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Profecia
Maia .
UMA TRANSFORMAÇÃO DO SOL
Débora F. Lerrer
O que você acharia se alguém lhe dissesse que
Deus está no centro da galáxia, de onde emite
ordens que nos são transmitidas através dos
raios solares?
Essa era a idéia que os maias faziam de Deus, a quem chamavam de Hunabku - e
diziam ser a energia radiante existente no núcleo da Via Láctea. Segundo eles,
Hunabku se comunicaria com a Terra pela radiação galáctica transmitida para nós
através do Sol. O Sol, portanto, não seria apenas a fonte e o sustentáculo da vida,
mas também o mediador da informação que chega até ele de outros sistemas estelares
através da energia radiante.
Embora a ciência moderna nunca tenha abordado esse assunto tal como os Maias o
fizeram, recentemente os físicos se deram conta da influência de radiações que
atravessam a galáxia. A astrofísica atual descreve essas radiações como ondas de
densidade que varrem a galáxia e influenciam a sua evolução. O nascimento do nosso
Sol, por exemplo, foi resultado dessa onda. Na realidade, toda a formação estelar
deve-se, em princípio, a essa radiação, demonstrando que a galáxia é um organismo
envolvido em sua própria evolução. E mais: esta radiação galáctica também está
comprometida com a evolução da Terra e da vida. As radiações de densidade vêm se
espalhando pela galáxia nesses 4,55 bilhões de anos de existência do Sol - e, toda vez
que atravessam a nossa estrela, alteram sua dinâmica e também a energia radiante
que banha o nosso planeta. Muitos acreditam que essas diferentes radiações
conseguirão explicar como o desenvolvimento da vida na terra foi se moldando.
"Cada vez mais compreenderemos que o formato das folhas das árvores, por
exemplo, foram moldados não apenas por seleção natural aqui na Terra, mas pela
ação da galáxia como um todo", acredita o físico e matemático Brian Weimme,
autor do prefácio ao livro Fator Maia, de José Argüelles, os mais famoso dos
divulgadores da profecia Maia.
Astrônomos proféticos
Por volta do ano 900, o antigo império Maia começou a sofrer um declínio de
população, e seus suntuosos centros urbanos foram abandonados por motivos até
hoje misteriosos. Seus habitantes voltaram à vida simples nas aldeias no campo, onde
seus descendentes vivem até hoje. Alguns estudiosos atribuem o abandono das
cidades à guerra, insurreição, revolta social, seca. Mais recentemente, surgiu a teoria
de que eles abandonaram seus centros devido a alterações nas radiações solares. No
século XIII, quando o norte se integrou à sociedade tolteca, a dinastia Maia chegou
ao final, muito embora alguns centros periféricos sobrevivessem até a conquista
espanhola, no século XVI.
Importante dentro do calendário Maia, essa data fechará um ciclo de cerca de 5.125
anos e dá pano para manga de inúmeros prognósticos. Os adeptos das visões mais
catastróficas acham que essa data marcará o fim do mundo, o juízo final e coisas
afins. Outros, como o jornalista e crítico de arte Alberto Beuttenmüller, consideram
que essa data marcará o fim de um tipo de mundo, o que por definição pode ser
várias coisas: o fim da hegemonia dos Estados Unidos, o fim do trabalho como nós
conhecemos hoje, o fim do dinheiro, e até mesmo catástrofres naturais. "O tempo
dos Maias não era imediatista. As transformações não vão acontecer de uma hora
para outra. Elas já vêm acontecendo desde 1988", diz Beuttenmüller, autor de A
Serpente Emplumada, da editora Ground, segundo romance de uma trilogia dedicada
às profecias Maias. Para ele, a queda abrupta do regime soviético, em 1989, pode ser
resultado desse fenômeno. "Depois de tantas batalhas, o comunismo acabou quase
que por decreto. Para impor aquele governo, mataram tanto e, de repente, parece
que decidiram simplesmente parar de brincar de comunismo", diz.
De fato, sabemos que a vida na Terra depende da luz solar, mas o sol transmite para
cá muito mais do que luz. Ele irradia também raios cósmicos através do espectro
eletromagnético. Estes potentes raios têm o poder de transformar átomos e poderiam
matar toda a vida na terra, se não existisse um escudo protetor na atmosfera.
Embora, apesar dos rombos na camada de ozônio, eles ainda não destruam, esses
raios provocam reações nucleares na atmosfera. Eles transformam os átomos de
nitrogênio que a compõem, em uma forma mais pesada de carbono, cujo peso fica
14 (C14), ao invés dos 12 (C 12) normais. Embora comporte-se como o carbono
comum, que existe em profusão na atmosfera e é importante para a vida, o C 14 é
radioativo. Em alguns momentos de alta atividade solar, que geram muitas manchas
no sol, essa radiação solar diminui. Em outros, onde há menos atividade do sol, e
menos manchas, essa irradiação solar aumenta. Ao determinar a regularidade dos
ciclos de aparecimento e desaparecimento de manchas, Cotterell deu-se conta de que
todos os momentos de apogeu de alguma grande civilização coincidiram com o
aumento de atividades das manchas solares, e o declínio, com uma inversão solar.
Além disso, cálculos demonstram que o ciclo de manchas solares é de 68.302 dias, e
que após 20 ciclos (20 x 68.302= 1.366.040 dias) o campo magnético da lâmina
neutra solar se inclina. A Terra tenta alinhar seu eixo magnético com o do sol e
também se inclina - o que pode causar catástrofes de dimensões gigantescas no nosso
planeta. Ernst Förstemann, funcionário da biblioteca de Dresden (Alemanha) que em
1880 estudou um dos códices Maias guardados nesta biblioteca - o Dresden Codex -
achava que a cadeia de dias organizada pelo calendário sagrado não correspondia a
nenhum ritmo celeste - embora também lhe chamasse atenção o número 1.366.560 e
a chamada "data de nascimento de Vênus", então fixada em 10 de agosto de 3113 a.
C.. Cotterell, no entanto, observou que contando o número 1.366.560 a partir do
início do calendário Maia, chegaremos perto do ano de 627 - segundo ele, o centro
exato do desvio magnético solar e período de baixa atividade das manchas solares,
que teria causado o declínio Maia. Esse estudioso concluiu que o planeta Vênus deve
ter sido monitorado justamente para auxiliar o acompanhamento dos ciclos de
manchas solares, porque esperavam a reversão após 20 ciclos, como de fato
aconteceu, embora com uma certa diferença de dias: 1.366.040 é o cálculo científico
e 1.366.560 o cálculo dos Maias, feito a partir do acompanhamento da trajetória do
planeta Vênus.
Essa mudança de direção do campo magnético solar, que acontece cinco vezes em
cada ciclo cósmico, é o que, para muitos, abalará o eixo da Terra, que ficará sujeita a
terremotos, enchentes, incêndios e erupções vulcânicas. O próximo fim de ciclo
ocorrerá em 2012, quando começará o quinto mundo, considerado muito perigoso
pelos Maias. Na realidade, esse ciclo já começou em 1988, considerado por
Argüelles o primeiro ano da profecia. A partir de 2012 essa profecia ficará mais
intensa, mais eficaz. Mas não precisamos necessariamente embarcar nas previsões de
Cotterell, que acha que a humanidade não escapará de enfrentar enormes cataclismas.
Para o físico Stephen Hawking, a humanidade é a responsável - e não irá cumprir
mais mil anos se o planeta continuar aquecendo como vem ocorrendo.
Com catástrofes ou não, começamos a entender que a chamada adoração ao Sol, tal
como é atribuída aos antigos Maias, era, na realidade, o reconhecimento de que o
Sol transmitia a eles muito mais do que luz e calor.
Para ele, o ano de 2012 não será assim tão sombrio. Em seu livro O Fator Maia, da
Editora Cultrix, Argüelles explica que chegamos agora ao último ciclo de ativação
galáctica, que na matemática perfeita dos Maias irá de 1992 a 2012, ano que assinala
para a humanidade o início de um período de regeneração, com o surgimento de
tecnologias não-materialistas e ecologicamente harmônicas.