Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
DANÇA FESTIVAIS
Ballet Teatro Pluralidade artística é
Guaíra celebra destaque na segunda
40 anos edição do Fiac-BA Pág. 22
INTERNACIONAL
Mina Oliveira fala
sobre sua história e
emociona Hollywood
Pág. 23
Pág. 11
FORMAÇÃO
Núcleo vocacional
apresenta mais de 100
projetos em São Paulo
Pág. 14
POLÍTICA CULTURAL
Manifestações marcam a
troca de coordenador da
Escola Livre de Teatro
Pág. 18
ENTREVISTA
Cristina
Pereira
comemora,
Teatro
nos palcos,
40 anos de
e Internet
carreira
Págs. 8, 9 e 10
o dó lar b aixo
Aproveite C .
oçõ es d a C V
e as prom
Acesse: www.agentescvc.com.br ou cvc.com.br Confie nos 37 anos da maior operadora de turismo das Américas.
Prezado cliente: preço por pessoa, somente parte marítima, em cabines duplas, conforme categoria mencionada, taxas de embarque e marítimas não estão incluídas. Preço, data de saída
e condições de pagamento sujeitos a reajustes e mudanças sem prévio aviso. Câmbio promocional US$ 1,00 = R$ 1,79. Oferta de lugares limitada e reservas sujeitas a confirmação. Ofertas
válidas para compras realizadas até 1 dia após a publicação deste anúncio. Parcelamento em até 10 vezes iguais e mensais com cheque, cartão ou boleto bancário sujeito a aprovação de crédito.
As taxas de embarque e gorjetas não estão incluídas e deverão ser paga por todos os passageiros, inclusive crianças. Consulte datas promocionais com nossos vendedores.
Jornal de Teatro 16 a 31 de Outubro de 2009
3
Editorial
Sérgio Vieira / Divulgação
DANÇA
Balé Teatro Guaíra completa
40 anos de história construída
por bailarinos, diretores e Ensaio online
coreógrafos de renome
Pág 11 O teatro parece ter sido uma das últimas expressões artísticas a se
render à internet. Afinal, uma cena filmada não perde a magia presencial
que garante o momento do espetáculo? Discutimos este tema na redação
da única forma possível: online. A equipe do Jornal de Teatro está em seis
cidades diferentes e os colaboradores em dois países distintos. Para ilus-
trar o método que as informações teatrais chegaram às próximas páginas
vamos revelar o processo de fechamento desta edição, apresentando nós
mesmos como personagens.
Depois de uma triagem em e-mails, revistas, sites e livros a equipe
realiza uma reunião de pauta via Skype. Com os colaboradores interna-
cionais o contato mais fácil. Por Orkut, de onde Luciana revela que ficou
impressionada com a qualidade do espetáculo de uma brasileira em Los
Angeles, que foi indicado por uma amiga no Facebook, de uma brasileira
em Los Angeles. Também pelo Orkut, Adriano Fanti contou que está na
Alemanha e gravou entrevistas com alguns dos profissionais mais respei-
Índice tados no mundo dos musicais – matéria que vamos conferir nas próximas
edições. Michel Fernandes prefere o MSN e, por lá, dividiu conosco a
alegria de comemorar sete anos do seu portal Aplauso Brasil.
Gerson Steves já assumiu em sua coluna que tem aproveitado a fun-
ENTREVISTA..................................................8 a 10 cionalidade do Facebook e é pelo chat de lá que trocamos alguns “pen-
samentos insignificantes”. Pausa na edição para decidir o layout do novo
As facetas de Cristina Pereira site do Jornal de Teatro (www.jornaldeteatro.com.br) e para entrevistar o
A comediante abre o coração para o Jornal de Teatro e novo estagiário da redação, contato feito por mensagens diretas do Twit-
conta histórias dos seus 40 anos de carreira generosa ter. As matérias chegam e é hora de baixar fotos do Flickr e Picasa. De al-
guma forma, todas as redes sociais ou serviços de conversa online foram
empregados exclusivamente para troca de informações teatrais.
Mais que na troca de informações e na divulgação, o teatro descobre
REPORTAGEM.............................................12 e 13 uma nova ferramenta técnica a seu favor, seja em interações ao vivo no
Teatro e internet: combinação que dá certo palco ou em registros que podem ser incorporados ao espetáculo (con-
forme a matéria nas páginas 12 e 13). Para responder a pergunta inicial,
Novas experiências no meio virtual mostram que a classe teatral recorro às definições conceituais do querido amigo Michaelis, que nada
encontrou um forte aliado na divulgação e promoção da arte dizem sobre a obrigatoriedade de tempo e espaço na interpretação.
Bastidores
ÚLTIMAS VAGAS! TOM HANKS ARRECADA
Fotos: Divulgação
Peça retrata a importância
Terá início, em novembro, a Oficina de Dramaturgia do Ator, co- do Teatro Trianon, entre DINHEIRO PARA SEU
ordenada pelo ator, diretor e dramaturgo Gerson Steves. A oficina tem as décadas de 1920 e 1930, ANTIGO GRUPO DE
como objetivo desenvolver um espetáculo teatral, tendo por princí- para a dramaturgia brasileira TEATRO
pio a improvisação do ator e a construção da dramaturgia, através de O ator Tom Hanks mos-
estímulos internos e externos. Além disso, visa explorar técnicas de trou que não se esquece de
improvisação e pesquisa para a construção de uma linguagem própria suas origens. Ele esteve em
ao espetáculo fundindo elementos do teatro, da dança e multimídia. Cleveland, nos Estados Uni-
A rotina de pesquisa e treinamento do corpo físico, vocal e criativo do dos, para ajudar a arrecadar
ator também estarão presentes nos encontros que acontecem duas vezes dinheiro para um grupo de
por semana durante o módulo, que dura cinco meses. As aulas acontecem teatro de Ohio, onde deu os
no Espaço do Cineclube Augusta (Rua Augusta 1.239, São Paulo). primeiros passos em sua car-
Gerson Steves tem 25 anos de carreira. É graduado em Pro- reira artística. O grupo precisa
paganda e Marketing pela ESPM e em jornalismo pela Fundação de uma nova sede e o ator de-
Cásper Líbero. Sua formação em teatro iniciou-se no Teatro-Escola cidiu participar de um evento
Macunaíma. Cursou mestrado pelo Instituto das Artes da Unesp. que arrecadasse fundos para o
Atuou em espetáculos de Cacá Rosset, Maria Alice Vergueiro, Ge- novo lar da companhia.
rald Thomas, Grupo XPTO. Dirigiu mais de 20 espetáculos teatrais Hanks declarou que tem
e também atuou como autor e figurinista. Mais informações em boas lembranças de seu pri-
www.gersonsteves.com.br ou (11) 8315.7404 / (11) 7655.7267. meiro emprego na área. Como
a história de diversos atores
CÂMARA APROVA A CRIAÇÃO DO VALE-CULTURA que começaram no teatro, ape-
PARA TRABALHADORES (AGÊNCIA CÂMARA) sar de não ter nenhum dinheiro
Benefício será dado a quem ganha até cinco salários mí- na época, o artista gostava de
nimos e permitirá acesso a produtos e serviços de artes vi- trabalhar durante as madruga-
suais, artes cênicas, audiovisual, literatura, música e patri- “A GERAÇÃO TRIANON” das, quando tinha a função de
mônio cultural. Aposentados também receberão o vale. RETORNA AOS PALCOS DO RIO desmontar os cenários em um
O Plenário aprovou, dia 14 de outubro, o Projeto de Lei 5798/09, Estreia dia 22 de outubro, no Teatro da Casa de Cultura Lau- teatro de colégio, o Lakewood
do Executivo, que cria o benefício. O vale mensal de R$ 50 será ra Alvim, o espetáculo “A Geração Trianon”, de Anamaria Nunes High School, em 1977.
distribuído pelas empresas que aderirem ao Programa Cultura (Prêmio Shell de Melhor Autor em 1988), considerado um dos im- Atualmente, o astro está
do Trabalhador e poderá ser usado na compra de serviços ou portantes textos da dramaturgia brasileira do século XX. A direção longe de ter problemas mone-
produtos culturais, como livros e ingressos para cinemas, teatros é de Luiz Antonio Pilar e Cristina Bethencourt. No elenco de 14 tários e dublará pela terceira
e museus. A matéria precisa ser votada ainda pelo Senado. atores estão Licurgo, Marília Medina, Marta Paret, Marcio Vito, Ro- vez o personagem Woody, na
O texto aprovado é o substitutivo da Comissão de Trabalho, de gério Barros, Rubens Camelo, Tracy Segal, Marcos Damigo, Rodol- aguardada animação Toy Story
Administração e Serviço Público, de autoria da deputada Manuela fo Mesquita, Rael Barja, Julia Deccache, Antonio Alves, Alex Reis, 3, que tem estreia prevista para
D’Ávila (PCdoB-RS). Ele estende o benefício aos trabalhadores André Rocha e o pianista Christian Bizotto. junho de 2010.
com deficiência que ganham até sete salários mínimos mensais.
LLOYD WEBBER ANUNCIA
CARTÃO MAGNÉTICO SEQUÊNCIA DE “O FANTASMA DA
O repasse dos R$ 50 não poderá ser feito em dinheiro e sim, ÓPERA”
preferencialmente, por meio de cartão magnético. O vale em papel O compositor britânico Andrew Lloyd We-
só será permitido quando for inviável o uso do cartão. As empre- bber anunciou, no início de outubro, a esperada
sas poderão descontar do trabalhador até 10% do Vale-Cultura, sequência do musical “O Fantasma da Ópera”,
mas ele terá a opção de não aceitar o benefício. As áreas definidas cuja trama se passa na Ópera de Paris. A sequ-
pelo projeto para uso do vale são artes visuais, artes cênicas, au- ência se passará em um parque de diversões em
diovisual, literatura e humanidades, música e patrimônio cultural. Coney Island, Nova Iorque. A nova montagem,
intitulada “Love never dies” (“O amor nunca
ACESSO RESTRITO morre”), estreará em março, no Teatro Adelphi,
Segundo o IBGE, uma pequena parcela da população tem em Londres. “O Fantasma da Ópera” é um dos
acesso à cultura no País. Apenas 14% dos brasileiros vão re- musicais mais aclamados do mundo.
gularmente aos cinemas, 96% não freqüentam museus, 93% O espetáculo também será apresentado em
nunca foram a uma exposição de arte e 78% nunca assistiram Nova Iorque, a partir de novembro de 2010,
a um espetáculo de dança. e na Austrália, em 2011. A história de “Love
O governo considera alarmante o fato de 90% dos municí- Never Dies” começa uma década após o final
pios não possuírem cinemas, teatros, museus ou centros culturais. do musical original e mostra que o fantasma
Segundo a relatora, o Vale-Cultura “contribuirá, com certeza, teve de deixar a Ópera de Paris para se mudar
para Coney Island, o icônico parque de diver- Dani Luque e Bruno Fagundes se encontram nos
para a reversão desses lamentáveis indicadores”.(Agência Câmara) bastidores do espetáculo “Tamo Junto!”, de Marco Luque
sões do Brooklin, em Nova Iorque.
Jornal de Teatro 16 a 31 de Outubro de 2009
5
Bastidores
COMPLETANDO 20 ANOS, CCBB HOMENAGEIA
Divulgação
DIRETOR REGINALDO LUIZ ANTÔNIO MARTINEZ CORRÊA COM
NASCIMENTO O “THEATRO MUSICAL BRAZILEIRO”
REALIZA OFICINA Em 1989, no primeiro ano de funcionamento do CCBB Rio de
SOBRE A OBRA Janeiro (Centro Cultural Banco do Brasil), era apresentado, no Teatro
DE ARRABAL EM II, o premiado “Theatro Musical Brasileiro I”, do já falecido diretor
SÃO PAULO Luiz Antônio Martinez Corrêa, “o grande crítico da sociedade brasi-
As aulas acontecem no leira”, como era chamado. Agora, em comemoração aos 20 anos do
Sesc Santana, entre os dias local, a peça terá uma nova montagem, com estreia prevista para 28
11 e 15 de novembro, e pre- de outubro. A homenagem reúne nomes estelares. A supervisão é de
tendem realizar uma imer- ninguém menos que Bibi Ferreira e a direção de Fábio Pilar.
são no “Universo Arraba- Luiz Antônio Martinez Corrêa (1950-1987), apesar de ter faleci-
lesco”, criando um breve do ainda jovem, conseguiu seu lugar na história do teatro brasileiro.
panorama sobre sua obra A obra “Theatro Musical Brazileiro”, eternamente contemporânea,
para investigar sua lingua- rendeu-lhe o prêmio Mambembe de melhor diretor, em 1985. Trata-
gem estética, a criação das se de um espetáculo de proporções épicas. A peça abrange o período
personagens e a importân- entre 1860 e 1914, sendo fruto de pesquisa realizada por Luiz com a
cia do texto em seu teatro. atriz-cantora Annabel Albernaz e o pianista Marshall Netherland. O Luciano Chirolli e Otávio Martins em cena no CCBB
Serão realizadas leituras, esforço não foi em vão. Juntos, eles recuperaram libretos e partituras
análise de cenas de textos e CICLO DE AUTORES FRANCESES
de revistas preciosas, burletas e comédias musicais de quase um sécu- CONTEMPORÂNEOS APRESENTA “PAWANA”
debates sobre os temas: Te- lo de teatro para reviver um dos períodos mais populares alcançados
atro do Absurdo, Teatro Pâ- No dia 28 de outubro acontecerá, no Centro Cultural Ban-
pelo teatro brasileiro: o tempo áureo dos musicais. co do Brasil, a leitura dramática do texto Pawana, do autor
nico, a dramaturgia de Fer- Reapresentar uma obra de tais proporções exige profissionalismo
nando Arrabal e o processo francês Jean-Marie Gustave Le Clésio, um dos mais renomados
e artistas de nível. A escolha da equipe foi cuidadosamente elaborada dramaturgos contemporâneos, vencedor do Prêmio Nobel de
de criação do ator, entre para que houvesse integração, sinergia e identificação com o con-
outras questões. Reginaldo Literatura, em 2008. Após a dramatização do texto, que será
ceito, preservando, assim, as principais características do espetáculo. dirigida pelo francês Georges Lavaudant, a plateia é convidada
Nascimento é diretor do Te- Além de Bibi Ferreira e Fábio Pilar, o comando dos bastidores fica
atro Kaus Cia Experimental. a participar de um debate com o elenco (Otávio Martins e Lu-
por conta de Kalma Murtinho (figurino), Analu Prestes (cenário) de ciano Chirolli) e a direção da peça, mediado pelo dramaturgo
Mais informações através Analu Prestes, Claudia Vigonne (coordenação artística), Aurélio de
do telefone (11) 2971-8700. Roberto Alvim. A entrada é gratuita.
Simone (iluminação) e Marcelo Alonso Neves (direção musical).
Paulo César
PREPARA PARA NOVO COMPLETA DEZ ANOS NO WEST END Peréio e João
ESPETÁCULO NOS EUA O musical infantil da Disney, “O Rei Leão”, marca o seu déci- Velho: pai e
O novo espetáculo do Cir- mo aniversário em Londres, no West End. A estreia aconteceu em filho em
que du Soleil fará sua estreia 19 de outubro de 1999 e, desde então, já foi visto por mais de oito ‘Escuta,
em Chicago, dia 19 de no- milhões de pessoas em mais de 4200 apresentações, com ocupação Zé Mané’
vembro, e em Nova Iorque, média de 93% no teatro. Com esses números, a bilheteria arreca-
no começo de 2010. “Banana dou, aproximadamente, US$ 457 milhões e é um dos espetáculos
Shpeel” é a nova criação do que mais foi apresentado na história do West End.
escritor-diretor David Shiner, Mais de 225 atores de 22 países participaram do elenco, sendo
que terá como estrelas Micha- que 64 crianças já fizeram os papéis do jovem Simba e da jovem
el Longoria, que participou Nala. O produtor e presidente da Disney Theatrical Productions
da produção da Broadway declarou que está “tremendamente orgulhoso” pelo sucesso do
“Jersey Boys”, e Annaleigh musical, que teve produção de Julie Taymor. A produtora com-
Ashford, atriz que tem em pletou dizendo que o que a satisfaz no espetáculo é que ele “ul-
seu currículo musicais como trapassa as barreiras culturais e raciais” e é uma história que fala
“Wicked”. com todos igualmente. PERÉIO COMEMORA 50 ANOS DE CARREIRA COM O
Ainda sobre o elenco, a “O Rei Leão” também está em cartaz em Nova Iorque, Las ESPETÁCULO “ESCUTA, ZÉ MANÉ” EM SÃO PAULO
dupla de sapateadores Jose- Vegas, Tóquio, Hamburgo e Paris, além de uma turnê pela O Sesc Avenida Paulista apresenta, a partir do dia 23 de outubro,
ph e Josette Wiggan, Dmitry América do Norte. Em Londres, a programação segue até dia o espetáculo “Escuta, Zé Mane!”, que comemora os 50 anos de car-
Bulkin, Vanessa Alvarez, Ro- 29 de agosto do ano que vem. Para mais informações: www. reira do ator Paulo Cesar Peréio. A montagem fica em cartaz até o dia
byn Baltzer e Alex Ellis são thelionking.co.uk 29 de novembro e apresenta um texto livremente inspirado em “Lis-
alguns dos outros nomes da ten, little man”. Peréio faz uma releitura das ideias do psiquiatra aus-
equipe que serão dirigidos tríaco Wilhelm Reich, incorporando-as à sua própria personalidade.
Águeda Amaral / Divulgação
Editais
Edital do TCA vai selecionar dois espetáculos para próxima temporada
Um dos escolhidos terá temática infanto-juvenil e o outro, temática livre. A temporada será no Centro Cultural de Plataforma, em Salvador
Por Paloma Jacobina
Marketing Cultural
Braskem: levando festivais do Sul ao Nordeste do Brasil
Porto Alegre Em Cena e Prêmio Braskem de Teatro recebem apoio da empresa, que, desde 2002, apóia os projetos culturais do País
Por Leonardo Serafim mente, o Teatro Castro Alves
Divulgação
Renata Tavares (à dir.) foi a melhor atriz coadjuvante do festival “ Os filhos do Brasil”, de Oswaldo Montenegro, levou seis prêmios inclusive o de melhor espetáculo
Por Felipe Sil tato com essa arte e esse era espetáculo, e os prêmios foram Tavares) com a montagem “Vi- do Rio tem fomentado cultura
o nosso objetivo”, comemora importantíssimos para a carrei- úva, Porém Honesta”, dirigida e isso é imprescindível”, frisa o
A premiação da 16ª edi- Anunciata. ra da peça”, afirma Leandro. por Dudu Gama. ator e diretor Cláudio Hanley,
ção do Festival de Teatro do Três espetáculos dividi- O grande nome da noite, O XVI Festival de Teatro que fez parte do júri.
Rio foi marcada não só pela ram a premiação desta edição porém, foi Oswaldo Montene- do Rio contou com o apoio Após cada espetáculo reali-
emoção dos vencedores, mas, do festival. A peça “Filhos do gro. Ele venceu nas categorias dos governos municipal e es- zado no Festival de Teatro do
também, pela confirmação Brasil”, dirigida por Oswaldo Melhor Iluminação, Melhor tadual do Rio, além da Funarj Rio havia um debate. Segundo
do sucesso do evento. Foram Montenegro, levou seis prê- Direção, Prêmio Especial pela (Fundação Anita Mantuano de o escritor Sérgio Fonta, um
mais de dois mil espectadores mios. Já “Relações – Peça Qua- Trilha Sonora e Melhor Espe- Artes do Estado do Rio) e de dos debatedores dessa edição,
durante os dez dias de apre- se Romântica”, com direção táculo pelo júri oficial e pelo outros órgãos e empresas. o objetivo é pontuar o trabalho
sentação, na Casa de Cultura de Leandro Muniz, venceu em voto popular, o que rendeu à Especialistas e público te- que foi encenado e esclarecer a
Laura Alvim. A diversidade de quatro categorias. A montagem Cia. Mulungo (que encenou cem elogios às peças e ao mo- plateia. “O debate é uma boa
gêneros apresentados no palco “Viúva, Porém Honesta”, diri- “Filhos do Brasil”) uma pre- delo do festival ponte entre artistas e público,
e a integração entre público e gida por Dudu Gama, ganhou miação dupla em dinheiro. O Festival de Teatro do Rio ajudando a conscientizar e a
artistas (aqueles podiam votar três prêmios. O prêmio de Me- “Participar do festival foi uma é, há 16 anos, importante fer- agregar. O Festival de Teatro
e debater seus espetáculos fa- lhor Texto foi para a monta- alegria enorme, pois tirou os ramenta de fomento à cultu- do Rio merece todo o nosso
voritos) contribuíram para o gem “Relações – Peça Quase grupos teatrais de uma solidão ra teatral na cidade. Não é só aplauso”, celebra.
sucesso do evento, cuja direto- Romântica”, que também ar- que asfixia. Tivemos contato apenas a mistura de gêneros Uma mostra de como a
ra, Anunciata de Almeida, co- rebatou os prêmios de Melhor com colegas, com profissio- das apresentações que chama a integração entre público e os
memorava a realização mais do Ator (Marcio Machado), Me- nais da área, com outros tipos atenção do público, mas, tam- artistas foi essencial para o su-
que bem-sucedida do festival. lhor Atriz (Cecília Hoeltz), e de visão. Além disso, a visibi- bém, os inúmeros debates e cesso do evento está nas pala-
“Essa edição foi um suces- Melhor Ator Coadjuvante (An- lidade que o festival propor- oficinas gratuitas com signifi- vras de Júlia Albuquerque, uma
so. Tivemos casa cheia todos derson Cunha). Para Leandro ciona é muito importante para cativos nomes da cena teatral. das centenas de espectadoras
os dias, com lotação esgotada, Muniz, diretor de “Relações os grupos iniciantes. Me sinto “Este ano, tivemos gêneros que marcaram presença em vá-
e pessoas de fora querendo as- – Peça Quase Romântica”, a profundamente honrado em muito diferentes como comé- rios dias do festival. “Me sinto
sistir aos espetáculos. Acredito participação no festival foi uma receber todos esses prêmios”, dias, musicais, textos de nomes muito feliz, já que meu voto foi
que o evento cumpriu o seu pa- importante vitrine para a com- declarou Oswaldo Montene- como Nelson Rodrigues, o para o espetáculo vencedor. O
pel de dar a oportunidade para panhia. “Espero que a gente gro. Já o grupo Cia. do Foco maior dramaturgo desse País, festival é ótimo, as peças são
que todos possam ter acesso à consiga fazer uma temporada foi o vencedor nas categorias e Oswaldo Montenegro, que muito bacanas e é tudo de gra-
experiência do teatro. Muitos maior depois desse sucesso no Cenografia (Cachalote Mat- produz um outro estilo de te- ça. Qualquer um pode assistir.
espectadores do festival estive- festival. Como o evento é gra- tos), Figurino (Ricardo Rocha) atro. Esse encontro é muito in- O público só tem a agradecer
ram pela primeira vez em con- tuito, muita gente assistiu ao e Atriz Coadjuvante (Renata teressante. O Festival de Teatro essa oportunidade.”
8 16 a 31 de Outubro de 2009 Jornal de Teatro
Entrevista
“O teatro é mais
Por Alysson Cardinali Neto
Fotos: Divulgação
Jornal de Teatro – Qual a na realidade, começou no dia de concentração nazistas, o CP – Timidez, medo no iní- dré Valli (queridíssimo), nosso
emoção de completar qua- de meus 60 anos (9 de agosto), bombardeio de Guernica, cio, pois vinha de um colégio grupo na Casa da Gávea em
tro décadas de profissão? quando aproveitamos para reu- entre outros eventos da hu- de freiras salesianas e era uma Dona Rosita: Rubens Araújo,
Que lições tira destes 40 nir a equipe, os amigos e fazer manidade nos séculos XIX menina ultra comportada. De- Duse Naccaratti (saudosa), Le-
anos de carreira? uma leitura do texto, dentro do e XX. Como é interpretar pois, fui driblando as outras onardo Vieira e Nidia Ferreira.
Cristina Pereira – A emoção ciclo de leituras da Casa. Harriet? Que mensagem dificuldades que surgiram. Era
de ter chegado até aqui poden- você tenta passar ao viven- um verdadeiro malabarismo, JT – É, a lista e grande...
do sobreviver do meu trabalho. JT – Como é trabalhar e ciar uma tartaruga? Como é mas eu acabava sempre de pé CP – Sim. E tem mais: Teresa
Ver quantas boas oportunida- contracenar com Paulo Bet- a trama da peça? e pronta para a próxima. Montero, que escreveu comi-
des tive, quantas lutas, algumas ti (ele dirige e atua na peça, CP – Sempre opinamos ao re- go “Angela Sant’Anna”, Hele-
poucas tristezas, mas essas são que também tem no elenco presentar um texto desse por- JT – Ao olhar para trás, na Varvaki, Lucinha Cordeiro,
mais do trabalho na televisão. Vera Fajardo e Rafael Pon- te e conteúdo. Procuro fazer quais os momentos que Rafael Camargo, Ronald Tei-
O teatro é mais generoso. zi)? tudo com a máxima verdade e mais te marcaram (positiva xeira, Anderson Cunha, que
CP – Somos amigos há mais emoção. Acho que o texto do e negativamente)? nos acompanha até hoje na
JT – Qual o segredo para se de 20 anos, quase 30. Eu Mayorga fala sobre a “evolu- CP – Os momentos sempre “Tartaruga”, muito especial.
chegar a uma data tão espe- acompanho o trabalho, a car- ção monstruosa” do homem, foram as pessoas na minha for- Moacyr Góes, Julio Bressa-
cial? reira do Paulo desde a EAD que seria uma grande tristeza mação e convívio artístico. Para ne, Hector Babenco, Gustavo
CP – Trabalhar e acreditar. (Escola de Arte Dramática da para Darwin, se estivesse vivo. não cometer injustiças (risos): Paso, Jô Bilac, Verônica Ma-
USP), onde também fiz minha Há uma análise crítica da pos- Dr. Alfredo Mesquita, Myriam chado (fono), Carmen Luz,
JT – Como pretende come- formação, no final dos anos tura do homem hoje. A peça Muniz, Ademar Guerra, Celso agora na “Tartaruga”, Vera
morá-la? Imaginava, um dia, 1960. Temos afinidades polí- fornece rico material histórico, Nunes, Emilio De Biasi, Mario Fajardo e Rafael Ponzi, sócios
celebrar 40 anos de carreira? ticas, ideológicas e artísticas, com o qual podemos refletir Masetti, Naum Alves de Souza, e companheiros na Casa da
CP – Nunca pensei nisso. Só além de uma história de vida sobre o que aconteceu. É ex- Paulo Medeiros de Albuquer- Gávea, ao lado do Paulo Betti,
este ano. Acho que a melhor com algumas semelhanças. tremamente mobilizante para que, lá em São Paulo, e ainda de quem já falei, e muitos ou-
comemoração é no palco, cla- Somos uma espécie de irmãos, mim contar toda essa história, meus amigos Vic Militello, Ri- tros que me escapam mas que
ro, fazendo esse texto do Juan pois também discutimos mui- todas as passagens, principal- cardo Blat, Stela e Teresa Frei- me ensinaram muito.
Mayorga e com esse elenco de to. mente as das duas guerras. tas, Ronaldo Ciambroni. Rafael
amigos. Com saúde. Se puder- Ponzi, Paulo Betti, Eliane Giar- JT – Você, ao longo da car-
mos, vamos viajar e mostrar o JT – “A Tartaruga de Da- JT – Vamos entrar no túnel dini, Isa Kopelman, Carmo So- reira, demonstrou seu ta-
trabalho para outras plateias. rwin” é uma fábula sobre do tempo. Como foi o início dré, Ana Carolina (diretora de lento não só na televisão,
Será um luxo! a História contemporânea, de sua carreira? O que te le- cinema), Flavio Marinho (aqui mas no teatro e no cinema.
onde realidade e fantasia se vou a ser atriz? no Rio, fiz três espetáculos Qual desses meios mais te
JT – Por que uma das for- misturam na figura de sua CP – Resolvi ser atriz no iní- dele, grande amigo com quem agrada? Por quê?
mas escolhidas para festejar personagem (Harriet), uma cio da adolescência, em São aprendi e aprendo muito), o CP – Gosto dos três. No teatro
foi no palco, encenando “A tartaruga que Charles Da- Paulo. Soube da EAD pelo Teatro dos Quatro, Sergio Bri- temos mais autonomia, mas gos-
Tartaruga de Darwin”? rwin trouxe das Ilhas Ga- jornal e fui atrás. O que me le- to, Yara Amaral (saudosa), Ary to também de cinema e televisão.
CP – Foi uma ideia do Paulo lápagos, está em processo vou foi a paixão por cinema e Fontoura, José Wilker, Diogo Depende do que estamos fazen-
Betti, que viu o espetáculo em de evolução para a forma pelas histórias que eu lia quan- Vilela, Louise Cardoso, Wolf do. Tudo tem que ter qualidade
Madri e ficou muito entusias- humana e, graças à sua lon- do criança. Maya, Jorge Fernando, Chico mesmo que não tenha muita.
mado. Quando a Casa da Gávea gevidade, presenciou algu- Tenreiro (grande amigo, assim
montou o projeto, tivemos a mas das mais emblemáticas JT – Quais os maiores obs- que chegamos ao Rio), Elias JT – É inegável, porém, que
ideia de incluir a comemoração passagens históricas – a táculos que você enfrentou Andreato (me dirigiu em “Tan- a televisão (principalmente
dos 40 anos de teatro. A festa, revolução russa, os campos para se firmar na profissão? tã” e me ensinou muito), An- no período em que você foi
9
generoso”
Jornal de Teatro 16 a 31 de Outubro de 2009
Entrevista
contratada da Rede Globo) se da direção daquele núcleo JT – Como foi a experiência JT – Quais projetos?
te deu maior visibilidade. em renovar comigo, apesar do nos demais trabalhos televi- CP – Ainda não quero dar JT – Além de atriz, você é
Como define seu período na sucesso do meu trabalho. Eu sivos que você fez em outras muitos detalhes, mas preten- sócia fundadora da Casa da
“Venus Platinada”? Quais fazia um espetáculo de tea- emissoras, como Manchete, do fazer, na Record, um pro- Gávea, um Centro Cultural
recordações traz, por exem- tro, “Corações desesperados”, SBT e Record? grama voltado para o público com aulas de teatro, além
plo, da personagem Fedora com Ary Fontoura e direção CP – Foram bons trabalhos. feminino, um programa bem de projetos e discussões de
Abdala, a Fefê, de “Sassari- do Jorginho, o Jorge Fernan- Na realidade, comecei na TV humorado. Farei esse progra- filmes, livros e vídeos. Fale
cando”, e os famosos qua- do, que tentaram, junto com Tupi, em 1979, com uma ma com a Stella Freitas, uma sobre o projeto, iniciado em
dros que fez no TV Pirata? o Silvio de Abreu, me ajudar novela chamada “Dinhei- grande amiga, com a qual maio de 1992, e que, desde
CP – Foram trabalhos bons, na renovação do contrato na ro vivo”, do Mário Prata, trabalho há 40 anos, desde então, só cresce (em 2001,
boas oportunidades que tive, Globo. Mas não foi possível. em que fazia a Garapa, uma quando ela tinha o grupo tea- a Casa da Gávea recebeu o
com qualidade e inovação. Até corintiana como eu. Estava tral “Amanhã”, em São Paulo. Prêmio Estácio de Sá na ca-
hoje as pessoas falam da Fedora JT – No início da nossa grávida e passava horas, à Aliás, temos também um pro- tegoria Artes Cênicas).
de “Sassaricando”, uma novela conversa, você falou que as noite, decorando a escalação jeto para teatro, para ser exe- CP – A Casa da Gávea é a nos-
do Silvio de Abreu que sempre poucas tristezas que teve na do Corinthians em diversas cutado após a temporada da sa trincheira cultural, como
aproveitou muito o meu humor. carreira foram provenientes épocas, auxiliada pelo Rafa- “Tartaruga”. É um trabalho definiu o Paulo (Betti). Nesses
Ele escreve as personagens pen- do trabalho na televisão. el Ponzi, com quem eu era também voltado para o públi- 17 anos de trabalho fizemos
sando no ator que interpretará e Como assim? casada e que entende tudo co feminino, que está sendo muita coisa boa. Mas só nos
tudo fica muito natural. A TV CP – (séria) Ah, prefiro não fa- de futebol. Na Manchete, escrito pela Marta Góes e de- damos conta quando paramos
Pirata foi um marco na televi- lar muito sobre isso. Não quero fiz uma novela escrita pelo verá ser lançado no segundo para arrumar os arquivos, para
são, pois inovou o humor na te- me aprofundar neste tema. Por José Louzeiro, de muito su- semestre de 2010. dar uma geral, ou quando al-
linha, era maravilhoso. Fizemos isso disse que o teatro é mais cesso, “Corpo Santo”, e, no guém de fora, importante, re-
a novela e o início da TV Pirata, generoso. Minhas tristezas SBT, um seriado do Marcos JT – Qual sua maior virtude conhece o valor desse centro
tudo junto, era uma loucura. E, com a televisão fazem parte do Caruso e da Jandira Martini, como atriz? Qual o defeito? cultural, como aconteceu no
à noite, eu ia para o teatro fazer passado, não vale a pena falar “Brava gente”, dirigido pelo CP – Acho que a verdade, a Projeto Memória do Teatro
“O Amigo da Onça”, que foi, de um período tão distante. Roberto Talma. Tive o pra- entrega ao trabalho seria a Brasileiro e o Flavio Migliac-
de certa forma, o embrião da zer de voltar a trabalhar com qualidade. O defeito, a tensão cio falou da gente com a maior
Casa da Gávea. JT – Devido ao seu grande minha mestra, Myriam Mu- que provoca o exagero. propriedade. Isso nos deixou
sucesso não só no TV Pira- niz. Na Band, fizemos uma muito felizes.
JT – Aliás, por que você saiu ta, mas em novelas de cunho novela “O campeão” e, mais JT – De todas as persona-
da Rede Globo (em 1991)? mais humorístico, você fi- recentemente, participei de gens que você interpretou JT – Outro exemplo de sua
Comenta-se que foi por cou marcada por fazer pa- “Floribella”, uma novela na televisão, qual te deu dedicação à arte é o fato de
questões políticas envolven- peis cômicos (exemplo dis- voltada para o público ado- mais trabalho? E mais sa- você ser professora de tea-
do sua participação no qua- so foi o seu sucesso em TV lescente. Atualmente, sou tisfação? Qual você esque- tro. Por que e como passa
dro “O Povo Pirata”, do hu- Pirata). Como você se define contratada da Record, onde ceria? seus ensinamentos à futura
morístico TV Pirata, e o fato como atriz? estou muito feliz e fiz “Vidas CP – A que deu mais traba- geração?
de você ser simpatizante do CP – Acho que sou comediante, opostas”, do Marcilio Mora- lho foi a Yeda, de “Elas por CP – Gosto muito de dar aulas,
PT. O que houve realmente? o que é uma definição bastan- es, além do seriado “A Lei e o elas”, minha primeira novela de fomentar ideias e trabalhos.
CP – Era uma outra época. te abrangente. Acredito que os Crime”, também do Marcílio. na Globo. Satisfação foi Fefê, Isso aconteceu, algumas vezes,
Foi um pouco de tudo e o fato comediantes possam fazer qual- Tenho, pela primeira vez, um de “Sassaricando”. Não es- na Casa da Gávea, como em
de terminar um contrato e não quer personagem, desde que se- contrato de longa duração e queceria nenhuma. Todas me 92/94, com os atores da tercei-
haver um convite ou interes- jam questionadores e inquietos. projetos com a televisão. serviram como aprendizado. ra idade que resolveram formar
10 16 a 31 de Outubro de 2009 Jornal de Teatro
Entrevista
um grupo chamado Revivendo.
Montamos “Morte e Vida Seve-
rina”, foi um trabalho especial
e alguns se profissionalizaram e
estão na ativa. Ou em 98/2000,
com a montagem de “Dona
Rosita”, a partir de uma oficina
sobre Lorca, que originou um
pequeno e sólido grupo que,
mais tarde, fez “Entre o Céu e
o Inferno”, onde escrevi e dirigi,
dividindo a escrita com a Teresa
Montero e a direção com a Hele-
na Varvaki. Depois houve outras
oficinas, como as denominadas
“A comédia levada a sério”.
“O Amigo da Onça”, com grande elenco, outro sucesso de Cristina O humor irônico, uma das marcas da atriz na peça “A Mente Capta”
JT – Mas como é sua meto- A CARREIRA DE CRISTINA
dologia para ensinar teatro? Consagrada no teatro, Cristina Pereira atuou em mais de 20 peças como
CP – Procuro fazer junto com atriz e diretora. No cinema, trabalhou com Hector Babenco, Bruno Barreto,
os alunos, estimulá-los, aprovei- Júlio Bressane e Ana Carolina. Mas ficou famosa com as personagens cômicas
tar o que eles têm e me forne- que interpretou na tevê, como a marcante Fedora Abdala, a Fefê, de Sassa-
cem como material de trabalho. ricando, e os inúmeros quadros que fez no TV Pirata, ambos da Globo. Seu
início de carreira foi na extinta TV Tupi, na novela “Dinheiro vivo”, do Mário
JT – E como é o seu retorno? Prata. Cristina é sócia fundadora da Casa da Gávea, atriz, diretora e professora
CP – Fico muito cansada nesses de teatro. Atuou nas peças “O Círculo de Giz Caucasiano”, de Bertolt Brecht;
cursos e oficinas, mas me envol- “A Missa Leiga”, de Chico de Assis; “Equus”, de Peter Shaffer; “Mahagonny”,
vo demais com o trabalho. Sou, de Bertolt Brecht; “Jogos na hora da Sesta”, de Roma Mahieu; “A Aurora
também, muito questionadora e da minha vida”, de Naum Alves de Souza; “A mente capta”, de Mauro Rasi;
exigente comigo, pois acho que “Foi bom, meu bem?”, de Luis Alberto de Abreu; “Assim é, se lhe parece”,
muitos cursos são picaretagem. de Luigi Pirandello; “Sábado, Domingo e Segunda”, de Eduardo De Filippo;
Acho que poucos são bons pro- “O Amigo da Onça”, de Chico Caruso; “Corações desesperados”, de Flávio
fessores porque é muito difícil de Souza; “Tantã”, de Rafael Camargo; “Salve Amizade”, de Flávio Marinho;
mesmo. Há coisas que não se “Dona Rosita, A Solteira”, de Federico Garcia Lorca; “Entre o Céu e o In-
ensinam, não dá. E para dar au- ferno”, de Teresa Montero e Cristina Pereira; “Por que Você Não Disse Que
las há que se saber muito. Me Amava”, de Vera Karam; “Abalou Bangu”, de Flávio Marinho; e “Alzira
Power”, de Antonio Bivar.
JT – Quem você destaca nes- Na televisão atuou em “Elas por Elas”, de Cassiano Gabus Mendes; “Guerra
ta nova safra de atores e atri- dos Sexos”, de Silvio de Abreu; “Vereda Tropical”, de Carlos Lombardi; “Sas-
zes surgidos ultimamente? saricando”, de Silvio de Abreu; e “TV Pirata” (estas na Rede Globo); “Corpo
CP – Gostei demais de ter tra- Santo”, de José Louzeiro (TV Manchete); “Brava Gente”, de Marcos Caruso
balhado com uma atriz muito e Jandira Martini (SBT); “O campeão” e “Floribella (Bandeirantes); “Vidas
talentosa, a Lidiane Ribeiro. Ela Opostas” e “A Lei e o Crime”, ambos de Marcílio Moraes, (TV Record). No
era a protagonista de “Desespe- teatro dirigiu “Morte e Vida Severina”, com atores da terceira idade na Casa
radas”, um texto do Jô Bilac. da Gávea; “Grude, pocket show”; “Histórias de cronópios e de famas”; “O
Desejado”; “Amigas”, “Dona Rosita, a solteira”, uma co-direção com Antonio
JT – Qual recado você daria Grassi; “Querida Mamãe”, em Lisboa; “Entre o Céu e o Inferno”. Rir e fazer rir, rotina nos 40 anos de carreira da humorista
para esta geração?
CP – Persistência, disciplina,
humildade (não exagerada,
culpada, mas reconhecedora
das falhas), envolvimento com
o trabalho e dedicação. Quan-
do fiz, ano passado, “Alzira
Power”, ouvi uma frase dita
pelo Gustavo Paso, ótimo di- Dupla afinada: Cristina e Paulo
retor, que “o teatro te dá o que Betti em “A Tartaruga de Darwin”.
você dá para ele”. É isso. Amizade de quase 30 anos, com
afinidades políticas, ideológicas e
artisticas. “Somos uma espécie de
JT – Como, hoje, seria a irmãos, pois também discutimos
Cristina Pereira em início muito”, diz a atriz.
de carreira?
CP – Mais estudiosa, atenta,
exigente e ousada. “A TARTARUGA
DE DARWIN”
JT – Falamos muito de tele- LOCAL:
visão, mas o que é o teatro Teatro Sesi (Avenida Graça
na sua vida? E o cinema? Aranha, nº 1 - Centro / RJ.
CP – O Teatro, junto com Tels: (21) 2563.4164 e
minha família, é a minha vida. 2563.4166.
Cinema, uma experiência mui- HORÁRIOS:
to boa, principalmente nos fil- de sexta-feira a domingo,
mes da Ana Carolina. Queria às 19h30
fazer mais cinema, mas nin- A ATRIZ NO PALCO DURAÇÃO:
guém me convida. A peça “A Tartaruga de Darwin”, do espanhol Juan Mayorga, comemora os 40 anos de carreira 80 minutos
de Cristina Pereira. A atriz celebra a data (no Teatro Sesi, até 15 de novembro), ao lado dos amigos e INGRESSOS:
JT – Quais os planos para o sócios da Casa da Gávea Paulo Betti (acumulando as funções de ator e diretor), Vera Fajardo e Rafael R$ 30 e R$15 (meia entrada)
futuro? Ponzi (também tradutor do texto). A peça marca, ainda, a volta de Paulo Betti, que tem se dedicado CAPACIDADE:
CP – Muitos, sempre. Aliás, não só à televisão, mas ao cinema, à direção teatral e aos palcos como ator. Este ano, aliás, além das 350 espectadores
estar na Casa da Gávea, supõe quatro décadas profissionais de Cristina, comemora-se os 200 anos do do nascimento de Charles CLASSIFICAÇÃO ETÁRIA:
que se tenha muitos projetos, Darwin, autor de “A Origem das Espécies”, livro definitivo para o pensamento científico acerca do 14 anos
muita energia e fé para tocá- desenvolvimento da vida e a origem do homem. As idéias de Darwin foram inspiradoras para Mayor- TEMPORADA:
los. Essa é a filosofia do Paulo ga na criação do texto que originou “A Tartaruga de Darwin”. até 15 de novembro
Betti e a nossa.
Jornal de Teatro 16 a 31 de Outubro de 2009
11
Sérgio Vieira
Dança
Cores e movimento no palco do
“Guairão”. Quatro décadas do
Balé Guaíra será comemorado
com livro no fim do ano
Reportagem
Teatro
Fotos: Divulgação
a um
clique
Por Bruno Pacheco de grupos nacionais até então vistos
apenas nos palcos, mostra que o mun-
Grace: “Nós ainda inventaremos”
Está cada vez mais difícil precisar o do do teatro está de olho nas possibili- uma legião de seguidores que divulga- veracidade dos conteúdos.
quanto é essencial o uso da internet no dades oferecidas pela internet. É a tec- ram através de e-mails, blogs e sites ou- “Eu vi que ninguém estava inte-
dia a dia das pessoas, das empresas e nologia como uma oportunidade de se tros trabalhos dos respectivos grupos. ressado na maconha. Pensei que eu ia
das instituições. Parece clichê, mas tal divulgar e se aproximar do público. Como consequência, salas de teatro lo- pegar toda essa moçada interessada
necessidade abriu novo debate a respei- A democrática internet dá chance tadas a cada apresentação. na maconha, mas não. A maior parte
to do acesso a essa tecnologia. Discute- a qualquer um de conseguir seus 15 A utilização da web e redes sociais das pessoas estava na dúvida se eu era
se, atualmente, não só políticas eficien- minutos de fama, o que torna a busca para divulgação pelas companhias, atriz ou se a personagem era real, se eu
tes de inclusão, já que o computador pela popularidade uma verdadeira ba- grupos e produções teatrais aumenta era a personagem. Porque, até então, o
populariza-se em larga escala, mas, talha. Grace Gianoukas, idealizadora, a cada dia, seja por orkut, facebook, YouTube estava hospedando vídeos da
principalmente, os hábitos de compor- diretora e atriz do espetáculo “Terça myspace etc. No ano em que a inter- festinha de aniversário do filho, aquela
tamento para se conviver em harmonia Insana”, um dos grandes sucessos da net completou 40 anos de existência coisa... E eu trouxe algo mais elabora-
com o mundo virtual. Isso porque a de- rede, acredita que a internet pode ser (a data foi comemorada no dia 2 de do. Ou então parecia que realmente era
pendência da internet deixou usuários muito mais explorada. “Nós ainda setembro), a novidade é o Twitter. Es- um flagrante meu. Eu mesma comecei
na corda bamba entre a necessidade e descobriremos e inventaremos mi- tima-se que 15 milhões dos 1,5 bilhão a discutir o que era ser atriz para mim”,
o vício. Afinal, o que não se pode fazer lhões de novos recursos. Por enquan- de usuários de internet do mundo já revela Maria Alice.
pela internet? to, estamos diante do infinito, sem se renderam à proposta do microblog: Fugir dos fakes – perfis falsos – e
Alheios a essas discussões, desen- bússola. É a corrida do ouro. Quem responder a simples pergunta “O que das informações incorretas é o grande
volvedores e produtores de conteúdo chegar primeiro, ganha. Foi dada a você está fazendo?” em 140 caracte- desafio imposto pela web. Buscar fon-
querem mesmo é criar soluções e no- largada, cada um corre para um lado res. O Twitter popularizou-se rapida- tes seguras e selecionar o conteúdo é
vas ferramentas para otimizar tarefas e não sabemos para onde estamos nos mente não só por ser um diário virtu- o caminho para não pisar nas “fezes”.
diárias, disseminar informações e en- encaminhando. Podemos achar ouro al, mas, também, por ser um espaço A atriz Jussara Freire sabe bem o que
treter. A internet oferece um leque de ou fezes..”, ironiza. para apresentar ideias e ideais. é isso. No Wikipédia, a enciclopédia
possibilidades, seja para simplesmente Quando o site de vídeos YouTu- O sucesso na internet não é uma virtual, sua biografia consta que ela é
convidar um amigo para uma festa ou be surgiu, há quatro anos, era difícil exclusividade das stand ups e grupos natural de Campo Grande, no Mato
mesmo assistir a uma peça teatral. É imaginar que a sensação daquele mo- de comédia. Amadores, artistas, tea- Grosso do Sul. Jussara, no entanto,
isso mesmo. Já é possível assistir pe- mento pós-orkut, torna-se-ia todo o tros e companhias iniciantes também afirma que é paulista. “Muita gente
ças teatrais inteiras com exclusividade universo de oportunidades no qual se usam de sites e redes sociais para auto acha que isso é verdade e se pauta pela
e ao vivo sem sair de casa. É preciso revelou. Rapidamente, ouro e fezes se promoção. E a coisa dá certo. A atriz informação que está na net. Não sou
apenas ter uma boa conexão. espalharam pela rede. E no pote por Maria Alice Vergueiro, por exemplo, matogrossense”, diz.
Essa é a proposta inovadora de trás do arco-íris estavam as esquetes virou hit com sua atuação no polêmi-
projetos como o “Teatro para Al- teatrais. “Hermanoteu”, personagem co vídeo “Tapa na Pantera”, na qual CADA UM NO
guém” e a iniciativa da Companhia da Cia de comédia Os melhores do a veterana artista expõe uma suposta SEU QUADRADO
Silenciosa, de Curitiba (ver quadro). Mundo, “Traficante Viado”, sucesso relação com o uso da maconha. Em Dentro do vasto universo oferecido
A classe teatral, que viu sua arte se es- do grupo de stand-up comedy Dez- entrevista ao Jornal de Teatro, em ju- pelas mídias sociais, cada um elege o
palhar através do site de vídeos You necessários, e a “Irmã Selma”, a freira nho, Maria Alice deixou clara suas in- recurso virtual mais adequado ao seu
Tube, graças a personagens cômicos mau-humorada do espetáculo “Terça tenções com o vídeo, além de colocar objetivo. E tem quem prefira todos. O
Jornal de Teatro 16 a 31 de Outubro de 2009
13
Reportagem
Lauro Sollero João Caldas
o Serra fez sucesso na internet com “Traficante viado” Grupo Barbixas de Humor credita o sucesso ao You Tube “Doido” ficou em cartaz no site Teatro para Alguém
grupo Ato de Teatro-Educação de São a ascensão da internet. A mensagem que o públi- EXPERIÊNCIA AO VIVO
TERÇA INSANA: MIX DE AÇÕES VIRTUAIS
Paulo encontrou no Orkut um ponto Sucesso nos palcos e na web, “Terça Insana” co transmite com estas atitudes é que não há mais O ator Elias Andreato estreou no teatro virtual
de encontro entre os atores, além de viu a popularidade dos seus personagens e inte- espaço para intermediários neste ramo e, se algum seu espetáculo solo “Doido”, em setembro, em
ter um feedback de suas produções. grantes expandir-se com a chegada do Youtube. profissional ainda almeja viver de arte e entreteni- apresentação ao vivo. Foi a primeira vez que uma
“As principais notícias e aconteci- Segundo Grace, o Terça não é só um espetáculo de mento, terá que rever uma série de paradigmas e peça esteve em cartaz no palco real e virtual.
mentos a que os atores devem estar humor. Ela esclarece que o Terça Insana possui três se adaptar às novas ferramentas que a grande rede
a par invariavelmente nos chega, pri- frentes de trabalho e cada uma delas usa ferramen- oferece”, encerra. GRUPO CURITIBANO EXIBE ESPETÁCULO
tas de internet diferentes: Projeto Terça Insana, a AO VIVO NA INTERNET
meiramente, por Orkut. Recentemen- JORNAL DE TEATRO NO TWITTER A Companhia Silenciosa, do Paraná, é mais
Terça Insana Produções Artísticas e o show Terça In-
te, decidimos iniciar um blog no qual sana. “Para quem se interessa pelo nosso trabalho O twitter é a bola da vez do mundo virtual e uma uma a utilizar as novas tecnologias para levar a
pudéssemos apresentar um pouco e quer ter acesso às informações originais sobre o febre que não para de crescer no Brasil. Produções sua arte para o maior número possível de ex-
mais a respeito do grupo. A proposta que é o Projeto Terça Insana, é só acessar nosso teatrais, grupos e artistas aderiram ao bloguinho e pectadores. Tanto que o grupo, que realizou
é, além de servir como um meio de site oficial (www.tercainsana.com.br). Lá, é possí- apresentam, em primeira mão, suas agendas e tra- uma polêmica e divertida participação no Fes-
divulgação rápido e permanente, de- vel encontrar toda a nossa história, os objetivos, balhos. O Jornal de Teatro também está no twitter e tival de Curitiba, em março deste ano, estreia,
positar um pouco da vivência de cada as diretrizes e a abrangência do campo de atuação possui, atualmente, cerca de 1200 seguidores que no próximo dia 13 de novembro – no palco e
do Projeto. As empresas interessadas em oferecer recebem o link das matérias no site oficial da publi- na web –, o espetáculo Burlescas.
ator, conforme o processo de criação patrocínio ou em contratar nossos shows também cação – www.jornaldeteatro.com.br. Para a equipe Trata-se de uma releitura da trajetória do
se dá e surge a disponibilidade de se podem conhecer a fundo nossa proposta artística e do jornal, o Twitter ainda tem outra função. Esta re- Teatro Burlesco – apresentação teatral que
testemunhar, por escrito, e disponi- de entretenimento”, frisa. portagem, por exemplo, utilizou alguns personagens consiste em uma paródia ou sátira – através
bilizar para a comunidade. Também Ela explica que a parte executiva é a Terça In- e grupos contactados através do microblog. Por isso, dos tempos. Na montagem, um espetáculo
como um espaço para divulgar fotos sana Produções Artísticas que, segundo a diretora, não deixe de seguir o Jornal de Teatro e, quem sabe, multimídia, com ingredientes de crítica social,
e vídeos que possam auxiliar a do- não sobrevive sem a internet. A ferramenta auxi- colaborar em nossas próximas edições. ironia, reflexão e entretenimento em perfor-
cumentação da trajetória do grupo”, lia na troca de informações e no fechamento de mances de dança, esquetes, projeção de vídeo
contratos. Já o show Terça Insana é o espetáculo WWW.TEATROPARAALGUÉM.COM.BR e música eletrônica. “É uma revisitação do
conta a diretora Ana Cláudia Segadas. em si, onde os personagens podem ser vistos, ao O “Teatro para Alguém” é a experiência mais burlesco. O espetáculo segue a história desse
Eles também utilizam o Youtube.com vivo. “A equipe de criação do show utiliza a inter- complexa e integrada quando se trata de teatro e estilo teatral e ganha características nacionais,
e o Twitter. net como ferramenta de pesquisa de conteúdo, na internet. Criado pela atriz, autora e diretora Renata como o teatro de revista e o teatro de rebolado,
Já a Companhia Barbixas de Hu- busca de referências e resgate de tesouros cultu- Jesion, o site disponibiliza espetáculos para serem até chegar ao que temos nos dias de hoje”, ex-
mor, que realiza o espetáculo Impro- rais que auxiliam na formatação dos espetáculos visualizados a qualquer hora e de qualquer lugar, gra- plica Léo Glück, um dos atores do projeto.
vável, um dos campeões de acesso da trupe, que se renovam a cada mês”, acrescenta. tuitamente. É a personificação da ideia de ir ao teatro A Companhia Silenciosa faz parte do
Grace atribui o sucesso das esquetes do grupo sem sair de casa. Ou melhor, entrar na casa. O site Movimento de Teatro de Grupo de Curitiba
atual, também creditam o sucesso foi formatado como uma casa e os espetáculos se e desenvolve um ambiente de pesquisa e
na internet ao lançamento do primeiro DVD que,
nas bilheterias ao YouTube. “Usamos coincidentemente, saiu no período em que o Youtu- dividem entre os cômodos. produção artística que se tornou referência
muito o site. Atualmente, é a nossa be se tornava febre entre os usuários. “São ações Com apenas dez meses de vida, o site já recebe no teatro do sul do Brasil. A peça inédita e
ferramenta mais forte. Mas também que tiveram total iniciativa dos fãs da Terça Insana, cerca de 800 visitas por dia. Em tempos de estreia, com seis horas de duração será apresentada
usamos o nosso site, mailing... O You- sendo que muitos têm o universo virtual como uma esse número pode chegar a duas mil. Aproximada- no Espaço Cultural 92 Graus (rua Desembar-
Tube faz com que as pessoas vejam extensão natural de suas vidas. É a maneira que mente, 500 pessoas acompanham as apresentações gador Benvindo Valente, 280) e contará com
um pouco do nosso trabalho antes de algumas pessoas encontram para prestigiar seus ao vivo. Na última sexta-feira foi a estreia de “Me- transmissão simultânea através da página da
ídolos, de mostrar aquilo que admiram para os lhor que a Clarisse Lispector”, de Heloisa Pait. trupe na internet (www.companhiasilencio-
ir ao teatro. No site as pessoas conhe- As produções permanecem em cartaz durante um sa.com). O espetáculo será em novembro,
amigos, não importando em que parte do mundo
cem a gente um pouco mais”, explica este amigo esteja. A Terça Insana entende que mês. Mas o internauta pode acessar peças que já nos dias 13, 20 e 27 e em dezembro (dias
Daniel Nascimento, um dos membros isso é um processo natural, pois o relacionamento saíram de cartaz. É só ir até o porão da casa, onde as 12, 17 e 19), sempre a partir das 23h. Por
da trupe. do público com o artista mudou radicalmente com apresentações ficam armazenadas. Douglas de Barros
14 16 a 31 de Outubro de 2009 Jornal de Teatro
Desde 2001, o projeto vocacional de Teatro forma pessoas interessadas em entrar em contato com a arte, sem fazer distinção entre amadorismo e profissionalismo
A Bahia abrirá suas cortinas para peças com pluralidade artística, como as montagens Jeremias (foto à esquerda), Diciembre (foto central) e L’ Effert de Serge ( foto à direita)
Salvador
“
Por Paloma Jacobina
Fotos: Divulgação
Sentado em um dos bancos do pátio do antigo casarão da Es-
cola de Teatro da UFBA (Universidade Federal da Bahia), em Sal-
vador, o diretor e professor de teatro Luiz Marfuz dava uma última
É quase
olhada no projeto de mestrado de um dos alunos da instituição. Era
final de tarde de uma véspera de feriado nacional prolongado e a uma
única data disponível na atribulada agenda desse baiano que, hoje,
é respeitado não só por seu trabalho como diretor, professor e es- condenação
critor, mas, também, por desenvolver projetos como o programa
educacional Arte, Talento e Cidadania, do Liceu de Artes e Ofícios fazer teatro.
da Bahia. Marfuz foi co-autor e diretor do espetáculo e projeto
pedagógico “Cuida Bem de Mim” (há 11 anos em cartaz) e acredita
que está nesse nicho de mercado a oportunidade de trabalho para a
Uma bela
maioria dos diretores e atores brasileiros. Na semana da entrevista
para o Jornal de Teatro, Marfuz tinha se dividido entre as aulas condenação.
que profere na escola, um programa na homenagem que organi-
za para outro professor da UFBA (prestes a se aposentar), Arildo E você tem
”
Deda – e que terá leitura livre no FIAC (Festival Internacional de
Artes Cênicas), que acontece em Salvador, em outubro, e a estréia
de um espetáculo montado especialmente para celebrar o aniversá-
de cumprir
rio da Escola de Administração da UFBA. É assim todos os dias.
Entre a pesquisa e a prática, ao transitar entre os extremos da arte, esta pena
Marfuz se sente confortável. Com a mesma segurança que domina
as práticas de teatro, ele defende as pesquisas e a transferência de com muito
conhecimento. “O saber teatral é fundamental como norte de uma
experiência para o ator”. Acadêmico que nunca largou os palcos, prazer
esse mestre em Comunicação e Culturas Contemporâneas, doutor
em Artes Cênicas, traça um panorama do teatro baiano, fala das
possibilidades de formação de atores e do futuro. Os teatros de vanguarda e experimental são defendidos pelo diretor
Jornal de Teatro – Você co- JT – Mas por que você ha- JT – Você chegou com uma este pensamento. Não se trata a prática, mais preparado
meçou sua carreira de teatro via escolhido administração formação bem diferente do de um grupo de acadêmicos, você estará para enfrentar o
de maneira inusitada, certo? como formação? que se espera, certo? pensadores, mestres e doutores cotidiano?
Luiz Marfuz – Curiosamente, LM – Isso tem a ver com o LM – Eu estou na academia, que se reúnem para fazer esta LM – Nós falamos em merca-
comecei a trabalhar na escola de espírito da época. Administra- mas venho de uma prática. Aqui grade. Optamos pelo caminho do, mas nunca foi tão compli-
administração de empresas da ção seria a carreira dominan- na academia, meu lugar é o de contrário, com um grupo de cado para o artista falar desta
Bahia, onde tive minha primeira te. O que representa hoje as alguém que vem de uma prática artistas de teatro que concebe área como hoje em dia, pois ele
formação. Por conta da militân- carreiras ligadas à informática. e procura sistematizar e refletir uma escola. Esta escola surgiu tem de se nutrir de vários instru-
cia política da década de 1970, Um mercado seguro. Eu fi- sobre esse lugar. Eu nunca largo com duas características funda- mentos e armas para enfrentar
quando arte e política andavam quei muito dividido entre fa- o saber teatral, pois ele é funda- mentais: ela se move pela práti- o mercado. A teoria, por si só,
muito juntas, nós nos reunimos zer comunicação, teatro e ad- mental como norte de uma ex- ca e é pensada por artistas. não é suficiente. O artista tem
para formar um grupo de tea- ministração. Mas decidi fazer periência de opção de vida. que fazer. Peter Brook, que não
tro. O grupo surgiu associado à administração e gostei muito JT – Você diria que tais ca- é de nenhuma universidade, mas
militância estudantil, com temas da minha escolha. Trabalhei JT – Mas isso não é o co- racterísticas são ideais para criou o centro de pesquisa tea-
associados à política. Nós criti- na área por quase 18 anos, em mum. O que vemos, normal- a formação dos atores? Você tral, é uma universidade viva. Ele
cávamos a formação curricular, grandes empresas. Mas o te- mente, é o profissional que destacaria o curso que a diz que não existe diretor desem-
aquele currículo tecnicista, de atro sempre ficou pulsando. segue a carreira acadêmica UFBA oferece no cenário pregado, porque, se ele quiser
base americana, porque quería- Quando terminei o curso de largar o teatro. Por quê? nacional? fazer, junta o elenco e faz. Esse
mos um currículo de base huma- administração, formei um gru- LM – Há essa tendência de LM – É difícil falar como mo- instinto de fazer é fundamental
nística. Isso gerou um movimen- po teatral chamado Carranca, depender da natureza dos pro- delo, mas eu diria que é o que para o artista. Caso contrário, ele
to de teatro dentro da faculdade, que se inseriu no contexto jetos pedagógicos da escola e mais me identifico. Para mim é. cede fácil aos obstáculos da so-
que resultou na peça “Cartão de do teatro baiano e durou sete de depender do que cada um Estou me posicionando mes- ciedade e do mercado.
Ponto”, em 1975. Minha trajetó- anos, com peças minhas, pe- busca. A universidade propi- mo. Temos os modelos dos
ria começa fora do âmbito da es- ças coletivas e adaptações de cia um campo muito grande conservatórios franceses, por JT – Então a formação aca-
cola de teatro. Minha formação livros. Esse grupo era forma- de reflexão, mas, também, de exemplo, que são muito teó- dêmica é o que estrutura o
de teatro vem pela prática, pelo do por emergentes das univer- experimentação. Então, aqui, ricos. É uma forma de pensar ator para o mercado?
fazer. Fora as coisas de infância e sidades, todos formados em por exemplo, ensinamos teatro, e refletir sobre teatro, que tem LM – Sim. Mas, sem o fazer
da adolescência. outros cursos que não teatro. mas não só teoria de teatro. pouco campo para a prática e artístico fomentado pela facul-
Foi quando comecei minha in- a informação. Afinal, o teatro dade, ele se fragilizará diante do
JT – E quando você desco- serção no teatro e no campo JT – Qual a particularidade é muito ligado ao fazer artísti- que possa acontecer lá fora. Os
briu que estava completa- educacional, porque, em se- da escola de teatro da UFBA? co, com o trabalho do corpo, obstáculos são muito grandes e,
mente envolvido com o tea- guida, fiz Comunicação Social LM – A escola de teatro tem da voz e da interpretação, além se você não tiver garra, não vai
tro? com especialização em jorna- uma formação diferente das do movimento, da emoção, do fazer nada. Você tem de apren-
LM – Muito cedo. Aí, eu vou lismo e, em seguida, mestrado outras escolas. Primeira do gesto – tudo isso é físico e você der a fazer teatro na faculdade.
para a infância mesmo. Come- na mesma área. Logo após o Brasil, ela foi criada de um pro- discutir sobre isso é bom, pois Com várias condições mate-
cei fazendo teatro de interior. mestrado, fiz concurso para jeto artístico pensado por artis- elucida e faz com que você as- riais e econômicas, entre outras,
No fundo de casa. Isso eu sem- a escola (de teatro), em 1996, tas que estavam em uma práti- simile os ensinamentos. você irá adquirir um jeito de
pre fazia. onde estou até hoje. ca. Então, o currículo refletirá JT – Quanto mais você tem vencer as adversidades.
Jornal de Teatro 16 a 31 de Outubro de 2009
17
Salvador
“”
Antes, era importante
gritar. Hoje, faz-se
teatro dialogando com
poéticas e estéticas.
Não dá para ficar
somente no discurso
Marfuz é respeitado não só por seu trabalho como diretor, professor e escritor, mas por desenvolver projetos como o programa educacional Arte, Talento e Cidadania, na Bahia
você observa como se faz cada perspectiva? Você acha que presas é estimular esses grupos JT – O que você espera do
JT – Mas ainda sim é muito vez mais monólogos. Ninguém ele esta perdendo essa im- a experimentar outras estéticas teatro baiano em 2010?
difícil... se arrisca a fazer qualquer coisa, portância a partir das mu- para que a linguagem se renove. LM – Sou otimista e acredito
LM – Sim, não se sobrevive de porque não se aceita qualquer danças sociais? Se você fizer só o que o público na luta. O artista tem, por natu-
teatro unicamente. Eu larguei coisa no teatro. LM – Antes era importante gosta, o teatro vai se fossilizar. reza, que avançar. Esse foi um
administração e uma carreira gritar e falar. Hoje, você grita ano de muita luta e reclame. É
sólida para fazer teatro. Sou JT – Você acha que o teatro e fala dialogando com poéticas JT – Como podemos com- quase uma condenação fazer
professor da escola há 12 anos, baiano seguiu essas mudan- e estéticas. Não dá para ficar parar o teatro baiano com o teatro. Uma bela condenação. E
tenho doutorado em artes cêni- ças e amadureceu? somente no discurso. Nós não do restante do Brasil? você tem de cumprir esta pena
cas, dou cursos e oficinas. Daí, LM – Acho. Amadureceu por- perdemos o significado, mas LM – O teatro baiano é muito com muito prazer. O sofrimen-
você me pergunta se eu vivo de que o próprio artista se tornou ganhamos inúmeros significa- pouco conhecido fora do Bra- to, que é inerente à atividade do
teatro? Sim, mas eu não vivo de exigente. Quando pensamos dos em função desta própria sil. É um teatro forte, mas não teatro, se consegue transformar
bilheteria de espetáculo. em fazer uma peça atualmente, mudança. Por isso, é importan- muito reconhecido devido a em prazer. É como se juntas-
todos esses elementos são pen- te existir o teatro de vanguarda uma certa comodidade de não sem as duas instâncias (ator e
JT – É essa é a diferença? sados. Na década de 1970, o e o teatro experimental. Esses nos deslocarmos daqui. É mui- personagem) à dor e alegria.
LM – Claro. O artista que vive improviso funcionava. Sabe por grupos têm pesquisado formas to caro fazer teatro, ainda mais Você está falando de uma dor
de espetáculo raramente vive de quê? Porque, naquela época, as e conceitos que, neste momen- se viajar pelo País. Por isso é fá- intensa, mas, também, da dor
bilheteria. Quando falo viver pessoas iam ao teatro em busca to, não foram aceitos mas, com cil você ter uma espetáculo do e alegria de criar. O ator triun-
de teatro, me refiro ao campo de uma mensagem. Havia uma o passar do tempo, se tornarão eixo Rio-São Paulo aqui. Te- fa sobre o horror e faz a beleza
de arte e educação, que é muito questão ideológica muito for- uma estética que irá se instau- mos um teatro forte, mas que sobrevoar as ruínas. Você tem
forte na Bahia, estado referên- te. O que importava era o que rar na sociedade. vira o que nós chamamos de de conviver com as ruínas, mas
cia pela criação de ONGs como era dito no teatro, por conta do teatro secreto, porque, quando alçar voos sobre o abismo que
a Cipó, por exemplo. Além momento de ditadura vigente JT – Me dê um exemplo disso. o levamos para festivais, as crí- se coloca para o artista.
disso, existem as empresas que no Brasil. O teatro era um espa- LM – A forma como o públi- ticas sempre são extremamente
investem no campo de res- ço de escoamento do não dito, co aceita os monólogos. Você positivas. Pouca gente vê e as
ponsabilidade social. Há muito dessas tensões e da necessidade assiste a espetáculos com pou- coisas não acontecem. Muitas PAPO DE COXIA
teatro-empresa. Você vive de te- de se posicionar. Quando criei cos elementos de cena porque coisas também têm aconteci-
atro e não de bilheteria. É muito “Cartão de Ponto” (1975), foi o público se acostumou com do à margem, assim como os Um nome esquecido:
difícil fazer um espetáculo hoje com essa intenção. O público essas mudanças. Antigamente, trabalhos que estão na vitrine. Ilmara Rodrigues.
sem patrocínio, seja ele de qual- aplaudia falas. Hoje, porém, pe- os espetáculos tinham a preocu- Quando você conhece esses
quer ordem (estatal ou privada). las possibilidades tecnológicas pação de reproduzir fielmente o dois extremos, percebe que Um grande momento:
Temos muitos teatro-empresas. do teatro, ele tende muito mais ambiente no palco. Hoje você tem muita coisa acontecendo. quando optei por trabalhar
Então, você tem a possibilida- a buscar o campo visual do es- tem referências, como a de An- Evidentemente que também com os jovens no “Cuida
de de realizar, mas você precisa petáculo. tunes Filho, que trabalha com temos que destacar o teatro bem de Mim”.
de patrocínio. Porque, quando o palco nu. Isso muda a per- nas periferias, nas comunida-
você trabalha com bilheteria, JT – Qual significado o te- cepção do público e consolida des, que levam novos atores, Uma peça inesquecível:
depois que todos os custos são atro passou a ter para o pú- determinadas estéticas. Agora, com visões modificadas, para o “O Último Carro”, de João
pagos, sobra muito pouco. Aí blico com essa mudança de o trabalho do Estado e das em- teatro profissional. das Neves, na década de 70.
18 16 a 31 de Outubro de 2009 Jornal de Teatro
Política Cultural
Fotos: divulgação
Protestos,
manifestações
e paralisação
marcaram o
último mês na
Escola Livre de Teatro
Por Carlos Gabriel Alves MANIFESTAÇÕES
No dia 11 de setembro, cerca de 300
O clima entre a ELT (Escola Livre de artistas participaram de uma passeata,
Teatro), criada há 19 anos e reconhecida como forma de protesto, que saiu da Rua
nacionalmente por seu sistema de ges- Rui Barbosa com destino ao Paço Mu-
tão democrático, e a secretaria de cultura nicipal. O objetivo era entregar a carta
da cidade paulista de Santo André não é para a prefeitura e um abaixo-assinado
de extrema leveza. Motivo? A demissão ao secretário Salvo Melo. Fizeram par-
do professor e coordenador Edgar Cas- te do ato, além de dezenas de alunos e
tro, no último dia 8 de setembro, e a en- mestres da escola, diversas companhias
trada, em seu lugar, de Eliana Gonçalves e grupos teatrais, bem como as atrizes
– indicada pela prefeitura local – como Maria Alice Vergueiro e Leona Cavali, o
coordenadora administrativa da escola. ator Antonio Petrin e as diretoras Geor-
A iniciativa desagradou a maioria dos gete Fadel e Cibele Forjaz.
alunos e mestres da ELT e resultou em Como parte das manifestações, a es-
protestos dos representantes da classe cola suspendeu atividades durante uma
artística paulistana. Eles têm reivindica- semana – entre os dias 21 e 25 de setem-
do, junto aos poderes executivo e legis- bro – e organizou a “Semana ELT em
lativo da cidade, a volta do coordenador, alerta”. O movimento abriu as portas da
alegando que a atitude é necessária para escola para diversos grupos teatrais, de
a preservação do projeto pedagógico da dança e artistas se apresentarem e pro-
instituição. moverem debates.
Insatisfeitos, os artistas ligados à ins- No último dia 8, representantes da
tituição entregaram ao prefeito Aidan escola foram à Câmara Municipal de
Ravin e ao secretário de cultura, Ed- Santo André e discursaram nas tribunas
son Salvo Melo, uma carta com várias livres, com o objetivo de intensificar o
reivindicações do grupo, entre elas a diálogo entre a ELT e os membros do
readmissão do professor Edgar Castro poder executivo e legislativo da cidade.
e a demissão de Eliana. “Solicitamos Na ocasião, os membros da escola e um
ao Executivo a reavaliação da demissão grupo de vereadores afinaram os discur-
do coordenador e mestre Edgar Castro, sos, com o intuito de chegar a um acor-
que ajuda a construir a História da ELT do. A comunidade aceitou a permanên-
há 11 anos de forma íntegra, inovado- cia de Eliana Gonçalves no cargo, desde
ra e constante. Solicitamos, também, que haja uma adequação na atitude da
a transferência da funcionária Eliana coordenadora em prol do projeto.
Gonçalves para outro setor da munici- O professor Edgar Castro ressal-
palidade a que ela possa emprestar o seu tou que o importante é o projeto da
conhecimento profissional de maneira Escola Livre de teatro, não se tratando
efetivamente útil, segundo o seu perfil”, de uma questão pessoal. “Somos tudo
dizia um trecho do documento. menos intransigentes. Queremos o bem Unidos, os alunos da ELT se reuniram e, através de passeatas e debates, defendem Edgar
Em resposta, a Secretaria de Cultu- da escola e isso significa a expansão do
ra de Santo André encaminhou outra projeto original, não sua retração, como dor será escolhido pela comunidade ELT. te. “Apesar do período de incerteza por
carta à escola, assinada pelo secretário estava acontecendo.” Só não se tem a oficialização da Secretaria qual passamos, esse período tem sido
Salvo Melo, sobre as reivindicações dos de Cultura, Esportes e Lazer. A Comuni- muito rico. Ainda estamos refletindo so-
membros da ELT. E negou-se a demitir EXPECTATIVAS dade pede esta oficialização.” bre o que significa essa experiência po-
a atual coordenadora: “Entendemos que Após mais de um mês de debates e A secretaria ainda não se manifestou lítica pela qual estamos passando, sem
determinadas posturas podem ser revis- discussões a situação ainda não está resol- sobre o retorno de Castro, mas os mem- falar dos diversos apoios que recebemos
tas, desde que pautadas sempre pelo vida. Em seu blog oficial (www.mundoli- bros da escola estão otimistas em rela- e visibilidade que alcançamos defenden-
mecanismo que mais é prezado pela co- vre-sa.blogspot.com), a ELT divulgou que ção a um desfecho positivo em breve. do nosso projeto pedagógico”.
munidade em sua carta: o diálogo. Aten- recebeu, de forma não oficial, a autoriza- “O impasse ainda continua, mas, apa- A demora na oficialização do acordo
demos e atenderemos à Comunidade ção para reintegrar o professor Edgar Cas- rentemente, estamos caminhando para deve atrasar o cronograma de aulas, que
ELT em sua reivindicação principal: a tro à escola. “Após este mês de conversas um diálogo responsável”, mencionou passará por uma nova eleição de coorde-
manutenção do projeto e da Escola Li- com o Executivo e com o Legislativo, a um dos avisos deixados no blog da esco- nador pedagógico ainda este ano. Castro
vre de Teatro, não abrindo mão, contu- Escola Livre de Teatro tem a resposta de la. Castro, que já retomou as atividades, afirmou que o mês de janeiro deve ser
do, da prerrogativa administrativa e legal que seu Mestre Edgar Castro está de volta revela que a escola tem passado por um usado para repor as aulas perdidas du-
de indicarmos sua coordenação.” ao corpo docente e que o novo coordena- processo conturbado, porém, marcan- rante o período de paralisação.
Jornal de Teatro 16 a 31 de Outubro de 2009
19
Opinião
História
História contada através da
arquitetura
Teatros de estilo luso-brasileiro têm em Macaxeira
comum mais do que suas fachadas TEATRO SÃO JOÃO
LAPA, PARANÁ
Por Ive Andrade A Vila Nova do Príncipe de Santo
Antônio da Lapa, no Paraná, só tem
Os teatros brasileiros podem ser classificados e separados en- registros de sua atividade cultural a
tre grupos e estilos distintos. Ao analisar os cinco considerados partir da segunda metade do século
de arquitetura luso-brasileira, encontramos mais do que apenas um XIX, quando foi declarada cidade, em
estilo de construção. A maioria dos edifícios, que estão espalhados 1872. Quatro anos depois da decla-
por quatro das cinco regiões do Brasil, foi construída no século ração nascia o Teatro São João, uma
XIX, por uma vontade do povo de fazer crescer – ou, muitas vezes, iniciativa de alguns moradores locais
nascer – a vida cultural dentro de cidades pequenas e aparentemen- que formavam a Associação Literária
te sem cena teatral. As crises estruturais, de falta de verba, ou que Lapeana, criada com o objetivo de
vieram com o advento do cinema, também traçam paralelos entre organizar uma biblioteca e construir
os teatros de fachada simplista, que originalmente tinham seus ca- um teatro, que teve o projeto do en-
marotes como divisórias sociais. O Jornal de Teatro te leva, então, genheiro admirador das artes cênicas,
a viajar pelo tempo, através de alguns dos espaços que foram cená- Francisco Therézio Porto.
rios da história das artes cênicas no Brasil. A inauguração do espaço acon-
teceu somente em 1887, com um
espetáculo da Companhia Souza
Bastos de Operetas. A Revolução
Marcos Vieira
SECTUR
Zarlei Starling
Vida e Obra
Vasconcellos: carioca que conquistou Porto Alegre
Por Leonardo Serafim “Boneca Teresa ou Canção de
POA em Cena/ Divulgação