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Os padrões fenológicos de florestas tropicais secas tem sido relacionados a fatores ambientais,
principalmente chuva e insolação, e aos ritmos endógenos das plantas, inerentes a grandes árvores,
como plantas perenes. Sobrepostas a essas explicações ambiental (“hipótese externa”) e intrínseca
(“hipótese endógena”), pode haver restrições filogenéticas contribuindo para a formação da
fenologia.
A fenologia de espécies de árvores e arbustos, com frutos frescos em uma floresta Chaco Seca
na Argentina foi estudada baseada nessas hipóteses e seguindo duas abordagens, com os valores
médios das espécies considerados como pontos de informação independentes, e removendo
efeitos filogenéticos.
As hipóteses citadas são em grande parte complementares uma à outra. Fortes restrições am-
bientais condicionaram padrões gerais de florescimento com as características endógenas das
espécies agindo secundariamente. Padrões filogenéticos também foram mascarados por variá-
veis climáticas. Considerando a fenologia da frutificação, porém, a filogenia, representando um
conjunto de traços compartilhados das espécies, predominou sobre as restrições ambientais.
Introdução
Padrões fenológicos de árvores de florestas tropicais secas foram relacionados a fatores ambien-
tais, principalmente chuva e insolação (Oplar et al,. 1976; Wright & van Schaik,1994). Outros
autores propõem que os ritmos fenológicos das plantas são endógenos e que sua expressão (inten-
tensidade e duração) é afetada por mudanças nas funções internas das árvores, principalmente no
equilíbrio de água, não necessariamente correlacionado com padrões ambientais como a chuva
(Borchert, 1991, 1992). Sobreposto nessas explicações ambiental (a partir de agora, “hipótese
externa”) e intrínseca ( a partir de agora “hipótese endógena”), podem haver restrições filoge-
néticas que tenham sido impostas a floras temperadas (Kochmer & Handel, 1986), e ainda mais re-
centemente a florestas tropicais (Wright &Calderón, 1995). Sabe-se que espécies relacionadas
compartilham traços através de ascendência comum (Harvey et al., 1995). Por exemplo, arquitetu-
ra de florescência mostra forte tendência filogenética e pode determinar o número, arranjo e
fenologia da flor (Wyatt, 1982).
Embora o surgimento de folhas, florescimento e frutificação sejam ventos consecutivos e inter-
dependentes, as épocas de cada podem refletir em forças seletivas diferentes, assim como
disponibilidade de polinizador para o estágio de florescimento (Rathcke & Lacey, 1985),
abundância de disperores de sementes, ou tempo ideal de germinação para o estágio de frutificação
(Smythe, 1970;Primack, 1987). Sazonalidade de insetos herbívoros, intimamente relacionada à
sazonalidade ambiental, pode também moldar fenologia, principalmente ao brotamento de folhas,
em florestas tropicais (Aide, 1988). Assim, fenologias vegetativas e reprodutivas podem estar
relacionadas a diferentes fatores.
Nesta folha, descrevemos os padrões fenológicos de florescimento e frutificação de espécies
zoocóricas em uma floresta subtropical da Argentina central, com relação às hipóteses “externa” e
“endógena”. A hipótese “externa” envolve luz e chuva como fatores ambientais, e ela prediz que, a
não ser que haja limitação de água, a fenologia, principalmente os estágios de foliação e floresci-
mento, deverá começar a atingir seu ponto máximo durante o período de insolação máxima (van
Schaik et al., 1993), ou, abaixo da limitação de água, durante o fim dá época de seca (Opler et al.,
1976, 1980). A hipótese endógena afirma que a intensidade e duração dos estágios fenológicos,
como fatos dependentes mais diretamente dos traços fisiológicos das espécies e indivíduos do que
de variáveis climáticas, irão mostrar uma ampla variação intra e interespecífica, especialmente em
biomas secos (Borchert, 1991).
Ambas hipóteses foram citadas seguindo duas abordagens, com os valores médios das espécies
considerados como pontos de informação independente, e removendo efeitos filogenéticos (Harvey
& Pagel, 1991).
É importante distinguir fatores próximos que provocam certo evento fenológico de fatores funda-
mentais que foram selecionados para um momento particular (van Schaik et al., 1993). Por exem-
plo, a influência dos padrões de precipitação na umidade do solo e das condições de água arbórea
foi considerada um fator próximo que acarreta a fenologia (Reich, 1994). Nesta folha, fatores pró-
ximos não estão diretamente citados.
Materiais e métodos
Local de estudo
Espécies de estudo
Colhimento de informações
(QUADRO)
registro fenológico, o número de BU, FL1, FL2, FR1 e FR2 abortados (não bem desenvolvi-
dos) e predados por insetos (apresentando perfurações) foi registrado em cada ramo. A den-
sidade do fluxo de fóton fotosintético (PPFD, μmol m-² s-¹) foi medido com um Fotômetro
Licor (censor quantum LI-190SB) no nível do solo em dez pontos escolhidos aleatoriamente
em cada ponto fenológico de amostra entre 11:00 e 13:00h. Mensalmente chuvas foram
registradas próximas aos pontos de amostra.
Análise de informações
As datas dos estágios fenológicos iniciais, culminantes e finais foram expressos à medida
que os dias acumulavam-se desde o começo da mostra fenológica (1 de Outubro de 1995). A
duração dos estágios fenológicos foi calculada subtraindo a data de início pela data de térmi-
no.
Para a análise de informações, duas abordagens foram utilizadas, com a média dos valores
das espécies considerada como pontos de informação, e removendo efeitos filogenéticos por
meio da análise de contrastes independentes (Felsestein, 1985; Harvey & Pagel, 1991;
Harvey & Purvis, 1991). O programa de computador CAIC (Purvis & Rambaud, 1995) em
sua versão para PC (http://www.shef.ac.uk/~nuocpe/ucp) foi utilizado. Para um traço
contínuo escolhido, uma diferença (contraste) é calculada em cada nó filo filogenético, de
forma que todos os contrastes são independentes de, e comparáveis com, os outros. A relação
entre duas variáveis contínuas é então avaliada por regressão forçada através da origem
(Purvis & Rambaud, 1995). Após empregar diferentes contrastes, os graus de liberdade para
regressão foram reduzidos por um. As informações foram transformadas para logaritmo deci-
mal no primeiro passo da análise (Harvey, 1982). O arranjo filogenético das espécies está
apresentado está apresentado no Quadro 1. A árvore filogenética foi baseada na árvore
baseada em moléculas construída por Dodd et al. (1999) para espécies angiospermas. Para a
análise do CAIC, os comprimentos dos ramos foram estabelecidos por falha como possuindo
o mesmo comprimento (Purvis & Rambaud, 1995).
Com relação à “hipótese externa”, a variação temporal dos estágios fenológicos foi cor-
relacionados com variáveis ambientais (PPFD e chuva). Cada data das espécies fenológicas e
correspondente valor médio de PPFD e precipitação foram utilizados nas correlações. Para a
“hipótese endógena”, os momentos de início e de ponto mais elevado de cada estágio fenoló-
gico e abundância (como medida de intensidade de estágio) foram comparados utilizando
correlações.
Resultados
Variáveis ambientais
Padrões temporais
As datas médias de iniciação, auge, e duração dos estágios fenológicos para cada espécie
estão mostradas no Quadro 2. Para esclarecimento, apenas as datas de início para FL1 e FR1,
e datas de ponto máximo
(Quadro 2)
para FL2 e FR2 estão mostradas. A maioria das espécies começou os estágios de floresci-
mento e frutificação durante o período máximo de PPFD, coincidentemente com o fim a
época de seca (Quadro 2 e Fig. 3), e imediatamente depois ou ao mesmo tempo do
brotamento das folhas (Quadro 1). Como exceções, Celtis pallida começou a frutificar com
o período máximo de chuva, e Ligaria Cuneifolia fez o mesmo coincidindo com o período
máximo de PPFD (Quadro 2). As datas de auges mostraram uma tendência similar, exceto
para FR2, que ocorreu para quatro espécies perto do início das chuvas, e próxima ao auge de
PPFD para o resto das espécies. As durações dos estágios fenológicos (gema, flo-rescimento
e frutificação) foram similares para Zizyphus mistol, Castela coccínea e Ximenia americana.
O estágio de gema durou mais dias do que os outros dois estágios para C. pallida e L.
cuneifolia, e o estágio de frutificação foi mais longo para o resto das espécies (Quadro2).
Utilizando as médias das espécies, iníco, ponto máximo e duração dos estágios fenológicos
estavam, em geral, altamente correlacionados com a PPFD e a chuva (Quadro 3). Quando
contrastes independentes foram utilizados, o mesmo padrão geral foi constatado, embora as
datas de início de ambos os estágios frutíferos e a data do estágio de auge de FR1 não
estivessem correlacionadas com a PPFD (Quadro 3).
Padrões de abundância
Quadro 2. Início, auge e duração (em dias desde o começo da mostra fenológica, 29/10/95)
dos estágios fenológicos reprodutivos para estudo das espécies. Apenas o início de FL1 e
FR1, e auge de FL1 e FR2 estão mostrados. BU =gemas de flores, FL1 =flores receptivas,
FR1 =frutos imaturos, FR2 =frutos maduros.
(Quadro)
(QUADRO)
(OBS: Iniciation = início; Species average = média das espécies; Independent contrasts =
contrastes independentes; Precipitation = Precipitação).
Discussão
Hipótese externa
Os padrões fenológicos absolutos registrados para árvores e arbustos da Chaco Seca são
consistentes sem nenhuma previsão de que a produção de folhas e flores deveria começar e
atingir seu auge durante o período de insolação máxima. Como constado originalmente por
Wright & van Schaik (1994), a hipótese cita a irradiação solar como um fator seletivo para
fenologia em habitats secos apenas para espécies tolerantes à seca. Em Wright & van Schaik
(1994), a tolerância à seca é determinada avaliando a profundidade das raízes das espécies de
árvores. Deduziu-se que espécies com raízes superficiais (menos de 1.5 m) são sensíveis à
seca, e espécies com raízes mais profundas são mais tolerantes à seca. Na área de amostra da
Chaco Seca, as espécies de árvores e arbustos estudadas não são capazes de alcançar os
lençóis freáticos durante a época de seca, porque os mesmos estão localizados bem mais
abaixo da profundidade máxima das raízes (Páez, 2000). Que essas espécies sofrem tensão da
água durante o período de seca do inverno é bastante provável considerando que a umidade
do solo (medida como porcentagem do conteúdo da água do solo) segue um padrão seme-
lhante ao padrão de precipitação, atingindo sua proporção mínima em Setembro, e sua máxi-
ma em Janeiro (Páez & Marco, 2000). Essas espécies apresentam características de tolerância
à seca, como pequenas e esclerófilas folhas, deciduidade como um típico padrão de
revestimento de folhas (Medina, 1983). A relação entre chuvas e deciduidade em florestas
tropicais é especialmente clara. À medida que as chuvas anuais diminuem, ou que os
períodos de seca aumentam, a percentagem de espécies decíduas aumentam nas florestas
tropicais (Murphy & Lugo, 1986). Em florestas secas da Costa Rica, por exemplo, 75% de
todas as árvores são decíduas (Frankie et al., 1974). Na floresta Chaco Seca estudada, 87%
das espécies de árvores e arbustos sofrem de perda de folhas durante o período de seca no
inverno (Páez, 2000).
Na Chaco Seca, os padrões sazonais de irradiação solar e chuva estão correlacionados. A
diminuição na radiação fotossinteticamente ativa ocorre durante o inverno, o período de seca
(FIGURA)
(valores de PPFD estão próximos e até caem abaixo de 400 μmol m-² s-¹ em Junho e Julho,
Páez, 2000; Páez &Marco 2000), mas a época de chuva não envolve um incremento na
cobertura de nuvens do dia assim como em muitas florestas tropicais (Wright & van Schaik,
1994). Dessa forma, não é surpreendente que o padrão fenológico observado correlacionou-
se bem também com precipitação durante o crescimento da estação. Em florestas como
Chaco Seca, então, a importância da irradiação (Wright & van Schaik, 1994), e da tensão da
água (Jazen, 1976; Frankie et al.,
(FIGURA)
(Buds = gemas ou botões; Flowers = flores; Fruits = frutas)
Figura 4. Percentagem de gemas de flores abortadas (Ab) e predadas por insetos (Pred),
flores e frutos de espécies de estudo durante o período de amostra (Outubro 1995 – Junho
1996). Com = Condalia microphylla, Mãe = Maytenus espinosa, Cac = Castela coccínea,
Zim = Zizyphus mistol, Aça = Acacia aroma, Xia = Ximenia americana, Cep = Celtis
pallida, Lic = Ligaria cuneifolia .
1974; Opler et al., 1976, 1980), como fatores seletores para o momento de eventos fenoló-
gicos está interligada. Nessas florestas, poderia haver um efeito sinergístico das duas
principais variáveis ambientais postuladas para florestas tropicais secas. Isso poderia explicar
o padrão geral de ruborização de folhas e florescimento encontrados, onde o florescimento
ocorre imediatamente após ou simultaneamente com expansão das folhas. Folhas jovens que
acabaram de se expandir são mais eficientes na fotossíntese (van Schaik et al.,1993); dessa
forma, brotamentos com disponibilidade de água e auges de irradiação garantem aquisição de
carbono em quantidades adequadas para auxiliar no próximo estágio de flores-mento.
Os padrões de florescimento encontrados relacionados à irradiação solar e precipitação não
mudaram quando o efeito de filogenia foi controlado na análise. Isso pode ser explicado por
duas hipóteses complementares, uma relacionada às rápidas mudanças evolutivas que occor-
rem em áreas sujeitas à seca (Stebbins, 1952), e a outra relacionada à origem e permanência
da flora na zona árida (Solbrig, 1976; Romero, 1978). Após o aumento da Cordilheira dos
Andes no Terciário, a sombra de chuva formada determinou uma aridização relativamente
rápida e forte nas áreas a leste da corrente montanhosa (Axelrod, 1967), dessa forma favore-
cendo uma rápida evolução nos padrões de florescimento com relação a um rápido e concen-
trado início de flores (Shreve, 1942). A segunda hipótese está relacionada com o fato de que
durante o Terciário havia uma tendência geral com relação a precipitação reduzida e abran-
gência aumentada e temperaturas extremas (Alxerod, 1967). Isso significa que as condições
áridas na área das florestas Chaco começaram mesmo antes do aumento dos Andes, e foram
então, melhorados por isso. Com algumas diferenças, Solbrig (1976), e Romero (1978), pos-
tularam a existência de uma floresta tropical decídua ou semidecídua com espécies xerofíti-
cas na área ocupada presentemente pela Chaco Seca antes do aumento dos Andes. As duas
hipóteses permitem explicar a carência de desenvolvimentos filogenéticos detectada quando
a fenologia é considerada em relação às variáveis ambientais. A ligeira proporção evolutiva
junta a longa permanência da flora em condições áridas pode ter dificultado a existência de
desenvolvimentos filogenéticos anteriores nos padrões de florescimento na flora local.
(QUADRO)
Hipótese endógena
A ideia derivada da hipótese “endógena” (Borchert, 1991) de que haverá apenas fracas
correlações entre início, auge, e duração de cada estágio fenológico e abundância das gemas
de flores, flores e frutos não foi sustentada quando as espécies estudadas foram comparadas
sem remover os efeitos filogenéticos. Porém, quando controlados os efeitos filogenéticos, a
ideia adequou-se a todas as correlações exceto à relação entre a duração da frutificação e a
abundância da frutificação. Isto significa que quando o arranjo interno do padrão fenológico
das espécies foi considerado ao invés dos efeitos de qualquer variável ambiental, o efeito do
parentesco filogenético foi tão forte que se omitiu a relação entre a intensidade dos estágios
fenológicos e seus momentos. Na maioria das espécies de árvores são induzidas e abertas em
estágios específicos da espécie no desenvolvimento da árvore e a periodicidade vegetativa e
de florescimento é acarretada por mudanças climáticas (Borchert, 1983, 1991).
Por exemplo, nesse estudo iniciar o florescimento mais cedo na estação não resultou em
uma produção de flores mais abundante nessas espécies. Florescer cedo e produzir mais
flores poderiam representar uma vantagem para espécies que compartilham polinizadores,
como foi postulado por alguns autores (Stiles, 1977; Rathcke & Lacey, 1985). O período de
florescimento e produção de frutos estão relacionados de forma complexa. Arquitetura de
inflorescência é um forte traço filogeneticamente determinado (Wyatt, 1982) que pode
determinar a seqüência de brotamento para florescimento. Por exemplo, por causa que deter-
minadas inflorescências como cimeiras antecipam as gemas terminais de um broto de planta,
a seqüência comum será a ocorrência de florescimento depois do brotamento de folhas, um
padrão comum em árvores tropicais de famílias de Anacardiaceae e Simaroubaceae
(Borchert, 1992). Esses são os tipos de inflorescência e padrões de brotamento de folhas
mostrados pela maioria das espécies estudadas nesta folha, onde as únicas espécies que
floresceram antes da expansão de folhas foram as Acacia aroma, que produz capitula, uma
inflorescência indeterminada. Esse ponto de vista está em acordo com a explicação ecológica
para os padrões de brotamento de folhas dados acima (ver Hipótese externa).
Arquitetura de inflorescência é também importante na determinação do número de frutos
produzidos, através do acesso do fruto aos recursos da planta e riscos de aborto (Wyatt,
1982). Os níveis de aborto, principalmente de gemas de flores e flores, foram altos em
algumas das espécies estudadas, e em geral houve uma razão fruto/flor. Espécies monóicas,
em geral, produzem flores em “excesso”, e tem uma menor razão fruto/flor comparadas com
espécies andromonóicas e dióicas (Sutherland, 1986). As únicas espécies dióicas estudadas,
Castela coccínea, mostraram uma razão fruto/flor relativamente alta comparada ao resto das
espécies, que são monóicas e andromonóicas.
As únicas correlações que permanecem significantes depois de controle de efeitos
filogenéticos correspondem aos estágios de frutificação. A duração da frutificação
correlacionou-se com a produção total de frutos, independente do parentesco das espécies. Já
que a data de início do fruto não influenciou a abundância da fruta, então a data de término
da frutificação pode ter principalmente influenciado a produção de frutos. Espécies que
prolongaram a frutificação até próximo ao final da estação molhada produziram
significantemente mais frutos que as espécies que terminavam o período de frutificação mais
cedo. A duração do tempo de maturação dos frutos está positivamente correlacionada com o
custo da produção de frutos (Herrera, 1981). Todas as espécies estudadas possuem frutos
onerosos e mericárpicos. Dessa forma, um longo período de frutificação durante a estação
molhada poderia garantir que mais frutos se desenvolvessem e atingissem a maturidade por
evitar o aborto do fruto.
Explicações alternativas
Explicações bióticas alternativas para as hipóteses citadas, como competência para poliniza-
dores (Rathcke & Lacey, 1985), abundância de dispersores de sementes (Smythe, 1970), ou
tempo ideal de germinação de sementes (Primack, 1987) não foram ainda conclusivamente
provadas (van Schaik et al., 1993). Uma hipótese biótica que possui um melhor respaldo é a
ideia de que atividade fenológica é condicionada por atividade predatória de insetos (Aide,
1988). A avaliação dessas hipóteses é difícil em florestas onde o auge de atividade insetífora,
chuva e irradiação concidem, como na floresta Chaco Seca estudada, a não ser que exausti-
vos experimentos de campo envolvendo exclusão de insetos sejam realizadas. Embora infor-
mações sobre o período de atividade insetífora seja escasso para a floresta Chaco, sabe-se
que predação insetífora de frutos em Larrea divaricata ocorreu durante a estação molhada e
apenas no habitat mais molhado da floresta Chaco Seca estudada (Marco et al., 2000), forta-
lecendo a ideia de que atividade insetífora é limitada pelas chuvas. Todas as espécies de
plantas com folhas sofrem intensa herbivoria por formigas devoradoras de folhas, e há altos
níveis de ataques de besouros prédispersores em Acacia aroma e outros frutos leguminosos
na Chaco Seca (Aizen & Feinsinger, 1994). Sendo assim, a hipótese de predação de insetos
não pode ser descartada como uma explicação alternativa para padrões fenológicos na fores-
ta Chaco Seca. Como nota de precaução, é importante lembrar que a variação de ano para
ano na fenologia não foi considerada neste estudo. Até que extensão os padrões fenológicos
na floresta Chaco Seca podem ser condicionados por variabilidade climática, particularmente
nas chuvas, poderia apenas ser avaliado com estudos de longo prazo, já que em ambientes
áridos acontecimentos de larga escala, como El Niño, podem ser determinantes duradouros
das dinâmicas comunitárias (Polis et al., 1997).
Conclusões
As duas hipóteses citadas nesta folha são bastante complementarias. Fortes restrições ambi-
entais condicionaram padrões gerais de florescimento em espécies de árvores e arbustos da
Chaco Seca com características de espécies endógenas agindo secundariamente. Padrões filo-
genéticos foram também omitidos por variáveis climáticas. Quando se considerando a feno-
logia de frutificação, porém, a filogenia, representando um conjunto de traços compartilhados
de espécies, predominou sobre as restrições ambientais. Já que plantas que compartilham dis-
persores de frutos, como no caso das espécies estudadas, são intimamente relacionadas filo-
geneticamente, a perspectiva filogenética é então essencial para entender padrões fenológicos
de conjuntos de plantas em florestas tropicais.