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PARASITOSES INTESTINAIS

INTESTINAL PARASITOSIS

MARIA DO CARMO BARROS DE MELO*; VALÉRIA GERALDA QUINTINO KLEM**; JOAQUIM ANTONIO CÉSAR MOTA***; FRANCISCO JOSÉ PENNA****

RESUMO cóides ou imunossupressores. Nos quadros leves as


As parasitoses intestinais são motivo comum de procura ao pedia- manifestações são inespecíficas: anorexia, irritabilidade,
tra. O quadro clínico é variável. Os pais sempre relacionam várias distúrbios do sono, vômitos ocasionais, náuseas, diar-
queixas inespecíficas a este quadro. O assunto é de interesse dos réia. “Manchas de pele” e “ranger de dentes” são relacio-
profissionais da área de saúde, assim como dos gestores da
saúde, pois existem áreas endêmicas em nosso País e a infecção nados popularmente com parasitoses intestinais, sem no
pode agravar ou desencadear quadros de desnutrição e anemia. entanto, haver confirmação científica. Crianças desnu-
Uma preocupação é a sua ocorrência em pacientes com doenças tridas podem apresentar anemia (ancilostomíase), hepa-
imunossupressoras ou em uso de medicamentos que levam à imu-
nossupressão. Parasitos que não levam à sintomatologia em imu- toesplenomegalia (esquistossomose), prolapso retal (tri-
nocompetentes podem levar a quadros graves nos pacientes. A cocefalíase), enterorragia (esquistossomose, amebíase) e
reinfecção é comum, portanto o tratamento consiste além do obstrução intestinal (ascaridíase).4
emprego de antiparasitários, em medidas de educação preventiva
e de saneamento básico. Esse artigo faz uma revisão sobre preva- As parasitoses podem favorecer o aparecimento ou
lência, formas de transmissão, manifestações clínicas, diagnóstico agravamento da desnutrição. Os mecanismos são: (1)
e tratamento. Aborda protozooses emergentes, principalmente em lesão de mucosa (giárdia, necator, estrongilóides, cocci-
imunodeprimidos e o uso de ivermectina e albendazol no trata-
mento da ascaridíase, estrongiloidíase e tricocefalíase. dios); (2) alteração do metabolismo dos sais biliares
(giárdia); (3) competição alimentar (áscaris); (4) exsuda-
Palavras-chave: parasitoses intestinais, helmintíases, ção intestinal (giárdia, estrongilóides, necator, tricocéfa-
protozooses, geoparasitoses. los); (5) favorecimento de proliferação bacteriana
(ameba); (6) sangramento (necator, tricocéfalos).4
INTRODUÇÃO É importante lembrar que, antes de se iniciar corti-
cóides ou imunossupressores, deve-se realizar exames
As infecções por parasitas intestinais representam um
para o diagnóstico de áscaris e de estrongilóides, devido
problema de saúde pública mundial, de difícil solução.
ao risco de disseminação ou migração desses parasitos.
Têm alta prevalência em nosso país, principalmente na
Em caso de urgência em iniciar o tratamento com imu-
população pobre e em crianças, devido às precárias condi-
nossupressor, deve-se administrar concomitantemente
ções de saneamento básico, habitação e educação. Estudo
antiparasitários naqueles pacientes em que existir sus-
realizado no Brasil (1988) revelou prevalência de 55,3%
peita epidemiológica, ou clínica desses parasitos.
em crianças, sendo que a maior parte era poliparasitada.1
Infecções pelos protozoários Cryptosporidium parvum,
A OMS estimou, em 1987, que mais de 900 milhões
Isospora belli, Cyclospora cayetanesis, Microsporídeos e o
de pessoas no mundo estavam parasitadas pelo Ascaris
comensal Blastocystis hominis têm sido encontrados em
lumbricoides, 900 milhões por Ancilostomideos e 500
pacientes imunocomprometidos.4,5,6,7
milhões por Trichuris trichiura.2
Os protozoários são unicelulares, capazes de multipli-
Levantamento sobre prevalência de parasitose intesti-
car-se dentro do hospedeiro. Por outro lado, os helmintos
nal em 18973 escolares (7 a 14 anos) realizado em 2002
são multicelulares e em geral não se dividem dentro do
em algumas regiões de Minas Gerais (Triângulo Mineiro,
hospedeiro humano. Essas diferenças biológicas básicas
Alto Paranaíba, Noroeste de Minas e Sul/Sudoeste) mos-
têm implicações epidemiológicas, clínicas e terapêuticas.8
trou que 82% dos escolares apresentavam exame parasito-
A forma de apresentação depende de fatores relaciona-
lógico de fezes negativo, 15% eram monoparasitários e
dos com o hospedeiro, ambiente e agente. No hospedeiro
3% poliparasitários. A prevalência de A. lumbricoides foi
de 10,3%, de T. trichiura 4,7%, de ancilostomídeos
* Professora Adjunta do Departamento de Pediatria da UFMG. Doutora e membro do Setor de
2,9%, de Enterobius vermicularis 1,2%, de H. nana 0,4% Gastroenterologia do Departamento de Pediatria da UFMG
** Pediatra. Aluna do Curso de Especialização em Gastroenterologia Pediátrica da Faculdade de
e de Taenia sp de 0,2%. As maiores prevalências por Medicina da UFMG
regiões foram de 24,2% de T. trichiurus, 18,7% de A. *** Professor Adjunto do Departamento de Pediatria da UFMG. Doutor e Membro do Setor de
Gastroenterologia do Departamento de Pediatria da UFMG
lumbricoides e 12,1% para ancilostomídeos.3 **** Professor Titular do Departamento de Pediatria da UFMG. Chefe do Setor de Gastroenterologia
do Departamento de Pediatria da UFMG
A sintomatologia é bastante variável. Os quadros
Endereço para correspondência:
graves são mais comuns em pacientes desnutridos; imu- Comitê de Gastroenterologia da Sociedade Mineira de Pediatria / Setor de Gastroenterologia
nodeprimidos; com neoplasias, portadores de doenças Pediátrica do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG
Contato para correspondência: mcbmelo@medicina.ufmg.br
do colágeno, anemia falciforme, tuberculose, esplenec- Maria do Carmo Barros de Melo – Endereço: Departamento de Pediatria/ Faculdade de Medicina
Universidade Federal de Minas Gerais – Av. Alfredo Balena, 190 Santa Efigênia – CEP: 30130-100
tomia prévia; ou naqueles em uso prolongado de corti- - Belo Horizonte - Minas Gerais

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PARASITOSES INTESTINAIS

é importante considerar: estado nutricional, idade, hábitos picamente (áscaris, oxiurus e tricocéfalus). As reações imu-
de vida, resposta do sistema imunológico e presença de nológicas do tipo ELISA ou imunofluorescência direta, rea-
doença básica concomitante. Em relação ao ambiente, con- lizadas nas fezes, apresentam elevada sensibilidade e especi-
siderar: saneamento básico deficiente, disponibilidade e ficidade (melhor que o EPF), mas ainda são pouco usadas
tratamento da água, higiene precária das pessoas e alimen- em nosso meio, devido ao custo e à maior dificuldade do
tos, contaminação do solo, água e alimentos com ovos, lar- emprego desse método rotineiramente.
vas ou cistos de parasitas. Quanto ao agente é importante
considerar a carga parasitária, o mecanismo de lesão deter- Quadro 1 - Métodos para exame parasitológico de fezes
minada pelo parasita, a sensibilidade do tratamento empre-
Método Parasitos e estágios
gado, e a localização do parasita (ex.: colangite, pancreatite
e apendicite induzida por áscaris).4,5,9 Baermann-Moraes (em fezes Larvas
recém-emitidas)
Em áreas endêmicas, os nativos apresentam menos sin-
Exame direto com fezes recém- Cistos, ovos e larvas
tomas, enquanto os viajantes que têm o primeiro contato emitidas (Hoffman, Pons e Janner) Trofozoitos (em fezes líquidas)
podem desenvolver quadros clínicos exuberantes, provavel- Faust Cistos
mente por adaptações imunológicas. Tamização Ovos (teníase)
Fita adesiva Enterobius vermicularis e teníase

DIAGNÓSTICO Zielh-Neelsen modificado Oocistos (Cripotosporidium sp.,


Isosopora belli, Ciclospora caeta-
A maioria dos parasitos não determina quadro clínico nensis, Enterocytozoon bieneusi)

característico, mas a história pode auxiliar o médico na ela- Kato-Katz S. mansoni


boração da impressão diagnóstica. A identificação do para-
* FONTE: Modificado de Neves DP et al., Parasitologia Humana, ED. Atheneu, 9 ed., 1995,
sita em fezes, sangue, tecidos e em outros líquidos do orga- p. 495

nismo determina, na maioria das vezes, o diagnóstico etio-


lógico. O exame complementar mais utilizado é o parasito-
lógico de fezes. AGENTES ETIOLÓGICOS
Para guiar o técnico do laboratório na procura pelo
parasito é importante que o médico escreva no pedido a Serão discutidos alguns aspectos dos principais helmin-
suspeita diagnóstica e solicite o exame pela técnica adequa- tos e protozoários. As doses e indicações do uso de antipa-
da para o encontro do parasita. Na colheita das fezes, o rasitários estão descritos no quadro 2 e a eficácia terapêuti-
paciente deve ser orientado a utilizar um frasco limpo e ca no quadro 3.
seco, identificá-lo, anotar o horário da colheita, e o mate- Giardíase
rial deve ser transportado imediatamente ao laboratório ou
É uma parasitose de distribuição cosmopolita. Na
então fixado e conservado em geladeira a 4° C. Os fixado-
res usados são o álcool polivilínico (para trofozoítos) e o maioria dos estados do Brasil sua prevalência supera os
formol a 10% ou MIF (mertiolato, iodo e formol) para 20% entre pré-escolares e escolares. A transmissão é fecal-
ovos ou cistos. As amostras fecais utilizadas com o MIF oral. Pode tornar-se um grave problema em instituições e
devem ser colhidas em 3 a 6 dias alternados, homogeneiza- creches pela transmissão pessoa-pessoa. Localiza-se princi-
dos nos dias da coleta, e a quantidade das fezes não deve palmente no intestino delgado (duodeno e jejuno), mas
ultrapassar a metade do volume total.4,9 pode ser encontrado em outros segmentos do intestino. A
O método a ser utilizado para a pesquisa em fezes deve G. lamblia alterna-se sob duas formas: cistos e trofozoítos.
ser escolhido conforme a suspeita diagnóstica. (Quadro 1). Os cistos excretados nas fezes, sobrevivem por várias sema-
Para exames rotineiros pode ser solicitado o parasitológico nas no ambiente, podendo ser ingeridos através de água ou
de fezes pelos métodos de sedimentação por centrifugação alimentos contaminados. No duodeno transformam-se em
ou espontânea (HPJ), o que permite a visibilização de ovos, trofozoítos, onde se multiplicam e se fixam à mucosa.5
larvas e cistos. Podem ser úteis para o diagnóstico de algu- A patogenia depende do parasita e do hospedeiro. Os
mas parasitoses o aspirado e a biópsia duodenal (Giárdia, fatores relacionados ao hospedeiro são: estado imunológico
Cryptosporidium, Isospora, Strongyloides stercoralis, S. manso- e as proteases que poderiam ativar a lectina do parasita. A
ni). A biópsia retal e a sorologia específica podem em interação da microbiota intestinal com o protozooário tam-
alguns casos auxiliar o diagnóstico de S. mansoni. No leu- bém é um fator importante. Os efeitos adversos, provavel-
cograma pode ser evidenciado eosinofilia nos casos de mente induzidos pelo protozoário, são: atrofia vilositária
esquistossomose, ascaridíase, ancilostomíase e estrongiloi- em vários graus no intestino delgado, associada a infiltrado
díase. Alguns parasitas podem ser identificados macrosco- inflamatório e hipertrofia de criptas; lesão nas estruturas do

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Quadro 2 - Doses e indicações de antiparasitários

Parasitose Droga Dose

Giardíase Metronidazol 20mg/kg/dia por 7 dias (2 doses/dia)


Tinidazol 50mg/kg dose única
Secnidazol 30mg/kg dose única
Albendazol 400mg/dia por 5 dias - dose única/dia (alto custo)
Furazolidona 7 mg/Kg/dia por 7 dias de 12/12 horas

Isosporíase Sulfa-trimetoprim 10 mg/Kg/dia de trimetroprim (4 doses/dia) por 21 dias

Amebíase Metronidazol 30 mg/Kg/dia, por 7 dias


Tinidazol 50mg/kg/dia (por 2-5 dias - 1 dose/dia)
Secnidazol (30mg/kg/dia dose única)

Balantidíase Metronidazol 30-50 mg/Kg/dia por 7 a 10 dias

Ascaridíase Mebendazol 100 mg de 12 em 12 horas, por 3 dias (primeira escolha)


Albendazol 400 mg, dose única (em maiores de 2 anos)
Levamisol 80 mg (< 7 anos) e 150 mg (> 7 anos)
Ivermectina 200 microgramas/kg (dose única)
Pamoato de pirantel 10mg/kg - dose única
Piperazina 25mg/kg (até 2,5g) em 3 doses/dia por 7 dias

Estrongiloidíase Tiabendazol 50 mg/kg/dia, dose única ou 20 a 30 mg/Kg/dia, por 3 dias


Albendazol 400 mg/dia por 3 dias
Cambendazol 5mg/kg em dose única
Ivermectina 150-200 microgramas/kg em dose única

Ancilostomíase Mebendazol 100 mg de 12/12 dias, por 3 dias (primeira escolha)


Albendazol 400 mg/dose única

Teníase Prazinquantel* 10 a 20 mg/Kg em 1 dose/dia, por 4 dias


Albendazol 400 mg/dia por 3 dias
Mebendazol 200 mg de 12/12 hs, por 3 dias
Niclosamida < 35 Kg – 1 g (em jejum), em dose única
> 35 Kg – 2 g (primeira escolha)
Himenolepíase Prazinquantel 25 mg/Kg/dose única
Niclosamida dose igual à teníase – por 5 dias

Tricocefalíase Mebendazol 100 mg de 12/12 hs por 3 dias (primeira escolha)


Albendazol 400 mg/dose única
Ivermectina (associado ao albendazol) 200 microgramas/kg, em dose única + (albendazol)

Oxiuríase Mebendazol 100 mg em dose única. Repetir com 14 dias


Albendazol 400 mg/dose única
Pamoato de pirvínio 10mg/kg em dose única

Ciclosporíase Sulfametoxazol-trimetroprim 10 mg/Kg/dia de trimetroprim (4 doses/dia) por 7 dias

Microsporíase (não auto-limitada) Albendazol 400mg/dose (2 vezes/dia) por várias semanas até melhora do quadro

Blastocitose Metronidazol 30-50 mg/Kg/dia por 7 a 10 dias

* No tratamento de cisticercose cerebral a dose é de 15-20 mg/Kg, 3 vezes ao dia, por 14 a 21, associada com dexametasona.
FONTE: Modificado de Mota JAC et al., In: Pediatria Ambulatorial 5 ed. Ed. COOPMED, 2004 (no prelo)

enterócito; invasão da mucosa; desconjugação de ácidos nal (epigástrica ou periumbilical) intercaladas com perío-
biliares; diminuição da atividade das dissacaridases.5 dos de acalmia. Anorexia, náuseas e vômitos podem estar
Como conseqüência desses mecanismos a criança presentes. Algumas crianças apresentam quadro de diar-
apresenta má-absorção de açúcares, gorduras, vitaminas réia crônica semelhante à doença celíaca, com perda de
A, D, E, K, B12, ácido fólico, ferro e zinco. peso, desnutrição, déficit de crescimento, enteropatia per-
A maioria das crianças é assintomática. Os sintomas, dedora de proteínas, edema, hipoproteinemia e deficiên-
geralmente, aparecem em crianças desnutridas, debilita- cias de ferro, zinco, vitaminas A, E, B12 e ácido fólico.4,5
das por doença primária ou expostas a contaminação Há relato de artralgia associada a giardíase, que desapare-
maciça. As principais queixas são diarréia e dor abdomi- ce com o tratamento.10

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Quadro 3 - Eficácia dos antiparasitários

Infecção Mebendazol Albendazol Pamoato de Levamisol Tiabendazol Praziquantel Ivermectina


Pirantel

Ascaridíase > 85% > 85% > 85% > 85% 60 a 85% Não atua 100%

Necatorías > 85% > 85% 60 a 85% 60 a 85% 60 a 85% Não atua Não atua
Estrongiloídiase < 50% < 50% Não atua < 50% > 85% Não atua 95%

Tricuríase 60 a 85% 43 a 85% Não atua Não atua < 50% Não atua > 79%**
Enterobiose > 85% > 85% > 85% Não atua > 85% Não atua Atua*

Teníase e Himenolepíase Atua* Atua* Não atua Não atua Não atua Atua* Não atua

* apesar de ser eficaz, não está ainda estabelecida a porcentagem de cura.


** quando associado ao albendazol
FONTE: modificado do Cook, 1986

O diagnóstico é confirmado pela presença de cistos tológico de fezes permite o achado de cistos ou trofozoítos.
nas fezes (método de Faust), ou de trofozoítos, quando as A ocorrência de cura espontânea é comum. O tratamento
fezes são líquidas pelo método de Hoffmann, Pons e Janer pode ser feito com Metronidazol.4,5
(HPJ). Nos quadros agudos os sintomas surgem antes da
eliminação dos cistos nas fezes ou pela ocorrência habitual Amebíase
de períodos de 7 a 10 dias em que a eliminação dos cistos É causada pelo protozoário Entamoeba histolytica. A
é escassa ou ausente. Por isso, recomenda-se o exame de 3 transmissão é pela ingestão de água e alimentos contamina-
amostras, colhidas em dias alternados.4,5 dos com cistos. No intestino grosso os cistos chegam na
Amostra de líquido duodenal através de “Enterotest” forma de trofozoítos.5 As formas clínicas descritas são: coli-
(fio de nylon que é ingerido pelo paciente com uma extre- te, ameboma e amebíase extra-intestinal. A forma assinto-
midade livre, que é afixada na boca, e a outra com uma mática de infecção é a mais comum. Pesquisas na década de
cápsula que permite a coleta de conteúdo intestinal) ou 80 comprovaram a existência de duas espécies distintas,
intubação nasoduodenal pode visibilizar o trofozoíto em porém morfologicamente idênticas: E. histolytica
microscopia óptica, assim como por biópsia de mucosa de (Schaudinn, 1903), patogênica e invasiva; e E. díspar
mucosa de intestino delgado nos casos de síndrome de (Brumpt, 1925), de baixa virulência e não invasiva, respon-
má-absorção. As reações imunológicas do tipo ELISA ou sável por 90% dos casos de amebíase no mundo, principal-
imunofluorescência direta, realizadas nas fezes, têm alta mente as formas assintomáticas e a colite não-disentérica.
sensibilidade e especificidade.4,5 Em 1997 a OMS acatou esta proposta de classifica-
O tratamento medicamentoso deve ser feito somente ção.11 A E. histolytica, causadora das formas invasivas de
em pacientes sintomáticos. As melhores opções são os amebíase, predomina nas regiões de clima tropical e é res-
derivados nitroimidazólicos: metronidazol, tinidazol, sec- ponsável por 10% das 500 milhões de pessoas infectadas
nidazol. O metronidazol é a droga mais utilizada. O alben- por ameba no mundo. Há estimativas que ocasione a
dazol vem sendo utilizado recentemente por 5 dias. Outras morte de 100 mil pessoas por ano, sendo superada apenas
drogas que também podem ser utilizadas: Nimorazol, pela malária em número de mortes por protozoários.12
Ornidazol, Furazolidona, porém são menos efetivas.4,5 Na amebíase intestinal encontramos a colite não
Deve-se repetir o tratamento das crianças 15 a 21 dias disentérica, em que o paciente apresenta cólicas abdomi-
após. Alguns autores recomendam o tratamento dos fami- nais, períodos de diarréia, raramente com muco ou san-
liares, para obtenção de uma melhor resposta terapêutica.5 gue, intercalados com períodos de acalmia. A colite pode
ser disentérica, na qual após período de incubação de
Balantidíase mais ou menos um mês o paciente apresenta-se com
É causada pelo Balantidium coli, um parasita natural febre, distensão abdominal, flatulência, dor abdominal
do porco. A incidência humana é baixa, porém a contami- em cólica, disenteria (mais de 10 evacuações muco-pio-
nação pode ocorrer no meio rural em criadores de suínos. sanguinolentas/dia) e tenesmo. Há inflamação e úlceras
Localiza-se mais freqüentemente no intestino grosso, e na mucosa colônica. Podem ocorrer distúrbios hidroele-
especialmente no ceco. A transmissão é fecal-oral. Na trolíticos e desnutrição protéico-calórica. Menos freqüen-
maioria das vezes a infecção é assintomática. Quando ocor- temente pode ocorrer a colite necrosante, na qual ocorre
re infecção maciça o paciente pode apresentar um quadro formação de úlceras profundas, isquemia, hemorragia,
de disenteria semelhante ao da amebíase. O exame parasi- megacólon tóxico, colite fulminante e, às vezes, perfura-

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ção. A mortalidade é elevada. Sua ocorrência parece animais. Foi considerado enteropatógeno para o homem
depender de debilidades imunológicas, destacando-se o a partir de 1976, principalmente por causar diarréias
uso de corticóide em indivíduos portadores de colite ame- fatais em pacientes com a síndrome de imunodeficiência
biana. Acomete principalmente o cólon direito. adquirida (AIDS).5 Pode provocar também infecções em
O ameboma é a formação de granuloma na mucosa pessoas imunocompetentes.4,5,6
do ceco ascendente ou sigmóide, com edema e estreita- A transmissão é através da ingestão de água e alimen-
mento do lúmen. As manifestações alternam períodos de tos contaminados por oocistos. Localizam-se no intestino
diarréia e de constipação intestinal. delgado, os parasitas invadem os enterócitos, onde se
Na amebíase extra-intestinal os trofozoítos podem multiplicam, gerando danos à morfologia dos mesmos,
migrar através da veia mesentérica superior e chegar ao atrofia vilositária intestinal e intenso infiltrado inflamató-
fígado, onde provocam inflamação, degeneração celular e rio na mucosa. Na maioria dos infectados imunocompe-
necrose, formando assim o abscesso amebiano (geralmen- tentes a infecção é assintomática, mas alguns podem ter
te no lobo direito). O paciente apresenta febre alta, dor diarréia autolimitada. Em lactentes e pré-escolares a diar-
intensa no hipocôndrio direito com irradiações típicas de réia persistente é uma manifestação possível.4,5,6
cólica biliar e hepatomegalia dolorosa à palpação, geral- Em imunodeprimidos, ocorre diarréia grave, prolon-
mente não ictérica. Pode complicar-se com infecção bac- gada e recidivante, que pode cursar com síndrome de má-
teriana secundária, ruptura para cavidade abdominal, absorção, perda de peso e evoluir para o óbito. Pode cur-
para o pulmão, para a pleura ou para o pericárdio. A dis- sar com colecistite, colangite esclerosante, estenose de
seminação hematogênica do trofozoíto pode levar a for- colédoco distal, hepatite ou pancreatite.
mação dos abscessos no pulmão, pele, pericárdio, apare- Para o diagnóstico utiliza-se pesquisa de oocistos nas
lho geniturinário e cérebro. fezes pela coloração de Ziehl-Neelsen ou da carbolfuccina
Os métodos laboratoriais para o encontro do parasito de Kinyoun. A biópsia da mucosa do intestino permite
são o exame direto a fresco (trofozoítos nas fezes) e o méto- visibilização do protozoário no material coletado.4,5,6,7
do de concentração e de Faust. O exame de fezes utilizan- O tratamento em imunocompetentes é a reidratação e
do imunoensaio enzimático pode diferenciar a E. histolyti- medidas gerais. Em imunodeficientes deve-se tentar
ca da E. díspar. A retossigmoidoscopia e a colonoscopia melhorar as condições imunológicas do paciente (por
com biópsia pode auxiliar através do achado de úlceras e exemplo, com o emprego de antiviral em pacientes com
dos exames anatomopatológico e parasitológico. Para o AIDS). Para tratamento da infecção os melhores resulta-
diagnóstico de abscesso hepático amebiano usam-se os exa- dos estão sendo obtidos com azitromicina ou nitazoxani-
mes de imagem: ultra-som abdominal, tomografia compu- da ou paromomicina.
tadorizada ou ressonância magnética abdominal e radiogra-
fia do tórax (elevação da cúpula diafragmática direita). Isosporíase
O tratamento é feito com os derivados nitroimidazó- É causada pelo protozoário Isospora belli da subclasse
licos: metronidazol ou tinidazol ou secnidazol. Na colite dos coccídeos. No Brasil têm sido descritos casos em
necrosante, o metronidazol endovenoso é associado a Goiás, Espírito Santo e outros estados. Em portadores de
outros antibióticos para cobertura de gram negativos e AIDS a prevalência é de 2% e chega a 7% entre esses
anaeróbios, e de medidas de suporte. pacientes na presença de diarréia.13
No abscesso hepático amebiano utiliza-se metronida- A transmissão é através de água e alimentos contami-
zol endovenoso inicialmente, e depois por via oral, sem- nados. O parasita se localiza no intestino delgado, onde
pre associado a outros antibióticos. Nos abscessos gran- invade o enterócito e multiplica-se, causando danos na
des, com risco de ruptura, está indicado a punção evacua- arquitetura das vilosidades e levando a um processo infla-
dora transcutânea, guiada por ultra-som. matório. Na maioria dos casos a infecção é assintomática,
Amebicidas de contato que agem apenas no lúmen do ou provoca diarréia autolimitada. Nos imunodeprimidos
intestino (teclosan por 2 dias; etofamida por 3 dias) são o quadro é mais grave e arrastado, cursando com síndro-
usados para quebrar a transmissão na amebíase assinto- me de má-absorção, adenite mesentérica, invasão do baço
mática ou como tratamento complementar nas amebíases e fígado e colecistite acalculosa.4,5,7
extra-intestinais, para impedir a invasão das espécimes O diagnóstico é feito pelo exame parasitológico de
ainda presentes no intestino.4,5 fezes através da coloração de Ziehl-Neelsen ou de
Kinyoun modificada, ou pela análise de material coletado
Criptosporidiose pela biópsia de intestino delgado.
O Cryptosporidium sp é um protozoário que pertence O tratamento é feito com sulfametoxazol-trimetoprim
à subclasse Coccidae, encontrado no intestino de diversos por 10 dias, seguidos de mais 20 dias com dose única pro-

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PARASITOSES INTESTINAIS

filática (metade da dose). Outras opções: roxitromicina ou realizadas no solo). A fêmea elimina ovos fecundados com
metronidazol, ou pirimetamina associada a sulfadiazina.4,5 as fezes (200.000/dia) que, em condições favoráveis
sofrem duas transformações larvárias em 20 dias. A
Microsporidíase segunda delas é a forma infectante.
Os microsporídios são protozoários intracelulares A principal forma de transmissão é a ingestão de ovos
obrigatórios. A ordem dos microporídeos envolve 100 através de água e alimentos contaminados, hábito de levar
gêneros já descritos, seis dos quais foram encontrados as mãos e objetos sujos à boca, ou a pratica de geofagia.4,5
parasitando o homem. O gênero Enterocytozoon bieneusi Os ovos estão presentes no ar em regiões de clima seco e
é o mais encontrado em todo o mundo. Localiza-se no quente, podendo ser inalados ou deglutidos.5
intestino delgado, principalmente em portadores de imu- A maioria das crianças é assintomática. Os sintomas
nodeficiência (AIDS ou em indivíduos com transplante geralmente ocorrem quando há uma infecção mais nume-
de órgãos), porém pode ser encontrado em imunocompe- rosa de vermes ou larvas, ou localizações migratórias anô-
tentes.4,5,7,14 Na maioria das vezes a infecção é assintomáti- malas. A passagem de larvas pelos pulmões pode induzir
ca ou provoca uma diarréia autolimitada. Pode causar um quadro de pneumonite larvária, como a síndrome de
infecção hepática, pancreática, renal, ocular e do SNC. Löeffler, na qual o paciente apresenta-se com tosse seca ou
Em 2001, na cidade portuária de Antonina, no Paraná, produtiva, sibilância, dispnéia, febre, eosinofilia, e infil-
houve uma epidemia de diarréia aguda pelo parasita trado parenquimatoso grosseiro e esparso à radiografia do
envolvendo mais de 600 casos. tórax. Sugere o diagnóstico o achado de larvas no aspira-
O diagnóstico pode ser feito com microscopia de luz do gástrico ou presença de ovos nas fezes 2 ou 3 meses
e coloração pelo método tricrômio em fezes e outras após o quadro pulmonar. O tratamento é de suporte e a
secreções humanas.4,5,7 Quando o quadro não é autolimi- cura espontânea ocorre em 1 a 2 semanas. Pode-se admi-
tado pode-se usar Albendazol.4,5,7 Nos pacientes com nistrar corticóide sistêmico em casos mais graves.4,5
AIDS o tratamento com antiretrovirais melhora os sinto- A passagem de larvas pelo sistema porta e pelo fígado,
mas causados pelo parasita.4,5 em algumas crianças, pode ocasionar um quadro clínico
semelhante ao que ocorre na larva migrans visceral (toxo-
Blastocistose caríase). O verme adulto provoca manifestações clínicas
A blastocitose é causada pelo Blastcystis hominis, um inespecíficas, como desconforto ou cólicas abdominais,
comensal, mas que em indivíduos imunodeprimidos pode náuseas e carências nutricionais. A semi-obstrução intesti-
provocar diarréia ou sintomas gastrointestinais inespecífi- nal por Áscaris lumbricoides é um quadro grave, ocorrendo
cos. Os métodos parasitológicos habituais não são adequa- geralmente em desnutridos. O paciente apresenta cólicas,
dos para detectá-lo. Nos casos que não são autolimitados, distensão abdominal, anorexia, vômitos biliosos, desidra-
têm sido usado o Metronidazol ou o Iodoquinol.5 tação e, às vezes, diarréia no início do quadro. É comum a
criança eliminar os vermes pela boca, pelas narinas ou pelo
Ciclosporíase ânus, antes ou durante o quadro clínico. Ao exame físico,
É causada pelo Cyclospora cayetanensis, um coccídio palpa-se massa cilíndrica na região periumbilical ou próxi-
intracelular, muito semelhante ao Criptosporidium sp. mo aos flancos. Quando ocorre oclusão intestinal total ou
Provoca diarréia e má-absorção intestinal em pacientes íleo adinâmico, os ruídos hidroaéreos desaparecem, pode
imunodeprimidos.4,5,6,7 Em pessoas imunocompetentes os ocorrer isquemia de alça, necrose, perfuração ou volvo do
sintomas são leves e autolimitados ou ausentes. A transmis- intestino. A radiografia do abdome pode revelar o enove-
são é fecal-oral. A detecção nas fezes é feita pela microsco- lamento dos vermes, sinais de perfuração intestinal e níveis
pia óptica e coloração de Ziehl-Neelsen modificada ou hidroaéreos no intestino delgado.4,5
Kinyoun. O aspirado duodenal e a biópsia intestinal são As complicações que podem ocorrer por migração do
também utilizados no diagnóstico. O tratamento preconi- áscaris são: apendicite, pancreatite hemorrágica (obstru-
zado é com sulfametoxazol-trimetoprim, por 7 dias. ção da ampola de Vater e do ductor de Wirsung); colesta-
se e colangite (obstrução da ampola de Vater e arvore
Ascaridíase biliar); abscesso hepático (ascensão dos vermes para o
É causada pelo Ascaris lumbricoides. É a helmintíase de interior do parênquima hepático); asfixia (obstrução de
maior prevalência no mundo acometendo cerca de 30% vias aérea ou cânula traqueal).4,5
da população mundial.5 A fêmea mede de 35 a 40 cm, e O diagnóstico baseia-se na visibilização dos vermes
o macho 15 a 30 cm de comprimento. O verme adulto eliminados (por vômitos ou fezes) e detecção de ovos no
vive no lúmen do intestino delgado do homem. É um exame parasitológico de fezes (métodos de HPJ ou
geo-parasita (possui fases de seu desenvolvimento que são de Kato-Katz).

8 Rev Med Minas Gerais 2004; 14 (1 Supl. 1): S3-S12


PARASITOSES INTESTINAIS

O tratamento da ascaridíase é obrigatório, mesmo em respiratória, e é então deglutida. No caminho para o


pequenas infecções, pelo risco de migrações anômalas. intestino delgado transforma-se no verme adulto. Na
Pode ser feito com levamizol ou mebendazol ou albenda- espécie A. duodenale, a transmissão pode ocorrer também
zol ou pirantel ou piperazina. Estudos recentes têm rela- por ingestão da larva filarióide, sem necessidade de pene-
tado grande eficácia com a ivermectina em dose única tração pela pele ou ciclo pulmonar.
(100% de eficácia).15,16 Os ancilostomídeos adultos se fixam na mucosa do
O tratamento para semi-obstrução intestinal5 por duodeno e jejuno. Cada exemplar adulto, ocasiona para o
Ascaris lumbricoides encontra-se no quadro 4. A desobstru- hospedeiro a perda diária de 0,05 a 0,3 ml de sangue. Na
ção geralmente ocorre num prazo de 8 a 30 horas com o espécie do N. americanus esta perda de 0,01 a 0,04 ml por
tratamento clínico. A piperazina produz paralisia neuro- dia. A perda de sangue ocorre porque o verme suga o san-
muscular no verme e não dissolve o verme, evitando assim gue da mucosa e muda de lugar 4 ou 5 vezes por dia, dei-
a absorção de seus produtos tóxicos e o verme é eliminado xando também superfície cruenta que sangra.
pelo peristaltismo intestinal. O quadro é grave, podendo Transcorrem geralmente 35 a 60 dias desde a infecção até
levar a morte, principalmente em pacientes desnutridos início da eliminação de ovos pelas fezes.
que venham a necessitar de tratamento cirúrgico. A indi- A ancilostomíase ocorre em 20% a 25% de toda a
cação para a intervenção cirúrgica é a presença de oclusão população mundial. No Brasil a prevalência é variável,
intestinal total, necrose, perfuração ou vólvulo intestinal. sendo mais comum na zona rural, acometendo mais ado-
Em caso de ascaridíase biliar o tratamento baseia-se no lescentes e adultos. Na maioria das vezes a infecção é
uso de hidratação parenteral, anti-helmínticos, antibióticos e assintomática. O quadro clínico dependerá do número de
antiespasmódicos. No abscesso hepático por áscaris a aborda- vermes, da espécie do ancilostomídeo ou das condições
gem deve ser cirúrgica, acompanhada de antibióticoterapia. do hospedeiro. Pode ocorrer dermatite larvária, com a
O controle de cura é feito com repetição do exame presença de prurido, eritema, edema e erupção papulove-
parasitológico de fezes um mês após tratamento. O trata- sicular. A pneumonite larvária é descrita, mas menos
mento deve ser repetido 30 a 60 dias após, pois é possível intensa que na infecção por áscaris. Na fase aguda do
a presença de larvas em fase pulmonar por ocasião do pri- parasitismo intestinal pode ocorrer epigastralgia, náuseas,
meiro tratamento. vômitos, bulimia, flatulência e diarréia. E na fase crônica:
anemia ferropriva, anorexia, fraqueza, cefaléia, sopro car-
Quadro 4 - Protocolo para tratamento de semi-oclusão intestinal por díaco, palpitações, hipoproteinemia e edema por entero-
Áscaris lumbricóides
patia perdedora de proteínas.
Passos para o tratamento O diagnóstico é feito por meio de achado de ovos de
Hospitalização ancilostomídeos no exame parasitológico de fezes.
Jejum O tratamento é feito com mebendazol ou pamoato de
Sonda nasogástrica para descompressão gástrica e administração de pirantel ou albendazol (crianças acima de 2 anos de
medicamentos
idade), e as doses as mesmas usadas para o tratamento da
Hidratação por via parenteral (manutenção mais perdas)
ascaridíase. Estudos mostram que a ivermectina é ineficaz
Óleo mineral via SNG, 10 a 30ml a cada 3 horas, durante 24 horas, ou até
eliminação do óleo pelo ânus
no tratamento de ancilostomídeos.15 O tratamento deve
Piperazina, 75 a 100mg/kg/dia, durante 5 dias
ser repetido após 15 a 21 dias.
Avaliação pela cirurgia pediátrica durante o período da internação Estrongiloidíase
Exames (solicitação conforme necessidade do paciente): Radiografia de
Abdome em ortostatismo para o diagnóstico, ultra-som abdominal, É causada pelo Strongylóides stercoralis. Este geo-helmínti-
dosagem de íons séricos, gasometria arterial. co é responsável por incidência elevada de infecções em
regiões de clima tropical ou com saneamento básico precário.
As formas de transmissão descritas são: (1) heteroinfec-
Ancilostomíase
ção: larvas presentes no solo penetram no homem pela pele;
É uma parasitose intestinal causada pelo Ancylostoma (2) auto-infecção interna: os ovos eclodem no intestino e
duodenale e Necator americanus, esse último mais comum rapidamente evoluem para a forma infectante e penetram a
em nosso país.5 São geo-helmintos, cujas fêmeas produ- mucosa no íleo ou nos cólons; (3) auto-infecção externa (as
zem 10 a 20 mil ovos por dia, os quais são eliminados nas larvas penetram na pele pela região perianal).5
fezes. No solo, a evolução das larvas ocorre em estágios, A estrongiloidíase pode ocorrer de forma assintomáti-
sendo a larva filarióide (terceiro estágio) a infectante. Ela ca, oligossintomática ou grave. A dermatite larvária pode
penetra na pele do hospedeiro, e por via linfática ou veno- ocorrer nos pés, mãos, nas nádegas ou na região anogeni-
sa chega até os pulmões. Nos alvéolos, ascende na arvore tal, locais onde as larvas penetram. A pneumonite larvária

Rev Med Minas Gerais 2004; 14 (1 Supl. 1): S3-S12 9


PARASITOSES INTESTINAIS

é menos freqüente que na ascaridíase. Outras manifesta- homem se contamina pela ingestão de carne contendo esses
ções são descritas, como: anorexia, náuseas, vômitos, dis- cisticercos. São necessários mais de 3 meses para que tenha
tensão abdominal, dor em cólica ou queimação, muitas início a liberação anal das proglotes maduras.
vezes no epigástrio (síndrome pseudo-ulcerosa), diarréia O grande problema da T. solium é quando o homem
secretora ou esteatorréia, desnutrição protéico-calórica. A se torna o hospedeiro intermediário. Isto ocorre pela
estrongiloidíase disseminada ocorre em paciente imuno- ingestão de ovos do meio externo ou pela auto-infecção,
deprimido, e é um quadro grave e com alta mortalidade. na qual os proglotes liberam os ovos no lúmem intestinal
Os vermes infectam todo o intestino e a auto-infecção e estes liberam o embrião, ocorrendo, então, a migração
interna ocorre maciçamente. As larvas filarióides migram por via circulatória até os tecidos, levando à neurocisticer-
para o fígado, pulmões e inúmeras outras vísceras e glân- cose, conseqüente apenas à infecção pela T. solium.
dulas, geralmente originando bacteremia, pois carregam A teníase é na maioria dos casos assintomática. Alguns
consigo as enterobactérias intestinais. Os pacientes apre- sintomas são atribuídos a essa parasitose intestinal: fadiga,
sentam sintomas intestinais, respiratórios e de sepse ou irritação, cefaléia, tontura, bulimia, anorexia, náuseas, dor
meningite por coliformes.4,5 abdominal, perda de peso, diarréia e/ou constipação, urti-
O diagnóstico pode ser feito pelo achado de larvas cária e eosinofilia. Raramente ocorre semi-oclusão intesti-
pelo método de Baermann-Moraes ou Rugai modificado, nal, apendicite, colangite ou pancreatite.
em fezes, material de tubagem duodenal, escarro ou lava- O diagnóstico da teníase se faz pelo achado de proglo-
do broncoalveolar (ótima opção em estrongiloidíase dis- tes nas fezes ou nas roupas íntimas ou lençóis. A pesquisa
seminada). Na endoscopia digestiva alta podem ser visibi- de antígenos específicos de Taenia nas fezes (coproantíge-
lizadas alterações inflamatórias inespecíficas, vistas nos) aumenta em 2,5 vezes a capacidade de detecção de
macroscopicamente, no duodeno. Na biópsia é possível casos de teníase. Na neurocisticercose utilizam-se méto-
detectar os parasitos no interior das criptas. Existem tes-
dos de imunoensaio (ELISA), técnicas radiológicas
tes imunológicos do tipo ELISA e imunofluorescência
incluindotomografia computadorizada.4,5 O tratamento
indireta ainda não disponível em nosso meio.5
pode ser feito com niclosamida ou prazinquantel ou
O tratamento é feito com o tiabendazol. Estudos mos-
mebendazol ou albendazol. 4,15
tram que o albendazol é pouco efetivo na estrongiloidíase
(45% de eficácia em um estudo15, e 38% em outro17). A Himenolepíase
ivermectina em dose única tem sido tão eficaz quanto o
É causada pelo cestóide Hymenolepis nana, parasita
tiabendazol e apresenta poucos efeitos colaterais.15,17,18 O
habitual do homem e sem hospedeiro intermediário, ou
tratamento deve ser repetido 15 a 21 dias após.
eventualmente pelo Hymenolepis diminuta, parasita habi-
Teníase tual do rato. No Brasil predomina nos estados do sul, com
É causada pela Taenia solium ou por Taenia saginata. prevalência estimada de 3% a 10%.5,20 O H. nana atinge
A prevalência maior é em adultos jovens e nas regiões 2 a 10 cm de comprimento e se fixa na região do íleo. A
rurais. A T. solium é adquirida pela ingestão de carne de transmissão se dá por ingestão dos ovos do meio externo
porco mal cozida, contaminada pelo cisticerco, popular- ou por auto-infecção a partir da liberação intraluminal de
mente conhecido por “canjiquinha”. A T. saginata origi- ovos. As lavas cisticercóides se alojam nos linfáticos das
na-se da ingestão de carne de boi contaminada. vilosidadades intestinais, depois retornam ao lúmem e se
A OMS estimou a existência de 50 milhões de pessoas tornam adultas. O ciclo é de 20 a 30 dias.
contaminadas, com 50 mil mortes anuais, geralmente Geralmente a infecção é assintomática, mas nas crian-
pelas complicações da neurocisticercose.19 ças que sofrem grande contaminação, ou que são desnu-
As tênias são achatadas dorsoventralmente e chegam ao tridas ou imunodeficientes, pode ocorrer infecção maciça,
comprimento de 3 a 10 metros, sendo a T. saginata mais manifestando-se com cólicas abdominais e diarréia crôni-
longa. A cabeça ou escólex se fixa à mucosa do jejuno ou ca.4,5 O diagnóstico é feito pelo achado de ovos no exame
duodeno, é hermafrodita, e vive solitária no intestino do parasitológico de fezes, através de técnica de concentração
homem. O corpo é formado por anéis ou proglotes, os dis- de ovos. O tratamento é feito com prazinquantel ou
tais são maduros e repletos de ovos (30 a 80 mil). Os pro- niclosamida, devendo ser repetido 20 a 30 dias após, devi-
glotes podem ser eliminados íntegros ou se rompem elimi- do a possibilidade de auto-infecção.
nando os ovos nas fezes.4,5 Esses ovos contaminam as pasta- A infecção por H. diminuta ocorre pela ingestão, aci-
gens, são ingeridos pelos animais hospedeiros intermediá- dental ou proposital, de artrópodes (pulgas, besouros,
rios, e migram para o tecido conjuntivo dos músculos, borboletas, baratas), que são os hospedeiros intermediários.
onde formam os cisticercos (2 a 5mm de diâmetro). O O rato é o hospedeiro definitivo habitual.4,5

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PARASITOSES INTESTINAIS

Tricocefalíase ou Tricuríase O método do swab anal ou da fita gomada é o mais


É causada pelo nematóide Trichocephalus trichiurus, ou eficiente para diagnosticar essa parasitose.4 O tratamento
Trichuris trichiura, o qual mede de 3 a 5 cm de comprimen- pode ser feito com Mebendazol ou Pamoato de pirvínio
to. Os vermes se localizam principalmente no ceco.5 Os ou Albendazol.23 Devendo ser repetido 15 dias após. É
ovos são eliminados nas fezes e tornam-se infectantes após importante tratar toda a família (indivíduos da casa),
15 dias. O homem ingere os ovos, que sofrem ação dos escovar as unhas pela manhã e todas as vezes que for ao
sucos digestivos e libertam as larvas. O verme adulto se fixa toalete, lavar e passar as roupas de cama e íntimas no
à mucosa intestinal, provocando erosões e ulcerações múl- primeiro dia de tratamento.
tiplas. Cada verme ingere até 0,005 ml de sangue por dia.
É comum em regiões tropicais. No Brasil foi encontra- PROFILAXIA
da em 80,4% dos escolares na região de Alagoas5 e 37,3%
dos escolares em São Paulo.21 O objetivo é interromper a transmissão desses parasitas
Geralmente, a infecção é assintomática ou acompanha- por meio de várias condutas, tais como:
da de manifestações leves. Nas crianças desnutridas, espe- • preparo e manipulação adequados dos alimentos;
cialmente pré-escolares, que vivem em comunidades aglo- • tratamento e conservação da água;
meradas e com ausência de saneamento básico, pode insta- • uso de calçados;
lar-se a trichiuríase maciça, comprometendo o intestino • construção de vasos sanitários e fossas sépticas;
grosso, do ceco ao reto. • destino apropriado das fezes;
Os sintomas são distensão abdominal, disenteria crôni- • programas educacionais relacionados à higiene, con-
ca, anemia ferropriva e desnutrição protéico-energética. O dutas que devem ser tomadas para diminuir a freqüên-
prolapso retal pode ocorrer até em 60% dos casos.4,5 cia das parasitoses;
O diagnóstico é feito pelo achado de ovos nas fezes, pes- • emprego de medicamentos.
quisados pelos métodos de Faust, Lutz ou Kato-Katz. Na
trichiuríase maciça, o diagnóstico é feito pela retossigmoi- OBSERVAÇÕES GERAIS
doscopia, que permite visualizar inúmeros vermes fixados à
mucosa hiperemiada e friável, que sangra facilmente ao • o controle de cura das parasitoses é dado pela regres-
toque. O tratamento pode ser feito com Mebendazol. O são do quadro clinico e exame parasitológico de fezes
Albendazol usado isoladamente15,16,22 é pouco eficaz (42,6% repetidamente negativo;
de eficácia), mas quando associado com a ivermectina tem • em casos de infecção por mais de um parasita, quan-
taxa mais alta de cura (79,3%).16,22 O tratamento deve ser do não houver possibilidade de usar uma droga com
repetido 15 dias após. ação para todos os presentes, deve-se tratar inicialmen-
te aqueles vermes que mais facilmente migram, como o
Oxiuríase ou Enterobíase áscaris e o estrongilóide.4
É causada pelo Enterobius vermiculares ou Oxiurus ver- • os pacientes que irão iniciar tratamento com imunos-
miculares. O macho tem menos de 5 mm e a fêmea perto supressor deverão fazer exame parasitológico prévio, ou
de 10mm de comprimento. Suas localizações principais são no caso de urgência para o início do tratamento deve
o ceco e o reto. A fêmea fecundada migra para a região anal ser administrado antiparasitário com eficácia para o
onde faz a postura. Sua presença nesta região causa intenso áscaris e o estrongilóide. Recomendamos o uso da iver-
prurido. O homem é o único hospedeiro e sua transmissão mectina (em crianças acima de 5 anos de idade ou peso
ocorre pessoa a pessoa ou por fômites. A transmissão indi- acima de 15kg) e exames parasitológicos de fezes de
reta é possível com a inalação de ovos presentes na poeira e controle a cada 3 meses.
nos utensílios domésticos. A auto-infecção pode acontecer, • o tratamento com antiparasitários deve sempre ser
o que reforça a necessidade de repetição do tratamento. Os repetido no caso de infecção por: A. lumbricoides, T.
ovos ingeridos liberam as larvas no intestino e estas se fixam trichiurus, S. stercoralis, ancilostomídeos, E. vermicu-
no colo. O ciclo é de 30 a 50 dias até a evolução para a laris, H. nana, G. lamblia.
forma adulta.4,5 Ocorre no mundo inteiro e é a helmintíase
de maior prevalência nos países desenvolvidos.
PERSPECTIVAS FUTURAS
O sintoma mais freqüente é o prurido anal noturno.
Em meninas pode ocorrer a migração dos vermes para a As infecções pelos parasitos intestinais ocorrem por
genitália, levando a vulvovaginite secundária, com corri- um desequilíbrio ecológico entre parasita-hospedeiro-
mento amarelado e fétido. Outros sintomas descritos são ambiente. A melhoria das condições de vida através do
cólicas abdominais, náuseas e tenesmo. saneamento adequado, combate à desnutrição e do des-

Rev Med Minas Gerais 2004; 14 (1 Supl. 1): S3-S12 11


PARASITOSES INTESTINAIS

mame precoce, educação para a prevenção, acesso univer- 2. OMS. Prevención y control de las infecciones parasitarias intestinales.
Série de Informes Técnicos, 749. Genebra 1987: p.94.
sal ao sistema de saúde, são medidas que efetivamente
3. Carvalho OS, Guerra HL, Campos YR, Caldeira RL, Massara CL.
diminuiriam a infecção parasitária. Prevalência de helmintos intestinais em três mesorregiões do Estado de
As indicações e as limitações às diversas drogas antipa- Minas Gerais. Rev Soc Bras Med Trop 2002; 35:597-600.
rasitárias devem ser conhecidas.24 Mais recentemente, sur- 4. Mota JAC, Penna FJ, Melo MCB. Parasitoses intestinais. In: Leão E,
giu o albendazol, uma droga com eficácia para vários Corrêa EJ, Viana MB, Mota JAC, eds. In: Pediatria Ambulatorial 5ª
ed. Belo Horizonte: Coopmed; 2004 (no prelo).
parasitos, mas pouco eficaz no tratamento de estrongiloí-
5. Crua AS. Parasitoses intestinais. In: Ferreira CT, Carvalho E, Silva LR,
diase e giardíase. O alto custo dificulta o seu emprego. eds. Gastroenterologia e Hepatologia em pediatria: diagnóstico e trata-
A ivermectina surgiu com uma promessa de ser uma mento. Rio de Janeiro: Medsi; 2003. p. 185-97.
droga eficaz, principalmente na estrongiloidíase. Os efei- 6. Nimri LF. Cyclospora cayetanensis and other intestinal parasites associated
tos colaterais são bem inferiores ao tiabendazol e a eficá- with diarrhea in a rural area of Jordan. Int Microbiol 2003; 6: 131-35.
cia equivalente. 7. Schuster H, Chiodini PL. Parasitic infections of the intestine. Curr
Opin Infect Dis 2001; 14:587-91.
Existe uma preocupação por parte de muitos autores
8. Salata R A, Aucot JA. Parasitoses. In: Behrman N, ed. Tratado de
quanto ao tratamento do T. trichiurus devido à baixa efi- Pediatria 14ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1994. p. 769-72.
cácia das drogas. Ismail et al. (1999) indicam a associação 9. Silva LR. Protozooses intestinais na criança. In: Tonelli E, Freire LM.
do albendazol com a ivermectina, o que propicia um Doenças infecciosas na infância e adolescência 2ª ed. Rio de Janeiro:
aumento da taxa de cura para 79,3% e a redução da eli- Medsi; 2000. p. 1351-370.
minação de ovos para 93,8%.22 10. Meza-Ortiz F. Giardiasis-associated arthralgia in children. Arch Med
Res 2001; 32(3):248-50.
Vários estudos tentam identificar se a realização de
11. World Health Organization. WHO/PaHo, Unesco report of consulta-
tratamentos periódicos é efetiva para controlar as parasi- tion of experts on amoebiasis. México, 1997: 1-3.
toses. Os tratamentos em massa são utilizados em locais 12. Word Health Organization. Report of a WHO expert committee,
endêmicos, mas ainda não existe um consenso de autores 1969; 421:1-56.
sobre esta conduta. 13. Cimerman B, Cimerman S. Parasitologia Humana e seus
Em geral é utilizado o mebendazol ou o albendazol, Fundamentos Gerais. Rio de Janeiro: Atheneu, 1999.
por serem anti-helmínticos de amplo espectro, levando à 14. Horton J. Albendazole: a broad spectrum anthelminthic for treatment of
diminuição da probabilidade de contaminação fecal individuals and populations. Curr Opin Infect Dis 2002; 15:599-08.
do ambiente. 15. Marti H, Haji HJ, Savioli L et al. A comparative trial of a single-dose
ivermectin versus three days of albendazole for treatment of
Um grande problema é a reinfecção, a qual pode ser Strongyloides stercoralis and other soil-transmitted helminth infections
minimizada através de medidas educativas para a popula- in children. Am J Trop Med Hyg 1996; 55:477–81.
ção. O pediatra durante a consulta médica deve sempre 16. Belizario VY, Amarillo ME, Leon WU, Reye AE, Bugayong MG,
orientar quanto as medidas preventivas Macatangay BJC. A comparison of the efficacy of single doses of alben-
dazole, ivermectin, and diethylcarbamazine alone or in combinations
against Ascaris and Trichuris sp. Bull World Health Organ 2003;
SUMMARY 81:35-42.
17. Datry A, Dottir IH, Mayorga-Sagastume R et al. Treatment of
Intestinal parasitosis is a frequent cause of paediatric attendance. Strongylodes stercoralis infection with ivermectin compared with
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health professionals and authorities since there are endemic areas 18. Gann PH, Neva FA, Gam AA. A randomized trial of single-and two-
in Brasil and parasite infection may lead to malnutrition and anae- dose ivermectin versus thiabendazole for treatment of Strongyloides. J
mia or aggravate these conditions. Special attention should be Infect Dis. 1994; 169: 1076-9.
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ses-cistycercose in America Latina, 1990. Washington DC, 1994: 190.
may occur when they are infected with parasites that usually are
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