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RECUPERAÇÃO DE MESA E ROLOS DOS MOINHOS DE CARVÃO

PULVERIZADO DA COMPANHIA SIDERÚRGICA PAULISTA - COSIPA


POR SOLDAGEM

PITZER, Milton J. de O. ( 1 )
(2)
CUZZIOL, Rubens
(3)
FREITAS, Marcelo J.
(4)
MARAIA, João Paulo
(5)
SILVA, Anderson B.

Resumo

Recuperação de Mesa e Rolos da Moagem de Carvão Pulverizado


da Companhia Siderúrgica Paulista – COSIPA por Soldagem é o título do
trabalho apresentado no XXI Congresso Brasileiro de Manutenção da
Associação Brasileira de Manutenção – ABRAMAN em 2006 que tem por
objetivo descrever as atividades desenvolvidas na recuperação da capacidade
de produção das moagens de carvão pulverizado da COSIPA.
Por meio do estudo, da inspeção, da medição, da análise e da
interpretação de dados teóricos e de outros advindos da observação prática, foi
analisado e entendido o mecanismo de desgaste do rolo e da mesa de
moagem, o que possibilitou decidir pela soldagem como a melhor alternativa de
recuperação destas peças.
São mostrados os resultados obtidos e as melhorias alcançadas na
qualidade do processo e do produto, na capacidade de produção de carvão
pulverizado das moagens e na sua sistemática de manutenção.

Introdução

A COSIPA, empresa do SISTEMA USIMINAS, é uma indústria


siderúrgica integrada a coque e sinter com capacidade de produzir até quatro
milhões e quinhentas mil toneladas de aço por ano ( 4,5 M.taço/a ) na forma de
laminados planos não revestidos e a partir de minérios de ferro e carvões
minerais, o que lhe confere uma posição de destaque entre as cinco maiores
unidades similares na América Latina.

(1)
PITZER, Milton J. de O., Sócio da ABRAMAN, Pós-graduação em Gestão de Engenharia de
Manutenção, Engenheiro da Companhia Siderúrgica Paulista – COSIPA e Analista de
Manutenção da Gerência de Suporte Técnico da Redução.
(2)
CUZZIOL, Rubens, Pós-graduação em Gestão de Engenharia de Manutenção, Engenheiro
da Companhia Siderúrgica Paulista – COSIPA e Analista de Manutenção da Gerência de
Suporte Técnico da Redução.
(3)
FREITAS, Marcelo J., Técnico da Companhia Siderúrgica Paulista – COSIPA e Supervisor
de Manutenção da Gerência de Carvão, Coque e PCI.
(4)
MARAIA, João P., Pós-graduação em Gestão de Engenharia de Manutenção, Engenheiro
da Companhia Siderúrgica Paulista – COSIPA e Analista de Manutenção da Gerência de
Suporte Técnico da Redução.
(5)
SILVA, Anderson B., Técnico da Companhia Siderúrgica Paulista – COSIPA e Supervisor de
Manutenção da Gerência de Manutenção Central.

1
Entre outros, a produção integrada de aço laminado envolve os
processos de 6 :

Conformação e tratamento térmico, processados nas unidades de


laminação, nas quais as placas de aço bruto são conformadas mecanicamente
a quente e a frio por laminadores, tratadas termicamente, enroladas em
bobinas ou recortadas por tesouras em tiras e chapas perfeitamente planas
com dimensões, peso e propriedades mecânicas convenientes à sua mais
diversificada utilização pela indústria de transformação metal mecânica.

Refino, cujo objetivo é retirar do gusa líquido o excesso de carbono, silício e


manganês e eliminar a presença do enxofre e do fósforo, considerados
impurezas que deterioram as propriedades requeridas do aço e em seguida
dosar naquele metal líquido elementos químicos, tais como o níquel, o titânio, o
molibdênio o vanádio, o cromo e o cobre, para conferir à esta liga metálica
denominada aço propriedades físicas, metalúrgicas e mecânicas determinadas
e específicas 7 . A unidade siderúrgica que se encarrega do refino do gusa, da
sua transformação em aço e da posterior solidificação e moldagem em forma
de placas é a aciaria.

Coqueificação ou destilação na ausência de ar de uma mistura dosada de


carvões minerais, efetuada numa bateria de fornos de uma unidade fabril
denominada coqueria e cujo produto é o coque.

Redução dos óxidos de ferro presentes nos minérios em ferro, pelo carbono do
coque, em reação endotérmica realizada num reator termo químico chamado
de alto-forno que produz um metal líquido, o gusa, à temperatura de até
1530 °C.

O coque é a fonte de carbono imprescindível para a reação química de


redução do minério de ferro no processo de produção do gusa em alto-forno e
é carregado usualmente na proporção típica de até quinhentos quilogramas por
tonelada de gusa líquido ( 500 kg/tgusa ), juntamente com a carga metálica, ou
seja, o minério de ferro bruto, beneficiado ou pré-reduzido e os fundentes.

O preço do coque produzido internamente na COSIPA é maior que


quatrocentos reais por tonelada ( 400 R$/t ) e quando a disponibilidade de
produção interna não atende à demanda, precisa ser importado. Neste caso, o
coque pode custar mais do que 400 US$/t 8 .

Uma alternativa técnica para o uso de parte do coque como agente


redutor do minério de ferro é a utilização de carvão mineral pulverizado, mistura

6
Uma descrição mais detalhada dos processos de produção integrada de aço laminado
extrapola a necessidade deste Trabalho, mas pode ser encontrada em MOURÃO, M. B.,
SIDERURGIA PARA NÃO SIDERURGISTAS. São Paulo: ABM, 2004.
7
Uma descrição minuciosa do aço, de suas características e propriedades excede o escopo
deste Trabalho, mas pode ser encontrada em SCHEER, Leopold, O QUE É AÇO ? São
Paulo: EPU, 1977.
8
Os valores citados são valores médios de mercado. Os valores exatos são considerados
estratégicos e têm classificação confidencial na COSIPA, que não permite a sua divulgação
externa.

2
dosada de carvões minerais não coqueificáveis, moída até a condição de pó de
grãos menores do que 75 µm e simultaneamente seca até a condição de
umidade menor do que um por cento, injetado diretamente na zona de
combustão dos altos-fornos através das ventaneiras.

O custo do carvão pulverizado não alcança 250 R$/t e atualmente nos


processos da Empresa, pode-se substituir o coque por carvão pulverizado até a
proporção de 150 kg/tgusa do total mencionado de 500 kg/tgusa 9 .

A vantagem econômica da substituição até esta proporção advém


quando a unidade de carvão pulverizado é capaz de produzir ininterruptamente
até 80 t/h e de disponibilizar continuamente um produto que obedeça às mais
rigorosas especificações de qualidade tais como composição química,
granulometria, umidade e temperatura.

A planta de moagem da COSIPA possui dois moinhos de mesa


horizontal e três rolos 10 . Cada moinho foi projetado para pulverizar 46,5 t/h de
carvão mineral bruto e foram instalados no ano de 1998 com o objetivo de
abastecer o processo de produção de gusa com a injeção de 93 t/h de carvão
pulverizado.

O sistema de injeção do Alto-forno 1 esteve inoperante até mês de


novembro de 2000 e o do Alto-forno 2 paralisado para reforma entre julho de
2001 e janeiro de 2002 11 . Como a demanda máxima de carvão pulverizado
não alcançou muito mais de 60 t/h até este período, a operação da planta e dos
moinhos era ociosa. Esta situação só se alterou no ano de 2003 quando se
exigiu uma produção de mais de 70 t/h, o que causou um aumento expressivo
do índice de funcionamento das moagens.

No ano de 2004, tornou-se imprescindível por questões de


competitividade e de sobrevivência econômica da COSIPA, aumentar até o
limite técnico possível a taxa de injeção de carvão pulverizado e substituir o
coque no processo de produção de gusa. O objetivo de injeção de carvão
pulverizado nos altos-fornos em até 80 t/h tornou-se necessidade estratégica
para reduzir o custo de produção do gusa, impactado por uma disparada de
preços das matérias primas, minério de ferro, carvão e coque, e do frete
marítimo, provocada pela alta demanda de aço no mercado asiático.

A demanda crescente por carvão pulverizado exigia maior produtividade


e maior índice de funcionamento da planta o que, como paradoxo, aumentava
a taxa de desgaste das peças componentes dos moinhos e limitava o tempo de
parada para a intervenção de manutenção. Lenta mas gradativamente,
aparecia sintoma de problemas e de limitação da capacidade de produção com
a qualidade exigida, que ainda não estavam cientificamente caracterizados
nem tecnicamente diagnosticados se eram provenientes de um ajuste de
9
Um resumo da tecnologia de injeção de finos em altos-fornos pode ser encontrado em
ASSIS, Paulo S., INJEÇÃO DE MATERIAIS PULVERIZADOS EM ALTOS-FORNOS,
São Paulo: ABM, 1995.
10
Uma Planta, segundo OGATA, Katsuhiko, MODERN CONTROL ENGINEERING [B4], “é uma
parte de equipamento, eventualmente um conjunto de itens de uma máquina, que funcionam
conjuntamente e cuja finalidade é desempenhar uma dada operação”.
11
Um Sistema, segundo OGATA, Katsuhiko ( op. cit. ), “é uma combinação de componentes
que atuam conjuntamente e realizam um certo objetivo”.

3
processo em suposto novo ponto de funcionamento ou se poderiam ser
provenientes da condição do equipamento que já operava por cinco anos
ininterruptos sem que tivesse ocorrido uma intervenção de manutenção com
uma maior atenção e um escopo de maior envergadura.

Nas inspeções de manutenção realizadas nas paradas das plantas no


último trimestre de 2004, os moinhos já mostravam um acentuado desgaste
nos rolos e na mesa de moagem, o que limitava em 35 t/h as suas capacidades
de produzir com o total atendimento das especificações de qualidade e este
valor não era suficiente para atender a uma crescente necessidade e para
garantir sem restrições a injeção de carvão pulverizado nos altos-fornos.

A partir de tal problematização, fez-se necessário um estudo e uma


posterior intervenção de manutenção a fim de que se recuperasse a
capacidade de moagem de projeto e se garantisse um melhor desempenho ao
desgaste dos componentes do conjunto de moagem, os rolos e a mesa.

Esta é a conjuntura em que se insere o objeto deste Trabalho, ou seja,


as atividades de observação científica e de análise técnica da situação, o
estudo do comportamento das diversas variáveis de estado e de controle
envolvidas, o diagnóstico da causa fundamental, a proposição e a análise das
alternativas de solução pertinentes, ponderando as vantagens e as
desvantagens, as oportunidades e as limitações no tempo de parada da planta
e no custo de execução dos serviços, o processo de encaminhamento do
problema e de tomada da decisão, as atividades realizadas nas intervenções,
os resultados obtidos na produção, na qualidade do processo e do produto e,
finalmente, a sistematização de um novo paradigma de manutenção que, não
bastando mostrar-se capaz e necessário para resolver um problema, seja
também eficaz e suficiente para a prevenção da reincidência nas mesmas
circunstâncias.

Uma discussão completa desta restrição de produção com a qualidade


exigida e sua causa fundamental, tendo em vista a especificação do projeto
das moagens de carvão pulverizado, será efetuada nas três seções seguintes,
iniciando-se na primeira pelo entendimento do processo de produção de carvão
pulverizado e das especificações de projeto destas plantas de moagem e
secagem de carvão.

1 – Especificação de Projeto dos Moinhos e descrição do processo de


produção de carvão pulverizado

Nesta primeira Seção, descreveremos os parâmetros de desempenho


projetados para os moinhos e entenderemos o processo de produção de
carvão pulverizado.

A planta de moagem e secagem de carvão para injeção de finos da


COSIPA possui dois idênticos moinhos do tipo LM 26.30 D de operação
independente, de fabricação LÖESCHE WÄLZMÜHLEN, com mesa circular
horizontal de 26 dm de diâmetro, três rolos de moagem e nenhum rolo auxiliar.
Possuem ainda classificador dinâmico de partículas e são projetados para

4
fornecer em conjunto entre 46,5 t/h a 93 t/h de produto pulverizado, ou seja, em
forma de pó fino, seco e quente [A1] 12 .

Além desta capacidade de produção, o projeto especifica as três


propriedades características deste produto: a granulometria, a umidade e a
temperatura.

Denomina-se granulometria de um sólido granulado a propriedade de


compor-se de partículas mais finas ou mais grossas, segundo uma distribuição
granulométrica.

O conceito da palavra inglesa fineness, utilizado em português como


granulometria, ou distribuição granulométrica, expressa um conjunto de faixas
de valores percentuais, relativos a uma amostra, medidos após um
peneiramento seqüencial em peneiras de malhas com aberturas graduadas,
conforme o padrão ASTM D 197-02, STANDART TEST METHOD FOR
SAMPLING AND FINENESS TEST OF PULVERIZED COAL [A2].

Assim, o projeto dos moinhos garante que o produto final atenderá à


granulometria de 80 % < 74 µm e 100 % < 1 mm, o que significa que devem ser
capazes de moer o carvão bruto até transformá-lo em um pó que, ao ser
peneirado em uma malha de 1 mm de abertura, passe totalmente por ela e, em
seguida, ao ser peneirado em uma outra peneira de malha com 75 µm de
abertura, 80 % do peso total da amostra passe por ela, ou seja, é permitido que
até 20 % fique retido nela [A1] [A2] 13 .

O projeto dos moinhos garante também que o produto sairá seco, ou


seja, com a umidade menor do que um por cento ( umidade < 1 % ) [A1].
A umidade do carvão pulverizado é determinada pelo ensaio de laboratório
conforme o padrão ASTM D 3302-02, STANDART TEST METHOD FOR
TOTAL MOISTURE IN COAL [A3].

Garante o projeto ainda, que o carvão pulverizado sairá do moinho à


temperatura de 100 °C [A1].

Para o cumprimento desta especificação de granulometria, umidade e


temperatura na saída, os moinhos devem ser alimentados com carvão bruto de

12
O fabricante dos moinhos LÖESCHE WÄLZMÜHLEN utiliza as características de 26 dm de
diâmetro de mesa, três rolos de moagem, nenhum rolo auxiliar e classificador dinâmico de
partículas, para definir o tipo do equipamento como LM 26.30 D.
13
Uma curiosidade deve ser registrada a respeito do número 80 % < 74 µm: a especificação
desta mesma granulometria em unidades inglesas é 80 % < 200 mesh. O termo 200 mesh
significa malha com 200 orifícios por polegada quadrada e a abertura de cada orifício quadrado
mede 74 µm de lado. Os autores optaram por manter ipsis litteris a especificação 80 % < 74 µm
de [A1] mesmo sabendo que, pelo fato do Brasil e da Alemanha usar o Sistema Internacional
de unidades de medida, as malhas são confeccionadas, na verdade, com orifícios retangulares
de 75 µm. Esta diferença de 1 µm não é significativa na prática, em se tratando de material
nesta faixa de granulometria.
A terminologia utilizada pela norma americana ASTM D 197-02 ( op.cit. ) é 80 % < 75 µm ou
80 % passante em malha de 75 µm.
A terminologia utilizada pela norma alemã DIN 4388, similar à ASTM, é 20 % retido em malha
de 75 µm ou 20 % R 75 µm, ou ainda 20 % maior que 75 µm ( 20 % > 75 µm ).
Todas as terminologias citadas referem-se à mesma medida e significam a mesma coisa.

5
densidade aparente entre ( 0,8 a 1,0 ) t/m3, de granulometria 100% < 50 mm,
de umidade menor que 15 %, à temperatura ambiente de até 40 °C e com
HGI > 40 % [A4] 14 15 .

HGI é a sigla de Hardgrove Grindability Index ou índice de facilidade de


moagem que HARDGROVE, R. M. criou em 1932 juntamente com o
equipamento e a metodologia de ensaio e que estão normalizados desde 1951
pelo padrão ASTM D 409-02, STANDART TEST METHOD FOR
GRINDABILITY OF COAL BY THE HARDGROVE-MACHINE METHOD [A5] [B3].
Este ensaio normalizado mede em unidades percentuais (%) e em proporção
direta, a facilidade de moer – grindability – o carvão granulado, ou seja, quanto
maior o número, maior é a facilidade de moê-lo ou de britá-lo.

Por sua vez, o funcionamento dos moinhos e o mecanismo de moagem


e secagem do carvão serão explicados com o auxílio da Figura 1 da página 7 e
o entendimento da causa fundamental da baixa produtividade e do alto
desgaste da mesa e dos rolos de moagem, depende da perfeita compreensão
destes tópicos.

A porção à esquerda da Figura 1 ilustra a mesa de moagem ( A ) que,


acionada por engrenagens alojadas em uma caixa redutora de velocidade ( B ),
gira em torno do seu eixo de simetria vertical à velocidade angular fixa de 35,38
rotações por minuto ( min-1 ). O motor elétrico de acionamento com potência de
650 quilowatts ( 650 kW ) e de velocidade 1180 min-1 não é mostrado.

Os três rolos de moagem ( C ) estão montados em posição estacionária


e com os seus eixos longitudinais inclinados em quinze graus ( 15º ) em
relação à superfície da mesa e são forçados a girar na mesma direção do
movimento dela, por estarem pressionados contra a mesa pela pressão de até
12.000 quilo Pascal ( kPa ), transmitida pelos conjuntos individuais de
articulação ( D ) e gerada no dispositivo composto pelos cilindros hidráulicos
( E ), pelos acumuladores hidro-pneumáticos de pressão ( F ) e por uma bomba
de óleo, que não é mostrada.

O carvão bruto é introduzido pela parte central superior do moinho e cai


por gravidade, alcançando o centro da mesa através de um tubo de
alimentação vertical ( G ).

A força centrífuga gerada pela rotação da mesa tende a deslocar o


carvão bruto do centro para a extremidade, forçando-o a passar pelos
pequenos espaços existentes entre a superfície de desgaste da mesa e as
superfícies de moagem dos três rolos, mantidos sob permanente pressão.

14
A densidade aparente de um sólido granulado é definida pela divisão do valor da medida de
massa, e.g. em toneladas, pelo valor da medida de volume, e.g. em metros cúbicos,
preenchido por esta massa nas mesmas condições em que se encontra ou em que ocorre, i.e.,
sem nenhuma compactação mecânica induzida.
15
A especificação em [A4] prevê uma faixa entre ( 12 ≤ umidade ≤ 15 )%, que foi corrigida em
[A1] para ( 5 ≤ umidade ≤ 15 )%. Como o carvão é estocado ao ar livre e nunca se verifica na
prática umidade menor que 5%, os autores optaram por simplificar a grafia das especificações
originais (op. cit.) para “umidade menor que 15%” o que não as adultera.

6
FIGURA 1 – Ilustração do funcionamento e das partes componentes do
moinho de carvão pulverizado Löesche LM 26.30 D.
Crédito de: PITZER, Anna Letícia Y., Santos SP, 2005.

O formato cônico da superfície de trabalho dos rolos de moagem, aliado


à inclinação de 15º de seus eixos longitudinais, que não interceptam o plano da
mesa, provocam uma diferença de velocidade relativa entre as superfícies do
rolo e da mesa, na região de moagem. Ocorre então, não apenas um
movimento de simples rolagem do carvão do centro para a periferia da mesa,
sob a pressão dos rolos, porque a diferença entre as componentes radial e
normal da velocidade e da pressão provoca uma força conjugada de torção e
de cisalhamento que, segundo BRUNDIEK, Hans em DESIGN,
PERFORMANCE AND RECENT OPERATING EXPERIENCE WITH COAL
PULVERIZING ROLLER MILLS, “é proporcional à pressão hidráulica e ao
quadrado do diâmetro dos rolos” e é a causa da trituração mecânica das
partículas de carvão, até alcançar a granulometria de pó finíssimo [B1].

A mesma porção à esquerda da Figura 1 ilustra ainda a entrada de gás


quente no moinho ( H ) e a sua distribuição em um anel de sopro que circunda
a mesa de moagem. Este sopro de gás quente é o responsável por arrastar o
carvão que alcançou a extremidade da mesa após ser triturado sob os rolos na
região de moagem até o topo do moinho onde está instalado um classificador
de partículas ( I ).

Este classificador consiste em um conjunto rotativo de pás cuja


velocidade pode ser ajustada para permitir apenas a passagem do pó mais fino
turbilhonado pelo fluxo de gás quente. As partículas maiores, com maior inércia
e menor velocidade, são capturadas pela rotação das pás em até 90 min-1 e,
rejeitadas, retornam à região central do moinho.

7
A porção à direita da Figura 1 ilustra este trabalho de arraste do fluxo de
gás quente ( J ) e o retorno por rejeição ( K ) das partículas maiores do que o
tamanho especificado conforme o ajuste da rotação do classificador.

Durante o tempo de permanência do carvão no moinho, até que alcance


a condição física de passar pelo classificador, o contato íntimo das partículas
com a temperatura do gás quente provoca a evaporação da umidade nelas
contida de tal forma que o produto final na saída do moinho ( L ) é o carvão
pulverizado para a injeção nas ventaneiras dos altos-fornos, com granulometria
80 % < 74 µm e 100 % < 1 mm, com umidade < 1 % e com temperatura de
100 ºC.

Para melhor visualizar as peças internas principais de um moinho real,


recomenda-se consultar a Foto 1 abaixo, que mostra uma mesa de moagem
( M ), um rolo ( R ) e um anel de sopro de gás quente ( S ). A Foto 2 ao lado,
mostra um classificador dinâmico de partículas visto do topo do moinho pela
parte externa e através do orifício de saída do gás que transporta o carvão
pulverizado para fora do moinho.

Entendidas nesta seção as especificações de projeto da planta que


transforma o carvão bruto em carvão pulverizado através do processo de
moagem e secagem nos moinhos Löesche LM 26.30 D, prosseguiremos nossa
análise caracterizando a restrição da capacidade de produção verificada a
partir do último trimestre do ano de 2004.

FOTO 1 – Vista parcial do interior de um FOTO 2 – Vista parcial do classificador


moinho através da janela de basculamento de dinâmico de partículas de um moinho através
um dos rolos de moagem ( R ) mostrando do orifício de saída de gás e do carvão
ainda a mesa ( M ) e o anel de sopro ( S ). pulverizado.
Crédito de: LÖESCHE WÄLZMÜHLEN, Crédito de: LÖESCHE WÄLZMÜHLEN,
Düsseldorf, 1984 [A6]. Düsseldorf, 1987 [A6].

8
2 – Caracterização da limitação da produção com qualidade do carvão
pulverizado e determinação da causa fundamental

Nesta seção, trataremos da análise do desempenho da moagem,


caracterizando a indesejável limitação de produção de carvão pulverizado com
a qualidade desejada, segundo as especificações do projeto e apontando a sua
causa fundamental 16 .

Um processo industrial deve atender à exigência de qualidade do


produto que é definida conforme a necessidade de seu cliente. Por outro lado,
a garantia do atendimento pleno da qualidade do produto depende da
estabilidade e da eficácia do controle de qualidade do processo.

O processo de produção de carvão pulverizado é reconhecido como


estável e de qualidade, ou seja, com operação estável do moinho, em que
todas as variáveis de estado mantém as relações adequadas entre si e em que
as variáveis de controle realizam com perfeição a sua função de correção dos
eventuais desvios, quando atende simultaneamente aos seguintes requisitos
17
:

1. A granulometria do carvão pulverizado obedece à faixa prevista.


2. A taxa de alimentação de carvão bruto, comandada pelo operador da
planta de carvão pulverizado, é obedecida pelo computador de controle
do processo de moagem automaticamente e sem desvio dos parâmetros
programados.
3. A vibração no moinho mantém-se estável e entre ( 2 ± 1 ) mm/s 18 .
4. A quantidade de rejeitos no moinho é menor do que 20 kg por dia 19 .

Precisaremos analisar o comportamento destes requisitos para


caracterizar a limitação de produção com qualidade dos moinhos de carvão
pulverizado, verificada entre o último trimestre de 2004 e o primeiro de 2005.
Para sintetizar, entretanto, foi escolhido um período estatisticamente
representativo de aproximadamente dez dias de operação antes das
respectivas datas das paradas para a manutenção dos moinhos.

Em outubro de 2004, os altos-fornos solicitaram uma alteração na


especificação de qualidade de granulometria do carvão pulverizado para a
injeção, com a criação de uma faixa com limites máximo e mínimo.

16
Uma Análise, segundo OGATA, Katsuhito, ( op. cit. ) “é a investigação, sob condições
específicas de desempenho, de um sistema cujo modelo é conhecido” e “Projetar um sistema,
significa determiná-lo de modo que desempenhe uma dada tarefa ou cumpra uma dada
função”.
17
Variáveis de estado de um sistema dinâmico, “é o menor conjunto de variáveis capaz de
determinar o comportamento deste sistema dinâmico”. OGATA, Katsuhiko ( op. cit. )
18
A vibração dos moinhos, por ser um importante parâmetro indicador de estabilidade do
processo de moagem, é monitorada on line e registrada na memória dos computadores de
processo que controlam as plantas.
A unidade milímetros por segundo ( mm/s ) expressa a velocidade de vibração de uma
massa, ou seja, o deslocamento dela em milímetros dividido pelo tempo em segundos.
Uma vibração harmônica senoidal é medida por um aparelho denominado vibrômetro.
19
Rejeito é todo granulado grosso, indevidamente expulso da região de moagem, que cai por
gravidade e passa pelos orifícios do anel de sopro, contra o fluxo de gás. A caixa de rejeitos
está localizada sob a mesa de moagem, na base dos moinhos e recolhe este material.

9
A especificação da qualidade do produto carvão pulverizado para a injeção nas
ventaneiras dos altos-fornos precisou então ser redefinida para “90 % de acerto
na faixa de granulometria compreendida entre 56,5 % a 66,5 % menor do que
75 µm”. Isto significa que passou a ser exigido que 90 % das amostras
analisadas segundo o padrão ASTM D 197-02 ( op. cit. ) apresentassem um
resultado de granulometria compreendido entre 56,5 % ( limite mínimo ) a
66,5 % ( limite máximo ) menor que 75 µm, ou seja, ( 56,5 a 66,5 ) % < 75 µm.

O ajuste da granulometria do carvão moído é efetuado usualmente pela


variação da rotação do classificador de partículas no topo do moinho.

O comportamento deste primeiro requisito de qualidade do processo, o


atendimento da especificação da granulometria, é retratado na Página 11 pelos
Gráficos 1 e 2, referentes aos Moinhos 1 e 2 respectivamente, neste período
estatisticamente representativo e de aproximadamente dez dias antes das
respectivas datas das paradas programadas para a manutenção nos moinhos.

Os valores evidenciam que os moinhos nem atendiam a especificação


de projeto da granulometria do carvão pulverizado ( 80 % < 75 µm ) nem a
nova faixa de qualidade exigida, ainda que ela solicitasse material mais
grosseiro e mais fácil de ser obtida pelos moinhos, tendo em vista a
especificação de projeto e os recursos tecnológicos dos equipamentos da
planta.

O segundo requisito de qualidade e de estabilidade do processo de


moagem, a taxa de alimentação de carvão bruto no moinho, é um comando
manual digitado pelo operador no computador que controla o processo de
moagem. Este computador está programado para controlar as diversas
variáveis de estado do processo de moagem e secagem segundo parâmetros
definidos e programados.

Precisamos compreender algumas destas variáveis e a relação de


dependência entre elas a fim de explicar o comportamento dos moinhos e
caracterizar a limitação de produção de carvão pulverizado, ainda que em nova
faixa de qualidade mais grosseira em relação àquela especificada pelo projeto.

O manual de operação fornecido pelo fabricante dos moinhos indica de


forma gráfica a relação entre algumas destas variáveis [A1]. Uma relação de
interesse para esta análise é aquela entre a taxa de alimentação de carvão
bruto, a pressão diferencial no moinho, a vazão de gás quente e a pressão
hidráulica nos rolos.

Um moinho de carvão, sob o ponto de vista da mecânica dos fluidos, é


um grande vaso que intercepta um fluxo de gás e que, por isso, oferece uma
resistência à passagem dele. Esta resistência, ou perda de carga, pode ser
medida pela diferença entre a pressão do gás na entrada do moinho e na sua
saída. Esta diferença é denominada pressão diferencial no moinho.

10
Granulometria conforme ensaio ASTM D197-02 do carvão
pulverizado pelo Moinho 1 entre 20/04 a 01/05/2005
80
75
70
% < 75 µm

65
60
55
50
45
40
19/04/05

20/04/05

21/04/05

22/04/05

23/04/05

24/04/05

25/04/05

26/04/05

27/04/05

28/04/05

29/04/05

30/04/05

01/05/05

02/05/05
DATA

GRÁFICO 1 – Granulometria conforme ensaio ASTM D197- 02 do carvão


pulverizado pelo Moinho 1 entre 20/04 a 01/05/2005.
Fonte: WebRed – Computador de processo da moagem de carvão pulverizado da
COSIPA. Crédito de: PITZER, Milton J. O., Cubatão SP, 2005.

Granulometria conforme ensaio ASTM D197- 02 do carvão


pulverizado pelo Moinho 2 entre 19/02 a 02/03/2005
80
75
70
% < 75 µm

65
60
55
50
45
40
18/2/2005

19/2/2005

20/2/2005

21/2/2005

22/2/2005

23/2/2005

24/2/2005

25/2/2005

26/2/2005

27/2/2005

28/2/2005

1/3/2005

2/3/2005

3/3/2005

DATA

GRÁFICO 2 – Granulometria conforme ensaio ASTM D197- 02 do carvão


pulverizado pelo Moinho 2 entre 19/02 a 02/03/2005.
Fonte: WebRed – Computador de processo da moagem de carvão pulverizado da
COSIPA. Crédito de: PITZER, Milton J. O., Cubatão SP, 2005.

11
Ao se aumentar a quantidade de carvão bruto alimentado no moinho, a
resistência à passagem do gás tende a aumentar. Para manter estável a
pressão diferencial do moinho, se aumentado o carvão, então é preciso
aumentar a vazão de gás quente, que irá secá-lo e retirá-lo, e aumentar a
pressão nos rolos para moê-lo. Por isso, existe uma relação de
proporcionalidade determinada, de razão direta, entre as variáveis taxa de
alimentação de carvão bruto, pressão diferencial no moinho, vazão de gás
quente e pressão hidráulica nos rolos, que é a mostrada no Gráfico 3.

Relação entre Variáveis de Estado dos Moinhos de Carvão


Pulverizado Löesche LM 23.30 D
13000 130
12000 120
11000 110
10000 100
Pressão Diferencial

Pressão Hidráulica
nos Rolos ( kPa )

Quente ( kNm³/h )
no Moinho ( Pa )

9000 90

Vazão de Gás
8000 80
7000 70
6000 60
5000 50
4000 40
3000 30
2000 20
1000 10
0 0
25 30 35 40 45 50 55 60
Taxa de Alimentação de Carvão Bruto ( t / h )

Pressão Diferencial no Moinho ( Pa ) Pressão Hidráulica nos Rolos ( kPa )


Vazão de Gás Quente ( kNm³/h )

GRÁFICO 3 – Relação entre a Taxa de Alimentação de Carvão Bruto ( t/h )


e a Pressão Diferencial no Moinho ( Pa ), a Pressão Hidráulica nos Rolos
( kPa ) e a Vazão de Gás Quente ( kNm3/h ).
Adaptado por PITZER, Milton J. O., sob permissão de MATTIUZ, Marco A., ANÁLISE
DO PROCESSO DE CARVÃO PULVERIZADO DA COSIPA [B9].

Os Gráficos 4 e 5 da Página 13 são uma seqüência temporal de dados


reais, respectivamente para o Moinho 1 e para o Moinho 2. Estes dados foram
extraídos da memória do computador de controle do processo de moagem de
carvão pulverizado e são referentes aos mesmos períodos estatisticamente
representativos já mencionados anteriormente.

12
Comportamento da Variáveis de Estado do Moinho 1
de Carvão Pulverizado entre 20/04 a 01/05/2005
130 13000
120 12000

Pressão Diferencial do Moinho

Pressão Hidráulica dos Rolos


Vazão de Gás Quente (kNm³/h)

110 11000
Taxa de Alimentação de

100 10000
Carvão Bruto (t/h)

90 9000
80 8000

( Pa )

(kPa)
70 7000
60 6000
50 5000
40 4000
30 3000
20 2000
10 1000
0 0
/0 5
/0 5
/0 5
/0 5
/0 5
/0 5
/0 5
/0 5
/0 5
/0 5
/0 5
/0 5
/0 5
/0 5
/0 5
/0 5
/0 5
/0 5
05
20 4 /0
21 4 /0
22 4 /0
22 4 /0
23 4 /0
24 4 /0
24 4 /0
25 4 /0
25 4 /0
26 4 /0
27 4 /0
27 4 /0
28 4 /0
29 4 /0
29 4 /0
30 4 /0

01 5 /0
01 4 /0

5/
/0
20

DATA
Taxa de Alimentação de Carvão Bruto ( t/ h ) Vazão de Gás Quente ( kNm³/h )
Pressão Diferencial do Moinho ( Pa ) Pressão Hidráulica nos Rolos ( kPa )

GRÁFICO 4 – Comportamento da Taxa de Alimentação Horária (t/h), da


Pressão Diferencial no Moinho (Pa), da Pressão Hidráulica nos Rolos
(kPa) e da Vazão de Gás (kNm3/h) do Moinho 1 entre 20/04 a 01/05/2005.

Comportamento das Variáveis de Estado do Moinho 2


de Carvão Pulverizado entre 18/02 a 02/03/2005
130 13000
Vazão de Gás Quente (kNm³/h)

120 12000
Pressão Diferencial do Moinho

Pressão Hidráulica nos Rolos


Taxa de Alimentação de

110 11000
Carvão Bruto (t/ h)

100 10000
90 9000
80 8000
70 7000
(kPa)
(Pa)

60 6000
50 5000
40 4000
30 3000
20 2000
10 1000
0 0
5

05

05
00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

20

20
/2

/2

/2

/2

/2

/2

/2

/2

/2

/2

/2

3/

3/
/2

/2

/2

/2

/2

/2

/2

/2

/2

/2

/2

1/

2/
18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

DATA
Taxa de Alimentação de Carvão Bruto ( t / h ) Vazão de Gás Quente ( kNm³/h )
Pressão Diferencial do Moinho ( Pa ) Pressão Hidráulica nos Rolos ( kPa )

GRÁFICO 5 – Comportamento da Taxa de Alimentação Horária (t/h), da


Pressão Diferencial no Moinho (Pa), da Pressão Hidráulica nos Rolos
(kPa) e da Vazão de Gás (kNm3/h) do Moinho 2 entre 18/02 a 03/03/2005.

Fonte: WebRed – Computador de processo da moagem de carvão pulverizado da


COSIPA. Crédito de : PITZER, Milton J. O., Cubatão SP, 2005.

13
O que se pretende demonstrar é, que os valores apresentados nos
Gráficos 4 e 5 e referentes respectivamente à operação dos Moinhos 1 e 2,
pelas seguintes variáveis operacionais:

• Vazão de Gás Quente maior que 115 kNm3/h,


• Pressão Hidráulica nos rolos maior que 9.000 kPa, e
• Pressão Diferencial no Moinho maior que 4000 Pa,

deveriam caracterizar, segundo os parâmetros de referência apresentados no


Gráfico 3, uma taxa de alimentação de carvão bruto de cerca de 60 t/h, e não
apenas as pouco mais de 20 t/h ou 30 t/h produzidas respectivamente pelos
Moinhos 1 e 2.

Em outras palavras, uma vez que a relação entre as variáveis de estado


não obedeciam aos parâmetros de referência mostrados no Gráfico 3, a
operação dos moinhos situava-se em uma zona de instabilidade. Encontrar
nela um ponto de maior estabilidade para operá-los era uma tarefa permanente
e uma necessidade indevida dos operadores, através de uma operação em
modo manual, por processo de tentativa e erro, procurando adaptar a relação
entre as variáveis conforme a necessidade ou a conveniência do momento.

A despeito das tentativas mais insistentes e especializadas e dos


esforços mais dedicados das equipes de tecnólogos, dentre as quais
destacamos as de COSTA, Alexandre F. & Alii, FREITAS, Marcelo J. & Alii, e
SILVA, Anderson B. & Alii, todos os requisitos reconhecidos de estabilidade e
de qualidade do processo deixavam a desejar 20 :

1. O primeiro requisito, a granulometria exigida para o carvão pulverizado,


não era atendido, ainda que em faixa inferior à especificação de projeto.
2. O segundo requisito, a taxa de alimentação de carvão bruto, não era
atendido sem desvio em relação à referência parametrizada.
3. O terceiro requisito, a operação estável do moinho, caracterizado pela
vibração entre ( 2 ± 1 ) mm/s, era dificilmente alcançado. Nos períodos
intermitentes de instabilidade, verificavam-se a ocorrência de perigosos
picos de vibração nos moinhos de até 10 mm/s 21 .
4. O quarto requisito, as caixas de rejeitos necessitavam de inspeção
permanente e de trabalho penoso e incessante dos operadores, a fim de
drenar até 300 kg por dia de indevido rejeito de carvão bruto 22 .

Caracterizada a limitação de produção com a qualidade exigida nos dois


moinhos de carvão pulverizado, o fenômeno do desgaste, ou perda de massa
de mesa e rolos destes moinhos, foi estudado por PITZER, Milton em O
MECANISMO DO DESGASTE POR ABRASÃO E IMPACTO DE MATERIAIS
GRANULADOS E PROPOSTAS EFICAZES PARA MINIMIZÁ-LO. Cubatão

20
A COSIPA solicitou e recebeu assistência técnica especializada da LÖESCHE, fabricante
dos moinhos, em três ocasiões: no ano de 2002, em 2003 e em 2004.
21
A vibração do moinho entre ( 2 ± 1 ) mm/s é um indício de estabilidade do processo de
moagem porque significa que formou-se um leito contínuo e estável de carvão a moer entre os
rolos e a mesa. A operação com vibração alta é indevida e perigosa porque deteriora as
condições de todos os componentes mecânicos de fixação nos moinhos, submetendo-os a
altos e indevidos esforços mecânicos de tração, de compressão, de fadiga e de cisalhamento.
22
Esta quantidade de rejeitos é indevida porque se espera que toda a matéria prima
alimentada seja pulverizada e saia pelo topo do moinho sob a forma de pó.

14
SP: XX Seminário Interno da Redução, COSIPA, 2005 e a causa fundamental
da limitação de produção determinada por PITZER, Milton & Alii conforme a
metodologia descrita no Trabalho de Conclusão de Curso de Pós-graduação
em Gestão de Engenharia de Manutenção DETERMINAÇÃO DA CAUSA
FUNDAMENTAL DA LIMITAÇÃO DE PRODUÇÃO DOS MOINHOS DE
CARVÃO PULVERIZADO DA COMPANHIA SIDERÚRGICA PAULISTA –
COSIPA. UNIP, Santos SP: 2006.

Em paralelo ao andamento destes estudos, foram trocados os rolos


desgastados, ação de efeito realizada diversas vezes entre 2003 e 2004
através de intervenções de manutenção, apesar de ter sido muito difícil
programá-las, por dependerem do fornecimento de elevada quantidade de mão
de obra em dia de pico de demanda, as paradas de plantas para a manutenção
em toda a usina, por dependerem das moagens paradas por longos períodos e
assim corrermos o risco de interferir no programa de injeção de carvão
pulverizado do cliente, os altos-fornos. Esta dificuldade em programar estas
manutenções explica o fato de ter sido tolerada a operação dos moinhos com
as respectivas peças de seus conjuntos de moagem muito desgastadas.

Acrescentamos o fato de que, no período analisado, por mais que se


tenha substituído os rolos com desgaste, a eficácia destas trocas na limitação
de produção dos moinhos era de curta duração porque a mesa do Moinho 1
chegou a ter 43 % da sua massa útil perdida por desgaste e 32 % a do
Moinho 2. Nestas circunstâncias, trocar apenas os rolos já não era mais
suficiente para retirar os moinhos da situação de limitação de capacidade de
moagem de carvão pulverizado com qualidade. A Foto 3 a seguir e a Foto 4 da
Página 16, evidenciam esta perda de massa 23 .

FOTO 3 – Aspecto de mesa de moagem após 1,3 M.t moídas.


Crédito de: PITZER, Milton J. O., Cubatão, 2005.

23
A perda de massa de uma peça é a evidência que caracteriza o seu desgaste.

15
FOTO 4 – Aspecto do desgaste de rolo após 0,3 M.t moídas.
Crédito de: PITZER, Milton J. O., Cubatão, 2005.

Os trabalhos de PITZER, Milton & Alii ( op. cit. ) mostraram que na


situação de limitação de moagem de carvão pulverizado experimentada a partir
da segundo trimestre de 2004 nos moinhos de carvão pulverizado da COSIPA,
verificava-se a perda da planicidade pelo desgaste, em profundidade de até
65 mm na mesa do Moinho 1 e de até 45 mm na mesa do Moinho 2 – o que
causava uma perda da capacidade de produção de 30% – simultaneamente à
perda de massa de até 50 mm ou 100 % do volume útil de desgaste no
diâmetro dos rolos de moagem, o que acrescia 9 % aos 30 % de perda de
capacidade citada. Ainda, os estudos citados, que determinaram como causa
fundamental da limitação de produção com a qualidade exigida a perda das
planicidades de mesas e rolos por desgaste, levaram os autores a reescrever o
postulado de BRUNDIEK, Hans ( op. cit. ), complementando-o conforme a
seguir 24 :

Postulado de PITZER: “Em moinhos de rolos para carvão pulverizado


LÖESCHE, mantidos constantes quaisquer outros fatores de influência, a
capacidade de moagem obedece a uma proporcionalidade linear, de razão
direta, que depende da pressão dos rolos e do quadrado de seus diâmetros se,
e somente se, verificar-se simultaneamente as planicidades das superfícies
cônicas de desgaste dos rolos e da superfície horizontal dos anéis de desgaste
da mesa de moagem. Após perdidas estas planicidades por desgaste de mesa
e rolos, a capacidade de moagem obedecerá a uma nova proporcionalidade,
também de razão direta, mas não linear, com ponto de saturação. Após o ponto
de saturação, a capacidade de moagem não será mais diretamente
24
Na linguagem matemática, postulado é um princípio ou fato reconhecido, mas não
demonstrado. É uma proposição que se admite, mas que ainda não tem demonstração.
Teorema é uma proposição que, para se admitir ou tornar evidente, precisa de demonstração.

16
proporcional à pressão dos rolos, mas inversamente, pela aceleração
polinomial da perda de massa por abrasão, que limitará progressivamente a
própria capacidade de moagem”.

Em resumo, aprendemos que para manter a capacidade de moagem no


valor ótimo especificado no projeto e descrito na primeira seção deste
Trabalho, é condição sine qua, non determinar um limite máximo admissível
para o desgaste de mesa e rolos.

3 – Recuperação de Mesa e Rolos dos Moinhos de Carvão Pulverizado

Se pelos motivos já expostos, era grande a dificuldade de se programar


a troca dos rolos, intervenção de manutenção com duração média de 72 horas,
enorme era a dificuldade de se programar a troca das mesas, intervenção de
manutenção com duração prevista de 120 horas. Por isso, as mesas chegaram
aos valores citados de massa útil perdida por desgaste.

A proposta de uma ação de bloqueio que fosse eficaz em resolver a


causa fundamental deste problema, devia ainda contornar aquela dificuldade
apresentada anteriormente, ou seja, a sua consecução não poderia interferir
nas necessidades de injeção do cliente, nem deveria despender excessiva
quantidade de mão de obra, não deveria depender do dia da parada, para
escapulir do pico de demanda de mão de obra, nem dependeria de elevado
tempo de planta parada.

As melhorias no desempenho em desgaste, alcançadas a partir de 1995,


quando instituímos a técnica de revestir as placas dos britadores de impacto de
carvão para coqueria por soldagem, nos levaram a considerar a alternativa de
revestimento in situ das mesas e dos rolos de moagem disponíveis no
mercado, inclusive com a recomendação do fabricante dos moinhos.

Para a execução da recuperação destes conjuntos, foi necessário um


estudo estratégico para otimizar as etapas desta manutenção, pois todo o
serviço não poderia ser realizado de uma só vez, tendo em vista as limitações
de permissão de tempo total de planta parada, de disponibilidade total de mão
de obra a ser aplicada nas tarefas e de logística de aprovisionamento de
sobressalentes. A decisão da recuperação mais adequada a ser adotada
também resultou de um estudo de viabilidade técnica e econômica uma vez
que havia duas alternativas possíveis, a substituição completa das peças
através de desmontagem ou sua recuperação in situ através de soldagem,
processo que deposita por fusão uma liga composta de aço e de carbonetos
complexos de cromo, nióbio e molibdênio, combinando de maneira ótima uma
elevada dureza com uma adequada tenacidade à fratura, as duas
características necessárias à resistência à perda de massa de uma superfície
metálica sujeita à abrasão e impacto de materiais granulados [B2].
Todas as ponderações citadas, levaram à recuperação por soldagem da
mesa do Moinho 2 em março de 2005, à substituição da mesa e dos rolos do
Moinho 1 em maio de 2005 e, em seguida, à soldagem dos rolos da Moinho 2
em setembro de 2005.

17
Conclusão

Concluídas as paradas programadas citadas, os estudos, a estratégia e


as decisões adotadas para a manutenção das plantas mostraram-se corretos
porque bem sucedidas e as moagens recuperaram as suas capacidades de
produção nominais, passando a operar de acordo com todos os parâmetros de
projeto mostrados no Gráfico 3 da segunda seção deste Trabalho. Na verdade,
os resultados obtidos foram bem melhores do que os programados, pois foram
alcançados patamares estáveis e inusitados de produção com a qualidade
requerida de até 65 t/h em cada uma das moagens.

A ilustração conclusiva deste resultado é o Gráfico 6 a seguir, que


mostra que o Moinho 2 após a parada de março de 2005, além de voltar a
operar com uma taxa de 60 t/h, produziu carvão pulverizado com uma
granulometria até maior do que a especificação máxima, quer dizer, este
resultado precisou ser posteriormente ajustado para pior, sob o ponto de vista
de capacidade de moagem, a fim de voltar a atender à faixa máxima
especificada pelo cliente, ou seja, ( 56,5 a 66,5 ) % < 75 µm.

Granulometria conforme ensaio ASTM D197- 02 do carvão


pulverizado pelo Moinho 2 entre 24/02 a 11/03/2005
80
75
70
% < 75 µm

65
60
55
50
45
40
23/2/2005

24/2/2005

25/2/2005

26/2/2005

27/2/2005

28/2/2005

1/3/2005

2/3/2005

3/3/2005

4/3/2005

5/3/2005

6/3/2005

7/3/2005

8/3/2005

9/3/2005

10/3/2005

11/3/2005

12/3/2005

DATA

GRÁFICO 6 – Granulometria conforme ensaio ASTM D197- 02 do carvão


pulverizado pelo Moinho 2 antes da parada programada para manutenção em
03/03/2005 e após a parada, a partir de 05/03/2005.
Fonte: WebRed – Computador de processo da moagem de carvão pulverizado da
COSIPA. Crédito de: PITZER, Milton J. O., Cubatão SP, 2005.

Além dos resultados citados anteriormente, consideramos expressivos


também a definição de uma nova sistemática de manutenção, a recuperação
por soldagem in situ e a economia na despesa de manutenção, cujo valor, por
questões de estratégia comercial da COSIPA, não é divulgado.

18
Em 2006, o Moinho 1 já recebeu novos revestimentos nos três rolos e o
Moinho 2 já o recebeu na mesa de moagem instalada em maio de 2005. Assim,
a técnica de revestimento de rolos e mesa por soldagem já está sistematizada
como alternativa viável de manutenção in situ nestes conjuntos de moagem.

Considerações Finais

A primeira consideração final deste Trabalho diz respeito à resposta da


terrível questão, freqüentemente dirigida aos profissionais de manutenção:

Por que os equipamentos falham, quebram?

A atividade de operação e de manutenção de qualquer equipamento


pode envolver uma grande complexidade, quando tomamos as tarefas como
um todo harmônico e consideramos todos os seus aspectos, mas a resposta à
pergunta anterior, de forma simples, é muito clara.

Qualquer equipamento, máquina ou peça contém em si mesmo uma


tecnologia de concepção, ou projeto, uma técnica de confecção, ou
manufatura, uma metodologia de montagem, uma técnica prevista de operação
e outra de manutenção, todas, visando uma adequação ao uso, projetando um
determinado desempenho, levando à necessidade do dispêndio de um
determinado recurso e especificando uma vida útil.

Quase todas as falhas e quebras nos equipamentos ocorrem quando


fazemos um projeto inadequado à necessidade ou efetuamos o uso
inadequado, tendo em vista o projeto, exigindo um desempenho fora do
previsto, ou despendemos recursos inadequados, ou insuficientes, ou ainda,
não respeitamos os limites de vida útil das peças, máquinas ou equipamentos.

A segunda consideração final referencia o status da atividade


Manutenção nas empresas.

Segundo diversos artigos especializados da revista periódica


MANUTENÇÃO da Associação Brasileira de Manutenção - ABRAMAN,
redigida por competentes e experientes especialistas que labutam na atividade,
infelizmente, por falta de embasamento teórico em economia e estratégia
empresarial, a manutenção ainda é vista em algumas empresas como uma
mera despesa indesejável que costuma ser subestimada e, por isso, em se
tratando de estruturação das atividades de manutenção, nelas reina uma
permanente confusão conceitual sobre o que seja despesa, custo, desembolso
e investimento. As decisões tomadas mostram claramente quando não se
consegue distinguir com clareza uma coisa da outra, mas os equipamentos
“sentem” e “respondem” aos que também não os entendem com falhas,
quebras e interrupções da estabilidade dos processos. Isto causa dois tipos de
prejuízo, o lucro cessante e a despesa imprevista em reparo emergencial que,
aliás, por si só, custa no mínimo 60% a mais do que se fosse feito com a
estratégia, a tática e a metodologia apropriada.

19
Por outro lado, em todos os segmentos econômicos de alta densidade e
competência tecnológica, a atividade da Manutenção em equipamentos, é
reconhecida como um investimento para a proteção do patrimônio e uma
atividade inerente ao esforço de maximização dos lucros, ou seja, é uma
atividade com alto potencial de adicionar valor com a maior garantia da
estabilidade dos processos, colaborando assim na permanente luta para a
sobrevivência perene no mercado e para a busca do crescimento sustentável
das empresas.

Especificamente no setor siderúrgico, classificado como indústria de


base, de capital intensivo, de alto investimento, de média rentabilidade e ao
longo prazo, um descuido técnico, administrativo ou estratégico que impacte
negativamente a eficácia global da manutenção, é capaz de por em risco a
lucratividade e a sobrevivência da empresa.

Bibliografia

[ A ] – NORMAS, MANUAIS E CATÁLOGOS:

[A1] OPERATION & MAINTENANCE MANUAL FOR CUBATÃO COAL GRINDING


PLANT. Volume I ( 1 ) General, Flow Sheet with Process Data, Pages 037 to 043, Löesche,
Düsseldorf DE, 1997.

[A2] STANDART TEST METHOD FOR SAMPLING AND FINENESS TEST OF


PULVERIZED COAL. The 2005 Annual Book of ASTM Standarts, Volume 05.06, Standart
D 197-02, Pages 200 to 206, Conshohocken PA, 2005.

[A3] STANDART TEST METHOD FOR TOTAL MOISTURE IN COAL. The 2005 Annual
Book of ASTM Standarts, Volume 05.06, Standart D 3302-02, Pages 360 to 366,
Conshohocken PA, 2005.

[A4] OPERATION & MAINTENANCE MANUAL FOR CUBATÃO COAL GRINDING


PLANT. Volume II ( 3 ), Page 039, Löesche, Düsseldorf DE, 1997.

[A5] STANDART TEST METHOD FOR GRINDABILITY OF COAL BY THE HARDGROVE-


MACHINE METHOD. The 2005 Annual Book of ASTM Standarts, Volume 05.06, Standart
D 409-02, Pages 225 to 233, Conshohocken PA, 2005.

[A6] LÖESCHE COAL PULVERIZING ROLLER MILLS CATALOGUE. Pages 8 to 13,


Löesche, Düsseldorf DE, 1984 and 1987.

[ B ] – AUTORES:

[B1] BRUNDIEK, Hans, DESIGN, PERFORMANCE AND RECENT OPERATING


EXPERIENCE WITH COAL PULVERIZING ROLLER MILLS. VGB KRAFTWERKSTECHNIK,
Volume 61, n° 4, Pages 328 to 333, Düsseldorf DE, April 1981.

[B2] CHENJE, T. W., SIMBI, D. J. & NAVARRA, E., RELATIONSHIP BETWEEN


MICROSTRUCTURE, HARDNESS, IMPACT TOUGHNESS AND WEAR PERFORMANCE OF
SELECTED GRINDING MEDIA FOR MINERAL ORE MILLING OPERATIONS.
Materials&Design n° 25, Pages 11 to 18, London GB: Elsevier Ltd., 2004.

[B3] HARDGROVE, R. M., GRINDABILITY OF COAL. Conshohocken PA : Transactions


ASME, Volume 54, F.S.P., page 37, 1932.

[B4] OGATA, Katsuhito, MODERN CONTROL ENGINEERING. Englewood Cliffs NJ:


Prentice Hall Inc., 1970, page 750.

20

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