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capa: André Azevedo e Leonardo Boloni

Os três Qualidade e
porquinhos montagem: André Azevedo
competência - II
Newton Luís Mamede

A importância e a amplitude deste tema habilitação legal. Essa qualificação e


não se esgotam apenas num artigo. A habilitação somente alcançam seu sentido
insistência no papel da universidade de pleno se formarem o profissional pronto,
formar profissionais capazes e eficientes, de apto para trabalhar eficientemente. Com
nível superior, é necessária para a qualidade e competência. O profissional
permanente memória dessa responsa- completo.
bilidade. A universidade não pode A formação universitária completa, com
negligenciar a formação completa, que alia base na teoria científica e profunda, e na
a ciência à prática, conforme expusemos no aplicação prática de conhecimentos, precisa
texto anterior. A universidade não pode ser atacada e dinamizada. Não pode ser uma
dedicar-se à formação unilateral. Apegar- formação vazia. A universidade não pode
se à pura especulação, à teoria, à ciência deixar que ocorram as inversões de valores
abstrata, e desprezar que reportam ao
a prática, o treina- passado, permitindo
mento para o pronto Ater-se apenas à prática, ao que pedreiros sai-
exercício profis- desempenho imediato de bam mais que enge-
sional, é trabalhar nheiros civis; que
numa espécie de
habilidades, é rebaixar-se ao mecânicos de ofi-
platonismo, de dedi- empirismo, ao conhecimento cinas saibam mais
cação exclusiva às superficial com base em que engenheiros
idéias. repetições, em automatismos mecânicos; que
Nem, tampouco, curandeiros, benzed-
pode ser a univer- eiras e vovós saibam
sidade uma simples escola técnica. Ater-se mais que médicos; que práticos saibam mais
apenas à prática, ao desempenho imediato que odontólogos; que rábulas saibam mais que
de habilidades, é rebaixar-se ao empirismo, advogados. E outros desvios.
ao conhecimento superficial com base em Mais uma vez, afirmamos que não pode
repetições, em automatismos. ocorrer a contradição da e na universidade.
Marcelo Alves de Freitas Hoje, em 2010, o IBOPE nos conta como O conhecimento sólido, ideal, praticado Ela não pode ser a contradição da ciência,
3º período de Publicidade derrotou os três porquinhos: na universidade, é complexo, é bilateral. ofuscando e obstruindo a liberdade do
– Atualmente, só temos programas cri- Precisa da fundamentação teórica, do pensamento e a superioridade da razão, nem
Jô Soares, Faustão e Ratinho eram três ativos e educativos. Naquela época, se ti- aprofundamento científico, da superioridade pode sucumbir à prática do automatismo, do
porquinhos da granja que viviam em uma nha o contrário. Primeiro, eu soprei a casi- intelectual, para que seja capaz de explicar empirismo, do conhecimento vulgar. A
cidadezinha chamada Audiência. Na cida- nha do porco ratinho que só fazia baixarias, os fenômenos com a inteligência e a competência e a qualidade a que ela visa
de, cada um tinha uma casa: Jô com sua casa depois a casinha do porco Faustão que que- consciência do ser racional. Mas precisa, devem convergir, necessariamente, para a
de intelectualidade, porém voltado para crí- ria aposentar e não tinha nada de criativo e também, do pragmatismo, para capacitar, formação plena e segura de profissionais
tica dos leigos; Faustão com sua casa de por último a casinha do porquinho Jô que habilitar o profissional que a universidade dotados do saber científico e da eficiência
descaso e louco para se aposentar; e Rati- só usava sua sabedoria para criticar ao con- prepara e forma para lançar no mercado de imediata na produção de resultado. Perseguir
nho, o mais sujo de todos, com os mais ne- trário de ajudar. Mas a culpa de tudo isso trabalho. Pragmatismo que não pode esse objetivo, essa meta, é a essência da
gativos exemplos da TV brasileira. foi da mãe deles: “A falta de compromisso restringir-se a meros estágios curriculares. universidade. Da universidade ideal.
Existia um lobo mau que se chamava com o público”, que hoje está enterrada jun- Conforme o afirmamos anteriormente, a
IBOPE que, em 2002, acabou com a péssi- tamente com a má criatividade e cultura da competitividade, hoje, não depende apenas Newton Luís Mamede é Ombudsman
ma influência da mídia para a população. TV brasileira. da qualificação universitária ou da da Universidade de Uberaba

Jornal-laboratório do curso de Comunicação Social, produzido e editado pelos alunos de Jornalismo e Publicidade & Propaganda da Universidade de Uberaba

Edição: Alunos do curso de Comunicação Social • • • Supervisão de Edição: Celi Camargo (celi.camargo@uniube.br) • • • Projeto Gráfico: André Azevedo (andre.azevedo@uniube.br) • • •
Diretor do Curso de Comunicação Social: Edvaldo Pereira Lima (edpl@uol.com.br) • • • Coordenadora da habilitação em Jornalismo: Alzira Borges da Silva (alzira.silva@uniube.br) • • •
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As opiniões emitidas em artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores.
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Um passo para a
liberdade
Educar é uma arte. Arte que se aprende desde o berço,
no colo da família, e se estende na vida em sociedade
arquivo Revelação

Margarida Ribeiro
7º período de Jornalismo

Normalmente considera-se educado


quem sabe tratar bem as pessoas, falar bem,
aquele que lê e escreve. Estes são apenas
alguns, entre os vários conceitos que damos
à educação; aceita-se até mesmo como uma
herança dos pais -“é o que eu posso dar aos
meus filhos e ninguém rouba”.
Para visualizarmos um pouco o cenário
educativo de nossa realidade, limitaremos
esta “prosa” discutindo o atual sistema
formal de ensino. Somos convidados a
“olhar”, como diz Rubem Alves, a forma
de que é priorizada a educação integral do
cidadão brasileiro.
Conforme depoimento de alguns
profissionais da área, a educação é um setor
de grande desafio. Para a professora de
Didática geral da Escola São Judas, Ana
Ercília a educação tem muito a desejar.
“Embora exista muitas propostas e leis que
falem deste direito para todos, a maioria não
têm as mesmas oportunidades. Falam em
educação para a igualdade para a libertação,
mas isto não acontece. As escolas privadas
têm o privilegio de conteúdos e métodos
avançados. Seus recursos são maiores que
uma escola publica. Ainda é uma educação Educação é um meio de desenvolver o seu potencial criativo
preconceituosa e elitista. Falta muito pra
conseguir formar cidadãos participativos para que possa se integrar no meio social, o que a sociedade moderna vem trazendo caminhar uma nação... Com efeito, a
críticos que possam atuar na sociedade de no meio cultural, que seja um cidadão pra todos nós no plano social, psíquico e educação pode provocar a revolução
forma digna”diz Ercília. responsável e respeitado”. Este é um meio afetivo. libertadora do homem, como pode alimentar
Vivemos momentos difíceis de do cidadão ser cada dia melhor, mais Também a professora do ensino a sua alienação. Muitos estruturam a
mudanças e, junto com as grandes participativo, em condições de ajudar a fundamental e aluna do terceiro período de educação apenas como forma de controle
descobertas e conquistas do ser humano, construir uma história mais humana e pedagogia especial Gláucia Aparecida, social, outros a organizam como
acontecem gravíssimas conseqüências em democrática. reforça a importância de levar os alunos a instrumento de transformação social. Tanto
que o povo, sobretudo os excluídos são os Nos dias de hoje podemos pensar no pensarem na realidade, e se sentirem agente pode ser usada para adormecer os espíritos
mais atingidos. A reversão deste quadro processo de educação de uma maneira mais de transformação e não simples ouvinte ou e as consciências como para desencadear
excludente, está na educação integral de complexa, uma vez que as necessidades do observador dos fenômenos que nos forças explosivas... É necessário rejeitar-se
todas as pessoas. mundo atual e as exigências são também envolvem. a educação como técnica de anestesiar o
Para a vice diretora do Colégio Nossa mais complexas. Vivemos um período de Conforme os escritos de Monsenhor homem, de subordiná-lo. É necessário
Senhora das Dores, Marta Fabri, a educação transformações violentas, rápidas e, a Juvenal Arduini no livro Homem libertação buscar a pedagogia da libertação, como
é um meio em que a pessoa desenvolve o educação naturalmente tem que colocar o em 1972, a educação “É um fenômeno estratégia do desenvolvimento, que acorde
seu potencial criativo. Portanto, é um homem em contado com toda essas gamas ambíguo. Não basta que exista educação o homem, que lhe movimenta as energias,
processo permanente que inicia com o de informações, com todo esse mundo de para que um povo tenha seu destino lhe descative a história, lhe confira
nascimento e conseqüentemente perdura por mudanças. Não é fácil nos dias de hoje falar garantido é preciso determinar o teor da instrumentos técnicos modernos”.
toda vida. “Buscamos através da educação, num processo de comunicação que não educacional para que se saiba em que E você o que pensa da nossa educação
melhorar a pessoa humana dando condições atenda as exigências do mundo atual, e tudo direção está caminhando ou deixando de brasileira? O que faz para que seja melhor?
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Projeto oferece
qualidade de vida a
terceira idade
Sonho ainda é distante para idosos sem recursos Harambê é uma expressão africana que significa: vamos trabalhar juntos

Wagner Fonseca vo para a inércia física, cultural e psicoló- da América Latina. A área, doada à Funda- motivo para se manter ativa. “O meu traba-
6º período de Jornalismo gica. Muitos estudos apontam que a pessoa ção, é cercada de bosques e represas para lho é corresponder à missão que recebi quan-
nesta fase da vida se sente inútil e sem ne- pescaria, e espaço disponível ao cultivo de do cheguei à terra”, comenta Maria Tereza.
O filósofo Ovídio comparou, tempos nhuma contribuição para a sociedade. O pre- frutas, hortaliças e produção de ervas me-
atrás, a vida do ser humano às quatro esta- conceito dos mais novos e os poucos proje- dicinais. As moradias, chamadas de Sonho distante
ções do ano. Enquanto criança o homem tos de apoio voltados para esse público, que “pueblos”, foram planejadas para atender A oportunidade de viver em um ambien-
lembra a primavera, quando a planta é nova corresponde a quase 18% da população na- às necessidades dos moradores. O projeto te como o Harambê passa distante dos olhos
e enche de esperança o agricultor. O cam- cional (Censo 2000. Pessoas com mais de inclui também a construção de um mini- do aposentado Antônio Augusto Souza, 74
po fértil resplandece com o colorido das flo- 55 anos residente no país), são motivos que shopping, teatro de arena, fábrica de medi- anos. O “seu Tonico”, é um dos residentes
res. Entra então a estação mais forte, o auge agravam o problema. camentos, playground e um clube. Um es- do Asilo São Vicente de Paulo . O dia-a-dia
da mocidade, o fervor da vida: o verão. A pessoa que desejar viver no Harambê paço onde a vida recomeça aos 55 anos é, dele resume-se a uma vassoura e uma enxa-
Depois vem o outono, triste, o meio-termo vai participar de atividades recreativas, es- acima de tudo, um referencial para Uberaba da. Para se manter ativo, ele costuma ficar
entre o jovem e o velho. Surge em seguida portivas e artísticas. Os trabalhos vão des- nas questões sobre os projetos voltados à horas cortando a grama que insiste em cres-
o inverno, quando os cabelos ou caíram de a extração de água mineral à produção terceira idade. cer sobre o cimento. Ele chegou ao asilo nos
como as folhas das árvores, ou, os que res- anos oitenta, depois de atravessar uma crise
taram, estão brancos como a neve dos ca- financeira. O trabalho de pintor não lhe ren-
minhos. Tempo infeliz. O que era para ser deu uma quantia significativa para garantir
já se foi. uma aposentadoria mais tranqüila e uma casa
A teoria do filósofo, com certeza, foi para morar. O seu Tonico não foi casado e
elogiada por muitos e até hoje há quem con- não tem filhos, as únicas companhias são os
sidere real as palavras do estudioso. Mas, amigos que vivem com ele no asilo. Para ele
próximo à cidade de Uberaba, a teoria de o simples fato de cortar a grama é um traba-
Ovídio não traduz a realidade quando ele lho que o torna útil. E o pensamento de utili-
se refere ao outono e ao inverno, compa- dade o faz passar o tempo. “Eu fico cortan-
rando-os com a fase de vida denominada do a grama e varrendo o chão. A gente que já
de terceira idade. Um projeto desenvolvido está meio fora de forma precisa fazer algu-
pela Fundação Peirópolis, pôs abaixo parte ma coisa para não ficar parado”, disse.
da teoria ovidiana. A Fundação é uma ins- Ao contrário da pedagoga aposentada Ma-
tituição monitorada pelo Ministério Públi- ria Tereza que já faz parte do projeto Harambê,
co e reconhecida tanto no âmbito munici- o seu Tonico dificilmente vai conseguir parti-
pal, estadual e federal, como sendo de utili- cipar de projetos, como este. Conform apura-
dade pública, Maria Tereza é a primeira a desfrutar da Antônio Augusto Souza mora no Asilo São do, muitos velhinhos que estão no asilo foram
Em Peirópolis, há 15 quilômetros do comunidade Harambê Vicente de Paulo desprezados e tratados como encosto pela fa-
centro de Uberaba, foi inaugurada no últi- mília e pela sociedade de modo geral. Eles vi-
mo dia 16, uma comunidade biossocial que de artesanatos. Os produtos vão ser A primeira semente vem do trabalho voluntário de diretores e da
vai oferecer às pessoas com mais de 55 anos comercializados em outras comunidades e, A paulistana, radicada em Uberaba, dedicação dos funcionários.
a oportunidade de assegurar vida nova, de- a renda é descontada na contribuição men- Maria Tereza, 72, é a primeira moradora que O asilo foi inaugurado em 1902 pela Fun-
pois de décadas de trabalho. Oportunidade sal paga pelos moradores. A contribuição, veio atraída pela energia do Harambê. O dação São Vicente de Paulo e é mantido com a
de nova filosofia. O projeto ganhou o nome cobre as despesas da manutenção do proje- pueblo que ela escolheu já está mobiliado e renda de parte da aposentadoria dos internos e
de Harambê (expressão africana que signi- to, como alimentação, serviços de utilidade foi bastante visitado durante a inauguração. com a ajuda da comunidade. Algumas em-
fica – vamos trabalhar juntos). A idéia par- e o pagamento dos funcionários, uma espé- Muito ligada às questões espirituais, ela dis- presas privadas mantêm convênio com o asilo
tiu das páginas do livro – O que você vai cie de condomínio. se que na comunidade vai ser possível de- nas áreas de exame laboratorial e serviço de
fazer em dezembro? Dag Edições - do es- senvolver com os próximos moradores o SOS móvel. A Universidade de Uberaba pos-
critor e presidente da Fundação Peirópolis, Preço conhecimento da necessidade de preserva- sui um convênio na área fisioterápica, e hoje, o
Dirceu Borges. Para ele, a comunidade é um Para fazer parte da comunidade, o inte- ção da natureza humana. “A energia do ter- asilo tem um moderno centro de fisioterapia. A
exemplo que deve ser seguido pelo gover- ressado precisa desembolsar cerca de R$ 45 ceiro milênio, associada ao bom momento prefeitura oferece o trabalho de um médico para
no federal. “Através dos recursos do INSS, mil. O valor é a quantia paga pelo direito cósmico, garante a proposta de vida na co- exames preliminares. Outro serviço importan-
pago mensalmente pelos contribuintes, o de uso de uma residência . Por ser uma so- munidade”, disse. Ela, que já percorreu vá- te é o da cabeleireira Simone Barbosa. Quase
governo pode oferecer projetos de moradia ciedade civil, todos os resultados financei- rios países como acompanhante de pessoas sempre ela está no asilo cortando o cabelo dos
e melhorar a qualidade de vida de quem tan- ros serão revertidos na própria empresa. interessadas na sabedoria espiritual, está pre- internos.
to contribuiu com o país”,comentou. Para os idealizadores do projeto, o Harambê parada para semear os conhecimentos adqui- Para o presidente da casa, Paulo Roberto
A proposta da Fundação é ativar a vida é considerado o Eldorado para quem ultra- ridos ao longo da vida. Socializar esses co- Queiroz da Costa, é impossível manter al-
de homens e mulheres da terceira idade. O passou cinco décadas e meia de vida. nhecimentos é a tarefa que ela escolheu na gum projeto que ative a vida do seu Tonico
Harambê é uma comunidade alternativa A fazenda ocupa um espaço de 70 hec- comunidade. Um trabalho simples para uma e dos outros 54 idosos sem apoio
para quem não vê no passar dos anos, moti- tares próximo ao maior sítio paleontológico pedagoga aposentada que agora tem mais um financeiro.“Estamos abertos a parceirias”.
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reprodução
Imprensa e Violência
Elogio ao
homicídio
Público torna-se cúmplice dos assassinos
quando finge repulsão perante violência na mídia

André Azevedo crime como algo torpe, por outro adora estar
1º período de Jornalismo junto, aceita participar da cena, é ávido pelos
detalhes e finge espantar-se, disfarçando
A literatura e o cinema já lançaram certa ludicidade mórbida, quando depara-
provocações veementes sobre a relação se com os detalhes macabros. De certa
entre o apetite do público pelo macabro e a forma, esse espectador secretamente
alegre disposição da mídia em saciá-lo. O desejaria que mais assassinatos aconteçam
escritor inglês Thomas de Quincey (1785- para que sempre aparecessem histórias que
1859) escandalizou a Inglaterra vitoriana possibilitariam, enfim, sua participação
com seu irônico “Do Assassinato Como através da representação simbólica – as
Uma das Belas-artes”. Quincey escreve que imagens e o texto.
a originalidade dos homicidas, demonstrada No filme isso é demonstrado com muita
nos incontáveis registros na imprensa, seria perícia. Os psicopatas às vezes dão
comparável à genialidade criativa de piscadelas para a câmera, como que fazendo
grandes pintores, poetas ou músicos. Por um pacto com o espectador: “fiquem aí, que
isso, sugere que os assassinatos sejam serão recompensados com muita
avaliados por sua beleza estética, e malvadeza”. Em certo momento, um dos
apreciados, portanto, devido à sua condição vilões distrai-se é alvejado por uma vítima.
de arte. O outro então pega um controle remoto, e para saciar sua curiosidade mórbida. vir a deixar morrer dezenas de pessoas
O autor descreve as atividades de um em uma reviravolta metalinguística, roda o Portanto, costumam inventar todas as desnutridas. Isso não é considerado como
suposto clube de aristocratas que se próprio filme ao reverso até chegar naquele desculpas possíveis para disfarçar suas um ato de violência, mas, sem dúvida, é um
dedicavam ao hobby do assassinato. ponto. Consciente de sua condição de “perversõezinhas”. Em Memórias do estado de violência.
Segundo Quincey, eles encontravam-se em personagem fictício, agarra a arma e impede Subsolo, Dostoiévsky escreve que o homem Normalmente a imprensa satisfaz-se em
reuniões onde relatavam os crimes que a repetição da cena. Ela sabia que a morte “está pronto a deturpar intencionalmente a privilegiar a cobertura dos atos de violência,
haviam praticado durante a semana, as do vilão seria o fim da história, e o público verdade, a descrer de seus olhos e seus ignorando, ou cobrindo mal, os estados de
estratégias que haviam lançado mão e outros exige mais diversão! Em uma de suas ouvidos apenas para justificar a sua lógica”. violência. O que se vê é a simples exposição
detalhes mórbidos, levando a platéia ao músicas, Rita Lee mostrou que compartilha dos fatos da violência urbana. Entretanto,
deleite. Um conferencista lembrava que a dessa hipótese. “Não podemos sofrer. Não Ato e estado de violência sabe-se que expor não é propor. O ato
vítima mais adequada é um amigo íntimo, leremos jornais que noticiem crimes. Não Em O que é Violência, Nilo Odalia violento de ontem será esquecido para que
e “em falta de um amigo, que é um artigo participaremos destas mortes vis”, canta. acentua a diferença entre o ato da violência o ato violento de hoje seja explorado até
de que não se pode sempre dispor, um Em Anarquistas, Graças a Deus, a e estado de violência. “O ato violento não ser esquecido amanhã, num círculo vicioso
conhecido; porque, em ambos os casos, escritora Zélia Gattai descreve uma de suas traz em si uma etiqueta de identificação. O estéril. As causas do estado de violência não
quando primeiro se aproximasse da vítima, diversões de infân- mais óbvio dos são, portanto, discutidas; a doença é
a suspeita seria desarmada; enquanto um cia preferidas junto atos violentos, a deliberadamente ignorada para que os
estranho poderia alarmar-se, e descobrir na à mãe e irmãs: O que se vê é a simples agressão física, o sintomas sejam expostos. Em O Discurso
própria fisionomia do eleito para assassiná- procurar no jornal exposição dos fatos da violência tirar a vida de da Violência, Ana Rosa Ferreira Dias
lo um aviso para que se pusesse em guarda”. nomes conhecidos outrem, não é tão analisou o diário Notícias Populares, hoje
Haveria uma espécie de graduação do crime, na coluna de necro- urbana. Entretanto, sabe-se simples, pois pode extinto. Ela descreveu a intensa sintonia
e os mais originais eram considerados lógios e acom- que expor não é propor envolver tantas entre o jornal e a classe social para qual ele
“grandes artistas”. panhar os velórios sutilezas e tantas é dirigido, sobretudo através da linguagem.
O cineasta alemão Michael Haneke que passavam à mediações que A partir de seu estudo, é possível concluir
escreveu e dirigiu “Violência Gratuita”, um porta. “No entanto, nem todos os enterros pode vir a ser descaracterizado como que para melhorar a qualidade editorial dos
dos filmes mais provocativos da década de despertavam igual interesse. Os de morte violência”, escreve. Ele argumenta que os jornais, faz-se necessário a mudança da
90. Haneke defende, através de sua obra, a violenta, atropelamentos, desastres, costumes e tradições encobrem certas própria sociedade. Mas o enigma implícito
tese de que o público transforma-se em assassinatos, eram os mais apreciados”, práticas violentas da vida em sociedade e é que a imprensa trata-se, justamente, de
cúmplice do assassino quando participa da escreveu. dificultam a compreensão imediata de seu uma das grandes, senão a maior instituição
violência através da observação passiva de Essas confissões costumam surpreender caráter. Um exemplo claro dessa questão é capaz de mobilizar a sociedade para essa
telespectador – ou leitor. E essa constatação porque normalmente as pessoas não são o problema do assassinato. É possível matar mudança. O jornal que faz diariamente um
não é colocada como uma metáfora, mas capazes de admitir e refletir sobre suas alguém. Pode-se também favorecer as elogio implícito ao homicídio e é incapaz
entendida de forma literal. A conivência perversões. É comum observar aqueles que condições para que muitas pessoas morram. de refletir sobre seus métodos, certamente
estaria na própria passividade confortável dizem detestar a violência nos jornais mas Um ato político, como privilegiar recursos não será capaz de provocar mudanças na
de espectador que, se por um lado encara o nunca deixam de dar aquela “olhadinha” públicos para futilidades, por exemplo, pode sociedade – se é que o deseja.

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Imprensa e Violência

A IMPRESA SOB A
ÓTICA DO DIREITO
Legislação obsoleta contribui para os abusos
da liberdade de expressão no jornalismo
Adr
iana
Adriana Amaral Guardieiro Ama or diante da intensificação das informações
ral G
7º período de Jornalismo uar
diei de carater violentos.
ro
Como impedir a publicação excessiva “A maior violência
A Constituição Federal de desses assuntos. Para o advogado do mundo é a
1988 assegurou a liberdade de Fontoura, voltar à censura não seria a
ignorância,
imprensa, mas de acordo melhor saída. “Ela seria o mal mai-
com o professor de Direito or, porque o problema básico não a burrice”
da Universidade de é a violência nem a censura. É a
Uberaba, Cláudio profunda falta de educação e de
Fontoura, especializado cultura da sociedade brasileira. família, pode entrar com ações contra a em-
na área penal, a explo- Na minha opinião a violência presa jornalística, tanto na modalidade de
ração desta liberdade vem de várias formas. Não é responsabilidade civil, quanto na de dano
deve ser cautelosa. “ Se só a morte ou a exploração da moral”, orienta Fontoura.
por um lado ela tem a sexualidade. A maior violência Para melhorar esta situação e diminuir a
função de avaliar e jul- do mundo é a ignorância, a bur- quantidade de violência que está sendo apre-
gar as situações da soci- rice”, opina sentada, Fontoura acredita que as empresas
edade, por outro, o cida- De acordo com o professor, de jornalismo poderiam tentar tirar a violên-
dão tem o direito de ter a toda pessoa tem o direito de impe- cia, melhorando a abordagem não no sentido
sua imagem resguardada dir que a sua imagem seja veiculada. sócio-econômico, mas no sentido cultural.
em interesse alheio. A im- Porém, ainda existem certos permissi- “Buscar temas mais interessantes que tenham
prensa não pode mostrar qual- vos, como filmagens externas. “Você não um respaldo cultural para a população”.
quer pessoa. Nós temos o direito é obrigado a perguntar se os transeuntes da- Esta receita, no entanto, esbarra no gos-
de impedir isso”, informou.“Se a no- quele local autorizam ou não a exposição de to da opinião pública. Na impressão do ad-
tícia cuja publicação for desabonadora da suas imagens”, ressaltou. O advogado disse vogado, um jornal com perfil por ele suge-
honra de alguém a pena é de reclusão de ainda que a lei dos crimes de imprensa vi- rido não venderia. “Falo com base nas co-
quatro a dez anos ou multa de cinco a 50 Para o advogado Cláudio Fontoura, gente está obsoleta, sendo necessária a ado- lunas policiais dos jornais de Uberaba, por
salários mínimos”. (Constituição Federal, a liberdade de imprensa ção de uma nova legislação. exemplo, que com certeza são grandes pro-
deve ser cautelosa
artigo 18, parágrafo 1). É considerado crime de imprensa pulsores de venda”, analisa. Para ele, en-
A busca pelo furo de reportagem nos ve- quando há conduta imprópria que resulte quanto a população tiver um percentual
ículos impressos e a corrida pela audiência em situações de ofensa intencional a ci- que tende ao analfabetismo e de pessoas
nos meios eletrônicos têm ditado a tendên- satisfação da violência”, avalia. dadãos ou instituições. “Caluniar alguém, completamente despreparadas, ela vai
cia das linhas editoriais desses veículos, que O jornal Estado de São Paulo, edição imputando-lhe falsamente fato definido continuar sendo o que é.
priorizam, cada vez mais, assuntos violen- do dia 29 de março, publicou dados de um como crime, pena: detenção de seis me- “Não quero ficar com uma perspecti-
tos. A explicação para estudo realizado pela Uni- ses a três anos e va sombria nem parecer
o advogado está no pró- versidade de Columbia, multa de um a 20 uma pessoa que tem certo
prio povo. “A violência É considerado crime de New York comprovando salários mínimos”. receio da humanidade, mas
vende jornal. As pesso- que os adolescentes que (Constituição Fe- Vemos a desgraça eu continuo achando que o
imprensa quando há
as protestam, mas não assistem a mais de uma deral, artigo 20). alheia e respiramos grande problema é a edu-
existiria violência na conduta imprópria que hora de televisão por dia “Isso quer dizer cação. É a falta de cultura
aliviados quando
mídia se elas não com- resulte em situações de são propensos a ficar vi- que é respeitado o aliada a funções psicológi-
prassem o jornal. Des- princípio da inocên-
observamos que a nossa cas que nós temos. Vemos
ofensa intencional a olentos muito mais do
de Freud já é demons- que os adolescentes que cia até que uma sen- vida está em ordem a desgraça alheia e respi-
cidadãos ou instituições
trada uma busca tanto ficam menos tempo di- tença penal ramos aliviados quando
do prazer quanto do im- ante do aparelho. Partin- condenatória transi- observamos que a nossa
pulso da destruição. A morte nos atrai. A do desse princípio, a proporção da absor- te em julgado. No entanto, os programas de vida está em ordem. No fundo, o que exis-
mídia simplesmente manipula o impulso bru- ção de informações violentas que veículam TV filmam uma pessoa meramente acusada te é uma sociedade com tendências cana-
tal que o ser humano tem, que é o impulso da nos meios de comunicação passa a ser mai- de um crime. Esta pessoa, ou mesmo sua lizadas pela imprensa”, conclui.

6 8 a 14 de março de 2002
CONCORRÊNCIA MÍDIA SANGUINÁRIA ALTERA
ATROPELA ÉTICA VALORES SOCIAIS
Falta de critérios compromete Pessoas podem sofrer aprendizagem negativa
qualidade da informação à partir do que é exposto pelos
meios de comunicação
Leonardo Boloni formações. Nossos direitos estão sendo feri-
7º período de Jornalismo dos, já que não pedimos aquela violência ex-
posta. A mídia não nos protege contra esta Luciana Souza são”, explica.
Para a economista especializada em so- violência”, analisa 7º período de Jornalismo De acordo com a psicóloga a convivên-
ciologia e professora universitária Maria das Para ela, a culpa ao longo da história têm cia com este tipo de notícia torna-se proble-
Dores Silva, a causa da exposição maciça da vários fatores, como por exemplo, “o descui- A divulgação da violência pela mídia ma a partir do momento em que as informa-
violência nas várias mídias é resultado da do de nossa própria educação, o descuido das pode acarretar grandes mudanças de antigos ções começam a fazer parte da vida das pes-
concorrência, a busca de um diferencial em religiões, da mídia, do sistema político e de valores ou até mesmo induzir que outros se- soas como algo rotineiro ou normal, ou seja,
seus produtos veiculados. “Se um determi- nossa própria omissão em relação aos acon- jam criados resultando na mudança de com- o massacre, a tragédia, o crime hediondo tor-
nado jornal explora algum fato em busca de tecimentos. Nós não jogamos o jornal fora, portamento das pessoas. A afirmação é da psi- na-se algo banal no cotidiano das pessoas.
audiência, o concorrente não vai arq
uivo não desligamos a televisão, então cóloga, Osimar Beatriz Tura. Segundo disse “A partir desse momento em que as pessoas
Rev pode ocorrer um con- não se assustam
querer ficar atrás. As reda- elaç estamos sendo coniventes
ao
ções acabam buscando com tudo isso, estamos dicionamento das pes- mais com a violên-
uma informação mais ajudando a dar Ibope soas ou até mesmo “Quando um delinqüente cia divulgada, não
detalhada nos textos e para as emissoras, uma aprendizagem ne- é morto as pessoas sentem-se fecham os olhos ao
imagens em função conferindo-lhes gativa do que é expos- ver uma pessoa de-
da própria concor- credibilidade”, to pelos meios de co- mais tranqüilas por ser menos golada ou algo as-
rência”, explica. complementa. municação. “É o fato uma pessoa má na rua” sim, é que a situação
De acordo com A concentração das pessoas sentirem- se complica, pois
ela, a violência não dos meios de infor- se aliviadas após ver ocorre uma inversão
acontece por acaso; mações em grupos uma cena violenta, por não estar acontecen- de valores”, esclarece Beatriz.
há um motivo para restritos de pessoas do aquilo com eles ou com alguém da famí- A situação é mais grave quando a violên-
acontecer e a mídia também contribui lia”, declara. cia chega ao conhecimento de crianças. Elas,
acaba por dar grandes para a propagação de Para a psicóloga, de uma forma geral, as conforme esclareceu Beatriz Tura, correm o
coberturas, muitas vezes ideologias. “São eles pessoas se interessam pela violência e mes- risco de crescerem com este tipo de informa-
de forma chocante sem se quem controlam os re- mo repugnando estas informações querem ção achando que as atitudes mostradas são
preocupar com as cursos sem se preocupar estar em contato com elas. “Este sentimento normais. Quando adultas elas vão apresentar
consequências desta in- com a população. Cada pode vir de uma simples curiosidade, como atitudes totalmente agressivas e sem referên-
formação. “Hoje nós liga- Nossos direitos estão sendo vez mais estão alienan- uma auto defesa ou até mesmo pelo instinto cias dentro de uma visão humana”, observa.
mos a televisão e pode- feridos, já que não pedimos do o povo com progra- de vingança”, disse. Na análise feita
mos ver formas requinta- aquela violência exposta. A mas sem qualidades edi- “Quando um pela psicóloga sobre
das de matar, sequestrar, torias, criando persona- delinquente é morto os meios de comu-
torturar ou gerar atritos, mídia não nos protege gens, histórias sem pro- as pessoas sentem-se Crianças correm o risco de nicação ela detectou
como nas telenovelas que contra esta violência”, diz a pósitos educativos e me- mais tranquilas por crescerem com este tipo de que a preocupação
exploram os conflitos nos socióloga Maria das Dores canismos de controle de ser menos uma pes- informação achando que as na priorização das
relacionamentos. Entra- audiência”, argumenta. soa má na rua. Vem informações está na
mos em determinados A consequência disto, uma sensação de alí- atitudes mostradas são normais opinião pública e
sites e aprendemos a fazer bombas” segundo Maria das Dores, tem um efeito bola vio, por pensar que nas vendas. Por
exemplifica ela. de neve. “A violência exposta hoje irá gerar pode sair de casa sem isso, segundo ela,
Outro problema desta exposição é em re- outra amanhã e assim por diante em escala maiores problemas, que seus filhos estarão eles oferecem esta gama de notícias sensa-
lação a ausência de ética. “Quando se fala crescente, perpetuando as causas e efeitos . correndo menos risco de serem assaltados ou cionalistas sem se preocupar com os refle-
em ética e age através dela, não podemos Para ela a prevenção pode vir através mortos”, esclarece. xos que elas podem causar ao indivíduo. “É
separá-la das conseguências, pois estão inti- de uma mediação já realizada em um outro Outro motivo, para justificar o facínio por como se nossos desejos e vontades não ti-
mamente ligadas”, afirma. Para a socióloga, local ou época, exemplificando o aprendi- assuntos violêntos, apontado por Beatriz Tura vessem nenhuma importância, como se nos-
a falta de responsabilidade social na mídia é zado com os erros alheios. “Já que a edu- foi a possibilidade de extravasar a violência sa necessidade de boa informação fosse algo
grande, uma vez que não se pensa no impac- cação é algo constante, podemos aprender contida dentro de cada um. “Como o adulto realmente banal. Isto é ruim, embora seja
to e no reflexo destas informações publicadas em qualquer momento. Os meios podem não pode externar o instinto violento ele ab- uma forma de mostrar que os problemas
de forma banalizada. “Quando sou agredida, estar remediando a situação com aborda- sorve estas informações através de jornais ou ocorrem em todas as classes sociais e não
tenho meus direitos violados. Acredito que gens e matéria que valorizem o lado posi- TV para aliviar este sentimento. De certa for- somente com os pobres, estas informações
este direito também seja o do leitor, do ou- tivo do ser humano ao contrário do que ma esta maneira de extravar é benéfica, pois ferem e podem desestruturar uma socieda-
vinte ou telespectador que consome tais in- vemos hoje”, conclui. a pessoa alivia o desejo em frente a televi- de inteira”, conclui Beatriz.

8 a 14 de março de 2002 7
Fórum discute rumos do
jornalismo brasileiro
Documento estabelece princípios para o exercício responsável da profissão
Esta é a íntegra do documento do jornalismo como instrumento do ameaça direta à incipiente democracia marginalizadas, com o desenvolvimento
redigido no Fórum dos Cursos de conjunto do povo brasileiro para a brasileira e à limitada liberdade de social e com a formação do senso crítico
Jornalismo, realizado na Faculdade construção de uma sociedade expressão, na medida em que tende a em todas as áreas do conhecimento, e
de Comunicação Cásper Líbero verdadeiramente democrática, justa e que eliminar ainda mais os espaços de especialmente no jornalismo.
promova a igualdade e o bem estar de todos. manifestação de importantes segmentos da
Reunidos no Fórum dos Cursos de Nesse sentido, queremos afirmar o seguinte: sociedade brasileira. Diploma
Jornalismo, realizado na Faculdade de A entrada do capital estrangeiro na O exercício pleno do jornalismo só pode A exigência de diploma para o exercício
Comunicação Social Casper Líbero, em São propriedade dos meios de comunicação de se dar numa sociedade que assegure o do jornalismo não apenas legitima a
Paulo, dias 29, 30 e 31 de março de 2002, massa representa direito de todos à categoria no reconhecimento social e legal,
jornalistas, estudantes e professores de uma grande ameaça à informação, confere dignidade para a profissão, mas
jornalismo analisaram e debateram as nossa cultura, às A concentração da mídia consignado na sobretudo assegura maior controle social da
principais questões que envolvem a raízes culturais da Declaração prática jornalística e reduz o campo de
formação acadêmica e o exercício Nação e à nossa representa uma ameaça Universal dos manobra dos interesses econômicos na área.
profissional do jornalismo no Brasil, identidade, além de direta à incipiente democracia Direitos do Homem. O exercício da profissão não é redutível
organizadas nos seguintes grupos de favorecer uma brasileira e à limitada A padronização a um adestramento técnico oferecido pelas
trabalho: 1 – Capital estrangeiro e concentração ainda e a pasteurização empresas jornalísticas, pois só o ambiente
oligopolização da mídia; 2 – Valores e maior dos veículos e liberdade de expressão impostas pela universitário proporciona a possibilidade de
princípios da prática jornalística; 3 – dos conteúdos nas comunicação de reflexão e uma formação sólida que articula
Democratização das comunicações; 4 – mãos de alguns massas elimina as teoria e prática. E o papel da universidade
Formação do jornalista e regulamentação da poucos grupos políticos e econômicos. diferenças culturais e regionais, empobrece não se reduz à capacitação profissional:
profissão; 5 – Sistemas de avaliação dos a riqueza da diversidade e violenta o estende-se a formar cidadãos críticos,
cursos de jornalismo. Oligopólios pensamento e a criatividade divergentes. agentes de transformação social, não
O debate aprofundado dessas questões A oligopolização da imprensa torna a podendo, portanto, ficar à mercê da lógica
– após a palestra do professor Octávio Ianni, concorrência desleal de tal forma a absorver Valores do mercado.
sobre “Globalização e Mídia” – as empresas locais, com a constante É preciso resgatar os valores e princípios
proporcionou aos participantes a eliminação de postos de trabalho e a geração que sempre foram a razão de ser do Avaliação
identificação mais precisa dos inúmeros de desemprego estrutural. jornalista. É preciso reapropriar-se da nossa A avaliação dos cursos de jornalismo
problemas que impedem o desenvolvimento A concentração da mídia representa uma profissão, e sobretudo resgatar o aspecto deve ser permanente e necessária e não se
humanista daquilo que fazemos, seu caráter esgota nos instrumentos oficiais; deve ser
ético e questionador, sua responsabilidade discutida pelos segmentos de cada curso,
social, sua indignação, seus laços com a de forma a não se tornar um mero
verdade e a cidadania, a preocupação com atendimento de exigências administrativas,
os direitos humanos e com as minorias e os mas que assegurem a variedade de
marginalizados, sua criatividade e percepções que a formação graduada em
autenticidade. jornalismo possa ter.
É preciso combater as censuras políticas Os participantes do Fórum dos Cursos
e econômicas que atuam de forma de Jornalismo sugerem a criação de uma
disfarçada nos meios de comunicação e a comissão que estude a viabilidade de uma
auto-censura, estimulada desde os cursos de avaliação articulada entre escolas de
jornalismo e largamente praticada dentro jornalismo.
das empresas jornalísticas. Esses pontos – um resumo das
É preciso fortalecer todos os espaços e discussões realizadas neste Fórum –
meios alternativos de comunicação, sintetizam as nossas preocupações com o
especialmente os veículos comunitários e quadro atual do jornalismo brasileiro, mas
que expressam os movimentos sociais também o estabelecimento de referências
excluídos e marginalizados pelos grupos de importantes para uma atuação coletiva
comunicação, mas, ao mesmo tempo, é concreta tanto na formação como na prática
preciso lutar para a construção de um jornalística. A consolidação dessas
sistema de comunicação que expresse referências já está em marcha, o primeiro
realmente os interesses de todos os passo foi dado, agora compete a todos nós
segmentos e classes sociais. assumirmos o compromisso de que a luta
A democratização da mídia passa não termina aqui – ela está apenas
necessariamente pelo acesso de todos ao começando.
ensino público e gratuito, pelo aumento da
escolaridade e por uma formação superior Fórum dos Cursos de Jornalismo
comprometida com as populações São Paulo, 31 de março de 2002
8 8 a 14 de abril de 2002
fotos: Ralfer Zaidan Martins
Bonita por natureza.
Assim é Araxá
ConhecidaÊpeloÊpotencialÊhidromineral, a cidade
prioriza a exploração racional de seusÊdeÊseusÊrecursos
incentivando o turismo ecológico
Maurício de Castro Rosa Culinária
Ralfer Zaidan Martins A culinária de Araxá recebeu influência
dos índios, dos primeiros colonizadores
Cidade de nome indígena - “local onde portugueses e dos tropeiros, uma caracte-
primeiro se avista o sol” - Araxá é privile- rística da boa comida mineira. Recebeu
giada pela natureza com suas inúmeras ri- também influência dos imigrantes italianos,
quezas. A construção do Grande Hotel do espanhóis, árabes e franceses. A comida ca-
Barreiro e suas termas trouxeram o turismo seira araxaense foi temperada com requin-
para a cidade e com ele aflorou várias ri- tes da comida internacional, influenciada
quezas da região. pelos mestres do Grande Hotel, tornando-
Este lugar, tipicamente hospitaleiro, está se conhecida pelo seu sabor inconfundível.
situado no Alto Paraíba, em uma das paisa- Balas caseiras nougath, nocôco, abaca-
gens mais belas das “minas gerais”, composta xi, café com mel, côco queimado, pingo-
pela serra da Bocaina e da Canastra. A bacia de-leite; doces como ameixinha de queijo,
hidrográfica é formada pelos rios Grande e doce de leite, tronquinho, cajuzinho, amên-
Paraíba, que além de possibilitarem a umi- doa branca e com chocolate; cristalizados
dade do clima da cidade, ainda são respon- de figo, abacaxi abóbora, laranja, limão; e
sáveis pela inclusão de Araxá no Circuito compotas diversas sem açucar com frutose.
das Àguas de Mians Gerais. As proprieda- Estas típicas delicias são os ingredientes
des terapêuticas das águas medicinas atraem para o bem-estar dos visitantes.
turistas de outros regiões e países. Os doces caseiros de Araxá conquistaram
Conhecida também como a terra de tanta importância que alguns doceiros recla-
Dona Beja (um mito que se transformou mam que alguns fabricantes de outras regiões Igreja Matriz de São Domingos
Ana Jacinta de São José, moradora da ci- colocam em seus produtos o nome de doces
dade do século XIX), a cidade explora tam- de Araxá para garantir a venda, enganando os dicionais na cidade. Hoje, o município conta Hotéis fazenda e pesque-pague são ri-
bém o seu potencial histórico. O Museu clientes e colocando em dúvida a qualidade com ambientes totalmente modernos e com cas fontes de lazer e descanso na região. O
Dona Beja e a Fundação Calmon Barreto dos produtos araxaenses. Existe um estudo a preservação, é claro, do requinte do inte- turista pode ainda conhecer e saborear a
dispõem de instalações apropriadas ao tu- para implantar um selo de garantia dos pro- rior. Do feijão tropeiro a uma especialidade cachaça frabricada artesanalmente. Depois
rismo. Esses locais guaradam a memória dutos de Araxá dando segurança aos fabrican- em massas, o visitante encontrará de tudo. que o presidente Fernando Henrique decre-
da cidade desde os seus primeiros habitan- tes e consumidores. É válido salientar que hotéis e pousadas tou a cachaça como produto genuinamente
tes, os índios Araxás. Frequentemente, A culinária de Araxá foi destaque para também já estão atendendo às exigências brasileiro, a cachaça de Araxá, devido sua
ambos são palcos de exposições de artis- quatro volumes do livro “Araxá põe a mesa”, mais específicas do setor. qualidade, vem conquistando seu espaço,
tas da terra, resgatando assim, culturas e que reúne receitas de diversos pratos saboro- O Grande Hotel e Termas de Araxá, já está também, no mercado externo.
origens. sos, inclusive os doces e sobremesas que po- em funcionamento e aberto para convenções e Se por um lado os produtores da cacha-
A cidade está passando por uma impor- dem ser encontradas em lojas especializadas. atividades ligadas ao turismo. O balneário foi ça estão lucrando com a valorização do pro-
tante reestruturação, visando oferecer locais Se o cliente prefeir, pode conferir a fabrica- recuperado e modernizado, oferecendo maior duto, por outro, os consumidores, estão li-
mais adequados que atendam às diversas so- ção pessoalmente com as doceiras. Esse pas- segurança e exclusividade para aqueles que teralmente de pernas bambas, já que o cus-
licitações turísticas. O Parque do Cristo, por seio já tornou-se um hábito constante. estarão hospedados nos hotéis do lugar. to da cachaça no mercado interno subiu.
exemplo, está sendo reformado. E não é difícil encontrar restaurantes tra- Hoje em Araxá encontra-se cachaças
Turismo envelhecidas em barril de carvalho custan-
Uma das atrações que vem crescendo do acima de R$ 100,00, equiparando ao pre-
rapidamente na região, aproveitando a ço de bons uisques escoseses.
graciosidade da natureza, é o turismo rural, Completando os atrativos em Araxá a
turismo ecológico e o turismo de aventuras. serra do Bocaina, situada a 27km de distân-
Privilegiada, a região desfruta de rios, cia da cidade, proporciona um dos mais
lagos, cachoeiras, trilhas e serras, favore- belos visuais da região, lá foi construída
cendo a pratica de passeios e esportes radi- uma rampa para a prática de vôo livre, que
cais. Hoje a cidade disponibiliza esportes encanta ainda mais o local. Junto à rampa
como: escalada, rafting (descida de barco encontra-se um restaurante, com quiosque
em corredeiras), rapel, trail de motos e jepes, e área de diversão para crianças, tornando
Doce caseiro é tradição da cidade esqui aquático e vôo livre. o lugar mais aconchegante.
8 a 14 de abril de 2002 9
Homem Aranha, Bin Laden e Pocahontas
passaram por Araxá
Festa a fantasia torna-se tradição e tornou-se mais uma atração turística na cidade
Wander Marcio de Rezende fotos: Wander Marcio de Rezende com a presença de milhares de pessoas.
3º período de Jornalismo Com o passar dos anos o Clube Araxá
já não conseguia acomodar tanta gente e a
O Sábado da Aleluia foi marcado com organização da festa resolveu transferir o
uma grandiosa festa à fantasia no galpão de para o Expominas, um lugar mais
shows do Expominas, na cidade de Araxá- confortável, com espaço necessário para
MG. Sob o comando da Shark eventos a festa shows e eventos de maior extensão.
teve várias atrações que encantaram o público
presente. Dentre estas, o som de músicas Quem ganha com a festa
eletrônicas, DJ´s e ainda 3 bandas que A Festa da Fantasia de Araxá envolve várias
tocaram os diferentes estilos musicais. pessoas e gera um movimento muito grande
A festa é realizada uma vez por ano, no comércio local, hotéis, restaurantes etc.
sempre no sábado da aleluia e atrai pessoas Os hotéis da cidade nesse dia ficam
de todas as partes como: São Paulo, lotados, os restaurantes mais cheios e o
Ribeirão Preto, Uberlândia, Uberaba, Belo movimento nas lojas de acessórios para
Horizonte etc. fantasias aumenta muito.
A Festa da Fantasia vem crescendo a Um exemplo disso são as lojas que
cada ano que se passa e em 2002 teve que alugam fantasias. Os funcionários dessas
ser transferida do Clube Araxá para o lojas trabalham dobrado na véspera da festa
Expominas, devido ao número de pessoas e faturam uma boa grana.
que aumenta a cada edição da festa. A procura por fantasias é tão grande que
O Expominas tem capacidade para 8 mil veio para Araxá uma grife de fantasia de
pessoas e segundo a organização do evento, Ribeirão Preto-SP. O pessoal da loja
estavam presentes na festa mais de 4 mil improvisou uma casa na cidade que encheu
pessoas. Festa é realizada uma vez por ano, sempre no sábado da aleluia
de gente procurando fantasia para alugar.
O que chama a atenção na festa é a A cidade de Araxá com seu pólo turístico
criatividade das pessoas se fantasiarem de em ascensão, devido a reabertura do Grande
diversas maneiras, desde as fantasias mais História da Festa pessoas e foi realizada em uma boate. Hotel, atrai pessoas de todas as partes que
comuns até as mais modestas. Tinha até Bin A Festa da Fantasia teve em sua primeira No ano seguinte o número de pessoas aproveitam para conhecer o turismo local,
Laden na por lá! edição, um número muito pequeno de aumentou e a festa foi feita no Clube Araxá, uma vez que já vêm para a festa.

Grande Hotel:
Retrato de uma época contribuíram para que esse declínio
ocorresse: o descaso de alguns governantes,
a manutenção dispendiosa e a vida moderna
que trouxe aos brasileiros várias opções de
Grande Hotel do Barreiro. Esse potencial
da natureza foi aproveitado através das
termas em banhos de imersão. A piscina
emanatória de água radioativa é indicada
Personalidades históricas frequentaram as Termas do Barreiro entretenimento e diversões. Nas décadas de para o relaxamento dos músculos e
40 e 50, o Barreiro era cercado de “glamour” equilíbrio do sisteme nervoso e os banhos
Karla Marília carrara, belíssimos afrescos e vitrais. e sofisticação, sendo o retrato de uma época sulfurosos são apropriados para melhorar a
5º período de Jornalismo O luxo dos recintos espelha o marco de de extremo nacionalismo no país. Com a circulação sangüinea e tratamento de pele.
uma época. Merecem atenção especial o proibição dos jogos no Brasil, o barreiro Já os famosos banhos de lama possuem
Araxá, cidade famosa pelas salão de leitura , o scoth bar em estilo inglês fechou as portas do seu cassino. Atualmente, propriedades hidratantes, revitalizando a
propriedades de suas águas, foi cenário de salão mármore com o salão de festas (onde alguns não descartam a hipótese de reabrí- pele e tratando de problemas reumáticos.
grandes estadistas e personalidades funcionou o cassino ) e as suítes presidencial lo, se por ventura os jogos forem No acesso principal, com foyer circular,
.Exemplo foi Santos Dumont, o pai da e governador. Pelos corredores e salões legalizados. encontra-se uma rotunda com vitrais que
aviação, que hospedou-se no antigo hotel circulavam atrizes famosas, cantoras da retratam as conquistas Minas Gerais e o
Rádio e o mineiro juscelino Kubistchek que antiga Era do Rádio, homens importantes. Águas especias mapa do estado no centro. No piso do hall,
incessantemente realizava visitas ao barreiro O hotel , sem dúvida, foi palco de grandes Proveniente de rochas vulcânicas, as se encontra o desenho de uma mandala em
. em 1944, projetado pelo arquiteto italiano decisões. Os presidentes da Nova República águas de Araxá são alcalinas, sulfurosas e forma de uma estrela de oito pontas.
Luís signorelli, o Grande Hotel foi sempre prestigiaram e visitaram o Grande radioativas. Seus lençois freáticos são Contrastando com a beleza dos afrescos que
inaugurado pelo presidente Getúlio Vargas. Hotel do Barreiro. compostos de importante minerais registram a colonização de Araxá e a
Luxuoso, atrai a atenção pela magnificência Atualmente, mesmo com o hotel indicados no combate de diversas trajetória dos bandeirantes na região. Ainda
, possuindo quatro fachadas ;duas laterais, restaurado – respeitando suas características enfermidades: diabetes, metabolismo lento, hoje, o grande Hotel e Termas do Barreiro,
uma frontal e outra superior. Nos diversos originais – o número de visitantes não debilidades motoras, problemas de pele, com 55 anos de história e um investimento
ambientes destacam-se o mobiliário, lustres parece ser comparável aos chamados males do rins, fígado e estômago. As águas total de sua reforma orçado em R$ 250
com cristais da boêmia , pisos em mármore “áureos tempos”. Alguns fatores tornaram-se mais um diferencial para o milhões, nos delicia e impressiona.

10 8 a 14 de abril de 2002
fotos: Leonardo Boloni
Empresa de mineração
investe em preservação
ambiental
CBMM, sediada em Araxá, trabalha
na extração do Nióbio e exporta
o minério para vários países
Alunos de Jornalismo, sob a supervisão da professora Maria de Fátima, visitaram a empresa em março

Cícera Gonçalves guará que dentro de uns quatro anos po- urbanismo, em parceria com a prefeitura de do. Somente as reservas existentes no mi-
5º período de Jornalismo derá sair da lista dos ameaçados. No cen- Araxá , a empresa contribuiu com o projeto nério residual são suficientes para suprir o
tro são realizadas atividades de educação de arborização da cidade. A zona rural tam- mercado mundial de nióbio, considerando
A CBMM (Companhia Brasileira de ambiental durante o ano para funcionári- bém foi contemplada com a distribuição de o mercado atual, por vários séculos. Outro
Metalurgia e Mineração), fundada em 1955, os, alunos e professores das escolas esta- mudas de eucalíptos para os fazendeiros da tipo de minério é o primário que é uma ro-
é responsável pela extração do pirocloro duais e particulares de Araxá. região. cha inalterada que possui também o
portador do nióbio, minério utilizado pela No criadouro são desenvolvidas pesqui- Na área educacional a empresa mantém pirocloro.
indústria siderúrgica para melhorar a quali- sas científicas ligadas à área de alimenta- o Centro de Desenvolvimento Humano que A extração de minério pode ser perigo-
dade dos aços utilizados na construção ci- ção, reprodução, imunologia e manejo de prepara crianças de um a seis anos par o sa, exige-se roupas adequadas, e
vil, indústria automobilística e na fabrica- animais, intercâmbios técnicos e de animais ingresso na escola. É atribuição deste Cen- maquinários. No entanto o trabalhador não
ção de tubulações para a condução de gás e com outros criadouros e zoológicos do Bra- tro além de orientar os pais no trato de pro- deixa de correr riscos.“na extração do mi-
petróleo. Classificada como uma das maio- sil e do mundo. São cerca 350 espécies de blemas básicos como a nutrição, saúde e nério existe risco para os trabalhadores mas
res empresas do ramo no mundo, ela é res- mamíferos já pesquisadas. outras questões relevantes para o exercício existe um controle operacional para que nao
ponsável por 64% da arrecadação tributá- As 109 espécies de plantas no viveiro de da paternidade responsável. aconteça nada” conclui Bruno Reifel, co-
ria de Araxá (MG). mudas são nativas da flora do cerrado, A CBMM proporciona auxílio educação ordenador da área de meio ambiente da
Enquanto a maioria das empresas de êndemicas do Brasil e com espécies exóti- para os funcionários e seus depetendentes CBMM. Como qualquer outro mineral, o
mineração usam explosivos para a retirada cas. As mudas são: Jatobá, Copaíba, cobrindo 50% dos custos da escola do ensi- meio ambiente e os funcionérios que traba-
do minério a CBMM utiliza pás Imbiruçu, Mulungu, Ipê-Amarelo, peroba, no fundamental, 70% do ensino médio e lham na empersa estão expostos aos riscos
carregadeiras para mover a terra e extrair o Jequitibá e Cedro. Estas são utilizadas para 80% do universitário. de acidentes e contaminação. A empersa tem
minério. Da mina o resíduo é transportado o reflorestamento e paisagismo da empresa. uma peocupação em relação a isso e busca
por caminhões até o ponto de alimentação O extrativismo a segurança de seus funcinários e ao meio
da correia, num percurso médio de 700 Parceria com a comunidade O minério de nióbio possui cerca de 5% ambiente.
metros. Essa mina é regada com água para A CBMM (Companhia Brasileira de do mineral denominado pirocloro. O miné-
evitar a geração de poeira no ar. Metalurgia e Mineração) também desenvol- rio residual possui até 250 metros de espes- Certificados da empresa.
A atividade extrativista é por natureza ve projetos com a comunidade. Na área de sura, o que é chamado de minério lavra- A CBMM conseguiu em 1997 o certi-
degradadora ao meio ambiente e ficado ISO 14 001, tornando-se a primeira
irreversível. Para contrabalancear essa si- companhia de mineração e metalurgia a re-
tuação a empresa desenvolve, como deter- ceber este certificado para um sistema de
mina a legislação ambiental, projetos que gestão ambiental . O certificado se aplica a
visam amenizar o impacto causado. A todos os processos de produção da CBMM.
emrpesa dispõe de um viveiro de mudas A ISO 14001 é uma norma de
para arborizar a cidade e controla a emis- gerenciamento das atividades da companhia
são de fumaça preta de seus veículos movi- que têm impacto no ambiente.
dos a diesel. Em 1994, a empresa conseguiu o ISO
9002 na fabricação de FENB( ferro nióbio)
Preservação ambiental em forno elétrico, com 22,8 mil toneladas
O CDA (Centro de Desenvolvimento de FENB por ano. Este certificado cuida dos
Ambiental) é composto por um criadouro sistemas de gestão de qualidade.
de animais silvestres, com finalidade Mesmo com todos estes certificados,
conservacionista, regularizado pelo reconhecidos mundialmente, paira uma dú-
Ibama; por um viveiro de mudas e pelo vida, entre os movimentos ecológicos, so-
núcleo de Educação Ambiental. Larissa bre a eficiência destas normas e padrões e
Veloso, engenheira ambiental da empre- se eles são capazes de evitar que os efeitos
sa explica que a ênfase deles é a reprodu- da extração do minério não comprometa o
ção de animais em extinção dentro do ca- ecossistema e consequentemente a saúde da
tiveiro. Ela citou como exemplo o lobo Projeto ambiental visa preservar animais em esrtinção, como o Tamanduá-bandeira populacão.
8 a 14 de abril de 2002 11

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