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Este documento descreve o desenvolvimento de formulações cosméticas a partir do extrato aquoso de Eugenia uniflora. Inicialmente, foi realizada a identificação da planta e extraído o extrato aquoso de suas folhas. Em seguida, realizou-se o controle de qualidade da droga vegetal e do extrato, verificando a presença de taninos. Por fim, foram desenvolvidas duas formulações cosméticas - uma solução tônica facial e um xampu anti-resíduos - utilizando a ação adstringente dos taninos.
Este documento descreve o desenvolvimento de formulações cosméticas a partir do extrato aquoso de Eugenia uniflora. Inicialmente, foi realizada a identificação da planta e extraído o extrato aquoso de suas folhas. Em seguida, realizou-se o controle de qualidade da droga vegetal e do extrato, verificando a presença de taninos. Por fim, foram desenvolvidas duas formulações cosméticas - uma solução tônica facial e um xampu anti-resíduos - utilizando a ação adstringente dos taninos.
Este documento descreve o desenvolvimento de formulações cosméticas a partir do extrato aquoso de Eugenia uniflora. Inicialmente, foi realizada a identificação da planta e extraído o extrato aquoso de suas folhas. Em seguida, realizou-se o controle de qualidade da droga vegetal e do extrato, verificando a presença de taninos. Por fim, foram desenvolvidas duas formulações cosméticas - uma solução tônica facial e um xampu anti-resíduos - utilizando a ação adstringente dos taninos.
DESENVOLVIMENTO DE FORMULAES COSMTICAS A PARTIR DO
EXTRATO AQUOSO DE Eugenia uniflora
Lauren Zauza de Oliveira* 1 ; Ronaldo A. Wasum 2 ; Kellen C. B. de Souza 3 ; Valria W. Angeli 2 ; Melissa Schwanz 2
1 Aluna do Curso de Farmcia da Universidade de Caxias do Sul/UCS 2 Docente do Curso de Farmcia da Universidade de Caxias do Sul/UCS 3 Docente da Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre/UFCSPA
Resumo: Eugenia uniflora popularmente conhecida como pitangueira, pertencente famlia Myrtaceae, encontrada em toda Amrica do Sul em uma rea que vai do Mxico Argentina, Uruguai e Brasil. Esta espcie vegetal possui as folhas como farmacgeno. O objetivo deste trabalho foi obter e analisar a droga vegetal e o extrato aquoso de E. uniflora a fim de desenvolver formulaes de uso cosmtico. Para isso foram realizados ensaios de identificao e controle de qualidade da droga vegetal e do extrato. A partir dos ensaios realizados, verificou-se a presena de flavonoides e taninos na droga vegetal. Taninos foi o marcador escolhido para dar seguimento ao trabalho, por possuir ao adstringente, que pode ser aplicada em diversos tipos de cosmticos. Os resultados de controle de qualidade da droga vegetal e do extrato foram satisfatrios, entretanto o teor de umidade presente na droga vegetal extrapolou os limites preconizados em literatura. Foram propostas duas formulaes, uma soluo tnica facial e um xampu anti-resduos, ambos utilizando da ao adstringente dos taninos presentes no extrato. Depois de desenvolvidas, as formulaes foram avaliadas quanto ao pH e as caractersticas organolpticas e ambas apresentaram caractersticas ideais para uso. Entretanto, estudos de estabilidade so necessrios para o desenvolvimento de formulaes cosmticas de qualidade.
______________________________________________________________________________________________ *Correspondncia: Lauren Zauza de Oliveira, Universidade de Caxias do Sul Centro de Cincias da Sade. Rua Francisco Getlio Vargas, 1130. CEP: 95070-560 Caxias do Sul RS, Brasil. E-mail: laurenzauza@hotmail.com
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1. INTRODUO
Eugenia uniflora uma espcie vegetal pertencente famlia Myrtaceae e ao gnero Eugenia. uma rvore originria do Brasil, popularmente conhecida como pitangueira e distribuda em toda Amrica do Sul em uma rea que vai do Mxico Argentina e Uruguai e parece ser bem distribuda no territrio brasileiro, sendo mais abundante a partir do sudeste em direo ao sul (Adebajo, Olorek & Aladesanmi, 1989; Vizzotto, 2006) A pitanga uma espcie muito empregada na medicina popular e vrios efeitos teraputicos tm sido atribudos s suas folhas. As atividades teraputicas mais estudadas e com efeitos j comprovados so: Antimicrobiana, antioxidante e atividade diurtica - anti-hipertensiva (Alonso, 2007). Em estudos investigando os constituintes fenlicos de suas folhas foram encontrados os flavonoides miricetina e quercetina, e o cido glico e taninos hidrolisveis (elagitaninos) (Wazllawik et al.apud Serafin, 2006). Auricchio e Bacchi, (2003) relataram a presena de eugeniflorina D1 (C 75 H 52 O 48 ) e eugeniflorina D2 (C 68 H 48 O 45 ), dois taninos macrocclicos hidrolisveis. As aplicaes de medicamentos com taninos esto relacionadas principalmente, com suas propriedades adstringentes. A maior parte das propriedades biolgicas, dentre elas, cicatrizante de feridas e queimaduras, em casos de lcera gstrica e a ao bactericida e fungicida, se deve ao poder que possuem de formar complexos com ons metlicos e macromolculas, especialmente proticas (Monteiro et al., 2005). Consideram-se extratos lquidos, todos aqueles produtos obtidos a partir de matrias-primas vegetais, atravs de metodologias de extrao ou dissoluo, com o objetivo de retirar, com maior ou menor especificidade, determinados componentes. (Simes et al., 2004). A relao de solventes e misturas desses relatada na literatura para extrao de taninos relativamente ampla (Harvey, 2001), entretanto, muitos destes extratos empregam solventes orgnicos (acetona, diclorometano, hexano, metanol) na extrao dos metablitos, tornando-se assim um fator limitante no uso destes pela indstria farmacutica e cosmtica uma vez que agregam custo e toxicidade residual ao produto final. 3
As loes tnicas finalizam a higiene, proporcionam cuidado cosmtico, promovem o fechamento dos poros e o ajuste do pH (Gomes & Damazio, 2009). Os xampus anti-resduos ou de limpeza profunda tm como objetivo retirar a oleosidade e os resduos deixados por outros produtos capilares, podendo utilizar substncias adstringentes como auxiliares dessa funo (Gomes, 1999). Neste contexto, o objetivo deste trabalho que foi iniciado com a identificao botnica da espcie, partindo para prospeco fitoqumica, bem como o controle de qualidade da droga e do extrato vegetal, o desenvolvimento de formulaes cosmticas a partir do extrato aquoso de E. uniflora.
2. METODOLOGIA
2.1 Obteno e identificao da espcie vegetal As folhas de E. uniflora foram coletadas em Bento Gonalves, RS, no ms de abril de 2011 e logo aps foi realizada a identificao botnica da espcie pelo Prof. Ronaldo Wasum da Universidade de Caxias do Sul.
2.2 Obteno da droga vegetal e Prospeco fitoqumica O material vegetal foi seco em estufa (Fisaton), por aproximadamente 7 dias, a temperatura de 50 C. Em seguida, realizou-se o processo de moagem das folhas em moinho de facas (Tecnal). Realizou-se ento a prospeco fitoqumica para a identificao dos compostos: Taninos, alcaloides, cumarinas, quinonas, flavonoides, metilxantinas e saponinas.
2.3 Controle de qualidade da droga vegetal
2.3.1 Cromatografia em camada delgada A cromatografia em camada delgada para a identificao de taninos presentes na droga vegetal foi realizada conforme monografia da espcie Eugenia uniflora, descrita na Farmacopeia Brasileira V (2010), utilizando como padres catequina, epicatequina e cido glico.
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2.3.2 Ensaios de pureza A determinao do material estranho foi realizada conforme o mtodo descrito na Farmacopeia Brasileira V (2010). As determinaes de gua e cinzas totais foram realizadas em triplicata pelo mtodo gravimtrico, tambm conforme descrito na Farmacopeia Brasileira V (2010).
2.3.3 Doseamento de Taninos O doseamento de taninos totais foi realizado conforme descrito na monografia da espcie Eugenia uniflora presente na Farmacopeia Brasileira V (2010). O procedimento foi realizado em triplicata, e as absorbncias medidas em comprimento de onda de 760 nm com auxlio de espectrofotmetro (Genesys 5).
2.4 Preparao do extrato O extrato aquoso de E. uniflora foi obtido atravs de macerao. Utilizou-se 10 g da droga vegetal seca e moda, acrescentou-se sobre ela 100 mL de gua destilada. Durante 7 dias agitou-se ocasionalmente. Aps o perodo o extrato foi filtrado sob presso reduzida.
2.5 Controle de qualidade do extrato vegetal
2.5.1 Cromatografia em camada delgada A cromatografia em camada delgada do extrato vegetal foi realizada conforme descrito na Farmacopeia Brasileira V (2010), utilizando como padres catequina, epicatequina e cido glico.
2.5.2 Ensaios de pureza A determinao do pH foi realizada com o auxlio de um potencimetro (Denver Instrument) calibrado. Quanto determinao do resduo seco foi realizada pelo Mtodo Gravimtrico, e a determinao da densidade relativa foi realizada atravs do Mtodo do Picnmetro. Todas as determinaes foram feitas em triplicata e conforme descrito na Farmacopeia Brasileira V (2010).
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2.5.3 Doseamento de Taninos Neste ensaio utilizou-se o extrato vegetal como amostra. O procedimento foi realizado em triplicata e as absorbncias medidas em comprimento de onda de 760 nm com auxlio de espectrofotmetro, conforme descrito na Farmacopeia Brasileira V (2010).
2.6 Propostas de formulao Depois de realizado o controle de qualidade da droga vegetal, bem como o do extrato aquoso de E. uniflora foram realizados testes em bancada para elaborao de duas formulaes, sendo elas, uma soluo tnica facial e um xampu anti-resduos. Aps, foram realizados testes para avaliar as caractersticas organolpticas das formulaes, entre eles, aspecto, cor e odor. Alm disso, foi determinado o pH final das formulaes.
3. RESULTADOS E DISCUSSO
A espcie vegetal estudada foi identificada como Eugenia uniflora, pertencente famlia Myrtaceae e ao gnero Eugenia. A droga vegetal, obtida das folhas desta planta, apresentou-se sob a forma de p com colorao verde e odor caracterstico. De acordo com a tabela 1, verificou-se na prospeco fitoqumica da droga vegetal, a presena de flavonoides (flavonas, flavonois, flavanonas, chalconas, isoflavonas e agliconas flavonodicas) e taninos hidrolisveis. Em estudos realizados a respeito da constituio qumica, foram isolados na frao de acetato de etila das folhas os flavonoides miricetina e quercetina, e o cido glico. Em relao a frao aquosa, foi possvel caracterizar taninos hidrolisveis (elagitaninos) (Wazllawik et al.apud Serafin, 2006).
TABELA 1. Prospeco fitoqumica da droga vegetal de E. uniflora. Metablito Resultado Alcalides Negativo Cumarinas Negativo Flavonoides Positivo Saponinas Negativo Metilxantinas Negativo 6
Taninos Positivo Quinonas Negativo
Na preparao do extrato aquoso de E. uniflora foi utilizado como solvente seletivo a gua, devido aos taninos se solubilizarem neste solvente. E o mtodo de extrao utilizado foi macerao por ser um mtodo extrativo para drogas com substncias ativas termolbeis, como o caso dos taninos (Simes et al., 2004). A cromatografia em camada delgada (CCD) constitui um processo fsico- qumico de separao dos constituintes de uma mistura, muito til na anlise de produtos vegetais (Simes et al., 2004). A CCD da droga vegetal possibilitou a separao e identificao dos taninos. Enquanto que a do extrato possibilitou analisar quais compostos foram extrados atravs do mtodo proposto. Os resultados podem ser visualizados na tabela 2. TABELA 2. Valores do fator de reteno (Rf) e colorao das manchas da amostra e padres obtidos atravs da CCD da droga vegetal e extrato aquoso de E. uniflora.
Manchas observadas Rf Cor D r o g a
v e g e t a l
Amostra Amostra
0,85 Lils 0,81 Cinza azulado 0,78 Lils claro 0,65 0,62 Verde claro Lils 0,55 Castanho esverdeado Catequina 0,82 Cinza azulado cido glico 0,85 Lils E x t r a t o
Dentre as manchas observou-se que a de Rf: 0,85 de colorao lils identifica-se com a mancha produzida pelo padro cido glico (Rf: 0,85 e cor lils), sugerindo a presena desse composto na droga vegetal. O mesmo comportamento foi observado para o extrato, porm as manchas da amostra e do padro apresentaram Rf: 0,78. A mancha de Rf: 0,81 observada na CCD da droga vegetal pode-se sugerir que seja catequina ou epicatequina, pois o Rf do padro catequina (Rf: 0,82) muito prximo ao da mancha e a colorao observada (cinza azulado) caracterstica desses compostos, o mesmo ocorreu com a CCD do extrato, onde a mancha de Rf: 0,73 apresentam mesma colorao e valor de Rf dos padres catequina e epicatequina, entretanto no se pode afirmar qual dos dois metablitos , visto que o padro epicatequina no migrou na CCD da droga vegetal e as estruturas da catequina e epicatequina so ismeras no podendo ser diferenciadas por esta tcnica. Quanto ao restante das manchas observadas no identificadas pode-se sugerir que sejam metablitos caractersticos de E. uniflora, entretanto as manchas presentes na CCD do extrato vegetal mostraram-se muito semelhantes as da CCD da droga vegetal sugerindo que o mtodo de extrao foi efetivo na extrao de compostos presentes na droga vegetal. O conjunto de critrios que caracterizam uma matria-prima quanto a sua identidade, teor de ativos, pureza, eficcia e inocuidade entendido por controle de qualidade (Brasil, 2010; Simes et al., 2004). Portanto, fundamental que as matrias- primas vegetais sejam submetidas a este processo possibilitando seu emprego em produtos farmacuticos. Assim, foram aplicados testes de controle de qualidade para a droga vegetal e para o extrato aquoso obtidos da espcie vegetal E. uniflora. Os resultados destes testes apresentam-se nas tabelas 3 e 4.
TABELA 3. Resultados dos ensaios de pureza obtidos no controle de qualidade da droga vegetal E. uniflora. Ensaio realizado Mdia Desvio padro Material estranho 0,25% Teor de umidade 11,32% 5,17 Cinzas totais 4,8% 0,1
Segundo a Farmacopeia Brasileira V (2010) a droga vegetal obtida das folhas de E. uniflora deve apresentar no mximo 2% (m/m) de material estranho, 10% de 8
umidade e 11% de cinzas totais. Os resultados obtidos nas determinaes de material estranho e cinzas totais encontram-se dentro dos valores preconizados em literatura, demonstrando que droga vegetal analisada apresenta baixo teor de impurezas, entretanto o teor de umidade encontrado esta acima do limite mximo aceitvel para a espcie estudada. Com isso conclui-se que a droga vegetal apresenta alta quantidade de umidade em sua composio, sendo considerado um fator determinante para sua conservao.
TABELA 4. Resultados dos ensaios de pureza obtidos no controle de qualidade do extrato vegetal de E. uniflora. Ensaios realizados Mdia Desvio padro Determinao do pH 4,95 0 Determinao do resduo seco 1,35% 0,132 Determinao da densidade relativa 1,014 0,0311
Em relao ao pH, que um parmetro que auxilia no controle de estabilidade da soluo extrativa, assim como um sinalizador de provveis alteraes qumicas que possam estar ocorrendo no meio extrativo, este apresentou-se com valor de 4,95, caracterizando o extrato como cido. Tendo em vista que os taninos so classificados como compostos fenlicos, e que estes possuem caractersticas cidas, acredita-se que eles possam ter contribudo para o pH cido do extrato (Simes et al., 2004). Quanto determinao do resduo seco obteve-se o resultado de 1,35 %, isso caracteriza boa extrao de compostos slidos no extrato. O extrato vegetal apresentou densidade de 1,014 g/mL. A densidade obtida para o extrato foi levemente superior a da gua (1,00 g/mL) visto que, alm dela em sua composio, h tambm outros metablitos caractersticos da espcie vegetal analisada. O teor de taninos totais da droga vegetal, calculado aps doseamento, foi de 2,046%, estando abaixo do que estabelece a Farmacopeia Brasileira V (2010), que diz que a droga vegetal de E. uniflora contm no mnimo 5% de taninos. Para o extrato aquoso o teor foi de 1,45%. Observa-se a ocorrncia da extrao dos constituintes presentes na droga vegetal, porm o valor encontrado foi menor que o doseado nas folhas, o que indica que o mtodo de extrao no foi adequado para extrair os taninos presentes na droga vegetal de forma eficiente. 9
O baixo teor de taninos encontrado na droga vegetal e consequentemente no extrato pode ser atribudo a diversos fatores, como erros durante a anlise, incorreta calibrao dos equipamentos, entre outros erros analticos, ou mesmo a qualidade da matria vegetal, que por ter um alto percentual de umidade e ter sido armazenada por um longo perodo de tempo, pode ter perdido alguns de seus constituintes por processos de degradao enzimtica. O elevado teor de gua que caracteriza rgos vegetais verdes favorece a ao de enzimas, podendo acarretar a degradao dos constituintes ativos alm de possibilitar o desenvolvimento de micro-organismos (Farias, 2003). Infuso ou digesto so mtodos que poderiam ter sido utilizados como alternativa a macerao, que no se mostrou um mtodo de extrao eficiente. A gua, quando utilizada como lquido extrator a temperaturas acima de 60C capaz de romper ligaes em galotaninos dando origem a monmeros de cido glico. Quando as temperaturas so prximas de 100C, a gua tambm pode romper as ligaes ter de elagitaninos, o que resulta na liberao de cido elgico (Harvey, 2001). De acordo com Monteiro et al. (2005), as aplicaes de taninos esto relacionadas, com suas propriedades adstringentes, desta forma, por via externa impermeabilizam as camadas mais expostas da pele e mucosas, protegendo assim as camadas subjacentes. Com isso, os taninos presentes na espcie vegetal ajudam na limpeza, controlando a oleosidade e auxiliando no fechamento dos poros. Nos cabelos, os taninos promovem uma limpeza profunda, por precipitarem protenas e retirar a oleosidade. Os taninos possuem tambm outras aes sobre a pele, como ao bactericida, que auxilia no combate aos microrganismos existentes nela, e atividade antioxidante que impede a oxidao lipdica e a protege (Monteiro et al., 2005; Angelo & Jorge, 2007). As formulaes desenvolvidas a partir do extrato aquoso de E. uniflora foram uma soluo tnica de limpeza facial e um xampu anti-resduos. As solues tnicas finalizam a higiene, proporcionam cuidado cosmtico, promovem o fechamento dos poros e o ajuste do pH. Sabonetes e detergentes so em sua maioria produtos alcalinos, que desregulam o pH levemente cido da pele, o uso de solues tnicas favorece a reduo da acidez cutnea. A soluo tnica adstringente especfica para peles oleosas ou acnicas. 10
Resduos deixados por xampus e outros produtos capilares podem causar efeitos indesejveis, como a perda de balano e brilho dos cabelos. O papel dos xampus anti- resduos limpar profundamente os cabelos retirando esses resduos, por isso possuem uma maior quantidade de tensoativos e muito pouco ou nenhum agente condicionante. Podem conter tambm substncias de carter adstringente com o objetivo de controlar a oleosidade, como extratos vegetais adstringentes (Gomes & Damazio, 2009; Gomes, 1999). Os componentes da soluo tnica facial e suas respectivas concentraes encontram-se na tabela 5. TABELA 5. Formulao proposta para a soluo tnica facial contendo extrato aquoso de E. uniflora Componentes Concentrao (%) Funo Azuleno 0,03 Antiinflamatrio lcool de cereais 10,0 Veculo/Conservante lcool 96 GL 5,0 Veculo/Conservante Extrato aquoso de Eugenia uniflora 8,0 Adstringente/Antioxidante/ Antimicrobiano Glicerina 2,0 Umectante Lauril ter sulfo succinato de sdio 0,1 Tensoativo Propilenoglicol 2,0 Umectante gua destilada q.s.p. 100 Veculo (Batistuzzo et al., 2002; Santi, 2003). Os componentes do xampu anti-resduos e suas respectivas concentraes encontram-se na tabela 6.
TABELA 6. Formulao proposta para o xampu anti-resduos contendo extrato aquoso de E. uniflora. Componentes Concentrao (%) Funo Lauril ter sulfato de sdio 30 Tensoativo Lauril Poliglicosdeo 6 Co-tensoativo Cocamidopropil betaina 3 Estabilizador de espuma Metilparabeno 0,2 Conservante 11
Propilparabeno 0,1 Conservante EDTA 0,1 Quelante Extrato aquoso de Eugenia uniflora 8 Adstringente/Antioxidante Essncia qs Odor Cloreto de sdio qs Espessante gua destilada qsp 100g Veculo (Batistuzzo et al., 2002; Santi, 2003). As caractersticas organolpticas apresentadas pela soluo tnica foram odor caracterstico de lcool, pois apresenta certa concentrao deste em sua composio e colorao azulada devido ao azuleno. Apresentou-se lmpida e sem grumos. Quanto ao xampu, apresentou leve odor caracterstico de pitanga, devido essncia adicionada, transparncia com leve colorao amarelada referente ao extrato de E. uniflora apresentou-se homogneo, sem grumos e com viscosidade adequada. O pH das duas formulaes foram medidos em triplicata em potencimetro. Foi obtido para a soluo o valor de 5,21 0,015, e para o xampu foi obtido o valor de 7,18 0,020. Segundo Gomes & Damazio (2009), o pH da pele normal situa-se entre 4,5 e 6. Sendo assim, conclui-se que o pH da soluo tnica est adequado. Para Gomes (1999), o pH natural para a queratina do cabelo, que faz com que as cutculas fiquem planas e alinhadas em torno de 4. Xampus mais alcalinos, que apresentam pH acima de 7, abrem as escamas, fazendo assim uma limpeza mais profunda nos fios, portanto o pH do xampu formulado est adequado para o seu propsito.
4. CONCLUSO
De acordo com os resultados obtidos neste estudo, conclui-se que a partir da droga vegetal E. uniflora foi possvel obter um extrato com a presena de taninos, que possuem atividade adstringente e propor duas formulaes, uma soluo tnica facial e um xampu anti-resduos que apresentaram caractersticas organolpticas e de pH desejadas. Ambas as formulaes tiveram resultado satisfatrio, entretanto, a formulao considerada mais adequada foi o xampu anti-resduos, por apresentar boa aparncia, sendo transparente e lmpido, com boa viscosidade e odor agradvel, alm de ser um produto que atualmente desperta interesse, visto a quantidade de outros produtos 12
que so utilizados nos cabelos e deixam resduos que muitas vezes prejudicam sua sade, o que leva a acreditar que essa formulao tenha maior aceitao por parte dos consumidores. Entretanto, estudos adicionais so imprescindveis para avaliar a eficcia, segurana e estabilidade das formulaes para o desenvolvimento de um cosmtico de qualidade.
Abstract: Eugenia uniflora is popularly known as Surinam cherry, belonging to the family Myrtaceae, is found throughout South America in an area that goes from Mexico to Argentina, Uruguay and Brazil. This plant species has leaves as pharmacogenomics. The purpose of this study was to obtain and analyze the plant drug and aqueous extract of E. uniflora to develop formulations for cosmetic use. For this, were performed tests to identification and quality control of drugs and plant extract. From the tests, it was observed the presence of tannins and flavonoids in plant drug. Tannins marker was chosen to continue the work, for having astringent properties, which can be applied in various types of cosmetics. The results of the quality control of drugs and plant extract were satisfactory, however the moisture content present in the plant drug pushed the limits recommended in the literature. Two formulations were proposed, a solution tonic facial and a shampoo anti-residue, both using the astringent action of tannins in the extract. Once developed, the formulations were evaluated for pH and organoleptic characteristics, and both showed ideal characteristics for use. However, stability studies are required for the development of cosmetic formulations of quality.
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