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Características
A política populista caracteriza-se por um "modo" de exercício do poder, através de
uma combinação de plebeísmo, autoritarismo e dominação carismática. Sua característica
básica é o contato direto entre as massas urbanas e o líder carismático (caudilho),
supostamente sem a intermediação de partidos ou corporações. Para ser eleito e governar, o
líder populista procura estabelecer um vínculo emocional (e não racional) com o "povo". Isso
implica num sistema de políticas ou métodos para o aliciamento das classes sociais de menor
poder aquisitivo, além da classe média urbana, como forma de angariar votos e prestígio
(legitimidade para si) através da simpatia daquelas. Esse pode ser considerado o mecanismo
mais representativo desse modo de governar.
Desde suas origens, o populismo foi encarado com desconfiança pelas correntes
políticas mais ideológicas da tanto da Esquerda quanto da Direita. Esta última (como
representada, por exemplo, pelo antivarguismo da UDN brasileira, ou pelo antiperonismo da
União Cívica Radical/UCR Argentina) sempre apontou para os aspectos plebeus, as práticas
vulgares e as atitudes "demagógicas" (concessão irresponsável de benefícios sociais e gastos
públicos) que a prática populista comportava; a Esquerda, especialmente a comunista,
apontava para o caráter reacionário e desmobilizador das benesses populistas, que se
contrapunha às lutas organizadas da classe operária e fazia tudo depender da vontade
despótica de um caudilho bonapartista. Na América Latina, o populismo foi um poderoso
mecanismo de integração das massas populares à vida política, favorecendo o
desenvolvimento econômico e social, mas dentro de uma moldura estritamente burguesa em
que essa integração foi "subordinada", colocando-se a figura de um líder carismático e mais ou
menos autoritário como tampão entre as massas e o aparelho de Estado.
Ideologias
O populismo é uma expressão política que encontra representantes tanto na Esquerda
quanto na Direita. Governantes populistas como Vargas, Perón e Lázaro Cárdenas realizaram
políticas nacionalistas de substituição de importações, estatização de certas atividades
econômicas, imposição de restrições ao capital estrangeiro e concessão de direitos sociais. No
entanto, os regimes populistas freqüentemente dedicaram-se à repressão policial dos
movimentos de Esquerda e sempre realizaram sua ação reformista dentro de um quadro
puramente capitalista.
Essa forma de governo tendeu também a retirar da própria burguesia nativa sua
capacidade de ação política autônoma, na medida em que toda ação política é referida à
pessoa do líder populista, que se coloca idealmente acima de todas as classes.
Ideologicamente, o populismo não é necessariamente de "Esquerda", no sentido de que seu
alvo não são apenas as massas destituídas; há políticos populistas de Direita – como os
políticos paulistas Adhemar de Barros e Paulo Maluf – que têm como alvo de sua ação política
a exploração das carências dos extratos mais baixos (ou menos organizados) da população
urbana, com os quais estabelecem uma relação empática baseada na defesa de políticas
autoritárias de "moral e bons costumes" e/ou "Lei e Ordem". Alegam alguns que o maior
representante do populismo de Direita no Brasil talvez haja sido o presidente Jânio Quadros.
Enquanto ideologia, o populismo não está ligado obrigatoriamente a políticas
econômicas de tipo nacionalista: na América Latina dos anos 1990, governantes populistas
como o argentino Carlos Menem, por exemplo, combinaram políticas neoliberais de
desregulamentação e desnacionalização com uma política social assistencialista herdada do
populismo mais tradicional dos anos 1930 – no caso de Menem, do peronismo – naquilo em
que tais políticas não entravam em conflito com as práticas neoliberais. O mesmo pode ser dito
de outros governantes da época, como Alberto Fujimori.
Exemplo máximo do populismo no Brasil, Getúlio Vargas subiu ao poder através de
golpe de Estado nos anos 30 (Era Vargas de 1930 até 1945), elegendo-se democraticamente
presidente em 1951 e governando até suicidar-se em 1954. Apelidado de "pai dos pobres", sua
popularidade entre as massas é atribuída a sua liderança carismática e a seu empenho na
aprovação de reformas trabalhistas que favoreceram o operariado. Entretanto, alguns alegam
que suas medidas apenas minaram o poder dos sindicatos e de seus líderes, tornando-os
dependentes do Estado.
EXERCÍCIOS
02. (UERJ) Juscelino Kubitschek e Emílio G. Médici são duas figuras representativas das
décadas de 1950 e 1970. Essas duas décadas correspondem, respectivamente, aos seguintes
contextos políticos no Brasil:
a) estatismo e liberalismo
b) privatismo e populismo
c) agrarismo e caudilhismo
d) desenvolvimentismo e autoritarismo
e) neoliberalismo e progressismo
03. (MACKENZIE) O governo de Eurico Gaspar Dutra (1946-1950) foi influenciado pelos
acontecimentos internacionais que marcaram o pós-guerra. A política econômica adotada em
seu governo tinha como principal objetivo
a) o aumento da intervenção do Estado, que passou a controlar as importações, diminuindo as
tarifas alfandegárias.
b) a manutenção de uma política de confisco para combater a inflação que, entretanto, não
prejudicou os ajustes salariais dos trabalhadores.
c) a liberalização do câmbio, aumentando as importações de produtos supérfluos, sem adotar
uma política de seleção nas importações.
d) a adoção de uma política liberal e nacionalista, favorável aos negócios das empresas
nacionais.
e) a manutenção das condições favoráveis à acumulação de capital, por meio de uma política
social democrática e nacionalista.
As reformas de base a que o texto se refere tinham como objetivo, entre outros,
a) garantir o acesso de trabalhadores do campo à propriedade, atendendo a parte das
reivindicações de sindicatos rurais.
b) realizar uma ampla reforma tributária, ampliando as taxas de juros dos bancos privados
nacionais e internacionais.
c) vender aos trustes e cartéis internacionais algumas empresas nacionais como forma de
obter receita para o Estado Brasileiro.
d) conceder aos fazendeiros os títulos de propriedade de terras que estavam ocupadas há
muito tempo pelos posseiros.
e) mudar a legislação eleitoral com o objetivo de restringir a candidatura dos analfabetos aos
cargos do poder executivo.
07. (CEFET-MG) A charge a seguir foi publicada em maio de 1962, no jornal "Correio da
Manhã".
A proposta dessa charge visa:
a) sinalizar a necessidade de se implantar as
reformas de base.
b) vincular a prática governista aos ideais da
esquerda revolucionária.
c) apontar a possibilidade de o presidente restaurar
um regime autoritário.
d) apoiar as mudanças constitucionais propostas
pela presidência da República.
08. (CEFET-MG) Em 1961, o presidente do Brasil, Jânio Quadros, concedeu a Ernesto "Che"
Guevara a mais alta condecoração do Estado brasileiro, a Ordem do Mérito do Cruzeiro do Sul.
Esse ato pode ser explicado como:
a) apoio do governo brasileiro ao movimento de expansão do socialismo na América Latina.
b) evidência do militarismo como política governamental no seu curto mandato presidencial.
c) afirmação da política independente do Brasil diante da hegemonia estadunidense no
continente.
d) sinal da influência do vice-presidente João Goulart na elaboração da política econômica do
governo brasileiro.
GABARITO
1. A
2. D
3. C
4. D
5. A
6. B
7. C
8. C