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Ab initio, vejamos o que diz a Constituição Federal de 1988, no que tange à Defesa dos
Direitos do Cidadão nas relações consumeristas.
A Carta Magna de 1988, em seu art. 5º, XXXII, dispõe que: “O Estado promoverá, na
forma da lei, a defesa do consumidor”. Ainda, no art. 170, V, diz que:
Por fim, o art. 48 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, segundo o qual: “O
Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará
código de defesa do consumidor”.
O aludido Codex dispõe acerca dos direitos básicos do consumidor, dentre os quais: “A
proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais,
bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e
serviços” (art. 6º, IV).
Nesse ponto, primeiramente cumpre-nos esclarecer o que vem a ser prática abusiva.
Conforme o ministro do Superior Tribunal de Justiça, Antônio Herman de Vasconcelos e
Benjaminii[ii], “prática abusiva (lato senso) é a desconformidade com os padrões
mercadológicos de boa conduta em relação ao consumidor”.
Tais condutas ilícitas estão elencadas no art. 39 da Lei nº. 8078/90. Trata-se de rol
meramente exemplificativo e não taxativo. E isso porque, de acordo com Benjamin: “Não
poderia o legislador, de fato, listar, à exaustão, as práticas abusivas. O mercado de consumo é
de extremada velocidade e as mutações ocorrem da noite para o dia. Por isso mesmo é que se
buscou deixar bem claro que a lista do art. 39 é meramente exemplificativa, uma simples
orientação ao intérprete”.
A respeito do tema ora sob comento, trazemos à baila a Súmula 297 do STJ: “O Código
de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras”.
Como se depreende da dicção legal, o produto ou serviço só pode ser fornecido desde
que haja solicitação prévia. No entanto, nossa realidade fática revela situação bem diversa.
Além disso, caso o consumidor não pague pelo serviço não solicitado, corre o risco de ter
seu nome inscrito no cadastro do SPC/SERASA. Nesse contexto, cabe citar o parágrafo único
do art. 42: “O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por
valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais,
salvo hipótese de engano justificável”.
Destarte, cabe indenização por danos morais, nos moldes do art. 5º, incisos V e X, da
Constituição Federal de 1988:
Vê-se, pois, que a lei, a doutrina e a jurisprudência são enfáticas em relação a esse
tema: o envio de cartão de crédito não solicitado é conduta considerada pelo CDC como prática
abusiva, dando ensejo à indenização por danos morais. Cabe ao consumidor exercer seus
direitos, uma vez que, conforme alerta o antigo brocardo latino, “dormientibus non succurrit jus”,
ou seja, “o Direito não socorre aos que dormem”.
* Advogado
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