• Pretende-se passar do Estado fiscal para o Estado Industrial.
• Num contexto de Estado fiscal, o instrumento financeiro mais importante é o imposto. O imposto é a receita característica do Liberalismo, de onde emana a concepção de finanças clássicas/tributárias. • No âmbito de um Estado industrial, o Estado desempenha um papel intervencionista. Assume uma posição de empresário promovendo a criação de empresas públicas. Consequentemente, o imposto perde a sua importância primordial. • A receita deve ser inscrita – artigo 5º LEO – o orçamento é unitário e compreende todas as receitas e despesas. • Princípio da plenitude orçamental e princípio da universalidade: todas as receitas e todas as despesas devem ser inscritas no orçamento – artigo 105º/1/3 CRP implicitamente. Além disso, o orçamento deve ser claro: exige-se clareza e transparência. Procura-se evitar a subtracção, à autorização da Assembleia da República e ao controlo orçamental, de algumas receitas e despesas. • Artigo 6º LEO – Princípio da não compensação – número 1: todas as receitas devem ser previstas pela sua importância integral sem dedução de qualquer espécie – devem ser inscritas no Orçamento de forma bruta e não líquida. • Artigo 8º LEO e 105º/3 CRP – Princípio da especificação – quanto às receitas, exige-se a sua especificação de acordo com uma classificação económica (número 1); relativamente às receitas, a sua discriminação deve ser fixada segundo uma classificação orgânica, económica e funcional (número 2). À luz do número 7 do artigo 8º LEO, os termos da classificação são remetidos para Decreto-Lei: DL 26/2002 (classificação económica). O desrespeito da especificação das receitas e das despesas pela classificação económica dá origem a ilegalidade, pela classificação orgânica e funcional, inconstitucionalidade material (violação do artigo 105º/3 CRP). • A classificação pode ainda ser feita segundo o binómio despesas efectivas/não efectivas. • Relativamente às receitas provenientes do encaixe de dividendos distribuídos por empresas públicas: não entram para o Orçamento do Estado. Suscita-se o problema da desorçamentação – artigo 2º/1 LEO – as empresas públicas escapam ao âmbito do Direito Orçamental do Estado no que diz respeito às receitas e despesas do sector público em matéria de exercício das funções administrativas. Separa-se a actividade mercantil do Estado da sua actividade administrativa, sendo que apenas esta última se encontra submetida ao Orçamento do Estado. No caso em análise, não há desorçamentção pois o Estado está a tentar buscar os dividendos provindos das empresas públicas para o seu Orçamento, o que não pode fazer como já se referiu. • Receitas provenientes de privatizações: entram para o Orçamento do Estado. Na privatização, verifica-se uma redução do património do Estado que tem como contrapartida a obtenção de receitas fruto da alienação patrimonial. Artigo 7º/2/a) LEO – excepção ao Princípio da não consignação – 293º/1/b) CRP e artigo 16º da Lei 11/90: as receitas só podem ser utilizadas para a amortização da dívida pública e do Sector empresarial do Estado; dívida resultante de nacionalizações; e para novas aplicações de capital no sector produtivo. • Receitas provenientes de impostos: entram para o Orçamento do Estado. A regra geral é serem a maior fonte de receita. No caso prático, não são a fonte principal de receita o que é uma decorrência do programa político do Governo. O Estado procura seguir uma política de socialização, em sede da qual o imposto tende a perder importância enquanto instrumento financeiro. • Receitas provenientes da venda de bens e serviços: receitas correntes. • Receitas provenientes dos juros cobrados pelo Estado: receitas correntes. • Despesas resultantes de pagamentos a fazer no âmbito das diversas nacionalizações em curso: despesa de capital. • Despesas resultantes da aquisição de bens e serviços: despesa corrente. • Despesa proveniente da concessão de empréstimos: despesa de capital. • Despesas com transferências correntes: despesa corrente. • Despesas com a aquisição de imóveis: despesa de capital. • Equilíbrio da previsão orçamental? : equilíbrio em sentido formal: total de receitas: 500 milhões de euros. total de despesas: 1000 milhões de euros. Não há equilíbrio da previsão orçamental. As receitas não conseguem cobrir todas as despesas. Já no âmbito do equilíbrio substancial, certas receitas tem de cobrir certas despesas. De acordo com o critério do activo patrimonial do Estado (orçamento de capital), para que haja equilíbrio é necessário que as despesas correntes sejam cobertas pelas receitas correntes. As despesas de capital podem ser cobertas pelas receitas de capital ou pelos excedentes das correntes. O desequilíbrio deriva apenas da cobertura das despesas correntes por receitas de capital,