penal, não importam
somente o pequeno valor da coisa furtada e a primariedade do réu, senão também
sua biografia social: “é necessário que o sujeito apresente antecedentes e
personalidade capazes de lhe permitirem o benefício” (Damásio E. de Jesus,
Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 566).
— No caso de não poder o réu ocorrer ao pagamento da taxa judiciária, é ao Juízo
de Direito da Vara das Execuções Criminais que deverá pleitear a respectiva
isenção ou parcelamento.

Voto nº 11.118 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.124341-5

Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.


28
— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do
condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem superior
invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana: todo o infrator
sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de iludir
o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que há mais
tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio intermediário, além
de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de exigir do infrator a
reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 11.119 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.074419-4

Art. 83 do Cód. Penal;


art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
–– Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão de regime, pois se trata de matéria em que, por
previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.

Voto nº 11.120 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.137341-6

Art. 282, parág. único, do Cód. Penal;


arts. 310, parág. único, 312, 313, inciso II, 366 e 647, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
29

— De presente, por força do princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº LVII,


da Const. Fed.), prevalece nos Tribunais o entendimento de que a prisão
cautelar somente se legitima se determinada por inelutável necessidade e
conveniência de ordem pública. Necessidade é a razão que se funda na gravidade
extrema do crime e na periculosidade do agente, circunstâncias que o obrigam a
segregar-se da comunhão social.
–– Se ausentes os pressupostos legais da decretação da prisão preventiva, tem direito
a liberdade provisória o réu que, primário e de bons antecedentes, responde a
processo por crime cometido sem violência (art. 310, parág. único, do Cód.
Proc. Penal).
–– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-
se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento de
réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310,
parág. único, do Cód. Proc. Penal).
—“Liberdade provisória. Embora preso em flagrante por crime inafiançável, pode
o réu ser libertado provisoriamente, desde que inocorram razões para sua
prisão preventiva” (TJSP; Rev.Tribs., vol. 523, p. 376; apud Damásio E. de
Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 246).
—“Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a privação
cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu. Ausentes razões de
necessidade, revela-se incabível, ante a sua excepcionalidade, a decretação ou a
subsistência da prisão preventiva (...)” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 180, pp.
262-264; rel. Min. Celso de Mello).
— Remédio processual específico para a tutela das garantias e direitos fundamentais
do indivíduo, é o “habeas corpus” instrumento idôneo para o exame da
existência de justa causa para ação penal. Por seu rito sumário, entretanto,
somente enseja o trancamento de inquérito ou ação penal quando salte aos olhos,
desde logo, a atipicidade do fato argüido de criminoso ou a inocência do acusado
(art. 647 do Cód. Proc. Penal).
–– A apuração da responsabilidade criminal do réu é própria da instância penal do
contraditório; transferi-la para a via heróica do “habeas corpus” seria decidir
questão de mérito, atribuição privativa do Juízo da causa.

Voto nº 11.121 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.07.037584-1

Arts. 155, “caput”, 14, nº II, 59 e 68, do Cód. Penal;


art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.
30

— Aquele que, argüido acerca do fato criminoso, cerra os lábios e nada responde,
nisso mesmo dá a conhecer sua grande culpa, uma vez que a razão natural ensina
não ser próprio do inocente suportar em silêncio injusta acusação, podendo falar
e defender-se. Afora os casos de exceção (que merecem comprovados sempre),
calado só permanece quem admite a veracidade da imputação.
— A palavra da vítima, porque protagonista do fato delituoso, não se recebe
geralmente com reservas, senão como expressão da verdade, que só a prova do
erro ou da má-fé pode abalar.
— O sujeito que, trazendo consigo coisas alheias, não lhes justifica de modo cabal a
procedência, entende-se que é autor de crime; pois, em regra, nenhuma
dificuldade tem o dono de provar que sua posse é legítima.
— Na esfera dos crimes contra o patrimônio, cometidos sem violência a pessoa, tem
relevância apenas a lesão jurídica de valor econômico, pois segundo a velha
fórmula do direito romano, “de minimis non curat praetor” (Dig. 4,1,4).
— Aplicado inconsideradamente, o princípio da insignificância representa violação
grave da lei, que manda punir o infrator; destarte, subtrair a seu rigor o culpado,
sem relevante razão de direito, fora escarnecer da Justiça, que dispensa a cada um
o que merece. Em verdade, conforme aquilo de Alberto Oliva, “todo homem
deve saber do fundo de seu coração o que é certo e o que é errado” (“apud”
Ricardo Dip e Volney Corrêa de Moraes, Crime e Castigo, 2002, p. 3;
Millennium Editora).
— É, por força, o regime prisional fechado o mais compatível com o autor de furto,
sobretudo se indivíduo que ostenta copiosos traços negativos de personalidade e
se consagrou abertamente à vida fora da lei, de todo infenso às regras que
disciplinam a convivência humana.

Voto nº 11.122 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.117905-9
Arts. 311, 33, § 2º, alínea b, 59, 69, do Cód. Penal;
art. 303 do Cód. Proc. Penal;
31
art. 16, nº IV, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento);
arts. 114, 115 e 221, do Código de Trânsito;
art. 144 da Const. Fed.

— Excita estranheza isto de o réu inculcar-se inocente e, todavia, manter na Polícia, a


respeito dos fatos, obliterado silêncio. Aquele que é inocente não dilata nem protela
oportunidade de afirmá-lo; ao revés, tanto que se lhe depara ocasião de repelir a
acusação, no mesmo ponto pratica sua defesa. Esta, a razão por que, ordinariamente
falando, ainda que direito do réu permanecer calado, esse teor de proceder não se
compadece com o perfil do inocente, antes é o retrato moral do culpado.
–– A posse irregular de arma de fogo com numeração suprimida tipifica a infração do
art. 16, nº IV, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento),
independentemente de perigo concreto.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a
mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os
perigos que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que
existam controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das
Armas de Fogo, 1998, p. 107).
— À luz da jurisprudência do STJ, a alteração, adulteração ou remarcação de placa
de veículo automotor aperfeiçoa o tipo do art. 311 do Cód. Penal (cf. Rev.
Tribs., vol. 772, pp. 541-542).
—“A conduta de substituir placas de veículo enquadra-se nos núcleos do tipo penal
em exame (art. 311 do Cód. Penal), pois pode configurar mudança, alteração
por meio de qualquer modificação, remarcação com alteração ou colocação de
nova marca” (STJ; REsp nº 769.290/SP; 5a. Turma; rel. Min. Gilson Dipp;
DJU 6.3.2006, p. 438).
— Não há proibição legal de que o Juiz conceda ao condenado não-reincidente a
pena inferior a 8 anos o benefício do regime semi-aberto; o Código Penal, o que
veda às expressas é que se conceda ele ao réu condenado a pena superior a 8 anos
(não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos.

Voto nº 11.123 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.103557-0

Arts. 157, § 2º, nº II, e 29, “caput”, do Cód. Penal;


arts. 310, parág. único, 312, 648, nº I, e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII, e 93, nº IX, da Const. Fed.
32

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de


ser processado, rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que,
privado da liberdade — bem preciosíssimo do homem —, não
parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando os dias de sua
permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois
não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força
maior que obstam à realização do ato processual.
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do crime, é
insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo;
apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do contraditório
(art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas decisões, ninguém ainda ousou
contestar a verdade destas palavras do conspícuo Ministro Mário Guimarães, do
Supremo Tribunal Federal, grande sabedor da matéria: “Certas decisões,
também, se fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso”
(O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p. 347).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem
a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —, tem
contra si a presunção de periculosidade.

Voto nº 11.124 — embargos DE DECLARAÇÃO Nº


993.08.037679-4/5
Arts. 157, § 2º, nº I, e 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal.
33
—“Regime inicial fechado. Alegação de incompatibilidade entre o regime fixado e a
pena imposta. A periculosidade do agente, a gravidade do delito e as
circunstâncias de sua prática justificam a reprimenda mais severa.
Inaplicabilidade das súmulas ns. 718 e 719 do STF” (HC nº 84.974-SP; 2a.
Turma; rel. Min. Gilmar Mendes; DJU 27.5.05, p. 30).
— Pelo comum, não possuem os embargos decla-ratórios caráter infringente ou
modificativo do julgado (cf. Rev. Trim. Jurisp., vol. 182, p. 896; rel. Min. Celso
de Mello).

Voto nº 11.125 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.04.024219-3
Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 159, do Cód. Penal;
arts. 202 e 386, nº III, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

— Que melhor prova da autoria do crime que a confissão?! A lição é de R.


Garraud: “parece uma prova superior a todas as outras. Habemus confitentem
reum: a culpabilidade está estabelecida, não falta senão aplicar a lei”
(Compêndio de Direito Criminal, 1915, vol. II, p. 208; trad. A.T. de Menezes).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao arguente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos
policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de
policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU
7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal
Anotado, 22a. ed., p. 187).
— Não há desmerecer o valor da palavra da vítima; ao revés, sua condição de
protagonista do evento delituoso é a que a credencia, sobre todos, a discorrer das
circunstâncias dele.
— Tão só em casos excepcionais, de manifesta contravenção da verdade sabida, será
lícito opor restrições ao teor de suas palavras. No geral, a palavra da vítima é a
primeira luz que afugenta as sombras sob que se pretende abrigar a impunidade.
— Muita vez, o silêncio do acusado é a mais clara das explicações.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007, atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento
de pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).
— O autor de extorsão mediante sequestro (art. 159 do Cód. Penal), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 11.126 —Recurso em Sentido Estrito Nº


990.08.085117-9
Art. 43, nº III, do Cód. Proc. Penal;
34
arts. 33, 34, 35 e 36, da Lei nº 11.343/06.
— Superior a toda crítica é a decisão que, por falta de justa causa para a ação penal
— porque indemonstrada, mesmo por indícios, a existência do fato imputado ao
réu —, rejeita a denúncia (art. 43, nº III, do Cód. Proc. Penal).
—“A inexistência da fumaça do bom direito para a instauração da persecutio
criminis in judicio obriga à rejeição da denúncia” (Damásio E. de Jesus,
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 63).
—“Para o exercício regular da ação penal pública ou privada, indispensável o
requisito da justa causa, expressa em suporte mínimo da prova da imputação. O
simples relato do fato, sem qualquer elemento que indique sua provável
ocorrência, inviabiliza o recebimento da queixa-crime ou da denúncia” (Rev.
Tribs., vol. 674, p. 341; rel. Min. José Cândido);
— Não é o simples concurso de duas ou mais pessoas, no tráfico de entorpecentes, o
que caracteriza o crime do art. 35 da Lei de Drogas, senão a associação com o
intuito de praticar os crimes previstos em seus arts. 33, “caput” e § 1º, e 34.

Voto nº 11.127 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.102812-3


Art. 659 do Cód. Proc. Penal;
arts. 33 e 35, da Lei nº 11.343/06.
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio
sentença condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José
Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).

Voto nº 11.128 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.140540-7


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312, 321, 323 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 1º da Lei nº 2.252/54;
art. 16, parág. único, nº IV, da Lei nº 10.826/03;
arts. 5º, nº LVII, e 93, nº IX, da Const. Fed.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— HABEAS CORPUS – Pedido de liberdade
provisória – Roubo praticado mediante concurso de agentes – Necessidade da
custódia cautelar – Ordem denegada.
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção
de inocência, consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº
LVII), subsiste a providência da prisão preventiva, quando
conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo
Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes
indícios de sua autoria.
–– Não há averbar de falta de fundamentação a decisão que encerra base jurídica e
fática bastante a garantir-lhe a validade. Tratando-se de roubo, crime de extrema
gravidade, a necessidade e a conveniência da decretação da custódia cautelar
como que se presumem.
35
Voto nº 11.129 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº
990.08.112996-5
Arts. 214, 224, alínea a, 225, § 1º, nº II, e 71, do Cód. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

— A argüição de nulidade por falta de apreciação de teses da Defesa não prevalece


contra sentença cuja conclusão se mostre com elas inconciliável. É que “a
sentença precisa ser lida como discurso lógico” (STF; REsp nº 47.474/RS; 6a.
Turma; rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro; DJU 24.10.94, p. 28.790).
— Tem a palavra da vítima importância capital nos crimes contra a liberdade
sexual. Se ajustada ao conjunto probatório dos autos, enseja condenação: ao
cabo de contas, ninguém se reputa mais apto a discorrer das circunstâncias e
autoria do crime que a pessoa que lhe padeceu diretamente os agravos físicos e
morais (art. 214 do Cód. Penal).
— A prova da materialidade do crime de atentado violento ao pudor não depende
da conclusão da perícia médica, uma vez que atos libidinosos, por sua natureza,
nem sempre deixam vestígios (art. 214 do Cód. Penal).
— O regime fechado, no início, para o autor de atentado violento ao pudor (art.
214 do Cód. Penal) crime da classe dos hediondos, decorre da vontade expressa
da lei (art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 11.130 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.142171-2


Arts. 66, nº III, alíneas b e f, 197, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Ainda que instrumento processual de
dignidade constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo,
não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário
não interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82,
P. 2.561).

Voto nº 11.131 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.128730-7


Arts. 86 e 90, do Cód. Penal;
art. 732 do Cód. Proc. Penal;
arts. 145 e 146, da Lei de Execução Penal.

–– É questão vitoriosa nos Tribunais que a revogação do livramento condicional


somente pode ocorrer durante o período de prova (art. 86 do Cód. Penal).
–– “Terminado o período de prova sem revogação, a pena privativa de liberdade
deve ser julgada extinta” (Julio Fabbrini Mirabete, Execução Penal, 11a. ed.,
p. 599).
36

Voto nº 11.132 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 990.08.081757-4


Art. 157, § 2º, nº V, do Cód. Penal;
arts. 563 e 571, do Cód. Proc. Penal.
— Nulidade de cunho relativo, a ausência do réu preso à audiência, por motivo de
força maior, desde que regularmente requisitado, somente se reconhece e declara
à vista de prova cabal do prejuízo e oportuna argüição (arts. 563 e 571 do Cód.
Proc. Penal).
—“O CPP adotou o princípio de que as nulidades se consideram sanadas, desde
que o interessado as não alegue no momento oportuno” (Damásio E. de Jesus,
Código Penal Anotado, 22a. ed., p. 443).
— A palavra da vítima, nos crimes de roubo, tem inquestionável importância e
pode ensejar decreto condenatório, se em harmonia com as mais provas dos
autos. Sua força está na circunstância de ter saído dos lábios da pessoa que sofreu
a violência ou grave ameaça e, pois, está em melhor condição de identificar seu
ofensor.
— Somente ó possível afastar a causa de aumento do art. 157, § 2º, nº V, do Cód.
Penal quando o agente priva de liberdade a vítima pelo tempo estritamente
necessário à prática dos atos executórios do roubo.
— O regime fechado, no início, é o que unicamente se aproposita ao autor de roubo
(crime da última graveza e abjeção), que argúi em quem o pratica entranhada
rebeldia à disciplina social.

Voto nº 11.133 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.098102-1
Arts. 59 e 157, "caput", do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.
— Que melhor prova contra o réu que sua confissão? Donde o aforismo: “Nulla est
maior probatio quam propria ore confessio” (o que, tirado a vernáculo, significa:
não há prova maior do que a confissão de boca própria).
— A palavra da vítima é a pedra angular do edifício probatório: se em harmonia
com os mais elementos dos autos justifica a procedência da pretensão punitiva e a
condenação do réu.
— Diz-se consumado o roubo se o agente, ainda que por breve lapso de tempo, teve
a posse desvigiada da coisa subtraída à vítima mediante violência ou grave
ameaça.

Voto nº 11.134 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.147443-3


Art. 83 do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional,
próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas
corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a
“causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário
não interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82,
P. 2.561).
37
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes
de execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alínea “b”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 11.135 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 990.08.104756-0


Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 83, parág. único, 329, do Cód. Penal;
art. 226 do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.
— Nisto de reconhecimento, o ponto está em que seja seguro. O exagerado apego
ao rito preconizado pelo art. 226 do Cód. Proc. Penal constitui, muita vez, culto
ao “frívolo curialismo”, que o sábio Francisco Campos mandava proscrever, de
férula em punho (cf. Exposição de Motivos do Código de Processo Penal, nº
XVII).
— O réu que é inocente declara-o desde logo, movido da própria razão natural, que
ordena a todo o indivíduo se defenda de injusta acusação; quem se refugia no
silêncio, embora direito seu previsto na Constituição da República (art. 5º, nº
LXIII), esse dá a conhecer que não tinha que responder à acusação, por
verdadeira. Donde o prestígio do venerável brocardo “qui tacet, consentire
videtur” (quem cala, consente).
— A palavra da vítima de roubo, sobretudo quando em harmonia com outros
elementos de convicção do processo, pode justificar decreto condenatório.
Protagonista do fato criminoso, é pessoa a mais capacitada para dele discorrer e
indicar seu autor.
— O regime prisional fechado é, pelo comum, o que mais convém à personalidade
do autor de roubo, de seu natural violento e refratário à disciplina social.

Voto nº 11.136 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.074828-9


Art. 647 do Cód. Proc. Penal.

–– Apenas a certeza do procedimento arbitrário ou ilegal da autoridade coatora, apto


a causar coação física ou moral ao paciente, pode autorizar-lhe a concessão de
“habeas corpus” preventivo, não o infundado receio de que futura decisão possa
contrariar-lhe interesse (art. 647 do Cód. Proc. Penal).
––“O habeas corpus preventivo só deve ser concedido quando estreme de dúvidas o
procedimento arbitrário e ilegal da autoridade coatora, importando em
sofrimento ou coação ilegal à pessoa do paciente” (TJDF; rel. Antônio
Honório; DJU 6.9.79, p. 6.650; apud Alberto Silva Franco et alii, Código de
Processo Penal e sua Interpretação Jurisprudencial, 1999, vol. I, p. 702).
–– Apenas a certeza do procedimento arbitrário ou ilegal da autoridade coatora, apto
a causar coação física ou moral ao paciente, pode autorizar-lhe a concessão de
salvo-conduto, não o infundado receio de que venha a ser preso e processado
criminalmente (art. 647 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 11.139 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.115582-6
Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 14, nº II, 70, “caput”, do Cód. Penal;
art. 386, nº IV, do Cód. Proc. Penal.
— Palavras de quem foi protagonista do fato delituoso, as da vítima são, pelo
comum, dignas de crédito; servem, pois, a lastrear condenação, máxime se a
38
roborarem outros elementos do processo.
— No geral, a palavra da vítima é a primeira luz que afugenta as sombras sob que
se pretende abrigar a impunidade.
— É, por força, o regime fechado o mais compatível com o autor de roubo,
sobretudo se indivíduo que ostenta copiosos traços negativos de personalidade e
se consagrou abertamente à vida fora da lei, de todo infenso às regras que
disciplinam a convivência humana.
39

Voto nº 11.141 — gravo em a execução Nº


990.08.106126-0
Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os
requisitos da lei não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para
o caminho do bem, de que se desviara, a fim de que possa reintegrar-se,
efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!

Voto nº 11.142 — gravo em a execução Nº


990.08.010806-9
Art. 159 do Cód. Penal;
arts. 105 e 112, da Lei de Execução Penal.

— Não há que opor à decisão que, embora pendente recurso do Ministério Público,
determina a expedição de guia provisória de recolhimento a favor de réu preso,
condenado a cumprir pena sob o regime prisional fechado, pois mesmo que
provido o recurso e exasperada a pena corporal, já lhe está fixado o regime da
última severidade; inexistirá, portanto, o “periculum in mora”, o risco de fuga do
sentenciado à execução da pena ou algum prejuízo para a sociedade.
— Também os que violaram a ordem jurídica e social têm seus direitos; ainda o mais
vil dos homens não decai nunca da proteção da Lei. A presteza com que
encaminha o réu para a Vara das Execuções Criminais serve de timbre de honra
do Juízo da condenação, não de labéu (art. 105 da Lei de Execução Penal).
— Fere os princípios da Justiça e repugna à consciência jurídica submeter o réu
condenado a efeitos mais graves do que os estipulados no título executório,
mesmo no caso de ter sido interposto recurso pela Acusação.
— “Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação
imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado
da sentença condenatória” (Súmula nº 716 do STF).
40

Voto nº 11.143 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.102886-7
Arts. 148 e 157, § 2º, nº V, do Cód. Penal;
art. 202 do Cód. Proc. Penal.

— A palavra da vítima é a pedra angular do edifício probatório: se em harmonia


com os mais elementos dos autos justifica a procedência da pretensão punitiva e a
condenação do réu.
—“No sequestro, desde que a privação da liberdade de locomoção constitua meio
ou elemento de outro crime, perde o sequestro a sua autonomia e é absorvido
por este crime” (Rev. Tribs., vol. 491, p. 275; rel. Hoeppner Dutra).
— Embora nas mais das vezes o aumento de 1/3 pelas qualificadoras atenda aos
intuitos da lei (reprovação e prevenção do crime), não há dizer contra a sentença
que, em razão da incidência de tríplice causa de aumento, acrescenta à pena-base
cominada ao roubo a fração de 1/2 por ter ocorrido privação da liberdade da
vítima (art. 157, § 2º, nº V, Cód. Penal).
— O regime fechado, no início, é o que unicamente se aproposita ao autor de roubo
(crime da última graveza e abjeção), que argúi em quem o pratica entranhada
rebeldia à disciplina social.

Voto nº 11.144 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.111357-0
Arts. 157, § 2º, ns. I, II e V, 29, do Cód. Penal;
arts. 202 e 386, nº VII, do Cód. Proc. Penal.

— O reconhecimento seguro do réu pela vítima de roubo é prova suficiente à


decretação do veredicto condenatório, pois repugna à boa razão tenha querido
acusar inocente.
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui
solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód.
Proc. Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas
penas da lei, donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a
Juízo para mentir.
—“A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena
abaixo do mínimo legal” (Súmula nº 231 do STJ).
— O regime prisional fechado, sobre atender ao espírito da lei,
conforma-se à personalidade do autor de roubo, sujeito de
ordinário violento e, pois, necessitado de severa disciplina, que o
melhore e reconduza à vida em sociedade.
41
Voto nº 11.145 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº
990.08.079878-2
Arts. 129, 157, § 2º, ns. I e II, 14, nº II, 33, 2a. parte, 307, do Cód. Penal.

— No geral, a palavra da vítima é a primeira luz que afugenta as sombras sob que
se pretende abrigar a impunidade.
—“A simples confissão da prática de um crime não atenua a pena. (...). O que
importa é o motivo da confissão, como, por exemplo, o arrependimento sincero,
demonstrando merecer (o acusado) pena menor, com fundamento na lealdade
processual” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 246).
— Há tentativa de roubo, que não tentativa de latrocínio, se o agente, ao perpetrar
o crime, provoca lesão corporal de natureza leve no sujeito passivo ou terceiro.
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa; não lhe é
lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a lei define e pune como
crime (art. 307 do Cód. Penal).
— O regime prisional fechado é o que, em princípio, convém ao autor de roubo, por
sua natural periculosidade, como sujeito infenso à ordem legal e destituído de
sentimento ético, sobretudo se reincidente, e pela notória gravidade do crime, que
intranqüiliza e comove a população honrada.

Voto nº 11.146 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.05.035377-0
Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 59, do Cód. Penal.

— A confissão policial, ainda que repudiada em Juízo, autoriza decreto


condenatório se em harmonia com outros elementos de prova, máxime o firme
reconhecimento do réu pela vítima.
—“A confissão do delito vale não pelo lugar em que é prestada, mas pela força de
convencimento que nela se contém” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 95, p. 564;
rel. Min. Cordeiro Guerra).
— No caso de roubo, tem a palavra da vítima extraordinária importância para
comprovar-lhe a materialidade e a autoria: parte precípua no evento criminoso, é
a que está em melhores condições de, à luz da verdade sabida, reclamar a punição
unicamente do culpado.
— O regime prisional fechado é, em linha de princípio, o que verdadeiramente
convém ao autor de roubo, sobretudo se manifesta sua propensão à vida de
crimes.

a
Voto nº 11.151 — PELAçÃO RIMINAL Nº c
990.08.111241-8
Arts. 157, § 2º, ns. I, II e V, 65, nº I, do Cód. Penal.

— Isto de permanecer calado no inquérito, conquanto direito seu, faz contra a


presunção de inocência do réu. A razão é que, se deveras inocente e limpo de
crime, tê-lo-ia já proclamado, como aqueles que são acusados sem causa, pois a
todos ensinou a Natureza a defender-se com a última força. Ordinariamente
falando, é o silêncio do réu a pedra-de-toque de sua culpa.
— Nos casos de roubo, a palavra da vítima tem extraordinário valor e peso, pois
manteve contacto direto com seu autor, cuja punição unicamente lhe interessa,
não a de pessoa inocente.
— “A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena
abaixo do mínimo legal” (Súmula nº 231 do STJ).
42
— O regime prisional fechado é, em linha de princípio, o que verdadeiramente
convém ao autor de roubo, sobretudo se manifesta sua propensão à vida de
crimes.
43

Voto nº 11.152 — gravo em a execução Nº


990.08.150747-1
Art. 83 do Cód. Penal.

–– Satisfeitos os requisitos legais (art. 83 do Cód. Penal), é o livramento


condicional direito público subjetivo do condenado, que se lhe não pode negar
sem grave injúria da Lei e da Justiça.
–– O argumento da pena longa não é poderoso a obstar a concessão de livramento
condicional ao sentenciado, se já cumpriu dela a metade (necessariamente
longa). Tampouco lhe serve de empecilho à obtenção do benefício o registro de
falta grave (fuga), se, ao depois, revelou, por largo espaço de tempo, exemplar
conduta carcerária e notável dedicação ao trabalho, sinais inequívocos de sua
redenção.

Voto nº 11.153 — gravo em a execução Nº


990.08.111587-5
Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 5º, nº XL, e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464,
em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução
Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU
19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de
Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da
pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e
44
refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a
mudança para regime prisional mais brando.
45

Voto nº 11.154 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.022685-7
Arts. 157, § 2º, nº I, 33, § 2º, alínea b, e 59, do Cód. Penal.

— A confissão, máxime a prestada em Juízo, vale como prova do fato e de sua


autoria, se não ilidida por elementos de convicção firmes e idôneos. Donde a
antiga parêmia: “A confissão judicial é das melhores provas; quem confessa,
contra si profere a sentença” (apud Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, t. II, p. 530).
— A palavra da vítima, passa por excelente meio de prova e autoriza decreto
condenatório, se em conformidade com os outros elementos de convicção
reunidos no processado.
— Para caracterizar a qualificadora do art. 157, § 2o, no I, do Cód. Penal, irrelevante
é a apreensão da arma utilizada pelo agente; basta que testemunhos idôneos lhe
comprovem a existência.
— A só presença de duas qualificadoras não obriga ao aumento da pena do roubo
além do mínimo legal de 1/3, o que apenas se justifica nos casos em que
praticado por grupo numeroso de agentes, mediante emprego de armas de
extraordinário poder vulnerante.
— Não há proibição legal de que o Juiz conceda ao condenado não-reincidente a
pena inferior a 8 anos o benefício do regime semiaberto; o Código Penal, o que
veda às expressas é que se conceda ele ao réu condenado a pena superior a 8 anos
(não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos
(art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal).

Voto nº 11.160 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.071419-8
Arts. 213, 214, 33, § 3º, 59, 71, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 5º, nº XL, da Const. Fed.

— Tem a palavra da vítima suma importância nos crimes contra a liberdade


sexual. Se ajustada ao conjunto probatório dos autos, enseja condenação: ao
cabo de contas, ninguém se reputa mais apto a discorrer das circunstâncias e
autoria do crime que a pessoa que lhe padeceu diretamente os agravos físicos e
morais (art. 214 do Cód. Penal).
— A prova da materialidade do crime de atentado violento ao pudor não depende
da conclusão da perícia médica, uma vez que atos libidinosos, por sua natureza,
nem sempre deixam vestígios. Aqui a prova oral tem valor decisivo (art. 214 do
Cód. Penal).
— Desde que o Colendo Supremo Tribunal Federal, na sessão plenária de 23.2.2006
(HC nº 82.959-SP), declarou a inconstitucionalidade incidental do art. 2º, § 1º,
da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), é possível deferir a autor de
estupro ou atentado violento ao pudor (art.s 213 e 214 do Cód. Penal) regime
prisional semiaberto (e aberto), se lhe forem favoráveis as circunstâncias
judiciais (art. 59) e o permitir a quantidade de pena. Precedentes do STJ (HC nº
58.818-SP; rel. Min. Arnaldo Esteves Lima; 5a. T.; j. 3.4.08; HC nº 102.481-
GO; rel Min. Arnaldo Esteves Lima; 5a. T.; j. 6.5.08; HC nº 114.477-DF; rel.
Min. Og Fernandes; 6a. T.; j. 2.12.08, etc.).
46

Voto nº 11.161 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.143878-0


Art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 16, parág. único, nº IV, da Lei nº 10.826/03.

–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença condenatória”
(STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).

Voto nº 11.162 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.032014-9


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.

Voto nº 11.163 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.110824-0


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
47

Voto nº 11.164 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.122914-5


Art. 83 do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
–– Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter livramento condicional, pois se trata de matéria em que, por
previsão de lei (art. 66, nº III, alínea e, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.

Voto nº 11.165 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.147616-9


Art. 157 do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.

Voto nº 11.166 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.163031-1


Art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 16, parág. único, nº IV, da Lei nº 10.826/03.

–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio
sentença condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José
Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).
48

Voto nº 11.167 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.143750-3


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a


permanência do condenado em estabelecimento penal próprio
do regime fechado, enquanto aguarda vaga no semi-aberto.
Ditada por força maior ou razão de ordem superior invencível,
tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana: todo o
infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada
em grau menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 11.168 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.157631-7


Arts. 66, nº III, alíneas b e f, 117, nº III, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a


permanência do condenado em estabelecimento penal próprio
do regime fechado, enquanto aguarda vaga no semi-aberto.
Ditada por força maior ou razão de ordem superior invencível,
tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana: todo o
infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada
em grau menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 11.169 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.122795-9


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução
49
Penal), deve entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções
Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições e violação
de norma de organização judiciária do Estado.
50

Voto nº 11.170 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.122770-3


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.

Voto nº 11.171 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.147781-5


Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 5º, nº XL, e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464,
em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução
Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU
19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
51

Voto nº 11.172 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.112409-2

Art. 112 da Lei de Execução Penal.

–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido


anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).

Voto nº 11.173 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.135405-5

Art. 83 do Cód. Penal;


art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal;
arts. 33 e 35, da Lei nº 11.343/2006.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
–– Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter livramento condicional, pois se trata de matéria em que, por
previsão de lei (art. 66, nº III, alínea e, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
52

Voto nº 11.174 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.053531-5
Art. 64, nº I, do Cód. Penal;
arts. 202, 514, 563 e 566, do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 38 da Lei nº 10.409/2002;
arts. 33, “caput”, e 55, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas);
arts. 93, nº IX, e 133, da Const. Fed.

— A Lei nº 10.409/02 não revogou os arts. 12 e seguintes da Lei nº 6.368/76. É que


uma lei revoga outra, quando expressamente o disponha, ou quando, em relação à
lei nova, a anterior se torne antagônica e antinômica, gerando com ela
incompatibilidade.
—“O rito especial previsto na Lei nº 10.409/02 aplica-se apenas aos crimes nela
previstos, os quais, insertos nos arts. 14 a 26, que integram a seção única do
Capítulo III, foram integralmente vetados, por vício de inconstitucionalidade”
(STJ; HC nº 28.300-RJ; 6a. Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 16.12.2003; DJU
3.11.2004, p. 245).
—“A ausência de demonstração de prejuízo, por parte da defesa, decorrente da
inobservância do rito previsto no art. 38 da Lei nº 10.409/2002, impede a
declaração de nulidade do processo” (STF, HC nº 85.155/SP; relª. Minª. Ellen
Gracie; j. 22.3.2005).
— A Constituição Federal, em seu art. 93, nº IX, estigmatiza de nula a decisão não
fundamentada, e com bem de razão, pois que os motivos lhe são verdadeiramente
a alma e a substância. Nenhum julgamento se satisfaz com argumentação tíbia e
evasiva. O despacho que recebe a denúncia, contudo, não no considera a
Doutrina ato decisório, senão mero juízo de admissibilidade da acusação,
estranho ao império do mencionado preceito constitucional.
— Nisto de nulidades, tem-se de atender ao ponto do prejuízo, que lhe serve de
pedra de toque: nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar
prejuízo para a acusação ou para a defesa (art. 563 do Cód. Proc. Penal).
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06 – Lei de Drogas).
— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos
policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de
policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU
7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal
Anotado, 22a. ed., p. 187).
— Embora inaptos para configurar a agravante da reincidência (art. 64, nº I, do
Cód. Penal), condenações pretéritas do sujeito sempre lhe caracterizam maus
antecedentes, que o cálculo da pena-base não pode relegar à sombra. Com efeito,
não há ficar indiferente o Julgador ao passado de crimes do indivíduo, quando lhe
deseja compor o perfil moral. Enfim, somos o que fomos!
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
53

Voto nº 11.175 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.096286-8
Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 33 da Lei nº 11.343/06.

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo


a idéia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
— Impossível deferir ao réu benefício do art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 (Lei de
Drogas) – redução da pena de 1/6 a 2/3 – se não satisfaz à condição legal prevista
na cláusula “desde que o agente seja primário, de bons antecedentes”.
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 11.176 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.145435-1


Arts. 157, § 2º, nº II, e 29, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, e 312, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— De presente, por força do princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº LVII,


da Const. Fed.), prevalece nos Tribunais o entendimento de que a prisão
cautelar somente se legitima se determinada por inelutável necessidade e
conveniência de ordem pública. Necessidade é a razão que se funda na gravidade
extrema do crime e na periculosidade do agente, circunstâncias que o obrigam a
segregar-se da comunhão social.
–– Se ausentes os pressupostos legais da decretação da prisão preventiva, tem direito
a liberdade provisória o réu que, primário e de bons antecedentes, responde a
processo por crime cometido sem violência (art. 310, parág. único, do Cód.
Proc. Penal).
–– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-
se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento de
réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310,
parág. único, do Cód. Proc. Penal).
—“Liberdade provisória. Embora preso em flagrante por crime inafiançável, pode
o réu ser libertado provisoriamente, desde que inocorram razões para sua
prisão preventiva” (TJSP; Rev.Tribs., vol. 523, p. 376; apud Damásio E. de
Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 246).
—“Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a privação
cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu. Ausentes razões de
necessidade, revela-se incabível, ante a sua excepcionalidade, a decretação ou a
subsistência da prisão preventiva (...)” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 180, pp.
262-264; rel. Min. Celso de Mello).
54

Voto nº 11.177 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.113471-3


Arts. 66, nº III, alíneas b e f, 112, 197, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Contra o parecer de notáveis juristas, que sustentam não ser o “habeas corpus”
meio apropriado a impugnar decisão de que caiba recurso ordinário, mostra-se de
bom exemplo conhecer da impetração, porque, em tese, passa pelo remédio
jurídico-processual mais célere e eficaz para conjurar abusos e ilegalidades
contra o direito à liberdade de locomoção do indivíduo (art. 5º, nº LXVIII, da
Const. Fed.).
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.

Voto nº 11.178 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.111965-0


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, e 312, do Cód. Proc. Penal.
arts. 5º, nº LVII, e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas decisões, ninguém ainda ousou
contestar a verdade destas palavras do conspícuo Ministro Mário Guimarães, do
Supremo Tribunal Federal, grande sabedor da matéria: “Certas decisões,
também, se fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso”
(O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p. 347).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do
juiz), primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência
no foro da culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art.
310, parág. único, do Cód. Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave —
como é o roubo —, tem contra si a presunção de periculosidade.
55

Voto nº 11.179 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.097981-7
Arts. 33, “caput”, e 40, nº III, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas).

— Em se tratando de réu primário, a “regra é partir da pena base no grau


mínimo” (TRF da 1a. R; Ap. nº 22.082; DJU 5.3.90, p. 3.233).
— Fator de esclarecida e humana individualização da pena, será bem reduzi-la ao
réu condenado por infração do art. 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), que
satisfaça aos requisitos de seu § 4º.
— Para que seja a pena justa, segundo a memorável lição do Marquês de Beccaria,
não deve ter senão o grau de rigor suficiente para afastar os homens da senda do
crime (Dos Delitos e das Penas, § XVI).

Voto nº 11.183 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.072668-4
Arts. 44 e 171, “caput”, do Cód. Penal.

—“A palavra da vítima é a viga mestra da estrutura probatória, e a sua acusação,


firme e segura, em consonância com as demais provas, autoriza a condenação”
(Rev. Tribs., vol. 750, p. 682).
— Pratica estelionato em seu tipo fundamental o agente que, em proveito próprio e
mediante falsificação, emite cheque de terceiro, causando-lhe prejuízo (art. 171,
“caput”, do Cód. Penal).

Voto nº 11.186 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.135810-7


Arts. 393, nº I, e 594, do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de


dignidade constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo,
não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda contava
ser absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito subjetivo
depois de condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de sua
culpabilidade.
–– Segundo entendimento pacífico do STF, a disposição do art. 594 do Cód. Proc.
Penal não se aplica a réu preso em razão de flagrante ou preventiva (cf.
Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 474).
–– Se o acusado respondeu preso ao processo por crime de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), será verdadeira abusão lógica deferir-lhe o benefício
da liberdade provisória após sua condenação, pois entre os efeitos da sentença
condenatória recorrível inclui-se precisamente o de “ser o réu conservado na
56
prisão” (art. 393, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— A exigência de prisão provisória para apelar não ofende a garantia
constitucional da presunção de inocência (Súmula nº 9 do STJ).
57

Voto nº 11.187 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.120906-3


Art. 339 do Cód. Penal;
arts. 41 e 569, do Cód. Proc. Penal.

—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não


contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Não é inepta a denúncia que permite ao réu o exercício do direito de ampla
defesa. Eventual preterição de requisito do art. 41 do Cód. Proc. Penal pode
suprir-se até à sentença final (art. 569 do Cód. Proc. Penal).
— “Se a denúncia narra fato que permite adequação típica, ela não é, formalmente,
inepta (art. 41 do CPP)” (STJ; Jurisprudência, vol. 105, p. 303; rel. Min. Félix
Fischer).
— Para que a denúncia produza efeitos de direito e autorize a instauração do
processo-crime basta que descreva ação típica e lhe indique o autor (art. 41 do
Cód. Proc. Penal).
— Só é admissível trancamento de ação penal por falta de justa causa, quando esta
se mostre evidente à primeira face.
— “Se o fato atribuído ao paciente constitui violação da lei penal, existe justa causa
para o processo” (Rev. Forense, vol. 172, p. 426).

Voto nº 11.188 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.141315-9


Arts. 180, 288, parág. único, 29 e 69, do Cód. Penal;
art. 312 do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII, e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o
mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio
de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva
exige prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria.
Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do
réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 21a. ed., p. 246).
–– “Não foge, nem se teme a inocência da Justiça” (Antônio Ferreira, Castro, ato
IV, cena I, v. 27).
58

Voto nº 11.189 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.139320-4


Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 310, parág. único, do Cód. Penal;
arts. 798, § 4º, e 806, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LV, da Const. Fed.
–– Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não
será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem,
no entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a
tradição jurídica motivos de força maior, a cujo número
pertence a necessidade de expedição de carta precatória para
o interrogatório do réu, termo essencial do processo e franca
oportunidade de obtenção de prova, imprescindível à busca da
verdade real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do
juiz), primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência
no foro da culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art.
310, parág. único, do Cód. Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave —
como é o roubo —, tem contra si a presunção de periculosidade.
— O Colendo Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que a disposição
do art. 806 do Código de Processo Penal não se aplica “aos casos de processos
criminais de ação penal pública” (HC nº 31.899; rel. Min. Orosimbo Nonato).
Nos processos penais, portanto, é contra o espírito da lei condicionar a
realização de diligências ao prévio pagamento das custas.
— “Falta de inquirição das testemunhas da defesa, por não terem sido pagas
previamente as custas do oficial de justiça: exigência descabida em ação penal
pública” (STF; HC nº 61.215; rel. Min. Soares Muñoz).

Voto nº 11.190 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.091082-5
Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 33 da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.
— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de
injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela
Constituição da República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo
adverso.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente
impõe-se demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram
à verdade ou caíram em erro de informação. É que, na busca da
verdade real — alma e escopo do processo —, “toda pessoa
poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).
— Impossível deferir ao réu benefício do art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 (Lei de
Drogas) – redução da pena de 1/6 a 2/3 – se não satisfaz à condição legal prevista
na cláusula “desde que o agente seja primário, de bons antecedentes”.
59
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
60

Voto nº 11.191 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.070276-9
Art. 202 do Cód. Proc. Penal.
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, 35 e 36, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de


injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela
Constituição da República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo
adverso.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente
impõe-se demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram
à verdade ou caíram em erro de informação. É que, na busca da
verdade real — alma e escopo do processo —, “toda pessoa
poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).
— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos
policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de
policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU
7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal
Anotado, 22a. ed., p. 187).
— É doutrina comum de graves autores que a figura típica do art. 35 da Lei
Antidrogas (associação para o tráfico) não se aperfeiçoa sem a prova cabal do
vínculo associativo.
— A prova, para autorizar a condenação de alguém pelo crime do art. 35 da Lei nº
11.343/06, escreveu Damásio E. de Jesus, “deve ser firme, segura, convincente,
incontroversa. Não o sendo, absolve-se” (Lei Antidrogas Anotada, 2009, p.
168).
— Em se tratando de réu primário, a “regra é partir da pena base no grau
mínimo” (TRF da 1a. R; Ap.nº 22.082; DJU 5.3.90, p. 3.233).
— Fator de esclarecida e humana individualização da pena, será bem reduzi-la ao
réu condenado por infração do art. 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), que
satisfaça aos requisitos de seu § 4º.
— Para que seja a pena justa, segundo a memorável lição do Marquês de Beccaria,
não deve ter senão o grau de rigor suficiente para afastar os homens da senda do
crime (Dos Delitos e das Penas, § XVI).
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
61

Voto nº 11.192 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.111968-4


Art. 157, § 2º, ns I e II, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, e 312, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII, e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas decisões, ninguém ainda ousou
contestar a verdade destas palavras do conspícuo Ministro Mário Guimarães, do
Supremo Tribunal Federal, grande sabedor da matéria: “Certas decisões,
também, se fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso”
(O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p. 347).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do
juiz), primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência
no foro da culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art.
310, parág. único, do Cód. Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave —
como é o roubo —, tem contra si a presunção de periculosidade.

Voto nº 11.193 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.117441-3


Arts. 168, § 1º, nº III, e 71 do Cód. Penal;
arts. 393, nº I, e 594, do Cód. Proc. Penal.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional,


próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas
corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a
“causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
–– É regra de direito positivo que o réu não pode apelar sem recolher-se à prisão
(art. 594 do Cód. Proc. Penal), por força do que estatui o art. 393, nº I, do
mencionado diploma legal, convém a saber: entre os efeitos da sentença
condenatória inscreve-se o de “ser o réu preso ou conservado na prisão”.
–– Se o réu carece dos requisitos subjetivos, não há dispensar-lhe o benefício do
apelo em liberdade, sem grave afronta ao Direito e à boa razão, sendo legítima a
sentença que o denega.
62

Voto nº 11.194 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.162630-6


Art. 312 do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 33, 35 e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do
Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a
materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 11.195 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.084198-0


Arts. 157, “caput”, e 33, do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o
recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita
a questões de alta indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 11.196 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.139253-4


Arts. 140, § 3º, 147, 331 e 26, do Cód. Penal;
arts. 386, nº VI, 396 e 659, do Cód. Proc. Penal;
art. 20 da Lei nº 7.716/89.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o


Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
63
Voto nº 11.197 — HABEAS cORPUS Nº
990.08.098016-5
Arts. 155 e 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— De presente, por força do princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº LVII,


da Const. Fed.), prevalece nos Tribunais o entendimento de que a prisão
cautelar somente se legitima se determinada por inelutável necessidade e
conveniência de ordem pública. Necessidade é a razão que se funda na gravidade
extrema do crime e na periculosidade do agente, circunstâncias que o obrigam a
segregar-se da comunhão social.
–– Se ausentes os pressupostos legais da decretação da prisão preventiva, tem direito
a liberdade provisória o réu que, primário e de bons antecedentes, responde a
processo por crime cometido sem violência (art. 310, parág. único, do Cód.
Proc. Penal).
–– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-
se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento de
réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310,
parág. único, do Cód. Proc. Penal).
—“Liberdade provisória. Embora preso em flagrante por crime inafiançável, pode
o réu ser libertado provisoriamente, desde que inocorram razões para sua
prisão preventiva” (TJSP; Rev.Tribs., vol. 523, p. 376; apud Damásio E. de
Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 246).
—“Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a privação
cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu. Ausentes razões de
necessidade, revela-se incabível, ante a sua excepcionalidade, a decretação ou a
subsistência da prisão preventiva (...)” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 180, pp.
262-264; rel. Min. Celso de Mello).

Voto nº 11.198 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.114357-7


Arts. 157, § 2º, ns I, II e V, 288, parág. único, e 69, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, e 312, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII, e 93, nº IX, da Const. Fed.

— HABEAS CORPUS – Pedido de liberdade


provisória – Roubo praticado mediante concurso de agentes – Necessidade da
custódia cautelar – Ordem denegada.
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
–– Não há averbar de falta de fundamentação a decisão que encerra base jurídica e
fática bastante a garantir-lhe a validade. Tratando-se de roubo, crime de extrema
64
gravidade, a necessidade e a conveniência da decretação da custódia cautelar
como que se presumem.
65

Voto nº 11.199 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.134402-5


Arts. 157, § 2º, ns. I e V, 288, e 71, do Cód. Penal;
arts. 41 e 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
art. 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Não há averbar de falta de fundamentação a decisão que encerra base jurídica e


fática bastante a garantir-lhe a validade. Tratando-se de roubo, crime de extrema
gravidade, a necessidade e a conveniência da decretação da custódia cautelar
como que se presumem.
— Se preso em flagrante delito, é razão que o acusado aguarde, no cárcere, a
verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às
condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.
–– Pedido de desclassificação do fato criminoso não cabe na esfera angusta do
“habeas corpus”, onde não têm entrada questões de alta indagação, ou que
impliquem aprofundado exame da prova dos autos.

Voto nº 11.200 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.144488-7


Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 33, do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o
recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita
a questões de alta indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 11.201 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.170042-5


Art. 288 do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal;
arts. 33 e 35, da Lei nº 11.343/06.

–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença
condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p.
16.585).
66
Voto nº 11.202 — HABEAS cORPUS Nº
990.08.116810-3
Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a


permanência do condenado em estabelecimento penal próprio
do regime fechado, enquanto aguarda vaga no semi-aberto.
Ditada por força maior ou razão de ordem superior invencível,
tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana: todo o
infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada
em grau menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 11.203 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.128404-9


Arts. 312 e 659, do Cód. Proc. Penal.

–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
—“Se a irresignação era contra a prisão temporária e esta já cessou, sendo
substituída pela prisão preventiva, e não há manifestação da paciente sobre tal
prisão, impõe-se também julgar prejudicado o presente pedido, nesse aspecto,
por ter perdido seu objeto” (STJ; HC nº 91.398/GO; 6a. Turma; rel. Minª. Jane
Silva; j. 27.5.2008).

Voto nº 11.204 — embargos infringentes Nº 993.07.109972-


4
Arts. 157, § 2º, ns. I e IV, 14, nº II, e 329, do Cód. Penal;
arts. 126, § 3º, e 127, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.
— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o eloqüente
Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu
trânsito em julgado. Portanto, desconstituí-la, salvo mediante
revisão criminal, fora violar a autoridade da “res judicata”, um
dos principais dogmas em que assenta a ordem jurídica (art. 5º,
nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).
67
— De presente, já não é lícito ao Juiz dar ao art. 127 da Lei de Execução Penal
outra interpretação que a literal restrita, por força da Súmula Vinculante nº 9,
editada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, que mandou inscrever entre os
dogmas jurídicos a perda, para o condenado “que for punido por falta grave”, do
direito ao tempo remido pelo trabalho.
68

Voto nº 11.205 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.06.012794-2
Arts. 157, § 3º, e 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

— A palavra da vítima é a pedra angular do edifício probatório: se em harmonia


com os mais elementos dos autos justifica a procedência da pretensão punitiva e a
condenação do réu.
— Em se tratando de réu primário, a “regra é partir da pena base no grau
mínimo” (TRF da 1a. R; Ap. nº 22.082; DJU 5.3.90, p. 3.233).
— Para que seja a pena justa, segundo a memorável lição do Marquês de Beccaria,
não deve ter senão o grau de rigor suficiente para afastar os homens da senda do
crime (Dos Delitos e das Penas, § XVI).
— O regime fechado, no início, para autor de tentativa de latrocínio (arts. 157, §
3º, e 14, nº II, do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, decorre da vontade
expressa da lei (art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 11.206 — mandado de SEgUrança Nº


990.08.129340-4
Art. 89 da Lei nº 9.099/95.

—“Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou


correição previstos na lei processual” (Jurisprudência do Tribunal de Justiça,
vol. 141, p. 442; rel. Nélson Fonseca).
— Em obséquio à segurança jurídica — objetivo a que devem atender, por princípio,
todas as decisões da Justiça —, não há conceder mandado de segurança senão
em face de direito líquido e certo, que, na expressão memorável de Hely Lopes
Meirelles, “é direito comprovado de plano” (Mandado de Segurança e Ação
Popular, 5a. ed., p. 16).

Voto nº 11.207 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.163303-5


Art. 155, § 4º, nº II, do Cód. Penal;
arts. 312, 313 e 659, do Cód. Proc. Penal.

–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio
sentença condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José
Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).
69

Voto nº 11.208 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.129880-5


Arts. 157, § 2º, ns. I, II e V, 288, 297, 29 e 69, do Cód. Penal;
arts. 74, 310, parág. único, 563 e 566, do Cód. Proc. Penal;
art. 109, nº IV, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório.
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Se o crime não foi praticado em detrimento de bens, serviços ou interesses da
União, competente para o processo e julgamento é a Justiça Estadual Comum,
e não a Justiça Federal (art. 297 do Cód. Penal; art. 74 do Cód. Proc. Penal; art.
109, nº IV, da Const. Fed.).
–– Nulidade de ato processual somente se declara em face de prova plena e
incontroversa de prejuízo das partes, ou se “houver influído na apuração da
verdade substancial ou na decisão da causa” (arts. 563 e 566 do Cód. Proc.
Penal).
–– “Só a nulidade evidente, prima facie, autoriza a fulminação do processo no Juízo
do habeas corpus” (Rev. Forense, vol. 148, p. 415).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do
juiz), primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência
no foro da culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art.
310, parág. único, do Cód. Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave —
como é o roubo —, tem contra si a presunção de periculosidade.

Voto nº 11.209 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.165599-3


Art. 83 do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
–– Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão de regime, pois se trata de matéria em que, por
previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
70

Voto nº 11.210 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.159290-8

Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 29 e 70, do Cód. Penal;


arts. 310, parág. único, 312 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII, e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não
será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem,
no entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica
motivos de força maior, a cujo número pertence a necessidade
de expedição de carta precatória para o interrogatório do réu,
termo essencial do processo e franca oportunidade de obtenção
de prova, imprescindível à busca da verdade real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas decisões, ninguém ainda ousou
contestar a verdade destas palavras do conspícuo Ministro Mário Guimarães, do
Supremo Tribunal Federal, grande sabedor da matéria: “Certas decisões,
também, se fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso”
(O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p. 347).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem
a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —, tem
contra si a presunção de periculosidade.
71

Voto nº 11.211 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.147984-2


Art. 157, § 2º, ns. I, II e V, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 93, nº IX, da Const. Fed.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País
que somente o excesso de prazo injustificado constitui
constrangimento ilegal, não a demora na realização de ato
processual no Juízo deprecado, que tem o caráter de força
maior, motivo de suspensão do curso dos prazos (art. 798, § 4º,
do Cód. Proc. Penal).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.

Voto nº 11.212 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.062397-4


Arts. 121, § 2º, ns. I e IV, 29, do Cód. Penal;
arts. 257, 563 e 566, do Cód. Proc. Penal.
–– Nulidade de ato processual somente se declara em face de prova
plena e incontroversa de prejuízo às partes, ou se “houver
influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da
causa” (arts. 563 e 566 do Cód. Proc. Penal).
–– “Só a nulidade evidente, prima facie, autoriza a fulminação do processo no Juízo
do habeas corpus” (Rev. Forense, vol. 148, p. 415).

Voto nº 11.213 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.129948-8


Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 288, 297, 29 e 69, do Cód. Penal;
arts. 74, 310, parág. único, 563 e 566, do Cód. Proc. Penal;
art. 109, nº IV, da Const. Fed.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório.
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Se o crime não foi praticado em detrimento de bens, serviços ou interesses da
União, competente para o processo e julgamento é a Justiça Estadual Comum,
e não a Justiça Federal (art. 297 do Cód. Penal; art. 74 do Cód. Proc. Penal; art.
109, nº IV, da Const. Fed.).
–– Nulidade de ato processual somente se declara em face de prova
plena e incontroversa de prejuízo das partes, ou se “houver
influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da
causa” (arts. 563 e 566 do Cód. Proc. Penal).
–– “Só a nulidade evidente, prima facie, autoriza a fulminação do processo no Juízo
do habeas corpus” (Rev. Forense, vol. 148, p. 415).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do
72
juiz), primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de
residência no foro da culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal) àquele que, acusado de
crime grave — como é o roubo —, tem contra si a presunção de periculosidade.
73

Voto nº 11.214 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.131774-5


Art. 12 da Lei nº 10.826/03;
art. 33 da Lei nº 11.343/06.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional,


próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas
corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a
“causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixe alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).

Voto nº 11.215 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.137146-4


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional,


próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas
corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a
“causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixe alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).

Voto nº 11.216 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.095802-0


Arts. 50, nº V, e 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a


permanência do condenado em estabelecimento penal próprio
do regime fechado, enquanto aguarda vaga no semi-aberto.
Ditada por força maior ou razão de ordem superior invencível,
tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana: todo o
infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada
em grau menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
74

Voto nº 11.217 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.138924-0

Arts. 306, § 1º, 563 e 566, do Cód. Proc. Penal;


art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33 e 44, da Lei nº 11.343/06.

––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não


contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Nulidade de ato processual somente se declara em face de prova
plena e incontroversa de prejuízo das partes, ou se “houver
influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da
causa” (arts. 563 e 566 do Cód. Proc. Penal).
––“Só a nulidade evidente, prima facie, autoriza a fulminação do processo no Juízo
do habeas corpus” (Rev. Forense, vol. 148, p. 415).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 11.218 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.126057-3

Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o


Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
— “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
75

Voto nº 11.219 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.174297-7

Arts. 148, § 2º, 158, § 1º, 288, parág. único, 299, parág. único, 316 e 29, do
Cód. Penal;
arts. 312, 648, nº I, e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixe alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois
não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força
maior que obstam à realização do ato processual.
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
76

Voto nº 11.220 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.147465-4


Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 33, 35 e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 11.221 — Recurso em Sentido Estrito Nº


990.08.072911-0
Art. 121, § 2º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 408 do Cód. Proc. Penal.

— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que
a prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do réu (art. 408 do
Cód. Proc. Penal).
–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo
Júri o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– Salvo se manifesta sua inocorrência, não é de bom exemplo afastar, desde logo,
na fase da pronúncia, as qualificadoras do homicídio; ao Tribunal do Júri, como
a seu Juiz natural, é que, em princípio, cabe apreciá-lo (art. 121, § 2º, nº IV, do
Cód. Penal).
77

Voto nº 11.222 — agravo em execução Nº


990.08.111802-5
Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de
Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da
pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e
refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a
mudança para regime prisional mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os
requisitos da lei não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para
o caminho do bem, de que se desviara, a fim de que possa reintegrar-se,
efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!

Voto nº 11.223 — gravo em a execução Nº


990.08.125665-7
Art. 112 da Lei de Execução Penal.

—“O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a


concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº
12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 11.224 — gravo em a execução Nº


990.08.106202-0
Arts. 86, nº I, 89 e 90, do Cód. Penal.

—“Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta a pena
privativa de liberdade” (art. 90 do Cód. Penal).
––“Uma vez cumpridas as condições e expirado o prazo do livramento condicional
sem revogação (art. 90 do Cód. Penal), a pena é automaticamente extinta” (STJ;
RHC nº 8.363-RJ; 6a. Turma; rel. Min. Fernando Gonçalves; DJU 24.5.99, p.
202).
78
Voto nº 11.225 — agravo em execução Nº
990.08.134575-7
Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— Dois requisitos exige a lei para a progressão de regime: lapso temporal e mérito
do condenado; presentes que sejam, compete ao Juiz despachar de boa sombra a
pretensão, uma vez não pode recusar-se a praticar os atos de seu ministério.
— Não vá esquecer ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
— O asserto de que o criminoso empedernido não conhece recuperação não é
dogma científico. Para honra da Humanidade, não são raros os casos em que,
incentivados por medidas penais salutares, condenados abjuraram a vida de
crimes, redimiram-se de suas faltas e retornaram à comunhão social, tornando-se
cidadãos prestantes.
— Opor-se à progressão de regime — direito que a lei assegura ao condenado em
condições de o merecer — fora mais do que obstar-lhe a reintegração social,
porque seria matar-lhe a esperança, “que é o último remédio que deixou a
natureza a todos os males” (Vieira, Sermões, 1682, t. II, p. 87).

Voto nº 11.226 — gravo em a execução Nº


990.08.137270-3
Arts. 121, § 2º, nº IV, e 29, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 5º, nº XL, e 52, nº X, da Const. Fed.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei n º 11.464,
em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução
Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU
19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
79
16a. ed., p. 377).
80

Voto nº 11.227 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.126886-8

Arts. 171, “caput”, 175, 272, § 1º, e 69, “caput”, do Cód. Penal;
arts. 312, 648, nº I, e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 66 da Lei nº 8.078/90;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois
não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força
maior que obstam à realização do ato processual.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel.
José Dantas).
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
81

Voto nº 11.228 — gravo em a execução Nº


990.08.108947-5
Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 5º, nº XL, e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464,
em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução
Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU
19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de
Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da
pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário”, faz jus à progressão ao regime semiaberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e
refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a
mudança para regime prisional mais brando.

Voto nº 11.229 — gravo em a execução Nº


993.06.015057-0
Arts. 44, 50, 2a. parte, e 168, § 1º, nº III, do Cód. Penal.

— Ao Juiz incumbido da execução da pena a lei confere sempre o poder — amplo


poder discricionário — de, com o arbítrio do bom varão, prover que se
conformem às condições pessoais do sentenciado as tarefas que deva realizar, e
ainda determinar-lhes o sobrestamento (e até a supressão), em caso de fundado
receio de perigo para a incolumidade de terceiros (art. 44 do Cód. Penal).
— Embora não possa o Juiz da execução cancelar a multa, nem isentar o condenado
de seu pagamento (cf. Rev. Tribs., vol. 591, p. 359), faculta a lei que este “se
82
realize em parcelas mensais” (art. 50, 2a. parte, do Cód. Penal).
83
Voto nº 11.230 — agravo em execução Nº
990.08.107576-8
Art. 157, § 3º, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 5º, nº XL, e 52, nº X, da Const. Fed.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido antes
da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio basilar de
Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos
melhores intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do
Senado Federal para suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)”
(René Ariel Dotti, in Rev. Tribs., vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para efeito
de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei n º 11.464, em
29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC
nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito que
é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez
que novos argumentos ou provas concludentes me convenceram do
desacerto do veredictum anterior: acima do melindre pessoal de
cada um está a sacrossanta causa da Justiça” (Carlos Maximiliano,
Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 377).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de
Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da
pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente
fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para
regime prisional mais brando.

Voto nº 11.231 — gravo em a execução Nº


990.08.107873-2
Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal —
não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de
Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da
pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente
fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para
regime prisional mais brando.
84
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os
requisitos da lei não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para o
caminho do bem, de que se desviara, a fim de que possa reintegrar-se, efetivamente,
no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!

Voto nº 11.232 — embargos infringentes Nº 993.08.009864-


6/5
Arts. 126, § 3º, e 127, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.

— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o


eloqüente Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu
trânsito em julgado. Portanto, desconstituí-la, salvo mediante
revisão criminal, fora violar a autoridade da “res judicata”, um
dos principais dogmas em que assenta a ordem jurídica (art. 5º,
nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).
— De presente, já não é lícito ao Juiz dar ao art. 127 da Lei de Execução Penal outra
interpretação que a literal restrita, por força da Súmula Vinculante nº 9, editada
pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, que mandou inscrever entre os dogmas
jurídicos a perda, para o condenado “que for punido por falta grave”, do direito
ao tempo remido pelo trabalho.

Voto nº 11.233 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.07.061260-6
Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06.

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo


a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos
policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de
policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU
7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal
Anotado, 22a. ed., p. 187).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
85
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
— O justificado rigor, com que a Lei nº 8.072/90 tratava os crimes denominados
hediondos, foi atenuado pela Lei nº 11.464/2007, que lhe introduziu modificação
no art. 2º, § 1º, para permitir a seus autores progressão no regime prisional após
o cumprimento, sob o regime fechado, de 2/5 da pena se primário, ou 3/5, se
reincidente.
86

Voto nº 11.234 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.07.095392-6
Art. 59 do Cód. Penal;
arts. 202, 514, 563 e 566, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12 e 18, nº III, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 38 e 41, da Lei nº 10.409/2002;
arts. 33 e 55, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— A Lei nº 10.409/02 não revogou os arts. 12 e seguintes da Lei nº 6.368/76. É que


uma lei revoga outra, quando expressamente o disponha, ou quando, em relação à
lei nova, a anterior se torne antagônica e antinômica, gerando com ela
incompatibilidade.
—“O rito especial previsto na Lei nº 10.409/02 aplica-se apenas aos crimes nela
previstos, os quais, insertos nos arts. 14 a 26, que integram a seção única do
Capítulo III, foram integralmente vetados, por vício de inconstitucionalidade”
(STJ; HC nº 28.300-RJ; 6a. Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 16.12.2003; DJU
3.11.2004, p. 245).
—“A ausência de demonstração de prejuízo, por parte da defesa, decorrente da
inobservância do rito previsto no art. 38 da Lei nº 10.409/2002, impede a
declaração de nulidade do processo” (STF, HC nº 85.155/SP; relª. Minª. Ellen
Gracie; j. 22.3.2005).
—“Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a
acusação ou para a defesa” (art. 563 do Cód. Proc. Penal).
— Sem quebra da majestade do preceito constitucional (art. 5º, nº LXIII), ensina a
experiência vulgar que, em se tratando de causa-crime, o silêncio do réu importa
o mesmo que confissão de culpa, visto passa por verdadeira aberração (a cujos
efeitos a Natureza quis poupar todos os indivíduos) manter-se calado quem podia
(e ainda devia) defender-se vigorosamente pela palavra.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
— A causa de aumento de pena do art. 18, nº III, da Lei nº 6.368/76 (“decorrer de
associação”), já não subsiste e, pois, não pode ser reconhecida à luz da nova Lei
de Drogas (Lei nº 11.343/06), que previu a circunstância apenas como crime
autônomo (art. 35).
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
87

Voto nº 11.235 —Recurso em Sentido Estrito Nº


990.08.160710-7
Arts. 3º e 647, do Cód. Proc. Penal;
art. 267, nº VI, do Cód. Proc. Civil;
art. 165 do Cód. Trânsito;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

––“Remédio jurídico-processual mais eficiente em todos os tempos”, no conceito


lapidar de Pontes de Miranda (História e Prática do “Habeas Corpus”, 4a. ed.,
p. 3), nada obsta se utilize do “habeas corpus” todo o que se julgar ameaçado,
mesmo indiretamente, em seu direito de liberdade de locomoção (art. 5º, nº
LXVIII, da Const. Fed. e art. 647 do Cód. Proc. Penal).
— É maior de crítica a decisão que, por ausente condição da ação (legítimo
interesse), indefere “in limine” petição inicial de “habeas corpus” preventivo
impetrado com o fim de obter salvo-conduto ao paciente para não ser submetido
ao exame do etilômetro (“teste do bafômetro”). É que a recusa, no caso,
deitava consequências somente administrativas, e não penais (arts. 165 do Cód.
Trânsito; 267, nº VI, do Cód. Proc. Civil e 3º do Cód. Proc. Penal).
— Além de mortificar o bom-senso — que é a estrela-guia do Juiz —, a decisão que,
no âmbito do “habeas corpus”, manda expedir salvo-conduto a favor do
indivíduo que receia ser submetido ao exame do etilômetro (“bafômetro”) viola
princípios capitais de nosso sistema jurídico; pois o “habeas corpus” não se
presta a “discussão acadêmica acerca de eventual inconstitucionalidade de ato
normativo” (STJ; RHC nº 5.807/PR; 6a. T.; rel. Min. Fernando Gonçalves;
DJU 7.4.97, p. 11.166; apud Mohamed Amaro, Código de Processo Penal na
Expressão dos Tribunais, 2007, p. 712).
— Remédio constitucional destinado a garantir a liberdade do indivíduo, o “habeas
corpus” não serve a impedir nem coartar o exercício do poder de polícia inerente
à Administração Pública; tampouco é “sucedâneo da ação direta de
inconstitucionalidade” (STF, Pleno; MS nº 23.809; rel. Min. Celso de Mello).
— Nas mãos de motorista irresponsável, o automóvel é arma perigosíssima.

Voto nº 11.236 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.046466-3
Arts. 155, “caput”, 33, § 1º, alínea a, e 59, do Cód. Penal.

— A palavra da vítima é ponto de alto relevo no campo da prova: se em harmonia


com os mais elementos dos autos justifica a procedência da pretensão punitiva e a
condenação do réu.
— O larápio contumaz e empedernido, que não emenda a mão e ainda parece
escarnecer da disciplina social, é razão expie seu castigo no regime de maior
rigor: o fechado (art. 33, § 1º, alínea a, do Cód. Penal).
88

Voto nº 11.237 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.125781-5


Arts. 157, § 2º, ns. I, II e V, 288, parág. único, e 69, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.

–– Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não
será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador
inerte. Fatos existem, no entanto, que lhe excedem a jurisdição;
denomina-os a tradição jurídica motivos de força maior, a cujo
número pertence a necessidade de expedição de carta
precatória para o interrogatório do réu, termo essencial do
processo e franca oportunidade de obtenção de prova,
imprescindível à busca da verdade real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem
a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —, tem
contra si a presunção de periculosidade.

Voto nº 11.238 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.05.046150-5
Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 202 do Cód. Proc. Penal.

— A palavra da vítima é a pedra angular do edifício probatório: se em harmonia


com os mais elementos dos autos justifica a procedência da pretensão punitiva e a
condenação do réu.
— A falta de apreensão da arma empregada na prática do roubo não obsta o
reconhecimento da causa especial de aumento de pena, se prova oral idônea lhe
demonstrou a existência.
— Versões encontradas somente podem proceder de sujeitos que falam duas
linguagens, não a da verdade, que deles parece distar mais que a Terra da Lua!
Donde a conclusão infalível de Mittermayer: “Todas as variações graves são
um indício positivo de mentira” (Tratado da Prova em Matéria Criminal, 1871,
t. II, p. 30; trad. Alberto Antônio Soares).
— O regime prisional fechado é o que, em princípio, convém ao autor de roubo,
por sua natural periculosidade, como sujeito infenso à ordem legal e destituído
de sentimento ético, sobretudo se reincidente, e pela notória gravidade do crime,
que intranqüiliza e comove a população honrada.

Voto nº 11.239 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.091535-5


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o


Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
89
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
90

Voto nº 11.240 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.179816-6


Art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 33 da Lei nº 11.343/06.

–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença
condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p.
16.585).

Voto nº 11.241 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.166854-8


Arts. 157, § 2º, nº II, 69 e 70, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, e 312, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor
que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o
escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc.
Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência
do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a
mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu”
(cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
–– Não há averbar de falta de fundamentação a decisão que encerra base jurídica e
fática bastante a garantir-lhe a validade. Tratando-se de roubo, crime de extrema
gravidade, a necessidade e a conveniência da decretação da custódia cautelar
como que se presumem.
— Se preso em flagrante delito, é razão que o acusado aguarde, no cárcere, a
verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às
condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.
91
Voto nº 11.242 — HABEAS cORPUS Nº
990.08.159993-7
Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Conforme doutrina comum, o pedido de “habeas corpus” será instruído “com as
peças e documentos que comprovem o alegado” (José Frederico Marques,
Elementos de Direito Processual Penal, 1a. ed., vol. IV, p. 416).

Voto nº 11.243 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.118350-1
Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 33, “caput”, e § 4º, da Lei nº 11.343/06.

— O réu inocente responde logo à injusta acusação, como o


determina a própria razão natural; não se chama ao silêncio,
que este é o refúgio comum dos culpados.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06 – Lei de Drogas).
— Não faz jus à redução de penas do § 4º do art. 33 da Lei de Drogas o indivíduo
cujo teor de proceder revela forte ligação com a criminalidade.
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente
impõe-se demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram
à verdade ou caíram em erro de informação. É que, na busca da
verdade real — alma e escopo do processo —, “toda pessoa
poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).
— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos
policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de
policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU
7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal
Anotado, 22a. ed., p. 187).
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 11.244 — gravo em a execução Nº


990.08.124673-2
Art. 112 da Lei de Execução Penal.

—“O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a


92
concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº
12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).
93

Voto nº 11.245 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.140254-8

Art. 44 do Cód. Penal;


art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o


Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 11.246 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.06.083685-4
Arts. 155, §§ 3º e 4º, nº II, 14, nº II, 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód.
Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.

–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de


prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 11.247 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.06.083979-9
Arts. 155, § 4º, nº I, 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, e 115, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.

–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de


prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.
94

Voto nº 11.248 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.084684-1
Arts. 157, § 2º, nº I, 311 e 29, do Cód. Penal;
arts. 114, 115 e 221, do Código de Trânsito.

— Permanecer o réu em silêncio, quando podia e devia falar, indício é claro de que
concordou com a imputação. Daí o escólio do preclaro Vicente de
Azevedo:“Interpreta-se o silêncio. Mesmo em direito, tem valor, tem
significação o silêncio, a inatividade, a inércia. O provérbio popular: quem
cala, consente tem sentido jurídico: Qui tacet, consentire videtur. O brocardo
completo é o seguinte: Qui tacet, cum loqui potuit et debuit, consentire videtur.
Isto é: quem cala, quando pode e deve falar, entende-se que consentiu” (Curso
de Direito Judiciário Penal, 1958, vol. I, p. 73).
— As palavras da vítima bastam a firmar a certeza da autoria do roubo:
personagem principal do evento delituoso, foi quem esteve em contacto direto
com o rapinador, e somente incriminará aquele de quem puder reaver suas coisas
roubadas.
— Para caracterizar a qualificadora do art. 157, § 2o, no I, do Cód. Penal, irrelevante
é a apreensão da arma utilizada pelo agente; basta que testemunhos idôneos lhe
comprovem a existência.
— À luz da jurisprudência do STJ, a alteração, adulteração ou remarcação de placa
de veículo automotor aperfeiçoa o tipo do art. 311 do Cód. Penal (cf. Rev.
Tribs., vol. 772, pp. 541-542).
—“A conduta de substituir placas de veículo enquadra-se nos núcleos do tipo penal
em exame (art. 311 do Cód. Penal), pois pode configurar mudança, alteração
por meio de qualquer modificação, remarcação com alteração ou colocação de
nova marca” (STJ; REsp nº 769.290/SP; 5a. Turma; rel. Min. Gilson Dipp;
DJU 6.3.2006, p. 438).
— O regime fechado, no início, é o que unicamente se aproposita ao autor de roubo
(crime da última graveza e abjeção), que argúi em quem o pratica entranhada
rebeldia à disciplina social.

Voto nº 11.249 — gravo em a execução Nº


990.08.104868-0
Art. 112 da Lei de Execução Penal.

—“O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a


concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº
12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).
95
Voto nº 11.250 — agravo em execução Nº
990.08.103642-8
Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 5º, nº XL, e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464,
em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução
Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU
19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).

Voto nº 11.251 — Recurso em Sentido Estrito Nº


993.08.034653-4
Arts. 38 e 43, nº II, do Cód. Proc. Penal;
arts. 21, 22 e 41, §§ 1º e 2º, da Lei nº 5.250/67 (Lei de Imprensa).

— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo


desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed.,
p. 154).
— O prazo decadencial para o exercício do direito de queixa, em caso de crime de
imprensa ou de radiodifusão, é de 3 meses, contados da data da publicação ou
transmissão incriminada (art. 41, § 1º, da Lei nº 5.250/67).
— Fatal e peremptório, o prazo de 3 meses, assinado pela Lei de Imprensa para o
exercício do direito de queixa, não se interrompe nem prorroga, ainda que seu
último dia seja domingo, feriado ou férias forenses.
— Ao tratar da decadência do direito de queixa, o legislador empregou, no art. 41,
§§ 1º e 2º, da Lei nº 5.250/67 (Lei de Imprensa), o termo prescrição. Fê-lo
propositadamente, segundo Darcy Arruda Miranda: “para poder admitir a
possibilidade da interrupção do prazo para o exercício do direito, como
expressamente o fez no § 2º, coisa que não poderia acontecer se tivesse usado o
96
termo tradicional decadência” (Comentários à Lei de Imprensa, 3a. ed., p.
657).
97

Voto nº 11.252 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.05.011701-4
Arts. 155, § 4º, nº IV, 44, § 2º, 107, nº IV, 109, nº V, 110, § 1º, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.

— Se superior a um ano a pena privativa de liberdade aplicada ao


réu, somente a poderá substituir o Juiz por uma restritiva de
direitos e multa, ou por duas restritivas de direitos, conforme a
disposição do art. 44, § 2º, do Cód. Penal.
— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a
necessidade do exemplo desaparece (Abel do Vale; apud
Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal)
“constitui forma de prescrição da pretensão punitiva (da ação),
que rescinde a própria sentença condenatória” (Damásio E. de
Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela
prescrição da pretensão punitiva estatal, já nenhuma outra
matéria poderá ser objeto de exame ou deliberação.

Voto nº 11.253 — gravo em a execução Nº


990.08.082236-5
Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— “O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a


concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº
12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Faltas disciplinares e mau procedimento carcerário do sentenciado argúem-lhe
demérito, que obsta à sua progressão de regime prisional (art. 112 da Lei de
Execução Penal).

Voto nº 11.254 — RevisÃo CRIMINAL Nº 993.07.010018-


4
Art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal;
arts. 156, 563, 566 e 621, do Cód. Proc. Penal.

— Nulidade de ato processual somente se declara em face de prova plena e


incontroversa de prejuízo às partes, ou se “houver influído na apuração da
verdade substancial ou na decisão da causa” (arts. 563 e 566 do Cód. Proc.
Penal).
— No julgamento da revisão criminal, é dever do Juiz reexaminar a prova dos
autos, em ordem a prevenir os efeitos de decisão eventualmente proferida contra
a lei e o Direito.
— As declarações da vítima, se minuciosas e verossímeis, podem justificar a
condenação do autor do roubo: pessoa que sofreu diretamente a ameaça ou
98
violência, é a que está em melhores condições de identificá-lo e descrever-
lhe a ação criminosa.
— No Juízo da Revisão Criminal cumpre ao condenado exibir provas cabais e
incontroversas da erronia ou injustiça da sentença, aliás nada poderá contra a
força da coisa julgada (art. 621, do Cód. Proc. Penal).
99

Voto nº 11.255 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.040331-7
Art. 180, § 1º, do Cód. Penal;
art. 563 do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LV, da Const. Fed.

–– Conforme doutrina geralmente recebida, ainda o mais vil dos facínoras não decai
nunca da proteção da lei, que lhe assegura “o contraditório e ampla defesa, com
os meios e recursos a ela inerentes” (art. 5º, nº LV, da Const. Fed.).
–– É direito do réu não ser condenado, primeiro que o ouçam de sua justiça. Trata-se
de direito natural: “Nemo inauditus damnari potest”.
—“Nula é a sentença que deixa de apreciar arguição de nulidade regularmente
formulada pela parte” (Rev. Tribs., vol. 481, p. 356; rel. Cunha Camargo).

Voto nº 11.256 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.170077-8


Arts. 171, § 2º, nº VI, e 71, do Cód. Penal;
arts. 386, nº III, e 659, do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o


Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 11.257 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.164165-8


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o


Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
100

Voto nº 11.258 — mandado de SEgUrança Nº


990.08.157453-5
Art. 654 do Cód. Proc. Penal;
art. 66, nº III, alínea f, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXIX, da Const. Fed.

–– Ao contrário do “habeas corpus” –– que “poderá ser impetrado por qualquer


pessoa” (art. 654 do Cód. Proc. Penal) ––, somente poderá requerer mandado
de segurança quem detiver o “jus postulandi”, isto é, o advogado no exercício
pleno de seu múnus.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alínea f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do mandado de segurança.
— Em obséquio à segurança jurídica — objetivo a que devem atender, por princípio,
todas as decisões da Justiça —, não há conceder mandado de segurança senão
em face de direito líquido e certo, que, na expressão memorável de Hely Lopes
Meirelles, “é direito comprovado de plano” (Mandado de Segurança e Ação
Popular, 5a. ed., p. 16).

Voto nº 11.259 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.181563-0


Art. 155, § 4º, ns. I, II e IV, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não
será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem,
no entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica
motivos de força maior, a cujo número pertencem as dificuldades inerentes à
causa, por exigir do Magistrado providências especiais.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de furto mediante rompimento de obstáculo, nos termos da figura típica
do art. 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal, incide na cláusula restritiva; pelo que, não
tem jus ao benefício.
101

Voto nº 11.260 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.05.028114-0
Arts. 155, 107, nº IV, 109, nº V, 110, § 1º, e 119, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal;
art. 10 da Lei nº 9.437/97.

–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de


prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.
— É escusado lembrar que, segundo o teor literal do art. 119 do Código Penal, “no
caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de
cada um, isoladamente”.

Voto nº 11.261 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.05.026323-1
Arts. 155, § 4º, nº II, 14, nº II, 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód.
Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.

— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do


exemplo desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal
Brasileiro, 8a. ed., p. 154).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 11.262 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.06.043274-5
Arts. 155, § 4º, ns. I e IV, 14, nº II, 107, nº IV, 109, nº V, 110, § 1º, e 115, do
Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.

— Com o decurso do tempo, “a memória do fato punível apagou-se e a necessidade


do exemplo desaparece” (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal
Brasileiro, 6a. ed., p. 171).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.
102

Voto nº 11.263 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.170643-1


Arts. 214 e 224, alínea a, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 563 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois
não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força
maior que obstam à realização do ato processual.
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
—“Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a
acusação ou para a defesa (art. 563 do Cód. Proc. Penal).
— A pesquisa da verdade real é o escopo de todo processo; não sofre o Direito, no
entanto, que matéria já vencida ou liqüidada seja objeto de indagação, com
notável dano para o interesse das partes ou da Justiça.
—“Mas, essa liberdade (de requerer) não se deve degenerar em abuso, por forma a
paralisar a marcha do processo, com o propósito de retardar a administração
da justiça ou de tumultuar a ordem processual” (Bento de Faria, Código de
Processo Penal, 1960, vol. II, p. 210).
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de atentado violento ao pudor incide na cláusula restritiva; pelo que não
tem jus ao benefício.

Voto nº 11.264 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.095514-4
Arts. 155, § 4º, nº IV, 43 e 59, do Cód. Penal.

— Está acima de crítica a decisão que condena por furto o sujeito detido na posse do
produto do crime (art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal).
— A apreensão das “res furtivae” em poder do réu, sem que o justifique pronta e
satisfatoriamente, firma a certeza de sua culpabilidade, máxime se em harmonia
com o conjunto probatório.
— Antes que reeducar o infrator, a prisão parece que o contamina e perverte. Não
poucos duvidam de sua eficácia como instrumento de recuperação humana.
Daqui por que, se primário o autor de furto, é possível, atendendo-se às especiais
circunstâncias do caso, a aplicar medida alternativa, sob o regime aberto.
Demais, não é incompatível a justiça com a indulgência, máxime se esta põe a
mira na redenção do homem, alma e escopo de toda a pena (art. 43 do Cód.
Penal).
103

R
Voto nº 11.265 — ecurso em Sentido Estrito Nº
990.08.042682-6

Arts. 121, § 2º, nº IV, 157, § 2º, ns. I e II, 29 e 69, do Cód. Penal;
arts. 79 e 408, do Cód. Proc. Penal.

— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que
a prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do réu (art. 408 do
Cód. Proc. Penal).
–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo
Júri o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– Salvo se manifesta sua inocorrência, não é de bom exemplo afastar, desde logo,
na fase da pronúncia, as qualificadoras do homicídio; ao Tribunal do Júri, como
a seu Juiz natural, é que, em princípio, cabe apreciá-lo (art. 121, § 2º, nº IV, do
Cód. Penal).
— A conexão importa unidade de processo e julgamento (art. 79 do Cód. Proc.
Penal).

Voto nº 11.266 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.158976-1

Art. 112 da Lei de Execução Penal;


art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 5º, nº XL, e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido


anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).
104
Voto nº 11.267 — HABEAS cORPUS Nº
990.08.161898-2
Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 5º, nº XL, e 52, nº X, da Const. Fed.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei n º 11.464,
em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução
Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU
19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).

Voto nº 11.268 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.086125-5
Art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal.

— A confissão, os juristas sempre a reputaram a rainha das provas (“regina


probationum”); se produzida em Juízo, é absoluto seu valor, visto se presume
livre dos vícios de inteligência e vontade, e pode justificar edito condenatório.
—“Se o réu é confesso, não há perder tempo em levar adiante o exame da prova.
Parte confessa é parte condenada” (Rui, Obras Completas, vol. XXIV, t. II, p.
270).
— Em pontos de concurso de pessoas, triunfa hoje, assim na literatura jurídica
penal como na esfera dos Tribunais, a teoria do domínio do fato: responde pelo
crime não só o executor físico, que produz o resultado, mas também o partícipe,
que acede sua conduta à ação principal (Damásio E. de Jesus, Teoria do
Domínio do Fato no Concurso de Pessoas, 1999, p. 13).
— Na esfera dos crimes contra o patrimônio, cometidos sem violência a pessoa, tem
relevância apenas a lesão jurídica de valor econômico, pois segundo a velha
fórmula do direito romano, “de minimis non curat praetor” (Dig. 4,1,4).
— Aplicado inconsideradamente, o princípio da insignificância representa violação
grave da lei, a qual manda punir o infrator; destarte, subtrair a seu rigor o
culpado, sem relevante razão de direito, fora escarnecer da Justiça, que dispensa a
cada um o que merece. Em verdade, conforme aquilo de Alberto Oliva, “todo
homem deve saber do fundo de seu coração o que é certo e o que é errado”
(apud Ricardo Dip e Volney Corrêa de Moraes, Crime e Castigo, 2002, p. 3;
Millennium Editora).
105

Voto nº 11.272 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.120370-7
Arts. 157, “caput”, e 59, do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Aquele que, arguido acerca do fato criminoso, cerra os lábios e nada responde,
nisso mesmo dá a conhecer sua grande culpa, uma vez que a razão natural ensina
não ser próprio do inocente suportar em silêncio injusta acusação, podendo falar
e defender-se. Afora os casos de exceção (que merecem comprovados sempre),
calado só permanece quem admite a veracidade da imputação.
— A palavra da vítima, porque protagonista do fato delituoso, não se recebe
geralmente com reservas, senão como expressão da verdade, que só a prova do
erro ou da má-fé pode abalar.
— O sujeito que, trazendo consigo coisas alheias, não lhes justifica de modo cabal a
procedência, entende-se que é autor de crime; pois, em regra, nenhuma
dificuldade tem o dono de provar que sua posse é legítima.
— É, por força, o regime prisional fechado o mais compatível com o autor de roubo,
sobretudo se indivíduo que ostenta copiosos traços negativos de personalidade e
se consagrou abertamente à vida fora da lei, de todo infenso às regras que
disciplinam a convivência humana.

Voto nº 11.275 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.05.032077-4
Arts. 107, nº IV, 109, nº V, 110, § 1º, e 115, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal;
art. 14 da Lei nº 10.826/03.

–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de


prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 11.276 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.06.099299-6
Arts. 155, 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.

— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do


exemplo desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal
Brasileiro, 8a. ed., p. 154).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.
106

Voto nº 11.277 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.06.086800-4
Arts. 155, § 4º, ns I, II e IV, 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.

— Com o decurso do tempo, “a memória do fato punível apagou-se e a necessidade


do exemplo desaparece” (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal
Brasileiro, 6a. ed., p. 171).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 11.278 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.042290-1
Art. 66 do Cód. Penal;
art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06.

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui para logo


a idéia de tráfico (art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06 – Lei de Drogas).
— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos
policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de
policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU
7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal
Anotado, 23a. ed., p. 185).
— Não cabem críticas, senão altos louvores, à sentença que, reconhecendo em favor
de réu de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), a circunstância
atenuante genérica prevista no art. 66 do Cód. Penal, reduz-lhe a sexta parte da
pena, debaixo do argumento de que — jovem de 23 anos de idade, amasiado, pai
de três crianças, residente em alojamento coletivo e desempregado — era “mais
um brasileiro sem oportunidade de inserção social digna”, que (ainda mal!)
recorria ao comércio nefando das drogas para prover a seu próprio sustento e da
família. Não andam de todo errados os que reputam a miséria a mãe do crime!
—“A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior
ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei” (art. 66 do
Cód. Penal).
— Uma pena, para ser justa – escreveu o profundo Marquês de Beccaria —, deve ter
somente o grau de rigor que baste a afastar os homens da senda do crime.
“Perchè una pena sia giusta, non deve avere che quei soli gradi d’intensione che
bastano a rimuovere gli uomini dai delitti” (Dei Delitti e delle Pene, § XVI).
—“Amparando os mais fracos, não fazemos favor, senão justiça” (Teodomiro Dias,
apud Odilon da Costa Manso, Letras Jurídicas, 1971, p. 111).
— Não esqueçam nunca aos Magistrados aquelas sublimes palavras de nosso
Rui:“Não estejais com os que agravam o rigor das leis, para se acreditar com o
nome de austeros e ilibados. Porque não há nada menos nobre e aplausível que
agenciar uma reputação malignamente obtida em prejuízo da verdadeira
inteligência dos textos legais” (Oração aos Moços, 1a. ed., p. 43).
107
Voto nº 11.279 — HABEAS cORPUS Nº
990.08.173624-1
Arts. 214, 224, alínea a, 225, § 1º, 226, nº II, e 71, do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal.
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença condenatória”
(STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).

Voto nº 11.280 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.162376-5


Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 14, nº II, do Cód. Penal;
arts. 393, nº I, e 594, do Cód. Proc. Penal.
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda contava ser
absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito subjetivo depois de
condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de sua culpabilidade.
–– Segundo entendimento pacífico do STF, a disposição do art. 594 do Cód. Proc.
Penal não se aplica a réu preso em razão de flagrante ou preventiva (cf.
Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 474).
— A exigência de prisão provisória para apelar não ofende a garantia
constitucional da presunção de inocência (Súmula nº 9 do STJ).

Voto nº 11.281 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.124506-0
Art. 157, “caput”, do Cód. Penal;
art. 1.196 do Cód. Civil;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.
— Embora direito de todo o réu permanecer calado (art. 5º, nº LXIII, da Const.
Fed.), ensina a experiência vulgar que, em pontos de responsabilidade criminal,
ao silêncio recorre apenas quem tem culpa; o inocente, se acusado, esse desde
logo se defende com todas as potências da alma.
— É a palavra da vítima fundamental na apuração das circunstâncias do fato
criminoso, porque seu interesse coincide, salvo raras exceções, com o escopo
mesmo da Justiça: a busca da verdade real.
— A apreensão da “res furtiva” em poder de terceiro que lhe não saiba justificar a
posse, constitui indício veemente de autoria de crime, pois, segundo o aforismo
jurídico, a coisa, onde quer que esteja, é de seu dono (“res ubicumque est sui
domini est”).
—“Consuma-se o roubo quando o agente, mediante violência ou grave ameaça,
consegue retirar a coisa da esfera de vigilância da vítima” (STF; rel. Min.
Carlos Velloso; Rev. Tribs., vol. 705, p. 429).
— É jurisprudência dominante em nossos Tribunais que sentenças absolutórias e
processos em curso “não devem ser considerados como maus antecedentes,
prejudicando o réu” (cf. Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed.,
p. 209).
—“É admissível a adoção de regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados
108
a pena igual ou inferior a 4 (quatro) anos se favoráveis as circunstâncias
judiciais” (Súmula nº 269 do STJ).
109
Voto nº 11.282 — HABEAS cORPUS Nº
990.08.168696-1
Art. 171, “caput”, do Cód. Penal;
arts. 41, 366 e 569, do Cód. Proc. Penal.
—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Não é inepta a denúncia que permite ao réu o exercício do direito de ampla
defesa. Eventual preterição de requisito do art. 41 do Cód. Proc. Penal pode
suprir-se até à sentença final (art. 569 do Cód. Proc. Penal).
—“Se a denúncia narra fato que permite adequação típica, ela não é, formalmente,
inepta (art. 41 do CPP)” (STJ; Jurisprudência, vol. 105, p. 303; rel. Min. Félix
Fischer).
— Para que a denúncia produza efeitos de direito e autorize a instauração do
processo-crime basta que descreva ação típica e lhe indique o autor (art. 41 do
Cód. Proc. Penal).
— Só é admissível trancamento de ação penal por falta de justa causa, quando esta
se mostre evidente à primeira face.
—“Se o fato atribuído ao paciente constitui violação da lei penal, existe justa causa
para o processo” (Rev. Forense, vol. 172, p. 426).

Voto nº 11.283 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.072539-4
Art. 33, “caput”, e § 4º, da Lei nº 11.343/06.

— Em se tratando de réu primário, a “regra é partir da pena base no grau


mínimo” (TRF da 1a. R; Ap. nº 22.082; DJU 5.3.90, p. 3.233).
— Fator de esclarecida e humana individualização da pena, será bem reduzi-la ao
réu condenado por infração do art. 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), que
satisfaça aos requisitos de seu § 4º.
— Para que seja a pena justa, segundo a memorável lição do Marquês de Beccaria,
não deve ter senão o grau de rigor suficiente para afastar os homens da senda do
crime (Dos Delitos e das Penas, § XVI).

Voto nº 11.284 — gravo em a execução Nº


990.08.123363-0
Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semiaberto. Somente
fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da
recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os
requisitos da lei não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para
110
o caminho do bem, de que se desviara, a fim de que possa reintegrar-se,
efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
111
Voto nº 11.285 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº
990.08.130745-6
Arts. 2º, parág. único, 44, 61, 107, nº IV, 109, nº V, 110, § 1º, e 115, do Cód.
Penal;
arts. 202 e 386, nº VII, do Cód. Proc. Penal;
art. 12, “caput”, § 1º e § 2º, nº II, e 14, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Sem quebra da majestade do preceito constitucional (art. 5º, nº LXIII), ensina a


experiência vulgar que, em se tratando de causa-crime, o silêncio do réu importa
o mesmo que confissão de culpa, visto passa por verdadeira aberração (a cujos
efeitos a Natureza quis poupar todos os indivíduos) manter-se calado quem podia
(e ainda devia) defender-se vigorosamente pela palavra.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui para logo
a idéia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em erro
de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do processo —,
“toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).
— Não é o simples concurso de duas ou mais pessoas, no tráfico de entorpecentes, o
que caracteriza o crime do art. 12 da Lei nº 6.368/76, senão a associação com o
intuito de praticar os crimes previstos em seus arts. 12 ou 13.
— Fator de esclarecida e humana individualização da pena, será bem reduzi-la ao
réu condenado por infração do art. 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), que
satisfaça aos requisitos de seu § 4º.
— Por força do princípio da ultratividade da lei mais favorável (art. 2º, parág.
único, do Cód. Penal), é possível aplicar a diminuição de pena prevista no art.
33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas) aos casos de condenação pelo art.
12, “caput”, § 1º e § 2º, nº II, da Lei nº 6.368/76, mediante “recomposição
comparativa” das penas cominadas (cf. Vicente Greco Filho e João Daniel
Rassi, Lei de Drogas Anotada, 2a. ed., pp. 221-222).
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena “inicialmente em regime fechado”,
por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do
exemplo desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal
Brasileiro, 8a. ed., p. 154).
— Forma que é de prescrição da pretensão punitiva, a prescrição intercorrente
(art. 110, § 1º, do Cód. Penal) rescinde a própria sentença condenatória,
fulminando-lhe os efeitos (cf. Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a.
ed., p. 358).

Voto nº 11.286 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.166593-0


Art. 250, § 1º, nº II, alínea a, do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
112
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 11.287 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.103600-2


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o


Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 11.288 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.084275-7
Art. 202 do Cód. Proc. Penal.
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 33, “caput”, e § 4º, 40, nº III, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de


injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela
Constituição da República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo de
culpa.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui para logo
a ideia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao arguente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, toda pessoa poderá ser testemunha (art. 202 do Cód. Proc. Penal).
— A desclassificação do crime do art. 33 da Lei de Drogas para o tipo do art. 28
não se mostra atendível, se o réu trazia consigo considerável quantidade de
substância entorpecente, que a Polícia apreendeu, pois tal circunstância revela
que se destinava ao comércio ilícito, e não ao uso próprio.
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 11.289 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.149885-5


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o


Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
113

Voto nº 11.290 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.145373-8
Art. 155, § 4º, nº II, do Cód. Penal;
art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 28, 33, “caput”, e 40, nº VI, da Lei nº 11.343/06.

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo


a idéia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui
solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód.
Proc. Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas
penas da lei, donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a
Juízo para mentir.
— Fator de esclarecida e humana individualização da pena, será bem reduzi-la ao
réu condenado por infração do art. 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), que
satisfaça aos requisitos de seu § 4º.
— Para que seja a pena justa, segundo a memorável lição do Marquês de Beccaria,
não deve ter senão o grau de rigor suficiente para afastar os homens da senda do
crime (Dos Delitos e das Penas, § XVI).
— Com respeito aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples
condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº
51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo
Penal Anotado, 23a. ed., p. 185).
— A desclassificação do crime do art. 33 da Lei nº 11.343/06 para o tipo do art. 28
não se mostra atendível, se o réu trazia consigo considerável quantidade de
substância entorpecente acondicionada em pacotes, apreendidos pela Polícia, pois
tais circunstâncias revelam que o tóxico se destinava ao comércio ilícito, e não
ao uso próprio.
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
— A apreensão da “res furtiva” em poder do acusado induz autoria criminosa, com
inversão do ônus da prova: tocará a ele demonstrar que é inocente.
114

Voto nº 11.291 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.128631-9
Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 28 e 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de


injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela
Constituição da República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo
adverso.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06 – Lei de Drogas).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em erro
de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do processo —,
“toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).
— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos
policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de
policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU
7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal
Anotado, 22a. ed., p. 187).
— A desclassificação do crime do art. 33 da Lei de Drogas para o tipo do art. 28
não se mostra atendível, se o réu trazia consigo considerável quantidade de
substância entorpecente, que a Polícia apreendeu, pois tal circunstância revela
que se destinava ao comércio ilícito, e não ao uso próprio.

Voto nº 11.292 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.160408-6


Art. 61, nº I, do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal;
art. 16, parág. único, nº IV, da Lei nº 10.826/03;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
115

Voto nº 11.293 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.168779-8


Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 180, “caput”, e 70, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.

— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente


o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
na realização de ato processual no Juízo deprecado, que tem o caráter de força
maior, motivo de suspensão do curso dos prazos (art. 798, § 4º, do Cód. Proc.
Penal).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.

Voto nº 11.294 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.130356-6


Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12 e 14, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90;
art. 44 da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).
116

Voto nº 11.296 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.013505-3
Art. 14 da Lei nº 6.368/76;
arts. 5º, nº LV, e 93, IX, da Const. Fed.
— Tem foro de garantia constitucional e está adstrito à plenitude do direito de defesa
o princípio do contraditório, que deve dominar o processo penal. É a regra da
igualdade ou equilíbrio entre as partes, com as oportunidades de apresentar
provas e argumentos e refutá-los. Depara seu fundamento na parêmia jurídica
“audiatur et altera pars”: ouça-se também a parte contrária.
—“Sem contraditório não pode haver devido processo legal” (José Frederico
Marques, Elementos de Direito Processual Penal, 1a. ed., vol. I, p. 82).
—“A realização dos julgamentos pelo Poder Judiciário, além da exigência
constitucional de sua publicidade (CF, art. 93, IX), supõe, para efeito de sua
válida efetivação, a observância do postulado que assegura ao réu a garantia da
ampla defesa” (STF; HC nº 71.551-6; rel. Min. Celso de Mello; DJU 6.12.96,
p. 48.709).

Voto nº 11.297 — gravo em a execução Nº


990.08.107599-7
Art. 83 do Cód. Penal.
–– Satisfeitos os requisitos legais (art. 83 do Cód. Penal), é o livramento condicional
direito público subjetivo do condenado, que se lhe não pode negar sem grave
injúria da Lei e da Justiça.
–– O argumento da pena longa não é poderoso a obstar a concessão de livramento
condicional ao sentenciado, se já cumpriu dela a metade (necessariamente
longa). Tampouco lhe serve de empecilho à obtenção do benefício o registro de
falta grave (fuga), se, ao depois, revelou, por largo espaço de tempo, exemplar
conduta carcerária e notável dedicação ao trabalho, sinais inequívocos de sua
redenção.

Voto nº 11.298 — gravo em a execução Nº


990.08.096601-4
Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semiaberto. Somente
fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da
recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os
requisitos da lei não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para
o caminho do bem, de que se desviara, a fim de que possa reintegrar-se,
efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
117
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus
à proteção da Lei!
118

Voto nº 11.299 — gravo em a execução Nº


990.08.166386-4
Arts. 126, § 3º, e 127, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.

— Matéria de grande peso é a de que trata o art. 127 da Lei de Execução Penal —
o condenado que for punido por falta grave perderá o direito ao tempo remido...
—, pois obriga o Juiz a decidir contra a própria consciência, se quiser atender
à letra da lei.
— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o
eloquente Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a
autoridade da “res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem
jurídica (art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).
— De presente, já não é lícito ao Juiz dar ao art. 127 da Lei de Execução Penal outra
interpretação que a literal restrita, por força da Súmula Vinculante nº 9, editada
pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, que mandou inscrever entre os dogmas
jurídicos a perda, para o condenado “que for punido por falta grave”, do direito
ao tempo remido pelo trabalho.

Voto nº 11.300 — mandado de SEgUrança Nº


990.08.157127-7
Art. 25, § 2º, da Lei nº 9.605/98 (Lei do Meio Ambiente);
art. 5º, nº LXIX, da Const. Fed.

–– Somente a violação de direito líquido e certo, pedra angular do instituto, autoriza


a impetração de mandado de segurança (art. 5º, nº LXIX, da Const. Fed.).
–– O direito líquido, certo e incontestável, objeto do mandado de segurança,
conforme os anais do Pretório Excelso, “é aquele contra o qual se não podem
opor motivos ponderáveis, e sim meras e vagas alegações cuja improcedência o
magistrado pode reconhecer imediatamente sem necessidade de detido exame”
(apud, Themistocles Brandão Cavalcanti, Do Mandado de Segurança, 1957, p.
128).
— Por violar direito líquido e certo, pode ser impugnada mediante mandado de
segurança a decisão que, com base no art. 25, § 2º, da Lei nº 9.605/98 (Lei do
Meio Ambiente), decreta o perdimento da totalidade de mercadoria (carga de
madeira serrada), apreendida pela Polícia por irregularidade consistente na
diferença entre seu peso real e o declarado em nota fiscal. Nesse caso, por evitar
lesão ao direito de propriedade e em atenção ao critério da razoabilidade,
comum a todo ato decisório, apenas na parte excedente irregular haverá de recair
a sanção legal do perdimento.
119

a
Voto nº 11.301 — PELAçÃO RIMINAL Nº c
990.08.107673-0
Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 171 e 14, nº II, do Cód. Penal.

— Isto de permanecer calado no inquérito, conquanto direito seu, faz contra a


presunção de inocência do réu. A razão é que, se deveras inocente e limpo de
crime, tê-lo-ia já proclamado, como aqueles que são acusados sem causa, pois a
todos ensinou a Natureza a defender-se com a última força. Ordinariamente
falando, é o silêncio do réu a pedra-de-toque de sua culpa.
—“A palavra da vítima é a viga mestra da estrutura probatória, e a sua acusação,
firme e segura, em consonância com as demais provas, autoriza a condenação”
(Rev. Tribs., vol. 750, p. 682).
— Pratica tentativa de estelionato o agente que, para obter vantagem ilícita,
falsifica cheque de terceiro e, ao descontá-lo no banco, recebe voz de prisão
(arts. 171 e 14, nº II, do Cód. Penal).

Voto nº 11.302 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.169267-8


Arts. 185, 222, 563, e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33 e 44, da Lei nº 11.343/06.

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois
não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força
maior que obstam à realização do ato processual.
–– Nos casos que com prudente arbítrio considere excepcionais, pode o Magistrado,
olhando pela segurança pública e pelos altos interesses da Justiça, adotar cautelas
especiais na prática dos atos de seu ofício. Este é o espírito da Lei nº 11.900, de
8.1.2009, que deu nova redação ao art. 222 do Cód. Proc. Penal, cujo § 3º reza: a
inquirição de “testemunha poderá ser realizada por meio de videoconferência ou
outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real (...)”.
— Andaria mal-avisado o Juiz que, de plano, levantasse mão das engenhosas
conquistas tecnológicas, sob color de que poderiam, em tese, contrariar interesses
particulares, esquecido de que lhes sobreleva sempre o interesse comum. Ao
demais, é de varão acreditado pelo saber e virtudes viver de acordo com o seu
tempo!
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
—“Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a
acusação ou para a defesa (art. 563 do Cód. Proc. Penal).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).
120

Voto nº 11.303 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.169787-4


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do


condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem superior
invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana: todo o infrator
sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 11.304 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.186239-5


Art. 121, § 1º, do Cód. Penal;
arts. 393, nº I, e 594, do Cód. Proc. Penal.

— Ainda que instrumento processual de dignidade


constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas
corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi”
respeita a questões de alta indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda contava
ser absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito subjetivo
depois de condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de sua
culpabilidade.
–– Segundo entendimento pacífico do STF, a disposição do art. 594 do Cód. Proc.
Penal não se aplica a réu preso em razão de flagrante ou preventiva (cf.
Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 474).
— A exigência de prisão provisória para apelar não ofende a garantia constitucional
da presunção de inocência (Súmula nº 9 do STJ).

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