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ASPECTOS DEONTOLÓGICOS DO ESTATUTO DA MAGISTRATURA

Eudóxio Cêspedes Paes1

RESUMO

O artigo aborda a influência da Deontologia Jurídica no Estatuto da Magistratura.


PALAVRAS-CHAVE: Estatuto; Magistratura; Deontologia.

ABSTRACT

This article approaches the influence of Deontology on Statute of the Magistracy.


KEY WORDS: Estatute; Magistrature; Deontology.

1 INTRODUÇÃO

A Lei Orgânica da Magistratura Nacional é o diploma normativo que rege a


atividade dos Juízes no país. Além de estabelecer os direitos e deveres dos Magistrados,
estabelece um conjunto de normas voltadas ao seu proceder, recebendo nítida influência da
Deontologia Jurídica.

2 MATERIAL E MÉTODO

O método utilizado foi o dedutivo, com ênfase na análise da Lei Complementar nº


35/70. Houve, ainda, a consulta a diversos artigos doutrinários. Por fim, utilizou-se de
pesquisa com o emprego da ferramenta da rede mundial de computadores.

3 NOÇÃO DE DEONTOLOGIA

O termo deontologia foi utilizado pela primeira vez em 1834 por Jeremias
Bentham, para definir uma espécie de moral profissional cujas únicas diretrizes fossem o

1
Bacharel em Direito, Universidade Federal da Bahia, Juiz Federal Substituto da Subseção Judiciária de Vitória
da Conquista, eudoxiopaes@hotmail.com.
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prazer e o castigo. Esse filósofo utilitarista pretendia criar códigos de conduta para diversas
categorias profissionais, inclusive para as carreiras jurídicas2 3.
No caso da Magistratura, entretanto, a preocupação com o comportamento dos
Magistrados teve início em momento histórico muito anterior, na Antiguidade Clássica. Isto
se explica porque o exercício da jurisdição sempre esteve associado à própria noção do poder
constituído e hegemônico, que em suas raízes mais remotas possuía um caráter sacro. Assim,
à medida em que se delineava a figura do judex de forma apartada do poder central, mas como
uma extensão deste, a pessoa a quem era delegada a função de judicare acabava assumindo
também uma aura de sacralidade. Leia-se a respeito a citação de Aristóteles, In Ética a
Nicômaco, quando diz que “ir ao juiz é ir à justiça; porque o juiz representa a Justiça viva e
personificada”.
Ao longo do decurso histórico, as expectativas lançadas sobre o ofício judicante
continuam imensas. Atribui-se tal circunstância ao fascínio exercido por esse labor, tão bem
ilustrado por Voltaire4 e Lamoignon5. Entretanto, a função, que sempre foi historicamente
considerada como das mais relevantes para o grupo social cobra o seu pesado tributo do
Magistrado. Espera-se muito deste Profissional: eficiência, produtividade (aferida
estatisticamente) e refino intelectual; presteza e segurança; urbanidade, independência e
discrição. Faz-se menção à Lei Orgânica da Magistratura Nacional, que em seu artigo 35
discrimina os deveres do Magistrado:

Art. 35 - São deveres do magistrado:

I - Cumprir e fazer cumprir, com independência, serenidade e exatidão, as disposições legais


e os atos de ofício;

II - não exceder injustificadamente os prazos para sentenciar ou despachar;

III - determinar as providências necessárias para que os atos processuais se realizem nos
prazos legais;

IV - tratar com urbanidade as partes, os membros do Ministério Público, os advogados, as


testemunhas, os funcionários e auxiliares da Justiça, e atender aos que o procurarem, a

2
Langaro define a Deontologia Jurídica como a disciplina que trata dos deveres e dos direitos dos agentes que
lidam com o Direito, isto é, dos advogados, dos juízes e dos promotores de justiça, e de seus fundamentos éticos
e legais.
3
Carlin registra a preocupação da deontologia com os preceitos que regem a conduta de pessoas pertencentes a
profissões organizadas em corporações.
4
“A mais bela função da humanidade é a de administrar a Justiça”
5
“Não é a púrpura, nem o arminho que faz excelente o magistrado: é a integridade, o saber, o amor da mais
severa do que a lhe é confiada, isto é, a de ser o árbitro de seus semelhantes, dispondo soberanamente sobre sua
fortuna e sobre seus mais sagrados direitos”.
3

qualquer momento, quanto se trate de providência que reclame e possibilite solução de


urgência.

V - residir na sede da Comarca salvo autorização do órgão disciplinar a que estiver


subordinado;

VI - comparecer pontualmente à hora de iniciar-se o expediente ou a sessão, e não se


ausentar injustificadamente antes de seu término;

VIl - exercer assídua fiscalização sobre os subordinados, especialmente no que se refere à


cobrança de custas e emolumentos, embora não haja reclamação das partes;

VIII - manter conduta irrepreensível na vida pública e particular.

Os deveres contidos nos três primeiros incisos são diretamente relacionados ao


ofício judicante, na medida em que refletem o ideal de que o bom juiz é aquele que trabalha,
vale dizer, que julga os feitos submetidos à sua apreciação em tempo hábil, com o devido
rigor técnico. Até então, nada demais, pois qualquer profissional é submetido a controle de
desempenho.
A partir do quarto inciso, entretanto, denota-se uma preocupação com o
comportamento pessoal do Magistrado, tanto do ponto de vista corporativo, quanto em sua
vida particular. Assim, exige-se do mesmo o trato com urbanidade às partes e pessoas com
quem se convive no ambiente de trabalho; a residência na comarca ou seção em que vai
desempenhar suas atribuições; o comparecimento pontual e presença às atividades forenses; a
fiscalização efetiva sobre os subordinados, e a conduta irrepreensível na vida pública e
particular.
A primeira leitura deste dispositivo legal leva a uma conclusão inquietante: a de
que a escolha pela profissão do Magistrado, mais do que qualquer outra, implica grande
renúncia na vida privada. Aparentemente, este é o desejo do legislador, que considerando o
caráter relevante da função jurisdicional, exige do Juiz uma espécie de “dedicação exclusiva”
ao ofício judicante. Não por acaso se diz que a Magistratura é um sacerdócio.
Note-se que o Magistrado não pode simplesmente inobservar tais comandos, por
achá-los incoerentes. Isto porque no momento em que o mesmo é empossado no cargo de
Juiz, fazendo o juramento de respeito à legislação vigente no país, passa de forma involuntária
a ser regido por um plexo de direitos e obrigações descritos em lei, no caso, o regime jurídico
da LOMAN. Como bem observa MELLO, apud GOMES MOREIRA6:

6
Conforme citação constante à fl. 206 de sua obra.
4

“O servidor encontra-se debaixo de uma situação legal, estatutária, que não é produzida
mediante um acordo de vontades, mas imposta unilateralmente pelo Estado e, por isso
mesmo, suscetível de ser, a qualquer tempo, alterada por ele sem que o funcionário
(designação tecnicamente correta, na opinião de Celso Antônio) possa se opor à mudança
das condições de prestação de serviço, de sistema de retribuição, de direitos e vantagens, de
deveres e limitações, em uma palavra, de regime jurídico”.

Além disso, não pode o magistrado alegar o desconhecimento da lei, ante a


disposição contida no artigo 3º da Lei de Introdução ao Código Civil.
Fixada a importância da questão, uma série de indagações sobre o seu
comportamento pode ser posta à baila: pode o Magistrado participar de festas populares?
Assistir a eventos de cunho científico patrocinados por instituições de direito privado?
Exercer o magistério durante o expediente forense? Manifestar opinião sobre questão jurídica
que não esteja sob sua apreciação direta? Externar publicamente indignação com programas
governamentais, mesmo que estes indiretamente provoquem o acúmulo de serviço de forma
injustificada?
Tais indagações são ligadas à vida particular do Magistrado. Não deveriam ser
objeto de regulação pela legislação, até porque estão compreendidas em um campo para o
qual o Estado Democrático de Direito não deveria se voltar, qual seja, o da privacidade e da
intimidade do indivíduo.
Mas o fato é que ganha corpo a idéia de um Código de Ética da Magistratura. O
projeto de lei em questão existe e foi submetido à discussão pelo Conselho Nacional de
Justiça em seu sítio institucional durante o mês de maio do ano de 2007. À época, pretendia-
se encaminhar o projeto para o Supremo Tribunal Federal, que detém a iniciativa legislativa
de projetos que versem sobre o interesse dos magistrados. Mas até o momento o projeto, cujo
teor não se encontra disponível atualmente ao grande público, ainda não recebeu uma redação
final.
Curioso registrar, entretanto, que no sítio institucional da Associação dos Juízes
Federais7 do Brasil, está disponível o texto “Sugestões Preliminares da Comissão de Estudos
da AJUFE para a Lei Orgânica da Magistratura” (PLC nº 144/92). No bojo deste, consta
menção ao Código de Ética da Magistratura, nos seguintes termos:

7
www.ajufe.org.br
5

“Art. 49 -A – O Conselho Nacional de Justiça editará Código de Ética da Magistratura


Nacional, de observância compulsória a toda a magistratura nacional, e que deverá seguir
os seguintes princípios fundamentais:
I - unicidade, independência e imparcialidade da magistratura nacional;
II - publicidade de todos os atos e procedimentos, judiciais e administrativos, no âmbito da
Justiça, ressalvados aqueles que a lei reputar sigilosos;
III - respeito à dignidade e à imagem dos juízes envolvidos em processos éticos ou
disciplinares, antes, durante e depois de seu curso;
IV - publicidade de todos os atos e procedimentos administrativos envolvendo juízes, de
qualquer grau ou instância, assegurados o amplo direito de defesa e o contraditório,
observados o inciso VIII deste artigo, bem como o parágrafo único do art. 53-A;
V - reconhecimento de todos os direitos e prerrogativas inerentes ao devido processo legal
nos procedimentos disciplinares, inclusive o de constituir advogado e fazer-se acompanhar
sempre por seu procurador, mesmo em processos em que o interesse público exigir sigilo;
VI - direito de acesso dos representantes das entidades representativas da magistratura a
todos os atos e peças de processos disciplinares em que juízes figurem como investigados ou
acusados;
VII - publicidade das decisões decorrentes de processo administrativo disciplinar, com
identificação do ato imputado, da motivação da decisão, ainda que resumida, e da pena
aplicada, se for o caso, mesmo nas hipóteses de procedimento sigiloso, somente sendo
possível sua ampla publicidade, nesta última hipótese, após o esgotamento de todas as vias
recursais administrativas;
VIII - observância do código de ética da magistratura nacional como requisito objetivo para
promoção ou ingresso em carreira de magistratura, nomeação ou designação, a qualquer
título, para órgão de direção administrativa ou assessoramento técnico no âmbito do
Judiciário, ou participação em eventos ou cursos promovidos por órgãos ligados ao Poder
Judiciário nacional”.

4 CONCLUSÃO

A discussão sobre os aspectos deontológicos do regime jurídico da Magistratura


precisa ser amadurecida, por envolver diretamente os interesses dessa categoria profissional.
Tal debate, entretanto, não pode ficar restrito aos ambientes corporativos.
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Na verdade, toda a sociedade civil deve participar desse laboratório de idéias que
resultará no novo Código de Conduta para os Juízes. Tal procedimento conferirá a necessária
legitimidade e possibilitará a definição, com objetividade, do tipo de comportamento que se
poderá esperar do Magistrado.

5 REFERÊNCIAS

ARISTÓTELES, trad. Jean Voilquin. Éthique de Nicomaque. Ed. Flammarion, 1992.

CALAMANDREI, Piero. Eles, os juízes, nós, os advogados. Ed. Lisboa, 1943.

CARLIN, Volnei Ivo. Deontologia Jurídica – Ética e Justiça. Florianópolis: Conceito


Editorial, 2007.

LANGARO, Luiz Lima. Curso de Deontologia Jurídica. São Paulo: Saraiva, 1996.

MOREIRA, JOÃO BATISTA GOMES. Direito Administrativo – Da Rigidez Autoritária à


Flexibilidade Democrática. Belo Horizonte: Fórum, 2005.

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