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INTRODUÇÃO
1
A partir desse parágrafo, passaremos a utilizar a abreviatura, dos livros, capítulos e versículos, contida no índice
geral da Bíblia Sagrada e nas respectivas notas de rodapé, da versão traduzida por João Ferreira de Almeida, edição
revista e atualizada, publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil. A passagem acima teria como abreviatura, Cl 3.16.
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2
BÍBLIA SAGRADA. Almeida Revista e Atualizada. Sociedade Bíblica do Brasil. São Paulo: SBB, 2008. Mt 10.17-18.
3
Idem. Ibidem. Ec 6.20.
4
5
Idem. Ibidem. Jr 10.23;
6
Idem. Ibidem. Hb 9.26
5
Deus, Ele mesmo o liberta e por Seu amor e poder apaga de sua memória a dor do trauma
pela fé: A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniqüidade do pai, nem o
pai levará a iniqüidade do filho, A justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do
ímpio cairá sobre ele (cf. Ez 18.19-20). Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor: ainda
que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve;
ainda que sejam vermelhos como o carmesim, tornar-se-ão como a lã (cf. Is 1:18). Até a
criança se dá a conhecer pelas suas ações, se a sua conduta é pura e reta (Pv 20.11).
5. Os problemas humanos podem ser psicológicos em sua natureza, mas
podem, também, estar relacionados com sua condição espiritual ou física, ou mesmo por
sua condição físico-espiritual. Basta analisarmos as passagens, nas quais Jesus opera a
cura e a libertação. Porque tinha curado a muitos, de tal maneira que todos quantos
tinham algum mal se arrojavam sobre ele, para lhe tocarem. E os espíritos imundos
vendo-o, prostravam-se diante dele, e clamavam, dizendo: Tu és o Filho de Deus (cf. Mc
3.10-11). Em Lc 8.2, podemos observar que há uma distinção entre espíritos malignos e
enfermidades, e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos
malignos e de enfermidades.
6. Se os problemas só pudessem ser resolvidos por conselheiros
profissionais e por meio de terapia, o poder de Deus seria totalmente negado ou rejeitado.
É claro, que não se pode ser leviano e tratar todos os problemas usando um modelo
pronto como se todas as pessoas fossem iguais, desrespeitando sua individualidade.
Entretanto, a Palavra de Deus, bem aplicada e vivida, pode libertar e até curar
enfermidades físicas, porque Jesus declarou (cf. Jo 8.31) que aqueles que permanecessem
em sua palavra, seriam, verdadeiramente, seus discípulos; a verdade seria conhecida,
conduzindo à libertação. Permanecer em Jesus significa tomar posse e aplicar tudo o que
foi ensinado por ele, pois ele conquistou todo o poder e autoridade a fim de nos
presentear com eles, cujo objetivo seria usá-los para a glória de Deus, libertando e
revelando seu poder aos que ainda não o conhecem. Tendo, Jesus, convocado os doze,
deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios e para efetuarem curas (cf. Lc 9.1);
Depois disto, o Senhor designou outros setenta; e os enviou de dois em dois, para que o
precedessem em cada cidade e lugar onde estava para ir. [...] Então, regressaram os
setenta, possuídos de alegria, dizendo: Senhor, os próprios demônios se nos submentem
pelo teu nome! [...] Eis aí vos dou autoridade para pisardes serpentes e escorpiões e
sobre todo o poder do inimigo, e nada, absolutamente, vos causará dano (cf. Lc 10.1, 17-
19). O Senhor curou pessoas que depois ficaram doentes, multiplicou pães e peixes cujas
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pessoas comeram, mas voltaram a ter fome e, ressuscitou mortos que depois voltaram a
morrer. Sem desmerecer os milagres que possuíam característica material e passageira, a
obra iniciada pelo Espírito através dos apóstolos e dos cristãos que viriam depois resultou
na salvação eterna de milhões e milhões de pessoas: Em verdade, em verdade vos digo
que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço e outras maiores fara,
porque eu vou para junto do Pai (cf. Jo 14.12).
7. As Escrituras, a oração e o Espírito Santo são, certamente, fontes mais do
que adequadas para a resolução de todos os tipos de problemas. O problema reside na
racionalidade humana moderna ou pós-moderna que tenta submeter tudo à explicação
lógica e científica, esquecendo-se de que tudo foi criado por Deus e está debaixo do seu
comando – nem mesmo a ciência ou o conhecimento fogem da soberania de Deus. Dizer
que o Espírito Santo não é fonte adequada para a resolução de certos tipos de problemas é
negar o poder de Deus, pior que isso, é negar a eficácia do sacrifício de Cristo, de sua
ressurreição pelo poder do e a promessa do Consolador e Conselheiro. Toda a escritura é
inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção para a
educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente
habilitado para toda a boa obra (cf. 2Tm 3.16-17). Mas recebereis poder, ao descer
sobre vós o Espírito Santo e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em
toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra (cf. At 1.8). Mudou o Senhor a sorte
de Jó, quando este orava pelos seus amigos; e o Senhor deu-lhe o dobro de tudo o que
antes possuíra (cf. Jó 42.1). O absurdo da afirmação de que a oração não se adéqua à
solução de problemas está no confronto com o Senhor que se retirava para orar e
conhecer a vontade do Pai.
É fato que certos tipos de depressão possuem causas físicas e que devemos ser
cautelosos ao lidar com dependentes químicos. Deve-se usar o bom senso, também, ao
se atender alcoólatras, pessoas que sofreram abuso ou pessoas que possuam
incapacidade intelectual. Todavia, qualquer tratamento seja ele psicológico ou médico,
não existiria se o próprio Criador não inspirasse o homem criado do pó da terra e lhe
inculcasse todo o tipo de conhecimento por meio de Sua sabedoria.
A infusão da psicologia, sem a adequação com a Verdade e sob o seu somínio,
dentro do ensino da igreja tem produzido confusão entre modificação comportamental e
santificação. Modificação comportamental é condicionamento, tal qual Pavlov
explicando aprendizagem por estímulo, ou como Skinner querendo provar
aprendizagem por reforço. Não há “trabalhador da alma” que possa conduzir alguém a
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um nível espiritual maior do que Jesus Cristo. Buscar ser semelhante a Cristo e a
santificação, por amor e gratidão por tão grande salvação, é a suprema qualificação para
a cura completa do comportamento e das feridas da alma.
Portanto, esse trabalho tem como meta, enfatizar a aplicação da Palavra de Deus
como agente de transformação e cura para os traumas emocionais e distúrbios de
comportamento. A fim de atingir o objetivo proposto, estudaremos conceitos de
antropologia, ética, filosofia, apologética, angelologia e pedagogia, além dos conceitos
de psicologia e de outras disciplinas seculares.
A comparação da cosmovisão cristã com o pensamento moderno e secular
tardio, ou seja, da última década do século XX, também chamado de pós-modernismo, é
necessária para que se obtenha uma análise mais detalhada da sutileza ideológica e
filosófica que modifica o comportamento dos conselheiros cristãos, levando-os a
adotarem técnicas e métodos praticados por profissionais da área da psicologia que são
incoerentes com as verdades bíblicas, melhor dizendo, incompatíveis.
Para o antropólogo secular Dumond7, a religião foi a geradora do individualismo
moderno que, por sua vez, produziu a idéia relativista de opiniões. Para ele, surgiu da
antiga forma de pensamento judaico-cristão e de outras formas de religião,
principalmente a hinduísta, que convence o homem a buscar a verdade, abandonando a
vida social para consagrar-se ao seu próprio progresso e destino. Quando o homem olha
para trás de si, para o mundo social que abandonou, vê-o à distância, como algo
desprovido da realidade e a descoberta do eu se confunde para ele, não com a salvação
no sentido cristão, mas como a libertação dos entraves da vida tal como é vivida neste
mundo.
Assim, esse homem “renunciante” acaba por se bastar a si mesmo e passa a se
preocupar somente consigo mesmo. Dessa forma, cada ser “renunciante”, em busca do
desenvolvimento espiritual, considera sua visão desprovida de realidade correta,
distanciando-se do absoluto.
Conclui, então, que a relativização é resultado da renúncia da ordem social.
Entretanto, esse mesmo homem depende da vida social para sua subsistência, sendo ele
respeitado por instruir o mundo, já que possui um grau mais elevado de “sabedoria
espiritual”.
7
DUMOND, Louis. O individualismo: uma perspectiva antropológica da ideologia moderna. Rio de Janeiro: Rocco,
1985.
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BÍBLIA SAGRADA. Almeida Revista e Atualizada. Sociedade Bíblica do Brasil.
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CAPÍTULO 1
Compreendendo o comportamento humano
não for racional, pode se tornar pios que os animais: quando seus instintos o dominam,
cresce nele uma força excessiva que danifica a realidade dos outros e de si próprio. Essa
é uma das conseqüências do livre arbítrio.
Como foi dito, anteriormente, a Antropologia, possui vários ramos, entretanto,
os dois principais são: a Antropologia física e Antropologia cultural.
A Antropologia física secular10 estuda o homem como animal, focalizando
problemas relativos à sua origem e evolução orgânica, sua posição e relações com
outros animais, a natureza e significação das diferenças raciais, as influências recíprocas
entre o homem e o ambiente natural e a eugenia.
A Antropologia cultural, também secular, ocupa-se do estudo da origem das
civilizações e suas transformações até os dias presentes. Interessa-se tanto pelas
civilizações dos homens primitivos como dos habitantes das grandes cidades atuais. As
civilizações modernas ou passadas são, em última análise, as resultantes dos
procedimentos desenvolvidos pelo homem para enfrentar seu meio cultural e seu meio-
ambiente social.
A palavra cultura em Antropologia possui várias definições. A primeira delas se
refere aos elementos comuns a todos os seres humanos tais como a linguagem, os
hábitos e as atividades econômicas. A segunda, diz respeito às sociedades tais como a
maneira de vestir e seus valores adquiridos e preservados na construção de sua própria
história. A terceira está ligada aos padrões de comportamento e suas peculiaridades
provocadas pela geografia. A quarta se refere às diferenças dentro de uma mesma
cultura, aos grupos que se formam, construindo costumes diferenciados uns dos outros,
também chamados de subculturas.
Ao ramo da Antropologia que se dedica ao estudo das crenças religiosas de um
povo, dá-se o nome de Antropologia da Religião. Toda cultura manifesta uma forma de
religião, ou seja, de se religar a um deus seja ele qual for, por meio de doutrinas ou
rituais.
É necessário diferenciar a verdade bíblica absoluta daquilo que seria um aspecto
cultural, expressado numa passagem bíblica. Por essa razão, a Antropologia cultural,
10
Dizemos secular, pois é voltada para a linha teórica evolucionista. Para o estudo proposto nessa tese, a linha
seguida é a criacionista, já que se baseia nas verdades bíblicas, a fim de se opor à metodologia terapêutica humanista
que tem se infiltrado no meio cristão no que diz respeito ao aconselhamento. A posição criacionista faz uma distinção
essencial entre uma teoria e outra, pois a evolucionista aborda o homem relativamente aos animais, buscando
respostas na biologia, história, medicina e outras disciplinas, sendo relativista porque analisa o ser humano dentro de
contextos sócio, históricos e culturais; enquanto a criacionista o aborda o homem e seu relacionamento com Deus
Criador ou com o Absoluto, não dependendo do contexto, embora necessário, mas dos princípios verdadeiros e
imutáveis contidos na Palavra de Deus.
13
também, é uma ferramenta para a compreensão do contexto em que cada livro da Bíblia
foi escrito. A descontextualização de uma passagem bíblica ou a consideração de apenas
uma parte dela pode acarretar em grandes problemas quanto à veracidade do texto e da
revelação divina como única fonte de confiança ao discípulo de Cristo.
Comumente, a Antropologia cultural é subdividida em três ramos: a
Arqueologia, a Etnologia e a Lingüística.
A Arqueologia trata das civilizações primitivas já desaparecidas ou de fases
passadas das civilizações atuais. Os achados arqueológicos permitem descrever alguma
coisa a respeito das civilizações antigas, mas a maior parte permanece inacessível ao
estudioso como a linguagem, a vida familial, a organização política e as crenças
religiosas. As conclusões são meras especulações.
A Etnologia tem seu início onde a Arqueologia termina e, entre ambas, não
existe uma demarcação nítida. Para o estudo das civilizações passadas se conta,
geralmente, com a palavra escrita. Estuda todos os povos que habitam a terra desde o
ártico até os grandes centros urbanos, Entretanto, atém-se ao estudo dos povos
primitivos. A Etnologia mostra que os modos de vida dos diferentes povos variam no
espaço e no tempo, narrando os costumes e realizando um trabalho descritivo, isto é,
etnográfico. Conhecendo os costumes dos diferentes povos, suas semelhanças e
diferenças, pode-se inferir leis ou princípios válidos para todos os grupos humanos. O
mesmo objetivo é alcançado quando o estudo se refere à história de cada povo
isoladamente, pois se pode conhecer o que se manteve inalterado e o que se modificou
no tempo quanto aos modos de vida. Essa dupla abordagem, horizontal ou espacial
(comparações entre os povos atuais) e vertical ou temporal (história de cada povo),
usada pela etnologia, pode-se desenvolver um corpo de teorias ou de doutrina.
A lingüística, por sua vez, estuda a linguagem humana com o objetivo de
conceituar e analisar os aspectos das sociedades ligados à comunicação – sua origem,
desenvolvimento e estrutura e, seu papel desempenhado nas sociedades humanas.
Esses três ramos, se aplicados às narrativas bíblicas, concomitantemente, aos
achados arqueológicos de fatos e lugares descritos na Bíblia, cooperam para comprovar
a autoridade do texto ao comunicar a verdade não só por meio da narrativa, mas
comparando manuscritos com algo real e existente.
A noção de indivíduo no pensamento ocidental se baseia no pensamento grego,
que até admite ter sido o homem “formado”, mas rejeita a hipótese de criação. Essa
abordagem é filosófica e exerce forte influência sobre todas as concepções filosóficas
14
perfeita dessas três naturezas em uma, tendo a alma como unidade tornou-se a causa da
individualidade, da existência como ser distinto dos outros.
Segundo PEMBER11, 2003, a formação do corpo, a infusão do fôlego da vida e o
resultado que fez com que o homem passasse a ter consciência, ou seja, uma alma
vivente são três pontos a se considerar como constituição humana.
O espírito do homem em nada se parecia com sua forma física. Em primeiro
lugar, o Criador modelou a estrutura inerte para, depois, soprar o “fôlego da vida”.
Portanto, o homem foi formado de parte corpórea e parte espiritual, tendo como fator de
unidade, a alma. O verso bíblico que melhor descreve a natureza tricotômica do home m
é – Porque a palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante do que qualquer espada
de dois gumes e, penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é
apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração (cf. Hb 4.12).
O autor descreve, nessa passagem, a parte imaterial do homem, consistindo em
dois elementos inseparáveis, a alma e o espírito; descreve, também, a parte material,
juntas e medulas, que são órgãos de movimento e sensação. Somente Jesus, que é a
Palavra Viva possui o poder de separar e despedaçar o ser humano: físico, psicológico e
espiritual. O apóstolo Paulo, também, reconhece a tricotomia do homem – O mesmo
Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados
íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo (cf. 1 Ts 5.23).
Embora só possamos ler no Novo Testamento essas duas passagens que
explicitem corpo, alma e espírito, as línguas hebraica e grega possuem palavras
diferentes para alma e espírito, cada uma com sua própria característica e natureza.
Alma - No AT, do hebraico vpn (nephesh). Ocorre aproximadamente 755 vezes,
sendo traduzida de diferentes formas, dependendo do contexto. No Novo Testamento, a
palavra grega é quch (psyche) e ocorre aproximadamente 105 vezes.
A palavra “alma” aparece na Bíblia aproximadamente 1600 vezes e, em nenhum
caso, refere-se a uma entidade fora do corpo, ou que seja “imortal”.
Espírito - vento (respiração - Gn 8.1), espírito (no sentido de alento - Jz 15.19),
atitude ou estado de espírito (Rm 8.15; I Co 4.21), sopro ou hálito de Deus (II Ts 2.8)
consciência individual (I Co 2.11). Possui também outras definições: anjos e demônios
(Hb 1.14; I Tm 4.1) aplica-se como apelativo a Cristo (II Co 3.17) a Divina natureza de
Cristo (Rm 1.4), a Terceira Pessoa da Trindade (Rm 8.9-11; I Co 2.8-12). O termo
"espírito", em todas as vezes que aparece nas Escrituras referindo-se ao ser humano, não
11
PEMBER, G. H. As eras mais primitivas da terra. São Paulo: Editora dos Clássicos, 2003. V.1.p.119.
16
expressa o conceito de que o mesmo seja uma entidade imaterial consciente capaz de
sobreviver fora do corpo.
ESPÍRITO {
SABEDORIA
MENTE
ALMA VONTADE
EMOÇÕES
Por meio do corpo físico, o homem entra em contato com o mundo material e o
possibilita a ter consciência do mundo. A alma inclui o intelecto, as emoções e a
vontade. A alma confere ao homem sua personalidade e temperamento e é denominada,
também, de autoconsciência. O espírito é a parte que nos permite ter comunhão com
Deus e é, somente, por meio dele que podemos compreender o Criador e, assim, adorá-
lo. O espírito é o elemento da consciência de Deus, pois Ele habita no espírito. O ego
habita na alma e os sentidos fazem parte do corpo: a audição, a visão, o tato, o paladar e
o olfato.
Diferentemente, o pensamento grego considera que o homem é constituído de
corpo e alma, ou seja, possui uma concepção dicotômica do ser humano. O corpo é a
parte material do homem e a alma, a parte espiritual dele. Muitos teólogos adotam essa
concepção para explicar a composição do homem. Para os gregos e algumas correntes
teológicas, alma e espírito pertencem à mesma categoria, sendo que a alma enfatiza
aquilo que é distinto na personalidade consciente e que o espírito carrega nuances da
personalidade de Deus. Essa visão dicotômica e dualista acentua excessivamente os dois
pólos, de modo que terminam separando-se e se opondo sem nunca se unirem. O corpo
e a alma são realidades separadas e devem ser explicadas separadamente, por
conseguinte, esse dualismo acaba gerando uma dualidade, pois determina o homem não
como uma unidade, mas como uma mistura.
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1.2 A ética
A ética é uma característica inerente a toda ação humana e, por essa razão, é um
elementovital na prodição da realidade social. Todo homem possui um senso ético, uma
espécie de consciência moral, estando, constantemente, avaliandoe julgando suas ações
para saber se são boas ou más, certas ou erradas, justas ou injustas.
Há mais de dois mil anos, quando Sócrates discutiu com Êutifron a respeito da
natureza da piedade, ele afirmou confiadamente, que ninguém sustentaria que um
malfeitor não devesse ser punido. As pessoas, naquela época, também, negavam que
fossem culpadas ou que houvessem cometido crimes, porém não afirmaram que os
culpados não seriam punidos, pois possuíam o conceito de certo e errado bem definidos.
22
12
Porém, os valores de Deus jamais se tornam incompatíveis, pois são imutáveis. A mudança foi gerada pela
degradação humana causada pela queda. A natureza decaída do homem, ou seja, afastada da comunhão com a
santidade e perfeição divinas, provoca mutações que vão desde o DNA celular, reveladas pelas anomalias e doenças,
até as mais nefastas taras mentais, como por exemplo, criando assassinos em série e distorções de comportamento
em que homens e mulheres perdem sua identidade sexual – [...] porque até as mulheres mudaram o modo natural de
suas relações íntimas por outro, contrário à natureza; semelhantemente, os homens, também, deixando o contato
natural da mulher, se inflamaram, mutuamente, em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens e,
recebendo, em si mesmos, a merecida punição por seu erro (cf. Rm 1.26-27). Portanto, dizer que se tornam
incompatíveis com os avanças das ciências, é justificar a inclinação para o pecado, negando o poder transformador de
Deus pela conversão, isto é, pela mudança de mente que traz o homem de volta aos valores imutáveis de Deus.
23
Segundo FORELL, 2002, o mundo que, em alguns sentidos, está mais unido
do que nunca pelos meios de comunicação e de transportes, está, simultaneamente,
dividido como nunca esteve antes.
A ética, hoje em dia, é uma questão crucial, pois está se tornando cada vez mais
difícil estabelecer o que é certo e que é errado. Em outras épocas, seria bem mais
simples, pois as pessoas supunham saber diferenciá-los. Elas possuíam certeza de que as
leis morais de sua sociedade eram válidas. Podiam existir indivíduos perversos que,
habitualmente, transgrediam essas leis, mas todas estavam convencidas de que isso era
problema dos indivíduos e, não, das leis.
A ética cristã, bem diferente daquela que foi descrita no item anterior, é o
sistema de valores morais associado ao Cristianismo histórico e que retira dele a
sustentação teológica e filosófica de seus preceitos. Ela possui elementos distintivos
em relação a esses outros sistemas, tendo como fundamentos as Escrituras do Antigo e
o Novo Testamento, entendidas como a revelação pessoal de Deus aos seres humanos.
24
Ela se apóia nos princípios imutáveis13 de Deus, recebidos pelo povo de Israel
por meio de Moisés no Sinai, que esclarecem o que é BEM independente de qualquer
linha filosófica, pois é ABSOLUTO, registrados em Sua Palavra e, até mesmo na
Natureza criada e deixada como modelo de equilíbrio para o homem. Segundo a Palavra
de Deus dada ao profeta Isaías, o dia em que os culpados não mais seriam punidos, dada
a confusão dos valores éticos e morais, viria o juízo do Senhor para que os povos se
voltassem para Ele e para a verdade14.
Para se definir, mais explicitamente, o que está envolvido na perspectiva moral
de Deus e, ensinada por Jesus, requerer-se-ia um tratado bem extenso, porém, pode-se
dar um passo nessa direção a fim de nos livrarmos de qualquer confusão. Para isso,
poderemos fazer uma breve comparação e contrastar alguns pontos de referência.
A palavra “maneiras” é usada para denotar conduta ou prática; esse uso
corresponde ao significado do termo grego em 1Co 15.33, “bons costumes” (ethe
chresta)15. Em conformidade com as Escrituras, entretanto, conduta ou “maneiras”
nunca podem ser disassociadas do complexo de disposições que se expressa em
comportamento observável. A ética requerida pela Bíblia se refere ao coração do
homem, porque dele procedem, as fontes da vida e como imagina em sua alma, assim
ele é; porque de dentro dos homens é que procedem os maus desígnios, a
prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, a blasfêmia, a
13
Os dez mandamentos foram princípios morais que instruíram o povo quanto ao relacionamento com Deus e ao
relacionamento com o próximo - Então falou Deus todas estas palavras: Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da
terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura,
nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo da terra, nem nas águas debaixo na terra. Não
as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o Senhor, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais
nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia até mil gerações daqueles
que me amam e guardam os meus mandamentos. Não tomarás o nome do Senhor , teu Deus, em vão, porque o
Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão. Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis
dias trabalharás e farás toda a sua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus; não farás nenhum
trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o
forasteiro das portas para dentro; porque, em seis dias, fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há
e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o Senhor abençoou o dia de sábado e o santificou. Honra teu pai e tua mãe,
para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá. Não matarás. Não adulterará. Não
furtarás. Não dirás falso testemunho contra o teu próximo. Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a
mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma
que pertença ao teu próximo (cf. Ex 20.1-17). Existem outros princípios (chamados, também, de aliança), contidos no
livro de Deuteronômio que determinam bênçãos ou maldições de acordo com a obediência aos mandamentos (cf. Dt
28. 1-68). Existem mais dois livros na Bíblia que contêm esses princípios. São eles, o livro de Provérbios e o livro de
Eclesiastes.
14
Cf. Is 5.18-24 - Ai dos que puxam para si a iniqüidade com cordas de injustiça e o pecado como com tirantes de
carro. E dizem: Apresse-se Deus, leve a cabo a sua obra para que a vejamos; aproxime-se, manifeste-se o
conselho do Santo de Israel para que o conheçamos. Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem
da escuridade luz e da luz, escuridade; põem o amargo por doce e o doce, por amargo! Ai dos que são sábios aos
seus próprios olhos e prudentes em seu próprio conceito! Ai dos que são heróis para beber vinho e valentes para
misturar bebida forte, os quais, por suborno, justificam o perverso e ao justo negam justiça! Pelo que, como a língua de
fogo consome o restolho e a erva seca se desfaz pela chama, assim será a sua raiz como podridão e a sua flor se
esvaecerá como pó; porquanto rejeitaram a lei do Senhor dos Exércitos e desprezaram a palavra do Santo de Israel.
15
DOUGLAS, J. D. O novo dicionário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 2006. p. 464.
25
soberba, a loucura; vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens,
mas Deus conhece o vosso coração,pois aquilo que é elevado entre os homens é
abominação diante de Deus (cf. Pv 4.23; 23.7; Mc 7.21-22; Lc 16.15).
A ética que a Bíblia prescreve e que é mostrada nas várias eras narradas pela
história bíblica não possui unidade básica. Houve uma revelação progressiva da
vontade de Deus. No início da história da revelação, as normas de conduta não eram
plenamente registradas como nos períodos posteriores. A revelação plena – Jesus foi
revelado na plenitude dos tempos – para a frutificação focalizada na vinda e realização
da obra de Cristo, já que a queda do homem afetou o conteúdo da ética apresentada
por Deus no Éden. Foi criada uma nova situação, exigindo novas provisões para a
conduta do homem. As diversas sanções penais surgiram, concomitantemente, com o
resultado do pecado.
Da mesma forma que a presença do pecado exigiu novas ações, a presença da
redenção promoveu instituições que, novamente, viriam afetar a conduta humana. Os
dez mandamentos fornecem o âmago da ética bíblica e há intimidade com as
ordenanças da criação estabelecidas em Gênesis 1 e 2, quanto a da procriação, do
encher a terra, de subjugá-la, de exercer domínio, do sábado, do trabalho, do
casamento e da monogamia. Visto que Deus não muda, qualquer alteração na ética
bíblica e, conseqüentemente, cristã – Jesus cumpriu a Lei – é inconcebível.
Na epístola de Paulo, o apóstolo aos romanos (13.10), lemos que o
cumprimento da Lei é o Amor, porém não se pode afirmar, confusamente, que o amor
substitui a lei. O amor é o cumprimento da lei na medida em que constrange a
assentimento e a cumprimento daquilo que está prescrito pela lei. Sabemos que
cumprimento é obediência, portanto, se é obediência, então, subentende
consentimento voluntário do coração e da vontade.
Pecado é inimizade contra Deus, sendo assim, é o contrário do que é o amor.
Se todos pecaram, só o poder da redenção pode gerar amor no coração do homem.
Deus amou o mundo e enviou o que lhe era mais precioso para trazer o homem de
volta a ele sem pecado, logo, só amamos, verdadeiramente, quando entendemos esse
amor. Se assim não fosse, o amor humano sequer poderia ser denominado amor. A
força motivadora do amor sem interesse no homem só é encontrada em Deus.
A ética que é exigida e aprovada por Deus, apresentada nas Escrituras, tem sua
fonte na fé em Deus, sua motivação no amor a Deus, seu princípio orientador na Lei e
seu alvo é glorificar a Deus. Esses são os critérios da ética bíblica cristã.
26
A nota chave da vida e dos ensinos de Jesus no que diz respeito às regras
morais do homem é achada no “amor obediente”. Isso significa que pela fé em Deus
como centro vital do ser humano o que se requer dele é a busca por fazer a vontade de
Deus por meio de um amor supremo a Ele e ao próximo como a si mesmo.
Entretanto, como o impacto total dos ensinamentos de Jesus sempre torna
evidente: amar ao próximo como a si mesmo não pode ser entendido como qualquer
equação precisa e balanceada de amor pelos outros com o amor próprio. E muito
menos significando amar aos outros com interesse de receber amor ou outros
benefícios em troca. O amor que Jesus demonstra e cita em seu discurso é o chamado,
ágape, que significa serviço sem limite, incalculável, num espírito de total doação de
si mesmo.
Tal “amor obediente” é demonstrado a nós nos evangelhos muito mais pelo
modelo de vida que Jesus revelou do que por definições e conceitos de amor,
culminando com sua própria morte na cruz em fidelidade a esse amor. Esse amor foi
vivido e permanece descrito nos registros desde o Sermão do Monte até o discurso da
Última Ceia. O negar-se a si mesmo em favor do outro mesmo que esse outro jamais
mereça. O imperativo de “buscar o Reino de Deus e toda a sua justiça em primeiro
lugar” é a base central do ensino de Cristo sobre o amor. A supremacia desse amor
sobre qualquer significado de amor foi deixada clara por meio da expressão – porque
se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos,
também, o mesmo? E, se saudades, somente, os vossos irmãos, que fazeis de mais?
Não fazem os gentios, também, o mesmo? Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é
o vosso Pai celeste (cf. Mt 5.46-48).
O que é o “Evangelho do Reino”? É a mensagem integral de Jesus Cristo. Ela é
mais exigente, mais gratificante, mais sagrada e mais poderosa que o “evangelho” do
típico cristão moderno. De acordo com Jesus, quando alguém encontra o Reino de
Deus, para usufruir dele vai, vende tudo quanto tem (Mt 13.44). Uma vez achado, deve
ser desejado acima do alimento e do vestir diário; é um tesouro tão valioso que melhor
seria sofrer a perda de uma mão ou de um olho do que a do Reino (Mt 6.23; Mc 9.47).
É o evangelho que nos custa tudo, mas nos dá o melhor de Deus. Em meio ao
materialismo, indiferença e rematadas fraudes, este evangelho do Reino é a mensagem
que, Jesus disse, seria proclamada nos últimos dias.
Em que isso difere do foco de referência nos vários sistemas morais e
filosóficos clássicos? A seguir, com o objetivo de comparar essa diferença,
27
descreveremos alguns sistemas clássicos filosóficos e morais. É claro que estes não
são os únicos, existem muitos sistemas que se originaram desses até chegarem aos
modernos. Todos eles tentam apresentar elementos bons que alegam possuir as
respostas para a conduta moral humana, porém nenhum deles está baseado na conduta
cristã.
O pensamento platônico toma o eros como amor. Ágape e eros não são a
mesma coisa. Eros, não confundido com o significado atual de erótico, significa o
ajustamento harmonioso de personalidade, é uma busca por altos valores, é a
satisfação pela procura do bom. Esse tipo de amor só é alcançado num indivíduo por
meio da promoção do bem-estar aos outros. Portanto, envolve amor mútuo. Seu
significado correlato atual seria a busca por uma vida cada vez melhor pela auto-
realização. Porém, para o cristão, o eros não é suficiente.
O hedonismo aristotélico, cuja ênfase é uma vida de moderação, em que cada
homem cumpre a função para a qual ele se encaixa por natureza e que, por
conseqüência, garante a felicidade, é um sistema prático e terreno que possui, ainda,
muita relevância no mundo moderno.
Para o hedonista epicurista, ou seja, aquele que está à procura do prazer, a ética
era, sem dúvida, o sensualismo sugerido pela expressão “coma, beba e se alegre, pois
amanhã morreremos”, centrado num aproveitamento refinado na convivência com os
amigos, vivendo na simplicidade e na liberdade das tensões da vida cultural
extenuante.
Por outro lado, os estóicos, com seu apelo à coragem perante as vicissitudes da
vida (aceitando-as, pois há uma lei universal que ensina o homem a obedecer seus
princípios) e a busca da virtude como um fim em si mesma era mais séria e mais
religiosa no campo da ética. O estoicismo considerava que as questões morais, ou seja
"a arte de bem viver", eram mais importantes do que as questões teóricas. Os estóicos
se vangloriavam da coerência de seu sistema filosófico. Afirmavam que o universo
poderia ser reduzido a uma explicação racional e que ele próprio seria uma estrutura
racionalmente organizada. A capacidade do homem de pensar, projetar e falar, Logos,
estava, plenamente, incorporada ao universo. A natureza cósmica, ou seja, Deus, pois
os termos são sinônimos para o estoicismo, e o homem se relacionam um com o outro,
intimamente, como agentes racionais. A lei natural de moralidade, que seria
fundamental para toda a existência e dirigida como alvo a todos os homens, possuía
uma nota de universalismo que fazia com que fosse aberta a um amalgamento com o
28
16
Nasceu em 4 de fevereiro de 1906 em Breslau, Alemanha (agora parte da Polônia) e foi ministro na igreja luterana.
Morreu em 1945. Opôs-se ao partido nazista e sua influência na igreja alemã durante a ascensão de Hitler, indo para a
prisão. Deixou três obras importantes, O Custo do Discipulado, escrito em 1939. A Ética, escrita de 1940-1943 e
Cartas e Documentos da Prisão.
30
nosso Deus deixar a glória e morrer morte de cruz (cf. Fl 2. 5-8). Por graça barata,
Bonhoeffer entende ser a graça que trouxe caos e destruição - é o consentimento
intelectual a uma doutrina sem uma real transformação na vida do pecador. É a
justificação do pecador sem as obras que devem acompanhar o novo nascimento (cf. Tg
2.14). A graça barata, ele afirma17, é a pregação do perdão sem requerer
arrependimento, o batismo sem a disciplina da igreja, a Comunhão sem a confissão, a
absolvição sem a confissão pessoal. A graça barata é a graça sem discipulado, a graça
sem a cruz, a graça sem Jesus Cristo, vivo e encarnado.
Bonhoeffer clamava por um novo cristianismo livre do individualismo e do
super-naturalismo metafísico. Deus, dizia ele, deve ser conhecido neste mundo como
opera e interage com o homem na vida diária. O Deus abstrato da especulação filosófica
e teológica é inútil ao homem comum na rua, e são eles que mais precisam ouvir o
Evangelho.
Os termos bíblicos para designar pecado são variados. O pecado pode ser
contemplado sob vários aspectos. Pecado pode ser fracasso, erro, iniqüidade,
transgressão, contravenção, falta de lei, injustiça. A característica mais notável do
pecado, em todos os seus aspectos, é ser uma orientação contrária a Deus, ou seja, é ir
contra Deus, seguir numa direção contrária. A Palavra de Deus diz que pecado é
transgreção da lei (cf. 1 Jo 3.4) e é esse conceito que usaremos aqui.
A verdadeira graça, para Bonhoeffer, é a que custará a vida de um homem. É a
graça feita custosa pela vida de Cristo, que foi sacrificado para comprar a redenção do
homem. A graça barata surgiu do desejo do homem de ser salvo, mas sem converter-se
em discípulo. O sistema doutrinal da igreja, com suas listas de códigos de
comportamento, torna-se um substituto para o Cristo Vivo, e isto banaliza o significado
de discipulado. O verdadeiro crente tem de resistir à graça barata e tem de entrar na vida
do discipulado ativo. A fé não pode significar ficar sentando e esperar; o cristão tem de
ressuscitar e de seguir o Cristo.
Uma de suas mais duradouras afirmações sobre a vida do verdadeiro cristão diz,
só aquele que crê é obediente, e só aquele que é obediente crê. Os homens se tornaram
suaves e complacentes na graça barata e, portanto, se distanciaram da graça cara da
abnegação e humilhação pessoal. Bonhoeffer acreditava que o ensino da graça barata
era a ruína de mais cristãos que qualquer mandamento de realizar obras.
17
http://logoshp.6te.net/APO29.htm. Dietrich Bonhoeffer, The Cost of Discipleship, trans. R.H. Fuller, rev. ed. (New
York: Macmillan, 1960), 30. Pesquisado em 30 de dezembro de 2008.
31
foi limitado ao que nós podemos compreender, tem de transcender toda a compreensão.
O cristão tem de mergulhar em águas profundas, mais além da compreensão e do ensino
cotidiano da igreja, e isto deve ser feito individualmente e coletivamente.
Tendo em mente essa visão a respeito do que é ser cristão, o pecado deve ser
desarraigado do coração do homem seja ele encarado como problema ou não.
O pecado já estava presente no Universo antes da queda e isso tem sua evidência
na presença e nas alegações do chamado adversário de Deus (em hebraico, satanás e em
grego, diabo) no Éden. O pecado foi o ataque desse adversário contra a integridade e a
veracidade da palavra dada por Deus aos primeiros seres humanos, Adão e Eva, e
penetrou no mundo submetendo-o ao poder daquele que foi chamado por Cristo 18 de
príncipe desse mundo. O querer ser igual a Deus, conhecer o bem e o mal, levaram a
humanidade, representada pelos primeiros pais, ao desejo que deu origem ao agir na
direção contrária ao que o Pai, Supremo Criador, havia dito. O pecado não teve origem
no acaso, mas na sugestão, aquiescência e ação contrária ao que fora ordenado por
Deus. Foi algo premeditado cuja procedência foi da mente e do coração.
A gravidade da quebra do mandamento foi testificada pelo fato da violação da
síntese da autoridade, bondade, da sabedoria, da justiça, da fidelidade e da graça de
Deus. O homem caiu da graça, significou o repúdio à autoridade do Pai, a dúvida sobre
a bondade na sugestão de que a proibição suprimia o que era de melhor, a sabedoria
contida no conhecer o bem e o mal. Significou, também, o repúdio à verdade e o
desprezo à graça. Em resumo, o pecado será sempre a exata contradição da perfeição de
Deus, refletida no adversário da Verdade e suas conseqüências estão cada vez mais
evidentes na nossa sociedade.
As conseqüências da cobiça são evidenciadas imediatamente na perda da
intimidade com o Pai e sua filiação; na perda da amizade e intimidade na visita de Deus
na viração do dia (Gn 3.8); o homem não pôde mais se alimentar da árvore da vida,
porque foi expulso do jardim, assim, a morte entrou no mundo e ele perdeu o acesso a
árvore da vida e o direito de se alimentar do seu fruto; a terra se tornou maldita e se deu
o início de sua deterioração; os pensamentos do homem se tornaram maus
continuamente – o Pai teve de reiniciar toda a criação por meio do dilúvio em que
somente oito almas foram preservadas (Gn 6.5). À medida que vamos caminhando na
história da humanidade, percebemos que sua trajetória de degradação não terminará
18
Cf. Jo 12.31 e Jo 16.11
33
alma curada e salva do pecado levará nosso espírito de volta à comunhão com o Pai e,
dessa forma, poderemos clamar Aba, Pai (Ef 4.6) com a identidade de filho.
A alma é suscetível a perder-se (Mt 16.26); a ser salva (Hb 10.39; Tg 1.21); e a existir
depois da separação do corpo (Mt 10.28; Ap 6.9; 20.4).
35
19
DOUGLAS, J. D. O novo dicionário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 2006. p. 39.
36
onde está incluída a significação do ato. Portanto, os psicólogos devem analisar tal
comportamento sem procurar "atrás" dele o fenômeno psíquico, mas tentando descobri-
lo no próprio fenômeno, pois o mundo fenomenal pode ser analisado diretamente, por
ser um dado tão imediato quanto o "eu".
Também chamada psicologia comparada, a psicologia animal tem como uma de
suas finalidades a de precisar o degrau em que, na escala evolutiva, determinada espécie
deve ser situada. A maior contribuição da psicologia animal decorre do fato de que os
estudos efetuados sobre animais permitem responder muitas perguntas relativas à
psicologia humana.
Edward Lee Thorndike, Clark Hull, B. F. Skinner e muitos outros teóricos da
psicologia da aprendizagem elaboraram suas leis a partir de dados obtidos com animais,
visto que neles as experiências podem ser simplificadas e mais controlados os fatores
não relevantes. Os estudos de Konrad Lorenz e Nikolaas Tinbergen sobre os instintos
também foram efetuados com animais.
O estudo longitudinal do desenvolvimento procura compreender tanto a época
do aparecimento dos processos psicológicos, quanto as características dos principais
estágios da evolução psíquica. Iniciou-se com as pesquisas sobre a psicologia da
criança, mas os trabalhos de George Coghill, Z. Y. Kuo e outros mostraram a
necessidade de levar em conta também os dados obtidos sobre o desenvolvimento
psíquico dos animais, principalmente no terreno do desenvolvimento motor.
Alguns autores antigos consideravam o desenvolvimento, unicamente, como um
acréscimo em quantidade e complexidade; teorias posteriores, ao contrário, afirmam que
as modificações qualitativas e descontínuas surgem nos vários níveis da evolução. Isto
levou a caracterizar os níveis de evolução em termos de "padrões de desenvolvimento".
Admite-se que existam formas gerais comuns a todos os membros da mesma espécie, as
quais durante certo período caracterizarão seu comportamento psíquico.
Estudos sobre a vida embrionária tanto do homem quanto dos animais mostram
que os primeiros movimentos são descoordenados e envolvem o organismo inteiro.
Depois, por individuação e por influência de fatores internos, na concepção de Coghill,
ou mais pela influência de fatores excitantes externos, na teoria de Kuo, as reações vão
especificar-se em ordem precisa, definida. Assim, o desenvolvimento motor vai de
movimentos amplos que envolvem todo o membro até as atividades finas de
coordenação motora.
42
constituem verdadeira fase de transição, que começa aos doze ou treze anos e vai até o
fim da puberdade, por volta dos quinze anos.
Necessitando compreender-se nessa etapa, e, ao mesmo tempo, sentindo a
influência da sociedade que começa a exigir dele uma responsabilidade, o adolescente
assume progressivamente a direção ativa e pessoal de sua própria vida. Essa busca de
auto-afirmação às vezes fica só no mundo interno, mas costuma também manifestar-se
em rebeldia contra as autoridades, à procura de "novos estilos" de vida dentro dos quais
possa sentir-se mais seguro.
Dentro de cada um desses períodos, a psicologia do desenvolvimento pesquisa
especificamente o desenvolvimento corporal, a aquisição das habilidades motoras, a
evolução da linguagem e da inteligência, o ajustamento social e emocional. Um dos
estudos mais precisos sobre as características diferenciais de cada ano de vida foi
realizado por Gesell e seus colaboradores. Outros, como Jean Piaget e Maurice Debesse,
preferiram estudar mais globalmente o desenvolvimento, ressaltando as próprias
vivências internas das crianças e adolescentes.
A personalidade não se desenvolve nem se manifesta no vazio, mas em estreita
interação com outras personalidades. A disciplina científica que estuda a personalidade
em interação é a psicologia social.
Autores antigos tiveram uma visão mais atomística da relação entre a
personalidade e a sociedade. Muitos consideravam que a psicologia social começa
depois que a personalidade se forma graças às forças internas e aos mecanismos de
aprendizagem. Concepção mais recente, sem negar a importância desses fatores, ressalta
que a personalidade, sob todos os pontos de vista, desde o nascimento, está sendo
condicionada cultural e socialmente.
Outro tema preferido da psicologia social moderna é a investigação do status,
isto é, a posição que alguém ocupa no grupo, e do rôle, ou seja, o comportamento
esperado do indivíduo por um grupo humano. Para que uma pessoa seja bem ajustada,
considerada como normal, é necessário que saiba desempenhar seus rôles, seus "papéis
sociais", e encontre suficiente grau de satisfação emocional na vivência desses papéis.
Muitas pesquisas investigam não tanto a influência da cultura e da sociedade
sobre a personalidade, mas os processos que caracterizam a organização
comportamental dos grupos, a interação dos membros de um grupo. Especial atenção é
consagrada ao estudo dos chamados pequenos grupos e grupos primários, como seriam
44
O nome colérico vem de cólera, que é o impulso violento contra o que nos
ofende, fere ou indigna, ira. O sanguíneo é aquele que se ira com facilidade e pega logo
fogo; é impulsivo. O termo é relativo ao sangue, que tem ou parece ter aumento da
massa sanguínea. O nome fleumático vem de fleuma, que quer dizer frieza de ânimo,
impassibilidade. Logo, o fleumático é aquele que tem fleuma. É uma pessoa desatenta,
desligada. O temperamento melancólico é aquele que sofre de melancolia que é um
estado mórbido de tristeza e depressão, de pesar. O melancólico se esconde dos outros,
não se mistura, gosta de andar só. Todos os temperamentos têm uma raiz maligna, e os
seres humanos são propensos a reagir conforme o temperamento que mais predomina
em si.
Indubitavelmente, Galeno teve o mérito de criar uma classificação psicológica
que persistiu por séculos, ainda que ultrapassada como teoria fisiológica. Porém, baseia-
se na diferença perceptível da afetividade ou da emocionalidade, ao que se seu o nome
de temperamento.
O filósofo Emmanuel Kant foi, provavelmente, quem divulgou essa classificação
na Europa em 1798. Segundo ele20,
A pessoa sangüínea é alegre e esperançosa; atribui grande
importância àquilo que está fazendo no momento, mas, logo em seguida,
pode esquecê-lo. Ela tem intenção de cumprir suas promessas, mas
não as cumpre por nunca tê-las levado suficientemente a sério, a
ponto de pretender vir a ser um auxílio para os outros. O sangüíneo é um
mau devedor e pede, constantemente, mais prazo para pagar. É muito
sociável, brincalhão, contenta-se facilmente, não leva as coisas muito
a sério e vive rodeado de amigos. Embora não seja propriamente mau,
tem dificuldade em não cometer seus pecados; ele pode se arrepender,
mas sua contrição (que jamais chega a ser um sentimento de culpa) é
logo esquecida. Ele se cansa e se entedia facilmente com o trabalho,
mas constantemente encontra e entretenimento em coisas de somenos — o
sangüíneo carrega consigo a instabilidade e seu forte não é a
persistência.
As pessoas com tendência à melancolia atribuem grande
importância a tudo o que lhes concerne. Descobrem, em tudo, uma
razão para a ansiedade e em qualquer situação notam de imediato as
dificuldades. Nisso são inteiramente o oposto do sangüíneo. Não fazem
promessas com facilidade, porque insistem em cumprir a palavra e
lhes pesa considerar se será ou não possível cumpri-la. Agem assim, não
devido a considerações de ordem moral, mas ao fato de que o inter-
relacionam com os outros preocupa sobremaneira o melancólico,
tornando-o cauteloso e desconfiado. É por essa razão que a felicidade lhes
foge.
Dizem do colérico que tem a cabeça quente, fica agitado com
facilidade, mas se acalma logo que o adversário se dá por vencido. Que
20
In LAHAYE, Tim. Temperamentos transformados. São Paulo: Mundo Cristão, 2008. pp. 11 e 12.
48
se aborrece, mas seu ódio não é eterno. Sua reação é rápida, mas não
persistente. Mantém-se sempre ocupado, embora o faça a contragosto,
justamente, porque não é perseverante; prefere dar ordens, mas o
aborrece ter de cumpri-las. Gosta de ter seu trabalho reconhecido e adora
ser louvado publicamente. Dá valor às aparências, à pompa e à
formalidade; é orgulhoso e cheio de amor-próprio. É avarento, polido e
cerimonioso; o maior golpe que pode sofrer é a desobediência. Enfim, o
temperamento colérico é o mais infeliz por ser o que mais provavelmente
atrairá oposição.
Fleuma significa falta de emoção e não preguiça; implica uma
tendência a não se emocionar com facilidade nem se mover com rapidez
e, sim, com moderação e persistência. A pessoa fleumática se aquece
vagarosamente, mas retém, por mais tempo, o calor humano. Age por
princípio, não por instinto; seu temperamento feliz pode suprir o que
lhe falta em sagacidade e sabedoria. Ela é criteriosa no trato com os
outros e, em geral, consegue o que quer, persistindo em seus
objetivos, embora pareça ceder à vontade alheia.
Na verdade, não temos e nem podemos mudar nosso temperamento. Ele faz
parte de nosso ser. Mas podemos usá-lo sabiamente e com o controle do Espírito Santo,
de maneira tal que até o que parece defeito passa a ser virtude.
Deus usa as pessoas, não importando qual seja seu temperamento ou sua
personalidade, pois a obra de Deus é realizada em nós e por nós. Sem nos
apegarmos a modismos cujos objetivos, geralmente, são desviar nossa atenção da
verdade, o foco principal, que é a graça e a santificação. Apesar de que saibamos
que a psicologia enfatiza a personalidade e não o temperamento, segue a seguir a
comparação, a título de exemplo, de quatros personagens bíblicos e seus
respectivos temperamentos, usando os versículos bíblicos para justificá-la21.
De acordo com suas reações e sua conduta, pode-se dizer que o apóstolo Pedro
era sangüíneo, pois era falante, vibrante e amava intensamente, demonstrando
publicamente suas emoções (Mt 17.1; Jo 21.17; Lc 5.1-11; Jo 6.69). Sincero (Lc 5.8),
respondia com entusiasmo às emoções do seu coração (Mt 14.28-29; Jo 18.10).
Submetendo suas fraquezas ao Senhor e cheio do Espírito Santo, Deus o fortaleceu (1Pe
5.10). No livro de Atos podemos ler que seus defeitos foram sobrepujados pelas
qualidades, que se realçam em poder nas palavras (1Pe 2.14-40), constância (1Pe 3.1),
coragem (1Pe 4.13), sabedoria (1Pe 4.19-20), alegria (1Pe 5.41), humildade (1Pe 10.25-
26), amor (1Pe10.21-28), amabilidade (1Pe 11.4), fé (1Pe12.6), paciência (1Pe12.16) e
liderança (1Pe15.7).
Moisés era melancólico. Possuía talento (At 7.22), era abnegado (Hb 11.23-27)
e perfeccionista, podendo Deus, ter usado essa qualidade para lhe dar os detalhes da Lei,
da justiça divina e do Tabernáculo; leal, os livros da Lei revelam isso e, extremamente,
dedicado (Ex 32:31-32). Entretanto, sofria de um complexo de inferioridade que trazia à
tona todas as fraquezas do melancólico (Ex 3.11-13; Ex. 4.1,3,10,13). Muitas vezes,
deixava-se dominar pela ira (Nm 20.9-12) e pela depressão (Nm 11.11-15). Seu
encontro com o Senhor no Monte Horebe e a freqüente busca da sua face, contudo,
fizeram dele um homem cheio do Espírito Santo, um líder destemido, e se tornou “o
homem mais manso da Terra” (Nm12.3). Suas qualidades se destacaram e foi o grande
legislador de Israel.
Paulo era colérico. A principal qualidade do colérico é a força de vontade, que
faz dele uma pessoa enérgica, eficiente, resoluta, e um líder cheio de audácia e
otimismo. Paulo foi um portador desse temperamento de acordo com a classificação de
21
LAHAYE, Tim. Temperamentos transformados. São Paulo: Mundo Cristão, 2008.
50
Galeno, o livro de Atos e suas cartas no-lo revelam (Gl 1.10; Fp 3.10-14; Gl 1.15-18; At
14.19-24). Apesar deste caráter ativo, prático, dinâmico e corajoso, Paulo, antes de
conhecer a Jesus e receber o Espírito Santo, demonstrou-se um homem cruel, zangado,
hostil e amargurado (At 9.1), insensível (At 7.58-59), astucioso e prepotente (At 9.2).
Ele testificou de si mesmo, o que vemos em (1Tm 1.12-16). Porém, o enchimento,
diário, do Espírito Santo, a entrega de suas falhas a Deus (2Co 12.7-10), fizeram dele
um líder apto a escrever (Gl 5.16-22). Olhando para suas fraquezas, ele afirmou
“Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Fp 4.13).
Abraão era fleumático. Todas as qualidades do fleumático estavam presentes na
vida do fiel Abraão. Ele era pacífico, prático e bem humorado (Gn.13.8-9); leal, calmo e
eficiente (Gn 14.14-16), cumpridor de seus deveres (Gn 14.20), conservador em seus
princípios (Gn 14:22-24). Deus o provou em todas as suas promessas, mas ele
permaneceu firme na fé. Dele, disse Deus: “Eu o tenho conhecido” (Gn.18.19). Todavia,
ele apresentava, também, os defeitos desse tipo de temperamento. Com o crescimento
da sua vida espiritual e submissão a Deus, assumiu suas posições e foi liberto da
incredulidade (Hb 11.8-9), do medo (Hb 11.17) e fortalecido na fé (Gn 22.8). Apesar de
seu temperamento, o seu direcionamento a Deus, fez dele um dos maiores homens que
já viveu.
O homem carnal e o cristão imaturo se deixam dominar ou influenciar pelos
aspectos negativos dos seus temperamentos. Muitas situações difíceis na vida ou no lar
são criadas por desconhecimento de nossas fraquezas e pela falta de um critério
espiritual para tomar nova direção.
Todos sabem que ninguém é perfeito. Contudo, não desanimemos, temos apenas
de crescer no amadurecimento em Cristo (Rm 12.1-2; Fp 4.13; Rm 6.11-13).
Todas as pessoas se enquadram em um ou mais temperamentos. À proporção
que forem sendo transformados pelo Espírito Santo, os defeitos do seu temperamento
serão anulados e suas qualidades aperfeiçoadas.
22
JUNG, C.G. Os tipos psicológicos. Petrópolis: Editora Vozes, 2008. p. 471.
23
Vide quadro no anexo 2, p.
52
valores, mal formada, com falhas morais ou limitações psicológicas, não deixa de ter
personalidade porque tem uma estrutura interna, embora defeituosa.
A personalidade não é a simples soma ou justaposição de elementos, mas um
todo organizado e individual, produto de fatores biopsicossociais.
- Nos fatores biológicos estão: o sistema glandular e o sistema nervoso.
- Entre os fatores psicológicos estão: o grau e as características de inteligência,
as emoções, os sentimentos, as experiências, os complexos, os condicionamentos, a
cultura, a instrução, os valores e vivências humanas.
- Nos grupos sociais, como a família, a escola, a igreja, o clube, vizinhança,
processa-se a interação dos fatores sociais.
Sendo a personalidade, o que distingue uma pessoa da outra, a mesma encontra-
se apoiada na herança biológica e na ação ambiental.
Os fatores biológicos, principalmente o sistema glandular e o sistema nervoso,
determinam no indivíduo o temperamento, que é constituído de impulsos naturais. Ser
agressivo ou não ser agressivo, ser irrequieto ou indolente, ser emotivo ou não emotivo,
ter reações primárias ou secundárias, podem ter traços temperamentais.
Assim, o indivíduo nasce com determinado temperamento, mas fatores
ambientais podem modificá-lo até certo ponto. A educação pode manter domínio e
controle sobre o temperamento, a alimentação, as doenças, o clima, os acontecimentos e
outros fatores causam algumas transformações nos traços temperamentais.
A vida ensina o homem a controlar ou a estimular seu temperamento. Todo tipo
temperamental tem seus aspectos positivos e aspectos negativos. Conhecendo-se bem, o
homem pode dominar os aspectos negativos e estimular e desenvolver os aspectos
positivos, entretanto, transformação radical, só por meio da habitação do Espírito Santo
nele. Todo esforço humano de autotransformação é inútil, pois o homem é incapaz de
conseguir nascer de novo se não for pelo poder de Deus e pela fé no Filho, Mas, a todos
quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que
crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem
da vontade do homem, mas de Deus (Jo 1.12-13).
O temperamento é parte da personalidade, e, esta não se reduz àquele. A
personalidade é o todo; o temperamento é um aspecto desse todo. Portanto, o
temperamento é um aspecto inato, biológico da personalidade. As qualidades que estão
relacionadas com o temperamento incluem entre outras, excitabilidade, irrascibilidade,
53
Personalidade
Nem todas as teorias trabalham com este conceito porque ele tem uma noção
implícita de estrutura, de estabilidade e, portanto, de características que não mudam. No
entanto, ela é fruto de uma organização progressiva do ser humano e não apenas
entendida como um fenômeno em si. Ela evolui de acordo com a organização interna do
indivíduo.
A psicanálise afirma que a estrutura da personalidade já está formada aos quatro
ou cinco anos de idade, enquanto que, para Piaget, ela começa a se formar entre os oito
e doze anos. O caráter, temperamento e os traços de personalidade são termos que se
referem a esta noção. Alguns distúrbios podem se relacionar à personalidade, gerando
conceitos patológicos, como é o caso da personalidade múltipla.
Enfim, o que importa, conhecendo ou não classificações ou teorias ou demais
ferramentas que nos revelem as falhas de caráter, quem vai nos santificar e transformar
será o Espírito Santo que é poder e sabedoria, Estou certo de que aquele que começou
boa obra em vós há de completá-la até o dia de Cristo (cf. Fl 1.6).
O psicólogo conselheiro pode até usar as escrituras, mas seus diagnósticos estão
mais baseados nas condutas seculares humanistas do que em sua fé de que a verdade
divina é suficiente para curar e libertar. Sem negarmos a ciência, que é do Senhor,
podemos aplicá-la, não enfatizando o conhecimento humano, mas o poder de Deus.
A atitude frente ao pecado é que fará toda a diferença entre um Psicólogo
Conselheiro e um Conselheiro Cristão, pois, atualmente, o pecador tem sido
reclassificado como vítima, não sendo, portanto, responsável pessoalmente por suas
ações.
Felizmente, o aconselhamento bíblico tem voltado a ser praticado no meio
cristão contemporâneo, embora, ainda em luta com a teologia liberal e com a psicologia
secular. Os psicólogos seculares reivindicaram o domínio na perícia do aconselhamento
e das perspectivas da natureza humana. O Evangelho liberal fundamentado na pós-
modernidade cujos pilares discutiremos mais adiante no capítulo quatro, enfraqueceu o
homem de tal forma que fez com que ele perdesse a consciência do que é pecado. A
ênfase na ciência e na medicina tornou quase inconcebível a confiança no sobrenatural,
ou seja, no milagre da graça regeneradora, deixando o evangelho de Jesus Cristo de ser
a resposta. Tornou-se, também, quase impossível ser novamente gerado não de semente
corruptível, mas da incorruptível mediante a Palavra de Deus, a qual vive e é
permanente (1Pe 1.23).
O cristão que se determina a aconselhar outro indivíduo deve estar ciente de que
o conselho a ser oferecido deva ser verdadeiro. Aconselhamento é um ministério, ou
seja, etimologicamente, um serviço de ajuda, que pressupõe certo indivíduo sob pressão,
sendo confrontado por um grau de confusão, decepção ou desespero e uma segunda
pessoa que se empenha em ajudar, analisando a situação, procurando desemaranhar as
questões envolvidas de forma a oferecer conselhos e direções úteis e benéficas.
A eficácia da ajuda repousa no fato de que a análise e o conselho sejam
verdadeiros, e isso só será possível por meio da VERDADE. Portanto, sua base é Jesus
– o caminho, a verdade e a vida. Toda e qualquer outra base não dará respostas e não
levará o aconselhado à cura, somente levantará o problema e abrirá a ferida.
O homem não tem poder para fechar feridas, nem mesmo o mais apto psicólogo
terapeuta ou psicanalista. Deus abre a ferida e a cura, logo, o psicólogo cristão é
instrumento nas mãos do Pai para levar o paciente à cura (Os 6.1-3), deixando o Senhor
espremê-las, tirando todo o pus, a fim de derramar seu ungüento salvador (Is 1.5-6).
57
CAPÍTULO 2
Fundamentos teológicos do aconselhamento bíblico
CAPÍTULO 3
escolha por viver uma vida saudável no corpo e na alma reside na reconciliação do
espírito com Deus, Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por
meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em
Cristo, reconciliando consigo o mundo, não importando aos homens as suas
transgressões e nos confiou a palavra da reconciliação (2Co 5.18-19).
O papel do conselheiro cristão é o de submeter o aconselhado à palavra da
verdade, identificando os transtornos psicológicos e avaliando como levá-lo a se
identificar com Cristo. Deixando de lado a psicologia humanista que avalia e não
apresenta solução, o conselheiro, embasado em conhecimentos científicos, que são
válidos, aplica a Verdade e o acompanha até que seja um discípulo de Cristo.
Muitos virão ao conselheiro, apresentando transtornos de personalidade, desvios
de comportamento e até mesmo problemas psíquicos graves, entretanto, cabe a ele
discernir e acompanhar a pessoa de maneira tal que o nome de Deus seja glorificado.
O que se vê, hoje em dia, são psicólogos cristãos, aplicando e dependendo,
somente, de seus conhecimentos de profissional psicólogo, deixando de lado o propósito
de seu chamado como conselheiro: levar o paciente a ter uma vida plena em Cristo.
Anti-Social
Caracteriza-se pelo padrão social de comportamento irresponsável, explorador e
insensível constatado pela ausência de remorsos. Essas pessoas não se ajustam às leis do
Estado simplesmente por não quererem, riem-se delas, freqüentemente têm problemas
legais e criminais por isso. Mesmo assim não se ajustam. Freqüentemente manipulam os
outros em proveito próprio, dificilmente mantêm um emprego ou um casamento por
muito tempo.
Aspectos essenciais: Insensibilidade aos sentimentos alheios; atitude
aberta de desrespeito por normas, regras e obrigações sociais de forma persistente;
estabelece relacionamentos com facilidade, principalmente quando é do seu interesse,
mas dificilmente é capaz de mantê-los; baixa tolerância à frustração e facilmente
explode em atitudes agressivas e violentas; incapacidade de assumir a culpa do que fez
de errado, ou de aprender com as punições; tendência a culpar os outros ou defender-se
com raciocínios lógicos, porém improváveis.
Borderline (Limítrofe)
Caracteriza-se por um padrão de relacionamento emocional intenso, porém
confuso e desorganizado. A instabilidade das emoções é o traço marcante deste
transtorno, que se apresenta por flutuações rápidas e variações no estado de humor de
um momento para outro sem justificativa real. Essas pessoas reconhecem sua labilidade
63
Paranóide
Caracteriza-se pela tendência à desconfiança de estar sendo explorado, passado
para trás ou traído, mesmo que não haja motivos razoáveis para pensar assim. A
expressividade afetiva é restrita e modulada, sendo considerado por muitos como um
indivíduo frio. A hostilidade, irritabilidade e ansiedade são sentimentos freqüentes entre
os paranóides. O paranóide dificilmente ri de si mesmo ou de seus defeitos, ao contrário
ofende-se intensamente, geralmente por toda a vida quando alguém lhe aponta algum
defeito.
Aspectos essenciais: Excessiva sensibilidade em ser desprezado;
tendência a guardar rancores recusando-se a perdoar insultos, injúrias ou injustiças
cometidas; interpretações errôneas de atitudes neutras ou amistosas de outras pessoas,
tendo respostas hostis ou desdenhosas; tendência a distorcer e interpretar,
maleficamente, os atos dos outros; combativo e obstinado senso de direitos pessoais em
desproporção à situação real; repetidas suspeitas injustificadas relativas à fidelidade do
parceiro conjugal; tendência a se autovalorizar excessivamente; preocupações com
fofocas, intrigas e conspirações infundadas a partir dos acontecimentos circundantes.
64
Dependente
Caracterizam-se pelo excessivo grau de dependência e confiança nos outros.
Estas pessoas precisam de outras para se apoiar emocionalmente e sentirem-se seguras.
Permitem que os outros tomem decisões importantes a respeito de si mesmas. Sentem-
se desamparadas quando sozinhas. Resignam-se e submetem-se com facilidade,
chegando mesmo a tolerar maus tratos pelos outros. Quando postas em situação de
comando e decisão essas pessoas não obtêm bons resultados, não superam seus limites.
Aspectos essenciais: É incapaz de tomar decisões do dia-a-dia sem uma
excessiva quantidade de conselhos ou reafirmações de outras pessoas; permite que
outras pessoas decidam aspectos importantes de sua vida como onde morar, que
profissão exercer; submete suas próprias necessidades aos outros; evita fazer exigências,
ainda que em seu direito; sente-se desamparado quando sozinho, por medos infundados;
medo de ser abandonado por quem possui relacionamento íntimo; facilmente, é ferido
por crítica ou desaprovação.
Esquizóide
Prima pela dificuldade de formar relações pessoais ou de expressar as emoções;
a indiferença é o aspecto básico, assim como o isolamento e o distanciamento sociais. A
fraca expressividade emocional significa que estas pessoas não se perturbam com
elogios ou críticas. Aquilo que na maioria das vezes desperta prazer nas pessoas, não diz
nada a estas pessoas, como o sucesso no trabalho, no estudo ou uma conquista afetiva
(namoro). Esses casos não devem ser confundidos com distimia.
Aspectos essenciais: Poucas ou nenhuma atividade produz prazer; frieza
emocional, afetividade distante; capacidade limitada de expressar sentimentos
calorosos, ternos ou de raiva para como os outros; indiferença a elogios ou críticas;
pouco interesse em ter relações sexuais; preferência quase invariável por atividades
solitárias; tendência a voltar para sua vida introspectiva e fantasias pessoais; falta de
amigos íntimos e de interesse de fazer mais amizades; insensibilidade a normas sociais
predominantes como uma atitude respeitosa para com idosos ou àqueles que perderam
uma pessoa querida recentemente.
Personalidade Histriônica
Caracteriza-se pela tendência a ser dramático, buscar as atenções para si mesmo,
ser um eterno "carente afetivo", comportamento sedutor e manipulador, exibicionista,
fútil, exigente e lábil (que muda facilmente de atitude e de emoções).
Aspectos essenciais: Busca freqüentemente elogios, aprovações e
reafirmações dos outros em relação ao que faz ou pensa; comportamento e aparência
sedutores sexualmente de forma inadequada; abertamente preocupada com a aparência e
atratividade físicas; expressa as emoções com exagero inadequado, como ardor
excessivo no trato com desconhecidos, acessos de raiva incontrolável, choro convulsivo
em situações de pouco importância. Sente-se desconfortável nas situações onde não é o
centro das atenções; suas emoções, apesar de intensamente expressadas, são superficiais
e mudam facilmente; imediatista, tem baixa tolerância a adiamentos e atrasos; estilo de
conversa superficial e vago, tendo dificuldades de detalhar o que pensa.
Com freqüência, é dito que a busca pela espiritualidade, tão presente nos dias de
hoje, é mérito das exigências da vida moderna que, diante de tantas solicitações,
distancia o homem de si mesmo e de Deus. De certa forma, isto é verdadeiro,
principalmente, no mundo ocidental, compelido às benesses do externo em detrimento
de uma maior reflexão sobre o sentido da vida.
Todavia, a busca pelo Sagrado sempre estive presente no homem nas diferentes
épocas e culturas. Talvez, o que se observe mais no presente é um interesse da ciência
em discutir os temas espiritualidade e religiosidade, atitude até então não comum, já que
a própria ciência havia estabelecido esse distanciamento.
Essa aproximação tem sido liderada pela física que, a partir da mecânica
quântica, trouxe um novo conceito de universo.
Na área da psicologia, também, havia um entendimento da espiritualidade como
um comportamento primitivo, um estado regressivo, sublimação da sexualidade ou
fuga. A psicologia analítica de Carl Jung reintroduziu a espiritualidade como aspecto
integrante em todo ser humano. O inconsciente na visão junguiana tem uma função
prospectiva, transcendente, criativa, transformadora, religiosa e espiritual.
Para Jung, o sentimento religioso seria essencial ao ser humano, constituiria uma
função natural e sua ausência deixaria a psique incompleta, comprometendo o seu
67
equilíbrio. Ele afirmava que todos os pacientes adultos (com mais de 35 anos) que o
procuravam tinham na raiz dos seus problemas a questão religiosa no sentido de um
significado para sua presença neste mundo.
Para a psicologia analítica, a vida é teleológica, ou seja, tem um sentido. A
busca, portanto, para o autoconhecimento é fundamental. Assim, o desenvolvimento
psicológico leva progressivamente para além do ego, para o Self, entendido como o
centro maior da personalidade, a representação da divindade interior que guia todo o
desenvolvimento do ego. Ou dito de outra forma, é a dissolução da falsa visão do ego,
de suas identificações e de seus falsos objetivos e, substituída pela consciência de que o
ser humano é maior do que acredita ser.
O objetivo da psicoterapia junguiana não é só a cura do sintoma e adaptação da
personalidade, mas sobretudo a transformação espiritual, a auto-realização e a
experiência de plenitude do lado transcendente da vida.
Jung mostrou que o desenvolvimento espiritual e o desenvolvimento psicológico
fazem parte do mesmo processo. Não existe desenvolvimento psicológico sem o
correspondente desenvolvimento espiritual. E os dois caminhos levam ao
desenvolvimento do sentido ético da vida.
A psicologia transcendental (além do pessoal), considerada a quarta força da
psicologia, dá ênfase à dimensão espiritual do indivíduo, que vê como uma finalidade
do desenvolvimento humano. Ela estabeleceu um mapeamento da psique mais
abrangente, incluindo os vários níveis da consciência. Em cada nível de consciência
podem ser percebidos aspectos da realidade correspondente do estado de consciência.
Essa compreensão incentiva o desenvolvimento progressivo e evolutivo da consciência
em direção aos estados superiores e transcendentes. Tenta unir o conhecimento atual da
ciência do Ocidente com a sabedoria do Oriente.
Na realidade, tanto a psicologia analítica como a psicologia transpessoal
consideram a experiência do Sagrado como intrinsecamente terapêutica e integradora.
Assim, a psicologia já vem colaborando no sentido de não só aproximar, mas inserir a
dimensão espiritual na visão de um homem integral.
Se a mente humana fosse resultado apenas das reações físico-químicas do
cérebro, a Psicologia não precisaria existir. Da mesma forma, se os psicólogos
esquecerem que o ser humano possui uma essência própria e se detiverem apenas a
leituras de comportamentos, seu trabalho será incompleto e de poucos resultados.
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Por que não se pode conceber que o ser humano possui espírito? Chame-o de
mente, de self, se quiser, mas ele está ali, sendo responsável pela individualidade de
cada um.
Cada ser é único, dessa forma, qualquer tipo de massificação de conceitos sobre
a personalidade humana será falho, e esse é o maior desafio da Psicologia: compreender
algo que não se pode conhecer e conceber, ou seja, a possibilidade de alma e de espírito.
Se admitir, volta à subjetividade de pseudociência, uma vez que falar em espírito ou
alma significa considerar os aspectos controversos da religião e da fé, perder-se-ia o
crédito científico, e qualquer coisa que se afirmasse a respeito teria de ser aceita como
uma possível verdade.
Mesmo contra todo esse temor, nasce, dentro do mundo moderno, uma
Psicologia Mística, firmada nos princípios de Jung e baseada no estudo do espírito
humano, considerando o ser humano como Corpo e Mente ou Matéria e Espírito e nas
tradições orientais que possui a concepção de homem integral assimilada desde cedo – o
equilíbrio do corpo depende da ação do espírito.
A dimensão espiritual tem para a abordagem transpessoal um aspecto central e
não periférico na vida humana, envolvendo todas as funções psicológicas como a
cognição, percepção, emoção e vontade, promovendo o bem estar físico, social e
mental.
Dentro de uma concepção mística, a psicologia quer estudar a personalidade
dando importância ao espírito e vice-versa. Resolvendo o imanente almeja o
transcendente, afirmando que para viver o sagrado, é necessário viver o profano em sua
plenitude.
Segundo a psicologia ocultista, a Personalidade encontra-se a meio caminho
entre o Corpo e o Espírito. Não apenas é a ponte entre a Consciência e o Eu Superior
(que se encerra no Espírito), como também age como um filtro.
A Personalidade filtra a experiência que desce do Espírito para o
Corpo/Consciência. Se o filtro estiver sujo, a experiência do Espírito chegará à
Consciência deturpada, ocasionando desequilíbrios em nosso ser. Dizer que o filtro está
sujo quer dizer que a Personalidade está desequilibrada. Ora, desequilíbrios na
Personalidade, todos temos, em maior ou menos escala. Daí a importância de
trabalharmos psicologicamente para podermos trabalhar espiritualmente. Das condições
da nossa Personalidade é que dependem se a experiência espiritual virá para nos redimir
ou para nos condenar.
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A nova cruz não exige a renúncia da velha vida antes que a nova possa ser
recebida. Ele não prega contrastes, mas semelhanças. Busca a chave para o
interesse do público, mostrando que o cristianismo não faz exigências
desagradáveis; mas, pelo contrário, oferece a mesma coisa que o mundo,
somente num plano superior. O que quer que o mundo esteja fazendo de ídolo
no momento é mostrado como sendo, exatamente, aquilo que o evangelho
oferece, sendo que o produto religioso é melhor.
A nova cruz não mata o pecador, mas dá-lhe nova direção. Ela o faz
engrenar em um modo de vida mais limpo e agradável, resguardando o seu
respeito próprio. Para o arrogante ela diz: "Venha e mostre-se arrogante a favor
de Cristo"; e declara ao egoísta: "Venha e vanglorie-se no Senhor". Para o que
busca emoções, chama: "Venha e goze da emoção da fraternidade cristã". A
mensagem de Cristo é manipulada na direção da moda corrente a fim de torná-
la aceitável ao público.
A psicologia, que traça paralelos amigáveis entre os caminhos de Deus e os do
homem, é falsa em relação à Bíblia e cruel para a alma de seus ouvintes. A fé
manifestada por Cristo não tem paralelo humano, ela divide o mundo. Ao nos
aproximarmos de Cristo não elevamos nossa vida a um plano mais alto; mas a
deixamos na cruz. O que
Isso significa que o indivíduo, o homem condenado que quer encontrar vida em
Cristo Jesus deve arrepender-se e crer. Deve esquecer-se de seus pecados e
depois esquecer-se de si mesmo. Ele não deve encobrir nada, defender nada,
nem perdoar nada.
O psicólogo conselheiro deve inspirar o aconselhado a seguir esse caminho, o da
cruz e do negar-se a si mesmo e não encontrar-se com seu eu corrompido e
aceitá-lo.
A igreja tem abandonado a Palavra de Deus e abraçado as falidas teorias
humanas, tentando resolver os problemas mentais, emocionais e comportamentais, Mas
o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando
ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios (1 Tm 4.1).
A psicologia, bem como o seu aconselhamento terapêutico, tem sido abraçada
pelos evangélicos, mais do que quase todas as opções não bíblicas, que têm penetrado
na igreja, desde a segunda metade do século passado. Os “psicólogos cristãos” são, em
geral, mais populares e influentes do que os pregadores e mestres da Palavra.
71
Neuroses
É a existência de tensão excessiva e prolongada, de conflito persistente ou de
uma necessidade longamente frustrada, é sinal de que na pessoa se instalou um estado
neurótico. A neurose determina uma modificação, mas não uma desestruturação da
personalidade e muito menos de perda de valores da realidade. Costuma-se catalogar os
sintomas neuróticos em certas categorias, como:
a) Ansiedade - a pessoa é tomada por sentimentos generalizados e persistente de
intensa angústia sem causa objetiva. Alguns sintomas são: palpitações do coração,
tremeres, falta de ar, suor, náuseas. Há uma exagerada e ansiosa preocupação por si
mesmo.
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Psicoses
O psicótico pode se encontrar ora em estado de depressão ora em estado de
extrema euforia e agitação. Em dado momento age de um modo e em outro se comporta
de maneira totalmente diferente. Houve uma desestruturação da sua personalidade. O
dado clínico para se aferir à psicose é a alteração dos juízos da realidade que passa a
perceber a realidade de maneira diferente. Por isso, faz afirmações e tem percepções não
apoiadas nem justificadas pelos dados e situações reais.
Nas psicoses, além da alteração do comportamento, são comuns alucinações
(ouvir vozes, ter visões e delírios). Pode ser possuído por intensas fantasias de grandeza
ou perseguição. Pode se sentir vítima de uma conspiração, assim como se julgar
milionário, um ser divino etc. As Psicoses se manifestam como:
a) Esquizofrenia - apatia emocional, carência de ambições, desorganização
geral da personalidade, perda de interesse pela vida nas realizações pessoais e sociais.
Pensamento desorganizado, afeto superficial e inapropriado, riso insólito, bobice,
infantilidade, hipocondria, delírios e alucinações transitórias.
b) Maníaco-depressiva – caracteriza-se por perturbações psíquicas duradouras
e intensas, decorrentes de uma perda ou de situações externas traumáticas. O estado
maníaco pode ser leve ou agudo. É assinalado por atividade e excitamento. Os maníacos
são cheios de energia, inquietos, barulhentos, falam alto e têm idéias bizarras, uma após
outra. O estado depressivo, ao contrário, caracteriza-se por inatividade e desalento. Seus
sintomas são: pesar, tristeza, desânimo, falta de ação, crises de choro, perda de interesse
pelo trabalho, por amigos e família, bem como por suas distrações habituais. Torna-se
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lento na fala, não dorme bem à noite, perde o apetite, pode ficar um tanto irritado e
muito preocupado.
c) Paranóia – caracteriza-se, sobretudo, por ilusões fixas. É um sistema
delirante. As ilusões de perseguição e de grandeza são mais duradouras do que na
esquizofrenia paranóide. Os ressentimentos são profundos. É agressivo, egocêntrico e
destruidor. Acredita que os fins justificam os meios e é incapaz de solicitar carinho. Não
confia em ninguém.
d) Psicose alcoólica – é habitualmente marcada por violenta intranqüilidade,
acompanhada de alucinações de uma natureza aterradora.
e) Arteriosclerose cerebral – evolui de um modo semelhante a demência senil.
O endurecimento dos vasos cerebrais dá lugar a transtornos de irrigação sangüínea, as
quais são causa de que partes isoladas do cérebro estejam mal abastecidas de sangue. Os
sintomas são, formigamento nos braços e pernas, paralisias mais ou menos acentuadas,
zumbidos no ouvido, transtorno de visão, perturbações da linguagem em forma de
lentidão ou dificuldade da fala.
Psicopatias
Os psicopatas não estruturam determinadas dimensões da personalidade,
verificando-se uma espécie de falha na própria construção. Os principais sintomas das
psicopatias são a diminuição ou ausência da consciência moral, do certo e do errado, do
permitido e do proibido, que deixam de fazer sentido para eles. Dessa maneira, simular,
dissimular, enganar, roubar, assaltar e matar não causam sentimentos de repulsa ou de
remorso em suas consciências. O único valor para eles são seus interesses egoístas.
Inexistência de alucinações, ausência de manifestações neuróticas, falta de confiança;
busca de estimulações fortes, incapacidade de adiar satisfações, não toleram um esforço
rotineiro e não sabem lutar por um objetivo distante. Não aprendem com os próprios
erros pelo fato de não os reconhecerem. Em geral, têm bom nível de inteligência e baixa
capacidade afetiva. Parecem incapazes de se envolver emocionalmente e não entendem
o que seja socialmente produtivo.
Como vimos por meio de algumas descrições dos distúrbios de comportamento
ou de temperamento, os cristãos estão vivendo tempos difíceis. Descontentamento,
decepção, desconforto, desencorajamento, desespero, depressão, divórcio, discórdia,
desdém, desgosto, dissensão e desobediência são bastante comuns entre os que foram
chamados para dar testemunho da glória de Deus e para refletir a imagem de Cristo.
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2. A culpa
CAPÍTULO 4
A (in)consciência da pós-modernidade
de crenças pós-modernistas é uma intolerância total por toda cosmovisão que faça
alegações de qualquer verdade universal – particularmente o cristianismo bíblico.
Em outras palavras, o pós-modernismo começa com uma pressuposição que é
irreconciliável com a verdade objetiva, divinamente revelada nas Escrituras. Da mesma
forma que o modernismo, o pós-modernismo é fundamental e diametralmente oposto ao
evangelho de Jesus Cristo.
Não obstante, a igreja atualmente está cheia de gente que advoga idéias pós-
modernistas. Alguns fazem isso consciente e deliberadamente, mas a maioria o faz sem
querer (tendo embebido demasiado do espírito dos tempos, simplesmente regurgitam
opiniões do mundo). E poucos reconhecem o perigo extremo colocado pelo pensamento
pós-modernista.
A influência pós-modernista claramente já infecta a igreja. Os evangélicos estão
baixando o tom da sua mensagem para que as rígidas alegações de verdades do
evangelho não soem tão desagradáveis aos ouvidos pós-modernos. Muitos evitam fazer
afirmações inequívocas de que a Bíblia é verdadeira e todos os outros sistemas
religiosos do mundo são falsos. Alguns que se intitulam cristãos foram ainda mais
longe, determinadamente negando a exclusividade de Cristo e abertamente
questionando sua alegação de ser ele o único caminho para Deus. (Confira as
afirmações categóricas nas Escrituras: Jo 14.6; At 4.12; Jo 3.36; 1 Tm 2.5; 1 Jo
5.11,12.)
A alegação da Bíblia de que Cristo é o único caminho da salvação está
certamente em desarmonia com a noção pós-moderna de “tolerância”, mas é, no final
das contas, exatamente o que a Bíblia ensina. E a Bíblia, não a opinião pós-moderna, é a
autoridade suprema para o cristão.
Quando nossos avós falavam de tolerância como uma virtude, a palavra
significava respeitar as pessoas e tratá-las com bondade mesmo quando acreditamos que
estão erradas. A noção pós-moderna de tolerância significa que nunca devemos
considerar a opinião de alguém como errada. A tolerância bíblica é para as pessoas; a
tolerância pós-moderna é para idéias.
Aceitar toda crença como igualmente válida, embora não seja uma virtude, é
praticamente a única virtude que o pós-modernismo conhece. As virtudes tradicionais
(incluindo humildade, domínio próprio e castidade) são abertamente zombadas e até
mesmo consideradas como transgressões no mundo do pós-modernismo.
80
Por não se posicionar, aquele que se diz evangélico permite, e em alguns casos,
até se inclui nessa degradação moral e ética, gerando a injustiça nas leis sociais,
permitindo que os ricos explorem os pobres ou que os poderosos explorem os mais
fracos. Ele tem produzido mais escândalo do que frutos; tem sido muito mais trevas do
que sal e luz.
1.2. A Pluralização – o absoluto, a verdade absoluta, a Lei de Deus, ficou
minimizada e relativizada à ótica humana. Os mandamentos de Deus passaram a ser
mandamentos sociais e culturais. Tudo passou a depender do ponto-de-vista de cada
um, indivíduo, sociedade ou cultura. Tudo é certo porque é relativo, dependendo do
contexto a que se está inserido. Apesar da idéia da globalização, só se enxerga e se
discute, analisando os fatos em termos de momento histórico socio-culturamente,
relativizado e, não mais, balizando na Palavra de Deus, verdade absoluta, como lâmpada
e luz para os caminhos.
O homem perdeu sua identidade, o que é ruim, mas o pior é que o evangélico
perdeu sua identidade cristã e, como um marionete, escravo da contingência, tenta viver
a identidade que seja aceita na comunidade social de que faz parte. Não tem coragem de
deixar os valores – cada vez mais invertidos (ou subvertidos) – do mundo, usa uma
máscara para cada ocasião, não se posiciona mais como discípulo de Cristo dentro da
comunidade, sociedade ou cultura.
O pregador ou a igreja, ou ambos deixaram de confrontar o pecado porque não
têm mais certeza do que é pecado ou, até mesmo, não sabem mais o que é pecado.
Por causa da preguiça que foi gerada pelo consumo rápido e cômodo das
pregações televisivas e das frases de efeito dos sermões (que fazem com que o membro
virtual da igreja, que está assentado em sua confortável poltrona em sua sala de estar,
saboreando petiscos, pense que conhece a Bíblia e, pasme! reivindique de Deus seus
direitos, afinal, é um consumidor!), o evangélico perdeu o hábito da Leitura da Palavra,
da Oração, da Comunhão com os irmãos e do Partir do pão e, sequer, sabe da existência
da Doutrina dos verdadeiros Apóstolos. Com medo de ser roubado pelas igrejas, cujos
líderes estão incluídos em escândalos, não Contribui para o Reino, deixando de dar o
dízimo porque ninguém sabe mais onde procurar a Igreja Verdadeira, ou mesmo, se ela
existe. Muito poucos missionários são enviados (e, pior, se existem, foram deixados no
esquecimento) e quase já não existe evangelização pessoal (todos andam com medo da
violência que, curiosamente, foi produzida pelo próprio contexto relativizado em que
tudo é correto, dependendo do ponto-de-vista). Fazer discípulos? Nem se lembram mais
83
para vir até a igreja e Eu dou o dízimo e Eu dou as ofertas, sendo assim, Eu tenho todo
o direito de ser feliz e de ser servido.
O pregador ou a igreja, ou ambos começaram a pregar só o que é conveniente
para eles e para os ouvintes, ou seja, o que não vai interferir no modo de vida deles ou
do público. O culto passou a ser um show particular de música acompanhado de uma
peça de teatro grego com atores mascarados (ninguém os conhece de verdade, pois os
ministros não convivem com o povo, possuindo, inclusive, seguranças) além do
comércio de mercadoria após a apresentação.
O púlpito deu lugar ao palco. Os discípulos passaram a ser platéia porque não
querem mais se relacionar como corpo e nem querem saber se estão certos ou errados,
se são pecadores ou não – nem sabem o que é arrependimento de obras mortas. Assim
como vão aos clubes, aos restaurantes e aos passeios dos fins de semana, vão às igrejas,
usando, inclusive, as mesmas vestimentas sem nenhum compromisso com a verdade ou
com os outros. Eles não estão lá para prestar culto em adoração a Deus com ação de
graças, reunidos com os irmãos na Assembléia dos Santos, entretanto, vãos aos cultos...
porém, quando vão, é para receberem ou criticarem ou se auto-realizarem, cumprindo a
liturgia obrigatória da semana.
O culto se tornou um entretenimento em que o líder, o grande ídolo, anima o
espectador, inflamando-o com seus gritos e com um discurso muito bem preparado,
deixando a platéia em transe, prometendo maravilhas e sinais, como num leilão, quando
o apelo é “quem dá mais?” Assim, Tamuz, o deus da prosperidade, tem sido adorado!
CAPÍTULO 5
Homens moldados pelo mercado
1. As ilusões do pós-modernismo
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CAPÍTULO 6
Cristianismo sobrevivente
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
87
BIBLIOGRAFIA
ALTHUSSER, Louis. Freud e Lacan, Marx e Freud. Rio de Janeiro: Graal, 2000.
88
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BOCK, Ana Mercês Bahia. FURTADO, Odair. TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi.
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BRAGHIROLLI, Elaine Maria. BISI, Guy Paulo. RIZZON, Luiz Antonio. Psicologia
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CHAPMAN, Gary. As cinco linguagens do amor. São Paulo: Mundo Cristão, 1995.
ECO, Humberto. BONAZZI, Marisa. Mentiras que parecem verdades. São Paulo:
Summus Editorial, 1972.
GRAYSON, Curt. JOHNSON, Jan. Curando as feridas que afligem a alma. Rio de
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KURY, Mário da Gama. Dicionário de mitologia grega e romana. Jorge Zahar Editor,
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PEMBER, G. H. As eras mais primitivas da terra. São Paulo: Editora dos Clássicos,
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SEAMANDS, David. A cura das memórias. São Paulo: Mundo Cristão, 2007.
ANEXOS
ela nos lembra deste princípio, que é uma pessoa pequena torna-se um gigante quando
está ajoelhada diante de Deus. Gostaria que você pudesse conhecer Diane.
Também gostaria que eu pudesse apresentar-lhe o Roger. O Roger, como a
Diane, é um guerreiro de oração. Ele leva suas orações muito a sério. Mas o Roger
não ora por pessoas que nunca vê. Ele ora por pessoas que ele vê, e ora todos os dias por
pessoas que ele vê todos os dias. Em seu lugar na oficina onde trabalha, ele trabalha
perto de outros rostos, sempre orando e, enquanto suas mãos estão ocupadas, sua mente
está intercedendo por aquelas pessoas.
Até mesmo na cantina, além de só comer, ele ora enquanto come. Ele
literalmente vai de rosto em rosto na cantina e ora. E à noite, quando todo mundo está
na cama, ele silenciosamente escorrega para fora de seu beliche, ajoelha-se ao lado da
cama de lona no chão duro de concreto e ora.
Gostaria que você pudesse conhecer o Roger. Ele diria que preferiria estar em
qualquer lugar ao invés de estar nesta prisão de segurança máxima. Ele não tem orgulho
do que fez. Mas ele também diria que se ir para a prisão fosse o necessário para
conhecer seu Salvador, ele iria para a prisão novamente. E ele sente como se não fosse
uma pessoa no corredor da morte, mas um missionário na prisão. Esse é seu trabalho.
Seus pés podem nunca mais encontrar o chão livre de novo, mas ele ainda ora. E ele nos
lembra que uma pessoa pequena torna-se um gigante quando está ajoelhada diante de
Deus.
Gostaria que você pudesse conhecer a Diane ou o Roger, mas há uma terceira
pessoa que eu realmente gostaria que você conhecesse. O nome dela é um pouco
diferente. Você provavelmente nunca tenha ouvido esse nome: Hadassa.
Seria muito difícil para você conhecer Hadassa. Você teria que viajar cruzando o
oceano. Você teria que aprender outro idioma. Você teria que entrar em um mundo de
tronos e cetros e palácios de reis e rainhas. Mas, apesar de seu mundo estar um atlas
longe do seu e dos mundos do Roger e da Diane, o mundo dela é idêntico ao deles por
ela ter aprendido o poder da oração. Ela aprendeu o que acontece quando uma pessoa
honesta com necessidades reais fica diante do rei e faz um pedido.
Diferente de Roger e Diane, nós não temos que especular sobre a resposta às
orações de Hadassa. A resposta à sua oração está registrada. Tanto então, que há uma
nação na Terra que celebra sua oração até hoje todos os anos. Eles têm uma festa
comemorando as orações de Hadassa. Porque ela orou, as pessoas que foram
sentenciadas à aniquilação em 127 países diferentes viveram para ver o outro dia.
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Você não gostaria de conhecer Hadassa? Eu gostaria. Seria muito difícil, uma
vez que ela viveu cinco séculos antes de Cristo. Então, até estarmos no céu, acho que
teremos que contentar-nos em ler sua história. Ela está na Bíblia. Está no livro do Velho
Testamento que tem seu nome, que possui seu outro nome: Ester. Hollywood nunca se
compararia com a história de Ester. Quantos de vocês já ouviram a história? Então
vocês conhecem o drama e vocês conhecem a paixão. E você sabe sobre Hamã, o
criminoso malvado que queria exterminar o povo judeu. Você sabe sobre Mordecai, o
primo corajoso de Ester, que se recusou a curvar-se em sua presença. Você ouviu a frase
de Mordecai quando ele disse, “ Quem sabe se não foi para tal tempo como este que
chegaste ao reino?”. E você sabe a resposta de Ester Se eu perecer, pereci. Está repleto
de declarações. Está repleto de momentos.
Mas o que eu quero que você veja hoje é que o livro de Ester é mais do que
apenas um fato histórico. É um evento histórico, verdadeiro e, novamente, comemorado
pelo povo judeu todos os anos na Festa do Purim. Mas é muito mais do que isso. É uma
analogia espiritual. É uma figura – uma dramatização do que acontece quando você ora.
E todos os personagens principais do livro de Ester são encontrados em sua vida. Deixe-
me falar o que quero dizer.
O rei na história do livro de Ester é um homem chamado Xerxes. Até onde eu
sei, ele é o único homem na Bíblia cujo nome começa com X. Ele tem outro nome, que
é Assuero, que é notavelmente quase o que acontece quando você está com um
resfriado. Você não tem que se preocupar com esse nome. Xerxes é aquele que
usaremos hoje. O rei Xerxes governou a Pérsia antiga como um rei soberano absoluto.
Tudo que ele tinha que fazer era levantar sua sobrancelha e o destino seria alterado em
qualquer uma das 127 províncias que estavam sob seu controle. Elas iam desde a
Etiópia, passavam pelo que hoje é chamada Turquia e chegavam até a Índia. E ele
governou com uma lei de um rei Persa.
Nesse sentido, ele é uma figura do nosso Rei – o Rei dos Reis, o Deus Todo-
Poderoso. E na história de Ester, ele nos lembra daquele com soberania absoluta.
Embora você possa pensar que é você quem determina seu futuro, Deus já determinou
seu futuro, e o seu papel é responder ou não àquilo que Ele o chamou para ser. Ele é
Aquele que cavou o canal do rio da história e a sua escolha é se você quer ou não ser
obediente.
O rei Xerxes tem um homem que é seu braço-direito. Ele é chamado Hamã, o
qual, de novo, tem uma conotação curiosa. Soa muito como carrasco. E se você sabe o
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final da história, você sabe por que isso é curioso. Hamã é o braço-direito do rei Xerxes,
e você lê cada palavra sobre Hamã e não acha uma minúscula partícula boa no corpo do
rapaz. Ele era mau de cima a baixo, dentro e fora. E ele tinha apenas um desejo, e era
que todos na Pérsia - realmente ao redor do mundo - se curvassem diante dele. Seu
objetivo na vida era ter a sua adoração e a minha adoração. Ele quer que todos se
curvem diante dele.
E, em alguma hora, ele ficou um pouco irritado com esta minoria atípica que
vive nas grandes terras da Pérsia, chamada de povo judeu. E decidiu que o mundo seria
melhor sem os judeus. Então ele convenceu o rei Xerxes de que esse povo deveria ser
aniquilado. Ele pede um holocausto mundial. E certo dia, o rei Xerxes diz: “Tudo bem,
faremos isso nesse dia.” Hamã até financia o projeto. Então tudo está pronto para que o
povo judeu seja aniquilado.
Agora Hamã, nessa história, representa Satanás. Porque assim como Hamã não
tem bons desejos em seu sistema, também Satanás não tem nada de bom. Você precisa
entender, e freqüentemente é bom lembrarmo-nos, que Satanás o odeia. Ele o odeia
porque você é feito à imagem de Deus. E ele odeia qualquer um que o recorde de Deus.
Conseqüentemente, ele tem um objetivo, que é destruir o povo prometido – destruir os
filhos de Deus. Ele tem o propósito definido de interromper o plano de Deus. O que
quer que isso signifique, ele irá fazer.
Neste caso, significava exterminar a linhagem judaica. E exterminar a linhagem
judaica significava que não haveria Jesus. E o objetivo principal de Satanás é manter-
nos fora da presença de Jesus. Porque quando nos curvamos diante de Cristo, não nos
curvamos diante de Satanás. E, se ele pode destruir os judeus, então isso irá interromper
o plano. E desde que ele mentiu para Eva no jardim, isso é o que ele tem feito. Ele quer
interromper o plano. Ele quer manter a presença de Deus fora de sua vida. E se isso
significa um holocausto na Pérsia, se isso significa um infanticídio em Belém, se isso
significa uma crucificação no Calvário, ou se isso significa uma tentação em uma sexta-
feira à noite, ele fará – o que quer que precise. Você vive em sua mira, sempre sendo
analisado, procurado, e ele está perseguindo-o. Isso é muito importante.
Paulo diria que nossa luta não é contra carne e sangue. Mas nossa luta é contra
as forças espirituais desta escuridão presente. Então aí é onde nossa luta está sendo
travada. E ele é exatamente quem Hamã representa. Satanás está a ponto de fazer o que
não é bom. A Bíblia diz que ele veio para enganar, matar e destruir. A Bíblia também
diz que ele está cheio de raiva porque sabe que não tem muito tempo. Então ele está
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ocupado no trabalho de traçar e ser astuto, querendo roubar e tomar o que não é seu.
Isso é a razão, a propósito, de ele estar muito triste por você estar lendo isso. Ele
realmente está. Você meio que deu um chute na canela dele por estar aqui. Porque
estamos em um ponto da oração do Senhor em que ele realmente gostaria que não
tivéssemos chegado. Isso é, incomoda-o que falamos sobre nosso Pai, que está no céu,
santificado seja Vosso nome. Mas quando começamos a orar, “Venha o vosso reino,”
ele percebe que estamos, nesse ponto, fazendo e cumprindo o dever cristão mais
elevado que existe. Veja, orar, “Venha o vosso reino,” é dizer isto: “Deus, deixe que
Sua presença seja sentida em minha vida. Quero Seu reino à minha volta. E eu percebo
que em um reino há um rei e um trono. E eu voluntariamente estou descendo desse
trono. E Satanás não ocupa esse trono. O Senhor ocupa esse trono. Agora que o Senhor
seja Rei. O Senhor seja Soberano. Tome o controle completo. Guie-me. Conduza-me.”
Quando você ora, “Venha o vosso reino,” você está dizendo, “Deus, venha.
Venha para esta parte da minha vida que está quebrada. Venha para esta parte da minha
casa que está má. Venha para essa relação onde há incesto. Vá lá onde há adultério.
Lide com esse problema de pornografia. Onde há vício em droga, seja Senhor. Onde
quer que haja desafio. Onde quer que haja algo mau, preciso que o Senhor venha.” E
nós nos rendemos e dizemos, “Não posso mais fazer isso. Tenho uma relação que não
consigo entender. Tenho filhos que não consigo compreender. Tenho pais que não me
escutam. Por favor. Por favor, Deus. Venha, reino!”
A frase está no imperativo no grego, o que significa que merece um ponto de
exclamação no final. E você pode literalmente orar assim: “Venha, reino! Venha!” Você
está causando uma tormenta nos portões do céu. E você está dizendo, “Deus, preciso
que o Senhor venha, e preciso que o Senhor venha agora!” E você diz, “Bem, Max,
quem sou eu para orar assim? Quem sou eu para fazer um pedido tão audaz a Deus?
Deixe-me contar quem você é. Você é Seu filho. Você é Sua criança. Você é Sua
criatura. E Ele só espera que você venha e diga, “Venha!” Peça e você receberá. Procure
e você achará. Bata e a porta será aberta para você. Ele não disse, “Peça e talvez Eu o
ajude em um dia bom.” Ele disse, “Peça e você receberá. Procure e você achará.” O
passo mais seguro e confiável que você pode dar, é o passo da oração. Por isso, quando
você entrar na presença de Deus, não venha choramingando, não venha desalmado, não
venha sonolento, não ofereça essas orações de insônia. Venha a Ele e venha
confiadamente à presença de Deus. Isso é o que o escritor de Hebreus disse.
“Cheguemo-nos, pois, confiadamente ao trono de Deus”.
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E veja isto – e fique aí, fique aí – assim como o Roger passa muito tempo orando
na prisão – você fica aí. Assim como a Diane fica lá na presença de Deus. Você fica aí e
realmente nunca precisa sair da presença de Deus.
Você pensou que conseguiu aquele trabalho novo porque você merecia uma
promoção. Estou dizendo a você, você conseguiu aquele trabalho novo porque Deus
quer que você fique aí e ore por essas pessoas. Você pensou que foi morar naquele
bairro porque era a melhor casa que você poderia encontrar. Estou dizendo a você que
você é um missionário designado para aquele bairro para orar por essas pessoas. Você
pensou que aquela classe do quarto ano foi dada a você para ensinar só porque o outro
professor ficou doente e você teve que ser o substituto. Errado! Você foi enviado para
aquela classe porque aquelas 26 crianças precisavam de alguém para orar por elas. Você
pensou que está nessa nação porque você por acaso seguiu uma certa linhagem de uma
certa geração. Errado!
Deus o designou e Ele me designou para sermos guerreiros de oração por
esta nação, para interceder. E digo ainda, igreja, que um dia que passa que você não
convida o reino de Deus para entrar em seu mundo, é um dia desperdiçado. É o seu
maior chamado. É a sua tarefa mais nobre, quando você é chamado, quando você fica na
presença de Deus, Ele estende o cetro e o convida para alcançá-lo e tocá-lo. E, tocando
esse cetro, Ele está dizendo a você, “O que é que você quer? Vou ouvi-lo”. Deixe-nos
então entrar confiadamente na presença de Deus – confiadamente, jovens –
confiadamente, mães – confiadamente, pais – confiadamente, santos mais antigos –
confiadamente. Que Deus levante nessa igreja pessoas que vivam na presença de Deus.
Que Ele nos torne em um monte de pessoas de oração. Você sabe? Nós não sabemos
realmente para onde estamos sendo dirigidos. Não temos certeza de como chegaremos
lá, mas ficaremos na presença de Deus e estamos orando – por favor, ouça isto – para
que San Antonio seja um lugar onde o reino de Deus seja sentido.
Minha oração ultimamente tem sido, ”Deus, se o Senhor está buscando uma
igreja para renascimento, nós nos voluntariamos. Deixe que este seja o lugar. Deixe que
este seja o lugar onde o Senhor faça isso tudo de novo.
Deixe que Sua presença seja sentida. Deixe que ela seja conhecida”. É quase como
conectar dois fios quentes e permitir que a presença de Deus vá daqui para lá e você
recebe esse choque que vai bem no meio deles.
Nós somos os intercessores.
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Isso é o que Jesus está fazendo agora. Sinto muito por não ter pensado o
suficiente antes de trazer estas frases e colocá-las na tela. Nós temos estudado isso
antes. Sabemos que Jesus está intercedendo por você agora.
Ele passou três anos pregando. Ele tem passado os 2000 últimos anos orando. Vê o
quanto a oração é importante no reino de Deus? Essa é a razão de você estar designado
para sua família. Essa é a razão de você estar designado para esse local de trabalho. Essa
é a razão de você estar aí – para ser um sentido constante da presença de Deus nesse
local de trabalho. E dizer silenciosamente durante todo o dia, “Venha o Vosso reino.
Venha aqui”. Aquela secretária que está amuada, “Venha”. Aquele patrão que é
irritante, “Venha”. E você permeará esse lugar com a presença de Deus. É isso que você
é chamado para ser. É isso que você é chamado para fazer.
Bem, Deus tem nos dado esta promessa em 1 João, capítulo 5 e versículo 14: “E
esta é a confiança que temos nele, que se pedirmos alguma coisa segundo a sua
vontade, ele nos ouve”. O que Deus está fazendo é oferecer-nos o privilégio de ser uma
parte de Sua estratégia.
Quando chegamos diante Dele e dizemos, “Não sei como o Senhor fará isso,
mas, por favor, o faça. Seus caminhos não são meus caminhos, mas não irei reclamar do
seu ritmo, apesar de preferir ter isso realmente logo. Mas eu quero o Seu querer nessa
questão”. E podemos ter certeza de que, depois que fazemos essa oração, o mundo é
diferente daquele de antes de orarmos. Você concorda? Depois que você ora, o mundo é
diferente daquele de antes de você colocá-lo em oração. Se não, para que orar? Se não
for mudar o mundo, não precisamos fazê-lo.
Mas, pelo visto, Jesus sabia que ela mudaria o mundo, porque Ele era Aquele
que levantaria cedo de manhã. Ele era Aquele que passaria a noite toda em oração. Ele
era Aquele que foi ao Jardim do Getsêmani e recrutou três parceiros de oração que
dormiram enquanto Ele estava orando. Ele era Aquele que nos recomendou a sempre
orar em Lucas, capítulo 18, versículo 1, e nunca perder a esperança.
O seu ritmo pode ser diferente. Sua abordagem pode ser diferente, mas você
pode apostar que, quando você entra em Sua presença, Ele estende o cetro como fez
com Ester, o que nos leva de volta à história de Ester.
Nesta história, onde Xerxes representa Deus e Hamã representa Satanás,
adivinhe quem o representa – Ester. Ester representa você. Você e Ester têm muito em
comum. Veja, Ester era uma órfã abandonada. Nós não sabemos por que seus pais a
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deixaram, mas ela era uma órfã abandonada. Nós, também. Não temos nome. Não
temos futuro. Mas alguém veio amavelmente e nos adotou. Nosso Rei nos adotou.
Neste caso, Mordecai, seu primo, a criou. Ele era mais do que apenas um pai.
Ele também era um conselheiro para ela. E quando foi necessária uma rainha para servir
na Pérsia – estamos encurtando muito uma longa história aqui por nem mencionar por
que foi necessária uma nova rainha – é suficiente dizer que ela entrou no concurso de
Miss Pérsia e ganhou. E o rei teve uma nova rainha.
Mordecai, então, chega como seu conselheiro. Mordecai no livro de Ester
representa o papel do Espírito Santo, porque você, também, tem o Espírito Santo que
chega como seu conselheiro, que o orienta, que o aconselha. E ele sabiamente disse a
Ester para não revelar que ela era judia. E então ela assume o trono como rainha e
ninguém sabe que ela é judia. Ele também foi quem disse a ela para ir ao rei Xerxes e
pedir misericórdia por causa do que Hamã estava para fazer.
Agora, ela estava resistente em fazer isso, o que pode deixá-lo curioso. Deixa a
mim. Acho que a primeira coisa que eu faria seria pedir ajuda. Então ela explica a
Mordecai por que ela não quer ir e falar com o rei Xerxes. Em Ester capítulo 4 e
versículo 11 ela diz, “Todos os servos do rei, e o povo das províncias do rei, bem
sabem que, para todo homem ou mulher que entrar à presença do rei no pátio interior
sem ser chamado, não há senão uma sentença, a de morte, a menos que o rei estenda
para ele o cetro de ouro, para que viva; mas eu já há trinta dias não sou chamada para
entrar a ter com o rei.”
Bem, por mais peculiar e remoto que isso possa soar para nós, essa era a prática
do reino, que ninguém, nem mesmo a rainha, poderia entrar na sala do trono a não ser
que ela ou ele fosse primeiramente convidado. E se eles entrassem e o rei não
estendesse seu cetro, que é seu ato simbólico de recebê-los, eles perderiam suas cabeças.
E Ester meio que gosta de sua cabeça. E ela não está pronta para correr esse risco. Então
Mordecai vai até ela e oferece sua palavra de encorajamento, assim como o Espírito
Santo vai até você e oferece suas palavras de encorajamento. Ele diz, “Não imagines
que, por estares no palácio do rei, terás mais sorte para escapar do que todos os outros
judeus. Pois, se de todo te calares agora, de outra parte se levantarão socorro e
livramento para os judeus, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe se não
foi para tal tempo como este que chegaste ao reino?”
Note, por favor, que Mordecai tem certeza de que o povo judeu terá livramento.
Ele não está preocupado a respeito da salvação do povo judeu. Ele sabe que alguém irá
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aparecer e salvá-los, porque eles são a linhagem através da qual Jesus nascerá. Ele fala
com sabedoria como o Espírito Santo fala conosco. O que está em questão aqui não é a
sobrevivência do povo. O que está em questão aqui é o papel de Ester na história de
Deus. O que está em questão na sua vida não é se algum dia haverá céu e se algum dia
haverá inferno, se Deus mais cedo ou mais tarde reinará supremo. Isso acontecerá. O
que está em questão é se o Max Lucado estará ao Seu lado ou não.
Dizem a Ester que, a menos que você se envolva, sua família sofrerá. Bem, eu
não sou muito esperto, mas posso fazer essa tradução. A menos que eu me alinhe com o
meu Rei, minha família sofrerá. Sua família sofrerá. As pessoas a sua volta sofrerão. Ao
contrário, sua família será abençoada. Sua família será conservada. Sua santidade – seu
senso de santidade e constante intercessão por sua família serão honrados, se você
realmente se alinhar com o Rei.
Agora, temos que ir rápido aqui. Aqui está o que Ester responde no capítulo 4 e
versículo 16. Ela diz, ”Vai, ajunta todos os judeus que se acham em Susã, e jejuai por
mim, e não comais nem bebais por três dias, nem de noite nem de dia; e eu e as minhas
moças também assim jejuaremos. Depois irei ter com o rei, ainda que isso não é
segundo a lei; e se eu perecer, pereci.”
Agora, se você já leu a história de Ester, o que você quer fazer agora é ir rápido
para aquela conversa que ela teve com o rei Xerxes. Mas espere só um segundo. Eu
quero dar uma palavra de um parágrafo aqui que é muito importante. Você acabou de
ler sobre os heróis do livro de Ester. Mordecai é digno do nosso aplauso. Ester é digna
de nossa admiração. Mas os verdadeiros heróis são esses cidadões anônimos, que
passaram três dias em jejum e oração.
E se o rei Xerxes receberá a rainha Ester, será apenas porque esse povo foi
primeiro ao seu Rei e ficou em Sua presença. Muito é dito a respeito do fato de o livro
de Ester ser o único livro da Bíblia onde o nome de Deus nunca é mencionado. Sua
marca é encontrada em todas as páginas, mas Seu nome nunca aparece. Acho
igualmente curioso o fato de que nenhuma religião é mencionada. Sem templo. Sem
sacerdote. Sem igreja. Apenas simples pessoas – sapateiros e cozinheiros e ladrões e
seus povos regulares que vivem em uma vizinhança que sabe que o mundo inteiro está
caindo a menos que orem. Então eles, em um ato de coragem desesperada, dizem, “Nós
iremos orar.” Estes são os heróis da história. E meu pressentimento é que, quando todos
nós chegarmos em casa, encontraremos os verdadeiros heróis de nossa história.
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olha timidamente para o chão e depois olha para ele e sorri. E ela diz, “Bem, há um
favorzinho bem pequenininho que você pode fazer. Veja, há este anti-semita furioso,
que veio para o nosso país. E ele está teimosamente determinado a destruir todo o povo
judeu, e eu não sei se já comentei com você, amor, mas eu sou judia. E se eles matá-los,
então ele me mata, e você não quer isso, quer, amor?”
E ele, agora incentivado pela testosterona, fica em pé e diz, “Diga-me quem é
este homem.” Bem, a essa hora, Hamã está agachando-se e olhando, e ele está tentando
achar uma saída. E Ester se vira e aponta o dedo direto para ele. E o rei está tão furioso
que precisa sair e encontrar um pouco de Prozac. E, quando ele volta, Hamã está
prostrado diante de Ester suplicando por misericórdia. Mas o rei acha que Hamã está
tentando violar sua esposa. Hamã não tem nem tempo de dar uma explicação antes de
ser levado à mesma forca que construiu para enforcar Mordecai.
Mordecai ganha o trabalho de Hamã. Ester ganha uma boa noite de sono. O
povo de jejum e oração de Susã sai e tem uma grande refeição. E até hoje, eles celebram
todos os anos. E nós ganhamos uma boa lição. E ela é nunca, nunca, nunca subestimar o
poder de uma oração sincera.
E quando você entra na presença de Deus, Ele estende aquele cetro, porque você
é Sua noiva, porque você é Seu filho. E Ele diz, “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e
achareis; batei e abrir-se-vos-á”. E então você pede pela maior petição que qualquer
cristão já pediu. Você pula todas essas coisas sobre aumentos de salário e Cadillacs e
casas novas, e vai direto ao ponto e diz,”Venha, reino. Venha. Faça com que Sua
presença seja percebida em minha casa, em meu coração, em minha igreja, em meu
trabalho. Venha, reino. Não deixe que meus filhos cresçam sem perceber Seu reino. Não
deixe que meu dia de trabalho passe sem perceber Seu reino. Venha, Reino.”
E, em todo tempo em que você está orando, Satanás, que era Hamã, está
começando a fugir para a saída. E ele começa a sentir seu colarinho ficar apertado. E ele
pode sentir aquele laço que está começando a apertar em volta de seu pescoço. Porque é
isso o que acontece quando o povo de Deus ora.
ANEXO 2
QUADRO -TIPOS PSICOLÓLICOS
Extroversão Introversão
Sensação Intuição
Pensamento Sentimento
Julgamento Percepção
Modo de vida Preferência por ter uma vida Preferência por ter uma vida
organizada e planejada espontânea e flexível