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MARIOLOGIA & MARIOLATRIA ATÉ O SÉCULO V o Catecismo da Igreja Católica ensina o contrário, enfatizando Maria como

Heber Ramos Bertucci intercessora. Nele está: “No limiar de sua vida pública, Jesus opera seu primeiro
sinal – a pedido de sua mãe – por ocasião de uma festa de casamento.” 4 E depois: “O
INTRODUÇÃO Evangelho nos revela como Maria ora e intercede na fé: em Caná, a mãe de Jesus pede
1. Há sempre muitas dúvidas entre os Protestantes sobre a pessoa e a obra a seu filho pelas necessidades de um banquete de núpcias...”. 5 No entanto, não
de Maria, a mãe de Jesus. Por isso me proponho nesse texto dar a meus vemos no texto bíblico Maria consciente de ser intercessora pelos homens, e
leitores uma síntese sobre esse assunto, enfatizando o que pensa a Bíblia ainda vemos a repreensão de Jesus a ela. Por isso, Maria, colocando-se no seu
Sagrada e a posterior história da Igreja até o 5º século da era cristã. O estudo lugar de serva, dá um mandamento: “Fazei tudo o que ele vos disser”, isto é, ela
seguirá dois assuntos: a “mariologia” e a “mariolatria” que explicaremos a retira a atenção de si, e a transfere para o único que é digno dela: Jesus Cristo.
seguir. 4. Outro texto que nos chama a atenção sobre Maria nos Evangelhos
I - MARIOLOGIA encontra-se em Mc. 3:20-31: “Então, ele foi para sua casa. Não obstante, a multidão
2. O termo “mariologia” vem de “Maria” e “logia” = “estudo”, afluiu de novo, de tal modo que nem podiam comer. E, quando os parentes de Jesus
significando “o estudo sobre Maria”, onde a ênfase recai sobre a sua vida e ouviram isto, saíram para o prender; porque diziam: Está fora de si.” Champlin diz
obra. 1 Esse estudo tem uma fonte autoritária única, as Escrituras Sagradas, e que no texto, “O mínimo que podemos dizer é que os familiares de Jesus não
inferior a ela, temos as interpretações dadas pela Igreja Antiga, as quais compreenderam bem o que Jesus estava fazendo, e por quê.” 6 Isso significa que os
abrangeremos até o 5º século. A pergunta central na “mariologia” é “o que a parentes de Jesus, inclusive sua mãe, que chegou depois (3:31), não
Bíblia diz sobre Maria, a mãe de Jesus?” David S. Schaff, teólogo protestante, compreendiam muito bem o ministério de Jesus. Esse fato nega a tese romana
afirma que “O pouco que se conta a respeito dela, conta-se em conexão com de que Maria tinha uma consciência detalhada do ministério redentor de
Cristo.” 2 Por exemplo: o evangelista Mateus descreve Maria como a mãe de Cristo.
Cristo: “... Maria, da qual nasceu Jesus” (Mt. 1:16). Lucas, em seu Evangelho, ao 5. No restante do Novo Testamento, fora dos Evangelhos, apenas por duas
relatar a visita de Maria a Isabel, descreve as palavras de Isabel: “Bendita és tu vezes Maria é citada. Uma, de forma direta, é At. 1:14: “Todos estes
entre as mulheres,e bendito o fruto do teu ventre. E de onde me provém que me venha perseveravam unânimes em oração, com as mulheres, com Maria, mãe de Jesus, e com
visitar a mãe do meu Senhor?” (Lc. 1:42-43). os irmãos dele.” Esse texto se encontra no contexto próximo a festa de
3. No ministério terreno de Jesus, um fato narrado pelo evangelista João Pentecostes, onde houve o derramamento do Espírito Santo. Ele nos indica
nos chama atenção: quando acabou o vinho no casamento em Caná da por alusão que Maria também recebe o Espírito nessa data, afinal, “Ao
Galiléia. Diz o texto: “Tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Eles não têm cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar.” (2:1). A
mais vinho. Mas Jesus lhe disse: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada outra citação de Maria é em Paulo: “vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus
a minha hora. Então, ela falou aos serventes: Fazei tudo o que ele vos disser.” (2: 3-5). enviou seu Filho, nascido de mulher...”. (Gl. 4:4). Esta citação é indireta, pois
R. N. Champlin, filósofo cristão, reconhece que nesse texto não temos “... uma Paulo não cita o nome de Maria, mas faz clara referência a ela.
Maria acima das outras, cônscia dos grandes propósitos que estavam se realizando. II - MARIOLATRIA
Pelo menos esse texto ensina claramente a subordinação dela a Jesus.” 3 Entretanto,

1 Cf.: Mariologia. In: R. N. CHAMPLIN. Enciclopédia de Bíblia teologia e filosofia. v. 4, p. 138. 4 CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. 2ª parte, 2ª sessão, cap. III, art. 7, I, 1612, p. 441.
2 David S. SCHAFF, Nossa crença e a de nossos pais, p. 398. 5 Ibid. 4ª parte, 1ª sessão, cap. I, art. 2, 2618, p. 674.
3 Mariologia. In: R. N. CHAMPLIN. Enciclopédia de Bíblia teologia e filosofia. v. 4, p. 139. 6 Mariologia. In: R. N. CHAMPLIN. Enciclopédia de Bíblia teologia e filosofia. v. 4, p. 139.
6. Passaremos agora para a “mariolatria”, que significa “culto (latria) a ao qual também estava unido segundo a hipóstase [PESSOA], o Verbo se diz nascido
Maria”, e estuda as raízes da veneração de Maria na história da teologia. 7 No segundo a carne.” 13 Isso quer dizer que o Concílio de Éfeso chamou Maria de
entanto, por causa de nosso espaço e tempo, estudaremos a origem da “Mãe de Deus”, não no sentido de a divindade de Cristo ter tido origem em
Mariolatria na Igreja Antiga, período que vai de 101 a 590 d.C. Após o seu nascimento carnal da Virgem, mas sim, no sentido de que não podemos
período da Igreja Apostólica (1º século da era cristã), observamos o aumento dividir as naturezas de Cristo. Temos uma pessoa com duas naturezas, a
da prática da veneração a Maria. Philip Schaff, historiador protestante, afirma divina e a humana. Não podemos separá-las e falar de Cristo de modo
que a primeira idéia explícita de invocação à Virgem Maria foi relatada por completo.
Gregório Nazianzeno († 389), ao descrever que uma mulher chamada Justina, 9. Alguns anos depois do Concílio de Éfeso, tivemos o Concílio da cidade
que havia feito voto de castidade, pediu à Virgem para protegê-la de de Calcedônia em 451 que também chamou Maria de “mãe de Deus”.
Cipriano, um antigo amor de sua juventude. 8 Entretanto, só entenderemos o sentido da expressão sabendo de seu contexto
7. Havia também várias festas cristãs nesse período, e Schaff descreve que histórico. Nas palavras do Teólogo Presbiteriano Leandro Antônio de Lima:
uma das mais fortes era os “... festivais da Santa Virgem Maria, honrada como a “Naquela época a Igreja lutava com dois problemas: o ‘nestorianismo’ e o
rainha do exército dos santos.” 9 A princípio, “O culto de Maria foi originalmente só ‘eutiquianismo’. O primeiro, o ‘nestorianismo’, afirmava que em Cristo havia duas
uma reflexão do culto de Cristo, e as festas de Maria eram concebidas para contribuir naturezas separadas, a divina e a humana. Assim, o Deus Cristo era uma coisa e o
Homem Cristo outra (duas pessoas e duas naturezas). Certas coisas ele
à glorificação de Cristo.” 10 Entretanto, esse culto, “Depois do meio do quarto
experimentava como homem e certas coisas como Deus. Já o ‘eutiquianismo’ defendia
século extrapolou o limite bíblico saudável, e transformou a mãe do Senhor na ‘mãe
o ‘monofisismo’, ou seja, que Jesus tinha apenas uma natureza a partir da mistura
de Deus’, a humilde serva do Senhor na ‘rainha do céu’, a ‘muito favorecida’ em uma
entre o homem e o Deus (uma pessoa e uma natureza). O Credo formulado no
despenseira de favores, a ‘abençoada entre as mulheres’ em uma intercessora em prol
Concílio de Calcedônia rejeitava ambas as posições”. 14 A posição que ele adotava
de todas as mulheres...”, 11 etc. Karl Bihlmeyer e Hermann Tuechle,
era a de que Cristo é uma pessoa com duas naturezas, a divina e a humana,
historiadores católicos, descrevem por nome algumas festas em que Maria
que são inseparáveis. Por isso, “Ao chamar Maria de ‘mãe de Deus’ pretendia-se
era uma das personagens principais: “A mais antiga delas, a festa da Purificação
apenas evitar a divisão da pessoa de Cristo. Cristo é uma única pessoa composta da
de Maria, ou seja, da Candelária (...) século IV (...) [e] Pelo ano 430, (...) em
natureza humana e divina. E essa pessoa nasceu de Maria. Mas com isso não se
Constantinopla a festa da divina maternidade de Maria e da concepção do Verbo
pretendia dizer que Maria gerou a divindade.” 15
divino, no domingo precedente ao Natal” 12
8. Temos também nesse período o Concílio de Éfeso, em 431, que afirmou ser CONCLUSÃO
“Maria a mãe de Deus”, não, segundo ele próprio se justifica, “... no sentido de 10. Maria foi uma mulher bem-aventurada na Bíblia, mas, ela foi como
que a natureza do Verbo ou sua divindade tenham tido origem da santa Virgem, mas qualquer outro ser humano: uma pessoa comum. O seu grande diferencial
no sentido de que, por ter recebido dela o santo corpo dotado de alma racional era sua obediência a Deus, e é isso que devemos imitar nela. Não tenhamos
medo de falar sobre ela, mas nos limitemos ao que a Bíblia ensina sobre ela.

7 Cf.: Mariolatria. In: R. N. CHAMPLIN. Enciclopédia de Bíblia teologia e filosofia. v. 4, p. 136. 13Concílio de Éfeso (3º Ecumênico): 22 jun. – set. 431. In: Heinrich DENZINGER; Peter HÜNERMANN.
8 Cf.: Philip SCHAFF. History of the Christian Church. v. 3, p. 331. [Tradução minha]. (Orgs.). Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé e moral. 1ª sessão dos cirianos, 22
9 Ibid., p. 324. [Tradução minha]. jun. 431; 2ª carta da Cirilo de Alexandria a Nestório; A encarnação do Filho de Deus, 251, p. 97.
10 14 LIMA, Leandro A. de. As naturezas de Cristo. A essência da fé: o que a Bíblia ensina
Ibid.,p. 324. [Tradução minha].
11 Ibid.,p. 324. [Tradução minha]. sobre Jesus Cristo. Parte 4, Lição 4, p. 15. (Currículo Cultura Cristã. [Revista Trimestral]).
15 Ibid., p. 18.
12 Karl BIHLMEYER; Hermann TUECHLE. História da Igreja. v. I, p. 349 – 350.

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