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CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, quarta-feira, 12 de novembro de 2008 • 9

REFÉNS DO ABANDONO 7

Ronaldo de Oliveira/CB/D.A Press

Segredo de menino
Ronaldo de Oliveira/CB/D.A Press

Monique Renne/CB/D.A Press


CLÁUDIO, 11 ANOS, FOI ABUSADO PELO PADRASTO E VIVE EM
UM ABRIGO EM BELÉM: "ELE PRECISA DE UMA CORREÇÃO.
PARA NÃO MALTRATAR MINHA MÃE E MEU IRMÃO"

VÍTIMAS DO SEXO no — o equivalente a 45,6 mil ca- costuma acontecer quando o


sos. Os dados não refletem a rea- abuso atinge o sexo feminino. A
MASCULINO SÃO lidade, já que muitas vítimas e fa- sociedade enxerga como se eles
mílias preferem omitir a violên- tivessem consentido a violência,
PRATICAMENTE cia sofrida a encarar o constran- o que só aumenta o preconceito.
gimento de denunciar. O tema é tabu até mesmo entre
IGNORADAS PELA REDE A história de Cláudio, 11 anos, os estudiosos. “Tive dificuldade
é mantida sob sigilo em um abri- em encontrar pesquisas sobre o
DE ATENDIMENTO. go de Belém. Os 13 colegas que assunto no Brasil. Existe uma
DIFICULDADE DE convivem com o menino desco- subnotificação de abusos contra
nhecem o sofrimento que ele meninos e há preconceito até
EXPOR SENTIMENTOS, encarou antes de chegar ali. O mesmo entre os profissionais que
garoto foi abusado pelo padras- lidam com as vítimas”, observa.
RECEIO DE SER VISTO to e abandonado pela mãe. Para Sônia, são duas as princi-
“Aqui, a regra é que um não saiba pais causas do silêncio social em
COMO HOMOSSEXUAL a história do outro. Até mesmo torno do tema. “O homem é mais
para preservá-los”, conta Maria contido para liberar e revelar suas
E PRECONCEITO DOS de Lourdes Cunha, diretora do emoções. Mas a primeira razão
abrigo. No caso de Cláudio, o te- para esse sigilo é a questão da se-
ASSISTENTES SOCIAIS mor é que a criança sofra pre- xualidade masculina”. Segundo
ASSISTÊNCIA IMPEDEM SUPERAÇÃO conceito e seja segregada por Sônia Prado, os meninos e suas fa-
TOMÁS, 17 ANOS, FAZ PROGRAMAS NAS RUAS DE NATAL:
conta de seu passado. mílias se calam para evitar uma
INCOMPLETA DO TRAUMA Cláudio fala sobre o assunto exposição. Temem que as crianças INDÚSTRIA DA PROSTITUIÇÃO SEDUZ GAROTOS COM PROMESSA
de cabeça baixa, evita os olhos do sejam taxadas de homossexuais. DE DINHEIRO FÁCIL E MUDANÇA PARA O EXTERIOR
interlocutor, tem vergonha do
que aconteceu. “Ele colocou (o Peito e passaporte prótese de silicone. Enquanto ro mas, principalmente, de loló”,
pênis) nas minhas costas. Me ba- Os adolescentes homossexuais não tem dinheiro, toma hormô- conta o adolescente.
teu. Fez o que quis comigo”, diz o sofrem assédio constante da rede nios para ficar com seios maiores Tomás planeja virar cabelei-
dor e a vergonha de ter o menino, que tinha dez anos de exploração sexual internacio- e curvas mais arredondadas. Os reiro. Mas a única oportunidade

❛❛ A corpo tocado ou violado


ganham outro sentido
quando a vítima é um
menino. O tabu da homossexua-
lidade transforma em segredo o
quando foi violentado na própria
casa. A mãe não acreditou na
criança, confiou no marido. Cláu-
dio foi afastado de casa, dos vizi-
nhos, dos amigos e teve de mu-
nal e da indústria de transforma-
ção de corpos. “Antes de definir a
identidade de gênero, já são pro-
curados pelo mercado do silico-
ne. Ouvem promessas de dinhei-
cabelos são longos, as unhas,
compridas e as roupas, bem cur-
tas. A mãe o expulsou de casa
quando descobriu que o filho era
homossexual.
que teve na vida até hoje foi ven-
der o corpo para turistas ou mo-
radores da cidade. “Comecei a
fazer programa com 13 anos. Eu
ia para a escola, mas fui expulso
abuso e a exploração sexual. Os dar de escola. O menino não tem ro e felicidade para que se trans- Na praia do Meio, Tomás cir- quando joguei uma mesa na ca-
EXISTE UMA casos que envolvem crianças ou vontade de voltar para o colo da formem em travestis e vendam o cula entre as prostitutas. Ao lado beça de um garoto que me saca-
adolescentes do sexo masculino mãe, mas espera por Justiça. “Não corpo”, afirma Neide Castanha, dele, um grupo de adolescentes neou”, conta. Tomás garante que
SUBNOTIFICAÇÃO DE dificilmente chegam ao conheci- quero ele preso, mas ele precisa secretária-executiva do Comitê também está sentado na calça- só faz programa com camisinha.
ABUSOS CONTRA mento da rede de proteção da in- de uma correção. Para não mal- Nacional de Enfrentamento à da. Todos usam bermuda e boné “A paquita tá solta por aí, minha
fância e da juventude. Diante do tratar minha mãe e meu irmão”, Violência Sexual Contra Crianças e têm entre 14 e 16 anos. Pare- filha”, justifica. “O que é paquita?
MENINOS E HÁ constrangimento e da posição de justifica Cláudio. e Adolescentes. O trio peito-bun- cem meninos comuns, desses É a Aids, ué”! Quando fala de
PRECONCEITO ATÉ fragilidade em que estão, os garo- O maior temor dos meninos da-passaporte torna-se o sonho que sonham em virar jogador de seus sonhos para o futuro, o me-
tos calam o sofrimento, o que di- abusados é expor a sua sexuali- dourado de garotos marginaliza- futebol e conquistar a menina nino tem convicção. “Vou para
MESMO ENTRE OS ficulta a superação do trauma. dade. A psicóloga Sônia Prado dos em seu meio social. mais bonita da escola. Ao avistar São Paulo virar cabeleireira. Fa-
PROFISSIONAIS QUE Os registros de violência se- desvendou os medos e angústias Tomás, 17 anos, ganha a vida a kombi dos assistentes sociais zer muito sucesso e encontrar o
LIDAM COM AS VÍTIMAS ❛❛ xual contra meninos são escas-
sos. Das 122 mil denúncias rece-
bidas pela Secretaria de Direitos
desses garotos em sua disserta-
ção de mestrado, defendida na
Universidade de Brasília. Ao ou-
nas ruas de Natal, no Rio Grande
do Norte. O menino, que tem cor-
po de mulher, gosta de ser cha-
do município, a garotada corre.
Tomás, que na madrugada já vi-
rou Brenda, fica e aceita conver-
homem da minha vida”. A con-
versa é interrompida por um tra-
ficante que chega ao local e proí-
Sônia Prado, Humanos nos últimos cinco vir relatos, ela descobriu que a mado de Brenda. Ele sonha em ti- sar com a reportagem. “Aqueles be as fotos. Tomás, ou Brenda, se
psicóloga da anos, apenas 37% eram relacio- maioria dos meninos não é vista rar uma das costelas para afinar a meninos fazem programa tam- despede e desaparece na noite
Universidade de Brasília nadas a vítimas do sexo masculi- como vítima, ao contrário do que cintura e quer implantar uma bém. Fazem em troca de dinhei- de Natal.

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7. Meninas da noite correr.Um dos assistentes garante que elas são garotas de Conteúdo especial:
Sábado à noite em Manaus (AM),o brega embala os programa,que já as surpreendeu cobrando por sexo.O Tabela completa com os dados
freqüentadores do restaurante Amarelinho,no bairro educador social convoca um companheiro e os dois do disque-denúncia
Educandos.Brindes feitos com copos cheios de cerveja partem atrás do grupo.As meninas têm mais medo deles
amenizam o calor.A equipe da Central de Resgates chega do que do perigo.Entram em uma das favelas mais
ao local por volta de meia-noite.Ao reconhecer dois perigosas da região.Os educadores sociais seguram duas,
educadores sociais,quatro adolescentes começam a as outras duas somem na escuridão.

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