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Hypnos_17_09 ok.

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Hypnos
Revista de Sono
Sociedade Brasileira de Sono
Sleep Institute
Instituto do Sono
Rua Marselhesa 500 7º andar
CEP 04020-060

Fone: 55.11.5908-7111
FAX: 55.11.5908-7220
E-mail: sbsono@sbsono.com.br
Internet: www.sbsono.com.br

SOCIEDADE BRASILEIRA
DE SONO

Sergio Tufik (SP)


Presidente
Sergio Barros Vieira (ES)
Vice-Presidente
Francisco Hora (BA)
Secretário
Gisele Minhoti (PR)
Tesoureira

I Consenso Brasileiro de Insônia


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I CONSENSO BRASILEIRO DE INSÔNIA


COORDENADORES DO CONSENSO: Dalva Poyares
Sergio Tufik

COORDENADOR DO MÓDULO DE DIAGNÓSTICO: Luciano Ribeiro Pinto Jr.

COORDENADORES DO MÓDULO DE TRATAMENTO: Ronaldo Guimarães Fonseca


Gisele Minhoto

MODERADORES: Sérgio Barros Vieira


Francisco Hora Fontes

ORGANIZAÇÃO: Dalva Poyares


Sérgio Barros Vieira
Sergio Tufik

AUTORES: Dalva Poyares


Flávio Alóe
Geraldo Nunes Vieira Rizzo
Gisele Minhoto
Luciano Ribeiro Pinto Jr.
Márcio Luciano de Souza Bezerra
Raimundo Nonato Delgado Rodrigues
Ronaldo Guimarães Fonseca
Stella Marcia Azevedo Tavares

COLABORAÇÃO: Ana Amélia Benedito Silva

I Consenso Brasileiro de Insônia


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INTRODUÇÃO

A palavra consenso significa concluído em agosto de 2002, desse modo,


conformidade, acordo ou concordância de quaisquer novas propostas, posteriormente
idéias, de opiniões. O presente consenso foi validadas e recomendadas, ou eventuais
baseado, principalmente, na literatura problemas, apontados na literatura que
mundial atual e em consensos realizados em possam de alguma forma contribuir com
outros países. Levou-se em conta que este manuscrito, poderão ser revistos em
diferenças culturais podem determinar datas futuras.
variações nas manifestações dos sintomas A importância de um sintoma também
podendo influenciar, assim, a abordagem de reside na frequência com que se manifesta nas
determinado transtorno clínico. Desse modo, diversas populações. Insônia é um sintoma
o fácil acesso a literatura do Consenso muito prevalente. Os estudos epidemiológicos,
Brasileiro de Insônia, sintoma extremamente entretanto, apresentam problemas na medida
comum na prática clínica diária, se torna útil em que utilizam diferentes metodologias e
e importante. diferentes definições para insônia. Ainda assim,
A insônia é um sintoma que pode a prevalência de insônia nas populações, varia
ocorrer isoladamente ou acompanhar uma de 30 a 50%. Já a prevalência de insônia
doença. Procuramos apresentar neste crônica é de cerca de 10%. São fatores de
manuscrito as condições clínicas mais risco para a insônia: o sexo feminino, o
comumente associadas à insônia, sem envelhecimento, a ocorrência de transtornos
entretanto apresentar dados sobre os mentais ou de doenças clínicas. O trabalho em
tratamentos dessas doenças específicas. turno, principalmente em turnos alternados ou
O presente consenso tem como não habituais, também pode ser considerado
objetivo apresentar e sugerir técnicas fator de risco. Dentre os idosos, os
diagnósticas e tratamentos mais estudados, aposentados e/ou inativos e viúvos estão em
validados e fundamentados na literatura que maior risco.
os clínicos e autores deste manuscrito
possuem experiência. Este consenso foi Dalva Poyares e Sergio Tufik

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1. SONO NORMAL

O sono normal apresenta variações o idoso tem maior tendência aos cochilos
conforme a faixa etária. Do recém-nascido diurnos. O adulto dorme em média sete a
até o idoso, o sono sofre modificações oito horas por dia. Entretanto, alguns
quanto à distribuição dos diversos estágios indivíduos necessitam normalmente de um
e, quanto ao próprio ritmo circadiano, número menor de horas de sono,
passando de polifásico para monofásico na denominados de dormidores curtos, e
idade adulta, podendo ainda ser mais outros, que necessitam de mais horas, são
fragmentado no envelhecimento. Além disso, considerados dormidores longos.

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2. FISIOPATOLOGIA DA INSÔNIA

A insônia primária tem sido citada perpetuantes e predisponentes podem


como a mais freqüente nas populações, explicar a sua persistência a partir de um
entretanto a co-morbidade com transtornos episódio inicial.
mentais, especialmente depressão ou Os fatores predisponentes são
sintomas de depressão e ansiedade basicamente os fatores de risco para
colocam em questão, na insônia crônica, o a insônia, anteriormente mencionados,
caráter diagnóstico de ausência do acrescidos de predileção por estar acordado
transtorno mental. Ademais, depressão e até tarde, da presença de um ciclo vigília-
ansiedade são condições igualmente sono irregular e da condição do hiperalerta.
prevalentes nas populações gerais. Desse A condição de hiperalerta refere-se à
modo, torna-se imperativo durante o inabilidade desenvolvida em obter sono
seguimento do tratamento malsucedido do adequado, com aumento do alerta total nas
paciente com insônia, a verificação de 24 horas do dia.
sintomas remanescentes de depressão ou a Já os fatores precipitadores podem
presença de transtorno de ansiedade ser os estresses da vida diária como perdas,
generalizada. doenças, mudanças ambientais etc.
Um modelo simples (Spielman, 1996) Finalmente, os fatores perpetuantes ou
tem sido utilizado para entender a evolução mantenedores da insônia, que dizem
temporal da insônia. Podemos identificar respeito a expectativas que não
fatores predisponentes, precipitantes e correspondem à realidade, como o medo
perpetuantes. Se transitória e de curta adquirido de dormir, conceitos errôneos
duração, comumente identificamos um sobre os hábitos que seriam saudáveis com
fator precipitante, que usualmente está relação ao sono e, amplificação exagerada
relacionado a causa da insônia. Na insônia das conseqüências da insônia, que por sua
crônica, no entanto, esta relação é menos vez exacerbam a condição de hiperalerta.
óbvia, uma vez que o fator precipitante Os pacientes com insônia crônica,
ocorreu há meses ou anos antes da tais como os deprimidos, têm uma alta
avaliação e pode não ser mais relevante para incidência de queixas médicas e procuram
o paciente. Nesta situação, fatores mais serviços médicos do que a população

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em geral, tendo uma qualidade de vida


reduzida.
Durante o sono existe um balanço da
atividade dos componentes do sistema
nervoso autônomo. Uma ativação simpática
pode prejudicar o sono. Além disso, é
rapidamente desencadeada, tardando muito
a se dissipar. Uma descarga autonômica
também pode ser condicionada. São
exemplos de fatores exógenos e endógenos
associados com o aumento da atividade
simpática: cafeína, nicotina, exercício
intenso, calor, ruídos, preocupações, fome,
dor, medo e esforço intenso para dormir, que
devem portanto ser evitados. O despertar do
sono por qualquer razão está
automaticamente associado a ativação
simpática com uma resposta reflexa de
aumento da pressão arterial e da freqüência
cardíaca. Muitas vezes, esses sintomas
fazem parte do despertar psicofisiológico,
onde os pacientes contam que se sentem
tão alertas que mal podem continuar na
cama, com sensação de taquicardia.

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3. DIAGNÓSTICO
DEFINIÇÃO

Insônia é um sintoma que pode ser uma boa qualidade de alerta e bem-estar
definido como dificuldade em iniciar e/ou físico e mental durante o dia, com o
manter o sono, presença de sono não comprometimento conseqüente do
reparador, ou seja insuficiente para manter desempenho nas atividades diurnas.

AVALIAÇÃO

A anamnese deve conter dados sobre familiares e profissionais que podem


hábitos de sono, noturnos ou diurnos, funcionar como desencadeantes ou
possível associação com fatores ambientais, perpetuantes da insônia, tais como conflitos
desempenho no trabalho e atividades conjugais, separações, lutos, drogas, abuso
diárias, presença de fadiga e sonolência sexual, dificuldades de relacionamento no
diurna. Deve ser investigada a presença de trabalho, aposentadoria, perdas econômicas
condições clínicas, especialmente quadros etc.
dolorosos, história positiva para depressão, Um roteiro mínimo de perguntas pode
ou transtornos de ansiedade e presença de ser realizado no primeiro atendimento:
pânico noturno. Investigar história de
medicações já utilizadas e em uso, como 01. início da insônia
estimulantes, tranqüilizantes, hipnóticos ou 02. fator desencadeante
antidepressivos. Questionar uso de álcool, 03. fatores de piora e melhora
tabagismo, ingestão de café e prática de 04. tratamentos já realizados
atividade física, freqüência e horário das 05. horário que vai para a cama
mesmas. Deve, também, ser identificada a 06. atividades na cama antes de
presença de fatores desencadeantes e adormecer
perpetuantes da insônia (ver Fisiopatologia). 07. tempo que demora para adormecer
Por fim, pode-se investigar condições 08. despertares durante a noite

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09. presença de ronco ou sono agitado 17. trabalho: tipo e horário


10. horário em que acorda 18. refeições, café, refrigerantes
11. horário que se levanta 19. medicamentos: tipo e horário
12. como se sente ao despertar 20. ansiedade
13. ambiente em que dorme 21. depressão
14. como passa durante o dia: cansaço, 22. relacionamento social e familiar
sonolência, irritabilidade 23. antecedentes familiares
15. dores no corpo 24. uso de álcool
16. atividade física: freqüência e horário 25. demais doenças

CLASSIFICAÇÃO

3.1. Insônia associada a transtornos pela polissonografia e pode estar relacionada


do sono com queixas de insônia e sono de má
qualidade.
a) Transtornos respiratórios
Eventos respiratórios tais como c) Síndrome das pernas inquietas
apnéias, hipopnéias e aumento da resistência É caracterizado por desconforto nos
das vias aéreas: são caracterizados por membros inferiores, geralmente antes de iniciar
episódios repetitivos de obstrução das vias o sono, melhorando com a movimentação das
aéreas superiores, em graus diferentes, que pernas. Pode estar associado a transtorno de
ocorrem durante o sono, com conseqüente movimentos periódicos dos membros.
despertares, breves ou prolongados e
superficialização do sono. d) Bruxismo
É caracterizado por ranger de dentes
b) Transtorno dos movimentos periódicos durante o sono, sono de má qualidade,
dos membros fadiga e dores orofaciais durante o dia e
É caracterizado por episódios sintomas e sinais dentários.
repetitivos de movimentos, geralmente dos
membros inferiores, que podem ocorrer e) Parassonias
espontaneamente durante o sono, ou Parassonias são manifestações
decorrer de outros transtornos do sono, motoras e/ou autonômicas decorrentes da
como transtornos respiratórios, uso de ativação do sistema nervoso central (como
antidepressivos e transtornos metabólicos. É por exemplo, sonambulismo, terror noturno,
uma manifestação geralmente diagnosticada transtorno comportamental do sono REM,

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pesadelos etc.) que podem ocasionalmente 3.4. Insônia associada a transtornos


acarretar despertares durante o sono. neurológicos

• demências (doença de Alzheimer,


3.2. Insônia associada a fatores demência por múltiplos infartos,
ambientais e higiene do sono demência por corpúsculos de Lewy) e
inadequada doença de Parkinson: podem
provocar alterações do sono e
transtornos do ritmo circadiano;
• ambiente inadequado quanto à • doenças cerebrovasculares;
temperatura do quarto, luminosidade • insônia familiar fatal: doença com
e ruídos; caráter progressivo e fatal, relacionada
• atividades inadequadas na cama com partícula viral (prion);
antes de dormir, como ver TV e • cefaléias, epilepsias e traumatismos
ler por tempo prolongado esperando cranioencefálicos;
o sono; • doenças do sistema nervoso periférico
• ingestão de bebidas alcoólicas e miopatias;
próximo da hora de ir para a cama e
uso crônico de hipnóticos.
3.5. Insônia associada a outras doenças

3.3. Insônia associada a transtornos • doenças da tireóide;


psiquiátricos • isquemia cardíaca noturna;
• doenças respiratórias, particularmente
a doença pulmonar obstrutiva crônica
• transtornos do humor: geralmente e asma;
acarretam despertar precoce pela • doença do refluxo gastroesofágico;
manhã; • fibromialgia e outras doenças
• transtorno de ansiedade generalizada: reumatológicas;
geralmente acarretam aumento da • outras doenças como neoplasias e
latência do sono e múltiplos SIDA.
despertares durante a noite;
• outros transtornos de ansiedade;
• transtorno psicótico; 3.6. Insônia associada a uso de
• transtorno de personalidade e de substâncias
dependência química: o álcool pode
fragmentar o sono e causar despertar • Estimulantes do SNC
precoce. Efedrina, anfetaminas, metilfenidato,

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cafeína, pemoline e modafinil (ainda não 3.8. Insônia psicofisiológica ou insônia


disponíveis no Brasil): podem acarretar primária
aumento da latência do sono e diminuição
do tempo total de sono. Decorre de uma tensão somatizada
e apreendida. Ocorre um aumento
• Antihipertensivos condicionado do despertar ao se deitar para
Beta bloqueadores, clonidina e dormir. O paciente tem dificuldade em dormir
agonistas alfa2: podem eventualmente ao se deitar na sua cama, porém pode
provocar aumento de despertares, redução adormecer em outras situações monótonas,
do sono REM e pesadelos. como vendo TV e lendo fora da cama. Dados
apontam que este tipo de insônia pode ser a
• Antidepressivos que podem estar associados mais prevalente.
à insônia
Imipramina, clormipramina, bupropiona,
sertralina, venlafaxine, fluvoxamine, paroxetina, 3.9. Insônia idiopática
fluoxetina e sibutramina: podem provocar
aumento de despertares, redução do Incapacidade de se obter quantidade
sono REM, aumento da latência REM, adequada de sono desde a infância,
aumento dos movimentos de membros e presumivelmente devido à anormalidade do
bruxismo. controle neurológico do sistema vigília-sono.

• Benzodiazepínicos e fenobarbital:
podem estar asssociados a insônia 3.10. Má percepção do estado de sono
rebote após retirada, e quando
utilizados cronicamente podem acarretar Queixa de insônia sem evidências
tolerância. objetivas observadas pelos métodos válidos
e disponíveis. Pode estar presente em todos
os outros tipos de insônia, particularmente
na insônia psicofisiológica. Geralmente os
3.7. Insônia associada a transtornos insones tendem a subestimar o tempo total
circadianos de sono na cama durante a noite.

Os transtornos do ritmo circadiano


podem estar associados aos sintomas de
insônia sempre que, por motivo profissional
ou social, houver necessidade de dormir em
horários não fisiológicos.

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4. INDICAÇÕES
E ACHADOS EM
POLISSONOGRAFIA NAS INSÔNIAS

A polissonografia (PSG) consiste no esforço respiratório, eletrocardiograma,


monitoramento dos parâmetros durante o oximetria). Também pode ser feito o registro
sono de ronco e da posição corporal.

4.2.1. Estagiamento do sono


4.1. Indicações
Para o estagiamento do sono
Após avaliação clínica criteriosa, é imprescindível o registro de
sugere-se a PSG: eletroencefalograma, eletrooculograma e
a) nas suspeitas de transtornos intrínsecos eletromiograma da região submentoniana.
do sono, como transtornos respiratórios, Eletroencefalograma (EEG): o manual
movimentos periódicos dos membros, padrão (Rechtschaffen & Kales, 1968)
doenças psiquiátricas e neurológicas, recomenda a utilização dos eletrodos C3 e
fibromialgia e má percepção do estado do C4, referenciados com a orelha ou mastóide
sono. contralateral (A1, A2). Quando o estudo
b) na suspeita de parassonias envolve a identificação de comportamentos
c) insônias não responsivas ao tratamento anormais durante o sono e/ou de atividades
d) insônias de etiologia não definida eletroencefalográficas anormais, é preciso
colocar eletrodos adicionais, conforme a
necessidade de cada caso.
4.2. Critérios PSG padrão mínimo Eletrooculograma (EOG): existem
duas razões primárias para se registrar os
O padrão mínimo de PSG consiste movimentos oculares durante o PSG: a
no registro assistido, de noite inteira, com presença dos movimentos oculares rápidos
a avaliação de múltiplos parâmetros essenciais para os critérios de estagiamento
fisiológicos. A maior parte dos de sono REM e os movimentos oculares
investigadores recomenda o registro rotatórios lentos que podem estar presentes
de variáveis neurofisiológicas na transição vigília-sono. Embora estes
(eletroncefalograma, eletrooculograma, últimos não façam parte dos critérios de
eletromiograma submentoniano e definição de estágio 1 NREM, eles podem
eletromiograma músculo tibial anterior) e de auxiliar na detecção deste estágio.
variáveis cardiorespiratórias (fluxo aéreo, Eletromiograma submentoniano (EMG):

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este parâmetro é utilizado como critério 4.2.4. Eletrocardiograma (ECG)


para estagiamento de sono REM. Dois
ou três eletrodos de superfície são O ECG é monitorizado durante o sono
colocados na região submentoniana para detectar e caracterizar alterações de
(ou mentoniana). ritmo e freqüência cardíaca.

4.2.2. Eletromiograma (músculo tibial-anterior 4.2.5. Oximetria de pulso


e outros músculos)
É o método mais utilizado nos
O EMG pode ser obtido em vários laboratórios de sono. Permite avaliação
outros grupos musculares e o PSG-padrão contínua não-invasiva da saturação de oxigênio
registra a atividade do músculo tibial anterior do sangue arterial por transmissão de luz. Os
como rotina para o diagnóstico de sensores são colocados preferencialmente
movimentos periódicos durante o sono. em um dedo da mão ou na orelha.
Pode-se utilizar um ou dois canais. Quando
se registra somente um canal, deve-se 4.2.6. Ronco
colocar um eletrodo em cada perna.
Sugere-se monitorização do ronco
4.2.3. Respiração através do uso de microfone.

A monitorização respiratória durante o 4.2.7. Posição corporal


sono para a investigação de transtornos
respiratórios exige o registro do fluxo de ar e Existem atualmente dispositivos que
o esforço respiratório. Existem vários monitoram com boa precisão a posição do
sensores e monitores disponíveis e a maior paciente na cama (decúbito dorsal, ventral,
parte faz uma avaliação qualitativa dos lateral direito e lateral esquerdo), sendo
eventos. geralmente colocados no tórax.
Fluxo de ar: pode ser avaliado
diretamente (por exemplo, pneumotacógrafo) 4.2.8. Monitoramento com câmera de
ou pela detecção de diferenças químicas ou vídeo
físicas entre o ar expirado e o ar ambiente
(por exemplo, termistor). As apnéias e Utilizada para registro de comportamentos
hipopnéias se caracterizam pela redução do anormais durante o sono.
fluxo de ar nasal e/ou oral.
Esforço respiratório: é necessário que 4.2.9. Montagens
se monitorize o esforço do tórax e do
abdômen, importante no diagnóstico das Protocolo necessário para PSG de rotina:
apnéias e hipopnéias obstrutivas. 01: EEG - C3/A2 ou C4/A1

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02: EOG esquerdo Índice de apnéia e hipopnéia: até 5/hora


03: EOG direito Obs.: No idoso, ocorre aumento de
04: EMG submentoniano microdespertares e redução progressiva do
05: EMG músculo tibial anterior esquerdo- sono de ondas lentas e em menor grau do
direito sono REM.
06: Fluxo aéreo nasal e oral
07: Esforço respiratório torácico
08: Esforço respiratório abdominal 4.5. PSG nas insônias
09: ECG (geralmente derivação V2
modificada) 4.5.1. Insônia associada a transtornos
10: Saturação arterial de oxigênio intrínsecos do sono
11: Ronco
12: Posição corporal a) transtornos respiratórios: índice de
13: Transdutor de pressão nasal apnéia e hipopnéia maior que 5/hora de sono;
14. Câmera de vídeo aumento do índice de microdespertares;
redução do sono de ondas lentas e do sono
REM; redução na saturação da oxi-
4.3. Cuidados especiais hemoglobina; presença de ronco.
b) movimentos periódicos de membros:
Recomenda-se não suspender os índice de movimentos de membros inferiores
medicamentos já utilizados pelo paciente maior que 5/hora de sono, seguidos de
antes da realização da PSG, porém, em caso despertares.
de sua retirada, levar em conta a meia-vida
do medicamento. 4.5.2. Insônia associada a transtornos
psiquiátricos

4.4. PSG normal de um adulto a) depressão: redução da latência


REM e despertar precoce
Eficiência do sono maior que 85%; b) ansiedade: aumento da latência do
Latência do sono menor que 30 minutos; sono e dos despertares durante a noite
Latência REM: de 70 a 120 minutos.
Porcentagem dos diversos estágios do sono: 4.5.3. Insônia associada a abuso de
Estágio 1: até 5% substâncias
Estágio 2: de 50 a 55%
Estágio 3 e 4: maior que 15% Benzodiazepínicos e barbitúricos:
Sono REM: 20 a 25% aumento de ritmos mais rápidos (alfa e beta)
Microdespertares: até 10/hora no EEG, aumento dos fusos, redução do
Movimentos periódicos de membros: até 5/hora sono de ondas lentas e do sono REM,

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redução da eficiência do sono. 4.5.8. Insônia psicofisiológica e idiopática

4.5.4. Insônia associada a doenças Redução da eficiência do sono devido


neurológicas o aumento da latência do sono e/ou
despertares durante a noite; aumento do
A doença de Alzheimer encontra-se estágio 1 e redução do sono de ondas lentas
associada a uma redução do sono REM e e por vezes do sono REM.
alteração do sono de ondas lentas que são
proporcionais ao transtorno cognitivo. 4.5.9. Má percepção do estado do sono
Presença de um comprometimento do ritmo
sono-vigília de 24 horas, especialmente em PSG normal ou mostrando, geralmente,
indivíduos restritos ao leito ou confinados a eficiência do sono maior que aquela relatada
instituições, com redução da eficiência do pelo paciente.
sono noturno.

4.5.5. Insônia associada a doenças


reumatológicas

Padrão alfa-delta é um achado


descrito em pacientes com fibromialgia. É
caracterizado pela intrusão de atividade alfa
durante o sono de ondas lentas. Não é
específico deste transtorno, podendo ser
também encontrado em pacientes com
queixas de sono não restaurador, artrite
reumatóide e síndrome da fadiga crônica.

4.5.6. Insônia associada a outras doenças

Neoplasias, SIDA, DPOC podem


provocar alterações do sono.

4.5.7. Insônia associada a transtornos do


ritmo circadiano

A PSG tem pouca utilidade no


diagnóstico de transtornos do ritmo
circadiano.

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5. OUTROS PROCEDIMENTOS

5.1. Diário de sono 5.3. Actigrafia

Os diários de sono devem ser de fácil A actigrafia baseia-se na monitorização


preenchimento pela manhã, de preferência logo do grau de atividade nas 24 horas. Consiste
após o paciente acordar, e devem ser realizados de um sensor colocado no pulso, como um
por período mínimo de duas semanas. relógio que guarda as informações sobre a
As informações principais que devem estar atividade motora e repouso. Pode ser
contidas são: horário de ir para a cama, latência utilizado como informação complementar
estimada para o sono, despertares durante a para registrar os transtornos do ciclo
noite, horário de acordar, horário de sair da cama, vigília-sono. Alguns desses sensores
horas estimadas de sono, qualidade do sono, apresentam também um fotossensor que
consumo de medicamentos, cafeína e álcool. mede a luminosidade do ambiente. Apesar
de sua utilidade, ainda não constitui
exame de rotina.
5.2. Exames bioquímicos

Hemograma, glicemia e exames para


função tireoidiana, renal e hepática.

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6. CONSEQÜÊNCIAS E
CO-MORBIDADES
A freqüência de conseqüências e co- psiquiátrico. Há relatos de que insones
morbidades da insônia vai depender também têm tendência a apresentar abuso
principalmente do tempo de duração da de drogas. De fato, o consumo de álcool
insônia, do transtorno ou doença associados com a finalidade promotora do sono é mais
e do subtipo diagnosticado. De uma maneira comum nesses indivíduos. Entretanto,
geral, nas insônias crônicas, sintomas também foi demonstrado em estudo
cognitivos e alteração do humor secundária controlado, que pacientes com insônia
são observados, mas geralmente não primária buscam na terapia a melhora do
preenchem os critérios para depressão sintoma, e pelo menos a curto prazo não
maior (DSM-IV). Irritabilidade, redução do demonstraram comportamento de
desempenho, alteração da concentração, escalonamento de dose nem abuso. Ainda
queixas de memória e fadiga são comuns. não está bem estabelecido na literatura o
Ainda não foi demonstrado claramente que aumento do risco de mortalidade, apesar de
esses déficits cognitivos são totalmente alguns estudos apontarem esses dados.
revertidos após tratamento. A ocorrência de Entretanto a insônia e a fadiga aumentam
insatisfação global com o sono, sonolência significativamente o risco de acidentes de
diurna e fadiga intensa sugerem a trabalho, domésticos e de trânsito.
concomitância de um diagnóstico clínico ou

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7. TRATAMENTO

A despeito de insônia ser um primário à saúde devam receber treinamento


problema com elevada prevalência em todo que os capacite a:
o mundo (10% dos pacientes avaliados em • identificar pessoas com insônia;
unidades de atendimento primário à saúde • fazer diagnóstico diferencial;
apresentam queixas de insônia), o • iniciar tratamento e fazer acompanhamento
seguimento inadequado desses pacientes clínico;
pode ocorrer decorrente dos seguintes • encaminhar para atendimento secundário
fatores: ou terciário casos de difícil diagnóstico ou
a) duração da consulta médica; resistentes ao tratamento.
b) não inclusão de perguntas sobre o sono É importante para o tratamento da
na anamnese; insônia a separação entre casos primários e
c) dificuldades no diagnóstico diferencial; secundários, a identificação dos fatores
d) dificuldades na orientação terapêutica. predisponentes, precipitantes e/ou perpetuantes,
Desse modo, esses pacientes podem e a indicação da melhor terapêutica em um
não ter oportunidade de receber tratamento determinado momento.
adequado, o que aumentaria os riscos das Na abordagem do tratamento das
complicações ou das co-morbidades insônias deve-se ter o cuidado de tratar os
relacionadas a insônia. Além disso, o acesso sintomas diurnos, noturnos e a doença de
a indutores do sono sem orientação médica base. As opções terapêuticas disponíveis do
adequada pode estar facilitado. Esta sintoma da insônia aqui apresentados são:
realidade aponta para a necessidade de que tratamento não-farmacológico, tratamento
os médicos que fazem o atendimento farmacológico e a combinação de ambos.

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TRATAMENTO DAS POSSÍVEIS


CAUSAS DAS INSÔNIAS

Uma vez que a insônia pode ser o • transtornos respiratórios


sintoma de diversas doenças, deve-se ter em • transtorno dos movimentos periódicos dos
mente que o seu tratamento depende do membros inferiores
tratamento da causa de base. Assim, deve- • síndrome das pernas inquietas
se priorizar o tratamento da doença de base, • fibromialgia
podendo-se associar a este o tratamento • transtornos neurológicos e psiquiátricos
para a insônia. São exemplos comuns desse • drogas e álcool
sintoma: • ambiente inadequado etc.

TRATAMENTO COGNITIVO E
COMPORTAMENTAL

7.1. Terapias comportamentais é semelhante entre ambos, mas a melhora é


mais rápida com o tratamento
As terapias comportamentais mostram farmacológico. Entretanto, quando se
ser o tratamento de escolha para pacientes considera a manutenção da melhora, esta
com insônia psicofisiológica tanto quando pode ser maior nas terapias
usadas isoladamente, quanto em associação comportamentais.
à terapia farmacológica. Elas apresentam O foco do tratamento comportamental
como vantagem ao tratamento é modificar as situações e os pensamentos
farmacológico o baixo risco de efeito que mantenham a insônia. O tratamento
colateral e a manutenção da melhora a longo tipicamente dura entre quatro a oito sessões,
prazo. Seu uso acaba sendo limitado em sendo em geral, uma sessão por semana e
função do pequeno número de profissionais requer grande motivação do paciente. Em
treinados nestas técnicas, pelo custo do trabalhos de meta-análise, as técnicas
tratamento. Quando se compara o comportamentais que se mostraram eficazes
tratamento farmacológico com as terapias no tratamento das insônias, foram a restrição
comportamentais observa-se que a eficácia de sono e o controle de estímulos, podendo

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também ser incluída a higiene do sono e a próximo ao horário de dormir, mantendo-se


terapia cognitiva. um intervalo mínimo de 3 horas, entre o final
da atividade física e o horário de deitar.
7.1.1. Higiene do sono Embora possa parecer óbvio, é
importante orientar o paciente quanto a
Informações básicas sobre o sono e cuidados relacionados ao ambiente de
higiene do sono são, em geral, dadas a dormir, que muitas vezes são esquecidos,
todos os pacientes com insônia. A higiene como a luminosidade, o barulho, a
do sono apresenta como foco os hábitos de temperatura, o tamanho da cama, entre
vida e os fatores ambientais que podem outros.
interferir positiva ou negativamente no sono. Fazem parte ainda das orientações a
Atividades diárias que são inconsistentes serem dadas ao paciente, de forma verbal e
com a manutenção de uma boa qualidade por escrito, as seguintes instruções:
de sono e com o alerta diurno podem ser a • a restrição do tempo de sono;
única causa da insônia. Desta forma, deve-se • o estabelecimento de horários
investigar os hábitos de vida dos pacientes regulares de sono;
para poder orientá-los na identificação • não ir para a cama para tentar
destes fatores e nas mudanças necessárias dormir sem sono;
a serem feitas. • não passar o dia preocupando-se
A cafeína, da mesma maneira que com o sono;
outros estimulantes, pode ocasionar insônia • reservar um período no início da
e a sensibilidade à mesma pode aparecer noite para planejar e pensar nos
com a idade. A nicotina, assim como a problemas e atividades do dia
cafeína, é estimulante, e pode dificultar o seguinte ou dos próximos dias;
adormecer, ocasionando um despertar por • não ficar controlando o passar das
síndrome de abstinência durante a noite. horas no relógio.
Desta forma, o paciente deve ser orientado a
interromper o uso de substâncias que 7.1.2. Terapia de controle de estímulos
contenham cafeína e/ou nicotina entre 4 a 6
horas antes do horário de ir dormir. A terapia de controle de estímulos
Apesar de acreditar-se que o álcool é refere-se a instruções que ajudam o paciente
um facilitador do sono, as bebidas alcoólicas com insônia a estabelecer um adequado
podem induzir um sono de qualidade ruim e ritmo sono-/vigília. Tem como objetivo
fragmentado. Desta forma, a ingestão de associar o quarto e a cama ao rápido início
álcool além de induzir a um sono não- do sono, eliminando do quarto e da cama
reparador, aumenta o risco de atividades incompatíveis com o sono (TV,
desenvolvimento de dependência. telefone, comida, livros), ou mesmo o hábito
Exercícios físicos não devem ser feitos de preocupar-se com eventos do dia que

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passou e planejar as tarefas do dia seguinte consistente;


na hora de dormir. Essas condições podem • não cochilar ou deitar durante o
aumentar o estado de alerta e dificultar o dia (podendo fazer exceção as
sono. A ansiedade e a frustração associadas pessoas idosas que podem
com o tentar adormecer também é um fator necessitar de cochilo breve no
que dificulta dormir. Isto é válido para a meio do dia, cujo ritmo circadiano
maioria dos pacientes, entretanto alguns de sono-vigília é bifásico).
poucos usam a TV ou eventualmente a Embora estas instruções sejam
leitura em ambientes com luminosidade não simples, a adesão a elas é melhor quando os
muito elevada, durante um curto período de itens são discutidos com os pacientes
tempo para induzir o sono, com sucesso. De individualmente. Para aqueles que
modo geral, deve-se dar as seguintes apresentam dificuldade de manutenção do
instruções para o paciente: sono, deve-se dar as instruções acima,
• ir para a cama quando estiver com observando sua utilização toda vez que
sono; acordar e não conseguir adormecer
• usar a cama e o quarto somente novamente.
para dormir e para a atividade
sexual; 7.1.3. Restrição de sono e de tempo na
• caso sentir-se incapaz de dormir, cama
levantar da cama e ir para outro
ambiente e retomar alguma A terapia de restrição de sono é
atividade relaxante em ambiente baseada na observação de que muitas
com pouca luminosidade; pessoas com insônia passam muito tempo
• ficar fora da cama o quanto na cama tentando dormir e mesmo assim,
desejar e só retornar novamente apresentam uma pobre eficiência do sono. O
para dormir, de modo a favorecer a objetivo desta terapia é consolidar o sono
associação da cama com o por meio da restrição do tempo que o
adormecer rápido; paciente passa na cama. Na terapia de
• caso a dificuldade em iniciar ou restrição do sono os horários de sono e
reiniciar o sono persistir, repetir o vigília são prescritos individualmente,
item acima quantas vezes for limitando-se o tempo na cama para uma
necessário durante toda a noite; quantidade de horas próximas à média que o
• regular o relógio para despertar e paciente realmente dorme. Essa técnica cria
levantar sempre no mesmo horário um leve estado de privação de sono,
todos os dias, independente do podendo inicialmente ocasionar sonolência
quanto você dormiu durante a diurna, mas propicia uma rápida
noite, isto ajudará o organismo a consolidação do sono, facilita o adormecer,
adquirir um ritmo de sono melhora a eficiência do sono e diminui a

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variabilidade entre as noites. Por exemplo, Independentemente do tipo de relaxamento


no caso de um paciente que permanece na utilizado, orienta-se o paciente a utilizar a
cama 9 horas, mas dorme apenas 5 horas, técnica em qualquer situação e local.
orienta-se para a primeira semana um tempo As técnicas de relaxamento têm sido
de permanência na cama de 5 horas, a partir investigadas para o tratamento das insônias,
da segunda semana serão feitos ajustes mostrando serem superiores ao placebo.
conforme a eficiência do sono: Com esta abordagem a percepção subjetiva
• Se esta for maior que 90%, da qualidade do sono também melhora.
aumenta-se 15 a 20 minutos do Entretanto, a técnica de relaxamento se
tempo na cama por semana. mostra menos eficaz do que as terapias de
• Se esta for menor que 80%, restrição de sono e de controle de estímulos.
diminui-se em 15 a 20 minutos do Da mesma forma, a técnica de relaxamento
tempo na cama por semana. parece ser menos efetiva em idosos,
• Se a eficiência do sono estiver principalmente quando não estão sob
entre 80% e 90% não se altera o supervisão do terapeuta.
tempo na cama. O relaxamento progressivo é o
Deve-se ressaltar que o tempo na tratamento mais estudado para insônia. Nele
cama não deve ser menor do que 5 horas orienta-se o paciente a tensionar e relaxar os
para evitar sonolência excessiva diurna. grandes grupos musculares de forma
seqüencial; ao mesmo tempo, pede-se que
7.1.4. Técnicas de relaxamento observe a sensação de tensão e de
relaxamento.
As técnicas de relaxamento têm como O biofeedback é a técnica de
base a observação que pacientes com relaxamento progressivo que monitoriza,
insônia apresentam um nível de alerta com uso de equipamento apropriado,
(fisiológico e cognitivo) elevado tanto à noite, variáveis fisiológicas dos pacientes, como, a
quanto durante o dia. As técnicas de tensão muscular, a temperatura cutânea, a
relaxamento incluem vários procedimentos freqüência cardíaca, a pressão arterial e a
como o relaxamento progressivo, o resposta eletrodérmica, entre outras. O
treinamento autogênico, a técnica de paciente tem informação desses dados, por
visualização, hipnose e o biofeedback. meio de resposta sonora que aumenta ou
Muitos pacientes com insônia diminui de forma diretamente proporcional
apresentam-se hiperalertas e ansiosos ao grau da tensão muscular, ou informação
durante o dia. O treinamento de relaxamento visual (mediante um gráfico que é observado
pode produzir um duplo benefício: primeiro no monitor do computador). A partir da
reduz o alerta diurno e permite ao paciente observação desses sinais, o paciente é
manejar com maior eficácia seu estresse treinado a controlar suas respostas
diurno e, segundo, ajuda a adormecer. fisiológicas, inicialmente com o auxílio do

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equipamento e, posteriormente, após Todas essas modalidades de


aprendido, por si mesmo. relaxamento necessitam de treinamento
Existem três tipos de biofeedback que regular ao longo de várias semanas e a
se mostraram eficazes para o tratamento da orientação profissional é freqüentemente
insônia: (a)biofeedback por eletromiografia necessária no estágio inicial do processo.
(BFB-EMG); (b)biofeedback por Outras técnicas de relaxamento como
eletroencefalografia com produção de ondas a respiração diafragmática, a meditação e o
teta (BFB-EEG); e (c)biofeedback por ioga, ainda não apresentam suporte
eletroencefalografia com produção de ritmo científico para o seu uso no tratamento das
sensoriomotor (BFB-SMR). A maioria dos insônias.
estudos para avaliar a eficácia do
biofeedback foi realizada com o BFB-EMG.
O BFB-EMG produz relaxamento. 7.2. Terapia cognitiva
Nessa técnica os pacientes são orientados a
fazerem o exercício de relaxamento em casa, Há um grande número de sintomas
além de realizarem os exercícios de forma cognitivos que podem ocasionar ou manter a
monitorada no laboratório (consultório). insônia, como preocupações, pensamentos
Estudos mostraram uma diminuição da intrusivos e falsas atitudes, crenças sobre o
latência do sono nos pacientes que são sono e a conseqüência da insônia. As
tratados com esta técnica, mas não intervenções cognitivas englobam as
mostraram ser superior a outras técnicas de técnicas de intenção paradoxal e de
relaxamento. reestruturação cognitiva.
O BFB-EEG induz o sono diretamente,
em contraste com o BFB-EMG que diminui o 7.2.1. Intenção paradoxal
nível de tensão e ansiedade. A combinação
do BFB-EMG com o BFB-EEG com Muitas pessoas pioram sua insônia
treinamento de produção de ritmos alfa e com a preocupação de serem ou não
teta ou mesmo, BFB-EEG só com produção capazes de adormecer. Para reduzir a
do ritmo teta tem demonstrado eficácia ansiedade antecipatória associada ao tentar
terapêutica no tratamento da insônia. dormir, os pacientes são orientados a irem
O BFB-SMR é usado para produzir o para a cama e ficarem acordados e não
ritmo eletrencefalográfico de 12 a 14 Hz no tentarem adormecer. Essa técnica reduz a
córtex sensoriomotor. Alguns estudos ansiedade associada ao medo de não ser
mostram que este tipo de biofeedback é capaz de dormir, assim, os pacientes
mais eficaz em pacientes com insônia que tornam-se mais relaxados e adormecem
não apresentam maior nível tensional, mais rapidamente. Não é uma técnica
entretanto, estes resultados ainda são freqüentemente utilizada.
controversos.

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7.2.2. Reestruturação cognitiva

Pacientes com insônia freqüentemente


apresentam idéias irracionais sobre o sono.
Cinco tipos de pensamentos inadequados
são identificados como por exemplo: (a)
falsas idéias sobre as causas da insônia; (b)
falsas crenças ou amplificação das
conseqüências do sono ruim (por exemplo,
que se ficarem uma a duas noites sem
dormir entrarão em um "colapso nervoso";
que devem cancelar atividades sociais,
familiares e de trabalho após uma noite ruim
de sono); (c) expectativas de sono irreais
(necessidade de no mínimo 8 horas de sono
para sentir-se bem e ter um bom
desempenho no outro dia); (d) diminuição
da percepção do controle do sono e
perspectiva de sono e; (e) não acreditar nas
práticas de indução de sono e na sua própria
capacidade de obter sono.
A terapia cognitiva consiste em dar
orientações gerais, identificar atitudes e
pensamentos inadequados promovendo
mudanças. Essas técnicas mostraram-se
eficazes como parte do tratamento, levando
ao aumento da eficiência do sono, reduzindo
a latência do sono, o tempo acordado após
adormecer e o despertar precoce.

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7.3. FOTOTERAPIA
A exposição à luz pode influenciar a duas horas a 10.000 lux por 30 minutos. A
amplitude e a fase dos ritmos circadianos caixa de luz é colocada no nível dos olhos a
humanos, podendo ter papel importante no uma distância de aproximadamente 90
tratamento da insônia relacionada a ciclos centímetros. Com uma exposição excessiva,
irregulares de vigília-sono. As principais o paciente pode apresentar cefaléia e
indicações desta técnica são: síndrome do tontura. É importante salientar ainda, que
atraso e do avanço da fase de sono, esta terapêutica raramente pode ocasionar a
transtorno afetivo sazonal, quadros ativação do SNC levando a um estado de
demenciais e condições que envolvam hiperalerta, podendo desencadear também,
mudança de fuso horário e trabalho em turno. quadros de hipomania.
Os aspectos envolvidos na aplicação Em transtorno de atraso de fase o
da fototerapia incluem horário e tempo de horário recomendado para a exposição à luz
exposição, características do estímulo, é logo cedo, pela manhã, para prevenir
medidas de segurança e uso de aparelhos letargia matinal. No transtorno de avanço de
adequados. Os aparelhos são seguros, não fase o horário de exposição à luz deve ser 2
provocam aquecimento e contêm filtros de horas antes do horário usual de dormir.,
ultravioleta, protegendo assim, os olhos. Desta forma, pode-se obter o atraso
A intensidade da luz é medida em desejado no horário de dormir, passando a
unidades lux. A intensidade da luz interna é um horário mais aceitável socialmente.
de aproximadamente 150 lux e a luz da Existem ainda, outras técnicas não
fototerapia tem uma potência de 2.500 a farmacológicas, utilizadas para o tratamento
10.000 lux. Para um tratamento com das insônias, que podem trazer benefícios
fototerapia ser eficaz, a potência da luz tem ao paciente, mas que aguardam maior
que estar dentro do intervalo de 2.500 lux por evidência científica.

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7.4. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO

7.4.1. Sedativo-hipnóticos é um complexo pentamérico composto por


subunidades homólogas: 16 subunidades
Substâncias sedativas reduzem a diferentes de 7 famílias distintas: 6 =, 3 >, 3 C, 1 @,
atividade e excitação, produzem sonolência e 1 A, 1 F e 1 G. A ativação desse receptor por
facilitam o início e/ou a manutenção do sono. “agonistas” modifica a cinética de ligação do
GABA ao receptor GABA-A, tendo como resultado
Bases moleculares da atividade o aumento da corrente de cloro, e portanto,
farmacológica aumento da neurotransmissão inibitória. Atualmente,
dados apontam para o fato de que o cálcio pode
A maioria dos hipnóticos age por meio de ter importante papel nesse mecanismo de ação.
mecanismos que envolvem o neurotransmissor Receptores GABA-A-BZD se expressam em vários
do ácido gama-aminobutírico (GABA). O GABA tecidos, e a ligação de suas diferentes
está presente difusamente no sistema nervoso subunidades com diferentes grupos de agonistas
central, sendo o principal neurotransmissor produzem um espectro de efeitos farmacológicos,
inibitório. O principal sub-receptor GABA onde se destacam: sedação, indução de sono,
responsável pelo efeito sedativo-hipnótico é o diminuição de ansiedade, relaxamento muscular,
GABA-A. amnésia anterógrada, atividade antiepiléptica, e
Os receptores GABA possuem forma relaxamento muscular. Mais recentemente,
pentamérica com várias subunidades gerando descobriu-se três subtipos de receptores 1)
diversas isoformas. A distribuição das diferentes receptor BZD1 atualmente chamado de ômega 1,
isoformas é heterogênea. Como esses receptores existente no SNC em áreas responsáveis por
são encontrados difusamente no sistema nervoso manutenção do ciclo sono-vigília e sedação; 2)
central e apresentam diversas conformações receptor BZD2 ou ômega 2, mais concentrado em
estruturais de acordo com variações em suas áreas do SNC responsáveis por cognição,
subunidades, explica-se parcialmente o fato de memória e funções psicomotoras; 3) receptor
que diferentes drogas agonistas possam produzir BZD3 localizado fora do SNC, principalmente
uma variedade de ações farmacológicas, tais relacionado ao relaxamento muscular.
como, anticonvulsivante, miorrelaxante, ansiolítica Diazepínicos diminuem a latência do
e amnéstica. sono. Estazolam, Flurazepam, Quazepam,
Temazepam e Triazolam são alguns exemplos,
7.4.2. Apresentação dos fármacos sendo no nosso meio também utilizados
Clonazepam, Diazepam, Midazolam e
Benzodiazepínicos (BZD)
Flunitrazepam. Atuam nos receptores BZD1
• Mecanismo de ação - o receptor GABA-A-BZD ou ômega 1, BZD2 ou ômega 2.

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Composto Meia-vida Tempo para Dose (mg) aumentando a duração do efeito


(horas) Início do Efeito
farmacológico. Como exemplo pode ser
(min)
Alprazolam 12 ± 2 30 – 60 0,5 – 2 citado o flurazepam, que tem meia-vida de 2
Clordiazxepóxido 10 ± 3,4 50 – 100 a 3 horas, sendo um de seus metabólitos
Clonazepam 23 ± 5 20 – 60 1–3 ativos o N-desalquil-flurazepam, com meia-
Clorazepato 2 ± 0,9 30 – 60 3,75 – 20
vida de 50 horas. A velocidade da
Diazepam 43 ± 13 5 – 10
biotransformação de diazepínicos que são
Estazolam 10 – 24 15 – 30 1–2
Flunitrazepam 11 – 20 0,5 – 1,5
inativados pela reação inicial (isto é, que não
Flurazepam 74 ± 24 15 – 20 15 – 30 possuem metabólitos ativos) determina a
Lorazepam 14 – 5 30 – 60 2–4 duração de sua ação (exemplo: temazepam,
Midazolam 1,9 ± 0,6 10 – 20 7,5 – 15 triazolam, midazolam e lorazepam). Alguns
Nitrazepam 25 – 35 2,5 – 10
como o oxazepam são conjugados
Oxazepam 8 ± 2,4 30 – 60 15 – 30
diretamente com o ácido glicurônico, sem
Quazepam* 39 20 – 45 7,5 – 15
Temazepam* 11 ± 6 45 – 60 7,5 – 30 sofrerem ação da citocromo P450.
Triazolam 2,9 ± 1,0 15 – 30 0,125 – 0,5 Substâncias como a eritromicina,
OBS: *Não são disponíveis no Brasil claritromicina, cetoconazole, itraconazole,
nefazodone, ritonavir e suco de “grapefruit” ou
• Farmacocinética e Farmacodinâmica - são pomelo são inibidores da CYP3A4, afetando o
absorvidos no trato gastrointestinal, e devido metabolismo dos diazepínicos, necessitando
à sua lipossolubilidade chegam rapidamente de atenção médica para a interação
ao receptor benzodiazepina. De acordo com medicamentosa, notadamente em pacientes
sua meia-vida de eliminação podem ser idosos. Cimetidina e contraceptivos orais
divididos em três categorias: a) BZD de ação inibem a N-desalquilação e a 3-hidroxilação,
rápida (meia-vida menor que 6 horas); favorecendo o aumento da meia-vida.
b) BZD de ação intermediária (meia-vida Os BZDs não induzem a síntese de
entre 6 e 24 horas); c) BZD de ação longa enzimas do sistema microssomal hepático,
(meia-vida maior que 24 horas). não acelerando o metabolismo de outras
substâncias que requeiram esta via
Estes fármacos ligam-se à proteínas metabólica.
plasmáticas; sendo iguais à concentrações • Segurança e Efeitos Colaterais - nas doses
livres no plasma e no líquido cefalorraquidiano. recomendadas, a depressão do Sistema
Também cruzam a barreira placentária e são Nervoso Central (SNC) não atinge níveis
secretados no leite materno. perigosos para a sobrevivência. Como pode
BZDs são metabolizados no fígado ocorrer com doses muito altas, o risco de
por enzimas da família citocromo P450, acidentes fatais pode existir.
particularmente CYP3A4 e CYP2C19. Vários
compostos possuem metabólitos ativos que Os efeitos colaterais incluem:
são biotransformados mais lentamente, a) Efeitos de sedação residual durante o dia

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- ocorrem mais freqüentemente com BZDs BZD em causar sintomas de abstinência


de meia-vida intermediária e longa. à retirada. A susceptibilidade para este
Sensação de ressaca e dificuldades efeito irá depender do tipo de BZD
psicomotoras (reflexos viso-motores e (entretanto pode ocorrer com qualquer
acústico-motores ficam alentecidos) são BZD), da severidade da insônia antes
comuns. Dificuldades na manutenção da do tratamento e do perfil da personalidade
postura e equilíbrio podem ocorrer. Alguns do paciente. A descontinuidade lenta
pacientes referem sensação de cabeça e gradual, com suporte médico e
vazia e pouca motivação para tarefas do psicológico é recomendada na retirada
dia a dia. dos BZDs. Muitas vezes para se evitar
b) Comprometimento da memória - BZDs sintomas de retirada pode-se usar um
podem levar à amnésia anterógrada, assim outro BZD com diferentes propriedades
como comprometimento da consolidação farmacológicas como o clonazepam
da memória. Estes efeitos têm particular antes de se descontinuar totalmente o
importância em pacientes idosos. tratamento ou antes de serem prescritos,
c) Quedas - são freqüentes nos idosos, por exemplo, os novos hipnóticos. Por
notadamente naqueles com depressão. vezes uma substância com propriedades
Embora haja muita controvérsia com ansiolítico-sedativas pode também ser útil
relação à quedas, insônia e uso de para uso noturno somente no período
BZDs, há que se ter cautela com o uso transicional da retirada.
destes fármacos em pessoas idosas, f) Abuso da medicação - o abuso costuma
principalmente naquelas com disfunção ocorrer em usuários crônicos, geralmente
autonômica. adultos com outros problemas físicos ou
d) Depressão da ventilação - pode ocasionar psiquiátricos.
certo grau de depressão respiratória, g) Desenvolvimento de tolerância - pode
principalmente durante o sono. Esta ocorrer com o uso prolongado,
situação tende a acontecer mais nos entretanto, existem pacientes que a
idosos, ou naqueles pacientes com despeito de usarem BZDs por longos
distúrbios respiratórios do sono ou períodos não desenvolvem tolerância,
doenças pulmonares. O uso de BZDs mas podem ser dependentes de BZDs em
nesses pacientes deve ser evitado. baixas doses.
e) Insônia rebote - Ocorre durante a h) Dependência e dificuldades na retirada
descontinuação do uso em pessoas que da medicação - dependência fisiológica
fizeram tratamento regular por longos e psíquica podem ocorrer em pacientes
períodos. Costuma estar mais associada que usam BZDs. Um terço de usuários
ao uso de BZDs com meia-vida curta e regulares, por longos períodos, terão
intermediária, mas a meia-vida não é o dificuldades para descontinuar a
único determinante da potencialidade do medicação. Nos idosos, 71% de usuários

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regulares crônicos não conseguirão obstrutivos do sono, sedação, supressão


adormecer sem o fármaco. Piora dos de cuidados consigo mesmo, quedas,
sintomas ocorrerá em 80% daqueles confusão, amnésia, e outros sintomas que
que tentarem parar a medicação. Apenas possam estar relacionados ao uso da
1/3 a 1/4 daqueles que pararem o uso medicação poderiam explicar o aumento
conseguiram permanecer sem um indutor na mortalidade.
de sono. Por outro lado, muitos usuários • Contra-indicações ou uso com
crônicos conseguirão descontinuar com cautela - BZDs estão contra-
sucesso o tratamento, desde que isto seja indicados em pessoas com
feito com técnica adequada. problemas de droga-adição e
A cessação do uso de BZDs pode abuso de álcool. Cuidado
levar a três tipos de resposta: especial deve ser dispensado aos
• Efeito de recidiva: é o reaparecimento idosos e pessoas com problemas
da insônia e do complexo renais, hepáticos, pulmonares
sintomático a ela associado. Pode e psiquiátricos (principalmente
ocorrer imediatamente após a nas psicoses e síndromes
parada do uso, ou após algum “borderline”). Além disso, os
evento precipitante. BZDs podem piorar os distúrbios
• Efeito rebote: é a piora dos respiratórios do sono e são
sintomas para níveis superiores ao contra-indicados durante a gravidez
que o paciente apresentava antes e em indivíduos cujo trabalho
do tratamento. possa requerer que eles acordem
• Efeito de retirada - é a emergência prontamente e tomem decisões
de um complexo sintomático com rápidas, como, por exemplo,
início, curso e sintomas claramente bombeiros ou médicos.
relacionados à retirada do fármaco.
Os sintomas costumam vir Novos hipnóticos
acompanhados de muita ansiedade
e a intensidade do quadro Imidazopiridina (Zolpidem)
depende do perfil psíquico do Pirazolopirimidina (Zaleplon)
paciente. Ciclopirrolona (Zopiclone)
i) Aumento do risco de morte - existem
trabalhos demonstrando a existência de Estes compostos apesar de não
correlação entre o uso prolongado de apresentarem o anel diazepínico, atuam
BZDs e o aumento do risco de morte. A de maneira distinta nos receptores
despeito de problemas metodológicos GABA-A-BZD. Zolpidem e Zaleplon
parece consistente pensar que a atuam seletivamente no receptor BZD\ ou
exacerbação de distúrbios respiratórios ômega 1.

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Composto Meia-vida Tempo para Dose (mg) ligação protéica dá-se com 45% da dose
(horas) Início do Efeito
absorvida. Sua metabolização é hepática
(min)
Zaleplon 1 15 - 30 5 - 10 através de processos de desmetilação e
Zolpidem 2,4 20 - 30 5 - 10 oxidação. Possui um metabólito com
Zopiclone 3,5 - 6,5 15 - 30 3,75 - 7,5 pequena atividade farmacológica, e outros
inativos. Sua eliminação é renal e pulmonar.
•Farmacocinética e Farmacodinâmica • Segurança e efeitos colaterais -
- o zolpidem é absorvido no trato por apresentarem um perfil
gastrointestinal. Maior absorção é farmacológico mais seletivo, e
obtida quando não há alimentos maior especificidade no efeito
no estômago. A biodisponibilidade hipnótico; por melhorarem a
é de 65% a 70%. Ligação protéica continuidade do sono; interferirem
ocorre com 92% da dose absorvida. pouco na sua arquitetura e
Picos de concentração plasmática produzirem menor quantidade de
ocorrem 1,6 horas após a tomada. efeitos residuais, estes fármacos
Sua metabolização é hepática por são seguros para tratar a insônia.
processos de oxidação, e é mais Na faixa terapêutica indicada, efeitos
lenta em pessoas idosas ou com colaterais ocorrem em 1 a 10% dos
hepatopatias. Não possui metabólitos pacientes, porém com menor intensidade
ativos. Sua eliminação é renal e que os observados com BZDs, e incluem:
esta diminuída em pacientes com sonolência, ansiedade, depressão, vertigem,
insuficiência renal crônica. tontura, ataxia, fadiga, irritação gástrica e
O zaleplon é rapidamente absorvido rash cutâneo.
no trato gastrointestinal, com pico de • Contra-indicações ou uso com cautela
concentração plasmática em torno de 1 - hipersensibilidade conhecida e
hora. A ligação com proteínas plasmáticas uso concomitante com álcool. Uso
ocorre com 60% da dose absorvida e a com cautela e acompanhamento
biodisponibilidade é de 30% (após a primeira médico periódico deve se dar em
passagem no fígado). Sua metabolização pacientes com hepatopatias,
dá-se por aldeído-oxidase, e em menor nefropatias e discrasia sangüínea.
proporção pela citocromo CYP3A4. Seus
metabólitos oxidados são conjugados com
ácido glicurônico e eliminados pela urina. Antidepressivos com ação sedativa
Não possui metabólitos ativos.
O zopiclone é prontamente absorvido Alguns mecanismos têm sido
no trato gastrointestinal, com pico de propostos para explicar o efeito sedativo dos
concentração plasmática em torno de 0,5 a 2 ADs tais como: antagonismo dos receptores
horas. A biodisponibilidade é de 80%, e a histaminérgicos tipo 1 (H1), atividade

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anticolinérgica ou possível influência nos - • Dosagem e Medicamentos Disponíveis


adrenoceptores. O efeito sedativo pode Antidepressivos: Nome, Grupo Farmacológico,
ou não sofrer tolerância com a continuação Dose e Efeito Sedativo / Hipnótico
do uso para alguns ADs. Este efeito tem Nome Grupo Dose Efeito Meia-
farmacológico (mg) sedativo vida
sido muito explorado no tratamento da
Hipnótico (horas)
insônia, particularmente naqueles pacientes Amitriptilina TC 25 – 300 3+ 16 – 30
que apresentam sintomas de depressão Clomipramina TC 25 – 250 2+ 32 – 70
associados ou de fibromialgia. É importante Doxepina TC 25 – 300 3+ 16 – 30I
Imipramina TC 25 – 300 2+ 12 – 30
notar que por vezes o efeito sedativo
Trimipramina TC 25 – 300 3+ 16 – 30
pode ocorrer em doses muito menores do
Maprotilina TC 25 – 225 2+ 48
que as doses necessárias para o efeito Mirtazapina AT 7,5 – 45 4+ 16 – 30
antidepressivo ótimo. Desse modo, tem Mianserina AT 30 – 90 4+ 16 – 30
sido prática comum entre alguns Nefazodone AT 150 – 600 3+ 3

especialistas, a prescrição de doses Trazodone AT 50 – 600 3+ 6

subterapêuticas, com relação à depressão, A tabela mostra apenas antidepressivos que


para tratar o distúrbio do sono. A tabela a podem ter ação sedativa
seguir mostra alguns dos ADs de acordo TC - antidepressivo tricíclico
com seu efeito sedativo. Entretanto, AT - antidepressivo atípico
chamamos a atenção para o efeito colateral 2 - efeito sedativo / hipnótico moderado
de ganho de peso que por vezes se observa 3 - efeito sedativo / hipnótico moderado
com alguns ADs sedativos. a acentuado
4 - efeito sedativo / hipnótico acentuado
• Mecanismo de ação - o efeito Meia-vida refere-se inclusive a metabólitos
antidepressivo advém em parte de: ativos
1) bloqueio da recaptação de
serotonina e norepinefrina; 2) Efeito sedativo de alguns antidepressivos
aumento na produção e liberação Sedação mais acentuada Sedação leve Pouca ou nenhuma sedação
pré-sináptica de norepinefrina; 3) Amitriptilina1 Amoxapina Bupropiona (não)

facilitação da ativação de Clomipramina Imipramina Desipramina


Doxepina Maprotriptilina Fluoxetina (não)
receptores excitatórios 1 centrais e
Trazodone 2
Nefazodone Fluvoxamina
4) desensibilização de auto-
Trimipramina Nortriptilina Protriptilina
receptores dopaminérgicos D2, Mirtazapina 3
Paroxetina Sertralina
aumentando a disponibilidade de Venlafaxina Citalopram
dopamina no prosencéfalo e 1) dose a partir de 10 mg à noite; 2) dose a partir de 50 mg à
noite; 3) dose a partir de 30 mg à noite.
córtex associativo, contribuindo
para a elevação do humor. Este
efeito pode variar de acordo com o Para os outros ADs marcados como
tipo de antidepressivo. pouco ou mais sedativos na tabela, não

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existem ainda dados para uso de doses gástrico, risco de desenvolvimento de


inferiores àquelas utilizadas para tratamento da glaucoma, retenção urinária, taquicardia,
depressão. Desse modo, devem ser utilizados palpitações, hipotensão ortostática,
nas doses terapêuticas regulamentadas. distúrbios de condução de estímulo elétrico
• Farmacocinética e Farmacodinâmica - e aumento do risco de arritmias. Cuidado
estes compostos são facilmente especial deve ser tomado com pacientes
absorvidos após administração oral. idosos, notadamente naqueles com doença
Após serem absorvidos ligam-se às cardíaca prévia, e pelo alto risco de quedas
proteínas séricas e por serem bastante em pacientes que desenvolvem hipotensão
lipossolúveis distribuem-se por todos ortostática.
os tecidos do corpo. Antidepressivos Antidepressivos atípicos produzem
tricíclicos são metabolizados no fígado efeitos colaterais potencialmente menos
por mecanismos de oxidação (no perigosos que os tricíclicos. Os principais
sistema microssomal) e conjugados efeitos da mirtazapina e mianserina são
com ácido glicurônico antes de serem ganho de peso e sonolência residual durante
eliminados. Mirtazapina e mianserina o dia. Trazodone pode produzir priapismo.
são desmetiladas e o anel hidroxilado. • Contra-indicações ou uso com
Trazodone e Nefazodone são cautela - antidepressivos tricíclicos
desalquiladas (no fígado). O devem ser evitados nas situações:
metabolismo dos tricíclicos produz 1) Em pacientes com insuficiência
metabólitos ativos, e sua eliminação cardíaca, 2) Potencial para
completa leva de 7 a 10 dias. Já desenvolvimento de arritmias graves;
os fenilpiperazínicos (trazodone e 3) Hipotensão postural e outras
nefazodone) são metabolizados mais disautonomias. Cuidado especial
rapidamente. Antidepressivos com deve ser tomado em pacientes com
meia-vida curta ou intermediária são hepatopatias e nefropatias crônicas,
os mais indicados para tratar a insônia. discrasia sangüínea, glaucoma e
• Segurança e Efeitos Colaterais - os epilepsia fora de controle.
efeitos colaterais podem ser vários,
mas como as doses sedativas são
menores que aquelas para Anti-histamínicos
tratamento de depressão, raramente
há necessidade de interromper o Os antagonistas do receptor H1
tratamento por causa de efeitos apresentam efeito sedativo. Medicações anti-
adversos. histaminérgicas podem induzir sonolência
Tricíclicos produzem efeitos não apenas através do bloqueio H1, mas
antimuscarínicos: boca seca, constipação, também através de ação anticolinérgica e do
tontura, gosto metálico na boca, mal-estar antagonismo de receptores =-adrenérgicos.

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Exemplo destes agentes inclui a prometazina • Farmacocinética e Farmacodinâmica


em doses geralmente maiores do que 25mg - antagonistas do receptor H1 são
à noite (freqüentemente usada para produzir absorvidos no trato gastrointestinal,
sedação). Os agentes que não atravessam a distribuindo-se pelos tecidos do
barreira hemato-encefálica produzem menos corpo. Sua metabolização é
sedação. Não são drogas de escolha para hepática e são excretados pelas
tratamento da insônia primária por também fezes e por via renal.
apresentarem efeitos colaterais importantes. • Segurança e efeitos colaterais - são
Alguns deles são sonolência e outros medicamentos seguros na dosagem
relacionados ao sistema colinérgico. terapêutica. O principal efeito colateral
• Mecanismo de ação - anti-histamínicos dos antagonistas H1 de primeira
que atuam no receptor H1 podem geração é que justifica seu uso em
facilmente atravessar a barreira pacientes com insônia: sedação e
hemato-encefálica (primeira geração) hipnose. Outros efeitos colaterais
ou não (segunda geração). Os de são: tontura, vertigem, tinidos,
primeira geração podem excitar ou cansaço, ataxia, euforia, diplopia,
deprimir o SNC dependendo de ansiedade, visão turva, tremor,
susceptibilidades individuais, sendo, perda de apetite, náusea, vômito,
os efeitos sedativo-hipnóticos mal-estar gástrico, constipação ou
observados, na maioria dos diarréia, ganho de peso, secura na
indivíduos. boca, tosse, retenção urinária,
• Medicamentos disponíveis e disúria, febre e discrasia sangüínea.
dosagem • Contra-indicações e uso com cautela
- o medicamento deve ser evitado
Nome Grupo Dose Duração em casos de hipersensibilidade
Farmacológico (mg) da Ação
(horas) aos componentes, hepatopatias
Difenidramina Etanolaminas 25 – 50 4–6 descompensadas, e pela gravidade,
Carbinoxamina Etanolaminas 4–8 3–6 em pacientes que abusam de
Clemastine Etanolaminas 1,34 2,68 12
drogas. Doses muito altas provocam
Dimenidrinato Etanolaminas 25 – 300 4–6
um quadro excitatório agudo do
Pirilamina Etilenodiaminas 25 – 50 4–6
Tripelenamina Etilenodiaminas 25 – 100 4–6 SNC que pode evoluir para coma e
Clorfeniramina Alquilaminas 4–8 4–6 morte.
Bronfeniramina Alquilaminas 4–8 4–6
Hidroxizina Piperazina 25 – 100 6 – 24
Ciclizina Piperazina 50 4–6
Outras Substâncias
Meclizina Piperazina 12,5 – 50 12 – 24
Prometazina Fenotiazinas 12,5 – 50 4–6
Ciproheptadine Piperidinas 4 4–6 Neste grupo estão incluídos os
Fenindramina piperidinas 25 4–6 fitoterápicos e o triptofano.

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Embora faltem dados inequívocos relatados mais efeitos colaterais com a


provenientes de estudos multicêntricos Kava-Kava, entretanto, também aguarda-se
controlados comprovando a eficácia destas mais estudos.
substâncias no tratamento da insônia,
estudos experimentais demonstraram que o • Passiflora - apresenta efeitos
ácido valerênico e extrato de camomila sedativos em animais. Parece melhorar a
apresentam, in vitro, atividade do tipo qualidade do sono em humanos.
diazepínica, ligando-se neste receptor e
aumentando a transmissão gabaérgica. • Triptofano - o controle do ciclo
sono-vigília foi um dos primeiros
Fitoterápicos: Valeriana; Camomila; Kava; comportamentos no qual um papel para a
Passiflora. serotonina foi identificado. Vários estudos
mostraram que a depleção de serotonina
• Valeriana - dados preliminares com p-clorofenilalanina (inibidor da triptofano
demonstraram que o ácido valerênico hidroxilase) induzia à insônia. A reversão
diminui a latência do sono e a quantidade de deste efeito ocorria com administração de
estágio 1 do sono não-REM, e aumenta a seu precursor 5-hidroxitriptofano. Mais tarde,
quantidade do sono de ondas lentas. Seu constatou-se que a L-triptofano diminuía a
uso pode ser evitado próximo à concepção, latência do sono e aumentava seu tempo
durante a gestação e lactação. total.
Efeitos colaterais são raros podendo A comprovação de que o aumento de
afetar o sistema gastrointestinal e mais triptofano na dieta aumentava a quantidade
raramente ainda efeitos cardiovasculares. de serotonina no cérebro justificou o início
• Camomila - apresenta atividade do seu emprego como terapêutica adjuvante
ansiolítica e antiepiléptica em ratos. Parece na insônia. Entretanto, sua ingestão por via
induzir sono em humanos. Aguarda oral é desaconselhada por efeitos colaterais.
evidências científicas.

• Kava - vários compostos (Kavain, Melatonina (uso experimental e não


metisticin, yangonin e diidrokavain) aprovado)
demonstraram capacidade de aumentar a
transmissão gabaérgica, atuando como A melatonina tem sido foco de muitos
depressores do SNC, relaxante muscular e debates e sua exploração na prática clínica
analgésico em animais. Estudos em tem ocorrido nos últimos anos, entretanto,
humanos demonstraram que diminui a regras para seu uso terapêutico ainda são
latência do sono e do estágio 1 do sono assunto de muitos estudos. A melatonina é o
não-REM. Parece apresentar atividade principal hormônio da glândula pineal dos
ansiolítica e sedativa. Costumam ser mamíferos. Sua síntese e liberação ocorrem

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no período de escuro. O pico da melatonina


segue um padrão circadiano ocorrendo
antes dos períodos de maior propensão ao
sono. Também é conhecido o fato de que
essa substância pode estar alterada nos
distúrbios sazonais do humor, depressão
maior e distúrbio pré-menstrual. A melatonina
é capaz de promover o sono.
A melatonina apresenta níveis aumentados
antes do início de sono. O aumento e queda
desses níveis de secreção têm relação com
o ritmo endógeno de temperatura. O efeito
da melatonina exógena é controverso. Ainda
não são claros os benefícios da melatonina
para o tratamento da insônia. Em idosos
houve uma redução da latência de sono,
mas nesta população, a manutenção do
sono pode ser o ponto mais crítico. Também
não existem evidências de que idosos com
baixa secreção de melatonina exibam
resposta a administração de melatonina
exógena. Entretanto, a melatonina pode ser
capaz de promover o início do sono.Estudo
toxicológico mostra que a melatonina é
segura em altas doses. Sua principal
indicação é o tratamento do transtorno
causado por mudança de fuso horário.

Medicamentos de uso específico


para alguns tipos de insônia

Esses medicamentos são indicados


primariamente de acordo com a doença de
base, eventualmente opta-se por aqueles
que possuem como efeito secundário a
sedação. Antipsicóticos, antiepilépticos,
analgésicos, antidepressivos etc.

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8. ESTRATÉGIAS PARA O
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO

8.1. NORMAS GERAIS


E OBJETIVOS

Algumas normas devem ser observadas dos sintomas durante a retirada da


para o tratamento farmacológico: - identificar medicação;
a etiologia da insônia; - utilizar a menor • Dar preferência para medicamentos
dose efetiva; - estar atento para de meia-vida curta ou intermediária.
abuso/dependência/tolerância; - cuidados • O uso crônico e continuado de
com pacientes idosos. indutores do sono deve ser evitado.
Além disso, é importante que se tenha Por outro lado, reconhece-se a
conhecimento de determinados aspectos existência de pacientes com insônia
farmacológicos, tais como: - índice terapêutico; crônica não-responsivos ao tratamento
- dose; - taxa de absorção; - taxa de cognitivo-comportamental, que se
lipossolubilidade da droga; - taxa de beneficiaram de indutores de sono
distribuição tecidual; - clearance; - presença de usados por longos períodos, sem
metabólitos ativos; - interação medicamentosa. efeitos colaterais significativos.
• Escolha de fármacos que interfiram A prescrição de indutores do sono
o mínimo possível na arquitetura devem ser prescritos somente na hora
do sono, que sejam rapidamente natural de dormir do paciente. Não se deve
absorvidos e eliminados, e que tentar antecipar esse momento por meio do
tenham poucos efeitos residuais uso do hipnótico a fim de aumentar o tempo
durante a vigília; total de sono, se o paciente nunca dormiu
• Após o controle do sintoma a anteriormente naquele período desejado
descontinuidade do uso pode ser pelo médico. A melhor informação, sempre
estimulada e feita de maneira que possível, é aquela da hora em que o
gradual; paciente sente sono e a hora em que
• Estar atento para o reaparecimento geralmente ele está efetivamente dormindo.

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8.2. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS


DE UM HIPNÓTICO IDEAL

- ausência de efeitos na memória e Observar: - a meia-vida de eliminação, se for


cognição; - rápida absorção; - ligação longa, pode causar sonolência excessiva
específica ao receptor; - manutenção de um diurna e aumento de risco de acidentes com
sono fisiológico; - ausência de efeitos fraturas; - potencial em deprimir a
residuais; - meia-vida ótima; - ausência de respiração, uma vez que os idosos têm
potencial de abuso e de fenômenos de menor complacência da musculatura das
tolerância e dependência; - ausência de vias aéreas superiores e podem desse modo
metabólitos ativos; - ausência de efeito de apresentar apnéia obstrutiva do sono; -
depressão respiratória; -ausência de ajuste da dose. Estes fatos sugerem que os
interação com álcool ou outras substâncias tratamentos não-farmacológicos como as
depressoras do sistema nervoso central. terapias cognitivas, a restrição de tempo no
Cuidados adicionais devem ser tomados ao leito e até mesmo a fototerapia devem ser
se prescrever hipnóticos a pacientes idosos. considerados em conjunto nessa faixa etária.

8.3. DROGAS DE PRIMEIRA ESCOLHA

Baseado nas informações consultadas ocorrência de apnéia e não deprime a


sugere-se que os novos hipnóticos podem respiração. Pode também ser usado de forma
ser usados como medicações de primeira intermitente e contínua observando-se
escolha. a melhora do sono, sem interferir
significativamente na estrutura normal do
sono.
Zolpidem Em idosos é indicado na dose
inicial de 5mg. Em adultos na dose de
Pode ser usado com segurança 10mg ao deitar.
uma vez que tem potencial reduzido O paciente não deve ingeri-lo próximo
para causar dependência e tolerância, tem à refeição, o que altera sua absorção.
meia-vida de eliminação curta, não É importante prescrever o indutor do sono
aumenta significativamente o risco de somente na hora de dormir.

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Zaleplon Zopiclone

Compartilha muitas das propriedades Zopiclone é menos seletivo para o


farmacológicas do zolpidem, sendo também receptor BZD1 ou ômega 1. Em geral é bem
um medicamento seguro. A única possível tolerado, mas apresenta número pouco
desvantagem é a meia-vida de eliminação maior de efeitos colaterais do que o
ultra-curta o que não permite um efeito de zolpidem e o zaleplom. Os principais deles
manutenção do sono significativo. Por outro se referem aos efeitos matinais como
lado, pode ser dado com segurança àqueles cefaléia, gosto ruim na boca, sensação de
pacientes cujo maior problema é o despertar "ressaca". Pode ser utilizado na dose de 7,5
precoce, pois pouco mais de duas horas mg à noite podendo variar de 3,25 a 15mg,
após a sua ingestão, o paciente mais raramente.
praticamente não apresenta efeito do • Indicações - em resumo Zolpidem,
medicamento podendo acordar pela manhã Zaleplon e Zopiclone estão principalmente
sem problemas de sonolência residual, indicados para o tratamento da insônia de
quando usado no meio da noite. A dose curta duração, mas, estão também indicados
terapêutica no adulto é de 10mg, podendo juntamente com o tratamento não-
variar de 5 a 20mg à noite, a critério médico. farmacológico (cognitivo-comportamental)
na insônia crônica. Atualmente existem
evidências que mostram que o zolpidem
pode também ser utilizado a longo prazo, de
modo racional em uso intermitente.

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8.4. DROGAS DE SEGUNDA ESCOLHA

Benzodiazepínicos cognitivo-comportamental. Também podem


ser utilizados na fase inicial do tratamento da
Durante muito tempo, foram as drogas insônia crônica. Os fármacos de meia-vida
de eleição para o tratamento da insônia. curta estão indicados preferencialmente para
Atualmente, ainda estão indicados para o seu dificuldades de indução do sono, os de meia-
tratamento observando-se as instruções para vida intermediária para problemas com a
o uso seguro sugeridas nesse texto. Pode ser manutenção do sono ou despertar precoce.
usado quando se deseja tratar a ansiedade,
concomitantemente. Deve ser evitado em
casos de sintomas depressivos pronunciados Antidepressivos
ou na suspeita de distúrbio respiratório do
sono ou apnéia do sono, como visto Podem ser preferidos quando sintomas
anteriormente. de depressão associados à insônia ocorram.
Indicações - os BZDs estão indicados São também primeira escolha em caso
em insônias de curta duração, com uso de no de suspeita de fibromialgia. Exemplos de
máximo duas a três semanas, seguido de agentes, doses e dados farmacológicos estão
retirada gradual e, se necessário, terapia disponíveis anteriormente nesse texto.

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8.5. OUTRAS SUBSTÂNCIAS

Os fitoterápicos têm sido muito insônias menos severas, pois têm potência
utilizados desde o princípio do século. de efeito inferior à dos novos hipnóticos e
Especialmente em países europeus podem BZDs.
ser seguros, apesar da insuficiência relativa Triptofano não é recomendado para
de estudos. Preparados de valeriana tratamento da insônia por induzir efeitos
officinalis contendo o ácido valerênico colaterais importantes.
podem ser usados para indução do sono, Melatonina tem seu uso ainda não-
em geral, em doses maiores do que as regulamentado, prejudicando desse modo
sugeridas para controle de sintomas de até mesmo a verificação de sua procedência
ansiedade leves. Podem ser indicados nas ou certificação de pureza.

8.6.TRATAMENTO NÃO-FARMACOLÓGICO

O tratamento não-farmacológico deve cognitiva comportamental. As técnicas de


ser sempre indicado, isoladamente ou em relaxamento em função da necessidade de
associação com o tratamento farmacológico. profissionais treinados e da necessidade
Os de primeira escolha são a higiene do de acompanhamento inicial passam a ser
sono, a restrição do sono e a terapia de segunda escolha.

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