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Capítulo

Uropatia Obstrutiva

34 Ronaldo Roberto Bérgamo e Eric Roger Wroclawski

INTRODUÇÃO Renograma com diurético


INCIDÊNCIA E PREVALÊNCIA Pielografia anterógrada ou retrógrada
ETIOLOGIA FISIOPATOLOGIA
Congênitas Hemodinâmica glomerular
Adquiridas Função tubular
Intrínsecas Reabsorção de sódio e água
Extrínsecas Concentração urinária
ASPECTOS CLÍNICOS Secreção de potássio e acidificação urinária
ASPECTOS LABORATORIAIS Reabsorção de fósforo, cálcio e magnésio
DIAGNÓSTICO Metabolismo renal
Radiografia simples do abdome DIURESE PÓS-OBSTRUTIVA
Ultra-sonografia FIBROSE INTERSTICIAL E LESÃO TUBULAR
Urografia excretora IRREVERSÍVEL
Uretrocistografia retrógrada e miccional TRATAMENTO
Tomografia computadorizada REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ressonância magnética ENDEREÇOS RELEVANTES NA INTERNET

bo (1516-1559), da Universidade de Pádua. Esta amizade


INTRODUÇÃO surgiu quando Colombo diagnosticou, em Michelangelo,
litíase urinária em 1549 e gota em 1555. De acordo com
Uropatia obstrutiva é a obstrução ao fluxo de urina em
correspondências, Michelangelo apresentava cólica nefré-
qualquer nível do trato urinário, da pelve renal até o mea-
tica desde jovem e faleceu aos 89 anos com sintomas de
to uretral.1 Essa obstrução pode ser unilateral ou bilateral,
hipervolemia, sugerindo nefropatia obstrutiva.2
parcial ou completa, aguda ou crônica, congênita ou ad-
Nefropatia obstrutiva consiste em alterações funcionais
quirida. É uma doença passível de ser revertida no início,
e patológicas nos rins, decorrentes do aumento de pressão
e a importância da reversão precoce é prevenir a atrofia
na via excretora secundária à obstrução urinária.1
tubular e a perda irreversível da função renal. O prognós-
tico dependerá da duração e da severidade da obstrução,
além da presença de infecção urinária.
Hidronefrose é a dilatação da pelve renal e cálices asso- INCIDÊNCIA E PREVALÊNCIA
ciada à atrofia renal, na maioria das vezes devido à obs-
trução ao fluxo urinário.1 De acordo com o United States Renal Data System —
O pintor e escultor Michelangelo (1475-1564) aspirou USRDS de 2001, a incidência de insuficiência renal crôni-
ilustrar um livro de anatomia do professor Realdo Colom- ca terminal no período de 1995 a 1999 foi de 406.310 pa-
capítulo 34 621

cientes, sendo 1.137 pacientes (0,3%) portadores de uropa- dronefrose desde o período pré-natal até a adolescência.
tia obstrutiva congênita.3 Apesar disso, mais de um terço dos casos são diagnostica-
No período de 1989 a 1993, 2% dos pacientes que esta- dos no adulto.
vam em diálise nos Estados Unidos apresentavam uropa- Em crianças, o achado mais freqüente é presença de
tia obstrutiva.4 massa abdominal e, nos adultos, dor em cólica lombar ou
Segundo levantamento chileno, a obstrução do trato flanco. Pelve dilatada à ultra-sonografia não implica tra-
urinário é a etiologia mais prevalente (18,1%) de insufici- tar-se de obstrução clinicamente significante. Dos casos
ência renal crônica pediátrica.5 Percentagem semelhante foi suspeitos no período pré-natal, pelo menos 50% desapa-
encontrada na França (10,2%)6 e na Suécia (20,9%).7 recem ou permanecem assintomáticos. Pode ser bilateral
Na população adulta na Índia, a prevalência de uropa- em 10 a 30% dos casos.
tia obstrutiva é de 2,1%.8 Vários fatores estão implicados na obstrução causada
A incidência de hidronefrose encontrada em necrópsi- pela estenose de JUP, mas acredita-se que o mais relevan-
as é de 3,1%.9 te seja a presença de um segmento de ureter aperistáltico,
com abundância de fibras colágenas, impedindo a progres-
são de urina. Por vezes, há o cruzamento da via excretora
ETIOLOGIA com um vaso hilar anômalo, levando à compressão da JUP.
Particularmente em crianças, a presença de refluxo
Uropatia obstrutiva é um problema comum na prática vésico-ureteral (RVU) maciço pode levar à dilatação da
clínica e deve ser sempre lembrada em casos de perda de pelve renal, mimetizando estenose da JUP, razão pela qual,
função renal, infecção urinária, distúrbio miccional, hema- nesta idade, o diagnóstico de estenose da JUP, primário,
túria ou dor de origem gênito-urinária. só pode ser estabelecido após avaliação por imagem da
Qualquer segmento do trato urinário pode ser local de presença ou não de RVU.
processo obstrutivo, do túbulo renal ao meato uretral. O ureter pode ser sede de obstrução devido a pregas de
Uma visão panorâmica, global, dos fatores causais de mucosa, válvulas (pregas de mucosa com músculo liso) e
obstrução do trato urinário encontra-se na Fig. 34.1. pólipos fibroepiteliais benignos.
Por questão de ordem didática, as causas de obstrução Ureter retrocava é o nome de uma anomalia venosa na
serão divididas em congênitas e adquiridas. gênese da veia cava inferior onde o ureter, geralmente o
direito, circunferencia a veia cava inferior, passando por trás
da mesma. O achado urológico sugere um J invertido, mas
Congênitas o diagnóstico definitivo é dado pela tomografia abdominal.
Entre as congênitas, em forma descendente, estenose da A estenose da junção ureterovesical (JUV) também pode
junção ureteropiélica (JUP) é a causa mais comum de hi- ocorrer e está associada ao megaureter congênito.

OBSTRUÇÃO DO TRATO URINÁRIO

Causas Congênitas Causas Adquiridas

Anatômicas Funcionais Intrínsecas Extrínsecas

Junção Disfunções Vesicais


Uretero-piélica Anatômicas Funcionais Mulher Homem
Neurogênicas
Rim Neurogênica
Aparelho Reprodutivo:
Ureter Aparelho Genital:
Tumores
Ureter Miogênica Gestação H.P.B.
Endometriose Ca. de Próstata
Junção
Abscessos
Uretero-vesical Bexiga Drogas

Uretra
Bexiga
Doenças do Trato
Gastro-intestinal
Externas ao
Meato Uretral Problemas Vasculares
Arteriais ou Venosos

Doenças do
Retroperitônio

Iatrogênicas
Fig. 34.1 Causas de uropatia obstrutiva.
622 Uropatia Obstrutiva

Ureterocele é a dilatação cística do ureter intramural e, Não só problemas anatômicos podem causar uropatia
por vezes, associada à estenose do meato ureteral. obstrutiva. A bexiga, que tem duas funções, armazenamen-
A presença de divertículo vesical, muitas vezes conco- to e eliminação de urina, pode ter esta última prejudicada
mitante à duplicidade pielo-ureteral, pode ser causa de por etiologia neurogênica como lesão medular, miogênica
obstrução ureteral ou mesmo vesical. como nas hiperdistensões prolongadas, e por ação de dro-
Ao nível uretral, a válvula de uretra posterior (VUP) é a gas, particularmente aquelas com ação anticolinérgica.
afecção mais temida. Ocorre só no sexo masculino e na Nestas circunstâncias poderá ocorrer retenção urinária e
maioria das vezes é diagnosticada antes da idade adulta, obstrução funcional.
através da cistouretrografia miccional. Apesar de não ser tão
freqüente, por obstruir o esvaziamento vesical, nos casos
EXTRÍNSECAS
severos compromete os rins, levando à insuficiência renal.
Entre as causas extrínsecas, algumas são próprias do
Patologias externas ao meato uretral como fimose e fu-
gênero. No homem, a próstata é sede de hiperplasia benig-
são labial são possíveis, mas não muito freqüentes, causas
na e maligna. Com o envelhecimento, aumentam as chan-
de uropatia obstrutiva, identificáveis ao exame físico.
ces de aparecerem sintomas decorrentes destas afecções.
Este conjunto de sintomas era conhecido anteriormente
Adquiridas como prostatismo, designação não mais recomendada, pois
não está relacionado exclusivamente a problemas prostá-
Entre a causas adquiridas de obstrução do trato uriná- ticos. Hoje é preferível empregar a expressão MUTI ou
rio, há que distinguir as intrínsecas (intraluminal e intra- LUTS, em inglês, Lower Urinary Tract Symptoms.
mural) e as extrínsecas. Na mulher, várias doenças do aparelho reprodutor,
como neoplasia de ovário, útero e vagina, e seus tratamen-
INTRÍNSECAS tos são causas extrínsecas de obstrução.
Há os depósitos tubulares de cristais de ácido úrico (ne- Das doenças benignas destacam-se os abcessos tubo-
fropatia úrica), indinavir e aciclovir. São de diagnóstico ovarianos, a endometriose, o prolapso uterino e as iatro-
difícil por imagem. A história clínica e o antecedente de genias cirúrgicas.
tratamento de neoplasia e AIDS são de fundamental im- A gravidez pode também ter efeito deletério sobre o tra-
portância. to urinário secundário à obstrução ureteral, principalmente
Entre as causas intrínsecas de uropatia obstrutiva, sem à direita, podendo, entretanto, ser bilateral.
dúvida a mais prevalente é a litíase urinária, podendo obs- Neoplasias e doenças inflamatórias, entre elas a doença
truir desde o cálice até o meato uretral. Em geral é unilate- de Crohn e a retocolite ulcerativa, podem levar à obstru-
ral e atinge o sexo masculino preferencialmente (3:1). O ção ureteral por contigüidade e extensão do processo in-
cálculo urinário pode impactar-se no ureter, nos pontos flamatório ou pela associação com litíase urinária.
mais estreitos como a JUP, o cruzamento com os vasos ilí- Pancreatite e abcesso periapendicular também são cau-
acos e a JUV, levando a aumento agudo da pressão intra- sas de obstrução do ureter direito.
luminal, à montante, e distensão abrupta da pelve e cáp- Algumas doenças vasculares, arteriais e venosas, devi-
sulas renais, causando dor. do à sua posição anatômica, podem comprometer o livre
Outras causas de cólica lombar além de litíase são: coá- fluxo urinário. Aneurismas da aorta abdominal e das ilía-
gulos oriundos de sangramento de lesões benignas ou cas, assim como iatrogênicas secundárias ao seu reparo
malignas e a migração de papilas renais, como ocorre na cirúrgico, podem obstruir o trato urinário superior.
papilite necrotizante resultante de abuso de analgésicos, Entre as obstruções devidas ao sistema venoso desta-
anemia falciforme e diabetes mellitus. cam-se a síndrome da veia ovariana, exclusiva do ureter
Tumores uroteliais, isto é, originários do epitélio de re- direito, a tromboflebite puerperal da veia ovariana e o ure-
vestimento mucoso do trato urinário, podem também, ao ter retrocava ou circuncava.
crescer ou sangrar, promover a obstrução urinária. A fibrose retroperitoneal idiopática (doença de Ormond)
Processos infecciosos como tuberculose e esquistosso- é uma entidade que acomete ambos os sexos, sendo duas
mose urinária, por estreitamento inflamatório, e candidí- vezes mais freqüente em homens, e tem seu pico de inci-
ase urinária, por fungus ball, podem também cursar com dência por volta da 5.ª e 6.ª décadas da vida. Acomete em
obstrução. geral o terço médio dos ureteres, podendo ser uni- ou bi-
Estenose de uretra em homens, pós-uretrite, trauma ou lateral. Apesar de idiopática, há situações clínicas associa-
instrumentação urológica, e em mulheres, por exemplo, das, como: uso crônico de metisergida para enxaqueca,
pós-radioterapia externa ou braquiterapia no tratamento presença de neoplasia maligna, arterite aórtica, colangite
de neoplasias ginecológicas, é situação que deve ser inves- esclerosante, tromboflebites e doença de Crohn.
tigada sempre que houver Manifestações Urinárias do Tra- Há também situações específicas em que ocorre obstru-
to Inferior (MUTI). ção ureteral por reação do retroperitônio.
capítulo 34 623

sódio e água e aumento do volume extracelular (volume-


Pontos-chave:
dependente).
• Muitas causas congênitas de obstrução do Nas obstruções completa ou parcial bilateral, podem-se
trato urinário só irão manifestar-se observar também sinais e sintomas decorrentes da insufi-
clinicamente na idade adulta ciência renal: anorexia, náuseas, vômitos, palidez cutânea,
fraqueza, perda da atenção/memória, sonolência, edema,
• Distúrbios funcionais da bexiga podem
dispnéia e insuficiência cardíaca congestiva.
comportar-se como processo obstrutivo
Polidipsia, poliúria, noctúria e sinais de acidose tubu-
• Obstruções infravesicais são potencialmente lar renal, tais como dispnéia, náuseas e vômitos, podem
mais graves por comprometerem ocorrer nos casos de obstrução crônica caracterizando al-
bilateralmente os rins, causando teração funcional e patológica renal, conhecida como ne-
insuficiência renal fropatia obstrutiva.

ASPECTOS CLÍNICOS ASPECTOS LABORATORIAIS


Dor e alterações miccionais são os principais sintomas Na obstrução bilateral observa-se elevação dos níveis
da uropatia obstrutiva. plasmáticos de uréia e creatinina e redução na depuração
A dor é devida à distensão da pelve, cápsula renal ou de creatinina.
bexiga (levando ao estiramento do peritônio que a recobre A hipercalemia pode acompanhar a acidose metabóli-
parcialmente). Quando ocorre obstrução proximal, como no ca hiperclorêmica e tornar-se um achado muito freqüente.
cálculo ureteral, a dor é em cólica, geralmente de forte in- O hemograma é importante para diagnóstico, pois a ane-
tensidade, na região lombar ou flanco, e pode irradiar-se mia é a principal conseqüência hematológica da insufici-
para a fossa ilíaca ipisilateral, testículo ou lábio genital. Por ência renal crônica e a leucocitose pode ser devida a infec-
outro lado, na estenose da junção ureteropiélica e neoplasia ção ou neoplasia hematológica.
pélvica a dor pode ser mínima ou ausente, pois o processo Na análise da urina pode-se observar hematúria na lití-
obstrutivo ocorre lentamente. Na obstrução baixa, aguda, ase ou neoplasia renal, leucocitúria na infecção urinária, e
ocorre distensão vesical e dor hipogástrica. Na fase aguda a proteinúria, quando presente, é menor que 2 gramas/dia.
do lesado medular, a distensão vesical pode ser indolor. Na obstrução aguda os exames urinários são semelhan-
Alterações miccionais como disúria, polaciúria e urgên- tes aos encontrados na insuficiência pré-renal (sódio ⬍ 20
cia miccional são comuns nas obstruções baixas (infrave- mEq/L, fração de excreção de sódio ⬍ 1% e osmolaridade
sicais). ⬎ 500 mOsm/L). Por outro lado, na obstrução crônica os
Os sintomas irritativos são ocasionados por contrações exames de urina assemelham-se à necrose tubular aguda
involuntárias do músculo detrusor e/ou infecção urinária (sódio ⬎ 20 mEq/L, fração de excreção de sódio ⬎ 1% e
secundária. osmolaridade ⬍ 350 mOsm/L).11
É comum a associação entre obstrução e infecção uriná- Na obstrução crônica os testes para avaliar a concentra-
ria, principalmente nas obstruções baixas. São fatores de- ção e a acidificação urinárias estão alterados.
terminantes o resíduo urinário e alterações na parede ve-
sical que propiciam adesão e crescimento bacteriano, além
de prejuízo dos mecanismos de defesa local. DIAGNÓSTICO
Litíase urinária é causa freqüente de uropatia obstruti-
va, mas pode ser também complicação da própria obstru- Como vimos, o prejuízo da função renal está relacionado
ção. Na infecção urinária por Proteus e Klebsiella, bactérias à intensidade e à duração da obstrução. Desta forma, o diag-
produtoras de urease promovem degradação da uréia que, nóstico precoce e correto da causa da obstrução torna-se
por hidrolisação, origina amônia e carbonato. A amônia fundamental quando se pretende minimizar o dano renal.
alcaliniza a urina, que precipita os sais de fosfato, forman- A história clínica, o exame físico e a bioquímica forne-
do cálculo de estruvita (fosfato amônio magnesiano hexai- cem informações muito importantes e servem de guia para
dratado).10 a escolha dos exames de imagem a empregar para estabe-
Hipertensão arterial pode ocorrer em função da ativa- lecer definitivamente o fator obstrutivo como agente etio-
ção do sistema renina-angiotensina, na obstrução aguda lógico e estimar sua repercussão sobre os rins.
unilateral. Há elevação da atividade plasmática de renina Na escolha do método de imagem, fatores como presen-
na veia do rim obstruído, similar à encontrada na hiper- ça de dor, infecção e comprometimento de função renal
tensão reno-vascular. Por outro lado, em pacientes com devem ser valorizados, assim como a ocorrência de gesta-
obstrução bilateral, a hipertensão é devida à retenção de ção ou diabetes, uma vez que todos os exames têm vanta-
624 Uropatia Obstrutiva

gens e riscos e sua indicação deve ser analisada individu- suspeitas de uropatia obstrutiva, a dissociação entre a hi-
almente caso a caso. pótese clínica e o achado de exame exige a realização de
outros procedimentos diagnósticos.

Radiografia Simples do Abdome


Pontos-chave:
É um exame simples que pode ser realizado na maioria
dos locais de pronto atendimento. • Anamnese e exame físico são muito úteis
Pode ser útil na suspeita clínica de cólica renal eviden- para diagnóstico da altura da obstrução do
ciando imagens radiopacas na projeção das vias excretoras. trato urinário
Permite visualizar o tamanho e o contorno dos rins in- • Ultra-sonografia é o primeiro exame na
formando sobre a possibilidade de hidronefrose, em obs- investigação da obstrução urinária
truções crônicas. • Ultra-som normal não exclui uropatia
obstrutiva
Ultra-sonografia
A ultra-sonografia é o método inicial de avaliação e tri- Urografia Excretora
agem quando se suspeita de obstrução do trato urinário em
função da sua eficiência e sensibilidade no diagnóstico da Até hoje, em alguns livros, lê-se que a urografia excre-
dilatação renal, ausência de uso de radiação ionizante, tora é o primeiro e melhor exame a ser realizado quando
baixo custo, alta disponibilidade, e fundamental para se suspeita de uropatia obstrutiva. Esta certamente não é
acompanhamento evolutivo seqüencial. a posição aceita pela maioria dos especialistas.
Este exame fornece informações sobre as conseqüênci- Apesar de muito útil, pois fornece dados definitivos
as da obstrução: tamanho dos rins, magnitude da hidro- sobre a anatomia do rim e vias excretoras, particularmen-
nefrose, espessura do parênquima renal (índice relativo de te dos ureteres, e sugestões do grau de lesão renal, apre-
dano permanente) e, eventualmente, também sobre a cau- senta um grande número de restrições. Inicialmente, em-
sa da obstrução. prega radiação ionizante, o que restringe seu uso indiscri-
Apesar de ter alta sensibilidade (probabilidade de que minado e repetido. Em gestantes, sua indicação deve ser
o teste seja positivo quando da existência da condição pes- rigorosamente analisada. O emprego de contraste iodado
quisada),12 para o diagnóstico de hidronefrose há que se ter endovenoso pode prejudicar a função renal de pacientes
cuidado com sua interpretação clínica. de alto risco, como diabéticos e indivíduos já com função
Primeiramente, é um exame “operador-dependente”, isto renal diminuída,13 além de causar mal-estar e alergias, al-
é, a capacidade técnica de quem faz influencia, em muito, a gumas bastante graves. Em casos de obstrução com dimi-
obtenção das imagens e sua conseqüente análise. Além dis- nuição da filtração glomerular, somente as radiografias re-
so, a ultra-sonografia ocasionalmente pode mostrar tama- tardadas, após 12 a 24 horas da injeção de contraste, dese-
nho e forma da via excretora sugerindo hidronefrose sem nharão a via excretora até o local do obstáculo.
contudo mostrar o fator obstrutivo. Nestes casos fica difícil Com o advento de modernos exames de imagem, o pa-
afirmar se se trata de uma simples variação anatômica com pel da urografia excretora no diagnóstico da uropatia obs-
baixa pressão no sistema urinário ou a real repercussão do trutiva está sendo redimensionado mas permanece como
dano na drenagem da via excretora. Achados falso-positi- um importante e útil exame em função de sua disponibili-
vos de hidronefrose ocorrem em casos de pelves extra-re- dade e eficiência em diagnosticar a maioria das causas de
nais, megacalicose congênita, cistos renais, particularmen- obstrução e conseqüentemente orientar a terapêutica.
te em paraplégicos, hiperidratação. A título de exemplo,
uma boa parte dos pacientes submetidos à derivação uriná-
ria tipo conduto ileal apresentam pelve e ureter dilatados Uretrocistografia Retrógrada e
sem que contudo haja obstrução ao fluxo urinário. Miccional
Podem ocorrer, também, falso-negativos em casos de
obstrução. A ultra-sonografia, apesar de ter alta especifi- Através da injeção de contraste iodado pelo meato ure-
cidade (probabilidade do resultado do teste ser negativo, tral, de modo retrógrado, avalia-se a anatomia da uretra
na ausência da condição pesquisada) pode deixar de apon- anterior (peniana e bulbar) principalmente.
tar pequenas dilatações em pelves intra-hilares, obstruções Quando o paciente urina o contraste acumulado na be-
de curta duração ou se o paciente estiver desidratado. Além xiga — cistouretrografia miccional — expõe-se a uretra
disso, o ultra-sonografista pode interpretar erroneamente prostática e membranosa (uretra posterior). É nesta fase
a dilatação calicial como múltiplos cistos parenquimatosos. que melhor se identificam as válvulas de uretra posterior.
Apesar de ser uma ferramenta de triagem muito útil em A realização deste exame na presença de infecção uri-
capítulo 34 625

nária pode ter repercussão sistêmica e só deve ser feito sob crianças, objetivando a distinção entre dilatação da via
controle, com cobertura antimicrobiana. excretora com obstrução ao fluxo de urina de simples di-
latação anatômica, sem obstrução (obstrução ⫻ dilata-
ção).
Tomografia Computadorizada A administração endovenosa de diurético — furose-
Tendo em vista sua alta sensibilidade, é um exame bas- mida — cerca de 20 minutos após a injeção endovenosa
tante eficiente no diagnóstico da uropatia obstrutiva e é do radioisótopo serve para evidenciar este ponto. Caso
uma opção válida e útil quando outros procedimentos, tais não haja obstrução, o diurético promoverá diurese, acar-
como ultra-sonografia e urografia excretora, falharam. retando queda da captação de radioatividade pela gama-
A tomografia computadorizada, mesmo realizada sem câmera.
contraste endovenoso, permite ver a via excretora particu- Quando há obstrução, não ocorre o wash-out e os índi-
larmente se estiver dilatada. Além disso, fornece informa- ces de radioatividade permanecerão inalterados, proximal-
ções sobre o que está ocorrendo “em volta” nas proximi- mente ao ponto de obstrução.
dades da via excretora, sendo muito útil nos casos de obs- Como fornece informações sobre a função renal relati-
trução extrínseca do ureter, identificando o fator causal. va, é empregado como mais um instrumento na tomada
Desta forma, pode ser empregada em pacientes com de decisão entre retirada ou preservação do rim obstruído
contra-indicação ao uso de contrastes iodados endoveno- e correção do fator obstrutivo. Serve também no acompa-
sos. nhamento pós-operatório de cirurgias reconstrutivas ava-
A tomografia computadorizada espiral é particularmen- liando a recuperação da função renal.
te eficiente no diagnóstico da litíase ureteral, tendo inclu-
sive maior sensibilidade que a urografia excretora neste
quesito.14
Pielografia Anterógrada ou Retrógrada
A visualização da pelve e ureter por injeção direta de
contraste, por via anterógrada (punção renal)17 ou retrógra-
Ressonância Magnética da (cateterização do meato ureteral), é um meio invasivo
Apesar de alguns pontos positivos, como não empregar de obter informações sobre detalhes anatômicos da via
contraste iodado nem radiação ionizante, trata-se de um excretora. Entretanto este pode fornecer a última palavra
método oneroso, com tempo de execução ao redor de 40- quando os exames anteriores falharem.
60 minutos, bom para a visualização da dilatação mas pou- Muitas vezes a pielografia é realizada na própria sala de
co sensível na identificação da litíase ureteral, em casos cirurgia, imediatamente antes do procedimento cirúrgico
agudos.15 visando corrigir a obstrução ou aliviar seus efeitos sobre o
Deve ser reservado, preferencialmente, para pacientes rim. Isso é particularmente verdade, pois a injeção de con-
com alteração da função renal ou com alergia ao emprego traste acima do local obstruído pode acompanhar a intro-
de contraste iodado. dução de microrganismos. Nestes casos têm-se uma infec-
ção de difícil controle e erradicação.

Renograma com Diurético


Pontos-chave:
Também conhecido como cintilografia renal com diuré-
tico (wash-out),16 é bastante empregado no diagnóstico e • Evitar uretrocistografia na presença de
acompanhamento evolutivo de dilatações do trato uriná- infecção urinária
rio superior. Tem como vantagens não empregar injeção • Cuidado com contraste iodado endovenoso
endovenosa de contraste iodado e expor o paciente à radi- na insuficiência renal (creatinina ⬎ 1,5
ação bem menor do que na urografia excretora. mgdL)
Fornece boas informações sobre a função relativa de • Tomografia computadorizada espiral sem
cada rim, de modo não-invasivo, em relação à função re-
contraste é o melhor método para o
nal total.
diagnóstico de litíase ureteral
Há pontos extremamente importantes que devem ser
levados em conta na análise final do exame, pois podem
influenciá-la, como os níveis séricos da creatinina e da hi-
peridratação. Nestas condições, desidratação e insuficiên- FISIOPATOLOGIA
cia renal, os rins terão dificuldade na capacidade de gerar
um fluxo urinário induzido pelo diurético capaz de eviden- A uropatia obstrutiva ocasiona alterações na hemodinâ-
ciar a eventual obstrução. mica glomerular e na função tubular.18 Os trabalhos pu-
Este teste tem sido bastante empregado também em blicados estudaram o modelo animal com obstrução ure-
626 Uropatia Obstrutiva

teral completa e aguda (24 horas), pois nessa situação as Função Tubular
alterações ficam mais evidentes.19
A uropatia obstrutiva é marcada por alteração no trans-
porte tubular. A deterioração desse transporte é dependen-
Hemodinâmica Glomerular te da duração e da severidade da obstrução. Esse defeito é
mais proeminente nos segmentos distais e é devido a dois
A obstrução do trato urinário é marcada por uma redu-
fatores: lesão intrínseca do epitélio tubular e ação hormo-
ção do fluxo sangüíneo renal (FSR) e do ritmo de filtração
nal extratubular.32
glomerular (RFG). Apresenta comportamento diferente
Na obstrução prolongada ocorrem lesões irreversíveis,
conforme o tipo de obstrução.20
tais como alterações inflamatórias crônicas do interstício
Na obstrução ureteral unilateral aguda, podem-se obser-
e atrofia tubular. Por outro lado, na obstrução recente ob-
var três fases distintas.21 Na primeira fase, com duração de
serva-se no túbulo proximal e porção espessa ascendente
2 horas, ocorre aumento da pressão ureteral e do FSR (va-
da alça de Henle edema mitocondrial e redução das inter-
sodilatação da arteríola aferente). Essa hiperemia inicial é
digitações na membrana basolateral, e nos ductos coleto-
decorrente da redução da pressão da parede vascular, uma
res, achatamento do epitélio e ampliação do espaço inter-
resposta miogênica reativa mediada por prostaglandinas.22
celular.33
Na segunda fase, até 5 horas, observa-se que o aumen-
Podem-se observar diminuição na capacidade de con-
to da pressão ureteral transmitida ao túbulo proximal pro-
centração urinária, alterações na reabsorção ou secreção de
porciona aumento da pressão hidrostática da cápsula de
sódio, potássio, fósforo, cálcio e magnésio e incapacidade
Bowman. Apesar de ocorrer também aumento da pressão
de acidificar a urina.34
do capilar glomerular (vasoconstricção da arteríola eferen-
Essas alterações tubulares são diagnosticadas após a li-
te), a diferença entre as pressões hidrostáticas diminui,
beração da obstrução e podem ter comportamento diferen-
resultando em redução do ritmo de filtração glomerular.
te na obstrução ureteral unilateral e bilateral.
Na terceira fase, após seis horas de obstrução, inicia-se
uma diminuição da pressão tubular proximal de tal mon-
ta que após 24 horas a pressão intratubular será igual ou Reabsorção de Sódio e Água
menor que a pressão prévia à obstrução. A despeito dessa
redução, ocorre uma diminuição do fluxo sangüíneo renal, Ao liberar a obstrução unilateral, a fração de excreção de
da pressão no capilar glomerular e do ritmo de filtração sódio é maior que no rim contralateral.35 Entretanto, a quan-
glomerular devido à vasoconstricção (pré- e pós-glomeru- tidade de sódio e água excretada é maior na pós-obstrução
lar) mediada pela angiotensina II,23 tromboxane A224 e hor- bilateral em comparação à unilateral (diurese pós-obstruti-
mônio antidiurético (HAD).25 va).36 Essa maior fração de excreção depende do nível plas-
Há evidências de redução na perfusão dos néfrons super- mático de uréia e da expansão do volume extracelular.
ficiais e aumento na perfusão dos néfrons justamedulares.26 A obstrução bilateral apresenta também níveis plasmá-
Em outras palavras, nas fases iniciais o aumento da pres- ticos elevados de peptídeo natriurético atrial (ANP),37
são tubular proximal contribui para a redução do ritmo de muito provavelmente pela hipervolemia.
filtração glomerular. Nas fases mais tardias esta redução é Ao estudar a reabsorção tubular de sódio ao longo do
perpetuada pela vasoconstricção. néfron, observa-se que no túbulo proximal dos néfrons
Na obstrução ureteral bilateral aguda, após 24 horas, superficiais ocorre aumento na obstrução unilateral38 e re-
ao contrário da obstrução unilateral, não ocorre redução dução na bilateral.39 Por outro lado, a reabsorção de só-
da pressão intratubular. O FSR e o RFG estão reduzidos em dio e água no túbulo proximal dos néfrons justamedula-
decorrência da vasoconstrição e da persistente hipertensão res é reduzida após a liberação da obstrução unilateral e
intratubular.27 bilateral.40
Na obstrução do trato urinário ocorre também infiltração Na porção espessa ascendente da alça de Henle, que é
de mononucleares no córtex e medula.28 Macrófago é o prin- menos permeável à água, tanto na obstrução unilateral
cipal mononuclear que aparece quatro horas após a obstru- quanto na bilateral, a reabsorção de cloreto de sódio está
ção com pico máximo em 24 horas. O segundo tipo de célu- diminuída, impondo uma redução na tonicidade do in-
la é o linfócito T supressor (CD8).29 A proliferação interstici- terstício medular, aumentando a excreção de água pela
al coincide com a redução do fluxo sangüíneo renal e do rit- diminuição de reabsorção desta na porção fina descen-
mo de filtração glomerular, mostrando que os mononucle- dente.41
ares poderiam, pelo menos em parte, causar estas alterações A redução de reabsorção de sal na porção espessa
hemodinâmicas através da liberação de tromboxane A2.30 pode ser devida ao decréscimo da atividade da Na⫹:K⫹:
Na período pós-obstrutivo, a manutenção da vasocons- ATPase basolateral pela elevação da prostaglandina E2
trição da arteríola aferente com redução da pressão do ca- (PGE2).42
pilar glomerular é responsável pela permanência do RFG Outros fatores que contribuem para hipotonicidade
reduzido.31 medular são: redução da reabsorção de uréia no ducto
capítulo 34 627

coletor e aumento do fluxo sangüíneo medular (lavagem Pode haver repercussão clínica devido ao aumento na
de solutos). excreção de magnésio decorrente da liberação da obstru-
ção uni- ou bilateral.49

Concentração Urinária
Metabolismo Renal
A obstrução do trato urinário promove uma incapaci-
dade na concentração urinária, que é produto da hipoto- A obstrução proporciona redução do consumo de oxi-
nicidade do interstício medular,43 e diminuição da sensi- gênio e da produção de dióxido de carbono, com aumento
bilidade do ducto coletor cortical à ação do HAD para re- do quociente respiratório, configurando o metabolismo
absorção de água. A infusão de vasopressina não concen- anaeróbio. A glicólise anaeróbica deve-se à lesão precoce
tra a urina.44 Essa menor sensibilidade pode ser decorren- da mitocôndria, estando os níveis de ATP reduzidos de 50
te da redução na expressão de aquaporina 2 — canal de a 70%.50 O túbulo proximal reduz a gliconeogênese e a ca-
água sensível ao HAD, localizado nas células principais dos pacidade de produzir amônia a partir da glutamina (amo-
ductos coletores.45 niogênese).51
A resultante hidroeletrolítica dessa poliúria hipotônica Pode-se também constatar aumento da síntese de trigli-
é desidratação com hipernatremia. cérides por diminuição da oxidação de ácidos graxos e
aumento da liberação de ácidos graxos dos fosfolípides por
aumento da fosfolipase.52
Secreção de Potássio e
Acidificação Urinária Pontos-chave:
Em pacientes com uropatia obstrutiva, a fração de ex- • Obstrução urinária reduz o fluxo sangüíneo
creção de potássio é menor em comparação à observada renal e o ritmo de filtração glomerular
em renais crônicos.46 Então é comum o aparecimento da • Uropatia obstrutiva causa redução na
acidose tubular renal distal (acidose hiperclorêmica,
concentração urinária
hipercalêmica, hiato aniônico normal e pH urinário alcali-
no). As causas plausíveis para explicá-la são: 1) redução na
produção de renina (acidose tubular renal distal tipo 4 —
hiporreninêmica e hipoaldosteronêmica); 2) diminuição da DIURESE PÓS-OBSTRUTIVA
sensibilidade do túbulo distal à ação da aldosterona; 3)
redução da secreção de íons H⫹ pelas células intercaladas Poliúria (⬎ 125 ml/hora)53 ocorre após a liberação da
do túbulo distal, por diminuição da produção de amônia obstrução bilateral, com excreção de grande quantidade de
no túbulo proximal e de secreção de ácido titulável (fosfa- água e eletrólitos, podendo resultar em hipocalemia, hipo-
to) no túbulo distal. natremia ou hipernatremia e hipomagnesemia.54
É importante salientar que na liberação da obstrução É autolimitada, com duração de até uma semana. Para
bilateral pode ocorrer aumento da secreção de potás- se avaliar a necessidade da reposição de água e eletrólitos,
sio pelo túbulo distal em virtude da diurese pós-obstru- deve-se levar em conta peso, sinais vitais, volume uriná-
tiva. rio, grau de hidratação e nível plasmático dos íons.
Vários mecanismos55 estão implicados para explicar essa
diurese abundante: 1) expansão do volume extracelular; 2)
Reabsorção de Fósforo, Cálcio e acúmulo de uréia plasmática; 3) alteração da função tubu-
Magnésio lar (diminuição da reabsorção de sódio e água/redução da
capacidade de concentração urinária); 4) diminuição da
Ocorre aumento na excreção urinária de fósforo após a sensibilidade do túbulo distal à ação da aldosterona e ducto
liberação da obstrução ureteral bilateral. Esse aumento é coletor ao HAD; 5) aumento dos níveis plasmáticos de
diretamente proporcional ao acúmulo de fósforo plasmá- ANP.56
tico no período obstrutivo.47
A excreção de cálcio pode estar aumentada ou diminu-
ída, dependendo da espécie estudada ou do tipo de obs- FIBROSE INTERSTICIAL E
trução.
A fração de excreção de cálcio no homem está aumen- LESÃO TUBULAR
tada após a liberação da obstrução bilateral.48 Em ratos a IRREVERSÍVEL
excreção não apresenta variação nesse tipo de obstrução.
Por outro lado, a paratireoidectomia em ratos promove A fibrose intersticial tem início após três dias de obstru-
aumento na fração de excreção de cálcio. ção. Várias citocinas são secretadas pelos macrófagos e lin-
628 Uropatia Obstrutiva

fócitos T supressores que estimulam a proliferação de fi- A idade do paciente por ocasião do diagnóstico da uro-
broblastos, produzindo colágenos tipo I, III e IV. Os colá- patia obstrutiva pode nos alertar sobre problemas associa-
genos tipo I e III estão aumentados somente no interstício. dos. Por exemplo, em lactentes e crianças, a maioria das
O colágeno tipo IV está depositado em ambos: interstício obstruções são causadas por malformações congênitas. Em
e membrana basal tubular. Este aumento provavelmente obstruções intra-útero baixas, severas, como em casos de
contribui para as alterações na função tubular.57 válvula de uretra posterior, existirá oligúria e oligoidrâm-
A angiotensina II pode, além de seu efeito hemodinâ- nio e conseqüente hipoplasia pulmonar. A cirurgia fetal tem
mico, apresentar também ação pró-inflamatória e pró- raras indicações e é feita sob critérios muito rígidos, com
fibrogênica. A administração de inibidor da enzima con- indicação em menos de 1% dos casos de hidronefrose diag-
versora da angiotensina I ou antagonista do receptor (AT1) nosticada intra-útero. Às vezes, o sexo, masculino ou femi-
da angiotensina II pode minimizar a fibrose intersticial em nino, tem implicações no diagnóstico causal da obstrução.
animais com obstrução unilateral.58 Tumores ginecológicos podem comprometer o fluxo uriná-
A lesão tubular irreversível pode ser decorrente de qua- rio tanto em nível ureteral quanto uretral e o tratamento da
tro fatores: obstrução deve considerar a doença de base, seu prognósti-
1) aumento da pressão intratubular; 2) isquemia propor- co e suas próprias perspectivas terapêuticas.
cionada pela angiotensina II e tromboxane A2; 3) infiltra- O caráter da obstrução, se aguda ou crônica, tem reper-
ção de macrófagos e linfócitos T, liberando proteases e ra- cussão direta sobre a intensidade da lesão, da nefropatia
dicais livres de oxigênio; 4) fibrose intersticial. obstrutiva, e a espessura do parênquima remanescente,
além da cintilografia renal, serão úteis para estimar, ainda
que de modo impreciso, o potencial de recuperação renal.
Pontos-chave: Lateralidade e intensidade da obstrução têm implicações
• Ocorre poliúria (⬎ 125 ml/hora) após diretas sobre a gravidade do quadro clínico. Obstruções bi-
liberação da obstrução bilateral laterais e completas associam-se a anúria e diminuição da
• A diurese pós-obstrutiva pode ocasionar função renal. O tempo para desobstrução nestes casos é vi-
tal. Por outro lado, obstrução unilateral, mesmo que total,
desidratação, hipocalemia, hipo- ou
pode cursar com função renal normal. Nesta situação, a
hipernatremia e hipomagnesemia
menos que haja infecção, não há risco de morte, mas o mon-
tante da lesão renal é função do tempo de obstrução. Obs-
truções parciais, crônicas, associam-se a disfunção tubular e,
TRATAMENTO ocasionalmente, perda excessiva de água (diabetes insípido
nefrogênico), além de sódio, cloro e bicarbonato pela urina.
É extremamente ampla a gama de opções terapêuticas As obstruções vesicais e infravesicais têm potencial de
frente à uropatia obstrutiva. Vários são os aspectos a se- gravidade maior, pois repercutem nos dois rins. O catete-
rem considerados (Fig. 34.2). rismo vesical de demora ou intermitente é solução eficiente

Idade e Sexo

Potencial Risco de Vida Aguda ou Crônica

Presença e Gravidade
Uni- ou Bilateral
de Co-morbidades

Presença e Intensidade Parcial ou Total


de Alt. Hidroeletrolíticas

Lesão Renal
Transitória ou Definitiva
Uropatia Obstrutiva Nível da Obstrução

Função Renal Normal Intrínseca ou


ou Diminuída Extrínseca

Presença ou Ausência Anatômica ou


de Infecção Funcional

Intensidade dos Fator Obstrutivo: Possibilidade


Sintomas e Melhor Momento

Fig. 34.2 Check List que precede o planejamento terapêutico da uropatia obstrutiva.
capítulo 34 629

mas nem sempre possível. Estenoses severas de uretra ou corrigidas antes de qualquer intervenção. Quando associadas
falsos trajetos conseqüentes a manobras inadequadas em a co-morbidades, podem pôr a vida do paciente em risco.
tentativas de cateterização pregressas podem determinar a Em face do exposto, vemos que a tomada de decisão fren-
necessidade de derivação externa como cistostomia. te à uropatia obstrutiva é muitas vezes complexa e exige
A mais freqüente causa de obstrução intrínseca é a uro- experiência e conhecimento das opções técnicas disponíveis,
litíase, e seu tratamento, quando necessário, pode ser to- muitas das quais foram aqui apenas mencionadas.
talmente endoscópico, sem necessidade de incisões cutâ-
neas. Outra alternativa muito pouco invasiva para estes
casos é a LECO — Litotripsia Extracorpórea por Ondas de REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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630 Uropatia Obstrutiva

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