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–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
–– Pedido de desclassificação do fato criminoso não cabe na esfera angusta do
“habeas corpus”, onde não têm entrada questões de alta indagação, ou que
impliquem aprofundado exame da prova dos autos.
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).
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— A Constituição Federal, em seu art. 93, nº IX, estigmatiza de nula a decisão não
fundamentada, e com bem de razão, pois que os motivos lhe são verdadeiramente
a alma e a substância. Nenhum julgamento se satisfaz com argumentação tíbia e
evasiva. O despacho que recebe a denúncia, contudo, não no considera a
Doutrina ato decisório, senão mero juízo de admissibilidade da acusação,
estranho ao império do mencionado preceito constitucional.
— Nisto de nulidades, tem-se de atender ao ponto do prejuízo, que lhe serve de
pedra de toque: nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar
prejuízo para a acusação ou para a defesa (art. 563 do Cód. Proc. Penal).
— Isto de permanecer calado no inquérito, conquanto direito seu, faz contra a
presunção de inocência do réu. A razão é que, se deveras inocente e limpo de
crime, tê-lo-ia já proclamado, como aqueles que são acusados sem causa, pois a
todos ensinou a Natureza a defender-se com a última força. Ordinariamente
falando, é o silêncio do réu pedra-de-toque de sua culpa.
— Nos casos de roubo, a palavra da vítima tem extraordinário valor e peso, pois
manteve contacto direto com seu autor, cuja punição unicamente lhe interessa,
não a de pessoa inocente.
— O regime prisional fechado é, em linha de princípio, o que verdadeiramente
convém ao autor de roubo, sobretudo se manifesta sua propensão à vida de
crimes.
— É questão fria nos pretórios da Justiça que as regras do art. 226 do Cód. Proc.
Penal, de caráter suasório ou de recomendação, podem ser postergadas, se
impossíveis de executar ou se o dispensar o caso concreto. Não acarreta,
portanto, a nulidade do processo o reconhecimento do réu pela vítima, sem as
formalidades legais, se esta lhe não pôs em dúvida a identidade física. O fim a
que deve atender o ato do reconhecimento — não importando as circunstâncias
de sua realização — é se o sujeito passivo, ao indicar o autor do roubo, fê-lo, ou
não, com certeza e espontaneidade.
— Palavras de quem foi protagonista do fato delituoso, as da vítima são, pelo
comum, dignas de crédito; servem, pois, a lastrear condenação, máxime se em
harmonia com outros elementos do processo.
— O regime prisional fechado é o que, de regra, mais convém ao autor de roubo,
sobretudo quando sua biografia revela práticas reiteradas de ilícitos penais
graves.
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Arts. 29, 69, 121, § 2º, nº V, 157, § 2º, ns. I, II e III, 14, nº II, do Cód. Penal;
arts. 310, 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90;
arts. 5º, nº LVII, e 93, nº IX, da Const. Fed.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do
Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a
materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel.
José Dantas).
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).
— Contra o parecer de notáveis juristas, que sustentam não ser o “habeas corpus”
meio apropriado a impugnar decisão de que caiba recurso ordinário, mostra-se de
bom exemplo conhecer da impetração, porque, em tese, passa pelo remédio
jurídico-processual mais célere e eficaz para conjurar abusos e ilegalidades
contra o direito à liberdade de locomoção do indivíduo (art. 5º, nº LXVIII, da
Const. Fed.).
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime aberto, pois se trata de matéria em que,
por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
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entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
a
Voto nº 11.073 — PELAçÃO RIMINAL Nº c
990.08.092274-2
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
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—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
— Está acima de crítica a decisão que condena por tentativa de furto o sujeito que,
réu confesso, é detido na posse do produto do crime (art. 155, ns. I e IV, e art.
14, nº II, do Cód. Penal).
— É argumento lógico irrefragável que a posse de coisa alheia sem justificativa
satisfatória induz à certeza de sua origem ilícita.
— Que melhor prova da culpabilidade do agente, do que haver admitido, sem
rebuços, a autoria do fato criminoso?!
— Se conforme com os mais elementos de convicção dos autos, pode a confissão
lastrear sentença condenatória, pois “continua sendo considerada como a prova
por excelência” (Vicente de Azevedo, Curso de Direito Judiciário Penal, 1958,
vol. II, pp. 61-62).
— Não há que reparar em sentença que condena réu com base em indícios, se fortes
e concordes, pois “o valor probante dos indícios e presunções, no sistema do
livre convencimento que o Código adota, é em tudo igual ao das provas diretas”
(José Frederico Marques, Elementos de Direito Processual Penal, 2a. ed.. vol.
II, p. 378).
— Postergar a autodefesa é risco tão grande, que somente correm aqueles que, bem
cientes de sua culpa, nada ou pouco se lhes dá que a própria liberdade se deite a
perder. O homem inocente e que se acha em seu acordo e razão, esse não espera
pela undécima hora: apenas o acusem injustamente, logo se defende com todo o
vigor de sua palavra. Donde o haverem os romanos cunhado a sentenciúncula:
“qui tacet, consentire videtur” (o que, vertido em vulgar, soa: quem cala,
consente).
— Nos casos de roubo, a palavra da vítima tem extraordinário valor e peso, pois
manteve contacto direto com seu autor, cuja punição unicamente lhe interessa,
não a de pessoa inocente.
— O aumento de 3/8 pela incidência de duas qualificadoras do roubo não se mostra
desarrazoado, pois tem por si copiosa jurisprudência dos Tribunais: se duas as
qualificadoras, “o aumento deverá ficar entre o mínimo e o máximo estipulado,
ou seja, em 2/5” (Rev. Tribs., vol. 734, p. 673; rel. Denser de Sá).
— O regime prisional fechado é, em linha de princípio, o que verdadeiramente
convém ao autor de roubo, sobretudo se manifesta sua propensão à vida de
crimes.
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— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os
requisitos da lei não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para
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o caminho do bem, de que se desviara, a fim de que possa reintegrar-se,
efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio
sentença condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José
Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).
— Está acima de crítica a decisão que condena por tentativa de furto o sujeito que,
réu confesso, é detido na posse do produto do crime (arts. 155, § 4º, nº I, e 14, nº
II, do Cód. Penal).
— Que melhor prova da culpabilidade do agente, do que haver admitido, sem
rebuços, a autoria do fato criminoso?!
— Se conforme com os mais elementos de convicção dos autos, pode a confissão
lastrear sentença condenatória, pois “continua sendo considerada como a prova
por excelência” (Vicente de Azevedo, Curso de Direito Judiciário Penal, 1958,
vol. II, pp. 61-62).
— Na aplicação do privilégio do art. 155, § 2º, do Cód. Penal, não importam
somente o pequeno valor da coisa furtada e a primariedade do réu, senão também
sua biografia social: “é necessário que o sujeito apresente antecedentes e
personalidade capazes de lhe permitirem o benefício” (Damásio E. de Jesus,
Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 566).
— No caso de não poder o réu ocorrer ao pagamento da taxa judiciária, é ao Juízo
de Direito da Vara das Execuções Criminais que deverá pleitear a respectiva
isenção ou parcelamento.
— Aquele que, argüido acerca do fato criminoso, cerra os lábios e nada responde,
nisso mesmo dá a conhecer sua grande culpa, uma vez que a razão natural ensina
não ser próprio do inocente suportar em silêncio injusta acusação, podendo falar
e defender-se. Afora os casos de exceção (que merecem comprovados sempre),
calado só permanece quem admite a veracidade da imputação.
— A palavra da vítima, porque protagonista do fato delituoso, não se recebe
geralmente com reservas, senão como expressão da verdade, que só a prova do
erro ou da má-fé pode abalar.
— O sujeito que, trazendo consigo coisas alheias, não lhes justifica de modo cabal a
procedência, entende-se que é autor de crime; pois, em regra, nenhuma
dificuldade tem o dono de provar que sua posse é legítima.
— Na esfera dos crimes contra o patrimônio, cometidos sem violência a pessoa, tem
relevância apenas a lesão jurídica de valor econômico, pois segundo a velha
fórmula do direito romano, “de minimis non curat praetor” (Dig. 4,1,4).
— Aplicado inconsideradamente, o princípio da insignificância representa violação
grave da lei, que manda punir o infrator; destarte, subtrair a seu rigor o culpado,
sem relevante razão de direito, fora escarnecer da Justiça, que dispensa a cada um
o que merece. Em verdade, conforme aquilo de Alberto Oliva, “todo homem
deve saber do fundo de seu coração o que é certo e o que é errado” (“apud”
Ricardo Dip e Volney Corrêa de Moraes, Crime e Castigo, 2002, p. 3;
Millennium Editora).
— É, por força, o regime prisional fechado o mais compatível com o autor de furto,
sobretudo se indivíduo que ostenta copiosos traços negativos de personalidade e
se consagrou abertamente à vida fora da lei, de todo infenso às regras que
disciplinam a convivência humana.
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os
requisitos da lei não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para
o caminho do bem, de que se desviara, a fim de que possa reintegrar-se,
efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
— Não há que opor à decisão que, embora pendente recurso do Ministério Público,
determina a expedição de guia provisória de recolhimento a favor de réu preso,
condenado a cumprir pena sob o regime prisional fechado, pois mesmo que
provido o recurso e exasperada a pena corporal, já lhe está fixado o regime da
última severidade; inexistirá, portanto, o “periculum in mora”, o risco de fuga do
sentenciado à execução da pena ou algum prejuízo para a sociedade.
— Também os que violaram a ordem jurídica e social têm seus direitos; ainda o mais
vil dos homens não decai nunca da proteção da Lei. A presteza com que
encaminha o réu para a Vara das Execuções Criminais serve de timbre de honra
do Juízo da condenação, não de labéu (art. 105 da Lei de Execução Penal).
— Fere os princípios da Justiça e repugna à consciência jurídica submeter o réu
condenado a efeitos mais graves do que os estipulados no título executório,
mesmo no caso de ter sido interposto recurso pela Acusação.
— “Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação
imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado
da sentença condenatória” (Súmula nº 716 do STF).
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— No geral, a palavra da vítima é a primeira luz que afugenta as sombras sob que
se pretende abrigar a impunidade.
—“A simples confissão da prática de um crime não atenua a pena. (...). O que
importa é o motivo da confissão, como, por exemplo, o arrependimento sincero,
demonstrando merecer (o acusado) pena menor, com fundamento na lealdade
processual” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 246).
— Há tentativa de roubo, que não tentativa de latrocínio, se o agente, ao perpetrar
o crime, provoca lesão corporal de natureza leve no sujeito passivo ou terceiro.
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa; não lhe é
lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a lei define e pune como
crime (art. 307 do Cód. Penal).
— O regime prisional fechado é o que, em princípio, convém ao autor de roubo, por
sua natural periculosidade, como sujeito infenso à ordem legal e destituído de
sentimento ético, sobretudo se reincidente, e pela notória gravidade do crime, que
intranqüiliza e comove a população honrada.
a
Voto nº 11.151 — PELAçÃO RIMINAL Nº c
990.08.111241-8
Arts. 157, § 2º, ns. I, II e V, 65, nº I, do Cód. Penal.
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença condenatória”
(STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio
sentença condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José
Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).
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— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
–– Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter livramento condicional, pois se trata de matéria em que, por
previsão de lei (art. 66, nº III, alínea e, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
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— Contra o parecer de notáveis juristas, que sustentam não ser o “habeas corpus”
meio apropriado a impugnar decisão de que caiba recurso ordinário, mostra-se de
bom exemplo conhecer da impetração, porque, em tese, passa pelo remédio
jurídico-processual mais célere e eficaz para conjurar abusos e ilegalidades
contra o direito à liberdade de locomoção do indivíduo (art. 5º, nº LXVIII, da
Const. Fed.).
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença
condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p.
16.585).
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Voto nº 11.202 — HABEAS cORPUS Nº
990.08.116810-3
Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
—“Se a irresignação era contra a prisão temporária e esta já cessou, sendo
substituída pela prisão preventiva, e não há manifestação da paciente sobre tal
prisão, impõe-se também julgar prejudicado o presente pedido, nesse aspecto,
por ter perdido seu objeto” (STJ; HC nº 91.398/GO; 6a. Turma; rel. Minª. Jane
Silva; j. 27.5.2008).
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio
sentença condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José
Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).
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–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório.
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Se o crime não foi praticado em detrimento de bens, serviços ou interesses da
União, competente para o processo e julgamento é a Justiça Estadual Comum,
e não a Justiça Federal (art. 297 do Cód. Penal; art. 74 do Cód. Proc. Penal; art.
109, nº IV, da Const. Fed.).
–– Nulidade de ato processual somente se declara em face de prova plena e
incontroversa de prejuízo das partes, ou se “houver influído na apuração da
verdade substancial ou na decisão da causa” (arts. 563 e 566 do Cód. Proc.
Penal).
–– “Só a nulidade evidente, prima facie, autoriza a fulminação do processo no Juízo
do habeas corpus” (Rev. Forense, vol. 148, p. 415).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do
juiz), primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência
no foro da culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art.
310, parág. único, do Cód. Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave —
como é o roubo —, tem contra si a presunção de periculosidade.
–– Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não
será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem,
no entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica
motivos de força maior, a cujo número pertence a necessidade
de expedição de carta precatória para o interrogatório do réu,
termo essencial do processo e franca oportunidade de obtenção
de prova, imprescindível à busca da verdade real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas decisões, ninguém ainda ousou
contestar a verdade destas palavras do conspícuo Ministro Mário Guimarães, do
Supremo Tribunal Federal, grande sabedor da matéria: “Certas decisões,
também, se fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso”
(O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p. 347).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem
a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —, tem
contra si a presunção de periculosidade.
71
Arts. 148, § 2º, 158, § 1º, 288, parág. único, 299, parág. único, 316 e 29, do
Cód. Penal;
arts. 312, 648, nº I, e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixe alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois
não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força
maior que obstam à realização do ato processual.
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
76
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).
— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que
a prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do réu (art. 408 do
Cód. Proc. Penal).
–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo
Júri o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– Salvo se manifesta sua inocorrência, não é de bom exemplo afastar, desde logo,
na fase da pronúncia, as qualificadoras do homicídio; ao Tribunal do Júri, como
a seu Juiz natural, é que, em princípio, cabe apreciá-lo (art. 121, § 2º, nº IV, do
Cód. Penal).
77
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de
Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da
pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e
refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a
mudança para regime prisional mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os
requisitos da lei não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para
o caminho do bem, de que se desviara, a fim de que possa reintegrar-se,
efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
—“Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta a pena
privativa de liberdade” (art. 90 do Cód. Penal).
––“Uma vez cumpridas as condições e expirado o prazo do livramento condicional
sem revogação (art. 90 do Cód. Penal), a pena é automaticamente extinta” (STJ;
RHC nº 8.363-RJ; 6a. Turma; rel. Min. Fernando Gonçalves; DJU 24.5.99, p.
202).
78
Voto nº 11.225 — agravo em execução Nº
990.08.134575-7
Art. 112 da Lei de Execução Penal.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— Dois requisitos exige a lei para a progressão de regime: lapso temporal e mérito
do condenado; presentes que sejam, compete ao Juiz despachar de boa sombra a
pretensão, uma vez não pode recusar-se a praticar os atos de seu ministério.
— Não vá esquecer ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
— O asserto de que o criminoso empedernido não conhece recuperação não é
dogma científico. Para honra da Humanidade, não são raros os casos em que,
incentivados por medidas penais salutares, condenados abjuraram a vida de
crimes, redimiram-se de suas faltas e retornaram à comunhão social, tornando-se
cidadãos prestantes.
— Opor-se à progressão de regime — direito que a lei assegura ao condenado em
condições de o merecer — fora mais do que obstar-lhe a reintegração social,
porque seria matar-lhe a esperança, “que é o último remédio que deixou a
natureza a todos os males” (Vieira, Sermões, 1682, t. II, p. 87).
Arts. 171, “caput”, 175, 272, § 1º, e 69, “caput”, do Cód. Penal;
arts. 312, 648, nº I, e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 66 da Lei nº 8.078/90;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois
não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força
maior que obstam à realização do ato processual.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel.
José Dantas).
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
81
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal —
não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de
Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da
pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente
fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para
regime prisional mais brando.
84
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os
requisitos da lei não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para o
caminho do bem, de que se desviara, a fim de que possa reintegrar-se, efetivamente,
no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
–– Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não
será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador
inerte. Fatos existem, no entanto, que lhe excedem a jurisdição;
denomina-os a tradição jurídica motivos de força maior, a cujo
número pertence a necessidade de expedição de carta
precatória para o interrogatório do réu, termo essencial do
processo e franca oportunidade de obtenção de prova,
imprescindível à busca da verdade real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem
a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —, tem
contra si a presunção de periculosidade.
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença
condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p.
16.585).
— Permanecer o réu em silêncio, quando podia e devia falar, indício é claro de que
concordou com a imputação. Daí o escólio do preclaro Vicente de
Azevedo:“Interpreta-se o silêncio. Mesmo em direito, tem valor, tem
significação o silêncio, a inatividade, a inércia. O provérbio popular: quem
cala, consente tem sentido jurídico: Qui tacet, consentire videtur. O brocardo
completo é o seguinte: Qui tacet, cum loqui potuit et debuit, consentire videtur.
Isto é: quem cala, quando pode e deve falar, entende-se que consentiu” (Curso
de Direito Judiciário Penal, 1958, vol. I, p. 73).
— As palavras da vítima bastam a firmar a certeza da autoria do roubo:
personagem principal do evento delituoso, foi quem esteve em contacto direto
com o rapinador, e somente incriminará aquele de quem puder reaver suas coisas
roubadas.
— Para caracterizar a qualificadora do art. 157, § 2o, no I, do Cód. Penal, irrelevante
é a apreensão da arma utilizada pelo agente; basta que testemunhos idôneos lhe
comprovem a existência.
— À luz da jurisprudência do STJ, a alteração, adulteração ou remarcação de placa
de veículo automotor aperfeiçoa o tipo do art. 311 do Cód. Penal (cf. Rev.
Tribs., vol. 772, pp. 541-542).
—“A conduta de substituir placas de veículo enquadra-se nos núcleos do tipo penal
em exame (art. 311 do Cód. Penal), pois pode configurar mudança, alteração
por meio de qualquer modificação, remarcação com alteração ou colocação de
nova marca” (STJ; REsp nº 769.290/SP; 5a. Turma; rel. Min. Gilson Dipp;
DJU 6.3.2006, p. 438).
— O regime fechado, no início, é o que unicamente se aproposita ao autor de roubo
(crime da última graveza e abjeção), que argúi em quem o pratica entranhada
rebeldia à disciplina social.
–– Conforme doutrina geralmente recebida, ainda o mais vil dos facínoras não decai
nunca da proteção da lei, que lhe assegura “o contraditório e ampla defesa, com
os meios e recursos a ela inerentes” (art. 5º, nº LV, da Const. Fed.).
–– É direito do réu não ser condenado, primeiro que o ouçam de sua justiça. Trata-se
de direito natural: “Nemo inauditus damnari potest”.
—“Nula é a sentença que deixa de apreciar arguição de nulidade regularmente
formulada pela parte” (Rev. Tribs., vol. 481, p. 356; rel. Cunha Camargo).
— Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não
será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem,
no entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica
motivos de força maior, a cujo número pertencem as dificuldades inerentes à
causa, por exigir do Magistrado providências especiais.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de furto mediante rompimento de obstáculo, nos termos da figura típica
do art. 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal, incide na cláusula restritiva; pelo que, não
tem jus ao benefício.
101
— Está acima de crítica a decisão que condena por furto o sujeito detido na posse do
produto do crime (art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal).
— A apreensão das “res furtivae” em poder do réu, sem que o justifique pronta e
satisfatoriamente, firma a certeza de sua culpabilidade, máxime se em harmonia
com o conjunto probatório.
— Antes que reeducar o infrator, a prisão parece que o contamina e perverte. Não
poucos duvidam de sua eficácia como instrumento de recuperação humana.
Daqui por que, se primário o autor de furto, é possível, atendendo-se às especiais
circunstâncias do caso, a aplicar medida alternativa, sob o regime aberto.
Demais, não é incompatível a justiça com a indulgência, máxime se esta põe a
mira na redenção do homem, alma e escopo de toda a pena (art. 43 do Cód.
Penal).
103
R
Voto nº 11.265 — ecurso em Sentido Estrito Nº
990.08.042682-6
Arts. 121, § 2º, nº IV, 157, § 2º, ns. I e II, 29 e 69, do Cód. Penal;
arts. 79 e 408, do Cód. Proc. Penal.
— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que
a prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do réu (art. 408 do
Cód. Proc. Penal).
–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo
Júri o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– Salvo se manifesta sua inocorrência, não é de bom exemplo afastar, desde logo,
na fase da pronúncia, as qualificadoras do homicídio; ao Tribunal do Júri, como
a seu Juiz natural, é que, em princípio, cabe apreciá-lo (art. 121, § 2º, nº IV, do
Cód. Penal).
— A conexão importa unidade de processo e julgamento (art. 79 do Cód. Proc.
Penal).
— Aquele que, arguido acerca do fato criminoso, cerra os lábios e nada responde,
nisso mesmo dá a conhecer sua grande culpa, uma vez que a razão natural ensina
não ser próprio do inocente suportar em silêncio injusta acusação, podendo falar
e defender-se. Afora os casos de exceção (que merecem comprovados sempre),
calado só permanece quem admite a veracidade da imputação.
— A palavra da vítima, porque protagonista do fato delituoso, não se recebe
geralmente com reservas, senão como expressão da verdade, que só a prova do
erro ou da má-fé pode abalar.
— O sujeito que, trazendo consigo coisas alheias, não lhes justifica de modo cabal a
procedência, entende-se que é autor de crime; pois, em regra, nenhuma
dificuldade tem o dono de provar que sua posse é legítima.
— É, por força, o regime prisional fechado o mais compatível com o autor de roubo,
sobretudo se indivíduo que ostenta copiosos traços negativos de personalidade e
se consagrou abertamente à vida fora da lei, de todo infenso às regras que
disciplinam a convivência humana.
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semiaberto. Somente
fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da
recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os
requisitos da lei não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para
110
o caminho do bem, de que se desviara, a fim de que possa reintegrar-se,
efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
111
Voto nº 11.285 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº
990.08.130745-6
Arts. 2º, parág. único, 44, 61, 107, nº IV, 109, nº V, 110, § 1º, e 115, do Cód.
Penal;
arts. 202 e 386, nº VII, do Cód. Proc. Penal;
art. 12, “caput”, § 1º e § 2º, nº II, e 14, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
112
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).
116
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semiaberto. Somente
fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da
recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os
requisitos da lei não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para
o caminho do bem, de que se desviara, a fim de que possa reintegrar-se,
efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
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— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus
à proteção da Lei!
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— Matéria de grande peso é a de que trata o art. 127 da Lei de Execução Penal —
o condenado que for punido por falta grave perderá o direito ao tempo remido...
—, pois obriga o Juiz a decidir contra a própria consciência, se quiser atender
à letra da lei.
— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o
eloquente Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a
autoridade da “res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem
jurídica (art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).
— De presente, já não é lícito ao Juiz dar ao art. 127 da Lei de Execução Penal outra
interpretação que a literal restrita, por força da Súmula Vinculante nº 9, editada
pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, que mandou inscrever entre os dogmas
jurídicos a perda, para o condenado “que for punido por falta grave”, do direito
ao tempo remido pelo trabalho.
a
Voto nº 11.301 — PELAçÃO RIMINAL Nº c
990.08.107673-0
Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 171 e 14, nº II, do Cód. Penal.