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CONDIÇÕES PARA A MELHORIA DA COMPETITIVIDADE DO SETOR METAL-

MECÂNICO GAÚCHO FORNECEDOR PARA A CADEIA AUTOMOTIVA DO RIO


GRANDE DO SUL

AUTORES:
Maria Aparecida Barbosa Lima
Doutoranda em Administração (NITEC/PPGA/UFRGS)
Janaína Passuello Ruffoni
Mestre em Administração (NITEC/PPGA/UFRGS)
Professora e Pesquisadora da UNISINOS
Paulo Antônio Zawislak
Doutor em Ciências Econômicas (Universidade de Paris VII)
Professor e Pesquisador do NITEC/PPGA/UFRGS

INSTITUIÇÃO:
Núcleo de Gestão da Inovação Tecnológica - NITEC
Programa de Pós-Graduação em Administração - PPGA
Rua Washington Luiz, 855, Centro, Porto Alegre/RS
Telefone: 51-316 3536 Fax: 51-316 3991

PALAVRAS-CHAVE: setor metal-mecânico, demandas tecnológicas, ofertas tecnológicas

RESUMO

O objetivo do trabalho é analisar se as empresas do setor metal-mecânico, que são fornecedoras


da cadeia automotiva do Rio Grande do Sul, têm condições de atenderem as exigências
tecnológicas da indústria automotiva. Para tanto, foram levantadas as tecnologias que estão
sendo exigidas das empresas para que essas permaneçam competindo, as demandas tecnológicas
manifestadas pelos empresários e as ofertas tecnológicas das instituições de pesquisa e ensino do
Estado, passíveis de solucionarem tais demandas. O resultado do trabalho mostra que existem
aspectos positivos quanto às características das demandas e ofertas tecnológicas, mas que
existem dificuldades no processo de interação entre ambas, o que pode prejudicar tais empresas a
se tornarem mais competitivas.
CONDIÇÕES PARA A MELHORIA DA COMPETITIVIDADE DO SETOR METAL-
MECÂNICO GAÚCHO FORNECEDOR PARA A CADEIA AUTOMOTIVA DO RIO
GRANDE DO SUL

1. INTRODUÇÃO
A rápida mudança no ambiente competitivo em que as empresas atuam faz com que estas
tenham que ter uma capacidade de adaptação e inovação para permanecerem competindo. No
caso da indústria automotiva, caracterizada por ser um oligopólio mundial, muitas são as
exigências de empresas transnacionais nos diversos mercados locais. Para as empresas
permanecerem fornecedoras para as montadoras é necessário o atendimento de diversos critérios,
como, por exemplo, certificação em normas criadas pelas montadoras e capacidade de
fornecimento global em muitos casos, que refletem a acirrada competição existente no setor.
Neste cenário, é importante a realização de uma análise das possibilidades das empresas
fornecedoras atuais permanecerem como fornecedoras no futuro. O objetivo deste trabalho é,
portanto, descrever quais são as tendências tecnológicas observadas na indústria automotiva e as
possibilidades existentes para que as empresas do setor metal-mecânico gaúcho, que são
fornecedoras para esta indústria, respondam a tais tendências. Esta análise será realizada por
meio do cruzamento entre as demandas que tais empresas têm em relação às tecnologias e as
ofertas tecnológicas das instituições de ensino e pesquisa do Estado.
A escolha do setor metal-mecânico, dentre outros que formam a cadeia de fornecimento
para a indústria automotiva gaúcha, justifica-se pelo fato das empresas que pertencem a tal setor,
representarem 64% desta cadeia do Estado.
Para a realização deste trabalho, primeiramente serão descritas as tendências tecnológicas
da indústria automotiva. Posteriormente, serão descritas e analisadas as demandas tecnológicas
das empresas do setor metal-mecânico gaúcho - fornecedor para a indústria automotiva - e as
possibilidades de soluções existentes nas instituições de apoio científico e tecnológico do Estado.

2. EXIGÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA PARA O SETOR


METAL-MECÂNICO
Na indústria automotiva vislumbra-se a predominância de uma série de tecnologias que
vão afetar as empresas de autopeças, principalmente aquelas tecnologias relacionadas à
integração de sistemas; integração eletrônica, e-commerce; novos materiais; logística; e produção
enxuta. As informações aqui apresentadas foram veiculadas no Guia Autodata do Futuro
(Autodata, 2000), que apresenta as tendências que poderão vigorar nesta indústria até o ano de
2020.
Já se assistiu à substituição da madeira utilizada nos assoalhos e nas carroçarias dos
automóveis e da estrutura de ferro por outros materiais, como o aço e o alumínio. Atualmente, já
se estão viabilizando tecnologias para produzir um automóvel, em quase sua totalidade, de
composto de plástico, como preconizado pela DaimlerChrysler. O que se prevê, como vantagens
na adoção do plástico na fabricação de veículos, é redução no tempo de produção de um veículo
subcompacto convencional, a possibilidade de fazer carroçarias já na cor final do automóvel,
graças à inclusão de pigmentos especiais. Além dele não enferrujar ou arranhar, da diminuição
do tempo de montagem e do número de peças a serem montadas e encaixadas (de 80-90 para, no
máximo, 12), haverá também diminuição do tamanho da planta de montagem, do peso do
automóvel e de gasto de combustível (Autodata, 2000).
Entretanto, essa tecnologia ainda carece de muitos desenvolvimentos para vencer
barreiras técnicas e os altos custos de produção. Embora o plástico esteja sendo quase uma
“vedete” como material a ser utilizado no carro do futuro, ainda se aposta no alumínio, como no
Audi A2 e A8, em que toda a carroçaria é feita deste material. O que se observa, no caso dos
novos materiais, é que deverá haver uma convergência de tecnologias, buscando construir
“carros mais leves, seguros, baratos e muito brilhantes” (Autodata, 2000, p. 39).
Referindo-se às novas formas de organização e de localização da produção, “o segredo
está na logística” (Autodata, 2000, p. 44). Ainda segundo a Autodata, novas modalidades de
localização, como condomínio industrial, consórcio modular, comunidade industrial foram
criados em nome da logística, dos custos e da produção enxuta.
As mudanças acima descritas tiveram início com a introdução das experiências de
fornecimento de partes completas dos carros (sistemas). Este modelo foi se alastrando e se
aperfeiçoando, constituindo-se numa possibilidade de redução efetiva de custos para a cadeia
produtiva e até mesmo para o consumidor. O delineamento da fábrica do futuro tem como
características: a participação, cada vez maior, dos fabricantes de autopeças no fornecimento de
sistemas para a linha de montagem, a utilização de robôs nas tarefas de pouca ergonomia, a
utilização de funcionários multifuncionais e menor número de níveis hierárquicos.
A seqüência prevista de entrega deverá ser a seguinte: início na encomenda via e-
commerce, verificação das peças necessárias e avisos à linha de produção, ao faturamento e à
empresa transportadora, utilizando-se apenas computadores. O papel da logística é ressaltado
como determinante para diminuir os custos de transporte de peças e o que se pretende afinal é
atingir a produção enxuta, flexível e personalizada (Autodata, 2000).
Além de orientar a logística para fornecimento de peças a internet terá participação
importante também no sistema de vendas de veículos, com reconfiguração da atuação das vendas
através de concessionárias como no sistema atual. Já houve uma indicação desta tendência com a
introdução dos sistemas de vendas on-line. Atualmente as montadoras já realizam vendas on-
line, por meio de sites próprios, e seus distribuidores possuem páginas na internet, além de haver
provedores que realizam a intermediação da venda, como concessionárias virtuais, feiras de
eletrônicos e outros.
Mais especificamente quanto ao relacionamento entre montadoras e empresas de
autopeças, o que se vislumbra é uma mudança de padrões, tornando-se menos “ditatorial” e já
estando mais “civilizado” (Zawislak, 1999). A mudança no padrão de relacionamento está se
dando também pela difusão de um novo pacote de exigências a serem cumpridas por todas as
empresas da cadeia e que se reflete na construção de uma cadeia totalmente integrada.
Para fornecer para uma montadora, o fabricante de autopeças precisa ser competitivo.
Trata-se de um conceito que envolve qualidade de produto e serviço, qualificação da empresa,
preço e fôlego financeiro para acompanhar o desenvolvimento de produtos (Zawislak, 1999).
Uma análise das diferentes características da cadeia totalmente integrada pode ser resumida nas
principais exigências a seguir descritas: saúde financeira - custos transparentes e capacidade de
investimento; certificação (ISO e QS 9000) e Sistemas de Auditoria das próprias montadoras
(Sistema de Qualidade); parcerias com sistemistas, outros fornecedores (nacionais e
internacionais) e instituições tecnológicas (divisão de responsabilidades, riscos e ganhos);
integração eletrônica (informatização interna e externa); desenvolvimento conjunto e rápido de
novos produtos, processos e sistemas (co-design); padrões internacionais de custo, qualidade,
quantidade e preço; logística – flexibilidade de fornecimento (confiabilidade e prazo de entrega);
qualificação básica de mão-de-obra; redução de desperdícios - resíduo zero, defeito zero, estoque
zero.
A seguir estão descritas as necessidades tecnológicas mais enfatizadas pela empresas
gaúchas do setor metal-mecânico que são fornecedoras da cadeia automotiva do Estado e as
ofertas existentes nas instituições de apoio científico e tecnológico do Estado. O que se pretende
é identificar, primeiramente, se tais demandas refletem as exigências da indústria automotiva e,
posteriormente, se as ofertas tecnológicas existentes são capazes de suprir estas demandas.
3. AS DEMANDAS E AS OFERTAS TECNOLÓGICAS PARA O SETOR METAL-
MECÂNICO DO RIO GRANDE DO SUL FORNECEDOR PARA A INDÚSTRIA
AUTOMOTIVA
As informações relativas às demandas e às ofertas tecnológicas foram identificadas
através de uma pesquisa realizada pelo Núcleo de Gestão da Inovação Tecnológica - NITEC - do
Programa de Pós-Graduação em Administração - PPGA - da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul - UFRGS – em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande
do Sul – FIERGS, no projeto “Plataforma Tecnológica Cadeia Automotiva do Rio Grande do
Sul” – Projeto CARS - realizado no período 1998/1999.
3.1 A Plataforma Tecnológica da Cadeia Automotiva do Rio Grande do Sul
A realização deste projeto teve como objetivo permitir que fossem diagnosticados
problemas relativos à Cadeia Automotiva do Rio Grande do Sul - CARS e, em contrapartida, as
possibilidades de soluções para estes problemas. A plataforma constitui-se o momento onde
convergem as demandas tecnológicas, oriundas das empresas, e as potenciais soluções de cunho
tecnológico, ofertas tecnológicas, providas pelas instituições de apoio científico e tecnológico, e
onde se dá o estímulo para a interação entre estes agentes, demandante e ofertante. Conforme
pode ser visto na figura 1, o locus da plataforma tecnológica é onde estes agentes se encontram e
são estimulados a trocar informações para a solução dos problemas, através de projetos
cooperativos.
Projetos cooperativos
CADEIA INSTITUIÇÕES
PRODUTIVA DE APOIO
demanda Oferta
(SETOR CIENTÍFICO E
tecnológica tecnológica
INDUSTRIAL) TECNOLÓGICO
Plataforma tecnológica

Figura 1: Plataforma Tecnológica


Fonte: Zawislak et al, 1998

Para o levantamento das demandas e das ofertas tecnológicas da CARS dividiu-se a


cadeia de fornecimento para a indústria automotiva em seis segmentos 1 , a saber: químicos,
plásticos e borrachas; eletro-eletrônicos, conformados e usinados, motor e transmissão, fundidos
e direção, suspensão e freios. Estes quatro últimos segmentos serão enfocados aqui por juntos
constituírem a parte do setor metal-mecânico que fornece para a indústria automotiva e por
possuírem o maior número de empresas ligadas à CARS, 132, de um total aproximado de 200. A
figura 2 mostra a posição dos segmentos na estrutura da CARS.

1
Para maiores detalhes sobre a divisão dos segmentos no estudo sobre a cadeia automotiva do RS, ver Zawislak
(2000).
MONTADORAS
(6 empresas / 3%)

DIREÇÃO, MOTOR E
SUSPENSÃO E TRANSMISSÃO
FREIOS (18 empresas / 9%)
(21 empresas / 10%)

ELETROELETRÔNICO
(18 empresas / 9%)

QUÍMICOS, FUNDIDOS
CONFORMADOS E PLÁSTICOS E (25 empresas /
USINADOS BORRACHAS
(68 empresas / 12%)
(51 empresas / 25%)
32%)
N = 207

Figura 2: Distribuição
3.2 Identificação das Demandas Tecnológicas dos Segmentos na CARS
Fonte: Ruffoni e Zawislak, 2000.

Primeiramente, é importante compreender o que são as chamadas demandas tecnológicas.


Trata-se da necessidade de gerar mudanças em uma determinada tecnologia que, quando
defasada, gera problemas. A partir deste momento, é necessário encontrar uma solução para a
demanda tecnológica, para que seja possível criar uma rotina mais eficiente na empresa. A figura
3, a seguir, mostra a relação entre tecnologia, demanda tecnológica e problema.

DEMANDA
TECNOLÓGICA

Fora da Rotina
PROBLEMA
Rotina

TECNOLOGIA

Figura 3: Relação Tecnologia-Problema-Demanda Tecnológica


Fonte: Zawislak e Dagnino (1997)

Portanto, é necessário identificar quais são as necessidades para buscar os caminhos para
supri-las. As soluções podem estar dentro da própria empresa ou em outras instituições que
desenvolvem tecnologia, como as universidades e os centros de pesquisa.
O levantamento das demandas tecnológicas da cadeia automotiva gaúcha foi realizado
através do método de grupo focal, que compreendeu a reunião de pequeno número de
empresários (de oito a doze) de cada segmento para discutirem sobre as demandas daquele
segmento. Este método foi escolhido por proporcionar uma visão ampla e rápida das
necessidades do setor, o que é de extrema importância para a tomada de decisão quanto ao
encaminhamento das soluções das demandas identificadas. Para cada um dos segmentos da
CARS foi realizado um seminário 2 .
Nos seminários os empresários expuseram as demandas tecnológicas de suas empresas.
Inicialmente foi gerada uma lista com todas as demandas levantadas e, posteriormente, estas
demandas foram agrupadas por assunto. Para cada um dos grupos de demandas foi dado um
título, o qual passou a representar as demandas contidas em seu grupo. Estas principais
demandas foram identificadas para cada um dos seis segmentos da cadeia automotiva e também
por tipo de tecnologia. Em cada segmento as demandas foram classificadas de acordo com cinco
diferentes tipos de tecnologia: gestão, desenvolvimento e projetos, produtos e materiais,
qualificação de funcionários e processos.
Os quadros que listam as principais demandas apresentam um ranking por tipo de
tecnologia (gestão, qualificação de funcionários, etc.) e outro por demanda. Os empresários
classificaram os tipos de tecnologia por importância, sendo 1 o mais importante, ou seja, as
soluções para este tipo de tecnologia são as de maior urgência, e 5 o menos importante, porém,
também preocupante. Além desta classificação, os participantes ainda identificaram os
problemas mais importantes dentro de cada tipo de tecnologia (estão em ordem decrescente de
importância, ou seja, o 1 é mais importante).
As informações obtidas nos seminários estão descritas a seguir por segmento.
3.2.1 Segmento de Sistemas de Direção, Suspensão e Freios
O segmento de sistemas de direção, suspensão e freios reúne 21 empresas de autopeças,
que compõem a primeira camada da cadeia de fornecimento, ou seja, são aquelas mais próximas
às montadoras de veículos por fornecerem produtos de maior valor agregado. As empresas deste
segmento representam 10% da CARS. As suas principais demandas encontram-se relacionadas
no quadro 1.
Quadro 1: Principais Demandas Tecnológicas do Segmento de Direção, Suspensão e Freios 3
Gestão Qualificação de Desenvolvimento de Desenvolvimento de Materiais e
Funcionários Processos Produtos
1 2 3 4
Processos de Formação técnica Centro de Pesquisa e Centro de Pesquisa de Materiais
Informação e atualizada e com Validação (questão externa que exige capital e
Comunicação qualidade total, pode ser utilizado por diversas
1 valorizando aspectos empresas)
de relacionamento;
foco em resultado.
2 Avaliação de ----- Centro de Pesquisa em Marketing e Pesquisa
quadro funcional Processos Produtivos
ideal fora das áreas
de transformação
3 Administração de ----- ----- Prototipagem (tecnologia cara)
estoques

O quadro 1 mostra que a demanda tecnológica "processo de informação e comunicação"


foi considerada a mais importante pelos participantes do seminário na categoria de problemas
relacionados à "Gestão". Tecnologia de Gestão, dentre os demais tipos, foi considerada a mais
importante, ou seja, os empresários têm uma elevada necessidade de soluções nesta esfera da
organização.

2
Para maiores detalhes sobre a realização dos seminários ver Ruffoni et al, 1999.
3
Não foram levantadas as demandas tecnológicas referentes à tecnologia de desenvolvimento e projetos, pois este
foi o primeiro seminário realizado e, a partir desta experiência, identificou-se a necessidade de incluir mais uma
categoria nos tipos de tecnologia para melhor especificar os dados coletados.
3.2.2 Segmento de Conformados e Usinados
O segmento de produtos conformados e usinados é composto por 68 empresas que
fornecem, em geral, produtos básicos. Normalmente, as empresas deste segmento estão situadas
nas últimas camadas de fornecimento (distante das montadoras), pois não produzem
componentes ou sistemas completos. As empresas deste segmento representam 32% do conjunto
dos fornecedores da indústria automotiva do Estado. O quadro 2 apresenta as principais
demandas deste segmento.
Quadro 2: Principais Demandas Tecnológicas do Segmento de Conformados e Usinados.
Gestão Desenvolvimento e Qualificação de Processos Produtos e Materiais
Projetos Funcionários
1 2 3 4 5
Gestão Relacionamento Formação e Canais de acesso a Qualidade de
eficiente e cliente-fornecedor treinamento para novas tecnologias materiais nacionais
1 rentável da atualização e
qualidade especialização de
“QS” mão de obra
Acesso a Padronização de Reciclagem e Formação de Disponibilidade de
2 novas normas (de produtos) motivação profissionais para materiais no mercado
demandas do desenvolvimento de nacional
mercado processos
Gestão de ----- ------ Estruturar a cadeia -----
Projetos de de fornecedores para
3 tecnologia desenvolvimento de
processos e
ferramentas

3.2.3 Segmento de Fundidos


O segmento de produtos fundidos é formado por 25 empresas. Em geral, elas estão
situadas nas últimas camadas de fornecimento, pelo fato de não produzirem componentes ou
sistemas completos, e representam 12 % da CARS. No quadro 3, a seguir, está a apresentação
das demandas deste segmento.
Quadro 3: Principais Demandas Tecnológicas do Segmento de Fundidos
Processos Gestão Qualificação de Desenvolvimento e Produtos e
Funcionários Projetos Materiais
1 2 3 4 5
Automação Implementação dos Baixa escolaridade Especificação do uso Especificações
1 processos ISO e QS 9000 dos funcionários (para peças da linha
(entre outros) leve de fundição)

2 ----- Treinamento gerencial Treinamento Informatização Qualificação de


fornecedores
3 ----- Cumprimento nos prazos de Escolas específicas Equipamentos Fornecedores
entrega dos produtos de fundição adequados
----- Profissionalização e ----- ----- -----
4 aplicação de técnicas
modernas de gestão

3.2.4 Segmento de Motor e Transmissão


O segmento de motor e transmissão contém empresas que estão na primeira camada de
fornecimento para montadoras, pois os produtos destas já são, na sua maioria, uma agregação de
demais peças. Este segmento é formado por 18 empresas, que representam 9% da CARS, e suas
demandas estão apresentadas no quadro 4.
Quadro 4: Principais Demandas Tecnológicas do Segmento de Motor e Transmissão
Gestão Qualificação de Desenvolvimento e Processos Produtos e
Funcionários Projetos Materiais
1 2 3 4 5
Global Redirecionamento da Maior conscientização Equalização Parcerias
formação curricular empresarial para a tecnológica de internacionais para
importância / toda a cadeia intercâmbio
1 requisitos da fase de automotiva tecnológico
protótipos,
desenvolvimento
Informação para Disponibilidade de Profissionais voltados Novas Exigência de
planejamento cursos de qualificação para desenvolvimento tecnologias em qualidade dos
estratégico no RS de projetos de automação produtos não
2 produtos suportada pela
qualificação dos
fornecedores de
materiais
Mais intercâmbio Cursos de Conhecimento do “Aplicação” Disponibilidade de
escola empresa / especialização produto (mercado ainda materiais no
Direcionar a não muito Estado / país
3 formação para exigente)
segmento de
projetos e
desenvolvimento
Atualização em Treinamento Recursos/ Forjamento a Apoio em pesquisa
modernas técnicas investimentos em frio e geral de mercado
4 de gestão equipamentos para (necessidades)
execução de testes de
validação
5 Gestão para Metodologias Coordenação de ----- -----
parcerias motivacionais projetos novos
internacionais /
Eventos para
apoio de parcerias
internacionais
6 Acesso a recursos Cursos e profissionais Prestação de serviços ----- -----
para investimento para apoio à busca e qualificados
aproximação de
parceiros
internacionais

As demandas tecnológicas prioritárias para as empresas que formam estes quatro


segmentos estão concentradas principalmente na tecnologia do tipo "Gestão". Tal fato deve-se às
inúmeras inovações impostas pelo método enxuto de produção, atualmente predominante no
setor, mas que ainda precisa ser melhor aplicado na região.
As novas tecnologias de gestão podem ser exemplificadas por técnicas como: engenharia
simultânea com fornecedores, CAD/CAM, engenharia simultânea com clientes, CEP (Controle
Estatístico do Processo), FMEA (Análise de Modo de Falha e Efeito) kanban, just in time
(Zawislak, 1999). A utilização eficiente destas técnicas necessita de qualidade na gestão e tende
a tornar as empresas mais competitivas no mercado. Isso demonstra a preocupação das empresas
com as exigências da indústria automotiva em relação à necessidade de parcerias com as
empresas integrantes da cadeia produtiva, ao atendimento de padrões internacionais de custo,
qualidade, quantidade e preço, às melhorias na logística e redução de desperdícios, conforme
descrito na seção 2.
Outros dois tipos de tecnologia que merecem destaque na análise são "Qualificação de
Funcionários" e "Desenvolvimento e Projetos". Os empresários ressaltaram a necessidade de
desenvolvimento de recursos humanos tanto do nível operacional, quanto gerencial, exigindo-se
neste último uma reciclagem em relação às tendências desta indústria. A importância da
qualificação dos funcionários na indústria automotiva brasileira está relacionada com a
implantação da produção em massa no país. Segundo Ferro, este modo de produção apresenta
"altos custos, baixo volume de produção, desqualificação do trabalho e distância entre
planejamento e execução” (Ferro, apud Womack, 1997, p. 333).
Em relação à tecnologia de "Desenvolvimento e Projetos" é importante observar que na
indústria de autopeças, principalmente naquelas fábricas localizadas em países em
desenvolvimento, os “produtos” costumam ser padronizados (normas padrões para peças) e as
empresas nacionais, na sua maioria, recebem projetos prontos (dos clientes ou de empresas
estrangeiras). Desta forma, tanto a tecnologia de desenvolvimento e projetos como a tecnologia
de produto não tem, em geral, um grau de importância tão elevado quanto a tecnologia de gestão.
Quanto a esta questão observa-se que existe uma preocupação destas empresas gaúchas com as
exigências da indústria automotiva, principalmente aquelas relacionadas com a necessidade de
desenvolvimento de produtos em conjunto (engenharia simultânea) e também em relação às
diferentes tecnologias que serão exigidas das empresas, como a introdução do plástico, de
sistemas eletrônicos, etc.
Desta forma, pode-se concluir que, em geral, as demandas tecnológicas de tais empresas
refletem uma preocupação com os novos critérios de fornecimento impostos pela indústria
automotiva. As empresas gaúchas do setor de autopeças fornecedoras para a cadeia automotiva -
e que participaram dos seminários de demandas realizados no projeto CARS 4 - estão atentas às
exigências da indústria automotiva e apresentam problemas que devem ser solucionados a fim de
continuarem fornecedoras qualificadas.
Porém, a existência de uma consciência quanto aos critérios impostos à cadeia de
fornecimento não demonstra que tais empresas tenham soluções para seus problemas e que já
estejam buscando tais soluções. Esta questão será analisa na apresentação das ofertas
tecnológicas.
3.3 Identificação de Ofertas Tecnológicas
O levantamento do potencial de soluções das universidades para as empresas
fornecedoras da CARS se deu em função do pressuposto de que a cooperação entre
universidades e empresas tem sido condição fundamental para o desenvolvimento tecnológico.
Para Fracasso (1992), o mapeamento de possibilidades de interação das instituições de ensino e
pesquisa para o atendimento de demandas setoriais visa contribuir para o diálogo efetivo entre os
setores de ciência e tecnologia e produtor de bens e serviços. Esta iniciativa é válida,
principalmente, devido ao fato de que o acesso às pesquisas universitárias é dificultado pelo
desconhecimento do setor produtivo quanto às realizações das universidades.
Para Strohaecker (1996) as instituições possuem experiência, eficiência e agilidade de
adaptação para atender às necessidades de uma sociedade, caracterizada pela dinâmica das
atividades industriais. Ao mesmo tempo em que se realiza uma atividade conjunta,
proporcionam-se oportunidades para que seja estabelecido um relacionamento duradouro entre
os envolvidos. Da solução de um problema pontual, pode-se adquirir a confiança, essencial nas
relações econômicas, para, na emergência de novos problemas, recorrer-se ao parceiro.
Martínez (1998) ressalta que os acordos de cooperação entre empresas e universidades
podem se dar para a realização de serviços de pesquisa básica e de pesquisa tecnológica, de
4
É importante mencionar que o número total de empresas participantes não representa uma amostra significativa.
Tal situação não era esperada nesta etapa do projeto CARS, pois deve-se considerar que o método de identificação
de demandas tecnológicas é realizado através da técnica de focus group, em que devem estar presentes, no máximo,
12 participantes, conforme explicado neste artigo. Cabe mencionar também que os participantes dos seminários
foram escolhidos de acordo com o seu grau de representatividade na amostra, sendo dada preferência para aqueles
com um grau mais elevado.
análises materiais, testes e calibração de equipamentos e instrumentos, de consultoria e
assistência técnica e de capacitação de pessoal.
Para tentar viabilizar as oportunidades de cooperação procedeu-se a um amplo trabalho
de levantamento do potencial de transferência de conhecimentos das instituições para os setores
industriais, bem como estabelecer uma forma de apresentar a oferta existente, que se
materializou em um CD-Rom (CARS, 1999). Nesta etapa foram realizadas as seguintes
atividades:
• Identificação das instituições com potencial de transferência de tecnologia - levantamento
realizado através de consultas à internet, ao Relatório de Consultoria a respeito das
universidades do Estado (HRK, 1997) e Secretaria Estadual de Educação/RS, tendo sido
atualizado por indicação de pesquisadores. O conjunto das instituições pesquisadas,
chamadas de principais, encontra-se no quadro 5.
• Levantamento da oferta tecnológica das instituições - realizado através de entrevistas com os
professores, pesquisadores ou coordenadores de áreas de pesquisa e prestação de serviços das
diversas instituições do sistema local de C&T. O foco das questões foi a caracterização do
potencial, assim como do trabalho efetivo, de realização de projetos (pesquisas, cursos,
serviços, tecnologias, produtos) que pudessem ser transferidos para empresas. Buscou-se
também a identificação da infra-estrutura (laboratórios e equipamentos) e pesquisadores que
pudessem atuar no processo de transferência de tecnologia.
• Organização dos dados para elaboração da base de dados CD-Rom do Projeto - as ofertas
identificadas foram organizadas de acordo com uma estrutura que permita fácil identificação
para os usuários desta base de dados.
Foram identificadas diferentes instituições do sistema gaúcho de apoio científico e
tecnológico com potencial de contribuição. Ao todo foram entrevistadas 120 unidades das 18
instituições, o que possibilitou que fossem totalizados 853 projetos aplicáveis às demandas
tecnológicas das empresas da cadeia automotiva. De acordo com o tipo de tecnologia foram
identificados: 212 projetos em Gestão, 128 em Desenvolvimento e Projetos, Produtos e
Materiais, 649 em Qualificação de Funcionários e 329 em Processos (CARS, 1999).
Quadro 5. Instituições Principais
UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul SENAI/RS – Serviço Nacional de Aprendizagem
UCS – Universidade de Caxias do Sul Industrial - Delegacia Regional
FURG - Fundação Universidade Federal do Rio Grande PUCRS - Pontíficia Universidade Católica do Rio
URI – Universidade Regional Integrada Grande do Sul
ULBRA - Universidade Luterana do Brasil UFSM - Universidade de Santa Maria
UPF - Universidade de Passo Fundo FETLSVC - Fundação Escola Técnica Liberato
UNISC - Universidade de Santa Cruz do Sul Salzano Vieira da Cunha
UNISINOS - Universidade do Vale do Rio dos Sinos CENEX - Centro de Excelência Empresarial
FUNDATEC - Fundação Universidade Empresa de UNIJUI - Universidade do Noroeste do Estado do
Tecnologia e Ciência Rio Grande do Sul
SEBRAE - Serviço de Apoio às Micro e Pequenas CEFET – Centro Federal de Educação Tecnológica
Empresas do Rio Grande do Sul – Pelotas/RS
CIENTEC – Fundação de Ciência e Tecnologia

Para o melhor enquadramento do potencial existente no Estado foram considerados os


mesmos segmentos e tecnologias (gestão, produtos e materiais, etc.) utilizados para identificação
das demandas tecnológicas. Os projetos levantados trataram de atividades consolidadas e temas
de interesse de pesquisa em laboratórios, unidades de ensino e extensão, fundações, etc.,
componentes do sistema gaúcho de apoio científico e tecnológico.
Em tecnologias de "Gestão" e de "Qualificação de Funcionários" foram levantados
projetos genéricos com possibilidades de aplicação em todos os segmentos. Se necessário, é
possível adaptar a natureza dos projetos à especificidade de uma organização ou segmento, como
no caso de consultorias, cursos in company, conforme se apurou junto aos responsáveis pelos
projetos.
Quanto às tecnologias de "Gestão", os projetos são aplicáveis nas áreas de: gestão
empresarial, otimização de processos, gestão do ambiente de trabalho, gestão da qualidade e
certificação (ISO e QS 9000), gestão da produção, gestão tecnológica, gestão ambiental, análise
funcional, planejamento empresarial, pesquisa de mercado, gestão da informação, estudo de
cadeias de fornecedores, relação usuário produtor, planejamento estratégico de tecnologia.
No que se refere à "Qualificação de Funcionários", foram levantados os projetos de:
automação industrial, soldagem, instrumentação, qualidade e confiabilidade, sistemas de
manufatura, ergonomia, sistemas de informação, documentação, liderança, gestão ambiental,
gerência da produção, segurança do trabalho, desenvolvimento gerencial, aperfeiçoamento
comportamental, certificação (ISO e QS 9000) e CAE/CAD/CAM/DNC/CNC, além dos
treinamentos específicos em técnicas e operação de máquinas e instrumentos.
Na tecnologia de "Produtos e Materiais" foram identificadas ofertas que atendem a todos
os segmentos, como por exemplo: ensaios (climáticos, de fadiga, não-destrutivos, de tensões, de
dureza, mecânicos, de compatibilidade, de imunidade, de tensão e rigidez), testes de materiais,
testes de componentes e inspeção. No entanto, também foram observadas diferentes ofertas para
cada segmento, as quais podem ser visualizadas no quadro 6, a seguir.
Quadro 6. Projetos por Segmento Referentes à Tecnologia de Produtos e Materiais
SEGMENTOS PROJETOS
Conformados e Análise de tensão; usinagem de materiais ferrosos; sinterizados; imãs multipólos; novos
Usinados materiais; revestimentos protetores; calibrações; ponteiras diamantadas; metalografia e
tratamento térmico; vistorias em máquinas e metrologia dimensional.
Fundidos Ferramentas de corte; novos materiais; revestimentos protetores; calibrações; vistorias em
máquinas; análises químicas e metrologia dimensional.
Avaliação de lubrificantes; materiais para freios; ferramentas de corte; rotor; motores
Motor e elétricos; novos materiais; revestimentos protetores; análise de eixos; medição de vibração
Transmissão e ruído; otimização de componentes mecânicos; métodos computacionais/análise de
tensões; análise de falhas; vistorias em máquinas; calibrações; metalografia e tratamento
térmico; motores de competição e metrologia dimensional.
Ferramentas de corte; novos materiais; revestimentos protetores; análise de eixos; medição
Direção, Suspensão de vibração e ruído; otimização de componentes mecânicos; métodos
e Freios computacionais/análise de tensões; análise de falhas; calibrações; metalografia e tratamento
térmico; vistorias em máquinas e metrologia dimensional.

Na área tecnológica referente a "Processos" foram identificadas ofertas tecnológicas


aplicáveis a todos a todos os segmentos. Entre estas estão os projetos referentes às àreas:
automação industrial, soldagem, moldagem por conformação, moldagem de pós-metálicos,
caracterização de resíduos sólidos, instrumentação eletrônica e controle e edição de documentos.
Foram também observadas diferentes ofertas para cada segmento, as quais podem ser
visualizadas no quadro 7 abaixo. É importante observar que os projetos aplicáveis ao segmento
de Direção, Suspensão e Freios, encontram-se entre os genéricos apresentados acima.
Quadro 7. Projetos por Segmento Referentes à Tecnologia de Processos
SEGMENTOS PROJETOS
Conformados e Processos de conformação; simulação de processos; forjamento a frio; reciclagem de
Usinados materiais; medição de temperatura; afiação de ferramentas e sensoramento de garra
mecânica.
Fundidos Reciclagem de materiais, injeção de peças, refundição e recuperação de peças.
Motor e Transmissão Acionamento elétrico de motores; microcontroladores e simulação de processos.

Na área tecnológica referente a "Desenvolvimento e Projetos" foram identificadas ofertas


que atendem a todos os segmentos, como: otimização de produtos, projetos conceituais,
aplicativo para auxiliar elementos elásticos transdutores, automação de microscópio metalúrgico
e estimulação aplicada à engenharia. Há ainda diferentes ofertas para cada segmento, as quais
podem ser vistas no quadro 8.
Quadro 8. Projetos por Segmento Referentes à Tecnologia de Desenvolvimento e Projetos
SEGMENTOS PROJETOS
Conformados e design; fonte de alimentação programável; robótica; dispositivo ótico para medição e
Usinados rugosímetro eletro-óptico.
Fundidos design, fonte de alimentação programável; dispositivo ótico para medição e rugosímetro
eletro-óptico.
Motor e Transmissão eletrônica; fonte de alimentação programável; veículo automotor; protótipos de veículo
de competição e adaptação de motores.
Direção, suspensão e fonte de alimentação programável; veículo automotor e veículo de competição.
Freios

Ao final da apresentação das ofertas deve-se ressaltar que a comunidade científica


demonstrou interesse em firmar parcerias com empresas e a necessidade de estabelecer acordos
cooperativos. Uma amostra deste interesse foi a realização de 33 contatos para formação de
parcerias entre empresas e instituições, que aconteceram durante as Rodadas de Cooperação, no
lançamento dos resultados do Projeto CARS. Trabalhando no sistema de parcerias, as
instituições acreditam ter outra forma de reverter serviços à sociedade e gerar novos
conhecimentos.
4. CRUZAMENTO DAS DEMANDAS E OFERTAS TECNOLÓGICAS
Este cruzamento visa dar uma idéia de quais demandas seriam atendidas por instituições
de apoio científico e tecnológico do Estado, consubstanciando-se na oportunidade de os
empresários se beneficiarem no processo de solução de problemas e de tais instituições
vincularem-se ao setor produtivo. A pergunta básica que norteia esta seção é a seguinte: as
soluções contemplam as demandas tecnológicas?
O cruzamento destas informações será feito tomando-se como base as demandas por
tecnologia e apresentando quais as ofertas que poderiam saná-las. A apresentação será genérica
para todos os segmentos, sendo feitas ressalvas quando a demanda for específica de um
determinado segmento. As demandas que não são de cunho tecnológico, como o acesso a
recursos para investimento, apresentada, por exemplo, no segmento de motor e transmissão na
tecnologia de "Gestão", não serão enfocadas.
Iniciando a análise pelas tecnologias de "Gestão", pode-se agrupar estas em: suporte para
gestão global, técnicas modernas de gestão, gestão de informações estratégicas, gestão de
projetos, interação empresa/escola, gestão de alianças, gestão do quadro funcional e
profissionalização, gestão da qualidade e gestão da produção. Esta é uma tecnologia para a qual
há grande disponibilidade de projetos, em unidades ligadas principalmente ao SEBRAE/RS, à
UFRGS, à FUNDATEC, à CENEX e à UNISINOS, conforme pode ser apurado.
Quanto às demandas tecnológicas do tipo "Qualificação de Funcionários", agrupou-se as
demandas em: reciclagem, motivação e relacionamento, renovação e redirecionamento da
formação para novas tecnologias (atualização), qualificação básica, formação técnica, escolas
técnicas específicas, cursos de especialização, treinamento específico e assistência das
universidades. O que se observa é que também há uma base de projetos instalada com ampla
possibilidade de atender a essas demandas. Para formação em técnicas e aplicação de tecnologias
específicas há unidades laboratoriais e de pesquisa em praticamente todas as universidades
pesquisadas, além da parte comportamental e gerencial, onde se observou variados projetos com
possibilidade de aplicação, principalmente nas instituições: SENAI/RS, FUNDATEC, CENEX,
UFRGS, UFSM, PUCRS, CEFET/RS.
As demandas por "Processos" foram agrupadas em: acesso às novas tecnologias, cadeia
de fornecedores estruturada, centro de pesquisa, automação, disponibilidade de informações e
controle de processos. Para as demandas relacionadas a essa tecnologia foram observadas ofertas
específicas, como automação e forjamento a frio. Para as demandas mais genéricas, como estudo
de cadeia de fornecedores, centro de pesquisa e automação, observa-se também que há
possibilidades de solução, fazendo-se adaptação de projetos para o foco desse segmento.
No tocante à tecnologia de "Desenvolvimento e Projetos", observou-se as seguintes
demandas: gestão de projetos; informatização; banco de dados; padronização de normas; relação
cliente-fornecedor; centro de pesquisa; laboratórios equipados para testes e validação;
prototipagem. As possíveis soluções para estas demandas viu-se que estão bem consolidados os
procedimentos de prototipagem, que há laboratórios para realização de testes de validação e
análise de diversas naturezas (de falhas, químicas, de tensão, etc.) aplicáveis a essas demandas.
Há, nesses casos, possibilidades de alcançar formação tanto técnica e de realizar procedimentos
para desenvolvimento de projetos.
Para as demandas tecnológicas do tipo "Desenvolvimento de Materiais e Produtos" foram
levantados os seguintes aspectos: qualidade e disponibilidade de materiais nacionais
(fornecimento), integração cliente/fornecedor, centro de pesquisa e materiais, marketing e
pesquisa (produto), parcerias internacionais para intercâmbio, heterogeneidade das exigências
(normas) internacionais de qualidade de materiais e produtos. Como possibilidades de soluções
para elas observou-se que há principalmente aquelas relacionadas às técnicas para testes de
elaboração de materiais e produtos, novos materiais, ferramentas, etc. Há também ofertas mais
relacionadas com a gestão, como pesquisa de mercado, gestão de parcerias tecnológicas. Essas
ofertas estão em instituições como UFSM, UFRGS, CIENTEC, PUCRS, entre outras.
A maioria das necessidades das empresas do setor metal-mecânico gaúcho fornecedoras
para a cadeia automotiva podem encontrar soluções locais por parte das instituições de apoio
científico e tecnológico. Embora apresentados de forma resumida, pode-se ver que há muitos
projetos desenvolvidos ou em desenvolvimento, além de capacitação técnica, nestas instituições
que podem, com muita propriedade, serem utilizados por empresas deste setor. O quadro 9
resume a capacitação das instituições de apoio científico e tecnológico para a realização de
projetos.
Quadro 9. Capacitação das Instituições para Realização de Projetos por Tecnologia
C C C F F F P S S U U U U U U U U U
INSTITUIÇÃO E OFERTA E E I E U U U E E C F F L N N N P R
F N E T N R C B N S R S B IJ I I F I
E E N L D G R R A G M R U S S
T X T S A S A I/ S A I C I
E V T E R N
SEGMENTO E DEMANDA C C E S O
C S
Segmento: Direção, Suspensão e Freios
Gestão x x x x x x x x x x x
Qualificação Funcionários x x x x x x x x x x x x
Processos x x x x x x x x x x
Materiais e Produtos x x x x x x x x x x x x
Segmento: Conformados e Usinados
Gestão x x x x x x x x x x x
Desenvolvimento e Projetos x x x x x x x x x x
Qualificação de Funcionários x x x x x x x x x x x x x
Processos x x x x x x x x x
Produtos e Materiais x x x x x x x x x x x
Segmento: Fundidos
Processos x x x x x x x x
Gestão x x x x x x x x x x x
Qualificação de Funcionários x x x x x x x x x x x x
Desenvolvimento e Projetos x x x x x x x x x
Produtos e Materiais x x x x x x x x x x x
Segmento: Motor e Transmissão
Gestão x x x x x x x x x x x
Qualificação de Funcionários x x x x x x x x x x x x x x
Desenvolvimento e Projetos x x x x x x x x x x x
Processos x x x x x x x x x x
Produtos e Materiais x x x x x x x x x x x x

Após breve análise do quadro 9 é possível afirmar que existe uma base instalada com
potencial de apoio para suprir, principalmente, as demandas por tecnologias de gestão,
qualificação e materiais e produtos. Em praticamente todas as instituições observou-se que há
capacitação e disponibilidade para oferecer cursos de capacitação de pessoal, seja em nível
operacional, como, por exemplo, o SENAI/RS, CEFET/RS, CIENTEC, FETLSVC, e em nível
de gestão, como, por exemplo, as Universidades, SEBRAE/RS, FUNDATEC, CENEX. Quanto
às tecnologias para desenvolvimento de materiais e produtos, elas são para desenvolvimento de
novos materiais e principalmente para testes e ensaios.
Ressalta-se que desenvolvimento e projetos e processos foram as tecnologias com menos
oferta. Este fato torna-se preocupante porque estas tecnologias são a base do modelo de produção
enxuta, que é um dos vetores do desenvolvimento dos fornecedores.
Entre os setores, observou-se que o que possui maior número de ofertas é o de motor e
transmissão, o que reflete um pouco da especialização do Estado na indústria automotiva, ainda
que na fabricação de máquinas e equipamentos. Isto pode ser apurado em alguns laboratórios,
principalmente no interior do Estado, que têm tradição na prestação de serviços para empresas
com esta especialização.
Embora haja suficiente capacidade instalada, esta não é a única condição necessária para
que ocorra uma interação entre a oferta e demanda. Observou-se, ao longo do Projeto CARS, que
não há uma freqüência, por parte das empresas, de utilização das ofertas tecnológicas existentes
no Estado. Pode-se afirmar que, em geral, não há uma cultura de cooperação entre empresas e
instituições de pesquisa e ensino nesta cadeia produtiva.
Alguns empresários comentaram as dificuldades existentes no estabelecimento de prazos
e de contratos com instituições que têm outros objetivos prioritários, que não os ganhos
financeiros. Também, por outro lado, não se pode exigir que as universidades empreendam, por
exemplo, a qualificação dos seus estudantes e os objetivos das suas pesquisas, a partir
unicamente das exigências dos setores produtivos.
As demandas tecnológicas analisadas refletem as exigências da indústria automotiva, tais
demandas têm soluções desenvolvidas, ou poderiam ter através da adaptação de projetos, nas
instituições de pesquisa e ensino do Estado. Entretanto, são observadas poucas relações de
interação entre as instituições e as empresas. Esta questão pode prejudicar as empresas locais nas
suas tentativas de tornarem-se competitivas frente às tendências que deverão vigorar na indústria
automotiva, por exemplo, até 2020.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A conclusão deste trabalho está baseada nos seguintes informações: as demandas
tecnológicas das empresas analisadas refletem, em geral, as exigências da indústria automotiva
para com seus fornecedores, ou seja, as empresas têm preocupações pertinentes quanto às
tendências de desenvolvimento tecnológico da indústria para a qual fornecem; estas demandas
tecnológicas podem ser supridas pelas ofertas tecnológicas existentes nas instituições locais de
apoio científico e tecnológico, por meio de um projeto já existente ou de adaptação do
conhecimento existente; e, por último, há uma percepção de que não existe uma cultura de
interação entre empresas e instituições de apoio científico e tecnológico. Esta última questão se
caracteriza como um impedimento na busca pela competitividade através dos mecanismos de
cruzamento entre demandas e ofertas tecnológicas.
É possível afirmar, ainda, que caso não exista um esforço para que as demandas
tecnológicas das empresas sejam supridas de forma adequada, será difícil para as empresas locais
se tornarem mais competitivas, considerando as perspectivas tecnológicas observadas.
É importante mencionar que essas conclusões refletem as informações obtidas e as
percepções dos pesquisadores envolvidos na pesquisa. Para pesquisas mais específicas nesta
área, sugere-se um estudo exploratório para identificar características da interação entre o setor
produtivo e as instituições de ensino e pesquisa.
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