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ADAPTAÇÕES CELULARES
Hipertrofia
Hipertrofia é o aumento do tamanho das células e consequentemente do tecido ou
órgão. A hipertrofia é causada por demanda funcional maior ou estimulação hormonal. As
fibras musculares estriadas cardíacas e esqueléticas aumentam de tamanho quando estimuladas
por maior demanda. O aumento da massa muscular do halterofilista, ou do coração em
hipertensos ou com valvopatias são bons exemplos. Em pacientes hipertensos o coração
bombeia o sangue para a aorta com maior força, sofrendo hipertrofia. O peso normal do
coração é 350g, podendo atingir até 700-800g no indivíduo hipertenso. Na gravidez, o útero
sofre concomitantemente hipertrofia e hiperplasia das células musculares lisas pelos hormônios
estrogênicos.
A hipertrofia do músculo masseter pode ser confundida clinicamente com aumentos
tumorais da glândula parótida. O aumento de volume gengival, causado pela fibromatose
gengival hereditária ou pelo tratamento com ciclosporina ou dilantina sódica, não se caracteriza
bem como hipertrofia ou hiperplasia. Nestes casos acontece ao mesmo tempo um aumento no
número de fibroblastos gengivais e da matriz extracelular que os circunda.
Hiperplasia
Crescimento de um tecido ou órgão pelo aumento do número de células. Ocorre em
células com capacidade de mitose, quando estimuladas para maior atividade. As células lábeis e
estáveis, como da epiderme e fibroblastos, podem sofrer intensa hiperplasia. As permanentes
como as musculares cardíacas e esqueléticas respondem com hipertrofia. A hiperplasia fibrosa
inflamatória é uma das alterações mais freqüentes da mucosa bucal. Deve ser ressaltado que a
hiperplasia, ao contrário da neoplasia, regride uma vez cessado o estímulo causador.
Hiperplasia hormonal
Proliferação do epitélio glandular da mama na puberdade e gravidez. Como citado
anteriormente, proliferação e hipertrofia das células musculares lisas ocorrem
concomitantemente no útero grávido. Na gravidez também há maior produção de TSH,
resultando em hiperplasia da tireóide. No ciclo menstrual há hiperplasia das glândulas do
endométrio.
Hiperplasia compensatória
Como na regeneração hepática que ocorre após a hepatectomia parcial. No rato a
regeneração total ocorre em 2 semanas, após remoção de 2/3 da massa hepática. Quando há
remoção de um rim, o outro sofre hiperplasia ("Prometeu - roubou o fogo dos deuses e trouxe
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aos mortais - foi preso a uma montanha, o seu fígado era diariamente devorado por abutres, e se
regenerava a cada noite").
Hiperplasia nodular
A hiperplasia geralmente afeta o órgão como um todo, entretanto pode ocorrer em
nódulos, podendo ser considerado como processo patológico, e se necessário pode ser
removido cirurgicamente. Ocorre na próstata, tireóide, adrenal e mama.
Metaplasia
É a transformação de uma célula ou tecido em outro com características diferentes. A
metaplasia pode ser considerada como uma adaptação da célula a estímulos adversos. Ocorre
nas vias respiratórias quando por irritação crônica (fumo), o epitélio pseudo-estratificado
ciliado se transforma em epitélio escamoso. Cálculos dos ductos excretores das glândulas
salivares, pâncreas ou vias biliares podem causar a substituição do epitélio colunar por
escamoso. Na bexiga, a presença de cálculo estimula o epitélio de transição (células cuboidais)
a se tornarem escamosas. A metaplasia escamosa pode favorecer a formação de carcinomas de
células escamosas (neoplasia maligna originada nas células escamosas).
A metaplasia é menos comum nas células mesenquimais. Fibroblastos podem
transformar-se em osteoblastos e material calcificado pode ser encontrado em tecidos moles
como a gengiva (metaplasia óssea).
Os fatores que controlam as respostas celulares como hiperplasia, hipertrofia e
metaplasia não são bem conhecidos, sendo diferentes em cada tipo de tecido. Provavelmente os
fatores de crescimento participam deste processo, como EGF (“epidermal growth factor”), FGF
(“fibroblast growth factor”) e TGFβ (“tumor growth factor”). Estes, através de seus respectivos
receptores celulares, ativam proto-oncogenes, que por sua vez que têm a capacidade de
estimular a proliferação celular.
Anaplasia
Reversão da célula a sua forma mais primitiva e indiferenciada. Anaplasia é o termo
usado para células cancerosas que não sofreram diferenciação a partir das células que se
originaram.
Agenesia
Ausência de formação de um órgão ou tecido. Agenesia dentária.
Aplasia
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Hipoplasia
Formação deficiente de um órgão ou tecido que pode ou não funcionar. Ex: Hipoplasia
de esmalte
Teratoma
Formação de tecido por células das três camadas germinativas, a partir de células
totipotenciais, como as das gônadas. Formam vários tecidos, como pele, músculo, gordura e
dente. É comum o teratoma dermóide cístico do ovário (cisto dermóide) que contém pele com
pelos, secreções sebáceas, e estruturas dentárias. 95% dos teratomas ovarianos são benignos,
mas 1% sofre transformação maligna de um de seus elementos, geralmente para carcinoma
epidermóide. Ocorrem em mulheres jovens. Os teratomas encontrados em crianças são do tipo
sólido e imaturo e geralmente malignos.
Hamartoma
Formação excessiva de células e tecidos normais, com arquitetura diferente do normal.
Os hamartomas muitas vezes são considerados neoplasias benignas, mas devem ser
considerados como alterações do desenvolvimento, como os hemangiomas e linfagiomas
congênitos. Os hemangiomas congênitos podem sofrer regressão espontânea.
Coristoma
Células e tecidos normais em localizações não habituais (Heterotópico). Resto de tecido
pancreático na parede do estômago ou intestino, ou células da supra-renal nos rins, ou ainda
formação de tecido ósseo na língua. Raramente causam problemas.
Adaptações do epitélio
1 - Ortoqueratina - queratina de aspecto homogêneo, hialino e acelular, normalmente
encontrada no epitélio da pele e mucosa mastigatória da boca. Geralmente é simplesmente
chamada de queratina. O aumento de espessura da camada de queratina, como ocorre nas
leucoplasias e "calos", é chamado de Hiperqueratose. A hiperqueratose também pode ocorrer
em epitélios paraqueratinizados.
ACÚMULO DE PIGMENTOS
Carvão
Partículas de carvão inaladas, se acumulam nos pulmões (antracose) e são transportadas
pelos macrófagos aos nódulos linfáticos da região traqueobrônquica. Os pulmões normalmente
são róseos, mas invariavelmente tem coloração escura nos habitantes de cidades com poluição
ambiental.
Tatuagem
A tatuagem é uma pigmentação da pele por pigmentos exógenos. Os pigmentos são
fagocitados por macrófagos.
Vitiligo
Manchas claras na pele. Ocorre em cerca de 1% da população. Sugere-se que há
acúmulo de enzima tetrahidrobiopterina que regula a ação da tirosina. Não há cura para o
vitiligo. Para estimular a repigmentação usa-se a luz ultravioleta e esteróides.
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Hemossiderina
Derivada da hemoglobina e de coloração amarelo-marrom. Microscopicamente pode ser
corada em azul pela técnica do Azul da Prússia. Em áreas hemorrágicas há acúmulo de
hemossiderina dentro ou fora de macrófagos. A área passa por várias tonalidades - VRAVA -
Vermelho, Roxo, Azul, Verde e Amarelo. A hemoglobina é transformada em biliverdina,
bilirrubina e hemossiderina. As hemácias são destruídas no baço, fígado e medula óssea, e
hemossiderina pode ser detectada nestes órgãos. A hemossiderina também se acumula na
hemossiderose (hemocromatose).
Bilirrubina
A bilirrubina é encontrada normalmente na bile, não contendo ferro. Em casos de
obstrução à saída da bile, a bilirrubina é encontrada nos sinusóides biliares, células de Kupfer e
hepatócitos, como um pigmento verde amarronzado. A hiperbilirrubinemia (concentração
excessiva de bile no sangue) associada à deposição de bilirrubina na pele, mucosas e
esclerótica ocular, resultando em aparência amarelada do paciente, é chamada de icterícia. Se a
icterícia for intensa e prolongada, o pigmento pode se depositar inclusive dentina (dentes com
coloração esverdeada).
Amálgama
Partículas de amálgama são freqüentes na mucosa bucal devido as restaurações
dentárias. A coloração é preta, e são encontradas em macrófagos e tecidos perivasculares.
Lipídeos
O termo metamorfose gordurosa (esteatose) significa o acúmulo anormal de gordura
(triglicerídeos derivados de ácidos graxos) nas células parenquimatosas. Muitas células
normalmente contém gordura no citoplasma: células adiposas, córtex da supra renal, corpo
amarelo do ovário, intersticial do testículo. A esteatose ocorre em órgãos que metabolizam
gordura, como o fígado, coração e rins. O mais freqüentemente afetado é o rim. Os lipídios, do
tecido adiposo na forma de ácidos graxos e da dieta na forma de quilomicrons (triglicerídio,
fosfolipídio e proteína), são esterificados em triglicerídios no fígado. O triglicerídio é secretado
pelo fígado na forma de lipoproteína. De um modo geral qualquer alteração do metabolismo
lipídico pode causar acúmulo intracelular, como nos exemplos abaixo. Dependendo da
gravidade a alteração é reversível.
Jejum
esterificação de Acúmulo de
FFA para triglic. Triglic.
Etanol
oxidação de FFA
para acetil-CoA
Hipóxia
Toxinas (CCl4, clorofórmio, etanol) apoproteina
Malnutrição
Álcool
Altera as funções dos hepatócitos de forma múltipla. É a causa mais comum de
esteatose. Ocorre devido a deficiência de proteínas. O álcool é uma hepatotoxina, e as mulheres
parecem ser mais suscetíveis. A toxicidade do etanol é devida provavelmente ao acetaldeído
formado. Se a ingestão for de grande quantidade pode desenvolver hepatite, com necrose
celular e aumento de transaminases, processo também reversível. A esteatose pelo álcool é
reversível.
Hialinização
Hialinização é a transformação de proteínas intra e extracelulares em material
homogêneo, vítreo e róseo, nos cortes corados com H E.
Hialinização intracelular
- gotículas nas células renais em casos de proteinúria
- corpúsculo de Russell. São inclusões eosinofílicas dos plasmócitos, dentro de vesículas do
RER. São oriundos do acúmulo de anticorpos não secretados.
- inclusões citoplasmáticas ou nucleares (corpos esonofílicos envolvidos por halo claro,
vistos em infecções virais)
- corpúsculo de Mallory – alcoolismo – acúmulo de filamentos de queratina e outras
proteínas, observados como inclusões citoplasmáticas eosinofílicas nos hepatócitos.
- corpúsculo de Councilman -– corpúsculos arredondados e acidófilos, presentes nos
hepatócitos de pacientes portadores de hepatite viral e febre amarela
- corpúsculo de Negri - na raiva (causada por um vírus RNA de fita simples com envelope,
da famíla Rhabdoviridae) - inclusões citoplasmáticas redondas ou ovais, vistos no
citoplasma e às vezes nos prolongamentos celulares de células nervosas (neurônios do
tronco cerebral, particularmente no hipocampo, e células de Purkinje do cerebelo).
Hialinização extracelular
Geralmente consiste na deposição de material fibrilar protéico, em substituição ao
parênquima tecidual. São exemplos:
- cicatrizes antigas
- arterioesclerose, arterioloesclerose
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Calcificações
Calcificação distrófica
Deposição de sais de cálcio em tecidos atrofiados ou necrosados. Macroscopicamente
aparecem como grânulos brancos. Histologicamente se coram num tom azulado com a
hematoxilina.
São comuns na polpa dental e na ateroesclerose. No carcinoma papilar da tiróide
formam-se esférulas calcificadas laminadas chamadas de Corpúsculo de Psamoma, devido a
semelhança com grãos de areia (Psammos, do grego, significa areia).
Na Arteriosclerose de Mönckeberg há calcificação da camada média das artérias
musculares. Não tem maior significado clínico.
Calcificação Metastática
Ocorre em tecidos normais em casos de hipercalcemia, como hiperparatireoidismo,
hipertireoidismo, hipercalcemia idiopática da infância, doença de Addison, aumento do
catabolismo ósseo associado a tumores intra-ósseos (ex: mieloma múltiplo, metástases), e
leucemia. A calcificação metastática pode ocorrer em qualquer parte do corpo, afetando
principalmente vasos sanguíneos, rins, pulmões e mucosa gástrica. Os sais de cálcio
precipitados têm aspecto semelhante aos da calcificação distrófica. Normalmente não há
conseqüências clínicas graves em decorrência das calcificações metastáticas. Entretanto, um
grave envolvimento pulmonar pode causar insuficiência respiratória e nos rins pode haver falha
renal.
Amiloidose
O termo amilóide foi usado por Rudolph von Virchow em 1853 quando observou no
reino animal uma substância que reagia com o iodo, de forma semelhante ao amido. A
substância amilóide é de natureza protéica, homogênea e vítrea. Cora-se em róseo com o
vermelho congo, apresentando birrefringência de cor esverdeada. Na microscopia eletrônica
tem aspecto fibrilar. A amiloidose pode ser encontrada sem causar manifestações clínicas, ou
pode causar a morte. O prognóstico da amiloidose generalizada não é bom.
Composição química
90% do amilóide são proteínas fibrilares, e o restante é glicoproteína.
Amilóide Leve (AL), Amilóide Associada (AA). A AL é sintetizada por linfócitos B,
correspondendo a cadeias leves de imunoglobulinas, como ocorre no mieloma múltiplo. A AL
é derivada das cadeias leves circulantes, sendo chamada de proteína de Bence-Jones.
A AA consiste de 76 amino ácidos e é sintetizada no fígado.
Outras proteínas podem estar presentes no amilóide:
- transtiretina - proteína sérica normal que transporta tiroxina e retinol.
- β2- microglobulina - componente do MHC - I
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ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA
Classificação
Amiloidose Sistêmica - envolve vários órgãos
Amiloidose Localizada - limita-se a um único órgão
Amiloidose primária - quando há deposição de amilóide do tipo AL, em vários órgãos, mas
aparentemente sem doença associada.