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http://www.aids.gov.br/prevencao/indios/mbya/indios.htm
Por outro lado, entendemos que há, sobretudo na Primeira Parte, um núcleo
destinado aos "brancos". A reflexão dos Mbyá nela contida foi produzida com
este objetivo explícito. Deve ser analisada e considerada pelas instituições que
intervêm junto a este grupo étnico, quando da definição de suas políticas de
atendimento, e como subsídio para repensarem sua prática. Também do ponto
de vista acadêmico entendemos ser de inestimável valor esta Primeira Parte.
Ainda que possa ser criticado como sendo lacônico, o texto possui grande
densidade. Merece ser avaliado e apreciado por seu aspecto lingüístico e teor
etnográfico; principalmente pelo segmento desta última disciplina que, nos
últimos anos, tem se preocupado com os enfoques denominados de
"antropologia médica". Esta apresentação, portanto, dirige-se basicamente aos
"brancos", buscando antes suscitar questionamentos do que oferecer chaves
para a leitura do texto Mbyá.
Assim que as palavras "plantadas" nesta cartilha podem ser avaliadas em uma
dupla dimensão. Plantadas no seu sentido estático, mortas nesta espécie de
ataúde que nos lembram os livros - conforme analogia de Melià1 -, uma vez
que o papel não nos possibilita vê-Ias na sua real condição de alma (anima)
percebível nos discursos, quando são dotadas de vida, de movimento, quando
circulam, inflamam... Mas plantadas também na condição de sementes, a
serem deitadas nas consciências e nelas rebentarem e multiplicarem-se.
Cremos que foi com a intenção de cultivadores que os Mbyá se lançaram ao
desafio de escrever esta cartilha.
Falar da situação da saúde dos Mbyá no Rio Grande do Sul - e o mesmo pode
ser dito a respeito das comunidades deste grupo étnico que se encontram em
toda a extensão de seu território - implica numa análise ampla, abarcando o
contexto em que os mesmos se encontram inseridos. A saúde não é um
aspecto que pode ser desmembrado dos demais e que pode ser "tratada" com
soluções burocráticas setorizadas. Como tão bem definem os próprios Mbyá
nos textos a seguir, a sociedade está doente porque o mundo está doente.
Sugerimos ao leitor desta cartilha que, tomando o texto produzido pelos Mbyá
como referência, procure evidenciar alguns. Sugerimos, também, um exercício
de relativização - isto é, uma tentativa de colocar-se no lugar do outro, no caso
dos Mbyá - relacionando saúde com os seguintes aspectos: espaço e
condições ecológicas, sistema econômico, organização social... Se isto parecer
muito difícil, imagine as seguintes situações: suponha que você não possua
mais uma referência de moradia fixa; que as fontes em que você normalmente
abastece sua cozinha (supermercados, armazéns...) entrem em colapso; o
mesmo acontecendo em relação aos hospitais e às farmácias; todo seu
sistema de crenças e valores toma-se constantemente questionado como
infundado...
Portanto, é com muita perspicácia e não sem razão que os Mbyá avaliam:
"hoje nos sentimos duplamente ameaçados: pelos brancos e por nossos
Deuses".
De forma, então, que os Mbyá possuíam A'ÉRAMI VY MBYA KUEÍRY OGUREKO TEKO
uma vida plena de alegria. VY'A.
Diante destes obstáculos, temos nos A'E VA'E KYRÏNGUEVE KUÉRY NOMOKAÑYSÉI
reunido entre muitos parentes - para OKUAPY. A'E VA'E RIMA JURUA OECHA
tratarmos de vários assuntos. Percebemos KUAÁMA ÑO VA'ERÃ OMBOJEROVIA UKA
que o modo de ser de agora já não é mais TAMORA'E JURUA KUÉRY PAVËPE.
o mesmo [como era o de antes]. Portanto,
entendemos que os brancos têm o dever A'E VA'ÉPY RIMA KARAI KUÉRY, KUÑA KARAI
de informar-nos/esclarecer-nos sobre KUÉRY OÑEPYTYVÕ UKA JEVY VA'ERÃ
nossos direitos. Também entendemos que GUETARÃ I KUÉRY PEGUARÃ. POÃ I
os brancos possuem tarefas específicas, OITYKUA'I ANGUÃ TATACHINA REKO ACHY I
assim como nós, Mbyá, possuímos tarefas OIPORU ANGUÃ. MBA'E ACHY ETA ENDÁGUI
específicas [que competem a cada uma OREJOPY: YVYTU REAKUÃGUI, YY KY'ÁGUI,
das partes realizar]. A forma como TEMBI'U VA'IKUÉGUI JURUA REMBI'U IVAIKUE
devemos agir, como devemos proceder, foi VÁ'E. A'E VA'E MBA'E ACHY OJOPY KATUVE
estabelecida por nosso Deus; para cumprir VA'E KYRÏNGUE I OÑEVANGÁTA RAMO I
com isto, as gerações atuais devem se VA'ÉPE. A'E VA'E RIMA ÃNGY ROECHA
esforçar para que o legado [de nosso Deus] IJAVAETE VA'E OREVÝPE. A'ÉVY RIMA
não se perca completamente. E isso é o ÃNGYGUI A'E VA'E ROMOMBE'U UKA ORE RU
que os brancos devem procurar saber e YVATEGUÁPE.
respeitar nos Mbyá. Os brancos [aqui]
presentes têm a responsabilidade de A'ÉRAMO RIMA OÏ CHA'Ã UKA OREVÝPE
sensibilizar as autoridades para que nos KA'AGUY RUPA PETEÏ ENDA ENDAÍPY JEPE
deêm crédito e, dessa forma, sensibilizá-las ITU I IVA'E RERA'ÉMA ROJATAPYI ROKE
a reconhecer nossas necessidades e a ANGUÃ, ROJAPYCHAKA AGUÃ, ORE REKO
respeitar nossos direitos. A partir disso os ACHY ROMOMBE'U ANGUÃ OREMBOU ARÉPE.
Homens Inspirados [Sacerdotes] e as
Mulheres Inspiradas [Sacerdotisas]
A'E VA'E RIMA ORE REKO RAÏ VA'E. A'É VA'E
novamente merecerão os favores dos RIMA ÑANDE RU OMBOJEROVIA KO YVÝPY.
Deuses para continuar intercedendo em A'E VA'E RIMA YVYPO RUVICHA KUÉRY
benefício dos Mbyá, utilizando a nossa
OMBOJEROVIA VA'ERÃ OREVYPE GUARÃ.
medicina e à também empregando a
neblina vivificante [fumaça] dos cachimbos
rituais no tratamento dos males que nos
acometem. De diversas formas somos
atacados por doenças: pela poluição do ar,
pela água contaminada, pelos alimentos
que não são os dos Mbyá. As crianças é
que são as que mais sofrem em
conseqüência das doenças, e isso temos
como uma grande preocupação. Por elas é
que imploramos ao nosso Deus que está
no céu.
TATU RA'ANGA
A pessoa que já ficou doente sabe muito TETE REKO ACHY OGUEROAYVU KOVA'E,
bem o que também a terra poderá sofrer se A'ÉVYMA OECHA OIKUAÁMA AVI YVÝPY
a natureza não for respeitada. Entretanto, OÑEMBOJERA VA'EKUE ÑAICHA'ÃE'Ÿ VA'EKUE
quase ninguém se apercebe de que é JEPE RIMA IJAYVU OÃMÝMA. A'E VA'ÉMA
necessário render respeito também às JAECHA VA'E RIMA KA'AGUY, YVYRA
matas, às árvores... As árvores, que são ÑEMBOJEROVIA PYRÃ VA'EKUE RIMA IJAYVU
seres dotados de alma, estão nos O'ÃMY AVI. ÑE'Ë PORÃ AVI RIMA A'E
alertando, através de seus murmúrios de OÑEMBOACHY AVI, OGUEROJAE'O AVI,
tristeza, que não devem continuar sendo OJEJAYA, OMONDORO PA'I, NDAI'A PORÃVE
cortadas. Conseqüentemente já não NDAIPOTY PORÃVÉI.
produzem mais frutos perfeitos, já não mais
florescem formosamente.
TAPE REMBE RUPI, YAPU ÑENDU VA'E... RYAPU RIVÉMA OÑENDU OINY ÃNGY
CHI'Y RA'ANGA
Quati entalhado em madeira
Estas doenças pegam muito para os Mbyá KO VA'E MBA'E ACHY ÑANDE JOUVE VA'ÉMA
porque agora já quase não podemos mais PEICHA JAIKO RAMO OO'EŸRE. JAIKO I PY
fazer as casas tradicionais. O lugar onde NDAIPOVÉI KA'AGUÝRE ÑANEKYRE'Y AGUÃ
moramos já não é bom, já não NDAIPOVEI, PIRAY PORÃ NDAIPOVÉI, NI YVY
encontramos o que caçar, não tem peixe, PORÃ I ÑAMAETY AGUÃ.
não tem terra boa para plantar.
JAIKO AJÁRE TAPE RUPI, JAIKO JAVÉRE
Quando moramos em casas ruins, na beira ÑANDE KARUAÍGUI ÑANDE RETE KANGY
das estradas e nos alimentamos mal, RAMO MBA'E ACHY IPOAKA.
nosso corpo fica com pouca proteção.
Então aparecem as doenças. OJECHA VAIVE VA'ÉMA KYRÏNGUE I. OACHA
YRO'Y, KARUE'Ÿ, ÑANDE TUUKUÉRY NOIVÉI
As crianças são as que mais sofrem; JAJAPO ANGUÃ ÑANDE REKÓPY. HA UPEI
passam frio, fome e os pais não têm as NDAJAIKUÁI MBA'EICHA VY PA JURUA
condições para tratar de acordo com o ÑANEPYTYVÖ VA'ERÃ.
sistema dos Mbyá e também, nem sempre
sabem como encontrar ajuda no sistema do MBA'E ACHY ÑANDE JOU VA'E ÑANE YVŸRE
branco. VA'ÉMA JUKUA, A'E ÑANDE KUTU'A, MBA'E
ACHY PO'I.
Das doenças respiratórias, as que são mais
pesadas para nós Mbyá são a gripe, a
pneumonia e a tuberculose.
Gripe
Como pega: JUKUA
TUGUY VAIKUE
Vacinação
Antigamente os Mbyá não ocupavam
vacina. Nosso pai/deus (Ñanderu) e tudo o
que ele criou aqui na terra é que davam
proteção para nós.
Calendário de Vacinação
IDADE VACINAS
Ao nascer BCG + Hepatite "B"
09 meses Sarampo
06 anos BCG