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25º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

IX-044 - SISTEMA DE APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA NA CIDADE


DE GOIÂNIA: AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA EM FUNÇÃO DO
TEMPO DE DETENÇÃO NO RESERVATÓRIO

Heber Martins de Paula(1)


Engenheiro Civil e Mestre em Estruturas e Materiais de Construção pela Universidade Federal de Goiás
(UFG). Professor Efetivo das disciplinas de Hidráulica e Saneamento da Universidade Federal de Goiás –
Campus Catalão-GO.

Endereço(1): Av. Dr. Lamartine Pinto de Avelar, 1120 - Setor Universitário - Catalão - Goiás - CEP: 75700-000 -
Brasil – Tel.: (64) 3441-1500 – e-mail: heberdepaula@uol.com.br

RESUMO
O aproveitamento de água de chuva implica em significativo impacto de redução no consumo de água potável
de edifícios. A cidade de Goiânia vem enfrentando problemas de escassez de água nos períodos de estiagem e,
também alagamento de vias públicas nos períodos chuvosos, e uma solução pode ser aplicação do sistema de
aproveitamento de água de chuva. Deste modo, os objetivos desta pesquisa são: analisar a qualidade da água
de chuva captada e armazenada, pelo período de nove meses, uma vez que nas condições locais a água captada
na estação chuvosa será utilizada na estação seca; definir, em função da qualidade da água de chuva coletada e
após um período de armazenamento, quais os tipos de usos recomendados; investigar a viabilidade do sistema
de aproveitamento da água de chuva em Goiânia-GO onde, em geral, chove de novembro a março e tem
estiagem de abril a outubro. A metodologia consiste em dimensionar o reservatório adequado à intensidade
pluviométrica local; coletar a água de chuva e analisar a sua qualidade após a armazenagem em diferentes
pontos do sistema. Através dos resultados, pode-se verificar a eficiência de um tratamento simples como foi
aplicado na construção deste sistema de aproveitamento de água de chuva. Analisando os parâmetros ao longo
de 37 semanas, notou-se que as características físicas, químicas e bacteriológicas não sofreram alterações que
pudessem descartar o uso da água de chuva. Por outro lado, analisando a qualidade da água exigida para uso
em piscinas, confecção de concretos, agricultura etc., conclui-se que a água de chuva pode ser destinada, sem
problemas, para estes fins. Contudo, mesmo para fins não potáveis, mas que tenha o contato com o usuário,
sugere-se a desinfecção da água de chuva por meio de cloração.

PALAVRAS CHAVE: Aproveitamento de água de chuva, Qualidade da água, Tempo de Retenção.

INTRODUÇÃO
A falta e a poluição da água doce vêm se tornando um dos problemas mais críticos no mundo atual. Uma
avaliação detalhada dos recursos hídricos no mundo feita pela ONU em 1997, que indicou a demanda da água
cresce em velocidade duas vezes maior do que o crescimento da população, fato este que é considerado por
muitos como um dos motivos que poderão leva as guerras (CHENG-LI, 2000). Isto tem provocado um
aumento nos estudos do uso racional da água, principalmente na busca de novas tecnologias para este fim.

O sistema de aproveitamento de água de chuva é uma alternativa para ajudar na conservação dos recursos
hídricos. A proposta do sistema de aproveitamento de água é reduzir o consumo de água potável e permitindo
aplicar em diversos sistemas, tais como irrigação de jardins, de hortaliças, usos em sistemas de esgoto sanitário
(descargas), confecção de concretos, piscinas, drenagem etc.

Teve-se como objetivo geral a conservação da água e também, contribuir para a geração sistemas prediais e
drenagem mais sustentáveis. Os objetivos específicos são os apresentados a seguir:
• analisar a qualidade da água de chuva captada e armazenada, pelo período de cinco meses, uma vez
que nas condições locais a água captada na estação chuvosa será utilizada na estação seca;
• definir, em função da qualidade da água de chuva coletada e após um período de armazenamento,
quais os tipos de usos recomendados;

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• investigar a viabilidade do sistema de aproveitamento da água de chuva em Goiânia-GO onde, em


geral, chove de novembro a março e tem estiagem de abril a outubro.

MATERIAIS E MÉTODOS
O sistema de aproveitamento de água de chuva foi montado no Laboratório de Sistemas Prediais (LSP) da
Escola de Engenharia Civil (EEC) da Universidade Federal de Goiás (UFG), bem como as etapas de
dimensionamento, aspectos construtivos e os resultados dos ensaios de qualidade da água armazenada. A
figura 1 ilustra o sistema de aproveitamento de água de chuva.

Área de captação
telha de fibrocimento

Filtro lento
de areia Reserv. PVC
(310 L) Calhas
Reservatório de em PVC
PVC com filtro (500 L)
Filtro
3P Technik

Reservatório de
PVC sem filtro (500 L)

Reserv. enterrado Caixa de


(1000 L) passagem

Figura 1: Estrutura do sistema de aproveitamento de água de chuva.

O sistema possui uma área de captação ou de coleta de, aproximadamente, 100 m2. A água da chuva é coletada
por meio de calhas de PVC e conduzida por condutores verticais a caixas de passagem de águas pluviais,
também de PVC. Em seguida, a água de chuva é destinada a um filtro de partículas grosseiras, conhecido no
mercado como 3P Technik, realizando um gradeamento. Depois disso, procede-se a primeira etapa de
reservação, em um reservatório de alvenaria de tijolo comum, revestimento de argamassa e sistema de
impermeabilização, chamado de “reservatório enterrado”.

Neste reservatório, foi instalado um sistema de recalque que conduz a água armazenada para três outros
reservatórios. O primeiro trata-se de um reservatório de 500L, onde a água é armazenada sem passar por
nenhuma etapa intermediária ou tratamento, denominado de “reservatório de PVC sem filtro”. Já os outros dois
reservatórios constituem uma pequena estação de tratamento, neste caso, com a filtração lenta. A água de
chuva bombeada é inicialmente armazenada em um reservatório de 310L, que serve para manter o nível
mínimo de cinco centímetros de água sobre o leito filtrante. A água filtrada foi novamente armazenada, desta
vez em um reservatório de PVC de 500L, denominado “reservatório de PVC com filtro”.

Assim, tornou-se possível avaliar a qualidade da água em alguns pontos como, por exemplo, no reservatório
enterrado e no reservatório de PVC com filtro. A análise da qualidade da água foi fundamental para definir
quais são os usos que se pode destinar a água de chuva e saber, também, se um tratamento simples com
gradeamento, decantação e filtração lenta de areia seria o suficiente para a água de chuva ser considerada de
boa qualidade e para quais outros fins pode-se destiná-la.

A metodologia de estudos foi divida em três etapas descritas a seguir:

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PRIMEIRA ETAPA: DIMENSIONAMENTO E MONTAGEM DO SISTEMA


Nesta etapa, com duração de quatro meses, foram realizadas as seguintes ações:
• levantamento das precipitações pluviométricas entre os anos de 1975 a 2003;
• dimensionamento do sistema de aproveitamento de água de chuva;
• definição do local de implantação do sistema de aproveitamento de água de chuva;
• aquisição dos equipamentos, componentes e materiais de consumo;
• construção do sistema de captação e reservação de água de chuva. O sistema de
aproveitamento de água de chuva, construído no Laboratório de Sistemas Prediais da Escola de
Engenharia Civil/UFG, está apresentado na figura 1. Esse sistema possui uma área de captação
ou de coleta de, aproximadamente, 100 m2. A água da chuva é coletada por meio de calhas de
PVC, e conduzida por condutores verticais a caixas de passagem de águas pluviais, fabricado
em polipropileno. Em seguida, a água de chuva é destinada a um filtro de partículas grosseiras,
conhecido no mercado como 3P Technik, realizando um gradeamento. Desta forma, procede a
primeira etapa de armazenagem em um reservatório de alvenaria de tijolo comum,
revestimento de argamassa e sistema de impermeabilização, chamado de reservatório
enterrado.

Levantamento das Precipitações para a Cidade de Goiânia


De acordo com os dados meteorológicos para a cidade de Goiânia, no período de 1975 a 2003, a precipitação
média anual é de 1471,3 mm. Através da figura 2 pode-se verificar as variações das precipitações ao longo
desses 29 anos. Estes dados foram obtidos da estação meteorológica localizada na Escola de Agronomia da
Universidade Federal de Goiás.

2500,0

2000,0

1471,3
Precipitações (mm)

1500,0

1000,0

500,0

0,0
1975

1977

1979

1981

1983

1985

1987

1989

1991

1993

1995

1997

1999

2001

2003

Ano

Figura 2: Precipitação média anual da cidade de Goiânia no período de 1975 a 2003.


Fonte: www.meteorgo.hpg.com.br

Como citado anteriormente, o regime das intensidades pluviométricas influencia nas dimensões do
reservatório. As elevadas precipitações não implicam que o volume do reservatório será menor ou maior. Por
exemplo, a precipitação média anual de Goiânia é de 1471,3 mm e de Ribeirão Preto é de 1414,2 mm, contudo
a distribuição homogênea da chuva ao longo dos meses é que influencia o volume do reservatório.
Considerando as mesmas condições físicas do sistema e para as mesmas finalidades, podem-se comparar as
curvas pluviométricas para as cidades de Goiânia-GO, São Carlos-SP e Ribeirão Preto-SP, figura 3.

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300,00

250,00
Precipitação (mm)

200,00

150,00

100,00

50,00

0,00

MAI
MAR

DEZ
JUL
JAN

ABR

JUN
FEV

NOV
AGO

SET

OUT
Meses

Ribeirão Preto-SP São Carlos - SP Goiânia-GO

Figura 3: Curvas pluviométricas médias das cidades de Ribeirão Preto, São Carlos e Goiânia, para
o período de 1975 a 2002.

Por meio destas curvas, nota-se que quanto mais regular a distribuição das chuvas, menores os volumes a
serem reservados, viabilizando a construção do sistema.

O volume a ser armazenado é determinado pelo período de estiagem e a demanda de água exigida. A figura 3
mostra o valor máximo, médio, mínimo e atual das precipitações para a cidade de Goiânia, de onde se pode
obter este período de estiagem.

Observa-se, através da figura 4, que o período de estiagem é de, aproximadamente, 90 a 120 dias, ou seja, de
meados de maio a fim de setembro. Lançando um gráfico, figura 5, dos períodos de estiagem, compreendidos
entre 1975 e 2003, encontra-se que o valor médio de dias sem chuva é, aproximadamente, de 75 dias.

550,00

500,00

450,00

400,00
Precipitação (mm)

350,00 PERÍODO DE ESTIÁGEM


(em média 90 dias)
300,00

250,00

200,00

150,00

100,00

50,00

0,00
MAI
MAR
JAN

ABR
FEV

NOV
AGO

SET

OUT
JUN

JUL

DEZ

Meses

MÉDIA Pmáx Pmin Atual (2003)

Figura 4: Precipitações médias mensais máximas, média, mínima e atual para a cidade de Goiânia para
o período de 1975 a 2003.

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140

120
Dias consecutivos sem chuva (dias)

100

80
75,0
60

40

20

0
1975
1976
1977
1978
1979
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
Ano

Dias consecutivos sem chuva Média

Figura 5: Dias consecutivos sem chuva, de 1975 a 2003.

Para o ano de 1977, não estavam disponíveis as precipitações pluviométricas diárias, que permitiriam
determinar o maior intervalo consecutivo sem chuva para este ano. Acredita-se, pelo próprio regime
pluviométrico, que o valor deste ano seria o suficiente para alterar a média encontrada de 75 dias.

Dimensionamento do Sistema de Reservação


Os reservatórios têm por finalidade acumular parte das águas disponíveis nos períodos chuvosos para
compensar as deficiências nos períodos de estiagem, exercendo um efeito regularizador das vazões naturais
(LOPES; SANTOS, 2002).

Os métodos para o dimensionamento do volume útil dos reservatórios, segundo Lopes; Santos (2002), podem
ser classificados, quanto à forma de uso dos dados e apresentação dos resultados, em:
• métodos estocásticos: são aqueles que propiciam o cálculo de probabilidades como, por
exemplo, a probabilidade de ocorrência de falhas;
• métodos determinísticos: são aqueles que tratam os resultados de forma única, por exemplo,
baseando-se na série histórica existente. Dentre eles, está o método do diagrama de massas
ou método de Rippl.

O método de Rippl é aplicado quando se tem uma demanda constante, ou seja, o volume útil do reservatório
pode ser entendido como o volume de armazenamento necessário para garantir uma vazão constante durante o
período mais crítico de estiagem observado. O diagrama de massas corresponde à integral de um hidrograma,
trata-se dos volumes acumulados que afluem no dimensionamento do reservatório.

Para o dimensionamento do sistema de reservação, foi realizado um levantamento das precipitações


pluviométricas. Desta forma, foi possível conhecer o regime pluviométrico local, ou seja, os valores médios
das precipitações mensais e diárias, neste caso, ao longo de 29 anos. A finalidade deste estudo preliminar é
obter os intervalos de maior estiagem e, através da relação com a demanda, aplicar o método de Rippl para
obter o volume do reservatório.

Para a determinação dos valores das precipitações médias mensais foram adotados 29 anos de precipitações,
ou seja, de 1975 a 2003. Por outro lado, para o cálculo das médias diárias foram adotados 26 anos, ou seja, de
1978 a 2003. O motivo de terem sido adotados períodos diferentes foi que no ano de 1977, não estavam

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disponíveis as precipitações diárias, mas somente as mensais. Contudo esta falha não representa uma influência
significativa nos resultados encontrados.

Neste caso, foi considerada a demanda constante, de 1,30 m3/mês, e aplicado o método de Rippl para
precipitações médias mensais. Pode-se ver na tabela 1 que o volume teórico do reservatório será de 1,35 m3.
Caso o cálculo do volume do reservatório fosse realizado por meio das precipitações médias diárias, o volume
encontrado seria de 3,16 m3, ou seja, cerca de 2,3 vezes maior. A tabela 2 mostra o trecho crítico do diagrama
de Rippl, ou seja, o período de maior estiagem. Pode-se observar que este valor foi determinado em meados de
agosto. Correlacionando a figura 4 com a tabela 2, nota-se a comprovação do resultado obtido.

Tabela 1: Suposto volume do reservatório de água de chuva do Laboratório de Sistemas Prediais/EEC,


utilizando as precipitações médias mensais.
Demanda Área de Diferença
Chuva média Volume de Excedente de
Mês Constante Captação Acumulada
mensal (mm) chuva (m³) chuva (m³)
(m3/mês) (m²) (m³)
jan 228,96 1,3 100 18,32 17,02 ---
fev 196,46 1,3 100 15,72 14,42 ---
mar 191,12 1,3 100 15,29 13,99 ---
abr 101,36 1,3 100 8,11 6,81 ---
mai 34,89 1,3 100 2,79 1,49 ---
jun 9,97 1,3 100 0,80 -0,50 -0,50
jul 5,64 1,3 100 0,45 -0,85 -1,35
ago 16,60 1,3 100 1,33 0,03 -1,32
set 61,16 1,3 100 4,89 3,59 2,27
out 148,12 1,3 100 11,85 10,55 ---
nov 222,02 1,3 100 17,76 16,46 ---
dez 254,98 1,3 100 20,40 19,10 ---

Tabela 2: Suposto volume do reservatório de água de chuva do Laboratório de Sistemas Prediais/EEC,


utilizando as precipitações médias diárias.

Chuva Demanda Área de Excedente Diferença


Volume de
Dia média Constante Captação de chuva Acumulada
chuva (m³)
(mm) (m³/dia) (m²) (m³) (m³)

1/ago 0,000 0,065 100 0,000 -0,065 -2,28


2/ago 0,075 0,065 100 0,006 -0,059 -2,34
3/ago 0,000 0,065 100 0,000 -0,065 -2,41
4/ago 0,064 0,065 100 0,005 -0,060 -2,46
5/ago 0,386 0,065 100 0,033 -0,032 -2,50
6/ago 0,050 0,065 100 0,004 -0,061 -2,56
7/ago 0,000 0,065 100 0,000 -0,065 -2,62
8/ago 0,000 0,065 100 0,000 -0,065 -2,69
9/ago 0,043 0,065 100 0,004 -0,061 -2,75
10/ago 0,000 0,065 100 0,000 -0,065 -2,81
11/ago 0,000 0,065 100 0,000 -0,065 -2,88
12/ago 0,671 0,065 100 0,057 -0,008 -2,89
13/ago 0,164 0,065 100 0,014 -0,051 -2,94
14/ago 0,114 0,065 100 0,010 -0,055 -2,99
15/ago 0,868 0,065 100 0,074 0,009 -2,98

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16/ago 0,064 0,065 100 0,005 -0,060 -3,04


17/ago 0,293 0,065 100 0,025 -0,040 -3,08
18/ago 0,571 0,065 100 0,049 -0,016 -3,10
19/ago 0,764 0,065 100 0,065 0,000 -3,10
20/ago 0,086 0,065 100 0,007 -0,058 -3,16
21/ago 3,493 0,065 100 0,297 0,232 -2,93
22/ago 1,164 0,065 100 0,099 0,034 -2,89
23/ago 1,596 0,065 100 0,136 0,071 -2,82
24/ago 0,811 0,065 100 0,069 0,004 -2,82
25/ago 0,232 0,065 100 0,020 -0,045 -2,86
26/ago 2,129 0,065 100 0,181 0,116 -2,75
27/ago 0,071 0,065 100 0,006 -0,059 -2,81
28/ago 1,486 0,065 100 0,126 0,061 -2,74
29/ago 1,586 0,065 100 0,135 0,070 -2,68
30/ago 0,307 0,065 100 0,026 -0,039 -2,71
31/ago 0,000 0,065 100 0,000 -0,065 -2,78

Pode-se verificar que, aplicando o volume médio mensal (Vmed(m)), chegou-se a um volume de 1,35 m3 para
o reservatório. Entretanto, caso fosse utilizada a média diária (Vmed(d)), esse valor aumentaria para 3,16 m3.
Desta forma, o valor encontrado, utilizando as precipitações pluviométricas diárias, confere maior
confiabilidade, por se tratar de um intervalo menor de tempo. Contudo, na execução do sistema, o volume de
água de chuva reservado foi de 2,31 m3. Cabe salientar que esta água armazenada não foi utilizada, mas sim
objeto desse estudo, a fim de que se possa avaliar sua qualidade e qual será sua utilização final.

O volume de 2310 L está dividido em quatro partes, sendo um reservatório em alvenaria com revestimento de
argamassa com capacidade de 1000 L, outros três reservatórios de PVC, sendo dois com capacidade de 500 L
e um de 310 L.

SEGUNDA ETAPA: COLETA E ARMAZENAGEM DA ÁGUA DE CHUVA


Foi avaliada a qualidade da água de chuva do sistema a montante e a jusante do filtro 3P Technik, que retém
partículas grosseiras e, também, do filtro lento de areia, conforme apresentado na figura 1.

Esta fase se estendeu por cinco meses. A água de chuva foi coletada entre os meses de fevereiro a junho de
2004, armazenada e analisada durante 37 semanas entre março e novembro de 2004, compreendendo todo o
período de estiagem e novamente o início do período chuvoso.

TERCEIRA ETAPA: TESTES DE QUALIDADE DA ÁGUA ARMAZENADA E ANÁLISE DE DADOS


Durante 37 semanas avaliou-se a influência do tempo de armazenagem na qualidade da água e, também, definir
a necessidade e os tipos de tratamento para os diferentes usos. Foram analisados parâmetros físicos, químicos e
biológicos da água armazenada.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

pH
Dentre os parâmetros analisados, ao longo de um período de 37semanas (nove meses), pode-se destacar pH,
alcalinidade total, oxigênio dissolvido e coliformes fecais e totais. Os resultados dos demais parâmetros
analisados mantiveram-se dentro das faixas permissíveis pelas resoluções do CONAMA no 20 e Portaria no

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518 do Ministério da Saúde (2004), tal qual os que são apresentados, o que confirma a boa qualidade da água
de chuva na região da cidade de Goiânia-GO.

O pH se manteve dentro das faixas permitidas tanto pela Portaria no 518 do Ministério da Saúde quanto para
Resolução no 20 do CONAMA, que têm como faixas, respectivamente, 6,0 a 9,5 e 6,0 a 9,0. A figura 6
representa os valores das 37 amostras realizadas.

Nota-se que os valores do pH em todos os pontos, em relação aos padrões estabelecidos pelas normas e a água
potável, podem ser considerados ótimos. Contudo, a variação do pH pode provocar alguns problemas na
impermeabilização dos reservatórios.

10 6,0 a 9,5
9
9,0
8
7
6,2
6
pH (s/u)

6,0
5
4 Período Período de Período
3 chuvoso estiagem chuvoso
2
1
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37
Semanas
Reservatório enterrado Reservatório de PVC sem filtro Reservatório de PVC com filtro
Água Potável CONAMA Classe 1 Portaria nº 518

Figura 6: Variação do pH ao longo das semanas.

ALCALINIDADE
A alcalinidade está diretamente ligada ao pH da água. A faixa de pH entre 4,4 e 8,3, significa que a
alcalinidade é ocasionada somente à presença de bicarbonatos. Foi possível prever, que a alcalinidade total
apresentaria um aumento gradual, principalmente, no reservatório enterrado. Este se deve, ao contato da água
de chuva com o reservatório por um período 16 semanas, que elevou bastante à concentração de bicarbonatos
dissolvidos na água, principalmente, pelo contato com o sistema de impermeabilização do reservatório.

Observa-se, na figura 7, que a partir da 23ª semana, início do período chuvoso, houve uma sensível redução na
concentração da alcalinidade, em virtude da renovação da água no reservatório enterrado. Por outro lado, o
reservatório de PVC sem filtro e reservatório de PVC com filtro se mantiveram com resultado, praticamente,
constantes e próximos ao da água potável. Novamente reforça que não houve influência do tempo de
reservação, para reservatórios de PVC, mantendo uma boa qualidade da água.

A figura 7 mostra um gráfico onde se pode comparar os valores da alcalinidade total entre os pontos de coleta
ao longo das semanas.

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160

140
Alcalinidade total (mg/L) Período Período de Período
120 estiagem
chuvoso chuvoso
100

80

60

40

20
23,44
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37
Semanas
Reservatório enterrado Reservatório de PVC sem filtro
Reservatório de PVC com filtro Água Potável

Figura 7: Comparativo da alcalinidade total ao longo de 37 semanas.

OXIGÊNIO DISSOLVIDO (OD)


A resolução do CONAMA no 20, estima que o teor de oxigênio dissolvido, para Classe 1, não deve ser inferior
a 6,0 mg/L. Neste caso, a água de chuva é comparada à água destinada ao consumo humano. Pode-se verificar,
nos resultados de OD, que a carga bacteriana de decomposição, de um modo geral nos pontos de coleta, não
foi intensa. Percebe-se que os valores de OD encontram-se superiores ao mínimo exigido, oscilando, bem
próximo, do resultado obtido para água potável. Observando os resultados, chega-se a uma conclusão que
houve ação bacteriana de decomposição, mas não foram tão intensas como se poderia esperar. O que dá à água
de chuva condições de uso. A figura 8 ilustra as variações na concentração de oxigênio dissolvido nos pontos
de coleta.

16

14 Período Período de Período


Oxigênio Dissolvido (mg/L)

chuvoso estiagem chuvoso


12

10

8
7,79
6
> 6,0
4

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37
Semanas
Reservatório enterrado Reservatório de PVC sem filtro Reservatório de PVC com filtro
Água Potável CONAMA Classe 1

Figura 8: Comportamento da concentração de oxigênio dissolvido no período de 37 semanas.

COLIFORMES FECAIS E COLIFORMES TOTAIS


Os resultados de contagem dos coliformes apresentaram uma redução ao longo de quatro meses, chegando em
algumas amostras apresentar ausência total de coliformes fecais. Tecnicamente, esta água poderia ser utilizada
para o consumo humano, porém a Portaria no 518 do Ministério da Saúde estabelece a ausência de coliformes
totais e fecais em 100 mL da amostra de água, além da água ser clorada e desinfetada para o consumo humano.

Pelo método de ensaio adotado por Furnas S.A., que caracteriza apenas presença ou ausência de coliformes
fecais e totais, foram analisadas 20 amostras para o reservatório enterrado e 26 para o reservatório de PVC

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25º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

com filtro e reservatório de PVC sem filtro. Notou-se a eficácia do filtro lento de areia, na redução da carga
bacteriana, principalmente dos coliformes termotolerantes ou fecais. A figura 5 ilustra estes resultados.

Percebe-se pela figura 9 uma redução da presença de coliformes fecais nas amostras do reservatório de PVC
associado com o filtro lento de areia, comprovando a eficiência deste componente, reduzindo 65,4% o número
de amostras com presença de coliformes e 3,8% as amostras com presença de coliformes totais.

120%
Amostras com presença de

100%
96% 96%
100%
coliformes (%)

80% 75%
62%
60%

40% 35%

20%

0%
Reservatório enterrado Reservatório de PVC sem filtro Reservatório de PVC com filtro

Col. Fecais Col. Total Pontos de coleta

Figura 9: Número de amostras com presença e ausência de coliformes fecais e totais.

CONCLUSÕES
Através dos resultados, pode-se verificar a eficiência de um tratamento simples como foi aplicado na
construção deste sistema de aproveitamento de água de chuva. Analisando os parâmetros ao longo de 37
semanas, que foi o tempo de detenção determinado, notou-se que os parâmetros físicos, químicos e
bacteriológicos não sofreram alterações que pudessem descartar o uso da água de chuva. Por outro lado,
comparando a qualidade da água exigida para uso em piscinas, confecção de concretos, irrigação etc; conclui-
se, que a água de chuva pode ser destinada, sem problemas, para estes fins. Contudo, mesmo para fins não
potáveis, mas que tenha o contato com o usuário, sugere-se a desinfecção da água de chuva por meio de
cloração.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. CHENG, CHENG-LI. Rainwater use system in building design. In: CIB-W62 SEMINAR, 2000.
Proceedings. Rio de Janeiro, Brazil, 2000, 13p.
2. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – CONAMA. Resolução CONAMA no20. Brasil, 18 de
junho de 1986. 15p.
3. LOPES, J. E., SANTOS, R. C. P. Capacidade de reservatórios. Boletim Técnico. São Paulo, Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo – EPUSP, Departamento de Engenharia Hidráulica e
Sanitária, 2002. 64p.
4. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria nº. 518. Brasil, 25 de março de 2004. 15p.

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