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A análise da utilização de mídias na educação a distância: implicações para o

processo de ensino-aprendizagem.

Autor: Marco Guilherme Bravo Burlamaqui


Pedagogo, Mestre em Educação e Doutorando em Educação e Desenvolvimento Sustentável – UnB.
Ex - Gestor da Unidade de Pedagogia do CEAD / UnB.
Professor do curso de especialização em educação a distância do CEAD / UnB

Endereço: SQN 412 Bloco D apto. 304. Brasília – DF. CEP: 70867-040
E-mail: marco@cead.unb.br
Tel: 61 - 8464-1034

Resumo: O artigo aborda a análise da utilização de mídias na educação a distância,


buscando sistematizar diferentes implicações pedagógicas de sua utilização para o
processo educativo. Inicialmente, realizamos uma reflexão sobre modelos comunicativo-
pedagógicos simples e complexos, para, em seguida, abordar determinadas variáveis que
interferem no processo de ensino-aprendizagem em modelos que utilizam mídias.

Abstract: The article approaches the analysis of the use of medias in distance education,
searching to systemize different pedagogical implications of its use for the education
process. Initially, we have done a reflection on simple and complex comunicate-pedagogical
models, for, in followed, approach some variables that intervenes in the process of learning
in models that use medias.

Palavras-chave: educação a distância – mídias – ensino-aprendizagem.

1- Introdução

A discussão sobre a utilização de mídias na educação encontra-se atualmente


difundida no Brasil e, principalmente, no exterior. Almeida (2003), Dias e Chaves Filho
(2003), Gonzáles (2005), Nascimento e Costa (2004), Moore e Kearsley (1996), Grace-
Martin (2001), Hede (2002), Gros (2002), Bradley e Boyle (2004), Chen, Wong e Hsu (2003),
Mills e Tincher (2003), Mayer (1997), Steed (2002) e Villalba (2004) são apenas alguns dos
autores que têm realizado pesquisas na área. O que notamos na literatura preliminar que
levantamos, contudo, é a ausência de um trabalho que sistematize as diferentes
perspectivas de abordagem sobre as implicações pedagógicas da utilização de mídias no
processo de educativo. Cada autor aborda a questão desde um enfoque determinado.
Alguns, por exemplo, enfocam aspectos relativos aos estilos de aprendizagem, outros,
processos comportamentais e, outros, ainda, processos cognitivos diversos. Há ainda
aqueles que abordam a questão pela ótica da interatividade ou dos processos de
comunicação e suas implicações à aprendizagem. Entretanto, mesmo com distintas
abordagens do assunto, podemos afirmar que hoje a sociedade e a academia vêm
aceitando cada vez mais que a educação a distância representa uma forma própria de
educar que apresenta técnicas inovadoras com processos de comunicação que estimulam a
autonomia crítica dos educandos, como colocam Nascimento e Costa (2004). A utilização
desses diferenciados meios de comunicação pode enriquecer o processo educacional,
permitindo, dentre outros aspectos, maior flexibilidade, criatividade, além da construção de
amplas redes colaborativas de aprendizagem.
Não obstante à variedade de enfoques sobre a questão, a grande diversidade de
mídias que o avanço tecnológico propiciou, tornou bastante complexa a criação e definição
de modelos de comunicação-educação utilizando mídias de forma integrada, pois inúmeras
variáveis passam a interferir direta ou indiretamente no processo de ensino-aprendizagem.
Diante de todo esse quadro, entendemos que se faz relevante uma discussão que consiga
contemplar alguns desses diferenciados enfoques sobre a questão, fazendo uma reflexão
sistemática de diversas implicações sobre o processo de ensino-aprendizagem, o que,
entendemos, pode auxiliar na concepção e análise de modelos pedagógicos com a
utilização de mídias.
Compreendemos que não se pode abordar a questão da utilização de mídias na
educação sem se analisar paralelamente os processos comunicativos que permeiam o
ensino-aprendizagem. Nessa direção, entende-se que os processos comunicativos
estabelecidos estão diretamente relacionados aos processos educativos, sendo que na EAD
esses elementos estão imbricados. Desse modo, após breve exemplificação de algumas
mídias que vêm sendo utilizadas no processo na EAD para podermos ter uma aproximação
inicial da questão, trataremos, na seqüência, de processos comunicativos distintos a partir
de determinados modelos, o que ajudará a visualizar a estrutura complexa que muitas vezes
é montada com mídias diversas que são utilizadas de modo integrado em modelos
educativos. Poderemos visualizar como a escolha de uma mídia isolada ou de várias
utilizadas de modo integrado muda significativamente o tipo de comunicação e também as
possibilidades pedagógicas. Além disso, a partir dos modelos será possível perceber
diversas variáveis que interferem direta ou indiretamente no processo educativo.
Consideramos que essas são as principais contribuições do trabalho à discussão sobre
mídias na EAD.
Ao final do trabalho, teceremos algumas considerações finais a respeito da
concepção e análise de modelos pedagógicos para educação a distância utilizando mídias.
2- Algumas mídias utilizadas atualmente no processo de ensino-aprendizagem a
distância

Com o avanço tecnológico, muitos tipos de mídias vêm sendo utilizados no processo
de ensino-aprendizagem a distância. Podemos dizer, grosso modo, que as mídias
correspondem aos meios tecnológicos utilizados como veículos de informações nas
relações estabelecidas entre o educando, o educador e o conhecimento no processo
educacional, podendo ser tradicionais, como a mídia impressa, mas também, modernas,
como as tecnologias de informação e comunicação surgidas a partir da era do computador,
com suas ferramentas. Em geral, as mídias possibilitam a transmissão de mensagens de
forma textual, auditiva ou visual. Outras mídias possibilitam comunicação direta ou indireta,
síncrona ou assíncrona.
Gonzales (2005), dentre outros nos trás os seguintes exemplos: material impresso,
rádio, tv, rádio e tv web (transmitidos pela Internet), CD-ROM, DVD, áudio e videocassete,
vídeo e teleconferência, outros recursos da internet como: ambientes virtuais de
aprendizagem - AVAs, ferramentas de transmissão de voz e imagem via Internet, e-mail,
lista de discussão, bate-papo (Chat) e etc. Podemos citar também o telefone convencional e
o móvel entre as ferramentas de comunicação mais populares que podem ser utilizadas
como mídias na EAD, de acordo com a conceituação apresentada.
Naturalmente, a combinação de tais mídias caracterizará modelos de comunicação-
educação com nuances diferenciadas, cujas implicações também são diversas. Nessa
direção, a seguir analisaremos alguns modelos de comunicação como exemplos que
servirão para reflexão.

3- Modelos de comunicação simples e complexos

O modelo tradicional de comunicação corresponde ao triângulo emissor – mensagem


– receptor, conforme explicam Medeiros, Medeiros, Colla e Herlein (2001). A utilização de
mediações nesse processo (mídias) rompe com esse modelo abrangendo processos sócio-
comunicativos diferenciados com possibilidades igualmente diferenciadas. Assim, podemos
visualizar inicialmente os seguintes modelos como exemplo:

1- Modelo tradicional de comunicação


Emissor  ------ mensagem  ------- receptor

2- Modelo simples com a utilização de uma mídia

Emissor  ------ mensagem  -------- mídia  -------- receptor

3- Modelo complexo com a utilização de 3 mídias

mídia

Emissor  -- mensagem mídia receptor

mídia

No modelo tradicional a comunicação é unidirecional, ou seja, o emissor transmite a


mensagem diretamente ao receptor. Esse é um processo de comunicação simples que tem
poucas interferências a não ser aquelas relativas à própria qualidade da emissão ou da
recepção, sendo utilizados apenas na educação presencial, uma vez que modelos de EAD
necessariamente utilizam pelo menos um tipo de mídia. Porém, esse modelo servirá para
ilustrar a visualização da complexidade de determinadas estruturas de comunicação-
educação, conseqüentemente, contribuindo para a argumentação deste trabalho.
O modelo com uma mídia, naturalmente, tem as interferências possibilitadas pela
mídia adotada no processo de comunicação, que podem ser diferenciadas dependendo
justamente da natureza da mediação escolhida. Já um modelo complexo com três
mediações terá diversas outras interferências que serão determinadas pelas características
das mídias utilizadas, ou seja, se abrangem recursos visuais, auditivos, textuais,
ferramentas de comunicação síncrona ou assíncrona e etc. Não obstante, pode-se notar que
o modelo complexo trata-se de um modelo em que as mídias são utilizadas de modo
integrado, sendo que a análise desse tipo de estrutura implica pensar na relação
estabelecida entre todos os elementos em questão.
A partir desses esquemas simples montados, pode-se didaticamente ter uma visão
dos elementos que interferem no processo de ensino-aprendizagem na EAD. Inicialmente,
há o emissor e o receptor, como os sujeitos do processo. Em modelos auto-instrucionais
(onde o aluno aprende de forma totalmente independente e autônoma) a figura do emissor
desaparece como um sujeito personificado, ficando oculta e traduzindo-se a partir das
mensagens que são diretamente apresentadas pela mídia ou mídias utilizadas. Contudo, em
geral, o modelo auto-instrucional ou de auto-formação é pouco utilizado, sobretudo, em
cursos de instituições educacionais que oferecem certificações sérias nos diversos níveis de
ensino. Modelos que utilizam tutoria (com a figura do tutor de EAD) têm se mostrado mais
comuns. Assim, há um emissor personificado, que emite mensagens, mas também, em
geral, emissores ocultos que estão por trás dos textos utilizados, recursos áudio-visuais e
outros. Assim, pode-se notar que um modelo complexo pode ter emissores personificados e
ocultos, mídias responsáveis pela mediação na transmissão da mensagem e o receptor.
Essa visualização tem apenas fins didáticos para que se possam analisar as diversas
variáveis que interferem no processo comunicativo-educativo. Assim, inicialmente,
estabelecemos uma visão mecânica de possíveis estruturas de comunicação em uma única
direção, ou seja, do emissor para o receptor. Em um modelo comunicativo-pedagógico mais
completo poderíamos visualizar também o sentido inverso da comunicação, ou seja, do
receptor para o emissor, sendo que a comunicação ocorre de maneira dinâmica e
longitudinal.

4-Modelo comunicativo-pedagógico cíclico e dinâmico

mídia

Emissor-receptor mídia Receptor - emissor


CICLO
mídia

O modelo acima demonstra que a comunicação ocorre de maneira dinâmica e


cíclica, sendo que o emissor passa a ser também receptor e o receptor passa a ser um
emissor, sobretudo, em modelos que utilizam algum tipo de mídia que permite uma
comunicação bi-direcional, como por exemplo, uma ferramenta de fórum ou webmail. O
telefone também pode ser compreendido como uma mídia que permitiria esse tipo de
comunicação. Então, para que o modelo acima possa de fato ser de comunicação bi-
direcional, é preciso que pelo menos uma das mídias permita essa “ida e vinda” da
mensagem.
Atualmente, é difícil pensar em modelos pedagógicos para cursos complexos que se
valham apenas de comunicação unidirecional ou então que sejam auto-instrucionais,
sobretudo, a partir das idéias construtivistas que enfatizam a interação e a interatividade
como elementos fundamentais para que se tenha um processo dinâmico de comunicação
diferenciado do modelo tradicional que seria eminentemente passivo. Tais idéias evocam
uma participação ativa dos sujeitos de aprendizagem, que ocorram discussões, troca de
informações e opiniões, como expõem Dias e Chaves Filho (2003). Além disso, a partir das
idéias do educador Paulo Freire, disseminou-se a visão da necessidade de que haja uma
comunicação não hierarquizada entre os sujeitos da aprendizagem. Freire (1983), dentre
outros aspectos, lutou contra o que chamava de “educação bancária”, que se caracterizava
justamente por uma educação em que o aluno era compreendido como um receptor passivo
de idéias que eram transmitidas pelo professor, que hierarquicamente se encontrava em
posição superior a ele. Freire defende abertamente em sua obra que o processo educativo
seja interativo, participativo. Que o saber seja construído durante o processo de ensino-
aprendizagem e não, simplesmente, dado de forma acabada. Ademais, Freire enfatizava a
reflexão crítica como um dos elementos fundamentais para a conscientização social e
política dos educandos. Assim, podemos notar que tais idéias estão em consonância com
um modelo complexo de comunicação, onde as mensagens possam fluir livremente entre os
sujeitos do processo, que não mais são apenas emissores ou receptores, mas sim
emissores e receptores, que constroem coletivamente o saber, embora um deles (professor
ou tutor) seja o responsável mais direto pela mediação educativa.
Atualmente, muitas mídias possibilitam comunicação bi-direcional, com ferramentas
como o e-mail, o chat, o fórum, as listas de discussão, vídeo e teleconferência, telefone fixo
e móvel, que possibilitam a participação dos sujeitos de aprendizagem na construção do
saber.
Almeida (2003) destaca modalidades de comunicação conforme o tipo de mídia
disponível. A comunicação de uma para outra pessoa, como pode ser o caso da
comunicação via telefone, webmail e de ferramentas de transmissão de voz e imagem pela
Internet. No caso do webmail, embora as mensagens possam ser enviadas para uma lista,
sua concepção, conforme Almeida (2003) é a mesma da correspondência tradicional (uma
pessoa que remete a mensagem para outra que recebe).
A comunicação de um para muitos ocorre, por exemplo, com o uso de fóruns e listas
de discussão na web, sendo que todos que têm acesso enxergam as intervenções e fazem
as suas próprias.
Segundo Almeida (2003), a comunicação de muitas para muitas pessoas ocorre na
criação de um grupo virtual, como é o caso de comunidades colaborativas em que todos
participam da criação e desenvolvimento da comunidade.
Ferramentas como a tele e a videoconferência também permitem uma comunicação
entre várias pessoas ocorrendo simultaneamente e em regiões geográficas diferenciadas.
Como se pode notar, essas mídias possuem funções que servem eminentemente
para facilitar a comunicação, sendo que algumas delas permitem o registro das informações
em forma textual, como o e-mail e o fórum de discussão, pois as mensagens são emitidas
nesse formato e outras não, como o telefone. Ao mesmo tempo, alguns permitem
comunicação síncrona, como o chat, o telefone, a tele e a videoconferência e outras não,
como o fórum e o webmail.
Naturalmente, essa diversidade de ferramentas de comunicação tem características
próprias que devem ser cuidadosamente pensadas na concepção de um modelo de
comunicação-educação. Segundo Almeida (2003), a falta de interação entre as pessoas é
um dos principais fatores responsáveis pela desmotivação e por altos índices de
desistência. Além disso, destaca-se o fato de que tais mídias possibilitam o design de
modelos em que a comunicação ocorra de maneira dinâmica e cíclica (conforme o modelo 4
explorado), com uma participação ativa dos sujeitos de aprendizagem, por meio de
discussões focadas em determinadas temáticas, troca de informações, opiniões e etc,
propiciando assim um processo efetivo de construção do saber.

4 – Variáveis que interferem no processo de ensino-aprendizagem em modelos que


utilizam mídias

São diversas as variáveis que vão interferir no processo de ensino-aprendizagem


que utiliza mídias na educação a distância. Os modelos explorados acima permitem focar
algumas das variáveis abordadas anteriormente a partir das partes que compõem o modelo.
Para efeitos de explorarmos algumas dessas variáveis, definiremos três categorias básicas:
1- emissor inicial da mensagem; 2- mídias utilizadas; 3- receptor inicial da mensagem.

Emissor inicial da mensagem

Quanto à primeira categoria (emissor inicial da mensagem), uma variável que


interfere diretamente diz respeito à qualidade da mensagem emitida. Ou seja, trata-se de
uma mensagem clara, inteligível, de acordo com os objetivos de aprendizagem pretendidos?
Isso, naturalmente, dependerá fundamentalmente das habilidades do emissor inicial, que em
geral será o professor, tutor ou conteudista / autor de educação a distância, cuja mensagem
estará traduzida nas mídias utilizadas. Ademais, a influência do designer instrucional ou
educacional1 também repercutirá na qualidade das mensagens iniciais, pois o seu trabalho
muitas vezes traduz-se nos materiais que são concebidos para utilização em modelos de
EAD.

1
Almeida (2003) utiliza o termo “designer educacional” em contraposição ao tradicional “designer instrucional”
por considerá-lo mais adequado e amplo porque abarca distintas concepções de ensino e aprendizagem em
relação ao segundo termo, que traz subjacente a concepção de treinamento.
Mídias utilizadas

A segunda categoria corresponde às mídias utilizadas. Para efeitos de facilitar nossa


análise, distinguiremos dois tipos de mídias: 1- mídias para comunicação síncrona ou
assíncrona, como o e-mail, a lista de discussão, o bate-papo (Chat), ferramentas de
transmissão de voz e imagem via Internet, tele e videoconferência, telefone convencional e
móvel; 2- mídias de reprodução de mensagem, como o material impresso, a web, rádio,
tv, rádio e tv web (transmitidos pela Internet), CD-ROM, DVD, áudio e videocassete.
O primeiro tipo de mídia é voltado para a transmissão de mensagens pelos sujeitos
que estão atuando no processo de ensino-aprendizagem em questão. Algumas são
síncronas textuais como o bate-papo e outras assíncronas, como o e-mail e o fórum. Já as
mídias de comunicação que permitem a transmissão de voz, como o telefone, a
teleconferência, as ferramentas de transmissão via internet, são normalmente síncronas.
Naturalmente, a possibilidade de utilização de ferramentas síncronas e assíncronas
tem suas vantagens particulares. No caso das síncronas, a comunicação pode ocorrer e se
desenvolver de forma livre, obviamente, dentro de um espaço de tempo (tempo de
telefonema, chat, teleconferência e etc.). Esse tipo de comunicação permite que dúvidas e
questionamentos surgidos sejam tirados prontamente, sendo, ainda, bastante útil,
sobretudo, considerando a cultura educacional que ainda impera em nosso país que é a da
comunicação não apenas síncrona, mas, no caso da educação, presencial. No caso das
mídias para comunicação assíncrona, algumas das principais vantagens dizem respeito à
flexibilização do tempo e ao registro textual das mensagens, que ficam disponibilizadas para
um ou mais indivíduos que podem acessar a qualquer momento de suas residências ou
trabalhos, dependendo de onde tenham acesso à mídia.
As ferramentas que dispõem de imagem como a videoconferência e algumas
ferramentas da internet podem ser, em geral, bastante motivadoras, pois se cria, mesmo a
distância, um ambiente de proximidade entre os interlocutores, que vêem a imagem uns dos
outros e ouvem a voz. O problema é que essas ferramentas, embora não sejam
necessariamente dispendiosas (com exceção de algumas tecnologias para sistemas de
conferência que podem ser caras), não se encontram popularizadas atualmente, mesmo
entre aqueles que utilizam computador com internet, quadro este que deverá alterar-se nos
próximos anos.
De todo modo, a interatividade proporcionada pelas mídias de comunicação,
segundo Grace-Martin (2001), possibilita maior aprendizado do que modelos para EAD que
não possibilitam uma interatividade efetiva.
O segundo tipo de mídia, fundamentalmente, tem a função de reproduzir mensagens,
como o material impresso, a web, rádio, tv, rádio e tv web (transmitidos pela Internet), CD-
ROM, DVD, áudio e videocassete. Para facilitar nossa sistematização, distinguimos quatro
tipos de mídias de reprodução de mensagens: 1- mídias de reprodução de texto e imagem;
2- mídias de reprodução de áudio; 3- mídias de reprodução de imagem; 4- mídias de
reprodução de áudio e imagem. Podemos, também, distinguir tipos de imagem: reais ou
fictícias-criadas.
As mídias mais populares utilizadas na EAD que reproduzem texto e imagem
podemos dizer que são o material impresso e a web. Também podemos ter textos sendo
reproduzidos via CD-ROM, DVD, videocassete, tv e tv web, embora, no caso dessas mídias,
as principais vantagens sejam a reprodução de imagens reais e também de áudio. Já as
mídias mais tradicionais de reprodução de áudio são o rádio, o CD-ROM e o áudio-cassete .
O DVD, o videocassete, a tv e a tv web também podem transmitir áudio. Salientamos que o
cassete de áudio e o cassete de vídeo encontram-se nos dias atuais já obsoletos, sendo
que as melhores opções no caso desse tipo de mídia móvel passam a ser o CD-ROM e o
DVD, embora, em algumas circunstâncias aqueles ainda possam ser úteis. As mídias que
tipicamente são úteis para a reprodução de imagens reais são a tv, a tv web o DVD e o CD-
ROM.
Um dos aspectos mais complicados no processo de concepção de um modelo de
utilização de mídias é justamente a decisão a respeito de que mídias comporão esse
modelo, o que dependerá de inúmeras variáveis, como por exemplo, o público-alvo. Esse
público pode ou não ter acesso à Internet ou, então, acesso a computador com internet
banda-larga, útil para a transmissão de áudio e imagens pesadas e assim por diante.
Sabemos que as mídias mais popularizadas são a tv e o rádio, que, no entanto, implicam
muitas vezes direitos de transmissão, sendo pouco disponíveis para a maioria das
instituições que desejam ofertar um curso. O computador também já se encontra bastante
popularizado, porém é menor a popularização da Internet, sobretudo, do tipo banda-larga.
Enfim, entendemos que é importante que se analise qual o tipo de mídia que será a
base de reprodução dos conteúdos do curso. Por exemplo, um curso pode se concebido
para ter a web como base ou o computador por meio do CD-ROM. Essa escolha vai
depender fundamentalmente da análise das características do público-alvo. Muitas vezes,
contudo, a utilização de mídias de forma integrada será a melhor opção. Como exemplo,
podemos citar o material impresso e o material web. Assim, parte do público-alvo que não
tiver condições de ter acesso ao material na web, poderá ter na forma impressa.
Moore e Kearsley (1996) expressam que se devem analisar as características das
mídias no processo de sua seleção. Esses autores explicam que há aspectos positivos e
negativos em cada um dos tipos de mídias. O material impresso tem a vantagem de ser
relativamente barato para desenvolver e distribuir, além de ser confiável. Comporta amplos
volumes de informação de forma eficiente e o estudante pode ler o material em qualquer
lugar. Contudo, para os autores é difícil de se escrever o texto de forma que estimule os
educandos a manterem-se envolvidos, sendo que a mídia impressa é um material passivo.
Por outro lado, cursos baseados no computador proporcionam um grande volume de
informações além de poderem dispor de áudio e vídeo, o que é atrativo para estudantes que
acham o material impresso desmotivador. Por outro lado, esse tipo de material pode
requerer alguns requisitos tecnológicos para o estudante além de, em geral, ser mais caro e
consumir mais tempo para a produção. Segundo Moore e Kearsley (1996), a seleção de
mídias deve seguir os seguintes passos:

1- Identificar os atributos da mídia requeridos pelos objetivos instrucionais ou


atividades de aprendizado.
2- Identificar as características dos estudantes que sugerem ou excluem
determinado tipo de mídia.
3- Identificar características do ambiente de aprendizagem que favorece ou exclui
certo tipo de mídia.
4- Identificar fatores econômicos ou organizacionais que podem afetar a viabilidade
de certa mídia.

Não obstante, há outros elementos que precisam ser considerados pelo “designer
educacional” e/ou pelos decisores quando da escolha de mídias para compor um
determinado modelo de comunicação-educação para EAD. Hede (2002), em seu modelo de
análise do efeito da utilização de multimídias, destaca a maneira pela qual o conteúdo do
material educativo é acessado pelo estudante (multimedia imput). As duas formas básicas
são a visão e audição. O visual pode se traduzir na forma textual, por figuras / desenhos,
diagramas, vídeo e animação. As formas auditivas podem ser por meio de narrações ou
comentários, instruções ou músicas. A utilização de muitas mídias pode ocorrer a partir da
combinação de qualquer desses elementos, embora nem todas sejam necessariamente
eficientes. De todo modo, para Hede (2002), é necessário que o estudante tenha domínio
sobre os tipos de mídia utilizados e uma visão geral de como estão disponíveis dentro do
modelo (learner control).
Grace-Martin (2001) discorre sobre o modelo de Mayer (1997), que traz o seguinte
esquema para ilustrar a integração possível entre modelos baseados em textos verbais ou
escritos com imagens:
Seleciona
palavras Organiza
palavras
Modelo baseado na
Palavras Texto base forma verbal

INTEGRADO

Imagens Imagem base Modelo baseado na


forma visual
Organiza
Seleciona imagens
imagens

Para o autor, tal integração pode ser considerada um aspecto positivo, quando se
analisa como o estudante processa cognitivamente as informações que são transmitidas por
mídias integradas em modelos multimídias. Nesse ponto, passamos para a terceira
categoria que nos propusemos a analisar abrangendo variáveis que interferem no processo
de ensino-aprendizagem em modelos que utilizam mídias, que é o sujeito receptor inicial da
mensagem.

Receptor inicial da mensagem

Uma série de variáveis centradas no estudante (receptor inicial da mensagem)


influencia direta ou indiretamente no processo de aprendizagem. Podemos dizer que esses
elementos são fundamentalmente cognitivos ou comportamentais.
Quanto ao processamento cognitivo, Hede (2002) destaca dois elementos
fundamentais: atenção e memória de trabalho. A atenção diz respeito à capacidade do
estudante focar em um tipo de emissão de mensagem (imput visual ou auditivo), embora
existam evidências de que vários imputs possam ser monitorados simultaneamente a nível
da percepção sensorial. Sobre essa questão, Grace-Martin (2001) explica que vários
estudos sugerem que os seres humanos têm sistemas paralelos e independentes para
processar diferentes aspectos de um estímulo. Há evidências de dissociação entre a
informação visual, espacial, auditiva e verbal que são processadas pelo cérebro humano.
Nesse sentido, o autor conclui que esses diferentes tipos de informação podem ser
combinados sem necessariamente aumentar a carga cognitiva. Grace-Martin (2001) explica
que, por exemplo, uma animação com integração de uma voz narrando simultaneamente
possibilita melhor compreensão em relação a um modelo em que a narração é apresentada
antes ou depois da animação. Segundo o autor, informações apresentadas de forma não
integrada criam uma elevada carga cognitiva além de, em geral, possibilitarem menor
fixação do conhecimento.
Para Hede (2002), contudo, o principal aspecto que caracteriza a complexidade da
utilização de recursos multimídias é a memória de trabalho (working memory). Há vários
fatores que afetam a forma pela qual a memória de trabalho processa informações
multimídia. Primeiramente, Hede (2002) corrobora as colocações de Grace-Martin (2001),
de que há a possibilidade de que tanto emissões auditivas quanto visuais sejam
processadas simultaneamente. Contudo, o autor coloca que ocorre uma sobrecarga
cognitiva quando as emissões excedem a capacidade da memória de trabalho. Outro
problema ocorre quando a informação de uma origem interfere no processamento semântico
de uma informação de outra fonte.
Nesse ponto, vale a pena abordarmos o que Hede (2002) chama de “dinâmicas do
aprendiz”, onde destacará três elementos (estilos de aprendizagem, compromisso cognitivo
e motivação). Quanto aos estilos de aprendizagem, destacaremos duas abordagens: a que
distingue estudantes passivos de ativos e a que distingue aqueles que processam melhor
informações do tipo visual do que verbal. Nesse sentido, modelos multimídia serão mais
eficazes com estudantes de “estilo visual”, podendo também ser mais estimulantes para
estudantes passivos, como também colocam Moore e Kearsley (1996).
O outro aspecto destacado por Hede (2002) que interferirá fundamentalmente na
aprendizagem diz respeito à motivação. O autor assinala que parte da motivação pode ser
encontrada em elementos extrínsecos ao sujeito, que o próprio modelo de comunicação-
educação, com seus recursos multimídia pode gerar. Contudo, os principais fatores relativos
à motivação de estudantes são conteúdos interessantes e desafiadores, que gerarão uma
motivação intrínseca. Conteúdos desafiadores também geram o “compromisso cognitivo”,
que se refere ao processo pelo qual os estudantes tornam-se motivados para assumir o
controle do próprio aprendizado.
Hede (2002) ainda destaca dois outros elementos: o pensamento crítico dos
estudantes sobre seu próprio conhecimento e estratégias de aprendizado e a bagagem de
conhecimentos do estudante.
Portanto, inúmeros fatores relativos ao receptor inicial da mensagem interferem no
aprendizado. Para facilitar a visualização, destacaremos os seguintes:
Fatores do emissor inicial da mensagem

Atenção
Memória de trabalho
Estilos de aprendizagem
Motivação /
Compromisso cognitivo

Pensamento crítico
Bagagem de conhecimentos

Embora muitos desses fatores não possam ser controlados quando da concepção de
um modelo multimídia para EAD, há aspectos que podem ser cuidados com vistas, por
exemplo, a se ter um modelo mais motivador e adequado, como por exemplo, a utilização
de mídias que se adequem a diversos estilos de aprendizagem (que variam de um indivíduo
para outro); a concepção de um modelo que possibilite interatividade que, como visto, é um
fator motivador importante e que contribui para o desenvolvimento de um modelo cíclico e
dinâmico de comunicação, em que os sujeitos do processo de ensino-aprendizagem
construam coletivamente o saber.

5- Considerações finais

A partir da discussão trazida podemos tecer algumas considerações finais sobre a


questão da concepção e análise de modelos que utilizam mídias para EAD.
Inicialmente, destacaremos a complexidade dos modelos que utilizam diversas
mídias. Ou seja, tais modelos caracterizam-se por uma estrutura de comunicação-educação
complexa, com ferramentas que possibilitam tipos de comunicação e de reprodução de
mensagens diferenciados. Além disso, há dois sujeitos principais cujas características
devem ser analisadas, que são o emissor inicial da mensagem e o receptor inicial da
mensagem. Este último traz características diferenciadas e que vão representar, em geral,
um público mais ou menos heterogêneo, cujo perfil deve ser analisado mesmo que de modo
exploratório, no início do processo da concepção de um modelo que utiliza mídias.
Dada a complexidade de tais modelos, torna-se muito difícil controlar todas as
variáveis prevendo como afetarão o processo de ensino-aprendizagem como um todo,
porém, é possível fazer uma análise sistematizada, concebendo o modelo, por exemplo, de
forma adequada às características do público-alvo, utilizando recursos que sejam
motivadores e assim por diante. Nessa direção, entendemos que um bom planejamento da
utilização de mídias na EAD poderia evitar muitos problemas e deveria ser um critério
obrigatório para a aprovação de cursos, o que deveria ser regulado pelo Estado. Esse
planejamento, dentre outros elementos, poderia incluir: análise prévia do perfil do público-
alvo; planejamento da utilização de mídias e desenho do modelo de comunicação-educação
dentro da metodologia; justificativa das opções metodológicas.
Outros pontos que merecem serem pensados quando da concepção de um modelo
de utilização de mídias para EAD são:
. O modelo permite interatividade, por meio de comunicação síncrona e assíncrona.
Como foi discutido, as ferramentas de comunicação síncrona e assíncrona têm
características próprias e diferenciadas que podem ser úteis para o processo de ensino-
aprendizagem. A interatividade é um dos elementos fundamentais para um processo
pedagógico que seja dinâmico e cíclico, permitindo a construção do saber de forma
justamente mais dinâmica. Além disso, as mídias de comunicação estimulam a participação
e o envolvimento dos alunos, conforme visto.
. O modelo possui formas diferenciadas de acesso aos conteúdos. Consideramos
isso um elemento importante, sobretudo, em contextos onde o público é bastante
heterogêneo, podendo ter dificuldades de acesso a determinado tipo de mídia que
reproduza as mensagens / informações de conteúdo.
. O modelo utiliza recursos visuais e ou auditivos para a transmissão de mensagens.
Isso, como visto, é pedagogicamente interessante em vários sentidos, como por exemplo,
para a atenção, fixar conteúdos e motivar.
Por fim, concluímos atentando para as possibilidades de que a EAD com o auxílio de
tecnologias possibilite processos pedagógicos de qualidade, que estimulem a curiosidade, a
criatividade, a autonomia e o pensamento crítico dos educandos, entendendo, naturalmente,
que em qualquer modalidade educativa, só pode haver um trabalho de qualidade se houver
comprometimento dos sujeitos envolvidos.

Bibliografia

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ambientes digitais de aprendizagem In: Educação e Pesquisa. São Paulo: v.29, n.2, p.327-
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